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O Iraque retomou os voos comerciais nesta quinta-feira (23) depois de quatro meses de fechamento para conter a propagação do coronavírus, que afetou a frágil economia do país.

Os aviões decolaram nesta manhã do Aeroporto Internacional de Bagdá com destino ao Líbano e à Turquia, informaram jornalistas da AFP.

Antes do embarque, os passageiros são obrigados a mostrar resultados negativos do teste da Covid-19 aos funcionários do aeroporto, que usam máscaras e luvas.

Os aeroportos nas cidades de Najaf e Basora, ao sul da capital, também reabriram hoje, mas os de Arbil e Sulaimaniyah, na região curda do norte, afirmaram que reabrirão em 1º de agosto.

As autoridades iraquianas levantaram outras restrições no início deste mês, autorizando os centros comerciais e as lojas a reabrirem. Também atrasaram o início do toque de recolher noturno até às 21h30 (15h30 no horário de Brasília).

Restaurantes e cafeterias permanecem fechados aos clientes, mas podem receber pedidos de refeição para buscar ou entregar.

Alguns médicos temem que um retorno à vida normal seja prematuro, já que o número de casos confirmados de Covid-19 continua aumentando, chegando a quase 100.000 com mais de 4.000 mortes.

A pandemia sobrecarregou os hospitais iraquianos, já prejudicados por décadas de conflitos consecutivos e maus investimentos.

Também paralisou o modesto setor privado do Iraque, enquanto as vendas de petróleo - das quais o governo depende pois representam mais de 90% da receita estatal - foram duramente atingidas pelo colapso dos preços do petróleo.

O Irã emitiu uma ordem de prisão contra Donald Trump pela execução do general Qaseim Soleimani, ocorrida no dia 3 de janeiro, no Iraque. O mandado desta segunda-feira (29) pede ajuda da Interpol para capturar o presidente norte-americano e outros 30 envolvidos no bombardeio.

O promotor Ali Alqasimehr afirmou que o grupo é acusado de "assassinato e terrorismo", segundo a agência iraniana IRNA. Ele ainda garantiu que o processo prossegue, mesmo ao término do seu mandato.

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A Al Jazeera aponta que Alqasimehr enviou uma "notificação vermelha" à Interpol, solicitando a busca e apreensão dos acusados. A instituição ainda não se pronunciou sobre o requerimento.

Os Estados Unidos "continuarão reduzindo" sua presença militar no Iraque, centrada no combate ao grupo jihadista Estado Islâmico (EI), "nos próximos meses", anunciaram nesta quinta-feira (11) os governos americano e iraquiano em declaração conjunta, após um "diálogo estratégico".

"Os dois países reconheceram que, tendo em vista o progresso significativo na eliminação da ameaça do EI, nos próximos meses os Estados Unidos continuarão reduzindo suas forças no Iraque", afirma o comunicado, que não cita números, nem datas.

Após meses de disparos de foguetes e relações tensas, os Estados Unidos e o Iraque retomam nesta quinta-feira (11) o diálogo, com baixas expectativas, mas por meio de interlocutores mais inclinados à aproximação.

Em Bagdá, há um novo primeiro-ministro, o ex-chefe da inteligência Mustafa al Kazimi, considerado próximo a Washington e seus aliados árabes. E, acima de tudo, as poderosas facções pró-iranianas no Iraque estão agora em segundo plano.

Mas a videoconferência agendada para esta quinta-feira às 13h00 GMT (10h00 de Brasília) não trará uma mudança radical nas relações, de acordo com especialistas.

Autoridades de ambos os países discutirão questões importantes que serão submetidas a debates a longo prazo.

"As relações EUA-Iraque não serão redefinidas em um dia", diz Robert Ford, do Middle East Institute. Mas, "desta vez, teremos as pessoas certas no lugar certo e na hora certa", acredita esse ex-diplomata americano, que participou do último "diálogo estratégico" de 2008.

Na ocasião, os Estados Unidos estabeleceram as condições para sua saída do país depois de invadir o Iraque em 2003. Desde então, porém, as tropas americanas voltaram ao país - muito menos numerosas - para liderar uma coalizão contra o grupo Estado Islâmico (EI).

Mais de dois anos e meio após a "vitória" sobre os jihadistas, os milhares de soldados americanos presentes no país voltarão a ser o centro das discussões.

Após trinta ataques com foguetes contra americanos, e depois do assassinato em janeiro do general iraniano Qasem Soleimani e de seu braço-direito iraquiano em Bagdá, o sentimento anti-americano aumentou.

Deputados xiitas iraquianos votaram na expulsão dos soldados estrangeiros, enquanto Washington ameaçou atacar vários locais paramilitares.

Mas a chegada de Kazimi mudou a situação. Ele assumiu a liderança do país em meio a uma crise econômica e que exige justiça para os 550 manifestantes mortos na repressão de uma revolta popular sem precedentes.

Ao contrário de seu antecessor Adel Abdel Mahdi, nunca convidado a Washington, Kazimi poderia ser recebido este ano na Casa Branca, segundo duas autoridades do governo.

"Havia um problema de confiança com o governo anterior, agora isso mudou", disse à AFP um deles. Nesse clima, a questão dos soldados americanos será tratada em primeiro lugar.

De fato, a coalizão liderada pelos Estados Unidos tem apenas três bases no Iraque, contra uma dúzia antes.

"Embora não saibamos em detalhes os números, a proposta americana será de uma redução de tropas", disse uma autoridade iraquiana à AFP.

Mas uma redução drástica parece improvável, à medida que a ameaça jihadista persiste.

Este diálogo, no qual os aliados do Irã no Iraque não participam, será acompanhado de perto.

Ahmed al Asadi, porta-voz de seu bloco parlamentar - que liderou a votação pela expulsão dos soldados estrangeiros - reiterou recentemente que dava aos americanos seis meses para sair.

Novamente, na segunda e quarta-feira, soldados e diplomatas dos EUA foram atacados por dois foguetes, como lembrete.

Mas o tom é menos agressivo. As brigadas do Hezbollah, a facção pró-Irã mais radical, disseram que vão anunciar sua posição nesta quinta-feira.

De toda forma, a questão prioritária para o Iraque, afetado pela queda no preço do petróleo, é a economia.

A longo prazo, o "diálogo estratégico" poderia garantir contratos americanos nos setores da construção e energia, bem como ajudas do Golfo e do Banco Mundial.

Uma jovem Yazidi voltou ao Iraque neste domingo (10), ao lado de outra sobrevivente do grupo jihadista Estado Islâmico (IS), depois de ficar presa na Síria devido a restrições ligadas à pandemia de coronavírus, disse um ativista dessa minoria iraquiana.

Layla Eido, 17 anos, foi sequestrada aos 11 anos pelo grupo EI no norte do Iraque, e recuperou sua liberdade há pouco mais de um ano, depois de estar nas mãos de jihadistas até as últimas horas do "califado", derrotado pelas forças curdas na Síria em março de 2019, na cidade de Baghuz (nordeste).

Ela conseguiu retomar o contato com sua família iraquiana após uma longa separação, mas devido ao coronavírus, ficou retida na Síria com o fechamento das fronteiras.

"Layla chegou hoje [domingo] ao posto de fronteira iraquiano em Fishjabur com outra sobrevivente" e ambas entraram no Iraque e estão "de boa saúde", disse o ativista Yazidi à AFP.

Em 2014, no auge do poder do EI, Layla Eido foi sequestrada pelos jihadistas, que atacaram o reduto dos Yiazidis nas Montanhas Sinjar, no norte do Iraque.

Como ela, milhares de mulheres e meninas nesta comunidade de língua curda foram sequestradas e transformadas em escravas sexuais ou casadas à força com combatentes.

Layla Eido foi forçada a se casar com um combatente iraquiano de 21 anos.

Do Iraque, eles a levaram para a Síria, onde ela fugiu com os jihadistas após as sucessivas derrotas do EI.

No final da jornada, ela chegou a Baghuz, onde o marido foi baleado. Quando as forças curdas, apoiadas por uma coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos, proclamaram sua vitória em Baghuz em março de 2019, ela foi uma das milhares de mulheres e meninas retiradas do último reduto jihadista para o campo de deslocados de Al Hol em Al Nordeste da Síria.

No início do ano, ela conseguiu entrar em contato com sua família novamente, graças a um amigo yazidi que conheceu no campo e que retornou ao Iraque.

Os pais da menina estão refugiados na província de Dohuk, no Curdistão iraquiano.

O secretário de Estado dos Estados Unidos, Mike Pompeo, saudou a formação de um novo governo no Iraque nesta quarta-feira (6), após meses de instabilidade política, e concedeu a esse país uma isenção das sanções previstas para os governos que negociam com o Irã como um gesto de boa vontade para com o novo líder.

O Departamento de Estado informou que Pompeo conversou por telefone com o primeiro-ministro do Iraque, Mustafa Kadhemi, e o parabenizou por assumir o cargo, e que durante o telefonema eles também consideraram possíveis alianças para "fornecer ao povo do Iraque a prosperidade e segurança que merecem".

Pompeo disse que os Estados Unidos permitirão que o Iraque compre eletricidade do Irã sem aplicar sanções como "uma demonstração do desejo" de ajudar a fornecer as condições para o sucesso do novo governo, de acordo com um comunicado do Departamento de Estado.

Kadhemi assumiu o cargo depois de obter apoio parlamentar para a integração de seu gabinete, na terceira tentativa de substituir Adel Abdel Mahdi, que renunciou no ano passado após enfrentar dois meses de protestos contra sua gestão.

Os políticos iraquianos enfrentam agora a delicada tarefa de equilibrar seu relacionamento com Washington e o vizinho Irã, com quem têm profundos laços econômicos e religiosos, punidos por severas sanções impostas pelo governo Donald Trump.

O governo do milionário republicano, no entanto, reconheceu a fragilidade do sistema político no Iraque e isentou Bagdá de sanções pela compra de gás da vizinha república islâmica.

A mãe de Malak, de 20 anos, pede morfina para a filha. Sob as ataduras está a mais recente vítima da "epidemia de violência doméstica" no Iraque, que foi agravada pelo confinamento.

Nas últimas semanas, quando as famílias se trancaram em suas casas por ordem de um governo preocupado com a sobrecarga em seus hospitais por pacientes com Covid-19, ativistas e autoridades internacionais viram outro triste balanço crescer.

"Em uma semana, computamos o estupro de uma mulher com deficiência, violências conjugais, queimaduras, mutilações de mulheres vítimas de abusos, menores vítimas de abuso sexual e um suicídio, entre outros crimes", segundo agências da ONU que operam no Iraque.

Malak al Zubeidi "só queria receber a visita de sua família", conta à AFP Hana Edward, ativista pelos direitos das mulheres no Iraque há décadas.

Seu marido, um policial, a proibia há oito meses. Em 8 de abril, "movida pela emoção, [a mulher] ameaçou se incendiar". "O marido respondeu: 'Vá em frente, faça', e ela fez", explica Edward.

"Ele a viu queimar por três minutos", continua a ONG Human Rights Watch (HRW), que cita a mãe de Malak. "E ele não a levou ao hospital até uma hora depois".

Dez dias depois, a mulher faleceu.

Trancados juntos

Desde o início do confinamento, a violência doméstica no país aumentou 30% - e até 50% em alguns lugares -, assegura à AFP o general Ghalib Atiya, chefe da seção de polícia responsável pelos assuntos de família.

Para Hana Edward, isso ocorre porque o confinamento deixou muitos chefes de família sem ocupação, e acima de tudo sem renda, e seus filhos sem escola.

"As pessoas ficam trancadas em casa por muitas horas e, às vezes, as coisas mais insignificantes levam a disputas que terminam em violência", diz.

Na província de Wassit, na fronteira leste com o Irã, um médico de 58 anos matou sua esposa porque ela não permitia que ele vendesse um terreno em seu nome, disse à AFP Sajjad Hussein, advogado de direitos humanos.

Em Samarra, norte de Bagdá, a imagem de uma menina de 10 anos de idade chorando comoveu nas redes sociais. Com os dois braços quebrados pelos golpes de seu pai, Saba implora: "Não quero ver meu pai, ele me bate todos os dias".

"Ele nos diz que é 'para educar'", insiste sua mãe, divorciada.

Educar e punir são as palavras preferidas dos agressores. A lei não é clara em um país onde, segundo a ONU, 46% das mulheres casadas dizem ter sido vítimas de violência doméstica e um terço delas de violência física e sexual.

Deputados ausentes, tribos no comando

Por seu lado, 85% dos iraquianos dizem que impediriam uma mulher de sua família de registrar uma queixa, diz a Organização Internacional para as Migrações (OIM).

Além disso, na ausência de casas ou estruturas de acolhida, a polícia geralmente é forçada a oferecer prisão como alternativa às mulheres que denunciam.

No outro lado da moeda, os autores de crimes têm a lei do seu lado.

De acordo com o artigo 41 do código penal iraquiano, o marido tem o direito de "punir" sua esposa e filhos "dentro dos limites da lei e dos costumes" e fornece, como em outros países da região, penas mais leves para crimes de "honra".

Há anos, Afrah al Qaissi e outros defendem que a lei seja mais rigorosa.

"Em cada ocasião, há um bloqueio dos deputados que afirmam se identificar com sentimentos religiosos e islâmicos ou argumentam que desejam descongestionar os tribunais".

"Não deveríamos precisar de uma pandemia para os parlamentares lidarem com a outra pandemia, a da violência doméstica", alerta Belkis Wille, da HRW.

No caso de Malak, por exemplo, embora seu marido, sogro e tio tenham sido detidos, eles pegariam apenas seis meses de prisão por "negar ajuda a uma pessoa em perigo".

Além disso, como costuma ser o caso no Iraque, podem escapar da justiça, pois geralmente são as tribos que solucionam os problemas de família.

As autoridades iraquianas anunciaram, neste domingo (22), a imposição do toque de recolher nas 18 províncias do país, após a morte de 20 pessoas pelo novo coronavírus e à medida que o número de infecções aumenta.

Metade das províncias já impôs toque recolher em nível local, mas agora as viagens são proibidas em todo o país até 28 de março, de acordo com uma decisão da unidade de crise do ministério da Saúde. Escolas e universidades, bem como todos os aeroportos do país, também ficarão fechados até 28 de março.

Neste domingo, o ministério da Saúde contabilizava 233 contaminações em todo o país, mas os números anunciados pelas autoridades podem ser muito inferiores à realidade, porque menos de 2.000 testes foram realizados neste país de 40 milhões de habitantes, que faz fronteira com o Irã, onde o vírus já matou quase 1.700 pessoas.

Em uma tentativa de conter a maré de contágio, as forças de segurança iraquianas patrulham a fronteira com a República Islâmica para impedir cruzamentos ilegais.

As autoridades também estão preocupadas com a possível contaminação em massa durante as peregrinações xiitas, uma das quais reuniu dezenas de milhares de iraquianos em Bagdá e em outros lugares no sábado.

As mais altas autoridades xiitas do Iraque já proibiram orações coletivas e reuniões, mas o influente líder Moqtada Sadr continua a pedir que seus apoiadores rezem juntos e peregrinem aos mausoléus do país.

Ele, que chegou a pedir o fim das manifestações contra as autoridades por medo de uma epidemia, parece isentar a oração coletiva de suas proibições.

O ministro da Saúde enviou-lhe pessoalmente uma carta pedindo que ele sensibilizasse seus muitos apoiadores para as instruções estritas das autoridades.

O ministro da Saúde, Jaafar Allaoui, explicou em um canal de televisão local que o sistema de saúde iraquiano, com escassez crônica de medicamentos, médicos e hospitais, não suportará uma epidemia.

Ele acrescentou ainda que o governo, atingido pela queda nos preços do petróleo, já recusou-lhe os poucos milhões de dólares que ele pedira para a Saúde quando a primeira contaminação foi anunciada.

Por causa das guerras que abalam o Iraque quase continuamente por quatro décadas e a violência infligida aos profissionais da saúde por parentes de pacientes que não estão satisfeitos com o diagnóstico ou desejam vingar uma morte, muitos médicos fugiram do Iraque nos últimos anos.

Quanto aos hospitais, eles estão em mau estado, como evidenciado pelos muitos vídeos nas redes sociais que mostram equipamentos velhos ou quebrados, falta de higiene ou mesmo animais entrando e saindo sem preocupação.

Dezenas de milhares de iraquianos se reuniram, neste sábado, para uma peregrinação em Bagdá para comemorar uma figura importante do Islã xiita, desafiando o toque de recolher imposto pelas autoridades para impedir a propagação do novo coronavírus.

Em Bagdá, a segunda capital mais populosa do mundo árabe, com dez milhões de habitantes, os peregrinos convergiram para o mausoléu dourado do imã Kazem - o sétimo dos doze imãs xiitas - nas margens do rio Tigre.

Há vários dias, iraquianos a pé, a camelo ou a cavalo, caminharam em direção ao distrito sagrado de Kazimiya (norte), onde está localizado o mausoléu.

Neste sábado, dia da peregrinação, dezenas de milhares de pessoas, "de Bagdá e de outras províncias do Iraque", se aglomeravam nos arredores do mausoléu, disse uma autoridade responsável pelo local sagrado à AFP.

"Este é o primeiro ano em que há tão poucos peregrinos e, pela primeira vez, não há estrangeiros", acrescentou, enquanto todos os anos milhões de xiitas iranianos vêm ao Iraque em diferentes peregrinações xiitas.

O Iraque proibiu, há um mês, as viagens de e para o Irã, um dos países mais atingidos pela epidemia de Covid-19, com mais de 1.500 mortes.

Para a peregrinação do imã Kazem, os fiéis só puderam atravessar o muro do lugar sagrado este ano, "sem poder entrar no mausoléu", segundo indicou o responsável para a AFP.

Em Nassiriya, uma cidade xiita e tribal do sul do Iraque, centenas de peregrinos transportaram, no meio de uma multidão compacta, um caixão simbólico para comemorar o martírio do imã Kazem, que morreu envenenado na prisão pelo califa Harun al-Rachid em 799.

O Iraque, cujo sistema de saúde sofre com uma falta crônica de médicos, remédios e hospitais, fechou todos os lugares sagrados e o grande aiatolá Ali Sistani proibiu orações coletivas.

O dignitário xiita, que interrompeu as pregações de sexta-feira, enviou um de seus representantes para fazer um discurso oficial na televisão estatal na sexta-feira.

Ahmed al-Safi lembrou as instruções do Estado para se confinar em casa e evitar reuniões, sem, no entanto, conseguir convencer os dezenas de milhares de peregrinos que partiram neste sábado.

O influente líder xiita Moqtada Sadr pediu aos seus partidários que participassem da peregrinação, apesar do anúncio das autoridades da morte de 17 pessoas pelo novo coronavírus e da contaminação de outras 208 pessoas.

Esses números podem, no entanto, ser maiores, porque apenas duas mil pessoas foram testadas no país de 40 milhões de habitantes.

Dezenas de homens e mulheres vestidos de preto avançam, tentando fugir das cercas de arame farpado colocadas pelos militares. Em Bagdá, apesar do toque de recolher imposto para impedir a disseminação do coronavírus, os peregrinos xiitas estão se mobilizando “para visitar o imã Kazem”.

Segundo as autoridades da Saúde, apenas 13 pessoas morreram no Iraque devido ao novo coronavírus e 164 foram infectadas no total. Pelo menos 2.000 testes de detecção foram realizados em um país com 40 milhões de habitantes.

Na tentativa de conter uma possível epidemia, as autoridades de mais da metade das províncias impuseram na noite de terça-feira (17) um toque de recolher de seis dias, que entrou em vigor em Bagdá, a segunda capital mais populosa do mundo árabe, com 10 milhões de habitantes.

No entanto, o sábado marca o martírio do imã Kazem, uma figura de destaque no islamismo xiita, cujo mausoléu dourado se encontra em Bagdá, às margens do Tigre. Tradicionalmente, os peregrinos caminham em direção a este imponente complexo para rezar e iniciar um luto que dura vários dias.

Este ano, o grande aiatolá Ali Sistani, figura tutelar no Iraque, já anunciou a proibição de orações coletivas e declarou que a luta contra o coronavírus é um "dever sagrado". As autoridades fecharam os mausoléus, incluindo o do imã Kazem.

No entanto, ainda existem pessoas irredutíveis nas ruas de Bagdá, capital de um país que passou por quatro décadas de conflitos sucessivos.

Nesta quarta-feira, os soldados tentaram dialogar com eles. "Fazemos isso pela sua saúde", explica um deles a uma idosa resistente. "Ninguém pode nos impedir de visitar nossos imãs: nem o terrorismo, nem a guerra, nem o vírus", respondeu ela, inflexível.

Em outros pontos, 20 homens com bandeiras coloridas também tentavam avançar em meio aos militares que bloqueiam uma rua. Em Najaf, por outro lado, uma das cidades xiitas sagradas mais importantes do Iraque, o toque de recolher é respeitado.

O imenso mausoléu do imã Alí e sua esplanada estavam extraordinariamente vazios. Os iraquianos, em particular, temem uma epidemia incontrolável em seu país, um dos mais ricos em petróleo do mundo, mas com uma escassez crônica de médicos, medicamentos e hospitais.

Dois soldados americanos que lutavam contra o grupo Estado Islâmico (EI) no Iraque morreram durante uma operação conjunta com as forças iraquianas, informou a coalizão antijihadista.

"Dois membros do exército americano foram mortos pelas forças inimigas durante uma operação que tinha como objetivo eliminar um líder terrorista do EI em uma zona montanhosa do centro-norte do Iraque, em 8 de março", afirma a coalizão em um comunicado.

Os nomes dos mortos não foram mencionados, mas o texto destaca que "assessoravam e acompanhavam as forças de segurança iraquianas".

A coalizão antijihadista liderada pelos Estados Unidos proporciona formação e apoio aéreo às forças iraquianas desde 2014, quando o EI assumiu o controle de grande parte do norte do Iraque e da Síria em uma rápida ofensiva.

O grupo declarou um "califado" entre os territórios dos dois países, onde impôs uma versão radical e brutal da lei islâmica.

As forças iraquianas, apoiadas pela coalizão, conseguiram expulsar os jihadistras sobretudo dos centros urbanos em uma vasta operação, declarada como uma vitória em dezembro de 2017.

O total de soldados dos Estados Unidos que sofreram lesões cerebrais traumáticas após o ataque de mísseis lançado pelo Irã contra uma base militar americana no Iraque no mês passado aumentou para 110, informou o Pentágono nesta sexta-feira.

O último número divulgado em 10 de fevereiro foi 109 feridos.

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Todos os afetados foram diagnosticados com uma leve lesão cerebral traumática, destacou o Pentágono, acrescentando que 77 já haviam retornado ao serviço.

Os outros 35 foram transportados para a Alemanha para posterior avaliação e 25 deles retornaram aos Estados Unidos, indicou o organismo.

O presidente Donald Trump disse inicialmente que nenhum americano havia sido ferido no ataque à base de Ain al Asad, no oeste do Iraque, na noite de 7 a 8 de janeiro, embora as autoridades tenham relatado mais tarde que uma dúzia de soldados havia sido ferida.

O Irã disparou mísseis balísticos em retaliação ao ataque americano com drones em 3 de janeiro que matou o general Qassem Soleimani em Bagdá.

Três foguetes caíram neste domingo perto da Embaixada dos EUA em Bagdá, no 19º ataque contra pontos americanos no Iraque desde outubro do ano passado. Os foguetes não deixaram vítimas, disseram fontes iraquianas.

Várias explosões foram ouvidas, seguidas de aviões que voavam em círculos perto da Zona Verde, o território de alta segurança onde está localizada a missão americana. (Com agências internacionais).

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As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Uma facção xiita armada do Iraque enforcou bonecos de papelão do presidente dos Estados Unidos Donald Trump em Bagdá, na véspera do 40º dia de luto pela morte de Abu Mehdi al-Muhandis, chefe dos paramilitares pró-iranianos que morreu em um ataque americano junto com o general iraniano Qassem Soleimani.

No reduto xiita de Sadr City ou na rua Palestina, uma das principais artérias da capital, essas figuras de papelão de Trump ou de soldados americanos são vistas penduradas.

Na praça Al Uathba (centro) foram colocados enormes retratos de Al Muhandis e de Soleimani, que morreram em 3 de janeiro em Bagdá.

"Penduramos essas imagens para marcar o fim do luto", disse à AFP um líder das Brigadas do Hezbollah, a facção mais radical da Hashd al Shaabi.

Essa poderosa coalizão de paramilitares pró-iraniana, da qual Al Muhandis era oficialmente o número dois, mas o líder de fato, anunciou eventos oficiais e populares para terça-feira em Bagdá, especialmente na Zona Verde de Bagdá, onde está a embaixada dos Estados Unidos.

No final de dezembro, milhares de pró-iranianos invadiram a representação diplomática e a sitiaram por mais de 24 horas.

A embaixada emitiu um aviso aos cidadãos por ocasião das comemorações.

Um dos líderes da Hashd, Qais al Jazali, disse no domingo que o grupo decidiu "adiar a resposta militar para dar uma chance ao trabalho político", no que pareceu um sinal de apaziguamento.

O bloco parlamentar da Hashd, o segundo da Assembleia, continua pedindo a expulsão de tropas estrangeiras estacionadas no Iraque no âmbito da coalizão internacional antijihadista.

A morte de Soleimani e de Muhandis no ataque dos Estados Unidos - que segundo fontes norte-americanas visava apenas Soleimani, sem saber que Muhandis também estava no comboio - causou um aumento nas tensões entre os dois grandes aliados de Bagdá.

Também reviveu o sentimento anti-americano no país, e o Parlamento votou pela expulsão dos 5.200 miliatres dos EUA no Iraque.

Os manifestantes hostis ao governo iraquiano enterraram sete colegas nesta quinta-feira (6), mortos em confrontos com apoiadores do líder xiita Moqtada al-Sadr em Najaf, no sul do Iraque, e disseram que seguem determinados a continuar os protestos.

Desde que o poderoso Al-Sadr virou as costas para o movimento de contestação e pediu a seus seguidores que não participassem mais dos protestos iniciados em outubro, a mobilização popular iraquiana se dividiu.

Os seguidores de Al-Sadr apoiam o novo primeiro-ministro, Mohamed Alaui, que assumirá suas funções depois que o gabinete obtiver a confiança do Parlamento em um mês.

Os manifestantes antipoder rejeitam Alaui, que foi duas vezes ministro em um sistema, do qual querem se livrar. E continuam com os protestos, mesmo que a repressão tenha deixado 490 mortos e 30.000 feridos desde 1º de outubro. Segundo uma contagem da AFP, a maioria era manifestante.

O primeiro-ministro designado, que prometeu esclarecer as mortes, falou nesta quinta-feira à tarde na televisão estatal para afirmar que o assassinato de manifestantes era uma "linha vermelha".

"Não poderei continuar com minha missão, se os jovens continuarem sofrendo", acrescentou.

Há vários dias, os dois lados se enfrentaram em várias cidades. Um manifestante foi esfaqueado até a morte em Al-Hilla na segunda-feira, ao sul de Bagdá.

Na noite de quarta-feira, em Najaf, sete manifestantes morreram depois que os apoiadores de Al-Sadr invadiram um acampamento. Todos os mortos foram baleados na cabeça, ou no peito, conforme relatos dos médicos, que estimaram os feridos em dezenas.

Os "bonés azuis", como são conhecidos os apoiadores de Moqtada al-Sadr, foram acusados de violência, enquanto as forças de ordem não fizeram nada para evitá-la.

- "Mais determinados" -

"Em Najaf, as máscaras caíram", disse Mohamed, estudante de engenharia que protestava nesta quinta-feira na praça Tahrir, em Bagdá.

Nos arredores desta praça emblemática, epicentro da revolta, os seguidores de Al-Sadr continuam a manter barricadas de segurança, que datam de quando disseram que eram responsáveis pela segurança dos manifestantes frente às forças de segurança e grupos armados.

Hoje, porém, não há diálogo entre os dois lados, diz Mohamed.

"Dissemos aos seguidores de Sadr que eles estavam aqui para tornar o local seguro e (proteger) nossos companheiros, mas ele não nos escutam", afirma.

Em Diwaniya, uma cidade do sul, os estudantes gritam: "Nem Moqtada, nem Hadi, nosso país deve ser livre", em referência às facções armadas pró-iranianas da Hashd al-Shaabi, lideradas no Parlamento por Hadi al-Ameri.

Nesta cidade, os manifestantes agora temem o que aconteceu em Najaf, um dos lugares mais sagrados do xiismo.

Eles garantem, porém, que a violência não reduzirá sua determinação.

Em Tahrir, Tayba, um estudante em Bagdá, diz que todo o mundo "acaba se acostumando".

"Estamos ainda mais determinados", afirma o jovem, com uma bandeira iraquiana nos ombros. "Antes os estudantes faziam uma manifestação por semana, agora fazem três", relata.

Alaui prometeu que "ele proporá um ou dois ministros surgidos da mobilização". Desde outubro, este movimento denuncia a corrupção e o nepotismo no país.

Os manifestantes tomaram as ruas de Bagdá e de várias cidades do sul do Iraque neste domingo (2) para protestar contra o novo primeiro-ministro, nomeado na véspera, apesar das promessas do chefe de Governo de atender as demandas do movimento que agita o país há quatro meses.

Mohamed Alawi foi designado no sábado (1º) pelo presidente Barham Saleh para formar o governo, uma escolha de consenso após semanas de crise política e duas semanas depois da renúncia de seu antecessor, Adel Abdel Mahdi, em consequência da pressão das ruas.

Desde dezembro, Abdel Mahdi administrava o dia a dia do país em meio às exigências dos manifestantes para que o seu sucessor fosse um nome independente da classe política, que a população considera corrupta e incompetente.

Neste domingo, os iraquianos expressaram sua rejeição ao novo chefe de Governo, um ex-ministro que eles consideram parte do sistema que desejam ver abolido. "Mohamed Alawi rejeitado por ordem do povo", afirmava uma faixa na cidade sagrada de Naja, 180 km ao sul de Bagdá.

A partir de sábado à noite várias avenidas da idade foram bloqueadas pelos manifestantes, que queimaram pneus. Em Diwaniya, os manifestantes invadiram prédios do governo e os os estudantes organizaram protestos.

Na cidade de Al Hilla, os moradores bloquearam as estradas aos gritos de "Alawi não é a escolha do povo".

Alawi, 65 anos, começou a carreira política como deputado após a invasão americana do Iraque em 2003 que levou à derrubada do ditador Saddam Hussein. Foi ministro das Comunicações duas vezes, entre 2006 e 2007 e entre 2010 e 2012, no governo de Nuri al Maliki.

Ele tentou adotar medidas de combate à corrupção, mas nas duas oportunidades terminou pedindo demissão e acusando Maliki de ignorar o problema.

No sábado, durante seu primeiro discurso na televisão pública, prometeu formar um governo representativo e convocar eleições antecipadas. Também disse que justiça será feita para os manifestantes mortos durante os protestos - 480 pessoas morreram, de acordo com um balanço da AFP.

A partir de agora, Alawi terá um mês para formar o governo, que precisa ser aprovado em uma moção de confiança do Parlamento.

No sábado, Moqtada Sadr, um dos políticos mais influentes do país, líder da maior bancada do Parlamento, expressou apoio a Alawi no Twitter e afirmou que sua nomeação era um "passo positivo".

Além disso, o líder xiita, que apoiou os manifestantes desde o início do movimento, pediu a seus simpatizantes neste domingo que estabeleçam uma coordenação com as forças de segurança para a liberação das estradas e a reabertura das escolas.

"A revolução deve se tornar mais prudente e pacífica", escreveu Sadr no Twitter.

O presidente do Iraque, Barham Saleh, nomeou neste sábado o ex-ministro de Comunicações Mohamed Alaui como novo primeiro-ministro, anunciou o próprio nomeado, no dia em que o prazo dado pelo chefe de Estado ao parlamento para liberar a paralisia política expirou.

Alaui, de 65 anos, comunicou a notícia através de um vídeo que postou no Twitter, no qual relatou que formaria um novo governo “de acordo com as demandas” dos opositores ao regime.

Nenhum anúncio oficial foi feito até o momento pelo presidente ou instituições governamentais.

Sua nomeação ocorre dois meses após a renúncia de seu antecessor, Adel Abdel Mahdi, o início de dezembro, sob a pressão de um movimento de protesto sem precedentes que começou em 1º de outubro e acusa a classe política de incompetente e corrupta.

“Peço que continuem as manifestações, porque se vocês não estiverem comigo, estarei sozinho e não poderei fazer nada”, declarou.

Segundo a Constituição, Alaui tem um mês para formar seu gabinete, que deverá ser aprovado por um voto de confiança no Parlamento.

- Os 'sadristas' voltam às ruas -

Antes da nomeação, a pressão nas ruas se intensificou, reacendida pelo influente líder xiita Moqtada Sadr.

“Alaui é rejeitado, Alaui é rejeitado!”, gritavam alguns manifestantes, enquanto outros se reuniram para apoiá-lo.

A capital Bagdá e o sul do país, de maioria xiita, vivem quatro meses de protestos antigovernamentais para exigir eleições, a nomeação de um primeiro-ministro independente e levar à justiça os responsáveis pela corrupção e violência contra manifestantes.

Pressionado pelas ruas e pelos líderes religiosos xiitas, Abdel Mahdi foi forçado a renunciar em dezembro, depois de um ano no poder.

Em uma tentativa de restaurar um mínimo de estabilidade, o presidente iraquiano enviou uma carta esta semana ao Parlamento solicitando ao poder legislativo que nomeasse logo um primeiro-ministro porque, caso contrário, ele mesmo o faria, como de fato fez.

O Iraque estava em uma situação sem precedentes, já que um primeiro-ministro nunca se demitiu e a Constituição não prevê como agir nesse caso.

O clérigo Sadr é uma das vozes mais influentes da política iraquiana nos últimos anos e liderou a milícia anti-americana “o exércio de Mehdi” após a invasão.

Atualmente, controla o maior bloco do parlamento e vários ministérios. Apoiou os protestos quando explodiram em outubro e seus seguidores eram os mais bem organizados de todos.

Mais de 480 pessoas – a maioria manifestantes – morreram desde o início dos protestos em outubro, devido a tiros ou granadas militares.

O principal representante religioso do país, o aiatolá Ali Sistani, juntou-se à pressão na sexta-feira para que o país acelerasse a formação de um novo governo.

Grupos de estudantes iraquianos se juntaram neste domingo, 26, para protestar contra o governo do país. Parte das críticas é dirigida a Moqtada al-Sadr, líder xiita acusado por manifestantes de tentar ganhar politicamente com protestos de rua que acontecem há quatro meses.

As manifestações acontecem depois que Moqtada al-Sadr retirou seu apoio aos protestos e permitiu a forças de segurança usar gás lacrimogêneo e munição verdadeira para conter os manifestantes. Como resultado, 12 pessoas morreram, segundo a Comissão de Direitos Humanos do Iraque. De acordo com a entidade, mais de 500 pessoas morreram em protestos no país desde outubro de 2019.

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Os protestos aumentaram a pressão sobre o governo local e sobre grupos pró-Irã, que acusam os Estados Unidos de fomentar as manifestações. Já integrantes dos protestos tentam se distanciar da hostilidade crescente contra os EUA. "Viemos aqui para mostrar nossa lealdade à nação, não a um indivíduo", disse um estudante de medicina que pediu para não ser identificado.

Dezenas de pessoas ficaram feridas neste domingo (26) em confrontos no Iraque entre manifestantes e forças de segurança, que dispararam munição letal em locais centrais da contestação em Bagdá e no sul.

Temendo que o movimento iniciado em outubro perdesse força após uma intervenção violenta das forças de segurança no sábado, os manifestantes voltaram às ruas esta manhã nos principais locais de protesto.

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Quatro manifestantes hostis ao poder foram mortos em Bagdá e no sul, segundo um balanço atualizado, durante os confrontos no sábado com as forças de segurança.

Neste domingo, em Bagdá, as forças de segurança dispararam munição letal para dispersar pequenos protestos nas praças Khallani e Wathba, perto da praça Tahrir, o epicentro da contestação, segundo uma fonte da polícia.

Pelo menos 17 manifestantes ficaram feridos, incluindo seis por balas, de acordo com esta fonte.

Os manifestantes lançaram pedras na polícia de choque e alguns jogaram coquetéis molotov.

Uma marcha estudantil planeja chegar à praça Tahrir à tarde a partir do campus da universidade de Bagdá.

No sul, em Nassiriya, as forças de segurança também dispararam contra os manifestantes, reunidos em grande número depois que a polícia os expulsou das principais artérias que levam ao local principal de protesto, a praça Habbubi.

Pelo menos 50 manifestantes foram feridos por balas e cem receberam atendimento após inalação de gás lacrimogêneo lançado pela polícia, segundo uma fonte médica.

Em Basra, no extremo sul do país, centenas de estudantes protestaram contra o desmantelamento de seu acampamento pela polícia de choque no dia anterior, segundo um correspondente da AFP.

Em Kut, os estudantes montaram novas tendas para substituir as desmontadas no dia anterior.

Na cidade sagrada de Najaf, os estudantes bloquearam a estrada para o aeroporto.

Desde 1º de outubro, o movimento inédito por ser espontâneo, dominado pelos jovens, tem sido marcado pela violência, que deixou pelo menos 470 mortos, a grande maioria deles manifestantes, segundo fontes médicas e policiais.

Depois de denunciar inicialmente a falta de empregos e serviços e a corrupção endêmica, a contestação agora exige eleições antecipadas e um primeiro-ministro independente.

Sob pressão das ruas, o primeiro-ministro Adel Abdel Mahdi renunciou em dezembro, mas continua administrando os assuntos correntes, uma vez que os partidos políticos não chegaram a um acordo sobre um sucessor.

O impasse político foi denunciado no sábado pela representante da ONU no Iraque, Jeanine Hennis-Plasschaert, que declarou que a atual "indecisão era indigna das esperanças dos iraquianos expressadas corajosamente há quatro meses".

Desde sexta-feira, a contestação teme que a retirada do apoio de Moqtada Sadr deixe o campo livre para o poder reprimir o movimento.

Na sexta à noite, o influente líder xiita disse no Twitter que não se envolveria mais no movimento, depois de uma manifestação em Bagdá de milhares de seus apoiadores exigindo a saída dos 5.200 soldados americanos no Iraque.

Seus partidários, que vinham apoiando os protestos até então e eram considerados os mais bem organizados, desmontaram suas tendas instaladas desde outubro em Bagdá e no sul.

Milhares de simpatizantes do líder xiita Muqtada al-Sadr protestaram ontem em Bagdá para pedir a expulsão das tropas americanas do Iraque, onde o sentimento antiamericano vem aumentando nas últimas semanas. Após Sadr convocar "uma manifestação pacífica de um milhão de pessoas contra a presença americana", postos de controle foram estabelecidos para garantir a segurança da marcha.

Desde as primeiras horas de ontem, um dia de oração no mundo muçulmano, milhares de fiéis se reuniram no bairro de Khadriya aos gritos de "Fora ocupante" e "Sim à soberania". Em comunicado lido por um porta-voz, Sadr pediu a retirada das forças americanas, a anulação dos acordos de segurança entre Bagdá e Washington e o fechamento do espaço aéreo iraquiano aos aviões militares americanos. O líder xiita também pediu ao presidente americano, Donald Trump, que não seja "arrogante". Várias facções paramilitares iraquianas, como as milícias pró-Irã Hashd al-Shaabi, geralmente rivais de Sadr, apoiaram a manifestação.

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Ao mesmo tempo, o movimento de protesto contra o governo iraquiano, iniciado em 1º de outubro, foi retomado nos últimos dias. Os atos haviam perdido fôlego diante do ressurgimento das tensões entre Teerã e Washington, após o assassinato do general iraniano Qassim Suleimani, no dia 3, ordenado por Trump.

O episódio reavivou o sentimento "antiamericano". Dois dias depois, o Parlamento iraquiano votou a favor da expulsão das tropas estrangeiras, incluindo os 5,2 mil militares americanos enviados para ajudar os iraquianos na luta contra o extremismo islâmico.

As operações da coalizão internacional contra os jihadistas, liderada pelos EUA, foram suspensas após a morte de Suleimani, e as discussões com Bagdá sobre o futuro das tropas americanas ainda não começaram, segundo o coordenador americano da coalizão, James Jeffrey.

Nos últimos dias, milhares de apoiadores de Sadr chegaram a Bagdá de ônibus, procedentes de todo o Iraque. O bairro de Khadriya está localizado em frente à Zona Verde, na outra margem do Rio Tigre. Nesta área de segurança máxima estão localizadas as embaixadas, incluindo a dos EUA, e a sede do governo iraquiano.

Um opositor de longa data da presença americana no Iraque, Sadr reativou sua milícia, o Exército Mehdi, após a morte do general Suleimani. Este grupo lutou contra os soldados americanos durante a ocupação do Iraque, entre 2003 e 2011. Autoproclamado "reformista" depois de apoiar o movimento de contestação, ele também lidera o maior bloco parlamentar e vários de seus aliados ocupam posições ministeriais.

Esta semana, 12 manifestantes morreram em confrontos com as forças de segurança, somando 480 mortos desde o início dos protestos contra o governo, no ano passado. Sob pressão das ruas, o primeiro-ministro iraquiano, Adel Abdel Mahdi, renunciou. No entanto, ele ainda continua no cargo, já que os partidos políticos não chegaram a um acordo para designar seu sucessor. (Com agências internacionais)

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