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A nova primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, líder do partido pós-fascista 'Fratelli d'Italia' (Irmãos da Itália), negou nesta terça-feira (25) qualquer "simpatia ou proximidade" com o fascismo.

"Nunca tive qualquer simpatia ou proximidade com regimes antidemocráticos. Por nenhum regime, incluindo o fascismo", afirmou em seu primeiro discurso como chefe de Governo na Câmara dos Deputados.

Em seu governo, o Executivo mais à direita da Itália desde a Segunda Guerra Mundial, Meloni garante que "não se desviará um centímetro" dos valores democráticos e que "lutará contra qualquer forma de racismo, antissemitismo, violência política, discriminação".

Durante o discurso no Parlamento, que deve votar a moção de confiança a seu governo, Meloni tentou acabar com as dúvidas sobre sua militância desde a juventude nos movimentos fundados pelos herdeiros do fascismo.

"Venho de uma história política que foi relegada por anos", declarou, em tom pessoal.

A líder da extrema direita também mencionou as mulheres que marcaram a história da Itália, da jornalista Oriana Fallaci até a líder antifascita Tina Anselmi, e criticou com veemência a máfia, prometendo uma linha "inflexível".

Também disse que pretende "frear as saídas ilegais" de migrantes da África para a península.

"Este governo quer acabar com as saídas ilegais (a partir da África) e acabar com o tráfico de seres humanos no Mediterrâneo", destacou.

O ex-primeiro-ministro Mario Draghi passou o poder neste domingo (23) para a política pós-fascista Giorgia Meloni, em uma cerimônia de grande valor simbólico em Roma, que a tornou a primeira mulher a assumir o cargo de chefe de Governo na Itália.

A cerimônia de transferência de poder aconteceu no Palácio Chigi, sede do governo, perto do Parlamento.

Ao chegar ao tapete vermelho posicionado para a ocasião, Meloni passou em revista a guarda de honra.

Visivelmente emocionada, ela foi recebida por Draghi, ex-presidente do Banco Central Europeu, que deu as boas-vindas e se reuniu com a nova primeira-ministra durante quase uma hora.

Em seguida, Draghi, muito apreciado no cenário internacional, fez a entrega simbólica do sino de prata usado para conduzir os debates no Conselho de Ministros.

Meloni, 45 anos, vai comandar o governo mais à direita da Itália desde a fundação da República em 1946. No sábado ela prestou juramento diante do presidente da República, Sergio Mattarella.

Ele será a líder de um Executivo conservados graças a uma coalizão com a Liga, partido de ultradireita e anti-imigração de Matteo Salvini, e com o Força Itália do ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi.

A política romana conquistou uma vitória história nas eleições legislativas de 25 de setembro, depois de superar as questões mais polêmicas de seu partido, 'Fratelli d'Italia' (Irmãos da Itália), uma estratégia que a levou ao poder um século depois da ascensão do ditador fascista Benito Mussolini, do qual é admiradora.

As eleições foram convocadas de maneira antecipada após a renúncia de Draghi, que assumiu o cargo de primeiro-ministro em fevereiro de 2021, mas perdeu o apoio de seus aliados.

A primeira reunião do Conselho de Ministros está prevista ainda para este domingo e será dedicada principalmente a questões administrativas.

O novo Executivo - de 24 ministros, incluindo seis mulheres - terá que enfrentar muitos desafios que afetam a Itália, em particular na área econômica.

A margem de manobra de Roma é limitada por uma dívida pública de 150% do Produto Interno Bruto (PIB), a segunda maior proporção na zona do euro, atrás apenas da Grécia.

No sábado, Meloni prometeu trabalhar em proximidade com os parceiros internacionais e sua mensagem foi bem recebida pela União Europeia (UE).

A presidenta da Comissão Europeia (o Executivo da UE), Ursula von der Leyen, disse que espera uma "cooperação construtiva" com o seu governo. O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, e a presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, seguiram a mesma linha.

Primeira mulher a liderar um governo italiano, Giorgia Meloni, presidente do partido Irmãos da Itália (Fratelli d'Italia, FdI), representa um movimento com DNA pós-fascista que ela conseguiu tornar apresentável para voltar ao poder.

Sob a liderança desta romana de 45 anos, o Irmãos da Itália se tornou a principal força política do país, com mais de um quarto dos votos nas eleições legislativas de setembro, seis vezes mais do que em 2018.

Meloni conseguiu interpretar as esperanças frustradas dos italianos contra as "ordens" da União Europeia (UE), assim como os protestos pelo alto custo de vida e pela falta de perspectiva dos jovens em relação a seu futuro.

Assim, ela captou grande parte do eleitorado descontente que apoiava a Liga, o partido de extrema direita de Matteo Salvini, e do Movimento 5 Estrelas, que surgiu como um movimento antissistema.

Criticada por seus adversários por seu passado como ativista do movimento pós-fascista, durante os comícios de campanha, perguntava ao público: "Eu os assusto?"

Mas, desde que venceu as eleições, não deixou de enviar mensagens de calma, tanto para a Itália como para o exterior.

Esses esforços, no entanto, estão sendo comprometidos agora, sobretudo por seus aliados, como o ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi, que esta semana se alegrou por ter restabelecido seus vínculos com o presidente russo, Vladimir Putin.

Meloni, pró-Otan e partidária de que a Itália ajude a Ucrânia frente à Rússia, enviou rapidamente seus representantes para a frente das câmeras de televisão para reiterar o compromisso de Roma com Kiev.

- Mussolini, 'um bom político' -

Meloni e seu partido são herdeiros do Movimento Social Italiano (MSI), uma formação neofascista fundada após a Segunda Guerra Mundial. Deste grupo, recuperou o símbolo da chama tricolor ao fundar o Irmãos da Itália, no final de 2012.

Aos 19 anos, afirmou a uma emissora de TV francesa que o ditador Benito Mussolini era "um bom político". Ainda hoje, admite que Mussolini "fez muito", mas não o isenta de seus "erros", como a legislação antissemita e a entrada na guerra como aliado da Alemanha de Adolf Hitler.

Também afirma que, em seu partido, "não há lugar para os nostálgicos do fascismo, nem para o racismo e o antissemitismo".

Nascida em Roma, em 15 de janeiro de 1977, Giorgia Meloni começou a militar aos 15 anos em associações estudantis de extrema direita, enquanto trabalhava como babá e garçonete.

Em 1996, tornou-se líder do sindicato Azione Studentesca, cujo emblema era a Cruz Celta.

Em 2006, foi eleita deputada e vice-presidente da Câmara de Representantes.

Dois anos depois, foi nomeada ministra da Juventude no governo Berlusconi, sua única experiencia governamental até agora.

Não tardou a se sentir confortável em estúdios de TV, onde sua juventude, sua ousadia e habilidade oral chamam a atenção. Uma experiência que lhe mostra que a personalidade de uma mulher bonita, loira e jovem em um país ainda machista seduz tanto quanto as ideias.

- 'Deus, pátria e família' -

No final de 2022, cansada de divergências que atormentavam a direita, funda o Irmãos da Itália com dissidentes do berlusconismo e decide se situar na oposição.

Com seu lema "Deus, pátria e família", Meloni propõe fechar as fronteiras para proteger a Itália da "islamização" e renegociar os tratados europeus para que Roma retome o controle de seu destino.

Também se declara inimiga dos "lobbies LGBTQIA+" e quer pôr fim ao "inverno demográfico" da Itália, onde a média de idade é a mais alta do mundo industrializado, atrás do Japão.

Muito zelosa de sua vida privada, Meloni é mãe de uma menina nascida em 2016 e convive, mas sem se casar, com o pai da filha, um jornalista de TV.

A oradora que sabe discursar aos italianos com seu típico sotaque romano pode ser taxativa e inclusive agressiva.

Em 2019, tornou-se famoso seu discurso em que se definiu assim: "Sou Giorgia. Sou mulher, sou mãe, sou italiana, sou cristã. Não vão tirar isso de mim".

Ela também pode se mostrar vulgar, como quando publicou um vídeo no TikTok no dia das eleições, no qual apareceu segurando dois melões na atura dos seios, em alusão a seu sobrenome.

No começo deste ano, uma revista norte-americana divulgou que o casamento de Jessica Biel e Justin Timberlake estava por um fio, mas parece que as coisas melhoraram. Após dez anos de casamento, o casal renovou os votos na Itália e compartilhou o momento com os seus fãs.

A atriz postou uma foto ao lado do amado e escreveu: "Ser casada com você é uma aventura de uma vida! Vamos de novo, bebê! VAMOS DE NOVO. Te amo".

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Justin também postou um carrossel de fotos ao lado da amada: "10 anos não é suficiente! Você me faz um marido e pai melhor a cada dia! Eu te amo muito seu ser humano lindo! Corra de volta!", escreveu o cantor.

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Dois bebês morreram com graves queimaduras em um barco de migrantes que navegava na costa de Lampedusa, no sul da Itália, nesta sexta-feira (21).

Segundo a Capitania dos Portos, as vítimas tinham um e dois anos de idade, e outras duas pessoas - um homem e uma mulher grávida - também sofreram ferimentos graves e foram encaminhadas para hospitais.

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O incidente ainda deixou mais quatro mulheres e duas crianças feridas. Inicialmente, fontes da Capitania dos Portos informaram que as queimaduras haviam sido provocadas pela explosão de um cilindro de gás.

Neste caso, no entanto, o barco provavelmente teria afundado, e o número de vítimas seria muito maior. Um inquérito foi aberto para apurar o caso, mas uma das hipóteses é de que um recipiente de gasolina do estoque de combustível da embarcação tenha pegado fogo.

"O fato de que o barco tenha sido deixado à deriva ainda flutuando é um indicativo de que não pode ter havido uma explosão", explicou o procurador da República em Agrigento, Salvatore Vella.

O barco transportava cerca de 40 pessoas na rota migratória mais mortal do mundo, no Mediterrâneo Central, que liga o norte da África ao sul da Itália.

De acordo com a Organização Internacional para as Migrações (OIM), quase 1,3 mil migrantes já morreram ou desapareceram nessa travessia apenas em 2022.

Segundo o Ministério do Interior, a Itália já recebeu 76,7 mil migrantes forçados via Mediterrâneo neste ano, crescimento de cerca de 50% em relação ao mesmo período de 2021.

A morte das duas crianças acontece no dia em que a deputada de extrema direita Giorgia Meloni receberá o encargo de formar o novo governo da Itália, após ter construído sua trajetória política em cima de propostas anti-migrantes.

Uma de suas principais promessas é impor um bloqueio naval para impedir que deslocados internacionais cheguem ao litoral italiano no Mediterrâneo.

Da Ansa

A seleção brasileira derrotou a Itália nesta quinta-feira (13) e se classificou para a final do Mundial de vôlei feminino. Em um jogo pegado, as brasileiras venceram por 3 sets a 1 e agora vão em busca do título inédito diante da Sérvia, atual campeã do torneio, no sábado.

Por mais que a diferença do placar tenha sido boa, a seleção brasileira teve muita dificuldade para parar a oposta Egonu, maior pontuadora da partida, com 30 pontos. Do lado brasileiro, a principal pontuadora foi Gabi, que marcou 19 vezes. As parciais foram 25/23, 21/25, 26/24 e 25/19.

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A final acontece neste sábado (15), às 15h pelo horário de Brasília. A disputa do terceiro lugar ficará entre Estados Unidos, eliminado pela Sérvia, e Itália, também no sábado, às 11h.

O Ministério da Justiça da Itália pediu ao Brasil a extradição do ex-atacante Robinho e de seu amigo Ricardo Falco, condenados em via definitiva a nove anos de prisão por violência sexual.

O Ministério Público de Milão, que havia acionado o governo italiano, já foi informado sobre o envio da solicitação de extradição às autoridades brasileiras.

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Em 19 de janeiro de 2022, a Suprema Corte da Itália confirmou a condenação de Robinho e Falco a nove anos de cadeia por violência sexual, mantendo as penas impostas em primeira e segunda instâncias.

Os dois foram sentenciados por conta do estupro contra uma jovem albanesa em 22 de janeiro de 2013, quando a vítima tinha 22 anos de idade.

A mulher estava na mesma boate que Robinho e cinco amigos dele, em Milão, mas só se juntou ao grupo após a esposa do então jogador do Milan voltar para casa.

Segundo a acusação, Robinho e seus amigos ofereceram bebida à vítima até "deixá-la inconsciente e incapaz de se opor". De acordo com a reconstrução feita pelo

Ministério Público, o grupo levou a jovem para um camarim da boate e, se aproveitando de seu estado, praticou "múltiplas e consecutivas relações sexuais com ela".

Os outros quatro envolvidos no caso não foram rastreados pela Justiça da Itália e não puderam ser processados.

Em uma conversa telefônica grampeada, Robinho disse ao amigo Jairo Chagas, que o alertara sobre a investigação: "Estou rindo porque não estou nem aí, a mulher estava completamente bêbada, não sabe nem o que aconteceu".

"Olha, os caras estão na merda. Ainda bem que existe Deus, porque eu nem toquei naquela garota. Vi os outros foderem ela, eles vão ter problemas, não eu. Eram cinco em cima dela", afirmou o atleta na conversa.

No entanto, após Chagas dizer que havia visto Robinho "colocar o pênis dentro da boca" da vítima, o atacante respondeu: "Isso não significa transar". Os advogados do jogador alegam que ele é inocente e que a relação foi consensual.

Com 38 anos de idade, Robinho jogou pela última vez em 2020, quando defendia o Istanbul Basaksehir, da Turquia. Dois meses depois, ele chegou a ser anunciado pelo Santos, mas o clube decidiu cancelar a contratação após a pressão da torcida por causa do processo por estupro.

Recentemente, o ex-atacante usou suas redes sociais para declarar apoio à reeleição de Jair Bolsonaro na disputa contra Luiz Inácio Lula da Silva. O futuro de Robinho dependerá agora do governo do Brasil, que, historicamente, não extradita seus próprios cidadãos.

Os dois países, contudo, podem chegar a um acordo para que o ex-jogador cumpra sua sentença em uma penitenciária brasileira.

Da Ansa

O Partido Democrático (PD), principal força de centro-esquerda na Itália, divulgou nesta sexta-feira (30) uma nota em defesa da candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições presidenciais de 2 de outubro.

O comunicado é assinado por Giuseppe Provenzano, vice-secretário do PD, e Lia Quartapelle, responsável pela área de relações internacionais do partido, e diz que o Brasil se encontrará diante de um momento "decisivo" em sua história.

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De acordo com o PD, Bolsonaro é o "presidente da inflação nas estrelas, da pobreza para 33 milhões de brasileiros, da devastação selvagem da Amazônia, da gestão maluca da pandemia, que levou a 730 mil vítimas conhecidas [o número oficial de mortos é de 686 mil] e a valas comuns", e representa "aquela perigosa internacional soberanista que ameaça a democracia mundial".

Já Lula, para o Partido Democrático, "demonstrou como se resgata um país e um povo, emancipando da miséria milhões de brasileiros, dando uma escola aos pobres, conjugando desenvolvimento, progresso e justiça social".

"Lula foi e ainda é fonte de inspiração para uma geração inteira de progressistas e para muitos chefes de Estado estrangeiros, colocando o Brasil entre as nações protagonistas no cenário geopolítico global", afirma o PD.

A legenda ainda diz estar "convicta" de que "apenas Lula, alçando a bandeira dos direitos humanos, civis, sociais e ambientais, da defesa do Estado de direito, da democracia, da igualdade e do resgate social, pode restituir aos brasileiros todo o bem-estar de que precisam e ao Brasil o prestígio internacional que merece".

    O partido encerra o comunicado pedindo para os ítalo-brasileiros votarem no candidato petista em 2 de outubro.

O PD nunca escondeu sua admiração por Lula e mandou até representantes para visitá-lo na cadeia enquanto o ex-presidente cumpria pena por corrupção, sentença depois anulada pela Justiça.

O partido obteve apenas 19% dos votos nas eleições parlamentares de 25 de setembro, pior resultado de sua história, e será a principal força de oposição ao futuro governo da líder de extrema direita Giorgia Meloni. 

Da Ansa

A Justiça da Itália vai desclassificar o regime carcerário do ex-terrorista Cesare Battisti de segurança máxima para comum, informam documentos obtidos pela ANSA nesta quinta-feira (29). Por isso, em um provimento do Departamento de Administração Penitenciária (DAP), há a informação de que o detento será transferido do presídio de Ferrara para o de Parma.

Na atual estrutura prisional, Battisti vive em um regime de semi-isolamento, fazendo o cultivo de uma horta por meio do projeto Galeottorto e um curso de escrita criativa. Em julho, durante uma entrevista ao jornal "La Nuova Ferrara", o presidiário havia dito que a mudança em seu regime penitenciário era a atual batalha jurídica feita por seus advogados.

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"A retirada do regime AS2, que como foi dito na sentença, não me pertence. Mas, mesmo assim, ele perdura", pontuou reforçando que queria descontar sua pena de prisão perpétua "positivamente e construtivamente".

Após a decisão, o responsável pelo departamento de justiça do partido ultranacionalista Irmãos da Itália (FdI), vencedor das eleições parlamentares do último domingo (25), Andrea Delmastro Delle Vedove, afirmou que o anúncio do DAP é "vergonhoso".

"Último socorro ao terrorismo vermelho. Uma aberração. Depois de anos de fugas, apenas inserido no regime carcerário italiano, o criminoso terrorista obtém a desclassificação como um detento comum. Uma vergonha e uma vergonha ainda maior que o DAP esteja tomando essa gravíssima e acelerada decisão a poucos dias da mudança de governo", afirmou Delle Vedove.

Em entrevista à ANSA, o garantidor regional das pessoas submetidas às medidas limitativas ou restritivas de liberdade da Emilia-Romagna, local onde fica Ferrara, Galeazzo Birgnami, afirmou que para "julgar" esse tipo de decisão é preciso "conhecer as leis".

"Para julgar esses provimentos da administração penitenciária é preciso conhecer as normas e as leis. Dizer que não é aceitável quer dizer admitir que não as conhece. Essa pessoa seguiu o pedido normativo correto e a administração penitenciária reconheceu aquilo que não estava reconhecido.

Desclassificação não significa que a administração cancela o fato de que houve crimes terroristas, mas é uma questão de gestão e logística. Não incide sobre o tipo de condenação, só quer dizer que ele virou um detento comum", afirmou Bignami.

    Battisti foi condenado em contumácia e passou quase 40 anos foragido, boa parte desse tempo vivendo no Brasil. Em dezembro de 2018, o então presidente Michel Temer ordenou sua extradição para a Itália, mas o ex-terrorista fugiu para a Bolívia. Em 2019, porém, foi finalmente enviado para a Itália, onde já passou por diversos presídios.

O italiano pertencia ao grupo terrorista Proletários Armados pelo Comunismo (PAC) e foi condenado a pena de prisão perpétua por quatro assassinatos cometidos na década de 1970.

Da Ansa

A Itália entrou nesta segunda-feira (26) em um período de incerteza após a vitória nas eleições legislativas de Giorgia Meloni, que lidera uma coalizão de extrema-direita e direita, que enfrentará grandes desafios econômicos e políticos.

Depois de conquistar a maioria absoluta no Parlamento, a líder do partido Irmãos da Itália (Fratelli d'Italia, pós-fascista) e seus aliados Matteo Salvini, da Liga (anti-imigração), e Silvio Berlusconi, do Força Itália (direita), tentarão formar o governo nos próximos dias.

A apuração dos votos confirmou na manhã desta segunda-feira a grande vantagem de Meloni, que recebeu mais de 26% dos votos. Seu partido tornou-se a principal força do país, à frente do Partido Democrata (PD, centro-esquerda) de Enrico Letta (19%).

Com a Liga e o Força Itália, ela terá maioria absoluta na Câmara dos Deputados e no Senado.

Em seu primeiro discurso após a eleição, Meloni prometeu "governar para todos" os italianos. "Vamos trabalhar com o objetivo de unir o povo", disse.

"A Itália tem cinco anos pela frente da estabilidade", afirmou Salvini, enquanto o magnata Berlusconi retorna ao Senado depois de ter sido expulso do Parlamento em 2013 por sua condenação por fraude fiscal.

"Seremos determinantes e decisivos. Obrigado a todos", tuitou Berlusconi, que retorna aos holofotes poucos dias depois de completar 86 anos.

A imprensa conservadora celebra o resultado. "Revolução nas urnas", afirma Il Giornale, o jornal da família Berlusconi. "A esquerda derrotada (somos) livres!!!", destaca o jornal Libero.

"Meloni toma a Itália" é a manchete do La Repubblica, jornal de esquerda que fez muitas críticas à líder do Irmãos da Itália durante a campanha. O La Stampa menciona as "mil incógnitas" que na Itália após a "vitória histórica" da extrema-direita.

A UE afirmou que trabalha com todos os governos que emergem das eleições no bloco e espera uma cooperação com o novo Executivo da Itália.

"Esperamos ter uma cooperação construtiva com as novas autoridades italianas. No momento, esperamos que a Itália proceda com a nomeação de um governo", disse Eric Mamer, porta-voz da Comissão Europeia, o braço Executivo da UE.

O governo da Alemanha afirmou esperar que Itália continua "muito favorável a Europa", apesar da vitória do partido pós-fascista nas urnas.

"A Itália é um país muito favorável a Europa, com cidadãos e cidadãs muito favoráveis a Europa. E partimos do princípio de que isto não mudará", disse Wolfgang Büchner, porta-voz do governo alemão.

- Desafios econômicos -

O novo Executivo sucederá o governo de unidade nacional liderado desde janeiro de 2021 por Mario Draghi, ex-presidente do Banco Central Europeu (BCE), que assumiu o governo da terceira maior economia da zona do euro quando o país enfrentava as dificuldades da pandemia.

Draghi negociou com a UE uma ajuda financeira de quase 200 bilhões de euros, em troca de profundas reformas econômicas e institucionais do país.

Apesar do que estava em jogo, vários partidos que aceitaram integrar o governo decidiram derrubar o Executivo de Draghi nos últimos meses por motivos puramente eleitorais, o que provocou a convocação de legislativas antecipadas.

O novo governo terá que administrar a crise provocada por uma inflação galopante, enquanto a Itália enfrenta uma dívida que representa 150% do PIB, a segunda maior da Eurozona, atrás apenas da Grécia.

Os investidores oscilavam nesta segunda-feira entre a preocupação e a cautela após a vitória da líder pós-fascista.

A Bolsa de Milão fechou o dia com alta de 0,67%, o melhor rendimento dos mercados europeus, que aguardam os próximos acontecimentos antes de reagir.

- Uma vitória que divide a Europa -

Enquanto Meloni recebeu o apoio entusiasta dos governos de direita e conservadores da Polônia e Hungria, além de cumprimentos do partido VOX de extrema direita da Espanha e do Rassemblement National (RN) da França, outros países manifestaram abertamente sua preocupação.

Os populismos "sempre terminam em catástrofe", afirmou o ministro das Relações Exteriores do governo socialista da Espanha, José Manuel Albares.

Na França, a primeira-ministra, Elisabeth Borne, advertiu que seu país estará "atento" ao "respeito" aos direitos humanos e ao aborto, enquanto a Alemanha espera que a Itália continue sendo "muito favorável à Europa".

O secretário da diplomacia dos Estados Unidos, Antony Blinken, manifestou o desejo de trabalhar juntos, destacando que uma das linhas de trabalho será o respeito aos direitos humanos.

"A Itália é um aliado fundamental, uma democracia forte e um sócio precioso", escreveu em um tuíte.

"Estamos prontos para trabalhar com qualquer força política que seja capaz de superar o ódio ao nosso país (...) e ser mais construtiva nas relações", declarou por sua vez Dmitri Peskov, secretário de imprensa do presidente russo Vladimir Putin, ao se referir a um dos maiores desafios para o futuro governo: a guerra na Ucrânia após a invasão russa.

Nomes mais conhecidos do público brasileiro na disputa pelas vagas reservadas à América do Sul no Parlamento da Itália, o ex-piloto de Fórmula 1 Emerson Fittipaldi (Forza Italia) e o ex-ministro Andrea Matarazzo (PSI) perderam a disputa pela única vaga ao Senado destinada à região. Contudo, a comunidade italiana no Brasil continuará com representação na política do país europeu com a vitória de Fabio Porta (Partido Democrático) para a Câmara.

A Itália é um dos poucos países europeus a reservar vagas no Legislativo aos integrantes de suas comunidades de expatriados. A votação, no entanto, não reserva vagas a candidatos de um único país, mas de uma região - o que significa que os candidatos brasileiros disputaram com adversários de outros 12 países (na divisão feita pelo governo italiano, candidatos de Trinidad e Tobago concorrem pela região).

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Fittipaldi foi o candidato ao Senado mais votado no Brasil, com 31.386 votos, de acordo com o sistema integrado de divulgação de dados eleitorais da Itália. Matarazzo ficou em 2° lugar, com 27.202 votos. Nenhum dos candidatos, no entanto, superou Mario Alejandro Borghese, da Argentina, que obteve 58.233 votos.

Na disputa pela Câmara, o ex-senador Fabio Porta conquistou uma das duas vagas destinadas ao continente. Porta foi o mais votado da coalizão de centro-esquerda liderada pelo Partido Democrático, com 22.436 votos. A outra vaga ficou com um representante argentino, Franco Tirelli, que obteve 44.468 votos.

Após as eleições de 2018, quando o Brasil conquistou uma vaga no Senado e duas na Câmara, a Itália passou por um processo de revisão, reduzindo o número de acentos no Parlamento. Com o corte, a América do Sul perdeu metade das vagas em disputa.

O candidato a deputado federal por São Paulo, Eduardo Bolsonaro, usou sua conta no Twitter para parabenizar a italiana Giorgia Meloni, líder do partido de extrema direita Irmãos da Itália (FdI), por sua vitória nas eleições italianas desse domingo (25).

"Parabéns Giorgia Meloni, que será a primeira mulher a governar a Itália, mas você vai ouvir da mídia que o "fascismo da ultradireita" venceu. Assim como o Brasil, a Italia agora é "Deus, patria e família", escreveu.

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O filho do presidente Jair Bolsonaro é amigo de longa data de Matteo Salvini, líder de outro partido de ultradireita, a Liga, que está na coalizão com Meloni, mas que não foi bem na disputa eleitoral deste domingo.

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Da Ansa

A coalizão liderada pela deputada de extrema direita Giorgia Meloni, de 45 anos, venceu as eleições parlamentares antecipadas deste domingo (25) na Itália e deve ter maioria no Parlamento, segundo pesquisa de boca de urna divulgada pela emissora Rai.

De acordo com o levantamento feito pelo consórcio Opinio-Italia, a coligação chamada de "centro-direita" deve ficar com 41% a 45% dos votos, número suficiente para governar sem a necessidade do apoio de outros campos políticos.

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Segundo a pesquisa, a aliança conservadora ficará com 227 a 257 dos 400 assentos na Câmara e de 111 a 131 das 200 cadeiras no Senado.

O acordo entre os integrantes da coligação prevê que o partido mais votado terá a prerrogativa de indicar o próximo primeiro-ministro. Segundo a sondagem, esse papel caberá à legenda de extrema direita Irmãos da Itália (22% a 26%), presidida por Meloni, que deve se tornar a primeira mulher a governar o país.

Os outros pilares da coalizão são a ultranacionalista Liga, de Matteo Salvini, e o conservador Força Itália, de Silvio Berlusconi, que aparecem com 8,5% a 12,5% e 6% a 8%, respectivamente.

O Partido Democrático (PD), de centro-esquerda, deve alcançar de 17% a 21% e será a principal força de oposição ao provável futuro governo da direita. Em seguida aparece o antissistema Movimento 5 Estrelas (M5S), ex-partido mais popular da Itália, com 13,5% a 17,5%.

Líder do único grande partido de oposição ao governo de união nacional do premiê demissionário Mario Draghi, Meloni concentrou em si o apoio de todos os descontentes com a situação do país e deixou para trás os dois últimos grandes líderes da direita italiana: Berlusconi e Salvini, cujos partidos integram a gestão Draghi.

Nas últimas eleições parlamentares, em 2018, a FdI teve apenas 4,35% dos votos.

Ao longo dos últimos anos, Meloni manteve o discurso radicalizado em temas como imigração e direitos civis - ela defende um bloqueio naval contra migrantes do Mediterrâneo e é contra a adoção por homossexuais -, mas tentou se vender como mais moderada em outras áreas.

Historicamente eurocética, a líder do FdI não fala mais em tirar a Itália da União Europeia. Além disso, é mais crítica ao regime de Vladimir Putin do que seus aliados na direita italiana e também é contra aumentar o endividamento do país para combater a disparada da inflação, assunto que já foi motivo de tensão na coligação.

Histórico - Nascida em Roma em 15 de janeiro de 1977, Giorgia Meloni se aproximou da política aos 15 anos da idade, quando aderiu à "Frente da Juventude", organização juvenil ligada ao extinto partido pós-fascista Movimento Social Italiana (MSI), que havia sido criado por egressos do regime de Benito Mussolini.

Quando tinha 19 anos, Meloni gravou um vídeo dizendo que "Mussolini foi um bom político" e que "tudo o que ele fez foi pela Itália".

Com o passar dos anos, galgou degraus na Aliança Nacional (AN), herdeira do MSI, e foi eleita conselheira da província de Roma em 1998, ficando no cargo até 2002. Em 2006, conquistou uma cadeira na Câmara dos Deputados, onde está até hoje, tendo ocupado também o posto de ministra da Juventude do governo Berlusconi entre 2008 e 2011.

No mesmo ano em que foi eleita pela primeira vez ao Parlamento, deu uma entrevista na qual disse que tinha uma "relação serena com o fascismo". Sobre Mussolini, afirmou que o ditador "cometeu diversos erros, como as leis raciais, a entrada na guerra e o sistema autoritário".

"Historicamente, produziu muito também, mas isso não o salva", declarou Meloni na ocasião, já mudando um pouco seu discurso em relação aos anos de juventude.

Em dezembro de 2012, Meloni se juntou a um grupo de dissidentes da AN para fundar o FdI, que até hoje exibe em seu distintivo a chama tricolor que simbolizava o MSI. A deputada preside o Irmãos da Itália desde 2014 e foi aos poucos ampliando seu eleitorado por ter passado a última década sempre na oposição.

Meloni capitalizou a insatisfação de grupos que vão de trabalhadores demitidos por causa da pandemia até autônomos penalizados pela Covid-19, passando pelos antivacinas - a deputada disse que se imunizou contra a Covid, mas não tirou foto.

Ela também tem buscado se distanciar de movimentos abertamente neofascistas, como CasaPound e Força Nova, historicamente próximos à militância do FdI. 

Da Ansa

Sabrina Sato e Khloé Kardashian no mesmo clique? Tenho certeza que por essa você não esperava. Mas, aconteceu. A brasileira usou as redes sociais para compartilhar o registro do encontro, que rolou nos bastidores do desfile da marca Dolce & Gabbana na Semana de Moda de Milão, na Itália.

As Kardashians eram um pouco estrelas da noite, já que Kim desfilou pela marca, com a qual já fez outras colaborações. A socialite apareceu no palco com Domenico Dolce e Stefano Gabbana, os fundadores da grife.

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Além de Sato, as brasileiras Bruna Marquezine, Sasha Meneghel, Alessandra Ambrosio, Isabella Fiorentino, Fernanda Motta, Thássia Naves e Iara Jereissati também estão curtindo a Semana de Moda de Milão.

As eleições legislativas de domingo (25) na Itália apresentam uma série de desafios em questões econômicas e políticas.

O que acontecerá com os bilhões de euros do fundo de recuperação pós-covid concedido à Itália pela UE? O apoio à Ucrânia continuará diante da invasão russa?

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A seguir, os principais desafios:

- Extrema direita no poder -

A coalizão de direita - formada pelo partido pós-fascista Irmãos da Itália (Fratelli d'Italia, FDI) de Giorgia Meloni, a Liga de Matteo Salvini e Forza Italia (FI) do magnata Silvio Berlusconi - liderava todas as pesquisas, com cerca de 45 a 47% das intenções de voto, contra 22% da coalizão de esquerda - liderada pelo Partido Democrata (PD, centro-esquerda).

Segundo o acordo que vigora há anos entre os líderes dos partidos de direita, a formação mais votada será aquela que designará o candidato ao cargo de chefe de Governo.

O FDI está à frente de seus aliados, com cerca de 24% das intenções de voto, contra 12% da Liga e 8% do Forza Itália, segundo as pesquisas.

Se a votação confirmar as pesquisas, significa que, pela primeira vez desde a Segunda Guerra Mundial, a Itália, terceira maior economia da zona do euro e um dos países fundadores da União Europeia (UE), será governada por um primeiro-ministro que pertence a um partido político pós-fascista e eurocético.

Meloni e sua formação são herdeiros do Movimento Social Italiano (MSI), partido neofascista criado em 1946 após a Segunda Guerra Mundial por líderes que faziam parte da República de Saló, um Estado fantoche da Alemanha nazista.

Seus principais aliados na Europa são o partido de extrema direita espanhol Vox e o conservador e nacionalista polonês Lei e Justiça, que junto com o FDI fazem parte da bancada dos Conservadores e Reformistas Europeus (CRE) no Parlamento Europeu.

- O que será dos fundos concedidos pela UE? -

Devido à pandemia e à crise econômica, a Itália foi o país que mais se beneficiou do plano de recuperação europeu, com um pacote de cerca de 200 bilhões de euros para financiar projetos e estimular o crescimento.

Mas para obter esses fundos, Roma deve implementar uma série de reformas complexas previamente negociadas pelo ex-primeiro-ministro Mario Draghi.

Meloni alertou em várias ocasiões durante a campanha eleitoral que pretende renegociar com a Comissão Europeia as condições relativas à concessão desses fundos.

A Comissão não reagiu, como é habitual quando a campanha eleitoral está em pleno andamento.

No entanto, a posição eurocética e soberanista do seu partido desencadeia muitas incógnitas.

Se os termos e condições negociados não forem respeitados, o desembolso do dinheiro corre o risco de atrasos significativos.

- Armas à Ucrânia e sanções contra a Rússia -

Se a direita chegar ao poder, a posição italiana sobre a guerra na Ucrânia, a ajuda a esse país e as sanções internacionais contra a Rússia poderão ser repensadas.

Draghi encarnou a posição de uma Itália pró-europeísta e atlanticista, que enviou armas, apoiou a Ucrânia e aplicou rigorosamente sanções contra a Rússia.

Meloni também expressou apoio a essa linha, mas seu aliado, Matteo Salvini, um fervoroso admirador de Vladimir Putin e o segundo líder mais importante da coalizão de direita, discorda.

"As sanções não vão enfraquecer a Rússia. Pelo contrário, elas correm o risco de colocar a Itália e os países europeus de joelhos", disse ele recentemente.

Salvini também se opõe ao envio de mais armas para a Ucrânia e é a favor de negociações, sem especificar como.

Na Itália, o discurso político de desprezo aos imigrantes foi explorado pela extrema direita ao longo da campanha eleitoral, apesar de serem necessários para o funcionamento da terceira maior economia da zona do euro.

"Só quem tem direito deve entrar. Não precisamos de imigrantes para repovoar as cidades", protestou Matteo Salvini, líder da Liga no domingo, diante de cerca de 100 mil ativistas.

O ex-ministro do Interior, acusado de bloquear barcos das ONG que socorreram imigrantes no Mediterrâneo, retomou assim uma das bandeiras preferidas da extrema direita, apesar de a mão de obra imigrante ser fundamental para a manutenção da economia.

Tanto Salvini quanto sua aliada nas eleições legislativas de 25 de setembro, Giorgia Meloni, líder do partido pós-fascista Fratelli d'Italia (Irmãos da Itália), destacaram seu desejo de fechar a península diante da chegada de imigrantes.

Salvini iniciou sua campanha eleitoral no início de agosto visitando a pequena ilha de Lampedusa, símbolo da imigração ilegal por receber todos os anos milhares de imigrantes da África.

"Lampedusa não pode ser o campo de refugiados da Europa", lançou.

Para o sociólogo Maurizio Ambrosini, a ideia é associar o fluxo de imigrantes aos desembarques. "Na realidade, o número real de imigrantes se manteve estável nos últimos dez anos na Itália", explicou o especialista em migração da Universidade de Milão, entrevistado pela AFP.

A favorita nas pesquisas, Giorgia Meloni aproveitou o estupro cometido em Piacenza (norte) por um requerente de asilo no final de agosto para comentar amplamente em suas redes sociais, desencadeando a indignação dos moderados de esquerda e centro.

Os dois líderes querem assim entrar em sintonia com a maioria dos italianos. Cerca de 77% consideram que o número de imigrantes é "muito alto", segundo uma pesquisa do YouGov realizada em dezembro para vários jornais europeus, incluindo o italiano La Repubblica.

Número dez pontos acima da média europeia. A maior preocupação dos italianos é que com a chegada dos imigrantes a criminalidade aumentará (53%), principalmente entre os eleitores dos Irmãos da Itália (76%) e da Liga (67%).

- "Lemas de campanha" -

O Partido Democrata (PD, esquerda) e os de centro "veem os imigrantes como um recurso para a economia italiana", mas "têm dificuldade em fazer com que os seus eleitores compreendam, sobretudo porque não é um assunto popular", lamenta o professor Ambrosini.

De fato, os imigrantes representam uma tábua de salvação para a Itália, cuja população pode ser reduzida em 20% em 50 anos, de 59,6 milhões de habitantes em 2020 para 47,6 milhões em 2070, segundo projeções do instituto nacional de estatística (Istat).

Esta diminuição é acompanhada por um envelhecimento geral, devido à queda das taxas de natalidade e ao aumento da esperança de vida no país, apelidado de Japão da Europa.

Em relatório publicado em 2021, o Istat alertou para futuras dificuldades nos sistemas previdenciário e de saúde.

O mercado de trabalho faz uso maciço da população migrante, especialmente para empregos pouco qualificados no setor agrícola, construção, serviço doméstico e hotelaria.

Com 2,5 milhões, os imigrantes em situação regular representam cerca de 10% da população ativa, sem contar a imigração ilegal.

Durante a pandemia de covid-19, veio à tona a dependência de mão de obra estrangeira.

Perante o perigo de perderem as suas colheitas por falta de pessoal, os empregadores do setor agrícola tiveram de alugar aviões para trazer trabalhadores sazonais da Romênia ou Marrocos.

"Em teoria, eu poderia ter encontrado trabalhadores aqui na Itália, mas os italianos não querem mais trabalhar nos campos ou nos vinhedos", disse o enólogo Martin Foradori Hofstatter à AFPTV na época.

Alcançar um equilíbrio entre a questão humanitária, os interesses do país e o princípio da seletividade são "questões complexas que não se prestam a simplificações nem aos slogans e lemas de uma campanha eleitoral", admite o professor Ambrosini.

Policiais italianos são alvo de uma investigação da Procuradoria de Roma após a família de Hasib Omerovic, 36 anos, denunciar formalmente que ele caiu da janela do apartamento onde vivia na capital italiana, no último dia 25 de julho, após agentes invadirem o local. O homem tem deficiência auditiva severa e está em coma desde então.

Desde que o caso foi revelado pela imprensa italiana, representantes de todas as esferas políticas e sociais se manifestaram. O Ministério do Interior também falou sobre o tema e pediu "máxima transparência" nas investigações e que vai "oferecer constante colaboração" aos procuradores.

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Segundo a denúncia dos pais de Omerovic, o homem teria sido espancado e depois jogado pela janela pelos policiais. O relato dado às autoridades tem como base o testemunho da irmã mais nova da vítima, que também tem deficiência auditiva e que estava no apartamento na hora da ação policial.

Tanto os genitores como outra irmã estavam fora da casa no momento da operação feita por quatro agentes durante a manhã. No dia anterior, segundo o que as investigações apuraram, uma das irmãs de Omerovic foi informada por um dono de bar local que estava circulando no Facebook um vídeo em que algumas mulheres acusavam o irmão dela de "importunação" e que disseram que queriam "mandá-lo para o hospital" por seu comportamento.

O post foi apagado, mas a família tirou um print da imagem, que tinha a foto de Omerovic. "Tenham atenção com esse tipo de ser porque importuna todas as mulheres e é preciso tomar providências", dizia o texto.

Por volta das 13h do dia 25 de julho, a irmã mais velha recebeu um telefonema de uma vizinha que dizia para ela voltar imediatamente para a casa. Nesse momento, ela passou o telefone para um agente que disse que o homem estava ferido e estava no hospital por conta de um "braço quebrado".

No entanto, o Omerovic tinha sido internado no Policlínico Gemelli na UTI com fraturas em todo o corpo e já em coma. Sobre a reconstituição do que aconteceu, há duas versões opostas: a da família e a dos policiais.

Na primeira, a irmã que estava na casa disse que os agentes bateram na porta e pediram os documentos, Omerovic se assustou e correu para se esconder em um quarto. Então, os agentes abriram a porta a força e começaram a agredi-lo com cassetetes e chutes. Depois, o jogaram pela janela. A família ainda conta que, nos dias seguintes da operação, um membro da delegacia disse aos parentes que Omerovic "estava causando problemas molestando jovens do bairro" e que por isso os agentes foram até lá.

Já o depoimento dos policiais informa que Omerovic ficou tranquilo durante a abordagem, mas enquanto eles estavam indo embora, ouviram a janela ser aberta e ele teria se jogado.

A Procuradoria de Roma já confirmou, porém, que não havia nenhum mandado para a casa do homem e que agora investiga quem deu a ordem para que os policiais fossem até o apartamento e por qual motivo.

Até o momento, seriam oito os policiais que estão sendo investigados por tentativa de homicídio, mas não está excluído que, nos próximos dias, eles respondam por mais possíveis crimes, como mentir em depoimento.

Nesta terça-feira (13), o advogado dos familiares, Arturo Salerni, afirmou à imprensa que os parentes pediram proteção à justiça para sair do apartamento. Eles temem pela segurança dos demais membros da família.

Da Ansa

O desenho animado Peppa Pig "entrou" no meio da campanha eleitoral na Itália, que terá o pleito no próximo dia 25, após divulgar um episódio em que um dos personagens aparecia com duas mães.

Durante todo o fim de semana e nesta segunda-feira (12), o assunto entrou na pauta das principais lideranças do país.

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Tudo começou após o partido de extrema-direita Irmãos da Itália (FdI) se manifestar contrário ao desenho e pedindo uma censura para a divulgação do episódio na Itália via emissora "RAI", que detém os direitos de transmissão.

O FdI, de Giorgia Meloni, lidera as intenções de voto com cerca de 24% - conforme as últimas pesquisas eleitorais divulgadas na sexta-feira (9).

O diretor de cultura da sigla, Federico Mollicone, afirmou que era "inaceitável a escolha dos autores de inserir um personagem com duas mães". "Eu e Meloni estaremos sempre na linha de frente contra discriminações, mas não podemos aceitar a doutrinação de gênero", disse o representante.

"Peppa Pig é um desenho que atinge crianças de três anos, em média. São assuntos que deveriam ser lidados pelas famílias, sempre pensei assim e continuo pensando. Além disso, coloca-se em risco o fato de forçar conceitos para quem ainda não sabe metabolizá-los. Não são as famosas fobias que dizem por aí", disse Meloni durante um evento em Údine.

Após as falas, o secretário-geral do Partido Democrático (PD), de centro-esquerda, Enrico Letta, ironizou os comentários. A legenda aparece tecnicamente empatada com o FdI, em segundo lugar na corrida eleitoral.

"Eu queria falar de tudo na Itália, mas não de Peppa Pig. Infelizmente, a direita nos obriga a enfrentar esses temas porque com certas falas revelam uma visão da sociedade que demostra seu atraso e a sua incapacidade de entender as mudanças no país", afirmou durante um evento eleitoral em Gênova.

Nas redes sociais, Letta voltou a abordar o tema e lembrou que Meloni deu publicidade a um vídeo de uma mulher sendo estuprada - que depois foi removido pelo Twitter.

"Uma pergunta para Giorgia Meloni: enquanto Peppa Pig é censurada, o vídeo da mulher estuprada em Piacenza é divulgado sem limites?", pontuou.

O deputado Alessandro Zan, também do PD e autor de uma lei contra crimes de homofobia e transfobia que está bloqueada no Senado por conta da pressão dos partidos de direita e extrema-direita, também ironizou o FdI.

"Irmãos da Itália lança o alerta, um novo inimigo ameaça a nação: a Peppa Pig", escreveu nas suas redes sociais. 

Já o líder do ultranacionalista Liga, Matteo Salvini, que faz parte da coligação de centro-direita que deve sair vencedora das eleições do dia 25, minimizou o assunto ao ser questionado em um evento político em Milão.

"Se eu precisar escolher entre Peppa Pig e o alto valor das contas, eu escolho as contas. Para mim, é prioritário controlar o preço das contas de luz e de gás porque muitos italianos não têm nem dinheiro para pagar a taxa da RAI que está atrelada à conta de energia. Mas, eu deixaria as crianças terem o direito de assistir desenhos animados e os contos de fada que se assistem há uma vida sem inovações que interessam mais os adultos do que as crianças", ressaltou.

Também parte da coligação, Silvio Berlusconi, do Força Itália, se manifestou nesta segunda-feira sobre a polêmica.

"Acho triste e também preocupante que se use um desenho animado para os mais pequenos para veicular uma visão ideológica da família e da sexualidade. Uma coisa é respeitar todos os estilos de vida e orientações afetivas, quem está em um estado liberal deve poder ter os mesmos direitos e dignidade. Uma outra coisa é condicionar as crianças", afirmou Berlusconi, dizendo que defende a "família natural".

Após a fala do ex-premiê, a senadora Monica Cirinnà, responsável nacional pelos Direitos do PD, fez críticas ao líder do FI.

"Hoje, também Berlusconi encontra tempo para criticar Peppa Pig e reforça que, para eles, a família é só uma. Com os imensos problemas que o país está enfrentando atualmente, do preço das contas à sombra da guerra, Berlusconi não tem nada melhor para fazer do que atacar famílias homoafetivas? E olha que, menos mal, o Força Itália é a força moderada da coalizão", ironizou a senadora. 

Da Ansa

Cem anos após sua chegada ao poder, o culto a Benito Mussolini se mantém intacto na cidade de Predappio, onde nasceu e foi enterrado. Seu túmulo, na cripta da capela da família, atrai dezenas de milhares de visitantes todos os anos.

Nostalgia ou curiosidade, são muitos os que desfilam diante dos restos mortais de "il Duce", cujo legado continua pesando sobre o partido pós-fascista Irmãos da Itália (Fratelli d'Italia), liderado por Giorgia Meloni e favorito nas pesquisas para as legislativas de 25 de setembro.

Na cripta, decorada com um busto branco de Mussolini, o livro de ouro colocado em frente ao sarcófago de pedra coberto com a bandeira da Itália está repleto de mensagens carinhosas. "Nunca te esquecerei", "renasceremos", "volta!".

Empolgado, um jovem visitante acaricia a lápide com uma das mãos e homenageia, de braço levantado, a quem é apresentado como "o pai da pátria" em um dos buquês de flores.

Outros vieram para Predappio, no norte da Itália, com suas famílias, e têm opiniões mais sutis sobre Mussolini, que chegou ao poder após a marcha sobre Roma em outubro de 1922 e instaurou uma ditadura em 1925 que durou até 1943.

"Mussolini foi um grande homem de Estado. Fez progressos no direito trabalhista e na proteção social. Mas cometeu erros ao se aliar com Hitler e aprovar leis raciais vergonhosas", comentou Fabiana di Carlo, uma funcionária romana de 42 anos, que veio acompanhada de sua filha.

Nas eleições, ela diz que votará em Giorgia Meloni, a presidente dos Irmãos da Itália, porque a considera "inteligente e competente" e porque quer que se torne "a primeira mulher chefe de governo".

Sua visão é a de muitos italianos, que traçam uma linha divisória entre o que Mussolini fez antes e depois de sua aliança com os nazistas e sua entrada na II Guerra Mundial.

Na Itália, 66% dos jovens de 16 a 25 anos considera o regime fascista como "uma ditadura parcialmente condenável, mas que também trouxe benefícios", segundo uma pesquisa do Ipsos publicada em outubro de 2021.

"Esperamos que Giorgia Meloni ganhe as eleições. Ela fará com que as normas e a segurança sejam respeitadas", afirma um casal de empresários de Milão, Giovanna e Alessandro, que saem da cripta com um calendário de Mussolini sob os braços.

O túmulo de Mussolini (1883-1945) recebe mais de 70.000 visitantes por ano e inclui lembranças como suásticas ou cruzes celtas, garrafas de vinho com a efígie do 'Duce', pulseiras "anticomunistas" e cartazes com slogans como "Itália para os italianos" ou "Manual do Fascista".

Um italiano de 36 anos, que não teve o nome divulgado, é a primeira pessoa no mundo a testar positivo ao mesmo tampo para a Covid-19, HIV e o monkeypox (varíola dos macacos). O caso foi publicado no Journal of Infection.

O paciente tinha viajado para a Espanha, onde ficou de 16 a 20 de junho deste ano. Nove dias depois de retornar de viagem, ele apresentou febre, dor de garganta, fadiga, cefaleia e linfonodomegalia inguinal direta. 

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No dia 2 de julho, ele testou positivo para o novo coronavírus e, na tarde do mesmo dia, começou a ter coceiras no braço esquerdo e dias mais tarde percebeu pequenas bolhas no peito, pernas, rosto e nos glúteos. No dia 5 de julho, devido à propagação de vesículas que começaram a evoluir para pústulas umbilicadas, o homem procurou a emergência do Hospital Universitário de Catânia, Itália, sendo posteriormente transferido para a unidade de Doenças Infecciosas.

O paciente relatou na admissão que passou por um tratamento para sífilis em 2019. Em setembro de 2021, realizou um teste de HIV que deu negativo. Ele também havia tomado as duas doses da vacina contra a Covid-19 e já havia contraído a doença em janeiro. 

O rapaz teve relações sexuais sem preservativo com outros homnens durante sua estadia na Espanha. Os exames realizados confirmaram que ele estava infectado com o novo coronavírus, a varíola do macaco e o vírus HIV. 

Com o desaparecimento dos sintomas do monkeypox, o paciente foi liberado no dia 11 de julho para ficar em isolamento domiciliar, retornando para o hospital no dia 19 de julho para um novo teste da varíola dos macacos, que continuou dando positivo. 

O estudo ressalta que a relação sexual pode ser a forma predominante de transmissão. Portanto, a triagem completa de IST é recomendada após o diagnóstico de varíola dos macacos, por exemplo.

"Como este é o único caso relatado de coinfecção pelo vírus da varíola dos macacos, SARS-CoV-2 e HIV, ainda não há evidências suficientes que apontem que essa combinação possa agravar a condição do paciente", pontua a pesquisa.

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