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O ministro da Casa Civil, Jaques Wagner, minimizou as vaias de deputados da oposição ao discurso da presidente Dilma Rousseff na sessão de reabertura dos trabalhos do Congresso Nacional, na tarde desta terça-feira, 2. O ministro petista atribuiu as cinco manifestações negativas à "paixão" e disse que a CPMF não é uma bandeira da presidente.

"É mais fácil vaiar que bater palma, mas acho que ela tem maioria (no Congresso)", afirmou Wagner ao final do discurso de Dilma, enquanto falava o presidente da Câmara e desafeto do Planalto, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). "Em uma sessão solene, era melhor não ter (vaias). Mas quem sou eu para dizer o que é para ter ou não na Casa do povo?", comentou.

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A presidente foi vaiada cinco vezes e aplaudida oito, a maioria em resposta às manifestações contrárias ao seu pronunciamento. Três deputados oposicionistas - dois do PSDB e um dissidente do PSD - ostentavam placas onde se lia "Xô, CPMF".

As primeiras vaias foram motivadas pela defesa da CPMF feita por Dilma. "A gente chega lá", pontuou Wagner, que quer ver o assunto discutido pelos parlamentares antes das eleições municipais deste ano.

"A fala dela não foi uma defesa apaixonada de bandeiras dela ou para o governo dela", afirmou. "Ela falou de questões que são do Brasil. Acho difícil que qualquer coloração partidária que sentasse ali não tocasse nelas", afirmou. "O nome é imposto. Ninguém gosta, mas é disso que se vive", disse Jaques Wagner.

O ministro da Casa Civil acompanhou o discurso o tempo todo diante da mesa onde estava Dilma, mas perdeu alguns trechos porque conversava com deputados e assessores. Para ele, a presidente fez um gesto de humildade ao ir ao Congresso e buscar diálogos com os parlamentares.

"É um gesto de humildade, de estender a possibilidade de um diálogo absolutamente necessário não só para o governo dela, mas para a gente superar as questões econômicas e recolocar o País na linha do desenvolvimento", afirmou o ministro da Casa Civil.

O ministro-chefe da Casa Civil, Jaques Wagner, afirmou nesta quinta-feira, 28, que o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, o Conselhão, não tem o objetivo de substituir o Congresso Nacional, "aquele que tem legitimidade e legalidade" de ser fiscal do governo, mas, sim, de ser apenas uma ferramenta participativa utilizada por democracias modernas e maduras.

"Não substituímos aquele que tem legitimidade e legalidade de fiscalizar o governo, que é o Congresso Nacional, mas democracias mais modernas e maduras são assim", afirmou durante a abertura da reunião do Conselhão. Segundo ele, este foi o "melhor momento" para a retomada do colegiado - que não se reunia desde julho de 2014 -, marcado pela angústia que está na cabeça de empresários e trabalhadores.

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Wagner ressaltou que democracias mais maduras, todas, utilizam essa ferramenta. Ele citou como exemplo o Conselho Econômico Social da França, dispositivo constitucional que completa 80 anos em 2016. Segundo o ministro, foi exatamente neste conselho que, dez dias atrás, o presidente François Holande fez declaração que repercutiu no mundo todo sobre o estado de emergência da economia internacional e apresentou proposta do governo francês.

O ministro da Casa Civil mencionou ainda o Fórum Social Mundial e o Fórum Econômico de Davos, que buscam encontrar caminhos para a sociedade e segmentos importantes da economia mundial, respectivamente. "A melhor democracia é aquela que surge do debate de ideias", afirmou, antes de empossar os 92 conselheiros do colegiado.

O ministro-chefe da Casa Civil, Jaques Wagner, aumentou seu padrão de vida nos últimos anos, período em que ocupou o governo da Bahia. Wagner hoje é dono um apartamento no bairro mais luxuoso de Salvador. O prédio do petista conta até com teleférico e píer particular.

O imóvel fica no bairro Vitória, mais precisamente na região conhecida como Corredor da Vitória, um dos metros quadrados mais caros do País, comparado ao de áreas nobres da zona sul do Rio. No bairro, vive praticamente toda a elite política e empresarial da capital baiana, além de artistas famosos.

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Segundo registro em cartório, o apartamento custou R$ 1,45 milhão. A compra foi efetivada em março de 2011, cinco meses após a reeleição de Wagner como governador. Até o fim de 2014, porém, ele continuou morando no Palácio de Ondina, residência oficial do governador. Mudou-se para o novo endereço no ano passado.

Com a autorização de um morador, o Estado conheceu as áreas comuns do condomínio. Além de píer e teleférico que dá acesso à praia, o prédio dispõe de academia, piscina, sala de cinema e quadra poliesportiva. O imóvel tem a melhor vista da cidade para a Baía de Todos os Santos.

Imóvel

Por meio dos dados registrados em cartório, a reportagem obteve detalhes sobre o apartamento de Wagner. O imóvel tem área privativa de 252,08 metros quadrados. Conta com sala de jantar, quatro quartos com suíte, lavabo, área de serviço de dois quartos de empregada.

Há cerca de seis meses, o corretor Raimundo Epifânio da Silva, especialista em imóveis no Corretor da Vitória, vendeu um apartamento igual ao de Wagner. Ele conta que o negócio foi fechado em R$ 3,5 milhões. "Depende do estado do apartamento. Se estiver arrumado, reformado, vale mais", disse Epifânio.

Antes de ser eleito pela primeira vez, Wagner morava no bairro Federação, num apartamento que ele declarou ter comprado por R$ 150 mil, em 2001. O ministro vendeu o imóvel a Antonio Celso Pereira, que é ligado politicamente a Wagner. Ele foi superintendente no governo da Bahia e diretor na Companhia de Docas do Estado. Pereira pagou R$ 900 mil pelo imóvel de Wagner.

Com formação de técnico de manutenção, Wagner atuou como dirigente sindical entre 1975 e 1990, quando se elegeu deputado federal. Por ter exercido dois mandatos, ele ganha uma aposentadoria de R$ 10 mil. No fim de 2014, a Assembleia Legislativa da Bahia criou uma aposentadoria de R$ 19 mil para ex-governadores, o que acabou beneficiando Wagner.

Por meio de sua assessoria, o ministro disse que a transação foi feita de acordo com valores de mercado e que o imóvel consta da declaração de imposto de renda dele. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Quando foi avisado por seus assessores mais próximos de que o Palácio do Planalto começara a confirmar sua nomeação para a Casa Civil, Jaques Wagner deu uma ordem em tom baixo e sereno: "Vamos ficar low profile". Ele usou a expressão em inglês para pedir discrição. Afinal de contas, em toda carreira política, Wagner alçara a postos cada vez mais altos sempre com o perfil de baixa exposição, longe de disputas públicas ou protagonismo imediato. Por essa razão, quando a Operação Lava Jato começa a escrutinar sua relação com empreiteiros, Wagner passa por seu maior e decisivo teste: sobreviver e se viabilizar como candidato alternativo a presidente pelo PT em 2018 caso Luiz Inácio Lula da Silva saia do páreo.

Desde que seu nome apareceu em mensagens reveladas pelo Estado que apontaram estreita relação com o ex-presidente da OAS Léo Pinheiro, Wagner se manteve submerso nos bastidores do governo. Evitou contato com jornalistas e tardou em dar sua versão dos fatos.

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A postura atual reflete os seus mais de 30 anos de atividade política. No movimento estudantil, sua então namorada e depois segunda mulher, Bete Wagner, teve mais destaque que ele dentro do PCB - partido que funcionava na clandestinidade. Na vida sindical, Wagner omitia seu passado de universitário para ganhar a confiança dos trabalhadores e, em seguida, virar presidente do Sindicato dos Petroleiros em Camaçari (BA). No PT, esperou dez anos antes de se candidatar à Câmara dos Deputados. Em Brasília, nos anos 1990, aceitou papel de coadjuvante de José Dirceu, José Genoino e Aloizio Mercadante. E, diretamente com Lula, selou sua maior aliança dentro da fogueira de vaidades do PT.

A química entre os dois sempre deu certo por causa do passado sindical. Não por acaso, quando Lula se elegeu presidente, escolheu-o como ministro do Trabalho. Dois anos depois, quando foi preciso arranjar cadeiras para o PMDB no governo, Wagner teve de ser realocado para o desprestigiado Conselho de Desenvolvimento Econômico Social (CDES). Em vez de reclamar, aproveitou a oportunidade e, um ano depois, a pasta transformou-se na Secretaria de Relações Institucionais (SRI), que fundiu a articulações política, social e empresarial do governo.

Dois meses antes, acabara de eclodir o mensalão, que obrigou José Dirceu, então chefe da Casa Civil, a deixar o governo. Havia um ano, a articulação política já vinha sendo compartilhada de forma tumultuada com Aldo Rebelo (PC do B), então ministro da Secretaria de Coordenação Política. Para acabar com os problemas e reorganizar a base, Lula demitiu Aldo e escalou Wagner para a SRI, que absorveu a Coordenação Política. Ele foi bem-sucedido. Apesar da enxurrada de denúncias contra o PT, Lula não foi atingido e conseguiu se reeleger em 2006.

Governador

Naquele ano, o prestígio de Wagner na articulação política ajudou-o no seu projeto pessoal de poder. Comendo pelas beiradas, aproximou-se de Geddel Vieira Lima, principal liderança do PMDB na Bahia. Os dois se uniram para derrotar o poderoso grupo de Antonio Carlos Magalhães (no então PFL). Em 2006, ao contrário do que previam as pesquisas, Wagner, aos 55 anos, foi eleito governador da Bahia em 1.º turno. Quatro anos depois, repetiu o feito. E, em 2014, mais uma vez voltando ao seu estilo low profile, preferiu não disputar uma vitória certa ao Senado para manter aliados ao seu redor. Também não usou o peso de Lula para ganhar um gabinete no Palácio do Planalto.

Entre seus mais próximos, Wagner revelou que preferia ficar fora dos holofotes do governo e fez chegar à presidente Dilma Rousseff que gostaria de ser ministro da Defesa. Apesar de o nome dele ter sido cotado para a Casa Civil desde que Dilma foi reeleita, sempre mandou que seus assessores desmentissem a hipótese rapidamente. Segundo aliados, ele sabia que o primeiro ano do segundo governo da petista seria marcado pelas ações da Operação Lava Jato. Dez meses depois, porém, não teve jeito. Por pressão de Lula, do PT e do PMDB, Dilma acabou nomeando Wagner para o comando da Casa Civil. Sua missão era a de reorganizar a esfacelada base aliada. Entretanto, no momento em que os resultados do seu trabalho começaram a aparecer e o impeachment passou a dar sinais de que perdeu força no Congresso, aconteceu o que se previa: Wagner entrou na mira das investigações.

Sua relação com empreiteiros, especialmente com os baianos Ricardo Pessoa, da UTC, e Léo Pinheiro, da OAS, será passada a limpo. Mensagens obtidas e reveladas pelo Estado mostram uma parceria incomum que dava frutos em obras para as construtoras e doações para as campanhas petistas na Bahia. Em 2002, Wagner conseguiu apenas R$ 383 mil em doações contra R$ 4,2 milhões do seu principal adversário, Paulo Souto (então no PFL). Em 2014, seu sucessor, Rui Costa (PT), arrecadou impressionantes R$ 32 milhões - quase 40 vezes mais que na primeira eleição de Wagner, segundo valores corrigidos pela inflação.

Carlismo

Essa inversão também se deu nos grotões. Após a passagem de Wagner pelo comando do Estado, o carlismo foi praticamente extinto no interior baiano. A partir de 2006, o então governador estimulou a saída dos prefeitos do PFL para siglas aliadas a ele, como PR e PP. Em 2007, o PFL tentou se reinventar mudando o nome para DEM (Democratas). Não surtiu efeito. E, para piorar, o então prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, liderou uma cisão na legenda para criar o PSD, alinhado ao governo federal.

Wagner foi o principal governador petista a estimular a criação do PSD e, consequentemente, a migração de políticos de outras siglas para o partido. Eleito vice-governador na chapa de Wagner pelo PP, o ex-carlista Otto Alencar foi um dos políticos baianos que engrossou as fileiras do PSD em 2011. No ano seguinte, o DEM conquistou apenas sete prefeituras contra 94 do PT, 69 do PSD e 52 do PP. A derrota só não foi mais acachapante porque na capital Salvador, ACM Neto foi eleito e deu sobrevida ao carlismo.

Em Brasília, Wagner conseguiu diminuir por ora as chances de impeachment de Dilma. Em outubro, quando assumiu, o mapeamento do Planalto apontava cerca de 150 deputados como fiéis ao governo. Uma margem apertada, tendo em vista que para o impeachment passar na Câmara são necessários 342 dos 513 votos possíveis. Ou seja, ao menos 171 deputados têm de se posicionar contrariamente. Pouco mais de três meses depois de sua posse, o governo considera como fiéis 250 deputados, número que inclusive tem sido alardeado pelo próprio Wagner em entrevistas. O maior símbolo disso é a reaproximação de Dilma com o vice-presidente Michel Temer. Ele se movimentou a favor da queda da presidente, mas acabou sendo obrigado a recuar por falta de apoio do PMDB do Senado. Mais especificamente do presidente da Casa, Renan Calheiros (AL), com quem Wagner mantém ótimo relacionamento. Desde os tempos do mensalão. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Quando os deputados voltarem ao trabalho após o recesso parlamentar, em fevereiro, os membros da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Fundos de Pensão deverão analisar um requerimento de convocação do chefe da Casa Civil da Presidência da República, ministro Jaques Wagner. O requerimento foi apresentado nessa segunda-feira (11) pelo DEM e pelo PPS.

Os dois partidos de oposição querem que o ministro dê explicações sobre a troca de mensagens entre ele e o ex-presidente da construtora OAS Leo Pinheiro, cujos conteúdos vazaram para a imprensa. As mensagens encontradas no celular de Pinheiro, preso na Operação Lava Jato, indicam que Wagner pode ter intermediado negócios entre a OAS e os fundos de pensão de empresas públicas.

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“As suspeitas de que Jaques Wagner intermediou negócios entre a OAS e os fundos de pensão são tão graves que não podem passar em branco. O mínimo que o ministro da Casa Civil tem que explicar é como se deu essa intermediação e se houve tráfico de influência, ou não”, afirma o deputado Paulo Azi (DEM-BA).

O vice-líder do PPS, Raul Jungmann (PE), concorda que os fatos noticiados são “graves” e diz que a convocação do ministro “se impõe”. “Daí, a necessidade de convocar o ministro para que ele preste os devidos esclarecimentos sobre esses fatos que são extremamente graves e que o envolvem seu nome. Uma imposição que estamos cumprindo. Espero que [o requerimento] seja aprovado pelo colegiado”.

O ministro da Casa Civil, Jaques Wagner, criticou nessa segunda-feira (11) a oposição em entrevista a uma rádio da Bahia. Para Wagner, opositores da presidente Dilma Rousseff insistiram no que chamou de "descabido" processo de impeachment da petista.

Segundo o ministro, a oposição, com esta "a única bandeira", "parece os cartolas do futebol que quando perdem em campo querem ganhar no tapetão de qualquer jeito". Para Wagner, após o Supremo Tribunal Federal ter colocado os "pingos nos is" - numa referência à definição do rito do processo no Congresso, considerada uma vitória do governo -, o assunto deu "uma esfriada".

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O ministro voltou a reconhecer que a presidente vive uma baixa popularidade, mas disse que "não é por popularidade baixa que se vai inventar artificialmente o impeachment". Na entrevista à Rádio Brilhante, Wagner não foi questionado sobre as citações a seu nome nas investigações da Lava Jato.

O ministro, porém, elogiou o deputado José Carlos Araújo (PSD-BA), presidente do Conselho de Ética da Câmara, que analisa o processo de cassação do presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). "Foi fundamental a postura firme deputado Zé Carlos. Ele foi pressionado por vários lados e teve postura firme, sem perseguição e sem passar mão na cabeça de ninguém."

Questionado se haveria algum plano econômico para o País sair da crise. Wagner voltou a dizer que "não tem coelho na cartola" e elogiou a gestão do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. "O Brasil já viveu muitos anos de plano em plano e, justiça seja feita, foi no governo Fernando Henrique que a gente conseguiu a Lei de Responsabilidade Fiscal e a estabilidade razoável da moeda, do real e sabemos que, como na vida real, não tem milagre." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O governo tenta apressar o lançamento de medidas de estímulo à economia para tirar o foco das denúncias contra o ministro da Casa Civil, Jaques Wagner, e dos desdobramentos da Operação Lava Jato. Embora o Palácio do Planalto não considere as acusações "comprometedoras", a avaliação do núcleo próximo à presidente Dilma Rousseff é a de que Wagner virou alvo justamente por seu papel na estratégia de evitar o impeachment e também pela ausência de uma "agenda positiva" para se contrapor à crise política.

A preocupação do Planalto é que as medidas para a economia, previstas para fevereiro, também têm potencial para provocar divergências. A ideia de Dilma é ouvir sindicalistas, empresários e líderes da base antes de divulgá-las. Além da concessão de crédito para impulsionar setores como a construção civil, Dilma disse que pretende "perseguir" ações de maior fôlego, como as reformas da Previdência e tributária.

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Antes da nova leva de denúncias da Lava Jato, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva já havia aconselhado Dilma a aproveitar o recesso parlamentar para se reaproximar do vice Michel Temer, que comanda o PMDB, e de deputados e senadores da base. O governo avaliava que a crise daria uma trégua em janeiro, mas foi "atropelado" pelas acusações contra Wagner.

A apreensão no Planalto e no PT tem motivo: capitão do time e um dos principais encarregados de fazer o segundo mandato de Dilma "funcionar", o chefe da Casa Civil é o nome mais cotado do PT para a sucessão da presidente, em 2018, caso Lula não queira ou não possa ser candidato.

"A falta de perspectiva econômica ocorre por causa dessa crise política, que só se agrava", disse o senador Jorge Viana (PT-AC).

A divulgação de mensagens interceptadas por investigadores da Lava Jato, reveladas pelo Estado, indicaram a proximidade de Wagner com o ex-presidente da empreiteira OAS José Adelmário Pinheiro Filho, conhecido como Léo Pinheiro, um dos condenados por participação no esquema de corrupção da Petrobrás. Há desde negociação de apoio financeiro ao candidato do PT à Prefeitura de Salvador em 2012, Nelson Pellegrino, a pedidos de intermediação de Wagner, então governador da Bahia, com o Planalto para favorecer empresários.

Além disso, o ex-diretor da Petrobrás Nestor Cerveró, um dos delatores da Lava Jato, disse que Wagner recebeu recursos desviados da estatal na campanha de 2006. O ministro afirmou que não foi divulgada até agora qualquer prova contra ele e chamou as denúncias de "ilações", de gente que "ouviu dizer".

Interlocutores de Dilma atribuíram os "vazamentos ilegais e seletivos" ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que nega a acusação. "Todo dia há vazamentos de órgão do governo contra mim e ninguém fala nada", afirmou. Cunha aparece nas mensagens de Léo Pinheiro, assim como os ministros Edinho Silva (Comunicação Social) e Henrique Alves (Turismo). As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Piemonte Empreendimentos LTDA, empresa controlada pelo lobista Julio Camargo - um dos delatores da Operação Lava Jato -, doou R$ 50 mil à campanha do então candidato ao governo da Bahia Jaques Wagner (PT) em 20 de setembro de 2006. Naquele ano, a campanha do petista - atual ministro-chefe da Casa Civil do governo Dilma - recebeu R$ 4.287.610,77 em doações eleitorais.

A Piemonte ainda doou, na época, R$ 10 mil ao candidato a deputado no Espírito Santo Neucimar Ferreira Fraga. As informações constam da prestação de contas de Jaques Wagner ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O petista informou, por meio de sua assessoria, que a doação de R$ 50 mil para sua campanha "está devidamente declarada ao TSE devidamente auditada e checada".

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Julio Camargo é personagem emblemático da Lava Jato. O lobista é apontado pelo Ministério Público Federal como um dos operadores de propinas no esquema de cartel e corrupção na Petrobras, que vigorou entre 2004 e 2014. Segundo os investigadores da operação, a Piemonte Empreendimentos era usada por Julio Camargo como fachada para lavar dinheiro do esquema instalado na estatal e para repassar propinas a políticos e dirigentes da Petrobras.

Em 2006, Jaques Wagner foi eleito governador baiano e reeleito em 2010. O petista administrou a Bahia até o fim de 2014. Em outubro de 2015, ele assumiu a chefia da Casa Civil de Dilma, deixando a cadeira de ministro da Defesa, que ocupou por dez meses.

A campanha de Jaques Wagner em 2006 foi citada pelo ex-diretor da área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró, um dos delatores da Lava Jato. Segundo o executivo, houve "um grande aporte de recursos" para a campanha do petista. Cerveró declarou que o dinheiro teria sido desviado da Petrobras e "dirigido" pelo então presidente da estatal, José Sérgio Gabrielli.

Apuração

Julio Camargo foi o terceiro investigado da Lava Jato a fechar acordo de delação premiada - após o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa e o doleiro Alberto Youssef -, em outubro de 2014. Em um de seus principais depoimentos, ele revelou pagamento de US$ 5 milhões em propina para o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Além da Piemonte, o lobista controla as empresas Treviso e Auguri.

As três empresas de Julio Camargo foram investigadas na Lava Jato. Laudo da Polícia Federal, de junho de 2015, indicou que a Camargo Corrêa fez pagamentos de R$ 67 milhões à Treviso (R$ 45 milhões) e à Piemonte (R$ 22 milhões), entre 2010 e 2012. Segundo o ex-presidente da empreiteira Dalton Avancini, em sua delação premiada, "os pagamentos de fato foram efetivados às empresas contratadas, Piemonte e Treviso, não tendo sido prestado qualquer serviço ao que saiba".

A Piemonte também esteve envolvida nos contratos de construção dos navios-sondas Petrobras 10000 e Vitoria 10000, sem licitação, em 2006 e 2007. Segundo a Procuradoria da República, a intermediação do pagamento de propina no esquema dos navios-sonda foi feita pelo lobista Fernando Soares, o Fernando Baiano, operador ligado à Diretoria Internacional da Petrobrás, de indicação do PMDB.

Os investigadores afirmam que a propina foi oferecida, prometida e paga por Júlio Camargo. Para dar aparência lícita à movimentação, afirma o Ministério Público Federal, foram celebrados dois contratos de comissionamento entre a Samsung, responsável pela construção, e a Piemonte. Dessas comissões saíram as propinas prometidas a Fernando Soares, Eduardo Cunha e ao então diretor da área internacional da Petrobras, Nestor Cerveró, que levou a questão à Diretoria Executiva e obteve a aprovação dos contratos relativos aos navios-sondas, nos termos propostos pela Samsung.

A Piemonte foi citada ainda na negociação de um avião que teria pertencido ao ex-ministro da Casa Civil José Dirceu. Em sua delação premiada, o lobista Milton Pascowitch afirmou ter pago metade de uma aeronave que seria usada por Dirceu. O Cessna, modelo 560XL, pertencia a Julio Camargo. O pagamento, informou Pascowitch, foi feito pela Jamp Engenheiros, que pertence ao delator, por transferência bancária para conta da Avanti Empreendimentos Ltda, empresa proprietária do avião.

A aquisição, segundo o delator, ocorreu em julho de 2011, pelo valor de R$ 1.071.193,00. A Avanti foi representada por Franco Clemente Pinto e pelo empresário Júlio Belardi de Almeida Camargo, filho do lobista Júlio Camargo. O negócio foi desfeito semanas depois e, segundo o Ministério Público Federal, anotações entregues por Pascowitch mostram que a Piemonte teria devolvido R$ 200 mil referentes à compra.

Com a palavra, Jaques Wagner

"Ministro Jaques Wagner está à disposição do Ministério Público e das autoridades competentes. Ele confia no resultado das investigações. Acredita que o Brasil será um outro país após a apuração das denúncias. Ele não vai comentar o depoimento pois não conhece seus termos na íntegra e dentro do seu real contexto. Informa que a doação de R$ 50 mil para sua campanha está devidamente declarada ao TSE devidamente auditada e checada."

Executivos da OAS que aparecem nas trocas de mensagens envolvendo o atual ministro da Casa Civil, Jaques Wagner, - e indicadas como suspeitas pelos investigadores da Operação Lava Jato - foram nomeados secretários de Estado no governo da Bahia. Um dos dois executivos mencionados chegou trabalhar na Secretaria da Casa Civil durante a gestão de Wagner.

Bruno Dauster e Manuel Ribeiro Filho foram empossados em pastas estratégicas do Estado em janeiro de 2015, quando o sucessor de Wagner, Rui Costa (PT), assumiu o governo da Bahia. Manuel Ribeiro Filho, ex-diretor da OAS na Bahia, assumiu a Secretaria de Desenvolvimento Urbano do Estado em janeiro de 2015 e se manteve na chefia da pasta até o fim do ano.

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Dauster, ex-diretor de desenvolvimento da OAS, se mantém até hoje na Secretaria da Casa Civil do Estado. Na gestão Wagner, antes de assumir a função de secretário, foi chefe de gabinete da Casa Civil no Estado.

As interceptações são de mensagens que envolvem Léo Pinheiro, ex-presidente da OAS condenado a 16 anos de prisão por corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa no esquema na Petrobras.

Em troca de mensagens entre números não identificados até o momento, obtidas por meio da interceptação de diálogos do celular de Léo Pinheiro, há texto em que Dauster é citado como alguém que "sabia tudo de metrô", em possível referência às obras no metrô de Salvador. "Para sua informação tanto JW quanto Rui Costa dizem que Bruno Dauster sabia de tudo do metrô e como é gente sua...Abc MK", diz a mensagem.

Ribeiro Filho é um dos executivos que aparecem em troca de mensagens com Pinheiro sobre o apoio à candidatura do petista Nelson Pellegrino à prefeitura de Salvador, em 2012. Ele é irmão do escritor João Ubaldo Ribeiro, morto em 2014.

Os dois se desentenderam por causa de uma ponte que Manuel queria construir ligando Salvador a Itaparica, onde João Ubaldo vivia. Orçada em R$ 5,7 bilhões, o custo da ponte chegou a R$ 7 bilhões. Prometida para 2013, não ficou pronta. A OAS é uma das empreiteiras que desenvolveram o projeto da obra.

Dauster afirmou, via assessoria de imprensa da Secretaria da Casa Civil da Bahia, que não se recorda das conversas relatadas pela reportagem e disse que elas estão fora de contexto.

Ele informou que, em 2013, data das mensagens, já estava na Casa Civil e afirmou não fazer sentido levantar qualquer dúvida em relação à licitação do metrô de Salvador porque a OAS perdeu a concorrência. A reportagem não localizou Ribeiro Filho.

Durante o período em que Wagner e Costa estiveram no comando do governo baiano, a OAS foi responsável por inúmeras obras de infraestrutura e revitalização no Estado. A Via Expressa Bahia de Todos os Santos, por exemplo, é considerada a maior intervenção viária em Salvador dos últimos 30 anos. A obra custou R$ 480 milhões, foi inaugurada em 2013 e levou quatro anos para ficar pronta.

Outra obra tocada pela OAS, ainda não concluída, para revitalizar a orla da capital baiana já custou R$ 179,4 milhões ao Estado. Os dados são do portal da transparência do governo da Bahia. O projeto foi feito para ser entregue antes da Copa do Mundo, mas ainda não está pronto.

2010

Doações da OAS mostram que a ligação entre Wagner e Pinheiro data pelo menos de 2010. Segundo a prestação de contas disponível no site do Tribunal Superior Eleitoral, Wagner recebeu naquele ano R$ 1,5 milhão diretamente da empreiteira para a campanha de reeleição ao governo da Bahia.

Rui Costa (PT-BA), aliado de Wagner e sucessor dele no cargo, também teve o apoio indireto da empresa nas eleições de 2014. Os diretórios nacional e estadual do PT repassaram à campanha dele R$ 4,2 milhões, doados pela OAS. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

As mensagens obtidas pela Operação Lava Jato com a apreensão do celular do ex-presidente da OAS José Adelmário Pinheiro Filho, conhecido nos meios empresarial e político como Léo Pinheiro, devem servir de base para gerar uma nova lista de investigados a ser encaminhada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ao Supremo Tribunal Federal.

Ao menos três ministros da presidente Dilma Rousseff aparecem nos diálogos obtidos na investigação: o ministro-chefe da Casa Civil, Jaques Wagner (PT); o ministro da Comunicação Social, Edinho Silva (PT); e o ministro do Turismo, Henrique Eduardo Alves (PMDB).

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Nesta quinta-feira (7), o jornal O Estado de S.Paulo revelou mensagens de Pinheiro em que Jaques Wagner fala sobre a liberação de recursos do governo federal. Os diálogos, segundo os investigadores, também indicam que Wagner intermediou negociações para o financiamento de campanhas eleitorais em Salvador, em 2012, no período em que esteve à frente do governo da Bahia (2007-2014). Em uma primeira análise, o diálogo é considerado "grave" por investigadores.

A avaliação preliminar é de que as conversas de Léo Pinheiro escancaram os "intestinos de Brasília" e relações "pouco republicanas" de políticos com empresários na capital federal. Pinheiro tinha acesso a praticamente toda a classe política, de acordo com a investigação. Caberá ao grupo que auxilia Janot decifrar, nas próximas semanas, os supostos esquemas mencionados nos diálogos obtidos e identificar o que pode ser enquadrado como indício de crime - casos em que devem ser feitos pedidos de abertura de inquérito.

As mensagens do celular de Pinheiro foram transcritas pela Polícia Federal e Ministério Público Federal no Paraná, onde correm as investigações da Lava Jato na 1.ª instância. No fim de 2015, a PF encaminhou à Procuradoria os casos em que há menção a políticos com foro privilegiado. O celular de Léo Pinheiro levou ao conhecimento de investigadores tanto conversas diretas com os políticos, como contatos com intermediários e menções aos parlamentares e ministros.

Nomes

A lista de políticos mencionados nas conversas registradas no celular de Léo Pinheiro inclui, além dos três ministros de Estado, os presidentes da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Também fazem parte das conversas, de acordo com fontes com acesso às investigações, os senadores Edison Lobão (PMDB-MA) e Lindbergh Farias (PT-RJ); e os deputados federais Arlindo Chinaglia (PT-SP) e Osmar Terra (PMDB-RS).

Léo Pinheiro usava apelidos para se referir aos políticos, como "Brahma" sobre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No caso de Lindbergh, a referência identificada pelos investigadores é a alcunha "lindinho". Não há identificação, até o momento, de trocas de mensagens diretas entre Lula e o ex-presidente da OAS.

O ex-tesoureiro do PT João Vaccari e o ex-deputado federal e ex-líder do partido na Câmara Cândido Vaccarezza (PT-SP), já investigados na Lava Jato, também surgem nas mensagens. Ainda há conversas sobre o ex-tesoureiro do PT condenado no mensalão, Delúbio Soares, e sobre o advogado Tiago Cedraz, filho do presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), Aroldo Cedraz.

A expectativa é de que na volta do recesso do STF, em fevereiro, parte das decisões da Procuradoria seja revelada. No total, o material com mensagens de Léo Pinheiro tem quase 600 páginas. O envolvimento do ministro do Turismo, Henrique Eduardo Alves, está entrelaçado às ações de Eduardo Cunha.

Há relatos de combinação de encontro entre Cunha e o ex-presidente da OAS, por exemplo, com intermediação de Henrique Eduardo Alves, segundo fontes com acesso ao material.

Defesas

O ministro da Casa Civil, Jaques Wagner, disse em nota estar "à disposição do Ministério Público e demais órgãos competentes para quaisquer esclarecimentos". Ele negou irregularidades na relação com Léo Pinheiro. Na nota, o ministro manifestou "repúdio à reiterada prática de vazamentos de informações preliminares e inconsistentes, que não contribuem para andamento das apurações e do devido processo legal".

Também em nota, o ministro do Turismo, Henrique Eduardo Alves (PMDB), afirmou que "refuta qualquer ilação baseada em premissas equivocadas ou interpretações absurdas".

O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), também criticou o "vazamento seletivo" de informações. "Supostos diálogos que a PGR (Procuradoria-Geral da República) atribuiu a mim não são comigo. Também acho estranho que só vazaram diálogos comigo quando existem 632 páginas de conversas com outras pessoas." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A presidente Dilma Rousseff evitou comentar o aparecimento do nome do ministro Jaques Wagner (Casa Civil) nas investigações da Lava Jato. Questionada sobre o impacto das investigações de um ministro tão próximo a ela, Dilma não citou o nome de Wagner, disse que seu governo apoia todas as investigações, mas destacou que é preciso garantir o direito de defesa. "Eu tenho certeza que poucos governos tiveram uma relação tão clara, tão explícita na garantia das condições de investigações", disse.

Conforme revelado pelo jornal O Estado de S. Paulo nesta quinta-feira, 7, um conjunto de mensagens telefônicas de texto recolhidas pela Lava Jato revela a proximidade do empreiteiro Léo Pinheiro, da construtora OAS, com importantes nomes ligados, direta ou indiretamente, ao PT e ao governo da presidente Dilma Rousseff: Jaques Wagner, ministro da Casa Civil, Fernando Haddad, prefeito de São Paulo, e Aldemir Bendine, presidente da Petrobras. Nenhum dos três é investigado na operação.

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Dilma disse que todos podem ser investigados e afirmou que ela mesma já deve ter sido alvo de apurações. "Eu tenho clareza que devo ter sido virada do avesso. E tenho clareza também que podem continuar virando dos avessos. Sobre a minha conduta não paira nenhum embaçamento, nenhuma questão pouco clara", afirmou, ressaltando que apoia "integralmente" o trabalho do Ministério Público e da Polícia Federal.

Dilma disse que, como presidente da República, entende "perfeitamente" a importância das diferentes operações que ocorreram no País. Para ela, as investigações permitirão que, no médio e longo prazos, as relações com recursos públicos, tanto dos agentes privados como do governo, melhorem. "A impunidade hoje no Brasil começou a ser, de fato, ameaçada. E doa a quem doer", afirmou. "Não é possível ter dois pesos e duas medidas."

A reportagem revelou que o conteúdo das mensagens mostra que Leo Pinheiro, condenado a 16 anos de prisão, atuou por interesses dos petistas em episódios distintos. No caso de Wagner, há negociação de apoio financeiro ao candidato petista à prefeitura de Salvador em 2012, Nelson Pellegrino, como também pedidos de intermediação do então governador da Bahia com o governo federal a favor de empreiteiros.

Ainda sem citar o ministro, Dilma disse que é preciso manter o direito de defesa e criticou o que chamou de "espetacularização". "Tenho muito medo da espetacularização e vazamentos. Vazamentos não se dão em um quadro de apuração de responsabilidade", disse.

A presidente voltou a citar que as investigações devem punir pessoas que cometem atos ilícitos e não as empresas. "Nós não podemos acreditar que destruir empresas seja uma ação adequada para combater a corrupção", disse. "Se pune pessoas, não se destrói empregos e empresas", disse.

Petrobras

Dilma falou rapidamente sobre a Petrobras durante o café com jornalistas. Disse que a empresa "não é a Lava Jato". Ela destacou ainda que as dificuldades econômicas mundiais como o preço do petróleo atrapalham a empresa. "Não sabemos qual será o piso do petróleo. Ninguém sabe."

O PPS estuda que medidas tomará em relação ao ministro da Casa Civil, Jaques Wagner, e sua relação com empreiteiras envolvidas no esquema de corrupção investigado pela Operação Lava Jato.

"Todos os escândalos do PT passam pela Casa Civil", disse o líder do PPS na Câmara, Rubens Bueno (PR), citando José Dirceu, Antonio Palocci, Erenice Guerra e a própria presidente Dilma Rousseff, todos nomes que já comandaram a pasta. "É o principal cargo do governo e é preciso ter alguém com relações com o mundo empresarial, da propina, do negócio", afirmou o parlamentar.

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Interceptações de mensagens de celular ao qual a reportagem teve acesso indicam que Wagner teria ajudado o ex-presidente da OAS Léo Pinheiro a negociar liberação de pagamento com o Ministério dos Transportes em 2014. Pinheiro foi condenado a 16 anos de prisão por corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa no esquema desenvolvido dentro da Petrobras.

As mensagens também apontam para supostas tratativas envolvendo Wagner, então governador da Bahia, de financiamento de campanhas da eleição municipal de Salvador em 2012.

Procurado desde o final da tarde de quarta-feira, 6, Jaques Wagner ainda não se manifestou.

Os investigadores da força-tarefa Operação Lava Jato suspeitam que parte das conversas do empreiteiro Léo Pinheiro que envolvem o ministro da Casa Civil, Jaques Wagner, trate de doações para a campanha petista na disputa pela prefeitura de Salvador, em 2012.

O material ao qual o jornal O Estado de S. Paulo teve acesso é mantido sob sigilo em Brasília e na Justiça Federal no Paraná. Os diálogos foram obtidos pelos investigadores da Lava Jato em Curitiba e remetidos à Procuradoria-Geral da República por haver menção ao nome do ministro, que possui foro privilegiado. Até o momento, não há inquérito aberto no Supremo Tribunal Federal contra ele.

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As interceptações são de mensagens de texto trocadas entre agosto de 2012 e outubro de 2014. Nelas, há negociação de apoio financeiro ao candidato petista à prefeitura de Salvador em 2012, Nelson Pellegrino, como também pedidos de intermediação de Wagner com o governo federal a favor dos empresários.

Investigadores colocam sob suspeita trechos cifrados de conversas que utilizam códigos, apelidos e supostos endereços que, na verdade, indicam valores pagos, de acordo com as apurações. Jaques Wagner é identificado como "JW". Os responsáveis pela investigação acreditam que ele também é o "Compositor", uma referência ao maestro e compositor alemão Richard Wagner.

Nelson Pellegrino é citado como "NP" ou "Andarilho", em alusão a "peregrino", trocadilho com seu sobrenome. No 1.º turno daquela eleição, ele disputou o comando da capital baiana com ACM Neto (DEM) e com Mário Kertész (então PMDB), identificados nas conversas como "Grampinho" e "MK", respectivamente.

Intermediador

No 2.º turno, Kertész decide deixar o partido, que aderiu à campanha de ACM Neto, e apoiar Pellegrino. As conversas interceptadas revelam negociações envolvendo apoio político de Kertész ao candidato petista no 2.º turno e o pagamento das campanhas. Wagner aparece como intermediador das conversas.

Mensagem trocada entre Léo Pinheiro, condenado a 16 anos de prisão por corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa na Lava Jato, e um celular identificado pelos investigadores como pertencente a Jaques Wagner em 10 de outubro de 2012 mostra suposta conversa com o então governador sobre a negociação de apoio do PMDB ao candidato petista.

No dia seguinte, quando Kertész marcou coletiva para anunciar sua saída do PMDB, Pinheiro enviou mensagem a Wagner. "Assunto MK, preciso lhe falar." Um pouco mais cedo, Pinheiro havia enviado mensagem a Manuel Ribeiro Filho. Investigadores suspeitam se tratar de possível código para efetuar um pagamento. No texto, o executivo escreveu: "O endereço que filho me forneceu foi M.K. Street 3.600". A suspeita dos investigadores é de que o número se refira a um valor pago e a sigla "MK" ao destinatário do dinheiro.

Depois, os executivos da OAS comentam: "O valor é muito alto", em referência ao número 3.600. Troca de mensagens entre Léo Pinheiro e Cesar Mata Pires Filho, executivo da empreiteira, mostra que "JW" estaria ciente do apoio a ser intermediado ao candidato petista.

Lobby

Os diálogos interceptados dão ideia de proximidade entre o ex-presidente da OAS e o então governador da Bahia mesmo após as eleições municipais. O executivo relata encontros com "JW". Em uma das mensagens, Léo Pinheiro escreve "Governador, desculpe a 'invasão'", antes de enviar seu texto. Wagner responde: "Você é sempre bem vindo JW". Em outra conversa, Pinheiro chama o governador de "nosso JW".

Em 2014, Léo Pinheiro pede ajuda a Jaques Wagner para falar com o então ministro dos Transportes para "liberar o recurso no valor de R$ 41.760 milhões" referente a um convênio assinado em 2013. "Ok, vou fazê-lo abs domingo vamos ganhar com certeza", respondeu Jaques Wagner, cinco dias antes do 2.º turno da eleição presidencial de 2014.

Defesas

O ministro Jaques Wagner não respondeu aos questionamentos feitos pela reportagem até a conclusão desta edição. O advogado Edward Carvalho, um dos responsáveis pela defesa de executivos da OAS na Operação Lava Jato, disse que não iria comentar as informações.

Já Mário Kertész afirmou que é amigo de Léo Pinheiro, mas que não participou de arrecadação para campanha de Nelson Pelegrino no segundo turno da disputa municipal em Salvador, tendo oferecido apenas apoio político. Pelegrino foi procurado por meio de sua assessoria, mas não se pronunciou. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), cobrou nessa terça-feira (5) do governo federal, em Brasília, o reembolso de R$ 400 milhões que, segundo ele, foram investidos pelo município em obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).

Neste ano eleitoral, o petista, que é provável candidato à reeleição, tenta alavancar recursos que permitam à administração cumprir parte das promessas assumidas na campanha de 2012 e que ainda não saíram do papel.

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Em um encontro com o ministro-chefe da Casa Civil, Jaques Wagner, Haddad também pediu que o governo construa mais unidades do Minha Casa Minha Vida na capital e dê prioridade à renegociação da dívida da cidade.

A cobrança pública feita pelo prefeito escancara o que ele tem reclamado reservadamente: o pouco apoio da gestão da presidente Dilma Rousseff à sua administração.

O prefeito também espera ajuda do Palácio do Planalto para tirar do papel uma das suas principais promessas, a de construir hospitais em regiões carentes da metrópole. Das três unidades, apenas a de Parelheiros deve ser entregue este ano e, até agora, o hospital está sendo financiado somente com verbas municipais. A construção dos centros de saúde sempre foi uma aposta de Haddad para ter uma vitrine durante a campanha à reeleição.

Segundo auxiliares de Haddad, o prefeito saiu do Planalto confiante após conversa com o ministro, braço direito de Dilma. "Este ano é o ano dos prefeitos. Ele (Jaques Wagner) falou que vai responder com a maior brevidade possível", disse.

Segundo fontes do Planalto, Wagner evitou se comprometer com a liberação dos recursos cobrados por Haddad, mas prometeu encaminhar os pleitos do prefeito diretamente à presidente Dilma e ao ministro da Fazenda, Nelson Barbosa. "A palavra final é da presidente", teria dito o ministro.

Durante a reunião, que foi acompanhada por um técnico da Casa Civil, Haddad exibiu dezenas de documentos mostrando com pormenores os recursos desembolsados pelo Município em obras do PAC, sempre sublinhando os prazos de vencimento dos repasses da União.

De acordo com um interlocutor de Wagner, o ministro teria comentado que "é difícil dizer não" diante da riqueza técnica dos pleitos de Haddad mas as demandas feitas por ele são de difícil execução não só pela falta de dinheiro nos cofres da União, mas também porque poderia abrir um precedente para que outros prefeitos de capitais fizessem uma "romaria" na porta do Planalto em busca de ajuda.

Pleitos

Entre as demandas apresentadas está o reembolso por parte do governo federal de cerca de R$ 400 milhões que a prefeitura desembolsou em 2015 para tirar do papel obras do PAC. "No nosso PAC a gente adianta para a construtora os valores com recursos do Tesouro municipal e há o reembolso do Tesouro nacional", explicou o prefeito.

Haddad pediu, ainda, prioridade à situação de São Paulo após a assinatura do decreto que regulamenta a aplicação do novo indexador das dívidas de Estados e municípios com a União.

Haddad disse que também discutiu com o ministro sobre o programa Minha Casa Minha Vida e afirmou que a prefeitura já investiu cerca de R$ 700 milhões em desapropriação de terras. Mas, com as mudanças das regras para o programa, será preciso refazer os planos para a cidade.

Apesar das dificuldades por conta da crise econômica, Haddad fez questão de afirmar que a prefeitura conseguiu investir mais em 2015 do que em 2014 e que pretende fechar seu mandato com "recorde" de investimentos, que poderá chegar à casa dos R$ 18 bilhões. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Terminou nesta segunda, 28, a reunião da presidente Dilma Rousseff com os ministros Jaques Wagner (Casa Civil), Nelson Barbosa (Fazenda), Valdir Simão (Planejamento) e Ricardo Berzoini (Secretaria de Governo). Foi o primeiro encontro de Dilma com os membros da junta orçamentária depois da saída de Joaquim Levy do Ministério da Fazenda. O encontro durou quase três horas.

A reunião serviu, para entre outros temas, discutir o fechamento das contas da União deste ano. Nesta tarde, o presidente nacional do PT, Rui Falcão, publicou um texto pedindo uma "nova e ousada" política econômica para 2016, no qual pede o fim da "altas de juros e cortes de investimentos" e cobra a adoção de medidas para a retomada do crescimento em 2016.

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Falcão disse confiar na nova equipe econômica. "Sabemos da competência, habilidade e capacidade de diálogo dos novos ministros Nelson Barbosa e Valdir Simão. Confiamos em que eles deem conta da tarefa, mudando com responsabilidade e ousadia a política econômica." Com o texto, o presidente do PT junta-se ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e grupos sociais e sindicais que cobram a adoção de medidas concretas para acompanhar a entrada do novo ministro da Fazenda, Nelson Barbosa.

Pedaladas

Enquanto Dilma estava com os ministros, o secretário interino do Tesouro Nacional, Otávio Ladeira, informou que governo decidiu pagar ainda em 2015 todas as dívidas com bancos públicos e fundos apontadas pelo Tribunal de Contas da União (TCU) - as chamadas pedaladas fiscais. Segundo Ladeira, a intenção é quitar os passivos com recursos do caixa do Tesouro, do colchão (reserva) para pagamento da dívida pública e uma pequena fatia com a emissão de novos títulos.

Governadores

Um pouco antes do início da reunião, o governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão, esteve no Palácio da Alvorada para cumprimentar a presidente e desejar "feliz ano novo". Ele negou que tenha ido entregar a lista de reivindicações elaborada em reunião hoje com outros governadores.

Mais cedo, Pezão fez cobranças para que o governo federal publique os novos indexadores que serão utilizados no cálculo da dívida dos Estados e dos municípios como medida para aliviar a crise enfrentada por todas as unidades da Federação. Ele também cobra uma revisão dos valores repassados pela União para a área de saúde. Doze governadores reúnem-se nesta tarde em Brasília para discutir pontos de consenso e elaborar a lista de reivindicações para apresentar ao Palácio do Planalto.

Antes de Pezão, também esteve no Alvorada o advogado-geral da União, Luís Inácio Adams, que cuida da defesa da presidente Dilma no processo de impeachment.

O ministro da Casa Civil, Jaques Wagner, avalia que o processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff será derrubado ainda na Câmara dos Deputados. "Com voto aberto, acho que impeachment não passa sequer na Câmara", afirmou.

Para endossar a tese, o ministro usa a contabilidade dos votos do pleito secreto, que elegeu uma chapa de oposição para a composição da comissão especial de impeachment. Apesar de o governo ter sido derrotado, a base conseguiu 199 votos. Para garantir a manutenção da presidente, são necessários 171 votos quando o processo chegar ao plenário.

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Wagner avalia que a votação secreta é um "convite à traição, dos dois lados", mas que o momento é favorável à Dilma. "Não gosto de falar que está enterrado, mas assim que a Câmara votar, acho que esse impeachment nós enterramos", aposta. Quanto aos prazos, Wagner entende que são incertos. "Quem faz a pauta é o presidente da Câmara. Mas, para mim, hoje o impeachment está natimorto."

Em sua opinião pessoal, o impeachment está enterrado porque "não houve crime de responsabilidade fiscal cometido pela presidente".

Jaques Wagner acredita que a sociedade está cansada do processo de impeachment. "A sociedade está mais afim de saber de emprego e desenvolvimento do que de impeachment. Ela não quer saber quem está sentado na cadeira, quer saber o que vamos fazer com o Brasil."

O ministro da Casa Civil, Jaques Wagner, espera que os laços entre a presidente Dilma Rousseff e seu vice, Michel Temer, sejam reatados em breve. "Não quero que a relação entre Dilma e Temer se estresse", afirmou, em encontro com jornalistas nesta terça-feira, 22. "Ele continua vice e ela continua presidente. Brigas entre titular e vice são comuns na política, mas eles têm maturidade suficiente para lidar com isso", garantiu.

Wagner avalia que eles precisam continuar a trabalhar em conjunto no próximo ano e que a repercussão do desentendimento entre os dois partiu de terceiros, com o intuito de plantar intrigas. Segundo Wagner, os desentendimentos recentes entre presidente e vice podem ser vistos de forma "salgada" ou "doce", mas que ele prefere ficar com "as melhores partes desse filme".

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O ministro relatou que, antes do incidente da carta que Temer enviou à Dilma, os dois tiveram uma conversa amigável no gabinete da presidente, em que trataram inclusive de assuntos familiares. Ele espera que esse seja o tom das conversas que vão se sequenciar.

Renan

Sobre a relação de Dilma com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), Wagner considera positiva. "Pelo menos na fotografia de hoje, a relação de Dilma com Renan é muito boa", afirmou. O ministro ponderou, entretanto, que "essas relações nunca são totalmente estáveis".

O ministro reconheceu que, no início do ano, Renan estivesse mais afastado do Planalto, mas que a relação com o Senado sempre foi mais "tranquila". "Renan sempre teve críticas ao modelo econômico, mas aliados dentro do PT também têm. É natural", afirmou.

Wagner também considera legítima a iniciativa do presidente do Senado de trazer um agenda própria para resgate da economia. Falou em referência ao projeto da Agenda Brasil, conjunto de propostas que tramitam no Senado. "É um protagonismo positivo, até porque ele é presidente de um Poder que tem autonomia em relação a Dilma. Existem muitas matérias na Agenda Brasil que considero positivas, o Senado não tem que votar apenas matérias enviadas pelo Executivo".

O ministro também defendeu que a quebra de sigilo fiscal e telefônico do presidente do Senado, autorizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), não altera a relação dele com a presidente. Assim como outros assuntos relacionados à Lava Jato. Wagner tentou minimizar a influência do Executivo sobre as investigações.

A presidente Dilma Rousseff está reunida na tarde desta segunda-feira, 7, com os ministros da Casa Civil, Jaques Wagner, e do Planejamento, Nelson Barbosa. O encontro substituiu a reunião de coordenação que estava marcada para as 15 horas.

Antes de se encontrar com Dilma, Wagner esteve com o ministro demissionário Eliseu Padilha (Aviação Civil). A expectativa é que o peemedebista, que é um dos aliados mais próximos ao vice-presidente, comunique oficialmente a sua saída do governo. Padilha, inclusive, já agendou uma entrevista coletiva, às 17 horas, na sede do PMDB.

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Mais cedo, questionada sobre a saída de Padilha, a presidente voltou a dizer que ainda não havia sido informada por ele e evitou dimensionar o peso que a demissão de um dos principais aliados do vice pode ter para o seu governo.

Agenda

Dilma esteve com o ministro da Justiça, e um grupo de 30 juristas que defendem que não há fundamento para afastar Dilma do cargo. Às 19h, Dilma ainda participa da abertura da 10ª Conferência Nacional de Assistência Social, que acontece no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília.

O ministro demissionário da Aviação Civil, Eliseu Padilha, irá se reunir nesta segunda-feira, 7, com o ministro da Casa Civil, Jaques Wagner, para comunicar pessoalmente ao governo sua decisão de entregar o cargo. Apesar de o governo ainda esperar uma conversa com Padilha, o cargo dele já estaria em negociação. O líder do governo na Câmara, deputado Leonardo Picciani (RJ), já teria recebido a tarefa de indicar nomes para a vaga.

Picciani nega a oferta, mas admite que, se for procurado, irá atender ao apelo do governo. "Em nenhum momento, a Dilma fez o convite à bancada para indicar. Se ela vier a fazer, nós debateremos com a bancada. A bancada de Minas Gerais é importante e pode desempenhar bem essa função", sugeriu.

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Na última quinta-feira, 3, ele protocolou uma carta de demissão na Casa Civil, mas a presidente Dilma Rousseff disse sábado no Recife (PE) que não tinha conhecimento.

"Eu não recebi nenhuma comunicação do ministro e ainda conto com sua permanência", disse Dilma, que foi à capital pernambucana para se reunir com autoridades discutir ações de combate ao mosquito Aedes Aegypti. "Não sei se ele tomou uma decisão definitiva porque não conversou comigo. Aguardo. Não tomo posição sobre coisas que não consigo entender inteiramente", complementou a presidente.

A decisão de Padilha de deixar o governo ocorre em meio ao início da discussão do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff no Congresso e foi interpretada no Palácio do Planalto como o primeiro passo para o descolamento do vice e o desembarque do PMDB da equipe. Padilha é um dos principais aliados do vice-presidente Michel Temer, que tem se aproximado do PSDB.

O ministro da Casa Civil, Jaques Wagner, disse que o governo vai continuar trabalhando para colocar em pautas votações de projetos importantes para a economia como a Desvinculação das Receitas da União (DRU) e a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), mas reconheceu que pode haver dificuldades por conta do recesso parlamentar. "Não se sabe se vão conseguir votar a LDO, temos mais duas semanas de trabalho", disse, destacando que é prerrogativa do Congresso a decisão de uma eventual suspensão do recesso.

Wagner reconheceu que por conta de vetos trancando a pauta é possível que haja um recesso branco e afirmou que o governo tem pressa. "Nós não vamos abandonar o ajuste, a luta pela CPMF e toda a pauta precursora do desenvolvimento. Nós estamos trabalhando, vamos continuar", disse.

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O ministro destacou que o dia de ontem, apesar de ter sido deflagrado o processo de impeachment, foi de vitória, já que o governo conseguiu aprovar o projeto de alteração da meta fiscal. "A página de ontem está virada e eu considero uma página positiva", disse. "Nós tivemos uma adversidade monocrática e uma vitória plural que foi a votação do PLN."

O projeto aprovado ontem, horas antes da abertura do impeachment, altera a meta do superávit primário de 2015 e autoriza o governo a adotar como meta um déficit primário de R$ 51,2 bilhões, que pode chegar a R$ 119,9 bilhões com o pagamento das chamadas pedaladas fiscais.

Segundo Wagner, a presidente Dilma Rousseff, durante a reunião que teve na tarde desta quinta com diversos ministros, fez um elogio ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), pelo apoio que deu para que o projeto fosse avaliado. "Dilma fez uma referência positiva de estadista do presidente Renan".

Bate boca

O ministro evitou voltar a rebater o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, e disse que nem ele, nem a presidente Dilma iriam ficar "batendo boca" com o peemedebista. "Ele falou uma mentira. Eu não podia deixar em branco uma acusação sobre a presidente da República e como meu nome foi citado eu rebati", disse, durante coletiva, após participar de reunião com a presidente e outros ministros.

Mais cedo, Wagner rebateu Cunha ao dizer que o peemedebista mentiu ao acusar Dilma e o governo de fazer barganha. O presidente da Câmara disse que, à sua revelia, foram oferecidos os três votos do PT no Conselho de Ética em troca da aprovação da CPMF ao deputado André Moura (PSC-SE), um de seus principais aliados. O parlamentar do PSC teria sido levado à presidente Dilma pelo ministro Jaques Wagner.

"Como meu nome é citado eu rebati", disse o ministro. Wagner, que confirmou ter tido reuniões com Moura e disse ter uma relação positiva com o deputado, disse que ele não pode dizer que esteve com a presidente Dilma "porque não esteve". Segundo o ministro, o objetivo de quem contou essa história é tentar jogar o foco da crise apenas na presidente Dilma.

Wagner respondeu ainda que os questionamentos que se fazem atualmente em relação a Cunha não serão respondidos pelo governo. "Ou é Conselho de Ética ou é o Supremo", disse.

Um dos principais integrantes da tropa de choque do presidente da Câmara, Moura disse antes da coletiva de Wagner que na guerra de versões entre o peemedebista e o governo, vale a palavra de seu aliado. "A palavra que vale é a do presidente Eduardo Cunha", disse Moura, enquanto tentava se esquivar dos jornalistas. Ele passou o dia sem atender telefonemas e evitou ao máximo comentar o assunto.

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