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O ex-diretor de Relações Institucionais do grupo J&F Ricardo Saud não respondeu a nenhuma pergunta da Polícia Federal durante interrogatório no âmbito do inquérito que investiga possível favorecimento da empresa Rodrimar no Decreto dos Portos. A oitiva começou por volta das 14h50 desta quarta-feira, 10, e durou cerca de 2 horas.

O inquérito sobre o Decreto dos Portos é o último aberto por solicitação do ex-procurador-geral da República, Rodrigo Janot, em que o presidente Michel Temer é investigado. O delegado responsável pela investigação é Cleyber Malta Lopes.

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Além de Temer, são investigados o ex-assessor do presidente Rodrigo Rocha Loures e executivos da Rodrimar.

As suspeitas sobre Temer em torno da edição do decreto surgiram a partir de uma conversa com Loures interceptada pela Polícia Federal em 4 de maio. Loures, que foi assessor especial da Presidência, estava grampeado. O deputado tentava saber sobre a assinatura do Decreto dos Portos e Temer informou o parlamentar que iria assinar o decreto na outra semana.

Depois da conversa com Temer, Rocha Loures passou informações por telefone a Ricardo Conrado Mesquita, membro do Conselho Deliberativo da Associação Brasileira dos Terminais Portuários e diretor da empresa Rodrimar, que opera no Porto de Santos.

A investigação tem como relator o ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF). "Os elementos colhidos revelam que Rodrigo Rocha Loures, homem sabidamente da confiança do Presidente da República, menciona pessoas que poderiam ser intermediárias de repasses ilícitos para o próprio Presidente da República, em troca da edição de ato normativo de específico interesse de determinada empresa, no caso, a Rodrimar S/A", assinalou Barroso na decisão de abertura do inquérito.

Grampo

Na conversa ao telefone, o presidente indica o que é uma das principais mudanças previstas no decreto, o aumento para 35 anos de prazos dos contratos de arrendatários, prorrogáveis por até 70 anos. Após Loures comentar que teve informação de que já teria sido assinado o decreto, Temer responde: "Não. Vai ser assinado na quarta-feira à tarde.. Vai ser numa solenidade até, viu?". Em outro trecho da conversa, o presidente diz que "aquela coisa dos setenta anos lá para todo mundo parece que está acertando aquilo lá".

"Têm-se, pois, elementos de prova no sentido de que o denunciado Rodrigo Loures, homem de total confiança do também denunciado Michel Temer, não apenas mencionou diversas pessoas que poderiam ser intermediárias de repasses financeiros ilícitos para Temer, como também atuou para produção de ato normativo que beneficiara justamente a sociedade empresária possivelmente ligada às figuras de 'Ricardo' e 'Celso', no caso a Rodrimar S.A., nas pessoas de Ricardo Conrado Mesquita, diretor, e Antônio Celso Grecco, sócio e presidente", escreveu Janot em junho ao pedir a apuração.

A Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) a instauração de novo inquérito contra o presidente do Partido Progressista (PP), o senador Ciro Nogueira (PP-PI), o ex-ministro Edinho Silva (PT), além dos executivos Joesley Batista e Ricardo Saud, da JBS, por supostos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro.

As acusações giram em torno do suposto recebimento de vantagens indevidas pelo PP para apoiar a reeleição de Dilma Rousseff (PT) em 2014 e não agir contra a ex-presidente no processo de impeachment instaurado no Congresso Nacional.

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O pedido de instauração de inquérito, feito em dezembro, é baseado na colaboração premiada feita pela JBS em maio, que, segundo a PGR, revelam o pagamento de vantagens ilícitas a Ciro Nogueira em duas situações.

Em uma delas, Edinho Silva, hoje prefeito de Araraquara (SP), é citado como encarregado pelo PT de tratar com a J&F dos pagamentos de propina durante a campanha eleitoral de 2014, para apoio da reeleição de Dilma. No caso do PP, o valor "pelo apoio" teria sido repassado a Ciro, estipulado inicialmente em R$ 20 milhões. "Contudo, ao final, a empresa acabou pagando R$ 42 milhões", cita a PGR.

Ricardo Saud, na delação, afirma que os representantes do partido sabiam que se tratava de propina do caixa do PT.

Na segunda situação relatada pelos delatores, Joesley afirmou que se encontrou com Ciro e pediu a ele que adiasse uma reunião partidária que provavelmente decidiria pelo desembarque do PP do Governo em 2016 - o que acabou acontecendo em abril, mas com atraso.

Para atender o pedido, o presidente do PP teria combinado receber de Joesley o valor de R$ 8 milhões, pago em março de 2017.

"As condutas noticiadas acima, dentro do contexto de pagamento de vantagens indevidas a membro do Congresso Nacional em razão de suas funções, em especial para não agir em relação ao processo de impeachment de Dilma Rousseff, apontam, pelo menos, para o crime de corrupção passiva qualificada, assim normativamente descrito", cita trecho do pedido feita pela PGR, que aponta também a possibilidade de cometimento de crime de lavagem de dinheiro.

Ciro Nogueira é investigado em cinco inquéritos no Supremo. Edinho Silva e Ciro foram procurados pela reportagem, que até o momento não recebeu resposta.

A presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministra Laurita Vaz, indeferiu pedido de liminar em habeas corpus impetrado em favor do empresário Wesley Mendonça Batista, sócio da empresa de frigoríficos JBS. Wesley e seu irmão Joesley foram presos preventivamente no âmbito da Operação Tendão de Aquiles, por suposta prática do crime de insider trading (uso de informação privilegiada para lucrar no mercado financeiro).

As informações foram divulgadas no site do STJ no dia 29, às 20h34 - habeas 431492.

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Em outubro, o ministro Rogerio Schietti Cruz, relator, já havia negado pedido de liminar em outro habeas em favor de Wesley - habeas 422.113.

Naquela decisão, Schietti não reconheceu "nenhuma ilegalidade manifesta apta a afastar liminarmente o decreto prisional que considerou a medida necessária para assegurar a instrução criminal, a aplicação da lei penal e, ainda, para garantir a ordem pública".

A ordem de prisão destacou que "mesmo após assumirem no acordo de colaboração premiada o compromisso de não mais cometer crimes, Wesley e Joesley teriam continuado a praticar atividades ilícitas".

Os irmãos Batista mergulharam o governo Temer em sua pior crise política. Eles fecharam acordo de delação premiada com a Procuradoria-Geral da República. Joesley gravou conversa com o presidente no Jaburu na noite de 7 de março de 2017.

Os Batista acabaram presos por suspeita de omissão de informações importantes dos investigadores e por, supostamente, terem usado o conteúdo de suas próprias delações para auferir lucros milionários no mercado financeiro.

No novo habeas corpus ao STJ, a defesa de Wesley alega a existência de fatos novos que justificariam a revogação da prisão preventiva. Em liminar, a defesa pediu a suspensão da prisão até o julgamento definitivo do habeas corpus, ou sua substituição por medidas cautelares alternativas.

Entre outros argumentos, os advogados de Wesley destacaram três pontos importantes - o encerramento das investigações tanto na esfera penal como administrativa; a ausência de fatos que pudessem demonstrar que a liberdade do empresário ainda colocaria em risco a garantia da ordem pública, a instrução criminal ou a aplicação da lei penal; e a falta de fundamentação para a não aplicação de medidas cautelares diversas da prisão.

O habeas corpus foi impetrado no STJ depois que o Tribunal Regional Federal da 3.ª Região (TRF3) indeferiu pedido de liminar anterior, o que levou a ministra Laurita Vaz a aplicar a Súmula 691 do Supremo Tribunal Federal.

Somente em "casos excepcionais", o STJ considera que deve ser afastado esse impedimento para fazer cessar eventual constrangimento ilegal ao direito de liberdade. Mas, ao examinar as alegações do empresário, a ministra não identificou essa excepcionalidade.

"Não havendo notícia de que o Tribunal a quo tenha procedido ao exame meritório, reserva-se primeiramente àquele órgão a apreciação da matéria ventilada no habeas corpus originário, sendo defeso ao Superior Tribunal de Justiça adiantar-se nesse exame, sobrepujando a competência da Corte a quo, mormente se o writ está sendo regularmente processado", afirmou Laurita.

Segundo a presidente do STJ, "a única novidade apontada pela defesa foi o encerramento das investigações nas esferas penal e administrativa".

Ela reconheceu que o fim das investigações pode, eventualmente, ter impacto na análise da necessidade da prisão quanto à conveniência da instrução criminal, mas os outros fundamentos ainda persistem, como a garantia da ordem pública, o receio de reiteração delitiva e a inaplicabilidade das medidas cautelares alternativas, todos já examinados pelo ministro Rogerio Schietti.

A ministra observou que há uma sobreposição de teses entre este novo habeas corpus e aquele outro, cuja liminar foi negada por Schietti.

"Há, ao menos em princípio e no que se refere a parte do pedido formulado na petição inicial, mera reiteração quanto ao habeas corpus 422.113/SP", anotou Laurita.

"Ocorre que, como se sabe, não podem ser processados nesta Corte, concomitantemente, habeas corpus nos quais se constata litispendência, instituto que se configura exatamente quando há igualdade de partes, de objeto e de causa de pedir" seguiu a ministra.

Isso se explica, segundo Laurita Vaz, não só pela economia processual, mas também pela necessidade de evitar decisões contraditórias.

A ação da empresa de alimentos JBS recuperou nesta quarta-feira, 27, a cotação que tinha antes da divulgação da delação premiada dos irmãos Joesley e Wesley Batista. A informação veio à tona na noite de 17 de maio, quando o papel mais negociado da empresa fechou cotado a R$ 9,50, segundo dados da Broadcast. Nesta quarta-feira, a ação da companhia de alimentos fechou o dia em alta de 2,74%, cotada a R$ 9,75. Só em dezembro, a alta acumulada é de 23,26%, embora a queda no ano ainda seja de 14,2%.

Nos dias seguintes à delação dos Batistas, o pavor tomou conta da B3 (nova denominação da Bolsa paulista), que chegou a ter acionado o "circuit breaker" - mecanismo que interrompe as negociações. Apenas em 22 de maio, o papel da JBS recuou 31%, fechando a R$ 5,98.

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Os dados da delação premiada de Joesley e Wesley Batista incluíam a gravação de um encontro noturno com o presidente Michel Temer, feito fora da agenda oficial. A colaboração implicava ainda políticos importantes, como o senador Aécio Neves (PSDB), que chegou a ter o mandato suspenso.

Apesar de ter causado furor no mercado e prejudicado as ações da empresa, o acordo de delação - que garantia imunidade total aos Batistas - acabou não ficando em pé. Em setembro, Joesley e Wesley foram presos - situação na qual se encontram até hoje. Joesley foi acusado de omitir informações de sua delação e de, junto com o irmão, manipular o mercado acionário para obter lucros pessoais. Os dois empresários negam que tenham cometido as irregularidades.

Na época da prisão dos empresários, a ação da JBS era negociada ao redor de R$ 8,13. A empresa viu-se obrigada a substituir Wesley Batista do comando do negócio. Hoje, José Batista Sobrinho, o Zé Mineiro, pai dos empresários e fundador da JBS, exerce o comando da companhia de alimentos. Mesmo com seu comando no cárcere, o grupo J&F conseguiu levar a cabo uma série de vendas bilionárias de ativos - entre elas da Vigor e da Eldorado Celulose.

Em relatório sobre a JBS, o banco JP Morgan afirmou que a empresa deu andamento a planos que foram benéficos aos investidores, como a venda de ativos, a troca de executivos e a criação de um comitê de governança corporativa. Lygia Pimentel, consultora da Agrifatto, diz que é importante avaliar a recuperação do valor das ações da JBS no contexto positivo recente para o setor de carne. "As exportações de carne bovina estão indo bem e, para o ano que vem, com a expectativa de dólar forte, o setor deve ampliar o faturamento com embarques externos", diz.

A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec) divulgou, em dezembro, que espera fechar o ano de 2017 com faturamento de US$ 6,2 bilhões, um crescimento de 13% sobre 2016. Para 2018, a estimativa da Abiec é de faturamento de US$ 6,9 bilhões - uma expansão que supera 10%.

Apesar de a JBS ter perdido momentaneamente mercado para concorrentes como a Minerva - que chegou a reabrir frigoríficos em Mato Grosso para atender à nova demanda -, a JBS recuperou aos poucos a confiança dos fornecedores de boi gordo. Isso ocorreu apesar de a empresa ter começado a pagar os bois a prazo, e não mais à vista, como costumava fazer.

No início deste mês, o presidente global de operações da JBS, Gilberto Tomazoni, reconheceu que o pagamento a prazo fez com que o grupo perder espaço. "Isso causou uma restrição no volume de abates que podíamos ter, mas mantivemos a capacidade instalada, não fechamos nossas fábricas", disse.

Diretor da Scot Consultoria, Alcides Torres diz que a continuidade das operações da JBS, a despeito do noticiário intenso, trouxe segurança ao setor de carnes. Ele lembrou que a J&F trabalhou intensamente na venda de ativos, para se capitalizar. "Temos de reconhecer, eles fizeram um trabalho extraordinário de convencimento junto ao setor produtivo", disse Torres.

Alerta. Apesar de ter se recuperado, o JP Morgan ressalva que a JBS não está livre de turbulências. Por isso, a recomendação para a ação é "neutra". O banco lembra que, no primeiro trimestre, auditores e autoridades devem abrir dados sobre passivos da JBS. A empresa pode ser obrigada a pagar mais impostos e a rever valores de seus ativos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O Conselho de Administração da JBS aprovou o orçamento da empresa para 2018, segundo ata de reunião divulgada nesta terça-feira, 26. Além disso, o colegiado deu aval para o calendário de reuniões de 2018 e autorizou a alienação de ações mantidas em tesouraria pela companhia, no montante de 3.018.203 papéis ordinários, aos beneficiários do Plano de Opção.

Na mesma reunião, foram aprovados os Informes de Resultados do 2º e 3º trimestres. O presidente do conselho da JBS, Jeremiah Alphonsus OCallaghan, informou aos demais conselheiros que a BDO RCS Auditores Independentes decidiu emitir os relatórios de revisão relativos às informações do segundo e terceiro trimestre registrando sua abstenção de opinião.

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Na sexta-feira, 22, a JBS informou em fato relevante que disponibilizou os balanços do segundo e terceiro trimestres de 2017 acompanhados do relatório de revisão emitido pela BDO RCS Auditores Independentes, com abstenção de conclusão sobre as informações contábeis intermediárias individuais e consolidadas. O lucro e o Ebitda dos balanços foram mantidos.

Na ata, o presidente do conselho leu os fundamentos apresentados pela BDO para a referida abstenção de opinião, destacando que o auditor independente não indicou qualquer incongruência nos números da companhia nem a omissão de informações solicitadas, mas apenas ressaltou que as investigações internas relativas ao Acordo de Leniência ainda em curso poderiam, eventualmente, trazer impactos para a contabilidade da empresa.

A JBS reiterou também, no fato relevante de sexta-feira, que suas subsidiárias no exterior (JBS USA, incluindo Canadá e Austrália, PPC e Moy Park) obtiveram relatório de revisão sem ressalvas emitidos por seus respectivos auditores independentes. A receita líquida dessas subsidiárias, em conjunto, representa aproximadamente 75% da receita líquida consolidada da companhia.

A Procuradoria-Geral da República (PGR) entrou nesta quarta-feira, 20, com recurso no Supremo Tribunal Federal (STF) contra decisão que negou o bloqueio de bens do senador Aécio Neves (PSDB-MG) e de Andrea Neves, sua irmã. Segundo a PGR, a medida busca garantir a reparação do dano moral coletivo decorrente da prática de corrupção passiva, além do pagamento de multa, sanções que podem ser aplicadas aos dois no fim da ação penal. Raquel Dodge, procuradora-geral da República, pede o bloqueio de R$ 7,4 milhões.

Aécio e Andrea foram denunciados pela PGR por terem solicitado e recebido R$ 2 milhões em propina pagos por Joesley Batista, da J&F. No inquérito, o senador também é acusado de obstrução da justiça, por tentar impedir as investigações da Operação Lava Jato.

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No âmbito de reparação de dano moral à sociedade pelos crimes praticados, a PGR requer o bloqueio conjunto de R$ 4 milhões em bens dos acusados. Já em relação à multa, que é aplicada individualmente, a procuradoria requer que a Justiça determine o bloqueio de R$ 1,7 milhão em bens de cada um dos denunciados.

O pedido inicial era para que fossem bloqueados R$ 4 milhões de cada um. No entanto, a PGR ajustou o valor, afirmando que o dano moral coletivo tem "caráter solidário" e deve ser pago de forma conjunta pelos denunciados.

No recurso, a PGR contesta parcialmente a decisão tomada em novembro pelo relator do inquérito, o ministro Marco Aurélio, que negou os pedidos de sequestro e arresto de bens. Na ocasião, o ministro entendeu que o sequestro de R$ 2 milhões relativos à propina recebida não era necessário, porque o valor já havia sido depositado em conta judicial. Marco Aurélio também negou o pedido de bloqueio de bens, sustentando não haver certeza dos crimes imputados aos denunciados.

"Ao contrário do que foi afirmado pela decisão agravada, dos termos da denúncia se extrai, claramente, a certeza da materialidade do crime de corrupção passiva e indícios robustos de sua autoria por parte de Aécio e Andrea Neves", diz trecho da petição de Dodge.

Defesa

Em nota, o advogado Alberto Zacharias Toron, que defende Aécio, afirmou: "Há cerca de um mês o ministro Marco Aurélio, do STF, negou o mesmo pedido da PGR destacando a ausência de certeza sobre os crimes imputados aos denunciados e o fato de que o valor de dois milhões mencionado já havia sido depositado em conta judicial. Reitere-se que os valores não se referem a recursos públicos, a recursos ilícitos ou a contrapartida de qualquer natureza.

Nesse sentido, a defesa do senador Aécio Neves recebe com surpresa a reiteração de um pedido já indeferido pelo STF por sua falta de embasamento jurídico e fático."

O ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), negou pedido do empresário Joesley Batista, da JBS, e do executivo Ricardo Saud, da J&F, que postulavam a revogação da prisão preventiva imposta a eles por suposta omissão de informações no acordo de delação premiada fechado com a Procuradoria-Geral da República. A decisão foi tomada nos autos Ação Cautelar (AC) 4352.

As informações foram divulgadas no site do Supremo. Joesley e Saud foram protagonistas, como delatores, do escândalo que mergulhou o governo Michel Temer em sua pior crise política.

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Fachin avaliou que a prisão preventiva "revela-se imprescindível como forma de resguardar a ordem pública, ameaçada pelo concreto risco da reiteração delitiva, bem como a instrução criminal, impedindo a destruição, alteração e ocultação de elementos de prova essenciais à elucidação de crimes".

De acordo com Fachin, "o cenário sobre o qual foram decretadas as custódias temporárias e preventivas dos executivos ainda aponta a propensão deles (Joesley e Saud) à reiteração delitiva, demonstrada não só pelas confissões constantes dos termos de depoimento prestados no acordo de colaboração premiada, cujos efeitos se encontram cautelarmente suspensos, nas quais afirmam a prática serial de delitos envolvendo destacadas autoridades da República, mas também no reconhecimento de indícios da prática do delito previsto no artigo 27-D da Lei 6.385/1976, em apuração perante o juízo da 6ª Vara Federal de São Paulo".

O dispositivo prevê como crime contra o mercado financeiro utilizar informação relevante de que tenha conhecimento - ainda não divulgada ao mercado -, "que seja capaz de propiciar, para si ou para outrem, vantagem indevida, mediante negociação, em nome próprio ou de terceiros, de valores mobiliários".

O relator destacou ainda que o motivo da prisão preventiva "não reside, exclusivamente, na omissão de fatos relevantes em sede de acordo de colaboração premiada, mas também nos fortes indícios de suposta participação na organização criminosa objeto de investigação nos Inquéritos (INQs) 3989, 4325, 4326 e 4327, tendo por requisitos a conveniência da instrução criminal e o concreto risco de reiteração delitiva".

Defesa

No pedido, a defesa de Joesley e Saud alega que a suposta má-fé na omissão de fatos no âmbito do acordo de colaboração premiada lhes foi atribuída pela Procuradoria-Geral da República "a partir de elementos entregues de forma voluntária".

A defesa argumenta que foram efetuadas medidas de busca e apreensão "em que nada foi apreendido, o que fragilizaria a suspeita da pretensão de ocultação de provas".

A procuradora-geral da República (PGR), Raquel Dodge, reiterou em manifestação enviada nesta segunda-feira, 18, ao Supremo Tribunal Federal (STF) o pedido para que a Corte homologue a rescisão de colaboração premiada de Joesley Batista e Ricardo Saud.

No documento, a PGR rebate as alegações que foram apresentadas ao STF pela defesa dos dois colaboradores, reiterando que os dois descumpriram cláusulas do acordo que haviam firmado com o Ministério Público Federal (MPF) em maio deste ano.

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O pedido descreve três episódios, em referência as irregularidades que vieram a público em setembro, por manifestação do então procurador-geral da República Rodrigo Janot. A PGR cita, então, a participação de Marcelo Miller como defensor dos interesses da J&F quando ainda era procurador da República, o pagamento de R$ 500 mil ao senador Ciro Nogueira (PP-PI) para mudar o posicionamento no caso do impeachment da então presidente Dilma Rousseff, e a existência de uma conta bancária no Paraguai em nome de Ricardo Saud.

O ex-procurador da República Marcello Miller, pivô no caso do suposto favorecimento do processo de delação dos executivos do Grupo J&F, foi liberado pela Ordem dos Advogados do Brasil do Rio (OAB-RJ) para voltar a advogar. Nesta quinta-feira, 14, a CPMI da JBS na Câmara dos Deputados aprovou o pedido de indiciamento de Miller em seu relatório final o acusando de atuar em favor do grupo.

No último dia 10, acabou o prazo de 90 dias de suspensão preventiva da carteira do ex-procurador, feita pelo Tribunal de Ética e Disciplina do órgão, no dia 13 de setembro. A proibição de advogar era uma espécie de medida cautelar, enquanto tramita o processo ético-disciplinar contra Miller na Ordem.

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Em nota, a OAB-RJ informou que "a suspensão preventiva da carteira de Marcello Miller terminou por força legal". "O prazo máximo previsto na Lei federal 8.906/1994 é de 90 dias. Importante ressaltar, porém, que o processo ético-disciplinar que apura todos os fatos ligados à conduta do advogado, com análise da perda definitiva do registro profissional, continua em paralelo à investigação policial e dentro do rigor exigido pelas normas da entidade", informou o órgão, por nota.

A Ordem acrescentou que o processo ético-disciplinar é sigiloso e ainda não há data definitiva para encerrar. Procurado, o advogado de Miller, André Perecmans, disse que não tem informações se Miller já voltou a atuar, ou se ele já tem algum cliente, por ser uma questão "da vida privada dele".

O processo da comissão de ética que analisa se Miller exerceu a advocacia enquanto atuava no Ministério Público Federal (MPF) foi aberto no dia 27 de junho, após o ex-procurador ter prestado esclarecimentos para o conselho.

Na ocasião, o presidente da ordem, Claudio Lamachia, havia dito que ordem entendeu que tinham elementos claros que poderiam levar a suspensão cautelar. "Espero que o processo, no âmbito da OAB, seja célere para que nós possamos ter efetivamente o esclarecimento sobre esse fato que, sem dúvida nenhuma, tem que ser apurado. A ordem, não só com esse profissional, mas com qualquer outro da advocacia, tem sido muito rigorosa com seus procedimentos éticos", disse, na ocasião.

Com os votos contrários dos deputados Delegado Francischini (SD-PR), João Gualberto (PSDB-BA) e Hugo Leal (PSB-RJ), a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CMPI) da JBS aprovou nesta quinta-feira (14) o relatório final elaborado pelo deputado Carlos Marun (PMDB-MS), que pede que o ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot e de seu ex-chefe de gabinete Eduardo Pelella, sejam investigados.

Alvo de muitas críticas em função do pedido de indiciamento de Rodrigo Janot e Eduardo Pelella, em uma primeira versão do relatório apresentada na terça-feira (12), Marun desistiu, e em vez de pedir o indiciamento, ele pediu que os dois sejam investigados pelo Ministério Público, inclusive com a quebra dos sigilos telefônico e telemático.

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Ao justificar o recuo, o futuro ministro da Secretaria de Governo, responsável pela articulação política de Temer, disse que refletiu e percebeu que não havia provas de materialidade concreta para enquadrar Janot e Pelella nos crimes de prevaricação, incitação à subversão e calúnia ou difamação do presidente da República.

No entanto, o relatório pede o indiciamento dos irmãos Wesley e Joesley Batista, do ex-executivo da JBS Ricardo Saud e do ex-procurador da República Marcelo Miller.

Carlos Marun também retirou do relatório o pedido que estava no sub-relatório do deputado Wadih Damous (PT-RJ) para a criação de uma nova CPMI para discutir a instituição de delações premiadas. Porém, o documento sugere que um projeto com o objetivo de rever as regras desse instrumento seja debatido no Congresso.

Com a aprovação do relatório final a CPMI encerra os trabalhos. As conclusões serão encaminhadas à Mesa do Congresso para que encaminhe o documento aos órgãos responsáveis, inclusive o Ministério Público, para as devidas providências.

A votação estava prevista para a última quarta-feira (13), mas as sessões do Congresso Nacional para apreciar vetos e votar o Orçamento de 2018 não permitiram. Pelo regimento interno das duas Casas, as comissões não podem deliberar se o plenário estiver na Ordem do Dia.

O ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), negou o pedido do senador Aécio Neves (PSDB-MG) de suspender prazo para apresentação de defesa em investigação que corre no Supremo. O tucano havia solicitado a suspensão na última segunda-feira (11), em inquérito que o investiga por corrupção passiva e obstrução de justiça.

A justificativa da defesa ao ministro relator do caso era de que precisavam ser anexadas aos autos do processo todas as gravações feitas pelos executivos da J&F, e que, até que isso seja feito, o prazo para apresentação da defesa deveria ficar suspenso.

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Para Marco Aurélio, a defesa prévia deve ser considerada a partir da denúncia e dos dados que a embasam. "Tem-se pedido contrário à organicidade do Direito. Destaque-se que, na fase própria, presente o curso natural de eventual processo-crime, poderão as defesas requerer diligências que entenderem pertinentes, ante o princípio da ampla defesa e do contraditório", disse o ministro ao negar a solicitação de Aécio.

Provas

Segundo os advogados, na petição feita na segunda-feira, desde que o inquérito foi instaurado, tornaram-se públicas várias outras provas que influenciaram o processo de investigação sobre Aécio, "seja porque dizem com (i)legalidade das gravações aqui utilizadas, seja porque relacionam-se com o seu mérito", dizia trecho do documento, referindo-se às suspeitas e acusações que rondam a delação premiada firmada entre os executivos da J&F e o Ministério Público Federal.

Aécio Neves responde, atualmente, a nove inquéritos no âmbito do STF. Este, em que o senador solicitava por mais prazo, foi originado por denúncia feita em junho deste ano pelo então procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que acusa o tucano de ter solicitado e recebido propina de R$ 2 milhões, além de atuar para impedir o avanço das investigações da Operação Lava Jato.

Aécio nega as acusações. Quando Janot apresentou a denúncia contra o senador, a defesa do tucano divulgou nota na qual lamentou o "açodamento" no processo e apontou que "diversas diligências de fundamental importância" não haviam sido realizadas à época.

Relatório da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPI Mista) da JBS apresentado nesta terça-feira (12) prevê o pedido de indiciamento da cúpula da Procuradoria-Geral da República (PGR), sob a gestão de Rodrigo Janot, e uma mudança na lei que trata de acordos de colaboração premiada. A proposta é que citados em colaboração sejam notificados quando o acordo for fechado, antes mesmo da homologação pelo Judiciário.

O indiciamento foi um pedido feito pelo relator da CPMI, deputado Carlos Marun (PMDB-MS), um dos mais ferrenhos defensores do presidente Michel Temer no Congresso e futuro ministro da Secretaria de Governo. Já proposta legislativa "para regulamentação da delação premiada" consta no relatório parcial elaborado pelo deputado Wadih Damous (PT-RJ), que deve ser anexado ao relatório final de Marun.

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Depois de protestos, um pedido de vista coletivo articulado por deputados do Solidariedade, PSB, PDT e PSDB interrompeu as discussões do relatório final. As divergências em torno do pedido de indiciamento provocaram bate-boca e troca de críticas no colegiado. O parecer pode ser votado hoje, mas parlamentares contrários ao texto de Marun querem apresentar uma versão alternativa.

No artigo 6º da proposta de regulamentação da lei de delação, Damous sugere que: "Concluídas as negociações sobre o acordo de delação premiada, o Ministério Público cientificará as pessoas delatadas, que terão o prazo de 15 dias para impugnar o acordo e juntar documentos comprobatórios". No artigo seguinte, o projeto estipula que depois dos 15 dias, o MP encaminhará a delação, junto com as impugnações, ao juiz para homologação."Quanto mais tempo o investigado tiver para produzir elementos comprobatórios melhor", disse Damous à reportagem.

A homologação do juiz é considerada crucial para que o acordo de delação possa ser usado em medidas de investigação - como pedidos de quebra de sigilo bancário e telefônico, buscas e apreensões ou prisões preventivas. A delação costuma ser mantida em sigilo para que evitar a retaliação ao delator e a destruição de provas.

A proposta incluída no relatório é considerada temerária por procuradores, que veem nisso uma tentativa de inviabilizar os acordos. A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (STF) não aceita a impugnação de acordos de delação pelos delatados. O projeto também estipula que só poderão firmar acordos de delação os investigados que estiverem em liberdade - presos, portanto, não poderiam lançar mão do instituto como instrumento de defesa.

Anulação

Outro ponto controverso no relatório é sobre o que fazer quando um acordo de delação é rescindido. Hoje, nesses casos, as provas e informações trazidas pelo colaborador ainda podem ser utilizadas em processos judiciais. A CPI Mista defende que "serão nulas todas as provas obtidas através do acordo de delação premiada rescindido". Nesse cenário, todas as informações prestadas e entregues pelo empresário Joesley Batista e pelo lobista Ricardo Saud, da JBS, inclusive as que apontam para crimes cometidos pelo presidente Michel Temer e seu grupo político, teriam que ser anuladas.

No pedido de indiciamento da ex-cúpula da PGR, Marun atribuiu três crimes ao ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot e seu ex-chefe de gabinete o procurador Eduardo Pelella: abuso de autoridade, prevaricação e incitação "à subversão da ordem política ou social", este último previsto na Lei de Segurança Nacional. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da JBS irá pedir o enquadramento do ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot na Lei de Segurança Nacional. A conclusão constará do parecer final do deputado Carlos Marun (PMDB-MS), relator da comissão, que será apresentado nesta terça-feira, 12.

Janot será alvo de pedido de indiciamento pelo item I do artigo 23, que trata da incitação "à subversão da ordem política ou social". Além de Janot, serão alvos de pedido de indiciamento o procurador da República Eduardo Pelella e o ex-procurador Marcello Miller.

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Segundo entendimento do relator, a cúpula da Procuradoria-Geral da República (PGR), ao firmar o acordo de delação premiada com executivos da JBS, tinha como objetivo depor o presidente da República, Michel Temer, e interferir no processo de sucessão de Janot no cargo.

O crime no qual Marun quer enquadrar o ex-PGR tem pena prevista de 1 a 4 anos de prisão. Além deste artigo, Janot pode ser acusado por outros crimes, ainda em avaliação. Principal integrante da tropa de choque de Temer no Congresso, Marun tomará posse como ministro da Secretaria de Governo na quinta-feira, 14. Ele pretende conseguir aprovar o relatório antes desta data.

A escolha de Marun para a relatoria foi alvo de protesto por alguns parlamentares, que enxergavam na indicação uma forma de o Planalto interferir nos trabalhos, com foco nos investigadores e poupando políticos. Nenhum dos delatados pela JBS foi chamado para prestar depoimento nos quatro meses de CPMI.

Caso aprovado, o relatório de Marun será encaminhado ao Ministério Público Federal, que pode ou não tomar as providências indicadas. Como adiantou o jornal O Estado de S. Paulo na semana passada, a CPMI concluirá que a equipe de Janot orientou as gravações de conversas de Temer e do senador Aécio Neves (PSDB-MG), ambos implicados nas delações dos irmãos Wesley e Joesley Batista, do Grupo J&F.

'Maluquice'

Sub-relatores da CPMI, os deputados Fernando Francischini (SD-PR) e Hugo Leal (PSB-RJ), porém, pretendem apresentar um relatório paralelo para contrapor o texto de Marun. "Vamos disputar no voto. O indiciamento do Janot e do Pelella é uma maluquice. Não ouvir os políticos citados e investigados também. Não concordamos com nada que está sendo feito", disse Francischini.

Segundo ele, o relatório paralelo será "técnico" e não incluirá pedidos de indiciamentos. "A ideia é encaminhar tudo que produzimos, como quebras de sigilos, para a PF e para o MPF continuarem as investigações. Isso salva um pouco a CPI", disse Francischini, que admite falta de tempo para que a comissão chegasse a alguma conclusão.

A estratégia para derrotar o relatório de Marun também passa por um pedido de vista na comissão. Campeão de requerimentos apresentados na comissão, o deputado Izalci Lucas (PSDB-DF) já adiantou que pedirá mais prazo para analisar o relatório. "Não tem lógica encerrar o negócio a essa altura do campeonato. Se o Marun vai assumir alguma coisa, alguém teria que substituí-lo", disse Izalci, que defende a prorrogação do prazo de encerramento da CPMI.

Segundo apurou o Broadcast, serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado, a movimentação da ala descontente com o relatório de Marun tem o aval do presidente da CPMI, Ataídes Oliveira (PSDB-TO), que tem se incomodado com as críticas de que a comissão serviu como espécie de "vingança" contra os responsáveis por investigar o presidente Michel Temer.

O delegado da Receita Federal Guilherme Bibiani, da Delegacia Especial de Administração Tributária, em São Paulo, afirmou nesta segunda-feira, 11, que o Fisco vai passar um "pente-fino" nos ressarcimentos pagos à JBS.

A Operação Baixo Augusta deflagrada pela manhã investiga um esquema de propina de R$ 160 milhões para agilizar a liberação de créditos tributários de R$ 2 bilhões do Fisco para a JBS. Um auditor da Receita, Clóvis da Costa, seria um dos beneficiários dos pagamentos ilícitos.

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"Nós estamos avaliando se os ressarcimentos que foram reconhecidos para o Grupo JBS de fato são devidos. A coordenação central em Brasília está criando um grupo que vai submeter a pente-fino todos os procedimentos de ressarcimento e análise de direito creditório do grupo JBS", disse Bibiani.

Segundo o delegado da Receita, o montante de R$ 2 bilhões "é o total de direito creditório que foi solicitado pelo Grupo JBS para Receita". "Não quer dizer que esse quantitativo seja indevido. A partir de um percentual que a Receita Federal costuma apurar em situações semelhantes, é possível fazer essa inferência de que haja uma fraude no valor de centenas de milhões de reais ao menos", declarou.

A investigação teve início após o envio, pelo Supremo Tribunal Federal, de trechos do acordo de colaboração premiada firmado entre executivos da JBS e o Ministério Público Federal para a Justiça Federal de São Paulo, para apurar criminalmente condutas de investigados que não têm foro privilegiado.

Guilherme Bibiani relatou que a Corregedoria da Receita abriu um procedimento de invetigação "tão logo teve notícia de supostos ilícitos" envolvendo o auditor. A apuração tem parceria com a Polícia Federal e com o Ministério Público Federal.

"A Portaria da Corregedoria da Receita Federal instaurando o procedimento data de 22 de maio de 2017", afirmou. "Esse servidor fazia, não em caráter exclusivo, mas em caráter prevalente, as análises de PER/DCOMP (Pedido Eletrônico de Restituição, Ressarcimento ou Reembolso e Declaração de Compensação) de uma maneira geral, e mais especificamente de ressarcimentos, pedidos de ressarcimentos vinculados ao Grupo JBS, e as investigações conjuntas apuraram que o servidor possuía um patrimônio completamente incompatível com a renda inerente ao cargo", explicou.

Os créditos pagos à JBS, segundo o delegado da Receita, estão relacionados com pedidos de ressarcimento de PIS/Cofins. "Em princípio, esses créditos podem até ser devidos, mas normalmente eles não são analisados com a rapidez que a empresa pretende que eles sejam reconhecidos. A linha de investigação principal é que a agilidade na análise desses créditos tenha sido completamente fora dos padrões normais com auferimento de vantagem indevida pelo servidor da Receita Federal", relatou.

"Normalmente são vários meses para fazer uma análise, é uma análise contábil bastante complexa. Cada caso é um caso, não dá para se falar em tempo médio. O que dá para se falar é um tempo menor do que o normal para se fazerem as análises", disse.

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Marco Aurélio Mello, decretou a quebra de sigilo fiscal e bancário do senador Aécio Neves (PSDB). Período alcançado pela medida vai de 1ª janeiro de 2014 até 18 de maio deste ano, "a fim de rastrear a origem e o destino dos recursos supostamente ilícitos".

A quebra de sigilo se estende a outros investigados na Operação Patmos - suposta propina de R$ 2 milhões da JBS para o senador. São alvos da cautelar a irmã e o primo do tucano, Andrea Neves e Frederico Pacheco, o assessor do senador Zezé Perrella (PMDB-MG), Mendherson Souza, e as empresas Tapera e ENM Auditoria e Consultoria.

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De acordo com as investigações, o senador teria acertado supostas propinas de R$ 2 milhões com os executivos Joesley Batista e Ricardo Saud, da J&F.

Segundo o Ministério Público Federal, as primeiras tratativas teriam sido feitas pela irmã do tucano, Andréa Neves.

Em grampos, Aécio é flagrado indicando aos empresários seu primo, Frederico Pacheco para buscar os valores e comenta: "Tem que ser um que a gente mata antes de fazer delação".

Em ação controlada, a PF filmou o executivo Ricardo Saud entregando uma mala de dinheiro ao primo do senador, que teria repassado os valores a Mendherson Souza, assessor de Perrella.

Dinheiro vivo foi encontrado na casa da sogra de Mendherson e dados do Coaf informam que a empresa Tapera, pertencente ao senador peemedebista, teria feito transações atípicas. Para os investigadores, o valor é relacionado ao pagamento de supostas propinas.

Defesa

O criminalista Alberto Zacharias Toron, que defende o senador Aécio Neves, disse que a medida tomada pelo ministro Marco Aurélio Mello "é absolutamente normal na fase de inquérito".

"É preciso destacar que o senador sempre se colocou à disposição da Justiça e dos investigadores", enfatizou Toron. "O senador sempre colocou à disposição seus sigilos bancário e fiscal. Não nos causa nenhuma estranheza essa decisão", reafirmou o criminalista. "Os sigilos do senador estão à disposição da Justiça para serem devidamente escrutinados."

Alberto Zacharias Toron disse que considera "salutar" a quebra do sigilo decretada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal. "Aécio nunca se esquivou de fornecer esses dados. Assim, achamos mesmo salutar a medida do ministro Marco Aurélio. Na avaliação de Toron, o afastamento de dados bancários e fiscais "é natural em uma investigação".

O ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu afastar medidas cautelares que haviam sido impostas à irmã do senador Aécio Neves (PSDB-MG), Andrea Neves, a Frederico Pacheco de Madeiros, primo dele, e a Mendherson Souza Lima, ex-assessor parlamentar de Zezé Perrella (PMDB-MG).

Em junho deste ano, a Primeira Turma do STF decidiu remover a prisão preventiva e aplicar a prisão domiciliar em relação aos três. Ao STF, Mendherson alegou excesso de prazo da custódia preventiva, que já perduraria por 183 dias.

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Frederico Pacheco, por sua vez, apontou excesso de prazo na prisão domiciliar, que se estenderia por mais de seis meses, sem que se tenha instaurado o processo-crime. Frederico também alegou às autoridades a necessidade de trabalhar e de comparecer a uma fazenda na região do município João Pinheiro (MG), onde se dedica a "empreendimentos florestais, cafeicultura e loteamentos urbanos".

Na sessão de junho, além da prisão domiciliar e do monitoramento eletrônico, a Primeira Turma do STF proibiu os três de manterem contato com os demais investigações e de ausentar do País sem prévia autorização do Supremo, com obrigação de entregar os passaportes. Marco Aurélio decidiu afastar todas as medidas cautelares aplicadas ao trio.

"Tem-se medidas a revelarem constrições projetadas no tempo, incluindo o recolhimento domiciliar, o qual ganha contornos de prisão mitigada. A par desse dado, verifica-se que a denúncia, quanto aos requerentes, ficou restrita à corrupção passiva em coautoria", escreveu Marco Aurélio Mello em sua decisão, assinada no último sábado (2).

"Afasto as medidas implementadas. Devem os requerentes indicar as residências detidas - caso ainda não o tenham feito -, nelas permanecendo, informar eventual transferência, atender aos chamamentos judiciais e adotar a postura que se aguarda do homem médio, integrado à sociedade", decidiu o ministro.

O relator da CPI Mista da JBS, deputado Carlos Marun (PMDB-MS), afirmou que está "convencido" de que a Procuradoria-Geral da República (PGR), sob o comando de Rodrigo Janot, orientou as gravações de conversas do presidente da República, Michel Temer, e do senador Aécio Neves (PSDB-MG), ambos implicados nas delações dos irmãos Wesley e Joesley Batista, do Grupo J&F. A conclusão estará em seu relatório final, que deve ser apresentado na próxima semana.

No seu parecer, Marun vai argumentar que a atuação dos procuradores do Ministério Público Federal (MPF) tinha o objetivo de depor o presidente para interferir no processo de sucessão de Janot no cargo. "Diante dos autos da comissão, tenho a convicção de que foram orientadas estas gravações, especialmente a do presidente Michel Temer e a do senador Aécio Neves. Foram orientadas pelo procurador Eduardo Pelella, chefe de gabinete e homem de extrema confiança do procurador Janot", afirmou Marun.

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"Também tenho a convicção de que se estabeleceu uma tentativa de derrubar o presidente da República, com vistas ao controle da sua própria sucessão. Isso tudo deve permear meu relatório", disse o parlamentar, um dos principais defensores de Temer no Congresso e cotado para assumir a Secretaria de Governo. Pelella informou que não iria se manifestar e Janot não respondeu.

O relatório final de Marun deve ser votado ainda neste mês. O fim dos trabalhos da comissão confirma as expectativas iniciais de que a CPI Mista seria usada pelo Congresso como instrumento de retaliação da base aliada contra Janot. O presidente da CPI Mista, senador Ataídes Oliveira (PSDB-TO), falava que a comissão também iria se debruçar sobre as denúncias de compra de parlamentares.

Nesta quarta, Ataídes admitiu o "esvaziamento total" do colegiado. "Eu concordo que ficará manco esse relatório porque não conseguimos fechar o circuito, que era realmente ouvir os políticos", disse.

Dos 68 membros da comissão, somente cinco apareceram na reunião desta quarta-feira, 6, para votar requerimentos que tratavam da convocação dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff (PT), o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles (PSD), e os ex-ministros Guido Mantega, Antonio Palocci e Geddel Vieira Lima. A sessão não obteve quórum mínimo para a abertura dos trabalhos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Seara Alimentos, empresa que pertence ao grupo JBS, está sendo processada e pode ser multada em mais de R$ 29 milhões por mais de 50 acidentes que levaram até à morte de dois funcionários por irregularidades trabalhistas. De acordo com Ministério Público do Trabalho (MPT) da Bahia, o caso é muito grave, envolvendo até a queda de um funcionário em água aquecida a 90ºC por falta de equipamento de proteção. 

A unidade de São Gonçalo dos Campos, no interior da Bahia, é investigada pelo MPT pelo descumprimento de leis trabalhistas de saúde e segurança ao longo de anos. De acordo com o órgão, esta atitude levou à ocorrência de acidentes que resultaram em duas mortes, além de fraturas, traumas, queimaduras, perda de visão, esmagamento e contusão. 

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A primeira investigação se deu no ano de 2008, após a empregada Janete Gomes de Souza sofrer acidente enquanto manejava um equipamento sem capacitação e proteções devidas, resultando em uma lesão na cabeça. Em 2013 ocorreu o acidente que levou à morte de Valmir Nascimento Fernandes, que trabalhava no elevador quando foi imprensado. No ano passado, Osmar Brandão Cazumbá estava limpando uma máquina quando caiu e foi esmagado, vindo a óbito.

Segundo o gerente do Projeto Nacional Frigoríficos, do MPT, o procurador Sandro Sardá, os acidentes ocorrem devido à atitude da empresa de submeter os empregados a jornadas de trabalho exaustivas e noturnas além do que a lei permite, potencializando os riscos de doenças e acidentes. 

Tentativas de acordo

O MPT afirma que apresentou, na última quinta-feira (30) uma ação civil pública à Justiça do Trabalho após várias tentativas mal sucedidas de firmar um Termo de Ajuste de Conduta (TAC). O objetivo do ministério ao tentar estabelecer um acordo era que a Seara se comprometesse a regularizar o seu ambiente de trabalho sem a necessidade da abertura de um processo judicial. 

O MPT afirma, no entanto, que o Grupo JBS afirmava que a assinatura do termo não seria possível. De acordo com a procuradora Silvia Valença, depois de tentar chegar a um acordo oito vezes a investigação não poderia mais ser aumentada diante da gravidade do caso. A primeira audiência sobre o caso está marcada para o próximo dia 31 de janeiro. 

Processo 

O Ministério Público do Trabalho (MPT) pede que a justiça conceda uma liminar contra a Seara Alimentos e o Grupo JBS, obrigando a empresa a regularizar a situação trabalhista e a realizar exames médicos com funcionários expostos a material de risco e altos níveis de ruído.  Além disso, o MPT também pede que a justiça fixe uma multa de R$10 mil e R$100 mil por cada um dos 25 itens do processo e uma multa de R$ 29 milhões por danos morais coletivos. 

*Com informações do MPT

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Em depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da JBS na manhã desta quarta-feira, 29, o ex-procurador Marcelo Miller classificou de "disparate completo" o pedido de prisão feito contra ele pelo ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot.

"Ele não tinha atribuição para pedir minha prisão porque eu não tinha foro privilegiado. Meu pedido de prisão foi feito para garantir a busca e apreensão na minha casa. Foi um disparate completo", afirmou Miller

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O ex-procurador é suspeito de ter feito "jogo duplo" ao supostamente beneficiar os colaboradores da JBS quando ainda ocupava cargo no Ministério Público Federal (MPF), à época sob o comando de Janot.

Miller desmentiu ainda que fosse "braço direito" do ex-PGR. "Há uma desinformação completa sobre minha relação com Rodrigo Janot. Nunca fui braço direito de Janot. Ele não tinha nenhuma predileção por mim. Ele me convocou por conta de um trabalho que eu tinha feito", afirmou.

Marcelo Miller voltou a criticar as declarações de Janot ao jornal O Estado de S. Paulo, de que ele teria agido por ganância. Isso porque deixou o cargo de procurador no Ministério Público Federal no dia de 5 de abril e foi trabalhar, na sequência, na empresa Trench, Rossi e Watanabe Advogados, que tinha justamente a J&F como cliente.

"Eu nunca agi por ganância. Óbvio que eu queria ganhar melhor, mas eu não estava querendo ser milionário. Janot foi infeliz em falar em ganância, ele me conhece", afirmou.

Miller disse, ainda, que fez uma avaliação da sua atuação junto à J&F, quando ainda era procurador do Ministério Público Federal (MPF), e percebeu um "erro brutal de avaliação" de sua parte. Questionado na CPMI sobre as tratativas que tinha com executivos do grupo, Miller admitiu "lambança" ao responder perguntas sobre o acordo de colaboração negociado pela empresa, mas negou que tenha cometido crime.

"De fato, eu comecei a ter contato com a J&F antes da delação acontecer. Respondia perguntas, refletia sobre o caso, e não estou negando nada disso. Fiz uma avaliação e não cometi crime, espero mesmo que apurem os fatos, mas eu cometi um erro brutal de avaliação. Eu fiz uma lambança", afirmou Miller aos parlamentares.

Apesar disso, o ex-procurador afirmou que não traiu o Ministério Público Federal ao trocar o órgão pela empresa Trench, Rossi e Watanabe Advogados, que tinha a J&F como cliente. "Eu não traí o MPF porque tudo o que eu incentivava a empresa a fazer era o que eu faria se estivesse no exercício de minha função (na PGR). É o que eu diria se estivesse numa sala de aula, é o que eu diria a um amigo. Eu incentivava a empresa a se remediar."

O ex-procurador foi convocado porque está no centro da crise que atingiu a Procuradoria-Geral da República (PGR). Ele é suspeito de atuar nos dois lados do balcão e orientar a J&F quando ainda era do Ministério Público Federal (MPF).

O ex-procurador Marcello Miller recebeu aproximadamente R$ 449 mil do escritório de advocacia Trench, Rossi e Watanabe Advogados, responsável pelo acordo de leniência da J&F, apenas três meses depois de deixar cargo no Ministério Público Federal. As informações constam de relatório elaborado pela assessoria técnica da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da JBS e foram divulgadas nesta terça-feira, 28, pelo presidente da comissão, senador Ataídes Oliveira (PSDB-TO).

Segundo o relatório, Miller recebeu pouco mais de R$ 277 mil no dia 30 de maio deste ano, a primeira transferência feita pelo escritório Trench, Rossi e Watanabe Advogados. Nessa época, o ex-procurador havia deixado o cargo que ocupava no MPF há quase dois meses. No dia 30 de julho, foi a vez de Miller receber mais R$ 171 mil do mesmo escritório, a segunda transferência registrada.

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Marcello Miller é suspeito de ter feito "jogo duplo" ao supostamente beneficiar os colaboradores da JBS na Procuradoria-Geral da República (PGR), à época sob o comando de Rodrigo Janot. Ele deixou o cargo de procurador no dia de 5 de abril e foi trabalhar justamente na empresa Trench, Rossi e Watanabe Advogados, que tinha a J&F como cliente. No total, foram 449 mil recebidos pelo procurador no período.

Documentos entregues à Procuradoria-Geral da República (PGR) também mostram que Marcello Miller teria atuado para o grupo J&F antes mesmo de se desligar do cargo de procurador da República. Em resposta, a assessoria de imprensa de Marcelo Miller informou que "os valores recebidos correspondem a parcelas contratuais ajustadas por escrito entre as partes". "A CPI terá tido meios de obter os instrumentos contratuais correlatos", afirmou por meio de nota.

Em nota, a Trench Rossi Watanabe informa que todos pagamentos feitos ao ex-procurador Marcello Miller se referem a parcelas estabelecidas em contrato e seguem os padrões do mercado.

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