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O deputado federal e vice-líder do Governo na Câmara, José Medeiros (PL), teve a conta do Twitter suspensa nessa terça-feira (8). Ele se une à lista de bolsonaristas cujos canais foram “retidos” por determinação legal. No perfil, há sinalização de que o motivo da medida é legal, mas não há detalhes justificando o processo.  

No Instagram, o parlamentar se disse vítima de “censura”. “A censura existe no Brasil. Querem calar os parlamentares e o povo brasileiro. O Estado Democrático está sob ataque”, afirmou. 

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As decisões recentes do Tribunal Superior Eleitoral tiveram como objetivo remover perfis e publicações que apoiavam os atos antidemocráticos ou apontavam supostas fraudes nas eleições. As medidas tiveram tanta repercussão que, no domingo (6), o empresário Elon Musk, novo CEO do Twitter, disse que analisará os casos de perfis censurados da rede social no Brasil. 

Nas redes sociais, políticos que apoiam Jair Bolsonaro (PL) criticaram as suspensões. Além de Medeiros, Carla Zambelli (PL-SP), Nikolas Ferreira (PL-MG), Gustavo Gayer (PL-GO), Major Vitor Hugo (PL-GO) e Coronel Tadeu (PL-SP) também tiveram as contas retidas pela mesma razão. Até esta quarta-feira (9), as decisões não tinham sido revertidas. 

Imagem: Reprodução/Twitter

O deputado disse ter protocolado um pedido de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) após a decisão judicial. Em vídeo publicado na conta do general Girão Monteiro, o parlamentar afirmou que o ministro Alexandre de Moraes, presidente do TSE, “passou de todos os limites”.  

 “Eu não cometi crime alguém. […] O que tem aí é uma ‘vendetta’. Ele [Moraes] deveria ter se declarado impedido pela ligação que ele tinha com um dos candidatos. Foi isso que eu disse. Agora, eu tenho o direito de dizer isso, assim como o ministro tem o direito de se expressar como ele quiser. Ele não pode me cercear”, disse José Medeiros. 

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou nesta quinta-feira, 18, a abertura de um inquérito para apurar se o deputado federal José Medeiros (Podemos-MT), vice-líder do governo Jair Bolsonaro na Câmara, cometeu crime de racismo em comentário no Twitter.

A decisão atendeu a um requerimento da Procuradoria-Geral da República (PGR), que acionou o tribunal pedindo autorização para instaurar a investigação. Moraes também determinou que o parlamentar seja ouvido dentro de dez dias e que a rede social seja notificada a manter registro da publicação.

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O comentário do deputado foi feito em fevereiro, quando a classe política se movimentava para abrir a CPI da Covid. Na ocasião, uma usuária defendeu a instalação da comissão parlamentar e o impeachment do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

"Mulamba… vai atrás de voto, na faixa não vai levar não", respondeu o deputado. O comentário causou reação dos próprios usuários, que acusaram o parlamentar de racismo e se mobilizaram pedindo que ele fosse denunciado pelo crime.

A PGR classificou a conduta do deputado como 'discriminatória e preconceituosa contra a comunidade negra'. O parecer enviado ao STF lembra que a expressão 'mulamba' remonta ao período da escravidão. "No cenário fático apresentado, verifica-se que a conduta praticada pelo deputado não estaria contida nos limites da liberdade de manifestação do pensamento, a qual não é revestida de caráter absoluto nem ilimitado", diz um trecho da manifestação enviada ao tribunal.

COM A PALAVRA, O DEPUTADO

A reportagem entrou em contato com a assessoria do deputado e ainda aguardava uma resposta até a publicação desta matéria. O espaço está aberto para manifestação.

Em um áudio que circula na internet desde a sexta-feira (21), o advogado José Roberto Feltrin, ex-assessor do deputado bolsonarista José Medeiros (Podemos-MT), responsabiliza o presidente Jair Bolsonaro e o próprio parlamentar para o qual trabalhava pelo avanço da Covid-19. Feltrin morreu na última terça-feira (18), na cidade de Rondonópolis, a 218 km de Cuiabá (MT), após complicações decorrentes do novo coronavírus.

O ex-assessor tinha atuado também no Senado e, durante a gravação, transparece uma intensa dificuldade para respirar. “Eu acho que não vou aguentar. Eu tô mal pra caramba. Tá feio, cara, estou mal. A culpa é desse capitão bunda suja que não providenciou vacina. Minha saturação despencou de ontem para hoje, acho que estou com Covid”, disse.

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Ainda durante o áudio, supostamente enviado pelo advogado para um amigo, ele afirma estar saindo de casa para ir ao hospital. “Eu vou no médico agora, mas estou com medo cara. É como se um filme tivesse passado na minha cabeça. Esse tal de (deputado José) Medeiros é responsável por tudo isso que está acontecendo com o povo brasileiro. Esses caras vêm apoiando esse governo genocida. Esses caras vêm sabotando a vacina desde o início… E ninguém faz nada na desgraça desse país maldito”, desabafou.

Em nota, o deputado José Medeiros lamentou a morte do assessor, além de descrevê-lo como “um grande amigo” e alguém de “inteligência rara”.

Ouça o áudio gravado por José Roberto Feltrin abaixo (o conteúdo não é recomendado para pessoas sensíveis).

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Morreu na noite da última sexta-feira (23) o fundador e presidente nacional do Partido Renovador Trabalhista Brasileiro (PRTB), Levy Fidelix, aos 69 anos, em São Paulo. Através de comunicado oficial, a diretoria do PRTB se despediu do político e prestou condolências à família nas redes sociais da sigla. A morte, que não teve causa divulgada oficialmente, repercutiu nas redes sociais entre políticos e apoiadores de Fidelix.

O vice-presidente do Brasil e colega de partido de Levy Fidelix, Hamilton Mourão, afirmou em uma rede social que o movimento conservador do país "perde um dos seus principais representantes".

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“Que o Nosso Senhor Jesus Cristo abençoe e conforte toda família. Ainda ressalto a pessoa do amigo Levi como cidadão brasileiro, chefe de família e um político com honestidade de propósitos. Homem batalhador e incansável por um Brasil cada vez melhor”, completou o general.

Também no seu perfil pessoal, o deputado federal e cofundador do Movimento Brasil Livre (MBL), Kim Kataguiri (Democratas-SP), relembrou a ida do político à sede do movimento, em 2018. Na publicação, ele cita as falas de Renan Santos, coordenador nacional do grupo liberal.

“Meus pêsames a todos os amigos e familiares. Levy deixará boas lembranças”, escreveu Kataguiri, e Santos completa: “Por fim, nos reencontramos em 2018. Levy foi à sede do MBL para gravar um teste do sofá com Arthur e Kim. Para relembrar os velhos tempos, repetimos o trenzinho de 15 anos antes. Essa é a memória que guardo dessa figura única que se foi”.

Onyx Lorenzoni, ministro da Secretaria-Geral da Presidência, foi mais uma personalidade política a lamentar o falecimento do “homem do aerotrem”. "Que Deus conforte o coração da família de Levy Fidelix e o receba em toda a sua bondade", publicou em uma rede social.

O deputado federal José Medeiros (Podemos-MT) e Rodrigo Manga (Republicanos-SP), prefeito da cidade de Sorocaba, também prestaram condolências à família Fidelix.

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A Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado da Câmara dos Deputados aprovou o confisco de bens e valores utilizados na prática de crimes sexuais contra crianças ou adolescentes. A pena também será aplicada para crime de tráfico de crianças e adolescentes.

O objetivo é permitir o pagamento de indenizações às vítimas e às suas famílias. A proposta prevê ainda a destinação do restante dos bens para o Fundo dos Direitos da Criança e do Adolescente.

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O Projeto de Lei 1882/19, do deputado José Medeiros (Pode-MT), altera o Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei 8069/90). Determina que o confisco poderá ser ordenado no curso da investigação e que será cassada a licença de estabelecimento cujo proprietário, gerente ou responsável seja condenado por autorizar a exploração ou tráfico de crianças e adolescentes.

O texto aprovado também estabelece pena de reclusão de 4 a 10 anos e multa a quem facilita práticas de crimes sexuais contra crianças e adolescente ou impede ou dificulta que a criança ou o adolescente as abandone.

Confisco de bens

O relator, deputado Luis Miranda (DEM-DF), avalia que a proposta amplia o rol de condutas que pode levar ao confisco de bens e inova ao estabelecer que parte dos recursos seja destinado à indenização das vítimas e famílias.

“Considerando que há no Brasil a atuação de diversas organizações criminosas, altamente estruturadas e organizadas, é necessário o estabelecimento de políticas criminais que coloquem à disposição do Estado instrumentos e infraestrutura adequados para a repressão e prevenção de crimes”, argumentou.

Tramitação

A proposta ainda será analisada pelas comissões de Seguridade Social e Família; e de Constituição e Justiça e de Cidadania antes de ser votada pelo Plenário.

*Da Agência Câmara Notícias

 

O deputado federal Marcelo Calero (Cidadania) chamou o ex-presidente Michel Temer (MDB) de “bandido” e “canalha” durante o debate de votação dos destaques da reforma da Previdência na Câmara dos Deputados. Calero foi ministro da Cultura no governo Temer, mas pediu demissão do comando da pasta após um imbróglio com o então ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima.

A fala de Calero foi em reação aos elogios que o deputado José Medeiros (Podemos) fez a Temer sobre o debate que iniciou no mandato dele em relação às mudanças nas regras da Previdência. 

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“É lamentável que a essa altura do campeonato a gente ouça um deputado defendendo ou fazendo elogios a Michel Temer, esse bandido, canalha, que já foi preso duas vezes”, disparou. 

“Eu sou testemunha da bandidagem de Michel Temer, amigo de Geddel Vieira Lima. Bandido, safado. O sujeito que queria que eu participasse de um esquema de corrupção para lavar dinheiro. Então é absurdo ouvir esse elogio nesta Casa. Isso é uma vergonha para o Brasil”, acrescentou o deputado. 

Segundo Calero, quando era ministro Geddel tentou pressioná-lo para que o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) autorizasse a construção de um empreendimento em Salvador. 

A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado pode votar ainda em março deste ano o projeto de lei (PLS 352/2017) que autoriza policiais militares, agentes das Forças Armadas ou do Exército a atirar em pessoas que estiverem segurando uma arma de uso restrito, ainda que a ação ocorra sem confrontos. Pelo texto, agentes de segurança pública poderão “abater”, sob legítima defesa, qualquer pessoa portando armamento ilegal. A proposta, apresentada em setembro de 2017, é de autoria do senador José Medeiros (PODE- MT) e nas redes sociais foi apelidada pelo político de “Lei do abate”.

Caso seja aprovada em Brasília, a ementa irá alterar o Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 e tratará o fato como legítima defesa. Na legislação atual, o Código Penal entende que o agente pode provar que agiu para se defender quando há reação. Mas, caso sejam comprovados excessos, deverá responder judicialmente pelo fato. Em uma enquete feita no site do Senado, a proposta do senador tem ampla maioria favorável. Até o dia 19 de março, foram mais de 33 mil votos computados. Desses, 32.175 votaram a favor do PL e apenas 1.055 contra.

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O senador foi policial rodoviário federal por 23 anos e para aprovar a mudança no Código Penal brasileiro defenda que a medida é um instrumento importante e legal para garantir que os agentes de segurança pública do país possam reagir “à altura da bandidagem”.

“Foi se criando um consenso que pode ter um verdadeiro exército de pessoas com fuzis e a polícia não pode fazer nada. Se o agente fizer, corre risco de ser punido e preso. Temos que dar instrumentos para que eles se sintam protegidos em proteger a sociedade. A segurança pública tem sido tema de discussão em tudo quanto é roda. O cidadão está percebendo que não tem mais aquela barreira que o protegia. (...) Precisamos deixar de ser ingênuos: bandidos não têm dó, não têm a menor cerimônia de acabar com a vida daqueles que tentam nos proteger. Senão daqui a uns dias, os policiais simplesmente vão cruzar os braços e nós vamos ficar totalmente à mercê da bandidagem”, disse o senador.

O relator, senador Wilder Morais (PP-GO), pediu urgência na aprovação do PL e defendeu que os agentes de segurança pública devem ter o controle das ruas e vencer as organizações criminosas. “É preciso que que haja liberdade para alvejar o oponente com ato ou mesmo intenção hostil, ainda que a distância. Com isto, rapidamente o sujeito ilicitamente armado é retirado das ruas, dando a liberdade necessária para que os militares possam trazer a paz à população afetada”, diz no relatório.

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Um dos pontos relembrados por pessoas que não aprovam a mudança na legislação é o caso de Hélio Barreira Ribeiro, que ganhou notoriedade nacional após ser morto por segurar uma furadeira. No dia 19 de maio de 2010, o cabo Leonardo Albarello, do Batalhão de Operações Especiais (Bope), confundiu o objeto de construção civil com uma arma e matou Hélio por engano no Morro do Andaraí, na Zona Norte do Rio de Janeiro.

Em 2012, o policial foi absolvido das acusações de homicídio por ter atirado e matado Hélio durante uma operação policial no Rio. Segundo diz o juiz em sua sentença, "deve ser ressaltado que a distância, a influência dos raios solares e a presença de vasos do tipo xaxim pendurados no terraço não permitiam que o acusado tivesse certeza na identificação do objeto que Hélio segurava."

De acordo com o Anuário Brasileiro da Segurança Pública, o Brasil registrou 61,6 mil mortes violentas em 2016. O número, que contabiliza latrocínios, homicídios e lesões seguidas de morte, representa um crescimento de 3,8% em comparação com 2015, sendo o maior patamar da história do país.

Nesse mesmo ano, a pesquisa constatou ter sido também o ano mais violento das polícias no país. As corporações foram responsáveis por 4.224 óbitos registrados durante operações, uma alta de 25,8% em relação a 2015 (quando houve 3,3 mil casos). Por outro lado, o assassinato de policiais também está em alta. A pesquisa do Fórum ainda mostrou que a quantidade de policiais assassinados cresceu. Ao todo, 437 foram vítimas de homicídio em 2016, aumento anual de 17,5%.

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Projeto de lei pode mudar a forma da polícia agir

No meio de uma onda de violência no Brasil, principalmente no Rio de Janeiro, o LeiaJá ouviu especialistas em segurança pública que analisaram o avanço da proposta de Medeiros traçando um paralelo com a situação social e democrática do país. Pesquisador do Instituto de Estudos Comparados em Administração de Conflitos da Universidade Federal Fluminense (InEAC/UFF) e professor do Departamento de Segurança Pública da instituição, Lenin Pires avalia certa incoerência na proposta do senador e ao contrário de deter a onda de violência que atemoriza o Brasil, pode incrementá-la. Para o estudioso, a medida parece instituir-se com base em alguns absurdos.

“Como numa espécie de 'minority report' dos trópicos, parece querer adivinhar que todos aqueles que se armam irão, inexoravelmente, matar qualquer pessoa na sociedade e, para evitá-lo, concedem uma 'licença para matar' sem prazo de validade. Isso, somado ao ideário da chamada 'guerra às drogas', tem o potencial de fazer com que as insensatas incursões em favelas ou outras regiões aonde grupos armados se estabelecem no domínio do território, se tornem uma carnificina sem precedentes”.

Lenin entende que o PL não só banaliza o uso letal da força, como também a vida. “O projeto tenta, a meu ver, dar celeridade aos processos interpretativos do que se conhece por 'legítima defesa putativa'. Ou seja, já existe um instituto jurídico que possibilita aos policiais fundamentarem uma eventual ocorrência com letalidade enquanto resultado de uma legítima defesa, em função das características de um lugar ou pela existência de armas de grande poder letal nas mão de indivíduos que resistam a aplicação da lei. O que ocorre, porém, é que essa medida busca mitigar a interpretação judicial e resumir na existência de um diacrítico - a arma - a necessária argumentação para o uso letal da força”.

O pesquisador da UFF entende que decretar antecipadamente as mortes de indivíduos não seja a medida adequada. “Sem contar que há uma possibilidade de que as chamadas 'balas perdidas' se multipliquem aos borbotões. Há também a implicação de enfraquecimento do poder limitador da Justiça sobre os servidores públicos a quem são confiados o uso legítima da força e que, como sabemos, potencialmente podem particularizá-la para obter dividendos pessoais ou corporativos. É o que o sociólogo carioca Michel Misse chama de 'mercadoria política', pois o uso ou não dessa força letal particularizada é negociada de diferentes formas. Seja para que a morte não sobrevenha sobre um indivíduo criminoso, seja para que ela se direcione a um adversário com que se disputa os nichos de mercado de armas e drogas ilícitas, por exemplo”.

(Atualmente, o Código Penal livra quem provar que agiu em legítima defesa. Foto: Agência Brasil)

"O abatimento de suspeitos só se manifestará em áreas sociais muito específicas, geralmente lugares nos quais o Estado Brasileiro não chega com políticas públicas garantidoras de direitos, mas apenas com a sua força coercitiva" - Isaac Luna

Na visão do professor de criminologia no curso de Direito do Centro Universitário da FG, Isaac Luna, a proposta parece estar dentro do campo de “emergência penal” e, nesse caso mais especificamente, muito próximo de uma “legislação penal excepcional de guerra”. “O pano de fundo que embasa essas concepções é a de que o desejo legítimo de toda a população de controle da violência somente se concretizará se o Estado agir com mais violência ainda em face do suspeito ou do criminoso (real ou potencial), para intimidá-lo ou mesmo retirá-lo definitivamente de circulação”.

A atual Carta Magna, dita Constituição Cidadã, estabelece no seu artigo 5º a proibição de julgamentos ou tribunais de exceção (XXXVII), a vedação da pena de morte (XLVII, a), o direito à presunção de inocência (LVII), ao contraditória e ampla defesa (LV), bem como a garantia de que ninguém será julgado ou sentenciado senão pela autoridade competente (LIII). “Em uma primeira análise da questão, parece-nos que uma eventual autorização para um agente do Estado 'abater' um indivíduo brasileiro amparado por um juízo de presunção, viola contundentemente todos os dispositivos constitucionais acima citados, pelo menos”.

O especialista em criminologia não acredita em garantias positivas caso a proposta seja aprovada. “É muito difícil acreditar que a diminuição de direitos e garantias do indivíduo e aumento do poder punitivo do Estado, inclusive com entrega de uma carta-branca a agentes estatais para abater cidadãos presumidos perigosos, possa resultar em algo estruturalmente melhor para a sociedade - isso se estamos considerando que tal debate se dá no campo do republicanismo, do constitucionalismo e da democracia”.

Para ele, a ideia de inimigo, que em grande medida orienta parte do discurso dos que sustentam a tese de aprovação do PL, não tem amparo constitucional. “Não é possível, portanto, sob uma perspectiva constitucional, legal ou democrática, separar a população brasileira entre cidadão e inimigos e, com base nisso, propor o extermínio desses últimos como solução para a crise da segurança pública. Esse tipo de mudança proposta pelo PL somente pode ocorrer se for admitida a existência de um estado de exceção permanente em nosso país, uma suspensão de direitos é uma anormalidade democrática. Não dá para fazer isso e dizer que vai tudo bem com a democracia, as instituições e que a Constituição continua sendo o documento jurídico-político que fundamenta e formata a existência do Estado Brasileiro”.

Isaac avalia também que os caminhos deveriam ser outros. “Há mais de três décadas, a propósito, estamos insistindo na criação de leis penais mais severas como estratégia para combater a criminalidade, reduzindo o debate da segurança pública a questões de política criminal e repressão policial. Qual tem sido o resultado disso até agora? Devemos aumentar a dose do 'remédio amargo' até agora utilizado, ou será que o momento é de rever a prescrição e considerar outras formas de tratar o problema”?

“Quem será abatido? São de fato esses indivíduos 'abatíveis' que dão sustentação a violência e a criminalidade em nossa sociedade? O abatimento de suspeitos só se manifestará em áreas sociais muito específicas, geralmente lugares nos quais o Estado Brasileiro não chega com políticas públicas garantidoras de direitos, mas apenas com a sua força coercitiva. Principalmente em tais lugares e condições crianças e jovens são facilmente cooptadas pelo crime e certamente serão usados como transportadores ou portadores de armas. Quantas delas poderão serão abatidas em nome da construção de uma sociedade melhor? Quantos indivíduos inocentes confundidos presumidamente com bandidos deverão ser exterminados para garantir a “paz social”?

De acordo com o professor, o projeto de lei que autoriza o abate do cidadão suspeito inclusive a distância, viola até mesmo a norma de guerra. “Não estamos em estado de guerra com ou outros países, nos defendendo de uma ameaça externa, mas mesmo se estivéssemos, estaríamos submetidos a Convenção de Genebra (Decreto nº 849, de 25 de junho de 1993), também conhecida como 'lei da guerra', através da qual as partes em conflito estão comprometidas a atuarem dentro de alguns limites. O artigo 41 da Convenção estabelece, por exemplo, a proibição de atirar no inimigo fora de combate”.

“Penso que não se faz uma sociedade melhor apostando na diminuição de direitos, na normalização de leis de exceção e na naturalização do extermínio de nacionais pelo próprio Estado. Acreditar que essas coisas são boas ou desejáveis parece, pelo menos em um juízo minimamente republicano, democrático, racional e humanista, sinal de que precisamos, com as devidas cautela, responsabilidade e urgência que a questão exige, refletir sobre o nosso atual estágio civilizatório”.

A eleição para presidente do Senado acontece nesta quarta-feira (1º) e as inscrições para vaga são permitidas até o início da sessão, previsto para 16h. A tendência é que dois candidatos disputem o cargo: Eunício Oliveira (PMDB-CE) e José Medeiros (PSD-MT). Conheça um pouco mais sobre cada candidato:

Eunício Oliveira
Favorito para ficar com a vaga, o peemedebista conta com o apoio de seus correligionários – o PMDB tem 19 senadores – e de partidos da base aliada. Tradicionalmente, o partido com a maior bancada da Casa consegue emplacar o presidente.

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Líder do PMDB, Eunício é senador desde 2011. Antes, havia sido deputado federal em três legislaturas (de 1999 a 2010). Na Câmara, ele foi líder do PMDB entre 2003 e 2004 e vice-líder do partido em diversas oportunidades. Em 2004, foi ministro das Comunicações, cargo que ocupou até 2005.

Faltando um dia para as eleições, Eunício ainda não lançou oficialmente a campanha para presidente do Senado. Ou seja, ele ainda não tem uma plataforma e sequer se pronunciou sobre o que deseja fazer quando assumir o cargo.

José Medeiros

O anúncio da candidatura de José Medeiros foi feito no dia 19 de janeiro, mesmo dia do acidente que matou o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Teori Zavascki. Naquele dia, Medeiros chamou mais atenção por uma postagem no Twitter do que pelo anúncio da candidatura.

Ele soube, em primeira mão, que Teori poderia estar entre as vítimas do acidente e publicou o seguinte: “Não vou antecipar furo porque não sou jornalista mas o Jornal Nacional hoje trará uma bomba de forte impacto no Brasil, envolvendo STF”. Horas depois, a morte do ministro foi confirmada.

Se o dia do anúncio da candidatura foi bombástico, o mesmo não se pode dizer da candidatura em si. Sem o apoio da maioria dos senadores, Medeiros faz campanha pela democracia: “um grupo de senadores colocou uma candidatura à presidência do Senado porque só tinha uma. A gente sente que o anseio das ruas é que o Senado seja radicalmente democrático. E para fazer democracia é preciso fazer uma eleição”, afirmou em vídeo publicado na sua página do Facebook.

Medeiros tem uma curta trajetória no Senado. Ele era suplente do então senador Pedro Taques e chegou à Casa depois que o titular venceu a disputa para o governo de Mato Grosso, em 2015. No ano passado, depois que Temer assumiu a presidência da República, Medeiros se tornou vice-líder do governo na Casa. Entre as comissões que Medeiros participou está a do impeachment da presidente Dilma Rousseff.

Os rumos do Senado para o biênio 2017-2018 serão definidos na próxima quarta-feira (1º), quando os senadores escolhem quem presidirá a Casa durante o período. A votação, marcada para às 16h, será conduzida pelo atual presidente, Renan Calheiros (PMDB-AL). Até o momento, a disputa será entre os senadores Eunício Oliveira (PMDB-CE), candidato do governo, e José Medeiros (PSD-MT), nome indicado pela oposição. 

Outras candidaturas ao cargo podem ser apresentadas até no momento da sessão. Tradicionalmente, o partido com a maior bancada fica com a presidência da Casa, mas são comuns candidaturas alternativas. Nas últimas quatro eleições, por exemplo, o indicado do PMDB, que contava e ainda conta com o maior número de senadores, saiu vencedor.

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Em 2015, Renan Calheiros (PMDB-AL) venceu a disputa contra o ex-senador Luiz Henrique, também do PMDB. Seu colega de partido se lançou na disputa com apoio do DEM, do PSDB e de outras legendas. Dois anos antes, Renan foi eleito ao derrotar o então senador Pedro Taques (PDT-MT).

Em 2011, José Sarney (PMDB-AP) saiu vencedor no pleito contra Randolfe Rodrigues (REDE-AP), então no PSOL.  Sarney era o presidente em exercício da Casa e vinha de uma vitória em 2009 contra Tião Viana (PT).

Trâmites da votação

Para dar início à eleição é necessária a presença de 41 senadores em Plenário. Ao longo do processo de votação não há possibilidade de discursos ou apartes, a não ser para intervenções relacionadas ao assunto ou para que os próprios candidatos defendam suas candidaturas.

Em caso de candidatura única, a votação, secreta, se dá no painel eletrônico do Senado. Para disputas com mais de um candidato há duas opções: utilizar a urna eletrônica, como ocorre nas comissões da Casa; ou cédulas de papel, com os nomes de todos os postulantes à vaga.

Neste caso, cada senador recebe uma cédula de votação, devidamente rubricada pelo presidente, marca seu escolhido e deposita a cédula na urna de votações.

Mesa Diretora

A composição da Mesa Diretora também deve ser votada no dia 1º. De acordo com a Constituição, os cargos devem ser distribuídos a partir da representatividade eleitoral dos partidos ou blocos parlamentares que participam da Casa. São sete os cargos na Mesa que se somam às quatro vagas de suplente. Quanto maior for a bancada de um partido, mais importantes serão os cargos à sua disposição.

Com base na proporcionalidade e na composição partidária mais recente do Senado, a escolha dos cargos, em rol que inclui a presidência da Casa, será exercida pelos partidos na seguinte ordem: PMDB (que terá direito a escolher a Presidência, a 2ª vice-presidência e a 1ª suplência); PSDB (1ª vice-presidência e 4ª secretaria); PT (1ª secretaria); PP (2ª secretaria); PSB (3ª secretaria); PR (2ª suplência); PSD (2ª suplência); e DEM (2ª suplência). Com bancada formada por menos de quatro senadores, outros nove partidos ficam inaptos para pleitear cargos.

Outra hipótese seria calcular a proporcionalidade considerando as bancadas pelos seus quantitativos à data da diplomação, segundo regra do Regimento Interno do Senado que também confirma o princípio da representatividade partidária. Nesse caso, valerá a composição da Casa no início da atual Legislatura, a 55ª, referente ao quadriênio 2015-2018.

De acordo com o Regimento Interno, a ordem de escolha ficaria assim estabelecida: PMDB (Presidência, 2ª vice-presidente e 10ª); PT (1ª vice-presidência e 4ª secretaria); PSDB (1ª secretaria), PDT (2ª ou 3ª secretaria); PSB (2ª ou 3ª secretaria); DEM (1ª ou 2ª suplência); PP (1ª ou 2ª suplência); PR (1ª ou 2ª suplência); PSD (4ª suplência); e PTB (4ª suplência).

*Com informações da Agência Senado

O senador José Medeiros (PSD-MT) comunicou o presidente Michel Temer, nesta quinta-feira, 19, sobre sua candidatura à presidência do Senado. Em entrevista a jornalistas, Medeiros negou que a sua campanha trará prejuízo para a agenda do Palácio do Planalto no Senado.

Medeiros disputará a presidência com o líder do PMDB, Eunício Oliveira (CE), que conta com o apoio dos principais líderes do Senado. "Não tenho nada contra o senador Eunício Oliveira, acho interessante que o governo tenha duas candidaturas no Senado", afirmou Medeiros.

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"A política é feita de conflitos e, vamos dizer, do antagonismo em determinados momentos. Se não fosse a minha candidatura, seria outra. Acho que para o governo é até interessante que seja o senador Medeiros, que não é um opositor", disse Medeiros, que afirmou que recebeu de Temer um tratamento "cortês".

Questionado sobre o lema de sua campanha, Medeiros afirmou que quer um "Senado mais moderno".

O senador José Medeiros (PSD-MT) pediu a palavra no plenário do Senado para criticar a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que acolheu denúncia e transformou o deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ) em réu por apologia ao estupro. Rapidamente, Medeiros foi repreendido pelos colegas no Senado.

"Está existindo uma criminalização da opinião. Hoje, o STF acabou de matar, jogar por terra a imunidade parlamentar. Todos nós, a partir de agora, teremos que ter cuidado quando subir na tribuna ou dar uma entrevista porque o STF, em um caso específico, decidiu que um parlamentar vai ser punido por uma opinião", afirmou o senador dizendo que "lamentou a decisão".

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Medeiros argumentou que a principal atividade do parlamentar é emitir opinião e que ele é protegido pela imunidade parlamentar. O discurso causou a reação de outros senadores, que repreenderam as palavras do colega e aproveitaram para parabenizar a decisão dos ministros do STF.

"O instituto da imunidade parlamentar existe, agora declarar na tribuna da Câmara dos Deputados que apenas não estupra uma pessoa porque ela não merece é crime de ódio. Apologia ao estupro nunca será abarcado e protegida pela imunidade parlamentar. A decisão do STF merece o mais total e irrestrito aplauso", rebateu o senador Randolfe Rodrigues.

A senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) preferiu parabenizar o STF. "Estamos vivendo novos tempos em que as pessoas que agridem as mulheres não passem impunes", disse. Já o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) afirmou que a decisão do Supremo tem caráter pedagógico. "Essa é uma decisão histórica com alto grau civilizatório", afirmou. O senador relembrou outros casos de extremismo político e violência contra a mulher que tem ocorrido atualmente. "As instituições brasileiras não vão aceitar o crescimento do discurso de ódio e práticas fascistas."

Cultura do estupro

O deputado Jair Bolsonaro foi denunciado pela vice-procuradora-geral da República, Ela Wiecko, após ter declarado, em 2014, que 'não estupraria a deputada federal Maria do Rosário (PT/RS) porque ela não mereceria'.

A opinião do senador Medeiros de que a declaração estaria protegida pela imunidade parlamentar é justamente o contrário do que defenderam os próprios ministros do STF ao acolherem a denúncia. Os ministros afirmaram que o discurso de Bolsonaro não tem relação com imunidade parlamentar, já que não diz respeito às atividades da Câmara dos Deputados.

Para o STF, o discurso de Bolsonaro é uma apologia ao crime de estupro, naturalização da violência e ofensa à condição feminina. "A frase do parlamentar tem potencial para estimular a perspectiva da superioridade masculina em relação às mulheres, além de prejudicar a compreensão contra as consequências dessa postura. O resultado de incitação foi alcançado porque várias manifestações públicas reiteraram essa manifestação (de Bolsonaro)", defendeu Luiz Fux. Para ilustração, o ministro citou frases de apoiadores de Bolsonaro que, na internet, saíram em sua defesa na ocasião e propagaram o discurso de estupro.

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