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Romário não perdeu tempo e, minutos após o anúncio de Joseph Blatter de que novas eleições serão convocadas na Fifa, o senador do PSB-RJ publicou texto comemorando a renúncia do cartola suíço. "Melhor notícia dos últimos tempos! A renúncia de Joseph Blatter ao cargo de presidente da FIFA representa o início de uma nova era para o futebol mundial", escreveu o ex-jogador.

Autor do requerimento que deverá culminar com a instauração da CPI do Futebol no Senado, Romário disse esperar que a saída de Blatter tenha efeito cascata e derrube outros dirigentes esportivos. "Todos os gestores corruptos das confederações, mundo afora, sentirão sua queda como um tsunami. Espero, agora, que as águas desta grande onda sejam suficientes para varrer toda a corrupção liderada pela entidade maior do futebol."

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O ex-jogador, craque da conquista do Tetra, há 21 anos, agora quer que o presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Marco Polo del Nero, também siga o mesmo caminho de Blatter. "Espero sinceramente que o presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, também renuncie. Deus é grande e as palavras têm poder".

"A saída de Blatter abre uma enorme lacuna, é hora de darmos as mãos. Agora sim, podemos dizer que abrimos caminho para uma mudança efetiva no futebol mundial. Nas últimas décadas, a Fifa e transformou apenas em uma máquina de ganhar dinheiro. Interesse que ficou acima da missão do futebol de unir os povos, derrubar barreiras sociais, despertar paixões. É hora de retomarmos essa missão social", cobrou o senador.

Joseph Blatter convocou a imprensa nesta terça-feira, em Zurique (Suíça), para ler um comunicado previamente escrito e, sem responder perguntas, anunciar a convocação de novas eleições, que devem ocorrer entre dezembro deste ano e março de 2016. O suíço não irá concorrer, mas garantiu que fica à frente da Fifa até que um novo presidente seja eleito. No fim de semana, ele havia assegurado que não tinha motivo para deixar o cargo. "Se eu abandonar, significaria que eu tenho culpa", disse.

Agora, mudou de ideia. "Tenho refletido profundamente sobre a minha presidência e sobre os 40 anos em que a minha vida tem sido ligada indissoluvelmente à Fifa e ao grande esporte do futebol. Estimo a Fifa mais do que qualquer coisa e quero fazer apenas o que é melhor para a entidade e para o futebol. A eleição acabou, mas os desafios da Fifa não. A Fifa precisa de uma profunda revisão", argumentou.

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O novo processo deve ocorrer a partir de dezembro de 2015, mas, antes de deixar o cargo, Blatter quer uma reforma aprovada, colocando até mesmo um limite nos mandatos de cartolas, algo que ele jamais havia aceitado antes.

Quem vai coordenar a eleição e as reformas é Domenico Scala, o auditor chefe da Fifa. "Serão mudanças profundas", disse. Segundo ele, a partir da convocação da eleição, a entidade máxima do futebol terá de dar quatro meses para que candidatos se apresentem.

Para Scala, o trabalho agora será o de criar as condições para "uma transição ordenada". "Essa era a melhor decisão", disse Scala. "Ao deixar o cargo, Blatter abre espaço para que possamos fazer as reformas", completou.

Na semana passada, uma onda de prisões em Zurique havia deixado o reinado de Blatter debilitado e Michel Platini, presidente da Uefa, chegou a pedir que o suíço deixasse o poder. Mas Blatter se manteve no cargo e venceu as eleições de sexta-feira. Ele estava na Fifa desde 1976 e, como presidente, desde 1998.

O fim de seu mandato marca o fim de uma era que, de fato, começou nos anos 70 com a presidência de João Havelange. Blatter, seu braço direito, apenas o sucedeu e manteve a mesma estrutura.

Poucos dias após ser reeleito pela quinta vez como presidente da Fifa, Joseph Blatter renunciou ao cargo nesta terça-feira (2). A decisão foi anunciada em reunião extraordinária do Comitê Executivo da entidade.

A Fifa passa por sua pior crise dos seus mais de 100 anos de histórias. Dirigentes são acusados de corrupção e lavagem dinheiro. Dentre as pessoas que foram presas na semana passada na Suíça, após investigações do FBI, está o ex-presidente da CBF José Maria Marin. Blatter, assim como atual presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, também estão sendo investigados.

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O fim de seu mandato marca o fim de uma era que, de fato, começou nos anos 1970 com a presidência de João Havelange. Blatter, seu braço direito, apenas o sucedeu e manteve a mesma estrutura.

Sua posição ficou ameaçada quando, na última segunda-feira, o jornal New York Times revelou que a Justiça norte-americana também investiga seu secretário-geral, Jérôme Valcke, que também renunciou nesta terça-feira de seu cargo de secretário-geral da Fifa. Documentos revelaram que ele sabia dos pagamentos de US$ 10 milhões para cartolas no Caribe e que estão sob investigação pelo FBI. Foi a ele que uma carta foi direcionada para que a operação fosse realizada e o dinheiro do orçamento regular da Copa desviado.

Inicialmente, a Fifa insistiu que a carta não provava nada. Mas, na tarde desta terça em Zurique, o francês que ficou conhecido por sugerir que o Brasil deveria levar "um chute no traseiro" acabou abandonando seu cargo.

Valcke já havia anunciado que não viajaria ao Canadá, um forte aliado dos Estados Unidos, para a abertura do Mundial Feminino de Futebol que ocorre no fim de semana. Ele era o principal operador do torneio que, nos últimos anos, ganhou uma nova dimensão na entidade. Mas fontes em Zurique confirmam que existiam temores de que, estando no Canadá, a polícia local pudesse atender a qualquer momento um eventual pedido de extradição por parte dos Estados Unidos.

Nesta segunda-feira, Valcke foi indicado por uma reportagem do New York Times como a pessoa que, na Fifa, autorizou o pagamento de US$ 10 milhões a Jack Warner, um ex-vice-presidente da Fifa e o homem forte do futebol de Trinidad e Tobago. O dinheiro seria uma retribuição ao voto dele pela África do Sul como sede do Mundial e faz parte do caso liderado pelo FBI.

Em nota emitida nesta segunda, a Fifa confirmava que o pagamento existiu entre a Associação de Futebol da África do Sul, que organizava o Mundial de 2010, e países caribenhos, como uma forma de apoiar a "diáspora africana" na região. A entidade nega que seja uma propina. Mas sim um programa de desenvolvimento.

O dinheiro, segundo a investigação do FBI, teria sido prometido em 2004. Mas, sem recursos, os sul-africanos tivera de esperar até 2008 para solicitar que o dinheiro fosse desviado. No informe financeiro da entidade sul-africana, porém, nenhuma referência é feita aos US$ 10 milhões no balanço aprovado e publicado em 2008.

Em defesa de um de seus principais dirigentes, a Fifa declarou oficialmente que o dinheiro sob suspeita foi autorizado pelo diretor do comitê financeiro à época, Julio Grondona, que morreu no ano passado. Jérôme Valcke, atual secretário-geral, também trabalhava na Fifa naquele momento. Mas, segundo a entidade, não foi ele quem assinou a movimentação.

Numa carta de 4 de março de 2008, porém, é para Valcke que o caso é dirigido. Trata-se de uma comunicação entre a Associação Sul-Africana de Futebol à Fifa (Safa, na sigla em inglês), sugerindo que o dinheiro fosse colocado sob a administração de Warner.

"Prezado sr. Valcke", inicia a carta. O texto pede que ele "segure" US$ 10 milhões do orçamento da Copa e depois transfira para o programa mencionado. O documento assinado por Molefi Oliphant, presidente da Safa, ainda insiste que Warner, um dos indiciados nos Estados Unidos, seria o "fiduciário" do dinheiro.

A Fifa tem outra avaliação sobre o assunto e insiste que, mesmo com a carta, sua resposta é consistente. "À pedido do governo sul-africano, e em acordo com a Associação de Futebol Sul-Africano, a Fifa foi solicitada a processar os recursos do projeto ao manter US$ 10 milhões do orçamento do Comitê Organizador Local", disse a nota da Fifa.

Segundo a Fifa, foram os sul-africanos que instruíram a entidade a mandar o dinheiro a Warner, naquele momento o presidente da Concacaf. Ele "administraria e implementaria" o projeto. Warner era também o vice-presidente do Comitê de Finanças, o mesmo que autorizou que o dinheiro o fosse destinado.

MORTO - Para a Fifa, quem autorizou o depósito foi "o presidente do Comitê de Finanças" da entidade. Naquele momento, o cargo era de Julio Grondona, o argentino que tinha as chaves do cofre da entidade. "Os pagamentos de US$ 10 milhões foram autorizados pelo então presidente do Comitê de Finanças e executados de acordo com os regulamentos da Fifa", disse.

"Nem Valcke nem nenhum outro membro de alto escalão da administração da Fifa foram envolvidos na aprovação, início e implementação do projeto", insistiu a Fifa pela manhã desta terça. Grondona morreu logo depois da Copa de 2014, num momento que deixou Joseph Blatter abalado.

CONTURBADO - A vida de Valcke pelo futebol foi marcada por questões judiciais. Ainda fora da Fifa, ele foi citado em um processo na França por chefiar uma empresa citada em casos de evasão fiscal na compra de jogadores.

Já na Fifa, Valcke teria uma atuação que, em qualquer empresa normal, teria sido severamente punido e condenado. Foi ele quem negociou uma troca de patrocinadores de empresas de cartão de crédito. Mas, processado por quem perdeu, viu a Fifa ser obrigada a pagar US$ 90 milhões em multas na Justiça americana. Naquele momento, ele era apenas o diretor de marketing da entidade.

Valcke seria suspenso por alguns meses, mas nunca deixou de receber seu salário. Ao retornar, ele seria promovido a secretário-geral da Fifa, o homem responsável pela organização de todos os Mundiais.

Dono de um dos modelos de Ferrari mais caros do mundo, Valcke comprou em 2011 um terreno na Suíça avaliado em R$ 15 milhões na cidade com os menores impostos da Europa.

* Com inoformações da Agência Estado

 

O Ministério Público da Suíça vai interrogar o presidente da Fifa, Joseph Blatter, nas investigações penais sobre a suspeita de compra de votos para a Copa de 2018 e 2022. A revelação foi publicada neste domingo (31), pelo jornal britânico Sunday Times e confirmada por pessoas próximas ao caso. Blatter, como presidente, não votou pelas sedes dos Mundiais. Mas os suíços querem saber qual foi de fato seu envolvimento no caso.

Na semana passada, o MP em Berna mandou uma equipe para a sede da Fifa e que resultou no confisco de dezenas de documentos e computadores. Naquele momento, a entidade confirmou a ação. Mas insistiu que estava colaborando e que o caso havia começado justamente depois de uma denúncia feita pela própria entidade em novembro de 2014.

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Mas esse não seria o único caso liderado pela Justiça. De forma paralela, um segundo processo secreto foi estabelecido relacionado à eleição das sedes de 2018 e de 2022, que ficara para o Catar e Rússia. A votação ocorreu em 2010.

O processo começou no início do ano e foca em "lavagem de dinheiro" e "gestão fraudulenta". Segundo o MP, Blatter será um dos dez dirigentes que, nos próximos meses, serão interrogados. Alguns deles já teriam colhido depoimentos nesta semana mesmo. Uma eventual condenação significaria 7 anos de prisão.

A investigação ganhou o nome de "Operação Darwin", numa referência às origens. Contas já foram bloqueadas e o próximo passo é a coleta dos depoimentos. Além de Blatter, podem ser ouvidos ainda Michel Platini, presidente da Uefa, e Vitaly Mutko, ministro de Esporte da Rússia e membro da cúpula da Fifa.

BANCOS - Segundo a BBC, bancos ingleses também iniciaram auditorias internas para tentar identificar o movimento de contas em nome de dirigentes da Fifa. Pelo menos três bancos ingleses foram citados no indiciamento do Departamento de Justiça dos Estados Unidos, entre eles, o HSBC e o Barclays. Eles não estão na lista de suspeitos, mas terão que cooperar. A Agência Estado apurou que bancos brasileiros também estão entre os citados pela justiça americana, ente eles o Itaú e o Banco do Brasil.

Joseph Blatter, eleito para mais um mandato no comando da Fifa na sexta-feira, atacou o governo dos EUA neste sábado, na sua primeira entrevista após o escândalo de corrupção deflagrado na última quarta-feira. O suíço disse que as prisões de cartolas foram uma revanche de Washington contra o fato de ter perdido a Copa de 2022 para o Catar, na escolha realizada em 2011.

"Ninguém vai me tirar a ideia de que foi uma simples coincidência esse ataque americano, a dois dias das eleições da Fifa", declarou em entrevista à rede de televisão suíça RTS. "Depois tivemos reações da Uefa e de (Michel) Platini", disse. "Não cheira bem".

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Na quarta-feira, dois dias antes das eleições na Fifa, a pedido do Departamento de Justiça dos Estados Unidos, a polícia suíça prendeu sete dirigentes em um hotel de luxo de Zurique. Entre eles estava o ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), José Maria Marin, que agora aguarda o processo de extradição em uma prisão da região.

Para Blatter, isso foi algo programado. "Eles tentaram me denegrir e usaram o momento para dizer que é tempo para que eu deixe o poder", disse, lembrando que ameaçaram boicotar. "Existe sinais que não podem ser escondidos", insistiu.

Para ele, a ligação entre a operação em Zurique e a Copa de 2022 é "evidente". "Os americanos eram candidatos e perderam. Então foi a imprensa britânica e o movimento americano que surgiu. Olha, com todo respeito ao sistema judicial americano, se eles tivessem um problema com crimes financeiros ligados a cidadãos americanos ou sul-americanos, então precisam prender essas pessoas la e não em Zurique onde temos um congresso", declarou.

"Há algo que não cheira bem", insistiu. "Isso é um caso de corrupção entre a América do Norte e a América do Sul. Agora trouxeram para a Fifa para dizer que é aqui", acusou.

Blatter também lembrou que os EUA são os principais aliados da Jordânia, país de seu opositor nas eleições, Ali bin Hussein.

Ele também criticou os comentários da Justiça dos EUA, que acusou a Fifa de corrupta. "Fiquei em choque", disse. Ele repetiu seu mantra dos últimos dias de que ele não pode ser moralmente responsável pela atitude de outros dirigentes. "Não sou eu quem os escolho".

Para Blatter, a operação ainda foi realizada para promover um show com a imprensa. "Por qual motivo as prisões não ocorreram em março, quando essas mesmas pessoas estavam aqui? Hoje temos mais jornalistas", ironizou.

DEMISSÃO - O suíço também se recusou a pedir demissão, apesar da pressão internacional. "Por que é que eu pediria demissão?", disse. "Isso significaria que eu reconheço erros."

O cartola também insiste que fez o trabalho de limpeza na entidade. "Mais da metade das pessoas que tomaram as decisões sobre a Copa do Mundo não estavam mais aqui."

Blatter também acusa Michel Platini, presidente da Uefa e principal voz crítica à Fifa. "Há um ódio de uma pessoa e de uma organização", disse. "Eu perdoo as pessoas. Mas não esqueço", completou.

"Preso por quê?" Foi assim que o presidente da Fifa, Joseph Blatter, respondeu a uma bateria de perguntas da imprensa em uma primeira entrevista coletiva desde que o escândalo de corrupção na entidade eclodiu.

Na manhã deste sábado, em Zurique (Suíça), Blatter falou sobre as detenções de sete dirigentes e garantiu que não pedirá demissão. Mas se recusou a assumir qualquer culpa ou envolvimento nos pagamentos. Num dos trechos da investigação do Departamento de Justiça dos EUA, um pagamento de US$ 10 milhões é feito a um de seus vice-presidentes, Jack Warner, num dinheiro que teria passado pela Fifa.

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O valor seria a propina da África do Sul para ganhar votos para a Copa de 2010. Warner protestou diante do fato de o dinheiro não ter sido depositado e pediu para a Fifa. O dinheiro acabaria vindo do Comitê Organizador da Copa do Mundo, controlado em parte pela Fifa.

O FBI faz mistério se Blatter está entre os investigados e, neste sábado, seu nervosismo era nítido diante das perguntas sobre um eventual envolvimento. Warner, há poucos dias, chegou a insinuar que o suíço teria sido informado do pagamento. "Se eu recebi isso, quem pagou?", questionou o tobaguiano.

Blatter respondeu neste sábado: "Não comento alegações. Vamos deixar as investigações seguirem. Mas definitivamente não sou eu o mencionado", disse. "Eu não tenho esses US$ 10 milhões".

Questionado se era "negligente ou incompetente", Blatter também foi duro. "Nem um e nem o outro". "Se alguém investiga, eles têm todo o direito. Se isso for feito de forma correta, não tenho preocupações", insistiu.

O suíço denunciou a manipulação da investigação nos Estados Unidos, alertando que a ação policial contra a Fifa seria uma maneira de revanche contra o fato de terem perdido a Copa de 2022 para o Catar.

Para ele, se os delitos foram cometidos por cartolas sul-americanos e norte-americanos, "não vejo como a Fifa possa estar envolvida". "Curiosamente, três jornalistas estavam na hora da operação", atacou, insinuando uma operação manipulada.

O presidente Joseph Blatter fez um apelo por "unidade" nesta sexta-feira, durante o Congresso da Fifa em Zurique, e se recusou a aceitar a responsabilidade pela crise. Nas próximas horas, ele concorre a um quinto mandato no comando da entidade. Mas nunca seu reinado esteve tão ameaçado. E ele usou seu discurso para atacar os Estados Unidos e a Inglaterra por estarem questionando a Fifa, lembrando o processo de escolha das sedes das Copas do Mundo de 2018 e de 2022.

"Gostaria de compartilhar essa responsabilidade com vocês, federações, e com o comitê executivo", disse Blatter aos delegados de 209 países. "Precisamos fortalecer as fileiras e ir adiante", lamentou. "Vamos recolocar a Fifa nos trilhos", disse.

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Blatter insistiu que foi ele quem estabeleceu regras para tentar controlar o comportamento dos cartolas. E ele garantiu que existe uma divisão de poderes dentro da entidade. "Mas não podemos controlar todos fora da Fifa", disse. Ele também alertou que cabe às confederações regionais agir para se reformarem. "Só assim poderemos ter maior controle. Em nenhum país um tribunal pode agir sozinho", insistiu.

Blatter ainda tentou explicar a "explosão" financeira da Fifa nos últimos anos e que transformou a entidade em uma potência. "É o casamento do esporte com a televisão que fez a Fifa explodir, atraindo parceiros comerciais", disse. "Sem eles, não estaríamos aqui".

Na investigação realizada pela Justiça norte-americana, são justamente esses contratos que foram alvos de propinas recebidas por muitos cartolas. O dirigente da Fifa, porém, deixou claro pela primeira vez hoje em mais de 30 anos na entidade que a federação é, de fato, "uma empresa, uma grande empresa". Ele ainda citou João Havelange, seu ex-chefe.

"Meu predecessor me disse: você criou um monstro", disse Blatter. "Não é assim, Mas a Fifa se transformou em uma grande empresa e as federações nacionais são os acionistas", declarou.

Blatter ainda atacou os Estados e a Inglaterra em seu discurso, declarando que se Rússia e Catar ão tivessem sido escolhidos sedes das Copas do Mundo de 2018 e de 2022, respectivamente, a "história seria diferente".

"Se outros dois países tivessem emergido do envelope, acho que não teríamos esses problemas hoje. Mas não podemos voltar no tempo. Nós não somos profetas. Nós não podemos dizer o que teria acontecido", declarou.

Desde a escolha das duas sedes em 2010, a Fifa vive uma crise. A Inglaterra ganhou apenas dois votos naquela oportunidade e foi humilhada. Os norte-americanos, mesmo com o ex-presidente Bill Clinton pedindo votos, também foram derrotados pelo Catar.

Mas a situação do suíço é delicada. O opositor de Blatter, Ali bin Hussein, garantiu à reportagem que está otimista que os fatos dos últimos dias e as detenções de cartolas mudem votos de membros da entidade.

Blatter, porém, usou seu discurso para fazer um apelo aos 209 eleitores. "Convoco vocês a um espírito de equipe, de unidade", disse. "Não vai ser sempre fácil. Mas estamos aqui para atacar os problemas. Esses problemas não se solucionam em um dia", insistiu.

Na última quinta-feira, a Uefa deixou claro que poderia até mesmo abandonar a Fifa se Blatter fosse eleito, no que seria o maior cisma no futebol mundial moderno. Michel Platini, presidente da entidade, apelou ao suíço para que renuncie. Mas Blatter se recusou.

O cartola suíça está na Fifa desde 1976 e, a partir de 1998, ocupou sua presidência. Mas acredita que não terminou ainda sua "missão". "Os eventos dessa semana foram uma verdadeira tempestade. Foi colocado em dúvida até mesmo a realização do congresso. Mas estamos aqui", declarou Blatter.

Falando como se fosse o real candidato de oposição, o cartola fez questão de elogiar os 209 membros e apelar por seus votos. "Vocês tem o poder de mudar a cara da Fifa. É um poder que não se pode comprar", disse. "Vamos buscar soluções", declarou.

"Vivemos um momento difícil", declarou. Mas tentou minimizar, alertando que não seria "inédito". "Os eventos jogaram uma sombra no futebol. Mas vamos tentar tirá-la e decidindo que não podemos aceitar que a Fifa seja levada a isso. Os que estão por trás disso tudo e os suspeitos são indivíduos. Não é a entidade como um todo. São indivíduos que esqueceram que o futebol é baseado em um jogo de equipe e com fair-play", declarou.

Garantindo que existia "transparência total para a imprensa" na Fifa, Blatter teve seu discurso interrompido por manifestantes. Um grupo pedia a exclusão de Israel na entidade por supostas violações contra o futebol palestino.

VOTOS - Em uma das primeiras decisões desta sexta-feira, o Brasil foi eleito para escrutinar votos de algumas das decisões da Fifa durante o dia. Na quinta, o presidente da CBF, Marco Polo del Nero, abandonou o evento e retornou ao Brasil. Em Zurique, é a Federação de Futebol do Ceará que representa a CBF e que votará em seu nome. Mas a posição de Del Nero no Comitê Executivo da entidade ficará vaga.

O presidente da Fifa, Joseph Blatter, reconheceu nesta quinta-feira que "mais notícias ruins virão" no que se refere aos escândalos de corrupção no futebol. Mas insiste que são casos "individuais" e que é apenas uma "minoria" entre os cartolas que agem de forma corrupta.

Falando pela primeira vez desde as prisões de sete de seus dirigentes nesta semana em Zurique, Blatter reforçou na abertura do Congresso Anual da Fifa que é ele quem fará a reforma da entidade. "Somos uma vasta maioria que gosta do futebol, não pelo poder ou cobiça. Mas pelo amor ao futebol e para servir a outros", disse.

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"Confesso que será um caminho longo e difícil para reconstruir a credibilidade. Perdemos e vamos reconquistar por meio das ações e como agimos de forma individual", alertou Blatter, que nesta sexta-feira concorre para ser reeleito presidente da Fifa mais uma vez. O dirigente ainda pediu "solidariedade". "Estamos todos unidos", insistiu. Nesta quinta, Michel Platini, presidente da Uefa, pediu a demissão do dirigente máximo do futebol mundial.

"Esse é um momento difícil e sem precedentes", reconheceu. "Os eventos de ontem jogaram um longa sombra no futebol e no Congresso (da Fifa). Ações individuais trouxeram vergonha e humilhação ao futebol e exigem mudanças", disse. "Não podemos deixar que a reputação do futebol entre na lama. Isso precisa parar agora", insistiu.

Blatter também se isentou de qualquer culpa. "Muitos dizem que eu sou responsável pela comunidade global do futebol, seja na Copa ou escândalo de corrupção. Mas eu não posso monitorar as pessoas todo o tempo. Se eles fazem algo errado, tentam esconder. Mas cabe a mim proteger a reputação e encontrar uma saída", disse.

"Não vou deixar que atos de alguns destruam as ações de tantos que trabalham pelo futebol. Aqueles corruptos são minorias. Mas precisam ser pegos e levados à suas responsabilidades", declarou Blatter, que ainda admitiu: "Vamos cooperar com as autoridades para que aqueles envolvidos, de cima para baixo, sejam punidos. Não pode haver espaço para corrupção. Os próximos meses não serão fácil. Mais notícias ruins virão".

Tanto a Justiça norte-americana como a suíça indicaram que as prisões dos últimos dias são apenas as primeiras etapas de um processo bem maior.

SEM CLIMA - Vivendo sua pior crise, a Fifa abriu nesta tarde de forma constrangida seu congresso anual em Zurique, com música, roupas de gala e carros de luxo. A entidade foi sacodida pela prisão de sete de seus membros, entre eles o ex-presidente da CBF, José Maria Marin.

Ainda assim, a festa foi mantida, depois que Blatter recebeu o apoio de algumas confederações, entre elas a sul-americana. Ao subir no palco para falar, não faltaram assobios e palmas frenéticas. O tema do evento: a solidariedade. A festa teve músicos suíços, bandeiras das 209 federações e imagens alpinas.

Mas a imprensa foi mantida distante dos cartolas, que entraram por portas separadas e com forte presença de seguranças privados e da cidade de Zurique. Dentro do teatro, uma vez mais os jornalistas foram mantidos em um local separado, sem qualquer acesso aos dirigentes.

Blatter havia cancelado todas suas participações em eventos nos últimos dois dias, também para evitar qualquer tipo de contato com a imprensa ou questões embaraçosas.

Nesta tarde desta quinta, porém, ele foi a sua própria festa, além de ministros suíços e autoridades locais. Thomas Bach, presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), também estava presente.

A Fifa garante que a eleição de sexta-feira e as sedes da Copa do Mundo de 2018 e 2022 serão mantidas, mesmo diante das prisões realizadas nesta quarta-feira, em Zurique. "Uma coisa não tem nada a ver com a outra", declarou o porta-voz da Fifa, Walter de Gregório, em entrevista coletiva.

Segundo ele, nem o presidente Joseph Blatter nem o secretário-geral Jérôme Valcke estão implicados no esquema. "Ele (Blatter) está relaxado. Não é um dia bonito, mas é um bom dia para a Fifa. Não em termos de imagem, é claro, mas para fazer uma limpeza", afirmou De Gregório.

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A Fifa, segundo ele, é vítima no processo. "A entidade é que foi lesada, é parte prejudicada, e não temos opção além de seguir adiante com as reformas. É um processo de investigar que já começamos há quatro anos" disse o porta-voz da entidade.

Ele garante que a Fifa está plenamente cooperando com as investigações e que os documentos pedidos pelo Ministério Público da Suíça foram entregues sem qualquer tipo de resistência. "Nós ajudamos a Justiça, é de nosso interesse que essa história seja apurada. Não houve qualquer ação dentro de nossos escritórios, somos a parte que sofre as consequências."

De Gregório rejeitou a tese de que a Fifa sabia que a operação estava para ocorrer na manhã quarta-feira. "Obviamente que isso acontece em um momento difícil. Doí, mas é necessário", disse De Gregório.

Numa operação surpresa, policiais suíços prenderam cartolas da Fifa atendendo a um pedido de cooperação judicial dos Estados Unidos. O foco foi a delegação da América Latina e um total de 6 dirigentes da região foram detidos, entre eles o ex-presidente da CBF, José Maria Marin.

Marin é acusado de receber propinas milionárias em esquemas de corrupção no futebol. A Justiça americana indicou que parte das propinas se referiam à organização da Copa do Brasil, Copa Libertadores e mesmo da Copa América. Além de corrupção, Marin é acusado de "conspiração" e pode ser extraditado aos Estados Unidos.

A Fifa carece de credibilidade com Joseph Blatter como seu presidente, afirmou o comandante da Uefa, Michel Platini, indicando que o seu ex-mentor teme ter uma vida "vazia" se deixar o comando da entidade que rege o futebol mundial. Blatter se agarra ao poder "a todo custo", disse Platini ao diário esportivo francês L'Equipe em uma entrevista publicada nesta segunda-feira.

Antes da eleição presidencial da Fifa na próxima sexta-feira, Platini disse que Blatter, de 79 anos, não tem grandes planos para a entidade e não é "crível" que precise de um quinto mandato de quatro anos para completar uma missão inacabada.

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"Simplesmente tem medo do futuro, já que dedicou a sua vida à instituição, até o ponto de que agora se identifica por completo com a Fifa", comentou Platini. "Compreendo o medo que tem desse vazio, é natural. Mas se ele ama de verdade a Fifa, ele deveria ter colocado esses interesses à frente dos seus próprios".

Embora Platini tenha dito gostar de Blatter no nível pessoal, sua crítica explícita ao presidente da Fifa aponta um profundo racha entre os dois. O suíço procura estender o seu reinado de 17 anos em uma eleição que muitos viram como um momento natural para que o ex-jogador francês assumisse o comando da entidade.

Platini optou em agosto de 2014 por não desafiar Blatter na eleição da Fifa e agora apoia o único adversário: Ali bin al-Hussein, o príncipe da Jordânia e um dos vice-presidentes da entidade. "Estou firmemente convencido de que Ali, a quem eu conheço em um nível pessoal há anos, seria um grande presidente da Fifa. Ele tem tudo", disse Platini sobre o candidato, elogiando a sua "grande liberdade de espírito e independência".

No entanto, Blatter é o grande favorito para ganhar, com o apoio amplo de cinco das seis confederações continentais da entidade. Platini, hoje com 59 anos, foi decisivo na campanha para Blatter se tornar presidente da Fifa em 1998 e, durante muito tempo, foi apontado como seu aparente herdeiro.

"Não tenho nada contra Sepp. Eu gosto dele como pessoa e o respeito", disse Platini. "Nós tivemos alguns bons momentos juntos, e nada e nem ninguém pode tirar isso".

Ainda assim, Platini não perdoou Blatter por voltar atrás em uma promessa feita no Congresso da Uefa de 2011, em Paris, de que o atual mandato na Fifa seria o seu último. Depois disso, o suíço declara que tinha o direito de mudar de ideia.

"E agora aqui estamos nós de novo, como se nada disso tivesse acontecido", disse o presidente da Uefa, acrescentando que ele pediu há quatro anos aos membros da entidade europeia para apoiar Blatter "com base em uma mentira".

Blatter enfrentava o catariano Mohamed bin Hammam, que se retirou dias antes da eleição, sob a acusação de subornar eleitores. A Fifa e Blatter passaram grande parte dos últimos quatro anos lidando com as consequências e os danos à sua reputação pelos escândalos envolvendo Bin Hammam e outros membros do seu comitê executivo, além das controversas escolhas da Rússia e do Catar como anfitriões da Copa do Mundo em 2018 e 2022, respectivamente.

Platini reiterou o seu apelo para "uma lufada de ar fresco" no comando da entidade. "E enquanto ele permanece no posto, se ele gosta ou não, e se é justo ou não, a Fifa vai carecer de credibilidade e sua imagem estará manchada, e por isso vai faltar autoridade", afirmou.

"Mais ainda, será o futebol que sofrerá", disse Platini, embora reconhecendo que Blatter "fez algumas coisas muito boas". "A Fifa não vai desaparecer no momento em que ele sair. Pelo contrário, isso daria a chance de um novo sopro de vida na Fifa", afirmou.

O príncipe Ali oferece essa chance, assegurou, já que "sempre é muito positivo e luta pelo que acredita", disse Platini. "É sincero e humilde e vem de um país que une diferentes culturas e tradições. Ele pode acrescentar valor, e também é alguém que sabe trabalhar em equipe", concluiu Platini.

A cidade de Zurique vai viver um mini-boom econômico a partir desta segunda-feira (25). A Fifa decidiu que, para suas reuniões anuais que começam nesta segunda e que culminam com as eleições para definir o próximo presidente, cada cartola que viajará para a cidade suíça receberá dinheiro vivo para poder gastar com despesas pessoais enquanto estiverem no evento.

Por dirigente, a Fifa vai dar US$ 1 mil em dinheiro assim que o cartola pisar em Zurique. Isso, claro, sem contar com hotel e transporte. Segundo a entidade, diante da dificuldade de fazer a transferência por banco a cada uma das 209 federações, o dinheiro será distribuído em espécie, em envelopes. Por federação, além do presidente, outros dois cartolas poderão receber o dinheiro. No caso da CBF, ela inclui o presidente Marco Polo Del Nero.

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Durante o evento, o presidente da Fifa, Joseph Blatter, vai concorrer a seu quinto mandato consecutivo. Na última quinta-feira, dos quatro concorrentes ao cargo, dois já desistiram, alegando que não têm qualquer chance diante das táticas usadas por Blatter. Segundo eles, enquanto a oposição tenta trazer ideias e debates, o suíço concentra sua campanha em apenas um aspecto: dinheiro e retribuição de favores.

O suíço se recusou a fazer parte de qualquer debate público com outros candidatos e ainda se recusou a apresentar seu plano de governo para os próximos quatro anos.

Essa não é a primeira vez que os dirigentes são informados pela Fifa que vão ganhar dinheiro, simplesmente por ir às eleições. Um dia depois de a entidade anunciar a lista oficial dos candidatos para a eleição, há três meses, Blatter enviou uma carta aos presidentes de todas as 209 federações para anunciar que estava oferecendo US$ 300 mil a cada um deles, usando um total de US$ 62 milhões dos caixas da entidade.

São justamente os presidentes das 209 federações que escolherão o novo comando da Fifa. Além de Blatter, naquele momento concorriam ao cargo o príncipe da Jordânia, Ali Bin Al Hussein, o ex-jogador Luís Figo e o cartola holandês Michael van Praag. Hoje, Ali é o único que continua no páreo contra Blatter.

A carta, obtida com exclusividade pela reportagem, é assinada pelo braço direito de Blatter, o francês Jérôme Valcke, e foi enviada no dia 30 de janeiro, um dia depois do registro oficial dos candidatos. Segundo o documento, a gerência da Fifa indicava que todas as federações que estivessem interessadas em ganhar esse bônus de US$ 300 mil deveriam se apresentar.

Se para grandes federações como a da Alemanha, Inglaterra e mesmo a CBF o valor é baixo, o dinheiro pode representar até 20% do orçamento de dezenas de federações nacionais para o ano de 2015. Das 209 federações, cerca de 100 delas contam com recursos que não ultrapassam a marca de US$ 2 milhões por ano. O cheque de Blatter, portanto, faz diferença.

Oficialmente, o dinheiro deveria ser usado para ajudar as federações a enviar suas equipes para as Eliminatórias da Copa do Mundo de 2018. A Fifa também autoriza as federações a usar o dinheiro para competições como a Sub-17, Sub-20, Futsal e até para os torneios de Beach Soccer em 2015 e 2016.

Em 2014, a Fifa também já usou a mesma estratégia e, com a renda da Copa do Mundo no Brasil, distribuiu mais de R$ 200 milhões aos dirigentes das 209 federações nacionais, justamente os 209 votos na eleição.

Durante a Copa, a Fifa ganhou isenção total de impostos no Brasil e, enquanto o País encara pelo menos metade dos estádios do Mundial em dificuldades financeiras, nunca em sua história a entidade em Zurique acumulou uma fortuna tão elevada: US$ 1,4 bilhão.

O presidente da Fifa, Joseph Blatter, se reuniu nesta terça-feira com o presidente da Federação Israelense de Futebol, Ofer Eini. Os dirigentes conversaram sobre o atrito entre Israel e Palestina e o suíço propôs um amistoso para tentar selar a paz entre os lados, o que teria sido aceito imediatamente por Eini.

"Futebol é mais do que um jogo. O futebol tem o poder de conectar as pessoas. O futebol tem o poder de construir pontes", declarou Blatter. "O futebol deveria unir as pessoas e não dividi-las", completou o dirigente em meio à sua "missão de paz", como ele mesmo definiu.

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Se o pedido for aprovado de ambos os lados, palestinos e israelenses deverão se encontrar em um amistoso na Suíça. Após a conversa com Eini, Blatter vai se reunir nos com líderes palestinos, que recentemente manifestaram sua irritação com as ações de Israel.

Dirigentes da Palestina pediram que a federação de Israel fosse suspensa da Fifa, sob alegação de que as restrições de segurança israelenses estariam limitando a movimentação de jogadores palestinos, times visitantes e até equipamentos de futebol. Blatter negou a proposta e alegou que Israel não havia quebrado qualquer regra da entidade.

Mesmo longe de uma solução, o suíço manifestou seu otimismo e prometeu levar o que foi conversado para o encontro com Mahmoud Abbas, presidente palestino. "Eu obtive uma mensagem que vou apresentar aos políticos palestinos amanhã (quarta), como parte de minha missão. Continuo confiante que vamos achar uma solução para o desenvolvimento do futebol."

Na disputa por seu quinto mandato consecutivo à frente da Fifa, Joseph Blatter já escolheu a linha de sua campanha para tentar a reeleição. E ela passa pela promessa de uma grande reforma, para modernizar e aumentar a credibilidade da entidade, conforme ele mesmo explicou.

"Vou intensificar o processo de reforma. Devemos todos fazer tudo que for possível para melhorar a credibilidade da Fifa. Todos os setores da Fifa devem participar disto", declarou o suíço em entrevista ao jornal de seu país SonntagsZeitung, pedindo também o apoio das federações nacionais e continentais.

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Blatter é o grande favorito para a eleição que acontecerá em maio, na qual concorrerá com o ex-jogador português Luis Figo, Ali bin al-Hussein, príncipe da Jordânia, e o holandês Michael van Praag. Recentemente ele ganhou o apoio de algumas figuras de peso no esporte, incluindo Pelé.

O suíço sabe da responsabilidade de comandar a principal entidade do futebol mundial e inclusive exaltou a importância da Fifa. "A Fifa, com todas as emoções positivas que o futebol desperta, é mais influente que todos os países e toda religião na Terra", disparou.

O suíço Joseph Blatter ganhou um apoio de peso para a eleição presidencial da Fifa. Nesta sexta-feira, Pelé anunciou o seu apoio ao atual comandante da entidade na disputa, que está agendada para maio, e também contará com as participações do ex-jogador português Luis Figo, de Ali bin al-Hussein, príncipe da Jordânia, e do holandês Michael van Praag.

Pelé defendeu que Blatter, de 79 anos, merece exercer um quinto mandato de quatro anos, mesmo com os recentes escândalos envolvendo a Fifa nos últimos anos. "Vou ser claro, vou apoiar Sepp Blatter porque Blatter tem mais experiência, ele está lá há muito tempo", disse o Rei do Futebol em uma entrevista à Associated Press nesta sexta-feira. "É claro que na vida você deve ter algumas mudanças, mas vou apoiar Blatter, acho que ele ainda tem a oportunidade de fazer uma boa administração".

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Para Pelé, o maior desafio do comandante da Fifa é ter condições de gerir o esporte, que está em rápida expansão. "As pessoas devem prestar atenção a uma coisa, há alguns anos eram dois ou três países (dominando o futebol)", disse o brasileiro. "Agora você tem um crescimento, a Ásia, a África. Se tornou mais difícil de administrar a Fifa, e esse é o problema".

As declarações de Pelé foram dadas em Londres, onde ele participou de um evento promocional da loja de sanduíches Subway. No início de dezembro, ele deixou um hospital em São Paulo, após um longo tratamento de uma infecção urinária. Ainda na Inglaterra, Pelé vai acompanhar o jogo entre Liverpool e Manchester United, domingo, pelo Campeonato Inglês, no Anfield Road.

O presidente da Fifa, Joseph Blatter, pediu ao Irã para acabar com a proibição que impede as mulheres de assistirem partidas de futebol nos estádios do país. Os comentários do dirigente suíço foram publicados na revista semanal da Fifa, às vésperas do Dia Internacional da Mulher, que será comemorado no próximo domingo.

Blatter disse que, apesar de seus esforços para convencer o presidente do Irã, Hassan Rouhani, para deixar as mulheres acompanharem os jogos quando se encontrou com ele em 2013 "nada aconteceu". "O coletivo banimento dos estádios ainda se aplica às mulheres no Irã, apesar da existência de uma próspera organização de futebol feminino", disse.

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O Irã é um dos poucos países que impede as mulheres de acompanharem os jogos nos estádios, mas já permitiu a presença de mulheres em algumas outras instalações esportivas no passado. Em 2006, o então presidente Mahmoud Ahmadinejad disse que as mulheres poderiam assistir as partidas em um setor especial dos estádios, mas a decisão foi anulada por autoridades superiores.

O presidente da Fifa acrescentou que a proibição "não pode continuar. Por isso, o meu apelo às autoridades iranianas: abram os estádios de futebol do país para as mulheres".

Neste ano, durante a Copa da Ásia, realizada na Austrália, a seleção do Irã foi apoiada nos estádios por mulheres sem quaisquer restrições de roupa. O país é candidato a sediar o torneio continental de 2019, em disputa com os Emirados Árabes Unidos, e a proibição da presença das mulheres poderia prejudicar a sua tentativa.

O presidente da Fifa, Joseph Blatter, é acusado por seus opositores de usar recursos da entidade para "distribuir bondades" aos cartolas que, em maio, vão votar para escolher o novo presidente da Fifa. Um dia depois de a entidade anunciar a lista oficial dos candidatos para a eleição, Blatter enviou uma carta aos presidentes de todas as 209 federações para anunciar que estava oferecendo US$ 300 mil a cada um deles, usando um total de US$ 62 milhões dos caixas da entidade.

São justamente os presidentes das 209 federações que escolherão o novo comando da Fifa em três meses. Além de Blatter, concorrem ao cargo o príncipe da Jordânia, Ali Bin Al Hussein, o ex-jogador Luís Figo e o cartola holandês Michael van Praag.

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A carta, obtida com exclusividade pela reportagem, é assinada pelo braço direito de Blatter, o francês Jérôme Valcke, e foi enviada no dia 30 de janeiro, um dia depois do registro oficial dos candidatos. Segundo o documento, a gerência da Fifa indicava que todas as federações que estivessem interessadas em ganhar esse bônus de US$ 300 mil deveriam se apresentar.

Se para grandes federações como a da Alemanha, Inglaterra e mesmo a CBF o valor é baixo, o dinheiro pode representar até 20% do orçamento de dezenas de federações nacionais para o ano de 2015. Das 209 federações, cerca de 100 delas contam com recursos que não ultrapassam a marca de US$ 2 milhões por ano. O cheque de Blatter, portanto, faz diferença.

Oficialmente, o dinheiro deveria ser usado para ajudar as federações a enviar suas equipes para as Eliminatórias da Copa do Mundo de 2018. A Fifa também autoriza as federações a usar o dinheiro para competições como a Sub-17, Sub-20, Futsal e até para os torneios de Beach Soccer em 2015 e 2016.

Em um esforço de evitar que o dinheiro vá direito aos bolsos dos cartolas, a Fifa foi obrigada a alertar na carta que os recursos seriam enviados para as contas das federações e seriam examinados. "Qualquer mudança no uso dos fundos precisa ser realizado em um acordo com a Fifa", indicou Valcke, no documento.

OPOSIÇÃO - A carta deixou a oposição enfurecida, principalmente entre os apoiadores dos candidatos da Uefa. "Não é dessa forma que se faz uma campanha", alertou um dirigente da entidade continental da Europa. No total, a Fifa vai usar US$ 62 milhões de seus recursos apenas para esse pacote de bondades. Blatter conta principalmente com votos do Caribe, América Central, África e Oceania para vencer as eleições de maio. Se eleito, o suíço iniciará seu quinto mandato.

O presidente da Fifa, Joseph Blatter, se manifestou nesta segunda-feira sobre os incidentes do último domingo durante uma partida entre Zamalek e ENPPI, pela primeira divisão do campeonato nacional. Ao menos 22 pessoas foram mortas no confronto entre torcedores e a polícia no Estádio da Defesa Aérea, na zona leste de Cairo, capital do país.

Blatter enviou uma carta ao presidente da Associação Egípcia de Futebol (EFA, na sigla em inglês), na qual lamentava o ocorrido. "Eu gostaria de expressar minhas mais profundas condolências à comunidade do futebol egípcio pelos eventos trágicos que aconteceram na partida da noite passada em Cairo, entre Zamalek e ENPPI", escreveu.

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O apoio de Blatter não se resumiu ao futebol local, mas também às famílias dos torcedores mortos. "Meus pensamentos estão com as famílias de todos aqueles que perderam suas vidas ontem à noite. É tao triste que um jogo como o futebol, que deveria ser local de diversão e emoções positivas, seja ofuscado desta forma."

Por fim, o dirigente ofereceu ajuda da Fifa à federação egípcia. "Nós vamos esperar os resultados da investigação desta tragédia e estamos prontos para prover à Associação Egípcia de Futebol qualquer suporte que eles possam precisar para lidar com as consequências deste evento."

De acordo com policiais presentes no momento, torcedores do Zamalek que não tinham ingressos tentaram entrar no estádio à força, provocando o confronto. A polícia, então, teria reagido jogando bombas de gás lacrimogêneo e disparando com balas de borracha. Torcedores do Zamalek ainda disseram que foram obrigados a entrar por um pequeno portão, guarnecido com arames farpados, o que teria iniciado o empurra-empurra.

Depois do golpe militar que estabeleceu a ditadura do marechal-de-campo Abdel-Fattah el-Sisi, em 2013, a presença de torcidas nos estádios foi proibida e passou a ser permitida apenas recentemente. Para a partida deste domingo, o Ministério do Interior havia autorizado a presença de 10 mil torcedores, em um estádio capaz de abrigar 30 mil.

Os eventos de domingo aconteceram apenas três anos depois do mais violento confronto na história do futebol egípcio, em 2012, em Port Said, durante uma partida entre o Al-Masry local e o Al-Ahly, do Cairo. Morreram 74 pessoas naquele confronto, em sua maioria torcedores do Al-Ahly. Dois policiais foram condenados a 15 anos de prisão por negligência; outros sete policiais foram absolvidos, o que levou torcedores a atearem fogo na sede da Associação Egípcia de Futebol.

A corrida pelo cargo máximo do futebol mundial começou oficialmente com o anúncio da Fifa de que quatro candidatos foram validados para o processo eleitoral: Joseph Blatter, atual presidente, o príncipe da Jordânia, Ali Bin Al Hussein, o ex-jogador Luís Figo e o cartola holandês Michael van Praag.

Jerome Champagne, o primeiro a se lançar na corrida há um ano, não conseguiu apoio suficiente das federações e foi excluído do processo. Em uma carta, porém, ele denunciou a eleição e acusou candidatos de estarem fazendo pressões para evitar que ele pudesse concorrer.

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A eleição ocorre no dia 29 de maio, em Zurique. Antes de validar os nomes, porém, o Comitê de Ética da Fifa promete realizar uma "verificação da integridade" de cada um dos candidatos.

A questão da corrupção de fato estará no centro dos debates. Acusado por muitos de ter levado a Fifa a um caos por conta dos escândalos de compra de votos no processo de escolha das sedes das Copas do Mundo de 2018 e 2022, Blatter enfrenta seu momento mais crítico. A oposição quer garantias de que a Fifa será mais transparente e muitos alegam que não haverá uma reforma na entidade enquanto Blatter estiver no comando.

Na liderança desse movimento anti-Blatter está Van Praag, presidente da Federação de Futebol da Holanda e que, em São Paulo em junho de 2014, lançou o primeiro ataque formal contra o suíço.

Nomes como o do príncipe Ali ou de Luis Figo foram conhecidos apenas nas últimas semanas, também como uma estratégia para indicar que existem muitos descontentes com a entidade.

DENÚNCIA - Mas o processo eleitoral já começou com uma polêmica. O francês Champagne foi obrigado a se retirar do processo por não ter conseguido o apoio de cinco federações entre as 209 que fazem parte da Fifa. Essa é a regra estabelecida para que se possa ser um candidato.

Em uma carta, Champagne acusou os dirigentes de temerem represálias por apoiarem um "nome independente" e denunciou a Uefa por estar tentando transformar a Fifa em um monopólio do futebol europeu. "As instituições se mobilizaram para eliminar o único candidato independente", alertou.

Segundo ele, a corrida agora ocorrerá entre nomes que, de fato, representam outra pessoa. Sem citar o nome, Champagne sugere que os cartolas na lista oficial de candidatos que se opõem a Blatter são representantes de Michel Platini, presidente da Uefa. "Essa eleição será de candidatos que lutaram a guerra que outros não querem lutar", denunciou.

Para ele, a "agenda não tão secreta" dos candidatos hoje aprovados é a de enfraquecer a Fifa e dar mais poderes para as confederações continentais. "Isso vai abrir o caminho para que a Europa agarre a última coisa que eles ainda não tem: a Fifa e o governo do futebol mundial", completou.

Luis Figo confirmou que se tornou o mais novo adversário de Joseph Blatter na próxima eleição da Fifa, que acontecerá em 29 de maio. Um dos maiores jogadores da história da seleção portuguesa, o ex-meia do Barcelona e do Real Madrid revelou sua candidatura na tentativa de tirar o suíço do cargo em entrevista para o canal de notícias CNN, nesta quarta-feira.

O astro português disse também possuir o apoio de pelo menos cinco das 209 federações filiadas à Fifa, requisito obrigatório para poder entrar na eleição da entidade. E ele revelou a sua intenção de assumir a entidade depois de o presidente da Federação Holandesa de Futebol, Michael van Praag, ter oficializado na última segunda-feira sua candidatura à presidência do organismo.

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Figo e Van Praag, porém, não revelaram quais são as federações que manifestaram apoio às suas respectivas candidaturas na eleição. O português, por sinal, se tornou mais um concorrente de Blatter após o dirigente suíço ter desafiado a Uefa a ter representantes no pleito no qual lutará pelo seu quinto mandato à frente da Fifa. Na ocasião, Blatter disse que a Uefa liderava a oposição contra ele, mas "não tinha coragem para enfrentá-lo".

E Figo deixa claro que está insatisfeito com a reputação atual da Fifa, que tem seu nome e alguns dos seus representantes envolvidos em uma série de escândalos de corrupção nos últimos anos. "Eu me importo com o futebol, então estou vendo a imagem da Fifa não só agora, mas nos últimos anos, e não gosto disso. Se você procurar 'Fifa' na internet, a primeira palavra que aparece é 'escândalo'. Não são palavras positivas. É isso que temos que mudar primeiramente, tentar melhorar essa imagem", ressaltou o ex-jogador.

Ao justificar a sua candidatura, Figo também enfatizou: "O futebol me deu muito durante a minha vida e quero dar algo de volta ao jogo".

O prazo final para oficialização de candidaturas irá se expirar nesta quinta-feira, sendo que, além de Figo e Praag, o príncipe Ali bin al-Hussein, da Jordânia, um dos vice-presidentes da Fifa; o ex-jogador francês David Ginola e o também francês Jérôme Champagne, ex-vice-secretário geral da entidade, revelaram o desejo de disputar a eleição que ocorrerá em maio.

Mais novo candidato, Figo foi embaixador da Uefa para a final da última Liga dos Campeões, realizada no ano passado em Lisboa, onde o Real Madrid bateu o Atlético de Madrid para ficar com o seu décimo título da competição.

Com apenas 42 anos de idade, o ex-jogador português tentará desafiar o amplo favoritismo de Blatter, que continua na frente para seguir na presidência mesmo com os consecutivos escândalos enfrentados pela entidade que ele comanda.

Eleito o melhor jogador do mundo pela própria Fifa em 2000, Figo foi vice-campeão da Eurocopa de 2004 e quarto colocado na Copa do Mundo de 2006 pela seleção portuguesa, pela qual ainda ostenta o recorde de 127 partidas disputadas. Já na carreira de clubes, ele também defendeu o Sporting e a Inter de Milão, na qual encerrou a sua carreira em 2009.

O presidente da Fifa, Joseph Blatter, se disse surpreso com o pedido de demissão do investigador que compilou 200 mil páginas de provas contra a Copa do Catar em 2022. Horas depois de Michael Garcia anunciar que estava deixando a entidade, nesta quarta-feira, Blatter foi perguntado sobre o assunto e prometeu se posicionar nos próximos dias.

"Nós acabamos de receber esta informação. Eu não posso fazer qualquer comentário. Eu vou fazer isso amanhã (quinta) com o Comitê Executivo", disse o dirigente, que, pressionado pela imprensa, continuou: "Estou apenas surpreso. Isso é tudo que posso dizer. Apenas isso".

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Garcia citou uma "falta de liderança" no comando da Fifa no comunicado em que anunciou sua saída nesta quarta. Seria um ataque direto a Blatter, que foi interpelado pela imprensa em Marrakesh, no Marrocos, onde está acompanhando o Mundial de Clubes.

O investigador Michael Garcia decidiu se demitir ao ver que seus argumentos na acusação de corrupção na escolha do Catar para sede da Copa de 2022 foram ignorados e que a Fifa se recusa até mesmo a aceitar um recurso seu para reavaliar o caso. A decisão é um terremoto para a entidade que, nos últimos meses, tentou passar uma imagem de que estava se reformando e julgando corruptos.

Garcia deixou claro que a cúpula da Fifa não o permitia fazer esse trabalho. Ele indicou que perdeu esperanças de que seus argumentos sejam pelo menos considerados e que a Fifa de fato queira mudar sua cultura da corrupção. "Nenhum comitê independente, investigador ou painel de árbitros pode mudar a cultura de uma organização."

Há um mês, o juiz supostamente independente da Fifa, Hans Joaquim Eckert, declarou que não existiam provas suficientes para dizer que o Catar havia comprado a Copa, depois que Garcia realizou dois anos de investigações e produziu um informe detalhado sobre os incidentes de corrupção.

Revoltado com a decisão, Garcia decidiu entrar com um recurso depois de chamar as conclusões de "erradas e incompletas". Mas, na última terça-feira, o caso foi encerrado. O Comitê de Apelação da Fifa "concluiu que o recurso é inadmissível" e usou brechas legais para abafar o caso.

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