Em Pernambuco, estudantes também denunciaram a existência de merenda estragada na rede pública e a falta de passe livre para alunos do interior. (Marília Parente/LeiaJá)
##RECOMENDA##Na manhã desta terça-feira (28), estudantes protestaram contra o Novo Ensino Médio na frente do Palácio do Campo das Princesas, sede do Governo de Pernambuco, localizado na região central do Recife. Organizada pela União Nacional dos Estudantes Secundaristas de Pernambuco (Uespe), pela União dos Estudantes de Pernambuco (UEP) e pela Federação Nacional dos Estudantes em Ensino Técnico, a mobilização também cobrou melhorias para as escolas públicas estaduais e passe livre para os alunos da rede pública do interior do estado.
Para Jéssica Santana, diretora de Mulheres da UEP, o Novo Ensino Médio amplia as disparidades entre escolas públicas e particulares. "A proposta é a de tirar o senso crítico dos alunos da rede pública, sem aulas de filosofia e sociologia, por exemplo. Além disso, professores que tenham uma determinada formação poderão dar aulas fora dela, sucateando mais ainda o ensino", afirma.
Evandro José da Silva, presidente da Uespe, frisa que atos similares também ocorrem hoje em pelo menos vinte estados brasileiros. "Aqui em Pernambuco, o governo de Raquel Lyra ainda não se sentou com os estudantes para discutir como vai se dar a implementação desse Novo Ensino Médio. Nesse próprio ato aqui, ninguém, nenhum assessor da governadora veio nos receber. Agora mesmo, Priscila Krause [vice-governadora] chegou, ficou rindo na janela e não recebeu os estudantes", comenta.
O Novo Ensino Médio foi instituído em 2017, durante o governo do ex-presidente Michel Temer, através da aprovação da Lei Federal 13.415. A proposta do Governo Federal é a de implementá-lo até 2025. "Apesar disso, até agora não houve diálogo com os estudantes e professores, nem a criação de comissões e de consulta pública nas escolas", destaca Evandro Silva.
A nível estadual, a Uespe também denuncia a ausência de passe livre para os estudantes de cidades como Caruaru, no Agreste, e Petrolina, no Sertão. "Os estudantes da Região Metropolitana do Recife têm e os do interior não. Além disso, a gente tem recebido muitas denúncias sobre a falta de qualidade da merenda nas escolas públicas, inclusive de merenda com larva sendo servida para os alunos. Em outros casos, tem escola integral largando cedo pra sobrar lanche da tarde para o turno da noite", completa Evandro Silva.