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O presidente nacional do PT, deputado estadual Rui Falcão (SP), afirmou nesta segunda-feira que, caso o Supremo Tribunal Federal (STF) mantenha o entendimento de que presos em regime semiaberto não têm direito a trabalho externo sem o cumprimento de ao menos um sexto da pena, como foi decidido pelo presidente da Corte, ministro Joaquim Barbosa, na revogação do benefício de condenados no mensalão, poderá ocorrer uma "consequência em cadeia". De acordo com Falcão, esse juízo pode afetar até cem mil detidos que hoje têm acesso a trabalho.

Ele referia-se à ação protocolada pelo partido ontem no STF, na qual argumenta que o artigo da Lei de Execução Penal, de 1984, que estabelece esse requisito, é incompatível com a Constituição Federal. "Se o Supremo decidir nesse sentido, caem por terra todos os argumentos do ministro Joaquim Barbosa", disse, pouco depois de participar de reunião da executiva da legenda, em Brasília. "Que não está determinando apenas a volta dos companheiros nossos do semiaberto, e de outros, mas que pode ter consequências em cadeia e fazer com que cem mil presidiários deixem o regime de trabalho e voltem para a prisão", argumentou.

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A sigla cita decisões recentes de Barbosa que desautorizaram condenados no processo do mensalão a trabalhar fora da prisão. Entre os afetados pela determinação estão o ex-deputado José Dirceu (PT-SP) e o ex-tesoureiro da agremiação Delúbio Soares. Nas resoluções envolvendo sentenciados no mensalão, Barbosa citou o artigo questionado agora pelo PT.

A "vaquinha eletrônica" organizada pelos condenados do mensalão para quitar as multas impostas pelo Supremo Tribunal Federal foi considerada uma "manobra legal" por dois ministros da Corte e integrantes da Procuradoria-Geral da República, Conselho de Controle de Atividades Financeira (Coaf) e Banco Central.

Segundo as autoridades, as campanhas de arrecadação pela internet em favor do ex-deputado federal José Genoino (PT) e do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, apesar de "driblarem" a punição que deveria recair sobre os réus, não podem ser coibidas nem o sigilo dos doadores quebrado oficialmente sem que haja indícios de lavagem de dinheiro ou depósito atípico.

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A fim de pagar as multas fixadas pelo STF nas condenações, foram realizadas campanhas na internet. Genoino arrecadou mais de R$ 700 mil e Delúbio, R$ 1 milhão. Segundo especialistas ouvidos pelo jornal O Estado de S. Paulo, apesar de causarem um certo choque, iniciativas como essas não são proibidas pela lei.

Receita

As doações terão de ser informadas à Receita Federal nas respectivas declarações de Imposto de Renda. Se as autoridades fiscais desconfiarem de irregularidades, poderão iniciar uma investigação. Além disso, eventuais indícios de ilícitos poderão ser apurados por integrantes do Ministério Público que atuam nas cidades onde as contas bancárias foram abertas.

No caso de Delúbio, o advogado Arnaldo Malheiros explicou que uma conta foi aberta numa agência da Caixa Econômica Federal em Brasília para receber depósitos identificados. Segundo o advogado, as doações terão de ser declaradas. "É isento de IR, mas tem de pagar imposto sobre doações." Malheiros contou que a maioria das doações foi de cerca de R$ 1 mil. "Quem doou são pessoas que apoiam o partido."

Como a multa de Delúbio foi de R$ 466,8 mil, a sobra deverá ser colocada à disposição de outros condenados que também terão de pagar multas. Um deles é o ex-ministro José Dirceu, que cumpre pena em Brasília e já autorizou abertura da conta em seu nome.

A ideia de arrecadar dinheiro para pagar as multas causou indignação no STF. Um integrante da Corte observou que, assim como a prisão, a multa é uma pena. Como uma pessoa não pode cumprir dias de prisão no lugar de um condenado, o mesmo raciocínio deveria servir para impedir que a multa fosse financiada por aliados do réu.

O assunto deverá ser tema de conversa entre os ministros do STF - eles voltam do recesso na próxima semana.

Responsável pela campanha de doações no PT, o advogado Marco Aurélio Carvalho afirmou que a militância se dispôs a doar por considerar a multa descabida. Segundo ele, as contas foram abertas na Caixa Econômica Federal, banco presidido pelo PT, pela facilidade de agências em todo o País, e em nome dos réus. Os depósitos de dinheiro, cheque ou transferência bancária foram identificados.

Carvalho disse que todas as doações foram de pessoas físicas. Mas a lista de doadores não será divulgada. Ele esclareceu que não é verdade que o ex-ministro Nelson Jobim tenha dado R$ 10 mil a Genoino. "Não recebemos nenhum cheque dele." (As informações são do jornal O Estado de S. Paulo)

A arrecadação de valores em prol do pagamento da multa estipulada de R$ 468 mil pelo Supremo Tribunal Federal (STF), como parte da condenação do ex-deputado José Genoino (PT), não ficou apenas em site ou entre os amigos da legenda. Por meio de nota oficial, o presidente nacional do PT, Rui Falcão, convidou os militantes, filiados e até simpatizantes a contribuir com o dinheiro exigido pelo órgão. 

O ato de doação circula na internet há alguns dias e tem o apoio da família do mensaleiro. Já no documento assinado por Falcão a multa é considerada como “indevida e, além disso, desproporcional”, mas que deve ser cumprida por ser uma sentença judicial. Ele também explica no texto que os valores devem estender-se aos “companheiros José Dirceu, Delúbio Soares e João Paulo Cunha” e chega a divulgar os dados bancários para a realização de depósitos.

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Confira o apelo na íntegra. 

Nota do PT Nacional

O presidente nacional do PT, Rui Falcão, conclama os militantes, filiados, simpatizantes e amigos(as) do PT a contribuírem para o pagamento da multa injustamente imposta ao companheiro José Genoino Neto.

Embora indevida e, além disso, desproporcional, trata-se de sentença judicial, obrigando, portanto, ao seu cumprimento.

Como o PT, em virtude da lei, não pode utilizar recursos próprios e nem do

Fundo Partidário, propomos esta corrente de solidariedade que deve, igualmente, estender-se aos companheiros José Dirceu, Delúbio Soares e João Paulo Cunha.

As contribuições devem atender aos requisitos legais de origem e identificação do doador, com RG e CPF.

A conta corrente aberta para a contribuição ao Genoino é: José Genoino Neto, Caixa Econômica Federal - Agência: 0269, Conta Poupança: 013.22277-7.

Rui Falcão

Presidente Nacional do PT

Mesmo depois de a Vara de Execuções Penais do Distrito Federal determinar isonomia no tratamento da população carcerária, os condenados no processo do mensalão voltaram nesta sexta-feira, 29, a usufruir do privilégio de receber pessoas fora do horário regular de visitas no Complexo Penitenciário da Papuda. Confrontado com a medida, o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) decidiu pedir que o direito de visitas às sextas-feiras seja estendido a todos os presos do sistema prisional da região.

O tratamento conferido aos condenados do mensalão causou revolta em familiares dos demais presos, que passam horas na fila para visitar seus familiares e se submetem a invasivos procedimentos de revista. Os dias regulares de visitas na Papuda são quartas e quintas-feiras.

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A Promotoria de Justiça de Execução Penal do MPDFT entrou em contato com o vice-diretor do Centro de Internamento e Reeducação (CIR), Adelmo Rodrigues da Conceição Júnior, após a informação de que o ex-ministro José Dirceu e o ex-tesoureiro do PL Jacinto Lamas receberam visitas ontem.

O Estado não obteve resposta, até a noite desta sexta-feira, do advogado José Luís de Oliveira, que defende José Dirceu. O advogado de Lamas, Délio Lins e Silva, não confirmou se o cliente recebeu visitas da mulher e de um padre. "Não sei", disse Délio ao Estado.

Procurada pela reportagem, a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal negou que haja tratamento diferenciado aos condenados no mensalão e se recusou a informar os visitantes de cada preso. "Há vários presos que tem direito à visita nas sextas-feiras, alguns inclusive estão lotados em outras alas", informou a secretaria. O governo do DF é administrado pelo petista Agnelo Queiroz, que já foi "averiguar" in loco as instalações dos condenados.

De acordo com a secretaria, além dos presos condenados na ação penal 470, cadeirantes também podem receber visitas às sextas.

Igualitário.

A Vara de Execuções Penais determinou anteontem que as autoridades penitenciárias cumpram prescrições regulamentares, legais e constitucionais, especialmente no que se refere ao tratamento igualitário a ser dispensado aos internos e visitantes do sistema penitenciário local.

"A quebra de isonomia encontraria justificativa apenas e tão somente se fosse possível aceitar a existência de dois grupos de seres humanos: um digno de sofrer e passar por todas as agruras do cárcere e outro, o qual deve ser preservado de tais efeitos negativos, o que, evidentemente, não é legítimo admitir", disse a Vara.

A Vara de Execuções Penais também determinou a imediata transferência de Simone Vasconcelos e Kátia Rabello para a Penitenciária Feminina do DF, mas a noite desta sexta-feira, 29, as duas ainda estavam no 19º Batalhão da Polícia Militar, na Papuda.

A Justiça do Distrito Federal determinou que os condenados do mensalão recebam, no presídio da Papuda, o mesmo tratamento dado aos demais presos. Na decisão, os juízes da Vara de Execuções Penais do Distrito Federal afirmam que o tratamento desigual provoca instabilidades no sistema carcerário. Desde que foram presos, os réus do mensalão puderam receber visitas fora no horário normal de visitações e chegaram, conforme documento do Ministério Público, a receber pizzas encomendadas pela Polícia Federal.

Os juízes da Vara de Execuções determinaram ainda que Simone Vasconcelos, ex-diretora da empresa SMPB, e Kátia Rabelo, ex-presidente do Banco Rural, sejam transferidas para o presídio feminino para cumprirem suas penas. As duas estão presas no 19º Batalhão da Polícia Militar no Complexo da Papuda, área reservada para presos militares.

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O tratamento dispensado aos mensaleiros foi criticado pelos parentes de demais presos, que passam um dia na fila para conseguirem visitar seus parentes. E um documento feito pelo MP, que inspecionou o local em que o ex-presidente do PT José Genoino está preso, mostrou que a PF chegou a pedir pizza "tarde da noite" no dia em que os mensaleiros foram presos.

"Penso que não há qualquer justificativa para que seja dado a um interno/grupo específico tratamento distinto daquele dispensado a todos os demais reclusos, valendo consignar que é justamente a crença dos presos nesta postura isonômica por parte da Justiça do Distrito Federal que mantém a estabilidade do precário sistema carcerário local", decidiu a VEPO.

Os juízes Bruno Andre Silva Ribeiro, Ângelo Pinheiro Fernandes de Oliveira e Mário José de Assis Pegado, que não mencionam expressamente o grupo de condenados por envolvimento no mensalão. O titular da Vara, Ademar Silva de Vasconcelos, não assina a decisão. Suas decisões e postura desagradaram o presidente do STF, Joaquim Barbosa.

O tratamento diferenciado só teria justificativa, dizem os magistrados, se fosse possível admitir a existência de dois grupos de seres humanos: "um digno de sofrer e passar por todas as agruras do cárcere e, outro, o qual deve ser preservado de tais efeitos negativos, o que, evidentemente, não é legítimo admitir".

Os juízes afirmam ainda que é "fato público e notório" que o sistema carcerário brasileiro é deficiente, mas acrescentam que isso não seria justificativa para tratamento diferenciado. Por isso, alegando ser necessário o "restabelecimento da harmonia no sistema prisional", os juízes da VEP determinaram a "estrita observância por parte das autoridades penitenciárias locais das prescrições regulamentares, legais e constitucionais, especialmente no que se refere ao tratamento igualitário a ser dispensado aos internos e visitantes do sistema penitenciário".

Os juízes acrescentam ainda que a VEP estenderá "a todos os presos do sistema prisional local eventuais direitos, garantias ou regalias concedidas por ato administrativo, formal ou não, a determinado sentenciado ou grupo de apenados , especialmente no que se refere a regras de visitação e alimentação".

A decisão da Vara de Execuções Penais decorre de manifestação do Ministério Público do DF, que fez uma inspeção nos dias 25 e 26 de novembro. Nessa inspeção, o MP afirma que foi possível constatar o "clima de instabilidade e insatisfação", constatado nas entrevistas com servidores e internos.

De acordo com documento do MP, uma das razões da vistoria foi a divulgação de notícias de que presos estavam recebendo tratamento diferenciado, especialmente para receber visitas. O MP lembra o horário de visitas é de 9h às 15h, às quartas e quinta-feira. Além disso, os visitantes precisariam se cadastrar previamente e não poderiam adentrar o presídio portando bilhetes, por exemplo.

O MST da Base, dissidência do Movimento dos Sem-Terra (MST) liderada por José Rainha Júnior, anunciou uma nova onda de invasões no oeste do Estado de São Paulo em apoio aos condenados no processo do mensalão. "Recebam as ocupações dos latifúndios improdutivos do Brasil como nossa homenagem", escreveu o líder em manifesto divulgado domingo, 24. Na "moção de solidariedade aos presos políticos do PT, vítimas da farsa jurídico-midiática do mensalão", o líder sem-terra afirma que ação penal é uma cortina de fumaça para esconder "os verdadeiros lesa-pátria e assim confirmar que os verdadeiros culpados estão livres e as cadeias foram feitas para os inocentes".

No último dia 15, quando se comemorava a Proclamação da República, José Rainha Junior comandou uma onda de invasões que atingiu 25 propriedades rurais no Pontal do Paranapanema e na Alta Paulista. As áreas já foram desocupadas. Ele não informou quando serão feitas as novas invasões. A ação foi a primeira comandada pelo líder sem-terra, depois de ficar nove meses preso, acusado de envolvimento num esquema de desvio de recursos da reforma agrária. Ele foi solto por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), em março de 2012.

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Faixas

Faixas estendidas na entrada dos acampamentos do MST da Base no oeste paulista pedem "liberdade aos presos políticos do PT", afirmando ainda que "José Dirceu, (José) Genoino e Delúbio (Soares) são inocentes: crime é não fazer a reforma agrária". De acordo com José Rainha, as faixas e a moção de solidariedade aos mensaleiros têm o apoio da Confederação Nacional dos Agricultores Familiares (Conafer), Federação dos Empregados Rurais Assalariados do Estado de São Paulo (Feraesp) e de sindicatos rurais ligados à Central Única dos Trabalhadores (CUT). Na moção, os signatários afirmam que "a vitória da presidente Dilma será a resposta que o povo dará nas urnas".

A União Democrática Ruralista (UDR), que representa proprietários de fazendas, vai entrar esta semana com representações nos ministérios públicos estadual e federal contra José Rainha Júnior por incitar ao crime e desrespeitar a Justiça. De acordo com o presidente nacional Luiz Antonio Nabhan Garcia, ao conclamar nova onda de invasões, o líder sem-terra incita ao crime. "Além de ser um desrespeito ao estado de direito, invasão é crime", disse. Segundo ele, o MST da Base é uma "organização fora da lei" que usa de atos ilícitos para afrontar decisões do Supremo Tribunal Federal (STF).

A decisão do presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), de suspender o mandato do deputado Natan Donadon (sem partido-RO) em razão do cumprimento de pena em regime fechado, abriu a possibilidade de três deputados mensaleiros continuarem a exercer o cargo, mesmo condenados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no processo do mensalão.

José Genoino (PT-SP), Pedro Henry (PP-MT) e Valdemar Costa Neto (PR-SP) foram condenados ao regime semiaberto. Só João Paulo Cunha (PT-SP) pegou regime fechado. Neste caso, poderá, caso seja salvo pelo plenário, ser afastado do exercício do mandato.

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No seu parecer, Henrique Alves afirmou que acataria a decisão do plenário da Câmara, de manter o mandato de Donadon, mas o fato de estar cumprindo pena de prisão em regime fechado o impossibilitava de desempenhar suas funções. Assim, Henrique Alves determinou o afastamento imediato de Donadon e convocou o suplente para tome posse ainda hoje, pelo tempo que durar o impedimento.

O suplente de Donadon é o ex-senador Amir Lando (PMDB-RO), que relatou a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) de Paulo Cesar Farias, que resultou no impeachment do então presidente Fernando Collor. Nenhum dos mensaleiros apareceu para votar - o que significou um voto a favor da absolvição de Donadon, pois para a cassação era necessário o registro do sim. Dos quatro deputados que foram condenados no processo do mensalão, José Genoino está de licença médica, se recuperando em casa. Os outros três não tinham nenhum impedimento para comparecer à sessão. Não foram porque não quiseram.

Um grupo de evangélicos faz na manhã desta quarta-feira um protesto contra a presença dos deputados José Genoino (PT-SP) e João Paulo Cunha (PT-SP), condenados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no processo do mensalão, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara. O ataque aos condenados já foi usado pelo pastor Marco Feliciano (PSC-SP) para continuar à frente da Comissão de Direitos Humanos.

O protesto foi silencioso. Cerca de 20 manifestantes seguravam cartazes com as frases "Fora dep. Genuíno (sic)" e "Fora dep. João Paulo Cunha". O grupo era formado por pastores e fiéis da igreja Assembleia de Deus do Gama, cidade satélite de Brasília, e tem frequentado as reuniões da Comissão de Direitos Humanos para dar apoio a Feliciano. João Paulo Cunha ainda não compareceu à comissão, enquanto Genoino tenta ignorar a manifestação. "Não respondo a provocação", disse ele.

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Um grupo de militantes do PT de Brasília promove nesta quinta-feira um jantar, em uma galeteria da cidade, para arrecadar dinheiro destinado a pagar as multas aplicadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a petistas condenados no processo do mensalão. Os convites custam de R$ 100 a R$ 1.000. A ideia da Juventude do PT, um grupo ligado ao ex-tesoureiro da sigla Delúbio Soares - um dos condenados -, é espalhar a iniciativa pelo País.

Até o meio-dia desta quarta-feira (16), 110 dos 170 convites já haviam sido vendidos, mas o valor arrecadado não foi revelado. Além do jantar, o grupo pede aos que não podem comparecer que depositem doações na conta do PT Plano Piloto identificando os depósitos com R$ 0,47 - em alusão ao número da Ação Penal que condenou os mensaleiros -, por exemplo doando R$ 100,47.

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A iniciativa beneficia o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, o ex-tesoureiro Delúbio Soares e os deputados José Genoino (SP) e João Paulo Cunha (SP), condenados a pagar, juntos, R$ 1,8 milhão.

A ideia do jantar surgiu em uma conversa entre três membros da juventude do PT em Brasília. "Nós consideramos absolutamente injusto que eles tirem um centavo do bolso para pagar essas multas. Então fomos estudar o estatuto do PT para ver o que poderia ser feito para arrecadar fundos", explicou Pedro Henrichs, um dos organizadores. "Vimos que havia a possibilidade de fazermos um jantar e conversamos com a direção do PT local para tocar a ideia."

A Juventude do PT fez vários contatos com a assessoria de Dirceu, que agradeceu a iniciativa, mas não deve comparecer. Já Genoino não foi encontrado.

A proposta não teve apoio de petistas influentes. O deputado distrital do PT Chico Vigilante adiantou que não participará do jantar. "Sou contra. Se me convidarem eu não vou", disse. "Não posso contribuir pagando uma multa aplicada por um julgamento ilegal. Os esforços devem ser destinados a provar a inocência dos condenados."

Ausentes

O governador de Sergipe, Marcelo Deda, e o deputado federal Ricardo Berzoini (SP) alegaram motivos de agenda para não comparecer. "Não estarei em Brasília", explicou Berzoini. Deda avisou que teria de viajar para São Paulo, para um tratamento médico, mas que contribuirá com a "vaquinha". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo

A Mesa do Congresso Nacional divulgou nesta sexta a lista dos parlamentares que assinaram o requerimento de criação da CPI mista do Cachoeira. Foram 72 dos 81 senadores e 396 dos 513 deputados. Em uma investigação com tanto apoio, chama mais atenção quem não rubricou o requerimento. Nesse grupo que não respaldou o pedido de investigação estão alguns personagens de outros escândalos.

Dois réus no processo do mensalão em andamento no Supremo Tribunal Federal não assinaram o pedido: Valdemar da Costa Neto (PR-SP) e Pedro Henry (PP-MT). O deputado paranaense Zeca Dirceu (PT-PR), filho de outro réu, o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, foi outro que não assinou. O ex-ministro José Dirceu prestou consultoria à empresa Delta, uma das envolvidas no escândalo que levou à prisão do empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira.

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Recentemente salva pelos colegas, a deputada Jaqueline Roriz (PMN-DF), foi outra a não apoiar a investigação. Ela foi absolvida em plenário mesmo depois da divulgação de um vídeo no qual aparecia recebendo um pacote de dinheiro de Durval Barbosa, o operador do chamado "mensalão do DEM".

Um parlamentar envolvido em outro escândalo, o mensalão mineiro, não rubricou o requerimento. O tucano Eduardo Azeredo (PSDB-MG) não deu sua assinatura. Réu em algumas ações no Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-governador Paulo Maluf (PP-SP) também não apoiou a investigação.

Entre os que ficaram de fora da lista está ainda o deputado Sérgio Moraes (PTB-RS). Ele ganhou fama ao dizer que "se lixa" para a opinião pública quando era relator do processo contra o ex-colega Edmar Moreira, o deputado do castelo que gastava recursos da Câmara com uma empresa de sua propriedade.

Parentes de ministros também não rubricaram: o senador Garibaldi Alves (PMDB-RN), pai do ministro da Previdência Social, Garibaldi Alves Filho; e o senador Lobão Filho(PMDB-MA) e a deputada Nice Lobão (PSD-MA), filho e esposa do ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, também não aderiram.

Na Câmara, o presidente Marco Maia (PT-RS) e o líder do governo, Arlindo Chinaglia (PT-SP), já tinham avisado que não assinariam o requerimento devido aos cargos que exercem. O presidente do Conselho de Ética da Câmara, José Carlos Araújo (PSD-BA), e o presidente da CCJ do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), foram outros a não assinar.

Dos parlamentares citados no escândalo que levou à prisão de Carlinhos Cachoeira, apenas o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) não rubricou o requerimento. Os deputados Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO), Jovair Arantes (PTB-GO), Rubens Otoni (PT-GO), Sandes Júnior (PP-GO) e Stepan Nercessian (PPS-RJ) apoiaram a abertura da investigação.

Na "bancada dos famosos", apenas o deputado Acelino Popó (PRB-BA) ficou de fora. Romário (PSB-RJ) e Tiririca (PR-SP) deram apoio à investigação.

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