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Em um dos primeiros atos como novo ministro da Defesa, o general Walter Braga Netto publicou nesta terça-feira, 30, "Ordem do Dia Alusiva ao 31 de março de 1964", em referência à data do golpe militar no País, que completa 57 anos nesta quarta-feira. No texto, disponível no portal da pasta, Braga Netto cita que os eventos daquele dia, "assim como todo acontecimento histórico, só podem ser compreendidos a partir do contexto da época" e sustenta que o "movimento de 1964 é parte da trajetória histórica do Brasil". Segundo o ministro, "assim devem ser compreendidos e celebrados os acontecimentos daquele 31 de março".

Na ordem do dia, Braga Netto lembra que o Século XX foi marcado por dois grandes conflitos bélicos mundiais e pela expansão de ideologias totalitárias, com importantes repercussões em todos os países. Após a Segunda Guerra Mundial, o mundo, com participação do Brasil, "derrotou o nazi-fascismo e o mapa geopolítico internacional foi reconfigurado e novos vetores de força disputavam espaço e influência".

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No entanto, de acordo com a publicação, a Guerra Fria entre Estados Unidos e a então União Soviética envolveu a América Latina e trouxe "um cenário de inseguranças com grave instabilidade política, social e econômica" ao Brasil. "Havia ameaça real à paz e à democracia", sustenta Braga Netto.

Diante disso, na avaliação do ministro, "brasileiros perceberam a emergência e se movimentaram nas ruas, com amplo apoio da imprensa, de lideranças políticas, das igrejas, do segmento empresarial, de diversos setores da sociedade organizada e das Forças Armadas, interrompendo a escalada conflitiva, resultando no chamado movimento de 31 de março de 1964".

Após o golpe militar, classificado como "movimento" pelo ministro, as Forças Armadas pacificaram o País, "enfrentando os desgastes para reorganizá-lo e garantir as liberdades democráticas que hoje desfrutamos".

Braga Netto lembra também que, em 1979, a lei da Anistia, aprovada pelo Congresso Nacional, "consolidou um amplo pacto de pacificação a partir das convergências próprias da democracia" foi a "transição sólida, enriquecida com a maturidade do aprendizado coletivo". A partir de então, "o País multiplicou suas capacidades e mudou de estatura".

Para o ministro da Defesa, o cenário geopolítico atual apresenta novos desafios, entre eles as questões ambientais, ameaças cibernéticas, segurança alimentar e pandemias. "As Forças Armadas estão presentes, na linha de frente, protegendo a população", escreveu. "Marinha, Exército e Força Aérea acompanham as mudanças, conscientes de sua missão constitucional de defender a Pátria, garantir os Poderes constitucionais, e seguros de que a harmonia e o equilíbrio entre esses Poderes preservarão a paz e a estabilidade em nosso País", completa.

A gestão bolsonarista encerra o mês de março com seis mudanças em pilares estratégicos da sua equipe. Nessa segunda-feira (29), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) anunciou uma reforma ministerial, que já vinha sendo especulada, em partes, há algumas semanas. Casa Civil, Secretaria de Governo, Advocacia-Geral da União (AGU), Ministério da Defesa, Ministério da Justiça e Segurança Pública e Ministério das Relações Exteriores terão novos ministros, entre saídas e realocações. No entanto, a mudança drástica em pastas importantes e ainda durante uma crise econômica e sanitária pode significar desequilíbrio e falta de apoio interno, segundo aponta a cientista política Priscila Lapa.

As mudanças foram oficializadas em uma nota divulgada pela Secretaria de Comunicação Social, vinculada ao Ministério das Comunicações. Em resumo, três ministros saem e três ministros entram no governo. O general Fernando Azevedo, exonerado da Defesa; Ernesto Araújo, que pediu demissão do Itamaraty; e José Levi Mello do Amaral Júnior, que pediu demissão da AGU. Todos ex-membros do alto escalão.

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As realocações também aconteceram, ou seja, ministros que já faziam parte do governo e apenas trocaram de pasta. O general Walter Braga Netto deixou a Casa Civil e assumiu a Defesa. O general Luiz Eduardo Ramos deixou a Secretaria de Governo e vai assumir a Casa Civil. E André Mendonça deixou a Justiça para voltar a ser advogado-geral da União, função que já exerceu entre janeiro de 2019 e abril de 2020.

O governo Bolsonaro também tem três novos integrantes, completando o novo ciclo ministerial. São recém chegados a deputada Flávia Arruda (PL-DF), nova ministra-chefe da Secretaria de Governo; Anderson Torres, delegado da Polícia Federal que vinha exercendo o cargo de secretário de Segurança Pública do Distrito Federal. Ele deixa o posto na gestão do governador Ibaneis Rocha (MDB) para ser o novo ministro da Justiça e Segurança Pública.

Por fim, o embaixador Carlos Alberto Franco França, promovido a ministro das Relações Exteriores. França já fazia parte da ala ideológica do governo, como cerimonial da Presidência da República.

Na avaliação de Lapa, governos em equilíbrio não fazem reformas, já que elas são sempre provocadas por algum tipo de mecanismo que desequilibra a base, seja a base política, de apoio congressual e partidos políticos, ou a de apoio popular.

“Quando esses dois fatores se unem e geram crises de opinião pública e de sustentação política, governos tendem a fazer reformas. Ou eles fazem no fim dos ciclos, como quando há uma renovação de mandato durante uma reeleição, é normal haver uma reforma ministerial ou de secretariado, para abrigar novos aliados e retirar do poder aliados até então consolidados. Mas uma reforma no meio de uma crise… É preciso situar o contexto em que nós estamos. Estamos no olho do furacão, na maior crise sanitária da história e em uma das maiores crises econômicas, existe, claramente, um imobilismo do governo em relação a essas crises, e a reforma acontece nesse cenário. É como se um equilíbrio tivesse se rompido e o governo estivesse em busca de um novo”, explica a especialista.

Apesar das especulações, mesmo nos bastidores, as mudanças em diferentes pastas ainda denunciam uma falta de transparência sobre o que a reforma ministerial pode causar, sobretudo em um período de crise e muita insatisfação no Congresso.

Perguntada sobre o que seria o tal “equilíbrio” buscado por Bolsonaro, a cientista avalia: “Parece ser uma falta de apoio pessoal. Existe essa pressão do Centrão, que é diferente de uma pressão do Centrão em outros tempos republicanos. Antes, a pressão existia muito mais no sentido de “toma lá, dá cá”, de querer ocupar cargos por ocupar. Agora o Centrão pede respostas, pois está se desgastando na sua base. Esses deputados e senadores não estão conseguindo mais ter a relação que eles tinham com seus governadores e seus prefeitos. Quando eles chegam nos seus estados, estão sendo cobrados por coisas mínimas para o combate à pandemia. Então o que o Centrão cobra hoje de Bolsonaro são soluções para a crise.

A saída de Fernando Azevedo e Silva, ex-ministro da Defesa, também foi uma grande perda para a ala ideológica de Bolsonaro. O general foi chefe do Estado-Maior do Exército, um dos postos de maior prestígio na Força. Ele entrou para a reserva em 2018, quando também foi escolhido pelo presidente. Quando anunciado ministro, ele era assessor do então presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli.

“[Em relação ao ministro da Defesa] A reação de Bolsonaro quando ele é profundamente pressionado pode ser de maior radicalização. O que parece é que ele está insatisfeito pessoalmente com a falta de apoio, seja do ministro da Defesa, seja do advogado da AGU que não assinou com ele aquele pedido para o STF fazer a reversão das medidas adotadas pelos governadores. Ficou muito clara na nota do ministro Fernando Azevedo a questão da preservação das instituições, ao invés das vontades pessoais do presidente da República”, continua.

A cientista continua falando sobre a movimentação autoritária do presidente e o que ela pode significar em contexto de crise. “Os gestos autoritários de Bolsonaro sempre preocuparam, mas no contexto da crise, preocupam muito mais. É com muita preocupação que essa reacomodação vai acontecer. É a mesma preocupação que se tinha com o Ministério da Saúde. O que importa é a mentalidade de quem conduz. Essa troca está soando no momento como uma troca rumo à radicalização. Inclusive detonando um apoio que parecia consolidado, que era o apoio das Forças Armadas, e ao que parece, não há consensos tão grandes assim dentro dessa própria categoria, que é um dos pilares mais fortes de Bolsonaro”, diz, ao também lembrar que a presença dos militares no governo sempre foram motivo para dúvida.

Para Priscila Lapa, a presença das Forças Armadas enquanto corpo jurídico ou individual, através dos militares, é algo que nunca foi deixado claro pelo governo. “O que eles estão fazendo lá? Estão dando que tipo de sustentação: ideológica, técnica, política? Essa sempre foi uma questão que gerou debate. Assim como a gente não tem clareza do papel que eles têm exercido, a saída por outro lado gera muitas perguntas, do que é que pode estar por trás desse certo rompimento de uma ala do militarismo com esse momento do presidente”, ela indaga.

Por último, foi momento de comentar a saída de Izabel Lima, secretária da Educação Básica no MEC. Rumores são de que ela abandonou o posto por razões pessoais, mas o momento ainda é inoportuno, uma vez que o Ministério da Educação discute um dos principais momentos da pasta na história.

“[Com relação à educação] Não são claras as diretrizes, e falamos aqui de políticas públicas básicas, da condução básica de políticas que funcionavam, até então no Brasil, sem rupturas entre um governo e outro e que agora não funcionavam. Agora não há clareza de nada. Se tem um ministério que hoje vive de um imobilismo e vive de uma falta de planejamento, clareza e transparência, é o Ministério da Educação. Se com quadro técnico já não tem políticas públicas, sem quadro técnico vai ter o quê? Não há condução da crise neste momento, não tem ministro que vá a público falar e debater, que vá construir uma forma de enfrentar esse momento da pandemia. Tem um vazio gigante no MEC. Não sei se tem como piorar”, crava Lapa.

 

A nova troca no comando do Ministério da Justiça e Segurança Pública, formalizada na esteira na mini-reforma ministerial do presidente Jair Bolsonaro, que substituiu a chefia de seis pastas em uma tacada só nesta segunda-feira, 29, começou a provocar as primeiras reações à escolha do delegado da Polícia Federal Anderson Torres como substituto de André Mendonça - que foi remanejado de volta para a Advocacia Geral da União (AGU).

Em nota conjunta endereçada a Bolsonaro, deputados da chamada 'bancada da bala' se uniram a onze entidades representativas de profissionais da Segurança Pública para criticar a nomeação, já oficializada no Diário Oficial da União. O grupo diz que, enquanto foi secretário de Segurança Pública do governo do Distrito Federal e chefe de gabinete do ex-deputado do PSL Fernando Francischini na Câmara, o novo ministro demonstrou 'atuação parcial'.

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"Neste sensível momento de crise que o país e o mundo se encontram, a busca de uma gestão harmoniosa, valorizando inclusive as categorias que sempre estiveram em Vossa base de apoiamento, se faz uma medida necessária para a prevalência da boa ordem, e a busca do progresso", diz um trecho do texto.

O deputado Capitão Augusto (PL-SP), presidente do bloco parlamentar e um dos nomes que subscreve a nota, negou que a bancada tenha sido consultada sobre a indicação.

Em lado oposto, a Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF), onde Torres foi diretor de assuntos legislativos, e a Federação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (Fenadepol) elogiaram o novo ministro.

"O delegado Anderson Torres reúne as qualidades necessárias para ocupar o cargo", disseram. "A experiência e conhecimento amealhado à frente de uma das principais secretarias de Segurança do País certamente ajudarão o novo ministro a alcançar também na área federal bons resultados, por meio de coordenação efetiva entre os membros da federação e com a adoção de medidas que fortaleçam e garantam a atuação republicana das instituições de Estado", acrescentaram.

Torres é próximo ao ex-secretário-geral da Presidência, Jorge Oliveira, nomeado por Bolsonaro para o cargo de ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), e do ex-deputado federal Alberto Fraga, além de ter cultivado relações pessoais com os filhos do presidente, o senador Flávio (Republicanos-RJ) e o deputado Eduardo (PSL-SP). No final de 2019, chegou a ser cotado para assumir o comando da Polícia Federal no lugar de Maurício Valeixo, pivô da demissão de Sérgio Moro, mas teve o nome vetado pelo então ministro.

O Diário Oficial da União (DOU) desta terça-feira (30) formaliza as mudanças anunciadas na véspera pelo presidente Jair Bolsonaro em seis ministérios. Foram publicadas as trocas nas pastas da Defesa, Casa Civil, Advocacia-Geral da União, Justiça, Secretaria de Governo e Relações Exteriores.

As mudanças vêm depois de o chanceler Ernesto Araújo virar alvo de pressões dentro e fora do governo pelo desempenho ruim à frente da política externa do País e nas negociações por vacinas e pedir demissão do cargo. A vaga no Itamaraty será ocupada pelo embaixador Carlos Alberto Franco França, que estava na chefia da assessoria especial da Presidência.

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Ontem tarde, o general Fernando Azevedo e Silva também anunciou sua saída do Ministério da Defesa. A pasta agora será chefiada pelo general Walter Braga Netto, antes chefe da Casa Civil, que passará a ser comandada por Luiz Eduardo Ramos, que sai da Secretaria de Governo.

Para o lugar de Ramos, que vinha sendo o principal articulador do Planalto com o Congresso, entrou a deputada Flávia Arruda (PL-DF), reforçando a participação do Centrão no governo. Flávia, que atuava como presidente da Comissão Mista de Orçamento (CMO), é uma das principais lideranças do PL, um dos partidos que integram o Centrão. O cargo ao Centrão é mais um gesto de Bolsonaro para o grupo, que tem hoje o Ministério da Cidadania, comandado pelo deputado João Roma (Republicanos-BA).

O então advogado-geral da União, José Levi, também pediu exoneração e a AGU voltará a ser chefiada por André Mendonça, que havia assumido a Justiça e Segurança Pública após a saída do ex-juiz Sérgio Moro. Levi deixa o cargo depois de se recusar a assinar a ação apresentada pelo presidente Bolsonaro ao Supremo Tribunal Federal para derrubar decretos editados pelos governos do Distrito Federal, Bahia e Rio Grande do Sul sobre "toque de recolher" para conter a disseminação de covid-19.

Com o retorno de Mendonça para a AGU, a pasta da Justiça será liderada pelo delegado da Polícia Federal Anderson Gustavo Torres, que ocupava o cargo de Secretário de Segurança Pública do Distrito Federal.

Veja aqui os novos ministros das seis pastas:

- Relações Exteriores: Carlos Alberto Franco França;

- Defesa: Walter Braga Netto;

- Casa Civil: Luiz Eduardo Ramos;

- Secretaria de Governo: Flávia Arruda;

- Advocacia-Geral da União: André Mendonça;

- Justiça e Segurança Pública: Anderson Torres.

O presidente Jair Bolsonaro oficializou nesta segunda-feira, 29, seis trocas no governo. Em nota, ele confirmou a demissão do ministro da Defesa, Fernando Azevedo, da Advocacia-Geral da União, José Levi, e a nomeação da deputada Flávia Arruda (PL-DF) como ministra da Secretaria de Governo, responsável pela articulação política do Palácio do Planalto com o Congresso.

O ministro Ernesto Araújo, das Relações Exteriores, também foi demitido. Sua saída vinha sendo cobrada dentro e fora do governo. Na visão de parlamentares, especialistas e empresários, a atuação do chanceler na pasta, considerada ideológica, prejudicou o País na obtenção de insumos e vacinas para combater a covid-19. Em seu lugar entrará o diplomata Carlos Alberto Franco França, ex-cerimonialista da Presidência.

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No Ministério da Justiça, Bolsonaro trocou André Mendonça, que volta a comandar a AGU, seu antigo cargo, e colocou no lugar o delegado da Polícia Federal Anderson Torres. Até então secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, Torres havia sido cotado para assumir a diretoria-geral da Polícia Federal em ao menos três oportunidades, e agora deve assumir um cargo hierarquicamente superior. Ele é próximo da família do presidente.

As outras mudanças foram apenas de nomes que já integravam o governo e foram realocados: o general Walter Braga Netto assume o Ministério da Defesa e o general Luiz Eduardo Ramos vai para o seu lugar, na Casa Civil, abrindo a vaga para Flávia Arruda na Secretaria de Governo.

A deputada é próxima ao presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (Progressistas-AL), que na semana passada cobrou uma mudança de postura do governo federal no enfrentamento da pandemia. Na ocasião, alertou que a declaração era um "sinal amarelo" do Congresso ao chefe do Executivo e, sem citar o impeachment, disse que o Legislativo possui "remédios políticos amargos", alguns "fatais".

No mês passado, Bolsonaro já havia acomodado um nome do Centrão no governo, com a nomeação de João Roma (Republicanos-BA) no Ministério da Cidadania.

As trocas ocorrem no momento mais agudo da pandemia de covid-19 no País, com recordes diários de mortes pela doença e colapso na rede de saúde de diversas cidades. Ao mesmo tempo, pesquisas apontam queda na popularidade do presidente.

VEJA ABAIXO AS TODAS AS TROCAS:

Nota oficial

O Presidente Jair Bolsonaro alterou a titularidade de seis ministérios nesta segunda-feira (29). As seguintes nomeações serão publicadas no Diário Oficial, a saber:

o Casa Civil da Presidência da República: General Luiz Eduardo Ramos Baptista Pereira;

o Ministério da Justiça e Segurança Púbica: Delegado da Polícia Federal Anderson Gustavo Torres;

o Ministério da Defesa: General Walter Souza Braga Netto;

o Ministério das Relações Exteriores: Embaixador Carlos Alberto Franco França;

o Secretaria de Governo da Presidência da República: Deputada Federal Flávia Arruda;

o Advocacia-Geral da União: André Luiz de Almeida Mendonça.

o Secretaria Especial de Comunicação Social

o Ministério das Comunicações

Após um dia de especulações, o governo oficializou nesta segunda-feira, 29, as mudanças na equipe ministerial que atingem seis pastas do governo. As trocas foram divulgadas em nota da Secretaria Especial de Comunicação Social, que também foi compartilhada nas redes sociais do presidente Jair Bolsonaro. As nomeações serão publicadas no Diário Oficial da União.

A dança das cadeiras na Esplanada ocorre após o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, ser alvo de pressões dentro e fora do governo e pedir demissão do cargo. A vaga no Itamaraty será ocupada pelo embaixador Carlos Alberto Franco França, chefe da assessoria especial da Presidência.

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Com a demissão de Fernando Azevedo do Ministério da Defesa anunciada nesta tarde, a pasta será agora chefiada por Braga Netto. O general é o atual ministro-chefe da Casa Civil, que passará a ser comandada por Luiz Eduardo Ramos, hoje chefe da Secretaria de Governo (Segov).

No troca-troca, o Centrão ganhou mais um cargo no governo, na chefia da Segov. A presidente da Comissão Mista do Orçamento (CMO), deputada Flávia Arruda (PL-DF), será a nova ministra da Secretaria de Governo no lugar de Ramos.

Flávia Arruda é uma das principais lideranças do PL, um dos partidos que integram o Centrão, que cuidará agora da articulação política do governo junto ao Congresso. O cargo ao Centrão é mais um gesto para o grupo, que tem hoje o ministério da Cidadania, comandado pelo deputado João Roma (Republicanos-BA).

Após o advogado-geral da União, José Levi, pedir exoneração, a AGU voltará a ser comandada por André Mendonça, atual ministro da Justiça e Segurança Pública. Levi deixa o cargo depois de se recusar a assinar a ação apresentada pelo presidente para derrubar decretos dos governos do Distrito Federal, da Bahia e do Rio Grande do Sul sobre "toque de recolher" por conta da pandemia da covid-19.

André Mendonça havia assumido o Ministério da Justiça com a saída do ex-juiz Sergio Moro do governo. Agora, com o retorno de Mendonça para a AGU, a pasta será liderada pelo delegado da Polícia Federal, Anderson Torres, que ocupa atualmente o cargo de Secretário de Segurança Pública do Distrito Federal.

Depois de sugerir retomar ministérios, o presidente Jair Bolsonaro defendeu, na noite dessa quinta-feira (11), "esperar um pouco mais" para criar novas pastas. Segundo ele, não há "clima" para isso no momento, pois gera despesas.

Em transmissão ao vivo nas redes sociais e ao lado do secretário especial da Pesca, Jorge Seif, o presidente questionou o auxiliar se gostaria de ser ministro. "Se o senhor achar que mereço", respondeu o secretário. Instigado pelo presidente, Seif também disse que os secretários especiais da Cultura, Mário Frias, e do Esporte, Marcelo Magalhães, também gostariam de receber o título de ministro.

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"Pela competência deles (secretários especiais), pelo trabalho, merecem, mas não temos clima para criar ministério porque há aumento de despesa e vamos esperar um pouco mais", disse.

No dia 29 de janeiro, o presidente afirmou que se fosse formar sua equipe de ministérios hoje teria dado status de ministérios para as pastas lideradas por Seif, Frias e Magalhães. Na ocasião, Bolsonaro sugeriu que após as eleições para as presidências da Câmara e do Senado poderia "levar muita coisa avante e quem sabe até ressurgir ministérios".

Inflação

Na live desta quinta-feira, o presidente também afirmou que a inflação "é o que há de pior para o poder aquisitivo dos mais pobres". Ele também reforçou críticas à situação econômica na Venezuela, onde destacou existir alto índice inflacionário.

"Tem gente no Brasil, candidato a presidente, que fica falando por aí que o momento é de botar para rodar as maquininhas da Casa da Moeda, botar papel na praça, dinheiro. Isso não dá certo, leva à inflação, leva à desvalorização, e a inflação é o que há de pior para o poder aquisitivo das pessoas mais pobres", disse.

O presidente da República Jair Bolsonaro negou a possibilidade de recriar ministérios e disse que ao comentar a possibilidade em uma cerimônia realizada ontem no Palácio do Planalto, estava apenas fazendo um elogio à competência dos secretários da Pesca, Esporte e Cultura.

O chefe do Executivo, porém, indicou a possibilidade de mexer na disposição de seus quadros afirmando que o ministro da Cidadania, Onyx Lorenzoni, poderia assumir a Secretaria-Geral da Presidência, atualmente ocupada interinamente por Pedro Nunes Marques.

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"O Onyx? Volta. Conheço há muito tempo. Me ajudou muito. Acredito no trabalho dele. Chamo o Onyx de coringa, ele está pronto para ir para qualquer ministério", respondeu Bolsonaro ao ser questionado se Onyx voltaria ao Palácio do Planalto para assumir a Secretaria-Geral.

Na sexta-feira (29), Bolsonaro condicionou a recriação de ministérios a votos em candidatos apoiados pelo governo. Ele admitiu que poderia recriar os ministérios do Esporte, da Cultura e da Pesca, após a eleição que vai renovar a cúpula do Congresso, na próxima segunda-feira.

"Se tiver o clima no Parlamento, (porque) ao que tudo indica as duas pessoas que nós temos simpatia devem se eleger (Lira e Pacheco), não vamos ter mais uma pauta travada", disse o presidente na solenidade em que recebeu os novos atletas embaixadores dos Jogos Escolares Brasileiros, na qual poucos usavam máscara de proteção. "A gente pode levar muita coisa avante e quem sabe até (fazer) ressurgir ministérios."

Hoje, no entanto, Bolsonaro voltou atrás. "Não tem recriação do ministério. Eu escolhi os três secretários, que fazem um brilhante trabalho. O elogio que dei pra eles no trabalho que eles fazem eles mereciam ser ministros. Não é criar ministérios como deram a entender para negociar com quer que seja. Não é fácil criar ministério. É burocracia, um pouco mais de despesa. Não está previsto", disse.

Eleições do Congresso

Bolsonaro disse ainda acreditar na vitória de Arthur Lira (PP-AL) na presidência da Câmara. "Mas quem vai decidir é o parlamento. Respeitamos o parlamento. Sou simpático ao Arthur Lira e sou simpático também ao outro candidato ao senado, o Rodrigo Pacheco (DEM)", disse.

Ele afirmou que a partir da próxima semana, com a volta do Congresso, irá priorizar reformas a privatização da Eletrobras e Correios." A regularização fundiária é muito importante pra gente", disse.

Bolsonaro afirmou querer "um sucessor que atenda os interesses do Brasil e não deixe atrasar pautas de interesse", na Câmara.

Ao longo de 2020, o Executivo Federal gastou mais de R$ 1,8 bilhão em refeições, aponta a atualização do Painel de Compras do Ministério da Economia. Mesmo com a crise financeira agravada pela pandemia, a despesa foi cerca de 20% mais cara do que em 2019. Além de geleia de mocotó e chantilly, produtos como chiclete chamam atenção pelo desembolso superior a R$ 2 milhões. As informações foram divulgadas pelo portal Metrópoles. 

O levantamento do (M)Dados verificou apenas gastos acima de R$ 1 milhão e indica que os órgãos geridos pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) usaram os recursos do contribuinte para adquirir cerca de R$ 5 milhões em uvas-passa. A goma mascada pelos servidores do Executivo custou R$ 2.203.681,89 aos cofres da União. Só de pizza e refrigerante, a conta foi de R$ 32,7 milhões.

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Somados, os molhos de pimenta, inglês e shoyo atingem R$ 14 milhões. Enquanto embutidos e bacon totalizam R$ 52,3 milhões. Frutos do mar também compunham os pratos servidos nos ministérios e renderam R$ 41,6 milhões. As sobremesas compostas por sorvete, picolé, frutas em calda, granulado, tabletes de doce e outros itens foram compradas por R$ 123,2 milhões.

A pasta que mais gastou com as refeições foi o Ministério da Defesa, que consumiu mais de R$ 632 milhões em alimentação. Só em vinhos, o órgão gastou R$ 2.512.073,59. Em segundo lugar vem o Ministério da Educação, com cerca de R$ 60 milhões. A lista segue com o Ministério da Justiça que registrou a despesa em torno de R$ 2 milhões, em itens como milho de pipoca, leite condensado e sagu.

Ao Metrópoles, o Ministério da Economia explica que a compra de aproximadamente R$ 2 bilhões está dentro do orçamento e a maior parte do montante foi destinada ao Ministério da Defesa para garantir a alimentação das Forças Armadas em serviço.

O líder do governo na Câmara, deputado Ricardo Barros (PP-PR) afirmou que o presidente Jair Bolsonaro não deve entregar ministérios a nenhum partido com o objetivo de ampliar sua base no Congresso. "Eu acho que o presidente Bolsonaro não quer entregar ministérios a partidos e, na minha opinião, não vai", disse, acrescentando que as escolhas de ministros seguirá pautada em critérios técnicos. Barros participou do GZERO Summit Latin America 2020, evento virtual da B3 e do Eurasia Group.

Barros ainda acrescentou que o deputado Arthur Lira (PP-AL) corre como favorito para a eleição para a presidência da Câmara, mas destacou que ainda não há concorrentes definidos. No Senado, o deputado afirmou que a definição dos candidatos deve ficar para o ano que vem. "Todos os prováveis nomes com chance de eleição são reformistas e apoiam a agenda do governo. Não vejo risco para a agenda de reformas em 2021."

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Segundo ele, a configuração de partidos já está formada e há 380 deputados pró-reformas, independentemente de apoio ao governo, como é o caso do DEM e do PSDB, que não se consideram governistas. "Temos uma base ampla para aprovação de reformas que precisam de 308 votos."

Barros também disse que o calendário eleitoral só deve começar em abril de 2022 e, até lá, o ritmo de votações no Congresso não deve ser prejudicado pela disputa. Para o líder do governo, o presidente Bolsonaro não tem concorrente hoje, que está tranquilo com seu processo de reeleição.

Mas ponderou que há tempo para colocação de novos nomes que possam enfrenta-lo. O deputado ainda considerou que é difícil o lançamento do partido do presidente, o Aliança pelo Brasil, e que Bolsonaro deve escolher outra sigla em meados de 2021.

Ainda sobre 2022, Barros comentou que o resultado das eleições municipais não é indicativo de nada. Mas depois comentou que mostrou o fortalecimento do centro, o que pode favorecer políticos "pró-resultado e de experiência" nas próximas eleições. "Mostra que o eleitor saiu do extremo para centro, portanto é provável que as eleições de 2022 tenham viés diferente de 2018 e deste pleito."

O líder do governo ainda defendeu que o Brasil é um dos que mais preserva o meio ambiente do mundo, com mais de 25% da sua mata preservada. Além disso, argumentou que a queimada deste ano deve ter sido só "a 7ª ou 8ª maior do mundo" e que as críticas devem-se à relação conflituosa entre o Bolsonaro e a mídia. "Com a vacina é a mesma coisa. O governo já disse que tem dinheiro para comprar todas as vacinas que forem aprovadas. Mas as pessoas que querem ficar ranhetando. É mais uma questão de versões do que de fatos."

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou nessa terça-feira (18) que "não faz sentido" o presidente Jair Bolsonaro destinar mais recursos para o Ministério da Defesa do que para o da Educação no orçamento do próximo ano. O Estadão revelou que a proposta nas mãos do ministro da Economia, Paulo Guedes, prevê um valor R$ 5,8 bilhões a mais para a pasta dos militares. O governo tem até o fim do mês para enviá-la ao Congresso.

"O governo ainda não encaminhou a proposta. É claro que os recursos para Educação serão maiores que os recursos para Defesa. Isso é óbvio. Não tenho dúvida. Imagina se o presidente da República vai assinar uma proposta em que os recursos da Defesa sejam maiores que os recursos da Educação. Não faz nenhum sentido. Nem do ponto de vista político. Para mim, não faz sentido", disse Maia.

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Caso a proposta que está na Economia seja confirmada, será a primeira vez em dez anos que o Ministério da Defesa terá um valor superior ao da pasta da Educação. "Eu não quero ficar discutindo especulação. Eu acredito que o presidente da República, por óbvio, não vai encaminhar uma proposta onde você tem mais recursos para Defesa e menos recursos para Educação. É minha opinião. Vou esperar a proposta do governo para que a gente discuta baseado em dados, não em especulações que às vezes a gente fica discutindo o que não existe, o que não vai existir", afirmou.

Em nota divulgada após a publicação da reportagem, o Ministério da Defesa afirmou que "não há qualquer indicação" de que seu orçamento será maior do que o da Educação em 2021. Os dados, porém, constam em documentos enviados pelo Ministério da Economia ao ministro Fernando Azevedo.

Ofícios obtidos pelo Estadão mostram que a equipe do ministro Paulo Guedes informa a previsão de R$ 107,9 bilhões para a Defesa no dia 23 de julho (conforme documento abaixo). Na semana passada, após pedido de mais verba pelo ministério, a Junta de Execução Orçamentária (JEO) - composta por Guedes, o ministro da Casa Civil, Walter Braga Netto, e técnicos do governo - aceitou acrescentar R$ 768,3 milhões. O valor total previsto para o ano que vem, portanto, é de R$ 108,74 bilhões.

Enquanto isso, a previsão informada ao MEC na mesma data foi de R$ 101,9 bilhões. Na reunião que liberou mais recursos para a Defesa, a Junta de Execução Orçamentária também autorizou um acréscimo de R$ 896,5 milhões para a pasta comandada por Milton Ribeiro - elevando a previsão de orçamento da pasta para R$ 102,9 bilhões.

Os documentos fazem parte da discussão interna do governo para elaborar o Projeto Orçamentário Anual (PLOA) de 2021, que deve ser enviado ao Congresso até o dia 31 de agosto.

O presidente Jair Bolsonaro afirmou, nesta segunda-feira (17), que há uma "briga muito grande" entre ministros do governo por um orçamento maior em suas pastas. A declaração foi feita em discurso durante a inauguração de uma usina termoelétrica em Sergipe.

Como revelou o Estadão/Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, o governo prevê reservar R$ 5,8 bilhões a mais no Orçamento do ano que vem para despesas com militares do que com a educação no País. Caso confirmada, será a primeira vez em dez anos que o Ministério da Defesa terá um valor superior ao da pasta da Educação.

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Na cerimônia, o presidente da República declarou que o País deve "em grande parte" ao Exército a realização de obras de infraestrutura. Essa área é uma das destinatárias de articulação do Palácio do Planalto para realização de obras fora do teto de gastos, medida que encontra resistência na equipe econômica.

Dirigindo-se a deputados federais presentes no evento, Bolsonaro ressaltou que o orçamento é "completamente comprometido" com despesas obrigatórias - aquelas em que o governo é obrigado a gastar por força da lei. "Sobra muito pouco e a briga é muito grande para que cada ministro consiga puxar um pouco mais desse orçamento para si para fazer alguma coisa."

Bolsonaro fez um aceno aos presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e aos governadores, afirmando que um entendimento entre todos é que vai fazer o Brasil executar suas potencialidades.

Iniciativa privada

Com o orçamento público apertado, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que a iniciativa privada tem sido a "grande aliada" do governo federal para investimentos, mas ressaltou que a atração de negócios depende da confiança dos investidores.

"Vem investimentos de fora, mas para isso você tem que fazer com que eles confiem na gente, caso contrário os investimentos de fora não virão para cá", pontuou o presidente da República no evento.

Os ministérios da Economia e da Defesa afirmam que a proposta de rateio das verbas do Orçamento de 2021 ainda passará por discussões internas e poderá ser alterada. Procurados, Presidência, Casa Civil e Educação não se manifestaram. Aliado do presidente Jair Bolsonaro e general da reserva, o deputado Roberto Peternelli (PSL-SP) afirmou que o governo prioriza a educação, mas que isso não deve se refletir no Orçamento. "Tenho a plena convicção de que o fator mais importante é a educação", disse. "Agora, ser o mais importante e ter o maior orçamento são análises distintas."

Não é só no Orçamento que Bolsonaro tem beneficiado seus aliados fardados em um cenário de cortes de despesas. No mês passado, enquanto quase 9,6 milhões de trabalhadores da iniciativa privada tiveram seus salários reduzidos e servidores públicos civis foram proibidos de ter aumento por causa da pandemia do novo coronavírus, integrantes das Forças Armadas passaram a ter direito a um reajuste de até 73% como bonificação.

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Chamado de "adicional de habilitação", o "penduricalho" foi incorporado na folha de pagamento de julho dos militares, com impacto de R$ 1,3 bilhão neste ano e de R$ 3,6 bilhões em 2021. O reajuste foi aprovado com a reforma da Previdência dos militares, no fim de 2019.

É o gasto com pessoal o que mais consome a verba da Defesa. Na proposta para 2021, 91% dos gastos irão para salários, benefícios e pensões.

"O presidente tem um pendor especial pela sua corporação", avaliou Carlos Melo, cientista político e professor do Insper. "Foi assim na reforma da Previdência e tende a ser assim em qualquer situação." 

O governo de Jair Bolsonaro prevê reservar R$ 5,8 bilhões a mais no Orçamento do ano que vem para despesas com militares do que com a educação no País. A proposta com a divisão dos recursos entre os ministérios está nas mãos da equipe do ministro da Economia, Paulo Guedes, e deve ser encaminhada até o fim deste mês ao Congresso. Caso confirmada, será a primeira vez em dez anos que o Ministério da Defesa terá um valor superior ao da pasta da Educação.

Egresso do Exército, Bolsonaro foi eleito tendo os militares como parte de sua base de apoio. Na quinta-feira passada, na "live" semanal que faz nas redes sociais, o presidente disse sofrer pressão para aumentar os recursos destinados às Forças Armadas, mas reclamou que "o cobertor está curto".

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"Alguns chegam: 'Pô, você é militar e esse ministério aí vai ser tratado dessa maneira?' Aí tem de explicar. Para aumentar para o Fernando (Azevedo e Silva, ministro da Defesa) tem de tirar de outro lugar. A ideia de furar o teto (de gastos) existe, o pessoal debate, qual o problema?", disse o presidente, em referência à regra que limita aumentar despesas acima da inflação. Na mesma ocasião, ele afirmou que a Defesa pode ter "o menor orçamento da história".

Não é o que está na proposta mais atual em discussão no governo, à qual o jornal O Estado de S. Paulo teve acesso. Segundo a previsão, a Defesa terá um acréscimo de 48,8% em relação ao orçamento deste ano, passando de R$ 73 bilhões para R$ 108,56 bilhões em 2021.

Enquanto isso, a verba do Ministério da Educação (MEC) deve cair de R$ 103,1 bilhões para R$ 102,9 bilhões. Os valores, não corrigidos pela inflação, consideram todos os gastos das duas pastas, desde o pagamento de salários, compra de equipamentos e projetos em andamento, o que inclui, no caso dos militares, a construção de submarinos nucleares e compra de aeronaves.

A previsão de corte nos recursos da Educação em 2021 já era tratada no governo há alguns meses e, como revelou o jornal O Estado de S. Paulo em junho, gerou reclamações do ex-ministro Abraham Weintraub.

Pouco antes de sua demissão, ele afirmou que a proposta em discussão poderia colocar em risco até mesmo a realização do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) no ano que vem. Na semana passada, reitores de universidades federais também alertaram que a possível redução do dinheiro pode inviabilizar atividades nas instituições.

Ajustes

Os pedidos do MEC e de outros ministérios por mais recursos foram avaliados na quinta-feira passada pela Junta de Execução Orçamentária, composta por Guedes, o ministro da Casa Civil, Walter Braga Netto, e técnicos do governo. O grupo aceitou elevar em R$ 896,5 milhões a verba da Educação.

A maior parte para o pagamento de bolsas da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) e para reforçar o caixa do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), responsável por compra de livros escolares, transporte de alunos e financiamento estudantil, entre outros programas.

Guedes e Braga Netto também foram generosos com o Ministério da Defesa. Os ministros aceitaram aumentar em R$ 768,3 milhões as despesas discricionárias previstas para a pasta - aquelas que não são obrigatórias e podem, por lei, ser remanejadas.

É o dinheiro para pagar água, luz, obras e programas considerados estratégicos para os militares, como os submarinos e os caças. Mesmo com o acréscimo, o valor reservados para este tipo de gasto deve cair de R$ 9,84 bilhões neste ano para R$ 9,45 bilhões.

O governo também decidiu manter no ano que vem a "blindagem" ao orçamento da Defesa, excluindo a pasta de possíveis tesouradas. Na Educação não há essa restrição e, no ano passado, bolsistas da Capes sofreram com os contingenciamentos.

As discussões sobre o Orçamento ocorrem no momento de disputa interna no governo sobre aumentar ou não as despesas públicas. Na terça-feira passada, Guedes alertou que Bolsonaro pode parar na "zona sombria" do impeachment se furar o teto.

Por causa da pandemia, o Congresso autorizou o Executivo a extrapolar as previsões iniciais em 2020. Como resultado, a Defesa, por exemplo, conseguiu elevar seus gastos para R$ 114,3 bilhões, e a Educação, para R$ 118 bilhões. A expectativa da equipe econômica, no entanto, é que os limites sejam respeitados no ano que vem. 

Às vésperas do envio de proposta de Orçamento da União para 2021 ao Congresso, ministros pressionam para ampliar o limite de gastos desenhado pela equipe econômica. Nos pleitos registrados em documentos obtidos pelo Estadão, eles apontam desde o risco de paralisar atividades de rotina até de inviabilizar o lançamento do Renda Brasil, aposta do presidente Jair Bolsonaro para substituir o Bolsa Família e emplacar uma marca social na sua gestão.

Sob pressão interna para ampliar os gastos como forma de combater os efeitos econômicos da Covid-19, o ministro da Economia, Paulo Guedes, precisa entregar o Orçamento do ano que vem até o dia 31 deste mês. "Em 2021, voltamos à trajetória fiscal e reduziremos drasticamente o gasto", prometeu Guedes, na quinta-feira.

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Os cortes sinalizados pela Economia, no entanto, colocam em risco bandeiras caras ao governo Bolsonaro. Para viabilizar o Renda Brasil, por exemplo, o Ministério da Cidadania pediu, no começo de julho, mais R$ 6 bilhões no Orçamento do próximo ano, de cerca de R$ 36 bilhões.

A pasta comandada por Onyx Lorenzoni aponta que o programa que promete substituir o Bolsa Família exigiria R$ 42 bilhões no primeiro ano. Além do aporte, a Cidadania sugere remanejar R$ 6 bilhões do Benefício de Prestação Continuada (BPC), pago a idosos e pessoas com deficiência de baixa renda, à nova iniciativa, que deve absorver os cerca de R$ 30 bilhões anuais reservados ao Bolsa Família.

Além da barganha com a Economia, ministros ainda fazem périplo atrás de recursos de emendas parlamentares, que ganharam mais importância após o Congresso passar a controlar uma fatia maior do Orçamento.

A ministra da Agricultura, Tereza Cristina (DEM), apontou à equipe do Ministério da Economia risco de inviabilizar investimentos no campo, pois a verba reservada ao Seguro Rural cairia para menos da metade, de R$ 1 bilhão, neste ano, para R$ 450 milhões em 2021, segundo a pré-proposta de gastos. A situação se torna dramática, escreveu a ministra a Guedes.

Educação

Como o Estadão revelou no começo de junho, o ex-ministro da Educação Abraham Weintraub afirmou que a proposta de orçamento para a sua pasta poderia inviabilizar a execução do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), entre outros programas. Pela sugestão mais recente da Economia, os gastos discricionários (não obrigatórios) caem de R$ 22,96 bilhões, em 2020, para R$ 19,05 bilhões, no próximo ano. Weintraub alertou que o ideal seriam R$ 25,68 bilhões.

Somando pagamentos obrigatórios, como da folha de funcionários, o Ministério da Defesa pode ter mais dinheiro em caixa do que a Educação em 2021. Pela proposta da Economia, o orçamento subiria de R$ 73 bilhões, neste ano, para R$ 108 bilhões.

Popular entre apoiadores do presidente Jair Bolsonaro, a ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, também reclama de corte no orçamento previsto para 2021, de R$ 637 milhões para cerca de R$ 250 milhões. Em ofício a Guedes, a ministra pede aumento de R$ 189 milhões nessa verba para evitar o fim de ações de sua pasta.

O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações pede R$ 1,85 bilhão a mais aos cerca de R$ 6,5 bilhões propostos para 2021. A pasta perdeu parte de suas funções após a criação do Ministério das Comunicações, mas aponta que o orçamento sugerido coloca em risco o desenvolvimento de serviços digitais para educação, entre outros que seriam importantes para adaptação à nova realidade após a pandemia.

Tido como exemplo de eficiência por Bolsonaro por finalizar obras que estavam travadas, o Ministério da Infraestrutura afirma que os R$ 6,34 bilhões reservados para despesas não obrigatórias são insuficientes para 2021. A pasta quer mais R$ 4,55 bilhões para dar continuidade a várias obras espalhadas nas cinco regiões do País.

O Ministério da Infraestrutura afirmou, em nota, que procurará no Congresso conseguir recursos via emendas parlamentares para que obras e projetos não sejam paralisados.

Os outros ministérios citados afirmaram que a proposta de Orçamento ainda está em discussão.

Questionada sobre as negociações que antecipam o envio da proposta de Orçamento, a Economia disse que os pedidos por mais recursos são normais e acontecem todos os anos. 

O presidente Jair Bolsonaro confirmou que tem intenção de recriar o Ministério da Segurança Pública. Como mostrou o Estadão, a decisão já é dada como certa nos corredores do Palácio do Planalto, mas ainda não tem data para ser efetivada. "Existe a possibilidade", afirmou Bolsonaro na noite de terça-feira.

O presidente tem um encontro nesta quinta-feira com o líder da Frente Parlamentar da Segurança Pública - a chamada bancada da bala -, Capitão Augusto (PL-SP), para tratar do assunto. Segundo o deputado, a ideia é que a recriação ocorra até julho. O nome indicado pela bancada para assumir a pasta é o do ex-deputado Alberto Fraga (DEM), que é amigo de Bolsonaro.

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"Se decidir voltar (com o Ministério da Segurança Pública), já vou anunciar o nome do ministro antes de começar a tramitar o projeto", afirmou Bolsonaro, em referência ao fato de que a criação de pastas deve passar pelo Congresso.

Questionado por jornalistas, Bolsonaro não quis se comprometer com a indicação de Fraga. "Não vou dizer que seja ele nem que não seja. Sou amigo do Fraga desde 1982. Ele está livre de todos os problemas que teve aí, é um grande articulador. Ele é cotado aí, mas nada de bater o martelo não", declarou. Bolsonaro afirmou que o escolhido "tem que ser alguém que entenda do assunto" da segurança pública.

A ideia de dividir a pasta ganhou força com a exoneração do ex-ministro Sérgio Moro, que exigiu a unificação da Justiça e da Segurança Pública em um superministério antes de assumir o cargo. Com a mudança, a estrutura hoje comandada por André Mendonça ficaria esvaziada, sem seus órgãos mais importantes, como a Polícia Federal, o Departamento Penitenciário Nacional (Depen) e a Polícia Rodoviária Federal (PRF).

Quando assumiu o cargo, no fim de abril, André Mendonça chegou a sondar o coronel Araújo Gomes, ex-comandante da Polícia Militar de Santa Catarina, para assumir a Secretaria Nacional de Segurança Pública.

A nomeação, no entanto, não saiu e o cargo está vago desde a demissão do antigo titular da secretaria, o general Teophilo Gaspar, no início do mês passado. "Eu estou em conversa com o ministro (Mendonça), mas em relação à Secretaria Nacional da Segurança Pública. Nos próximos dias é que vou saber como vai se encaminhar", afirmou o coronel.

Depoimento

Na mesma entrevista, Bolsonaro afirmou que pode prestar depoimento presencialmente à PF no inquérito que investiga se houve interferência política na corporação. Para ele, o inquérito acabará sendo arquivado. "A PF vai me ouvir, estão decidindo se vai ser presencial ou por escrito, para mim tanto faz", afirmou o presidente. "Posso conversar presencialmente com a Polícia Federal, sem problema nenhum." Na semana passada, a PF afirmou ser "necessária a realização" do depoimento de Bolsonaro. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

No vídeo da reunião ministerial divulgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) nesta sexta-feira (22), o presidente Jair Bolsonaro disse que vai convidar os seus ministros para ver a realidade do povo pobre de perto. "Tem que sentir o cheiro de povo. É uma experiência para todo político sentir, ou a gente tem que tar como um general na retaguarda e deixar a tropa se 'ferrar' na frente? Não. Tem que está na frente do campo de batalha", salientou.

Essa atitude foi tomada pelo ex-presidente Lula no início do seu mandato no dia 10 de janeiro de 2003, chamou 30 de seus 34 ministros para visitar os lugares com menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Já Bolsonaro, em sua reunião, garantiu que seus ministros devem dar exemplo e mostra que o Brasil "não é isso que o pessoal pinta por aí".

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O presidente Jair Bolsonaro optou por ignorar os partidos políticos na hora de montar seus ministérios, cumprindo a promessa de campanha de não fazer o toma lá, dá cá. A proporção entre o tamanho das legendas na Câmara e sua participação na Esplanada neste governo é a menor desde que o Brasil passou a ter eleições diretas e fica em nível semelhante ao registrado nos mandatos de Fernando Collor de Mello e Dilma Rousseff, os dois presidentes que sofreram um processo de impeachment.

Embora alguns pesquisadores afirmem que os exemplos do passado mostrem que a baixa participação de partidos no governo por um longo período pode causar problemas na relação com o Congresso, principalmente em votações que não tenham consenso, outros citam a aprovação de projetos importantes, como a reforma da Previdência, para argumentar que Bolsonaro tem conseguido governar sem os partidos.

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A proporção entre o tamanho de siglas na Câmara e a presença delas em ministérios é chamada de "taxa de coalescência". Quanto mais próximo de 1, maior é a proporção entre o tamanho das bancadas e a participação delas no primeiro escalão do governo. Números mais perto de 0 mostram que os ministérios refletem menos o tamanho das bancadas.

Segundo dados da consultoria Pulso Público, a média do primeiro ano de Bolsonaro é de 0,707, ligeiramente abaixo da média geral dos governos Dilma (0,710) e Collor (0,715).

Mesmo após a campanha, Bolsonaro, que atualmente não está filiado a nenhum partido, continua afirmando que as siglas não têm papel no seu ministério. "O próprio presidente já disse que seus ministros foram todos indicações pessoais dele", afirmou o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), na última sexta-feira (31).

Sem base no Congresso, Bolsonaro acumulou algumas derrotas em 2019. Em fevereiro, a Câmara anulou decreto que alterou as regras da Lei de Acesso à Informação. Em junho, o Senado derrubou os decretos que flexibilizam o porte e a posse de armas no Brasil. Além disso, parlamentares barraram a transferência do Controle de Atividades Financeiras (Coaf) do Ministério da Economia para a pasta da Justiça e Segurança Pública. Pelo menos nove medidas provisórias do governo perderam a validade sem que o Congresso as transformasse em lei.

Por outro lado, a Previdência e a aprovação do pacote anticrime representam vitórias para o governo, embora sejam ligadas aos esforços de outras pessoas. A Previdência passou graças ao empenho de Maia e alguns setores da sociedade, enquanto o pacote anticrime foi desidratado no Congresso.

Barulho

Vítor Oliveira, professor de Ciências Políticas na Fundação Getúlio Vargas (FGV), diz que, no caso de Bolsonaro, a baixa taxa de participação de partidos no governo pode não ser tão fatal como foi para Dilma e Collor. "Neste governo, o conteúdo do que vai ser aprovado é menos importante que o barulho que essa proposta vai fazer. Essa é a forma como Bolsonaro está sendo tolerado na elite política", avalia o professor, responsável pelo estudo.

Líder do PSDB na Câmara entre 1995 e 1997 e um dos responsáveis pela articulação do governo de Fernando Henrique Cardoso na Casa, o ex-senador José Aníbal defende a indicação de quadros partidários para formar os ministérios. "As pessoas acham que abrir espaço para os partidos no governo é o dando que se recebe. Se banalizou isso, mas é possível chamar partidos para o primeiro escalão com um programa efetivo", disse. "No governo Fernando Henrique, havia a percepção de que, sem uma negociação permanente com o Parlamento, não se avançaria."

Para Aldo Rebelo, ex-ministro da Coordenação Política de 2004 a 2005, no governo de Luiz Inácio Lula da Silva, quem não oferece participação aos partidos vai enfrentar dificuldades extras. "Tratam o presidencialismo de coalizão como se fosse a origem de todos os problemas do País, mas a regra é essa: quem apoia, participa do governo. Quando o governo quer apoio sem oferecer participação, ele vai enfrentar dificuldades."

Até antigos aliados de Bolsonaro defendem maior participação no governo. "Não existe governar sem troca de apoio com o Parlamento. Não conheço nenhum exemplo do mundo, fora as ditaduras", afirmou Delegado Waldir (PSL-GO).

Dilma e Collor também amargaram muitas derrotas. A petista não conseguiu impedir o Congresso de aprovar uma série de pautas-bomba, como o reajuste dos servidores do Judiciário, que aumentaram os gastos do governo em época de crise. Já Collor editou 143 MPs entre 15 de março de 1990, quando assumiu, e 31 de dezembro daquele ano. A oposição colocou para tramitar, já naquele primeiro ano, um projeto de lei que restringia os poderes do Executivo de legislar por MPs. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O governo federal ampliou o limite de movimentação e empenho de ministérios e órgãos públicos federais em R$ 9,348 bilhões. A decisão consta do Decreto 10.181, publicado em edição extra do Diário Oficial da União que circulou na quinta-feira.

Segundo o texto, os limites serão ampliados desde que não seja excedido o montante das dotações orçamentárias aprovadas no exercício de 2019.

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O Congresso aprovou nessa terça-feira (10) projetos que abrem créditos suplementares para atender demandas de ministérios e órgãos do governo federal e que possibilitam a realização de obras das Justiças Federal e do Trabalho. Os textos seguem para sanção presidencial.

Um dos projetos aprovados abre créditos suplementares de R$ 2,1 bilhões para atender necessidades de ministérios e de outros órgãos do governo, sendo que R$ 764 milhões vão para o Ministério da Cidadania, valor que será quase todo destinado para o Fundo Nacional de Assistência Social (FNAS). 

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O Ministério da Saúde receberá R$ 750 milhões, que será destinado ao Fundo Nacional de Saúde (FNS) para ser usado no programa Médicos pelo Brasil, no atendimento de portadores de doenças hematológicas e para a estruturação de unidades especializadas em saúde. Mais R$ 450 milhões serão destinados ao Ministério da Infraestrutura e R$ 180 milhões ao Ministério de Minas e Energia.

Seis ministérios, inclusive o da Saúde, também receberam crédito suplementar de outro projeto aprovado no Congresso de mais de R$ 3,8 bilhões. Deste total, a área da saúde receberá 1,3 bilhão e a Educação teve os recursos mínimos ampliados em R$ 804,7 milhões.

O projeto também contempla os ministérios da Agricultura (R$ 205,5 milhões, embora o remanejamento cancele dotações originais de R$ 50 milhões), Turismo (R$ 147,7 milhões, mas o ministério abre mão de R$ 17,56 milhões do Orçamento atual), Defesa (R$ 161 milhões) e Infraestrutura (R$ 70 milhões).

Justiça

Um terceiro projeto aprovou crédito especial de R$36,6 milhões  para obras das Justiças Federal e do Trabalho em quatro estados. O texto assegura verba para a construção ou aquisição de edifícios-sede em Santo André/SP (52,25% dos recursos), Varginha/MG (20,89%), Ipatinga/MG (19,10%) e Goiânia/GO (1,36%). 

O projeto também prevê recursos para a implantação de sistema de energia solar na Justiça Federal da 1ª Região (5,45%) e à reforma da fachada da sede do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) do Rio de Janeiro/RJ (0,95%).

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