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Os desembargadores do Órgão Especial do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro decidiram acolher uma ação civil pública do Ministério Público fluminense e decretaram a perda do cargo do procurador de Justiça de Elio Gilteman Fischberg, em razão da falsificação de documentos para promover o arquivamento de inquéritos contra Eduardo Cunha, à época em que este era presidente da Companhia de Habitação do Estado do Rio de Janeiro. Fischberg já havia sido condenado criminalmente em razão de tais fatos, sendo que a sentença transitou em julgado.

Por maioria, os magistrados acompanharam o voto do relator, desembargador Carlos Santos de Oliveira. Divergiram da decisão os desembargadores Nagib Slaibi Filho e Marcos Alcino de Azevedo Torres.

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"Em se tratando de Procurador de Justiça, o grau de censura da conduta do acusado é ímpar, consoante seu dever de zelar pela correta aplicação da lei e pela mais lídima probidade. É absolutamente reprovável que enverede, ele próprio, pelo caminho da ilicitude. (…) Ora, a manutenção do demandado no cargo, após a condenação criminal já ter transitado em julgado, geraria irreparável efeito danoso para o Ministério Público, instituição voltada para a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis, manchando sua imagem pública", ponderou Santos em seu voto.

Ao analisar o caso, o relator ainda lembrou que o Órgão Especial da corte fluminense já havia determinado a perda do cargo de Fischberg, em março, no âmbito de uma outra ação civil pública. Tal processo envolvia a a falsificação de assinaturas de colegas em inquéritos envolvendo uma empresa e policiais do Rio.

O desembargador sinalizou que tal condenação não prejudicaria a análise do caso em questão, tendo em vista que os processos tem 'causas diversas', ou seja, tratam de condutas ilícitas distintas.

O caso envolvendo Cunha por sua vez, já foi objeto de análise do TJ do Rio no âmbito criminal. Em 2012, o procurador foi sentenciado a três anos, 10 meses e 11 dias de reclusão, em regime aberto, e perda de função pública. No entanto, a pena, naquela ocasião, foi substituída por serviços comunitários e multa de R$ 300 mil ao Instituto Nacional do Câncer.

Em seu voto, Santos ressaltou que a perda de cargo não é efeito automático da condenação penal, e, considerando as condutas apuradas como 'absolutamente incompatíveis com o exercício do cargo', o magistrado entendeu que estaria autorizado o acolhimento do pedido do MP do Rio.

"O réu apresentou comportamento cuja reprovabilidade é notória, valendo-se do cargo ocupado (Subprocurador Geral de Justiça), de toda estrutura material e humana colocada à sua disposição pelo Ministério Público e do prestígio junto à comunidade jurídica para cometer os crimes acima elencados, seríssimos. O modus operandi nos aponta tal direção: o réu falsificou a assinatura de membros do Ministério Público, e utilizou-se dos expedientes institucionais à sua disposição, para promover os arquivamentos e beneficiar cliente do escritório ao qual prestava consultoria".

O relator frisou que as falsificações foram comprovadas a partir da prova oral e análise do laudo pericial grafotécnico do Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE), constatando as alterações nas assinaturas do então Procurador-Geral José Muiños Piñeiro Filho, da procuradora de Justiça Elaine Costa da Silva e do promotor Humberto Dalla Bernardina de Pinho.

Ao fim de seu voto, Santos ainda destacou o que chamou de 'estratégia absolutamente protelatória e temerária' de Fischberg. Segundo o desembargador, o procurador tentou retardar tanto o trânsito em julgado do processo criminal quanto o trâmite da ação civil pública analisada.

"Mas agora, tendo a ação penal condenatória transitado em julgado, e após estar a presente demanda pronta para julgamento, busca de alguma forma desvincular o resultado dos processos e afastar a antes invocada questão prejudicial entre as esferas cível e criminal. Ora, por certo que sua atuação é incoerente, contraditória e claramente procrastinatória, o que em hipótese alguma merece chancela por esta Corte. Todos os expedientes utilizados já foram irremediavelmente rejeitados. Nenhuma outra conduta protelatória deve ser chancelada. Nada resta senão o julgamento meritório do feito.", registrou o magistrado.

COM A PALAVRA, O PROCURADOR

A reportagem busca contato com a defesa de Elio Fischberg. O espaço está aberto para manifestações.

O juiz Alexandre Abrahão, da 3ª Vara Criminal do Rio, recebeu a denúncia oferecida pelo Ministério Público do Estado contra Eduardo Fauzi, acusado de integrar o grupo que arremessou coquetéis molotov contra a produtora do Porta dos Fundos, no Humaitá, Zona Sul do Rio, em dezembro de 2019. Na mesma decisão em que colocou o economista no banco dos réus, Abrahão ainda decretou sua prisão preventiva - até o momento o decreto prisional era temporário. O magistrado viu indícios mínimos de autoria do investigado por tentativa de homicídio e crime de explosão e ainda apontou risco à garantia da ordem pública caso ele fosse mantido em liberdade.

Fauzi foi detido no início do mês pela Interpol no Aeroporto Internacional de Koltsovo, em Ekaterinburg, a 1.786 quilômetros de Moscou. Ele foi identificado pela 10ª Delegacia de Polícia Civil do Rio como um dos cinco autores do atentado ao Porta dos Fundos após ser flagrado por câmeras de segurança deixando o veículo usado na fuga. O grupo lançou bombas na fachada do imóvel na madrugada de 24 de dezembro, mas o fogo foi contido por um dos seguranças (assista abaixo) e ninguém ficou ferido.

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Na denúncia apresentada à Justiça, o Ministério Público do Rio alegou que assumiu risco de matar o vigilante, uma vez que ele poderia ser visto pelo lado externo do prédio atacado, tendo em vista que a porta de acesso ao mesmo era de vidro. Os promotores defendem que a vítima só não morreu porque teve pronta reação, conseguindo controlar o incêndio e fugir do imóvel, mesmo a portaria sendo pequena, com apenas uma saída.

A decisão que recebeu a denúncia registrou ainda que o crime foi praticado por motivo fútil, 'por ter ocorrido discordância em relação ao material artístico' produzido pelo Porta dos Fundos.

Na época do atentado, o Porta dos Fundos era alvo de críticas em razão do lançamento do especial de Natal A Primeira Tentação de Cristo, na Netflix. A produção mostra um Cristo gay, interpretado por Gregório Duvivier, com um namorado. Um abaixo-assinado online chegou a pedir a retirada do programa da plataforma de streaming, sem sucesso. Ações judiciais também foram ajuizadas, mas decisões da Justiça do Rio e de São Paulo arquivaram os pedidos.

Dias após o ataque, Fauzi chegou a gravar um vídeo, divulgado nas redes sociais, em que chamou os humoristas de 'intolerantes'. Na gravação, ele diz que 'quem fala mal do nome de Cristo prega contra o povo brasileiro'. "Esse é um crime de lesa-pátria. Eles são criminosos, são marginais, são bandidos", afirmou. Um grupo autodenominado 'integralista' também divulgou um vídeo reivindicando o ataque à produtora.

Fauzi deixou o País cinco dias depois do ataque, em 29 de dezembro, um dia antes de ter a prisão decretada pela Justiça a pedido da Polícia Civil. Seu nome foi inserido na Difusão Vermelha da Interpol e no último dia 4 ele foi detido. A defesa recorreu ao Superior Tribunal de Justiça para tentar revogar a prisão temporária do economista e também suspender seu processo de extradição, mas o pedido foi negado pelo ministro Rogerio Schietti.

COM A PALAVRA, A DEFESA DE EDUARDO FAUZI

Até a publicação desta matéria, a reportagem buscou entrar em contato com a defesa do economista, mas sem sucesso. O espaço permanece aberto a manifestações.

O Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) e a Polícia Civil cumprem nesta sexta-feira (11) 12 mandados de prisão e 19 de busca e apreensão contra acusados de integrar uma organização criminosa especializada em roubo de cargas no estado. O grupo seria responsável por roubos de cargas transportadas por caminhões, na região serrana e na Baixada Fluminense.

Até as 7h, nove mandados de prisão preventiva tinham sido cumpridos. As investigações começaram em março, depois do roubo de uma carga de leite na BR-040, em um acesso ao distrito de Itaipava, em Petrópolis, na região serrana.

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A partir daí, a Delegacia de Itaipava (106ª DP) descobriu que a quadrilha praticou pelo menos 13 roubos à mão armada, no período entre julho de 2019 e agosto deste ano, que causaram o prejuízo total de R$ 2,05 milhões para os proprietários.

De acordo com o MPRJ, a organização criminosa tinha quatro núcleos: um setor responsável por executar os roubos, outro por fornecer os veículos para os atos criminosos, um para dar destinação aos caminhões e outro responsável pela guarda e destinação da carga roubada.

O senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) negou que ele ou seus familiares tenham recebido dinheiro do ex-assessor Fabrício Queiroz ou de outros servidores lotados em seu gabinete na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) durante os mandatos como deputado estadual.

Em depoimento ao Ministério Público do Rio no dia 7 de julho, o filho mais velho do presidente, investigado por suposto desvio de salários de funcionários, a chamada 'rachadinha', também disse desconhecer a origem de um depósito de R$ 25 mil em dinheiro na conta de sua mulher, Fernanda Bolsonaro, em agosto de 2011. Para os promotores, a transação, identificada através de quebras de sigilos bancários, partiu do ex-assessor.

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"Não sei a origem do dinheiro. Mas dá uma checada direitinho que eu tenho quase certeza que não deve ter nada a ver com Queiroz. Queiroz nunca depositou dinheiro na conta da minha esposa, pelo que eu saiba", afirmou Flávio em áudio obtido por O Globo e confirmado pelo Estadão.

De acordo com o jornal, o Ministério Público do Rio suspeita que o dinheiro tenha sido usado para dar entrada no apartamento comprado pelo casal no mesmo ano. Além do depósito de Queiroz, Fernanda teria recebido outro pagamento de uma pessoa que teve a identidade protegida.

No pedido de prisão preventiva de Queiroz, os promotores já haviam apontado que o ex-assessor parlamentar teria custeado despesas pessoais do antigo chefe. O ex-policial militar é tido pelos investigadores como uma espécie de operador financeiro do 'filho 01' do presidente.

De acordo com as investigações, Queiroz transferia parte dos recursos para o 'patrimônio familiar' de Flávio através de depósitos fracionados e do pagamento de despesas pessoais do ex-deputado e de sua família.

Os investigadores detectaram pelo menos 116 boletos bancários referentes ao custeio do plano de saúde e das mensalidades escolares das filhas de Flávio e de Fernanda com dinheiro em espécie 'não proveniente' das contas do casal. Para os promotores, as despesas no valor total de R$162 mil podem ter sido quitadas por Queiroz.

O senador admitiu que o ex-assessor fez pagamentos em dinheiro vivo em seu nome, mas nega qualquer ato ilícito e sustenta que os pagamentos foram feitos a mando dele e com dinheiro dele.

O senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) teria usado R$ 86,7 mil em dinheiro para comprar 12 salas comerciais no Rio de Janeiro no período em que era deputado estadual. A informação consta em documentos obtidos pelo Ministério Público Estadual e foi confirmada pelo próprio Flávio em depoimento a promotores no inquérito das "rachadinhas" - apropriação de salário de servidores -, segundo reportagem publicada no domingo (9), pelo jornal O Globo.

No relato, a que o jornal teve acesso, o parlamentar afirmou aos promotores que pediu o dinheiro emprestados para o pai, o presidente Jair Bolsonaro, para um dos seus irmãos e para um ex-assessor do pai. Ele diz que tudo foi declarado no seu imposto de renda.

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Após a divulgação da reportagem neste domingo, a defesa de Flávio afirmou que não vai mais permitir que manifestações do senador sejam gravadas durante o processo.

O pedido precisa ser avaliado por um juiz antes de valer.

Os advogados disseram que vão entrar com representação nos órgãos de correição do Ministério Público Federal (MPF) pelo "vazamento de informações". 

O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) e a Polícia Civil cumpriram, nesta quarta-feira (29), sete mandados de busca e apreensão em uma operação contra fraudes em licitações no município de Arraial do Cabo, na Região dos Lagos. Um dos alvos da ação de hoje é o prefeito Renato Martins Vianna.

Também estão sendo investigados o vereador Ayron Pinto Freixo e dois servidores municipais. Foram cumpridos mandados na prefeitura, na Câmara de Vereadores e na casa do prefeito, entre outros locais.

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De acordo com o MPRJ, foram apreendidos documentos e aparelhos eletrônicos, como computadores, laptops e telefones celulares.

O Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) suspeita da origem de R$ 261 mil pagos em dinheiro em mensalidades escolares e planos de saúde das filhas de Flávio Bolsonaro (Republicanos). Segundo o pedido do MPRJ que levou à prisão de Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio, foram 116 boletos quitados em espécie. As informações são do G1.

 Ao menos dois boletos, referentes a mensalidades de colégio no Rio, foram comprovadamente pagos por Queiroz, de acordo com o Ministério Público. Queiroz quitou duas mensalidades, de R$ 3.382,77 e R$ 3.560,28, em 1º de outubro de 2018, conforme fotos e dados presentes no processo.

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 Cruzando os dados com as imagens das câmeras de segurança de agência bancária dentro da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), o MPRJ verificou que Queiroz efetuou os pagamentos.

 O ex-assessor foi preso preventivamente, na quinta-feira (18), por suspeita de envolvimento em esquema de "rachadinha". O pagamento das mensalidades seria mais um indício de que o salário dos servidores voltava para o parlamentar. Os investigadores acreditam que Queiroz era um operador financeiro de Flávio Bolsonaro, que liderava a organização criminosa.

O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro aponta que Fabrício Queiroz estava pagando as mensalidades das escolas das filhas do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos). Os investigadores obtiveram imagens de Queiroz fazendo pagamentos em horários e datas que batem com as quitações das mensalidades escolares das filhas do senador.

Os valores dos pagamentos realizados pelo ex-chefe de gabinete de Flávio Bolsonaro também coincidem com os custos das mensalidades. Segundo o El País, ao solicitar a prisão de Fabrício Queiroz, os promotores apresentaram à Justiça novas provas de que o suspeito atuava como operador financeiro do filho do presidente Jair Bolsonaro. 

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Queiroz foi preso preventivamente na manhã desta quinta-feira (18), em Atibaia, interior de São Paulo, na casa do advogado da família Bolsonaro. Ele é acusado de ser o articulador financeiro de um suposto esquema de 'rachadinha' enquanto Flávio Bolsonaro cumpria o mandato de deputado estadual do Rio de Janeiro. 

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O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) e a Defensoria Pública do estado (DPERJ) ajuizaram ação civil de obrigação com pedido de tutela de urgência antecipada de suspensão do decreto estadual 47.112, publicado na noite de sexta-feira, 5, pelo governador Wilson Witzel, que flexibilizou as medidas de isolamento social a partir de sábado, 6.

A ação exige que o Estado apresente estudo técnico devidamente embasado em evidências científicas e em análises sobre as informações estratégicas em saúde, vigilância sanitária, mobilidade urbana, segurança pública e assistência social, levando em consideração a análise de dados e peculiaridades econômicas, sociais, geográficas, políticas e culturais do estado.

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No caso dos estudos serem desfavoráveis à flexibilização, o Estado será obrigado a estender o isolamento social pelo prazo indicado nesses estudos. Em caso favorável, o Estado terá que consolidar por ato normativo um plano de retomada das atividades "que subsidie e dê transparência às decisões governamentais".

Também foi requerida a previsão de campanhas para o esclarecimento à população e a previsão de medidas de assistência social à população mais vulnerável, entre outras ações para garantir a informação ampla à sociedade. O estudo comprovando a viabilidade do fim do isolamento social deverá também ser publicado no site oficial do Estado do Rio de Janeiro.

O MPRJ informou ainda, que tentou junto ao Estado uma solução extrajudicial, sem sucesso, e que se baseou no ordenamento jurídico de que o poder executivo aja com motivação, publicidade e transparência em suas decisões, principalmente naquelas que impactam diretamente a vida de todos os cidadãos fluminenses.

"Desta forma, o MPRJ pretende que o Executivo cumpra a obrigação de apresentar seu próprio plano de retomada das atividades sócio-econômicas, calcado em seu próprio estudo científico sobre o tema" , diz o MPRJ em nota.

A ação destaca ainda que os cidadãos do Rio de Janeiro vêm sendo submetidos a alto grau de instabilidade e insegurança, e que o objetivo é buscar maior estabilidade e paz social no enfrentamento das próximas etapas da pandemia.

O Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) divulgou na sexta-feira (7) que denunciou, na segunda-feira (3), o ex-procurador-geral de Justiça do Rio, Cláudio Lopes pelo crime de lavagem de dinheiro. Além de Lopes, foram denunciados Ana Beatriz Crespo Lopes e Carlos Jardim Borges.

A denúncia foi ajuizada pelo substituto legal do Procurador-Geral de Justiça perante o Órgão Especial do Tribunal de Justiça. Segundo a denúncia da ação penal, os acusados teriam comprado bens móveis e imóveis com recursos financeiros recebidos por Cláudio Lopes em razão dos crimes de corrupção anteriormente denunciados, mediante dissimulação da origem ilícita dos recursos. O ex-procurador-geral já foi denunciado à Justiça pelos crimes de corrupção, quebra de sigilo funcional e organização criminosa. Os processos envolvendo o ex-procurador-geral encontram-se sob sigilo.

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Cláudio Lopes também responde a procedimento disciplinar no âmbito da Corregedoria-Geral do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, que também tramita sob sigilo.

Formação de quadrilha

Em outubro de 2018, o procurador-geral de Justiça em exercício, Ricardo Ribeiro Martins, denunciou quatro envolvidos em esquema comandado pelo ex-governador Sérgio Cabral, entre eles o ex-procurador-geral de Justiça Clúdio Lopes. Além de Cabral e Lopes, foram denunciados Wilson Carlos, então secretário de Governo, e Sérgio de Castro Oliveira, conhecido como Serjão.

Os quatro foram denunciados por formação de quadrilha, corrupção passiva e ativa e quebra de sigilo funcional, crimes cometidos entre o final de 2008 e dezembro de 2012. O processo encontra-se sob sigilo. Cláudio Lopes é acusado de recebimento de mesada do grupo do ex-governador Sérgio Cabral, enquanto ocupava o cargo entre 2009 e 2012. As acusações foram feitas em delação de Carlos Miranda, um dos principais operadores do esquema de propinas de Cabral.

Prisão

Um mês depois de denunciado pelo MP, Cláudio Lopes foi preso em casa, no Recreio dos Bandeirantes, zona oeste do Rio. A decisão foi tomada pelo Órgão Especial do Tribunal de Justiça, formado pelos 25 desembargadores mais antigos.

 

A Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae) do Rio de Janeiro poderá indenizar os consumidores que foram prejudicados com o abastecimento, desde o início do mês, de água com cheio ruim, cor amarelada e gosto de terra. A informação é do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), que realizou nesta sexta-feira (31) reunião com a direção da empresa. Também participaram da reunião representantes da Defensoria Pública do Estado.

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Ainda conforme o MPRJ, os valores e a forma do ressarcimento começaram a ser discutidos no encontro, na sede do MPRJ, no centro da cidade. “O entendimento prévio é que a compensação poderá ser feita por meio de desconto na conta”, informou o Ministério Público.

Segundo o MPRJ, a reunião veio após um ofício encaminhado na semana passada à Cedae pelo Núcleo de Defesa do Consumidor (Nudecon) da Defensoria Pública. No documento, a Nudecon pedia uma série de informações sobre a qualidade da água para avaliar a extensão dos danos causado à população que pudessem servir de base para a indenização. Um dos dados solicitados era o número de reclamações recebidas pelo serviço de atendimento ao cidadão desde o início do problema.

Agora, o acordo vai ser redigido para depois ser encaminhado à Cedae. A coordenadora do Nudecon, Patrícia Cardoso, disse que está confiante na conclusão das negociações em 10 dias. Patrícia elogiou o fato de a Cedae de ter se posicionado a favor da indenização pela via extrajudicial. “A Cedae compreendeu que efetivamente houve um dano aos consumidores e se mostrou sensível ao desconto na conta”, disse à Agência Brasil.

De acordo com Patrícia, o encontro serviu para esclarecer os fatos, o que vai permitir o andamento do processo para efetivar um acordo para ressarcimento dos danos causados aos consumidores. “Não vou dizer que hoje, com essa primeira reunião, já está garantida a indenização aos consumidores por acordo, mas a reunião foi boa. A ideia do ressarcimento foi recebida de forma tranquila e viável, então. Então, estou confiante na celebração do acordo”, afirmou a defensora pública. Ela enfatizou que, no encontro, a Cedae não descartou a possibilidade de acordo com os consumidores.

Além do presidente da Cedae, Hélio Cabral, e do assessor jurídico da companhia, Roberto Hugo Lins, participaram da reunião o presidente da Agência Reguladora de Energia e Saneamento Básico do Estado do Rio, Luigi Eduardo Troisi; o presidente do Procon-RJ, Cássio Coelho, a coordenadora do Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça de Tutela Coletiva de Defesa do Consumidor e Contribuinte do MPRJ, Christiane Cavassa Freire, e o titular da 5ª Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva e Defesa do Consumidor e do Contribuinte – Comarca da Capital, Guilherme Martins. Pela Defensoria, estavam presentes a coordenadora do Nudecon/DPERJ, Patrícia Cardoso, e os subcoordenadores do órgão, Eduardo Chow e Thiago Basílio.

Desde o início da crise, o Nudecon está em contato com o Ministério Público e o Procon, acompanhando os procedimentos abertos por esses órgãos para identificar as causas do problema da qualidade da água.

A Cedae foi procurada pela Agência Brasil, mas, até o fechamento deste texto, não tinha respondido ao pedido da reportagem.

 

O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) requereu à Justiça que o sargento da reserva da Polícia Militar Ronnie Lessa e o ex-policial Élcio Queiróz, acusados pelo assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, sejam levados a júri popular.

A Promotoria também solicitou que Lessa e Queiróz sejam separados em presídios federais distintos. Eles estão presos na penitenciária federal de Porto Velho, em Rondônia.

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“O Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco/MPRJ) confirma que pediu a pronúncia – decisão que remete os autos ao tribunal do júri por considerar presentes todos os requisitos que tornam admissível a acusação – dos denunciados Ronnie Lessa e Élcio Queiróz. O pedido foi feito nas alegações finais do processo que os aponta como executores de Marielle Franco e de Anderson Gomes. No documento, o Gaeco/MPRJ também "requer que os réus sejam separados em presídios federais distintos até o julgamento”, diz a nota do MPRJ.

Em março do ano passado, segundo a promotoria, os dois foram denunciados depois de análises de diversas provas. Lessa teria sido o autor dos disparos de arma de fogo e Queiróz, o condutor do veículo usado na execução. De acordo com o MPRJ, o crime foi planejado nos três meses que antecederam os assassinatos.

A vereadora Marielle Franco e seu motorista, Anderson Gomes, foram assassinados em 14 de março de 2018, quando o carro em que estavam foi atingido por tiros na região central do Rio de Janeiro.

Defesa

O advogado Fernando Santana, da defesa de Ronnie Lessa, disse que as provas nos autos não são convincentes para que haja a continuidade da ação penal. “Vamos nos manifestar contrariamente. Em razão de todas as divergências ocorridas no processo, a gente entende que ele [Lessa] tem que ser impronunciado”.

Sobre o pedido de separação de Lessa e Queiróz em presídios federais distintos, o advogado disse que a medida é desnecessária. “Eles já estão presos juntos desde o primeiro dia. Acho que isso não vai influenciar em absolutamente nada”.

O advogado Henrique Telles, que defende Élcio Queiróz, negou a participação de seu cliente no crime. “As investigações não lograram comprovar os executores do duplo homicídio. As investigações são eivadas de erros”.

Telles também criticou o pedido de separação dos réus. “A manutenção em presídio federal é uma medida que a gente já não concorda, tendo em vista que os afastou da família. Outra medida que entendemos ser equivocada. Estamos refutando tudo isso”.

 

 

 

 

Em áudios revelados pelo jornal Folha de S. Paulo, Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro (PSL), diz se sentir abandonado e mostra preocupação com as investigações do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ). "Eu não vejo ninguém mover nada pra tentar me ajudar", diz Queiroz na gravação. Ouça os áudios.

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 "O MP tá com uma p*** do tamanho de um cometa pra enterrar na gente e não vi ninguém agir", acrescenta Queiroz. O ex-assessor é um dos principais alvos de investigação contra Flávio Bolsonaro. Ele é suspeito dos crimes de lavagem de dinheiro, peculato e organização criminosa no gabinete de Flávio quando este era deputado estadual no Rio. 

 Fabrício Queiroz foi exonerado no fim de 2018 após relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) apontar movimentações financeiras suspeitas em sua conta no valor de R$ 1,2 milhão.

Na gravação, Fabrício também se oferece para blindar o presidente Jair Bolsonaro (PSL). "É isso que eu te falei, tá tudo ruim aqui no nosso Estado, tá tudo bagunçado, eu já sabia disso. Então cara, eu, politicamente, eu só posso ir pra partido, entendeu, cara? Aí trabalha isso aí com o chefe, aí, cara, passando essa ventania aí, fica eu e você de frente. Aí, pô, a gente nunca vamos trair o cara. Você sabe dele, sabe disso. A gente blinda, blinda legal essa p**** aí. Espertalhão não vai se criar com a gente." A reportagem da Folha diz que um dos áudios é de março deste ano.

 Em um dos trechos, o investigado diz que 'o cara lá tá hiper protegido'. De acordo com o jornal O Globo, ele se referia a Adélio Bispo, autor do atentado contra o Bolsonaro em setembro do último ano.

A Polícia Federal concluiu que Adélio agiu sozinho e tem problemas psiquiátricos. Ele está internado em um hospital por tempo indeterminado. Segundo O Globo, o ex-assessor também demonstra desejo em descobrir um suposto mandante para o atentado.

 Na quinta-feira, o jornal O Globo divulgou gravação em que Fabrício fala sobre cargos que poderiam ser ocupados no Congresso. "Tem mais de 500 cargos lá, cara, na Câmara, no Senado... Pode indicar para qualquer comissão, alguma coisa, sem vincular a eles [família Bolsonaro] em nada. Vinte continho pra gente caía bem, pra c***, caía bem pra c***. Não precisa vincular a um nome", comenta em gravação de abril.

O 23º Censo da População Infanto Juvenil Acolhida no Estado do Rio de Janeiro, divulgado nesta sexta-feira (27) pelo Ministério Público do Estado (MPRJ), mostra que existiam, em 30 de junho, 1.723 crianças e adolescentes acolhidas por 198 entidades. Desse total,  164, ou 9,52% do total, foram consideradas aptas para adoção e 717 não recebiam nenhuma visita.

O censo é feito semestralmente a partir de informações sobre todas as crianças e os adolescentes acolhidos no estado, e subdividido em 93 censos, sendo um para todo o território fluminense e os restantes para os 92 municípios do estado.

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Do total de acolhidos, 1.505 (87,35%) foram encontrados em entidades de serviço de acolhimento institucional, públicas e privadas, ligadas aos municípios e 117 em 25 famílias acolhedoras cadastradas, que cuidam dos jovens de forma temporária.

Segundo o promotor Rodrigo Medina, o objetivo do censo é subsidiar o trabalho dos defensores dos direitos das crianças e adolescentes, bem como a formulação de políticas públicas. “O objetivo é disponibilizar dados para fomentar as discussões e políticas públicas para esse segmento de crianças e adolescentes que vivem em abrigos”. Segundo o promotor, 70% dos acolhidos têm ações judiciais propostas para a definição de sua situação jurídica.

Situação

Do total de jovens acolhidos, 799 são do sexo feminino e 924 do sexo masculino. A maioria das crianças e adolescentes (414 ou o equivalente a 24,03% do total) tem entre 13 e 15 anos, seguidos da faixa etária de até 3 anos (332 ou 19,27%), e das faixas de 10 a 12 anos e de 16 a 18 anos, com 278 pessoas cada, equivalentes a 16,13% do total, para cada um dos grupos.

Negligência foi o principal motivo apresentado para o acolhimento por 612 jovens (35,52% do total), seguido de situação de rua (148 menores), abandono por pais e responsáveis (144) e em razão de sua conduta (119). Abusos físicos ou psicológicos e abuso sexual ou suspeita de abuso sexual foram citados por 93 e 77 dos acolhidos, respectivamente.

Sem visitação

Das 717 crianças e adolescentes que não receberam nenhuma visita, equivalentes a 41,1% do sistema, 328 tinham ação de Destituição do Poder Familiar (DPF) e 349 não tinham. Das 158 que recebiam visita diária de pais ou responsáveis, 48 tinham DPF e 110 não tinham, porque, segundo o promotor, “imagina-se que vão se reintegrar aos pais em breve”.

Em relação à definição da situação jurídica desses menores, levando em consideração o número de visitas, o censo mostra que na faixa etária de até 6 anos, ou seja, na primeira infância, 174 crianças não recebiam visita nenhuma, o que corresponde a 24% das crianças sem visitação. “A criança nessa faixa inicial da vida precisa da visita, de estimulação”, disse o promotor. Medina disse que isso exige medidas sérias para que essa criança seja reintegrada o mais rápido possível.

Na faixa de 10 a 18 anos, 460 crianças e jovens (64%) não têm visitação nenhuma. O mesmo ocorre na faixa de 13 a 15 anos, que Medina qualificou de “delicadíssima”, onde o MPRJ trabalha a profissionalização desses adolescentes e, inclusive, a autonomia de alguns. Nessa faixa, 207 não recebem visita, o que equivale a 29% dos jovens acolhidos sem visitação, e 111 não têm DPF proposta.

Medina considera um equívoco, no caso desses jovens, não se dar prosseguimento às ações de DPF. “É muito importante ter a sentença”, disse o promotor. Será feita uma averbação que ele foi destituído do poder familiar e o nome dos pais será conservado na certidão até o momento da adoção. O processo tem que continuar porque abre novas perspectivas para esse adolescente, entre as quais a adoção internacional, segundo promotor.

Tempo de acolhimento

Do total de 1.723 crianças e adolescentes acolhidos em 30 de junho deste ano, 1.189 estudavam e 534 não estudavam. A maior parte (712) estava acolhida há menos de seis meses, enquanto 21 estavam acolhidos há mais de dez anos. Das 164 crianças e jovens aptos à adoção, 102 tinham como motivo ações de DPF com trânsito em julgado, 60 eram órfãos e dois tinham pais desconhecidos.

O promotor comemorou o fato de que, de 31 de maio de 2008, quando foi iniciado o censo, até 30 de junho de 2019, o número de crianças e jovens em acolhimento foi reduzido gradualmente. Em 2008, eram 3.800 menores acolhidos e esse número caiu para 1.723 em 2019. Segundo Medina,  desde 2016 chegou-se a um patamar de estabilidade que ele acredita ser a realidade do estado do Rio de Janeiro.

Para Medina, contribuíram para isso não apenas o censo, que faz o monitoramento das crianças e adolescentes acolhidos, mas também leis federais importantes, criadas a partir de 2009, que mudaram o Estatuto da Criança e do Adolescente e tornaram a criança acolhida mais visível.

 

Dois homens suspeitos de terem clonado o carro Cobalt prata usado no assassinato de Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes foram presos na manhã desta sexta-feira, 31, em operação da Polícia Civil e do Ministério Público do Rio contra a milícia de Orlando Oliveira de Araújo, o Orlando Curicica, na zona oeste. Na mesma operação, também foi preso um policial militar acusado de atrapalhar as investigações sobre a morte da vereadora.

Rafael Carvalho Guimarães e Eduardo Almeida Nunes Siqueira, presos na Operação Entourage, são acusados de serem responsáveis pela clonagem de carros para a milícia de Curicica. Ele é um ex-PM, que está preso em Mossoró, no Rio Grande do Norte.

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"Acreditamos que a prisão dos dois (Rafael e Eduardo) vai trazer novos elementos para a investigação (do caso Marielle e Anderson)", afirmou o delegado Daniel Rosa, da Delegacia de Homicídios da Capital.

Segundo o delegado, Rafael e Eduardo clonavam carros a serem usados em crimes da própria quadrilha. Mas esse também era um negócio oferecido para outros grupos criminosos.

"É uma prática comum dessas organizações para usar nas próprias ações e também para gerar lucro para a quadrilha", disse Rosa. "Eles pegam veículos roubados e usam referências de outros carros (legais) do mesmo modelo e da mesma cor para despistar a polícia; quando coletamos um dado, uma imagem, numa investigação, somos remetidos a um veículo bom, de uma pessoa do bem."

Também foi preso o PM Rodrigo Jorge Ferreira, o Ferreirinha, braço armado da quadrilha, motorista de Orlando Curicica, acusado de mentir para a polícia, obstruindo as investigações no caso da morte da vereadora. Ferreirinha e Curicica tiveram um desentendimento no fim de 2017.

Jurado de morte pelo ex-parceiro, Ferreirinha disse à Polícia que o bando de Curicica seria responsável pela morte da vereadora. Declarou ainda que o mandante do crime seria o vereador Marcelo Siciliano (PHS). Os dois sempre negaram envolvimento no assassinato. No mês passado, uma investigação da Polícia Federal concluiu que Ferreirinha mentiu, atrapalhando as investigações.

Ainda assim, o delegado Daniel Rosa afirmou que a participação de Orlando Curicica no crime não está totalmente afastada. "A investigação prossegue", disse. "Nenhuma hipótese está descartada."

Marielle Franco e Anderson Gomes foram assassinados em 14 de março do ano passado. O executor do crime foi o PM reformado Ronnie Lessa, que está preso. Até hoje não se sabe quem teria sido o mandante do assassinato. As investigações seguem em sigilo de Justiça.

Pelo menos 200 policiais participaram da operação de ontem, que prendeu oito pessoas. Outras nove investigados já se estavam na cadeia por outros crimes. A organização criminosa é acusada de atuar em 14 comunidades da zona oeste, aterrorizando moradores e comerciantes.

Os inquéritos policiais, instaurados pela DH/Capital, revelaram que o grupo opera na exploração ilegal de serviços básicos na região, como transporte, lazer, alimentação e segurança. Os criminosos cobram taxas de proteção aos comerciantes da localidade, pedágios aos trabalhadores de transporte alternativos (vans e mototáxis), além de dominar associações de moradores das regiões.

Os integrantes da quadrilha são acusados de homicídios, ameaças, torturas, grilagem de terras, roubo, contrabando, entre outras atividades ilícitas. Os crimes praticados pelo bando são, em sua maioria, cometidos com extrema violência, incluindo execução de testemunhas e tentativas de homicídio de autoridades responsáveis pelas investigações. Os membros dessa quadrilha fazem imperar a "lei do silêncio" entre os moradores da localidade em que exercem o controle criminoso.

Diretor do Departamento Geral de Homicídios, o delegado Antônio Ricardo Nunes contou que autoridades, juízes e policiais envolvidos na investigação da milícia de Curicica foram ameaçados de morte e estão agora sob escolta. "Gostaria de destacar que essa quadrilha ameaçou autoridades, juízes e delegados, e essa é uma demonstração do Estado de que esse tipo de crime não vai ficar impune."

A reportagem não conseguiu falar com a defesa dos acusados.

Uma operação intitulada Os Intocáveis prendeu ao menos cinco suspeitos de envolvimento no assassinato da vereadora Marielle Franco (Psol) e do motorista Anderson Gomes nesta terça-feira (22). Entre os presos está um major da Polícia Militar (PM). As informações são do jornal O Globo.

A ação é realizada pelo Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) com apoio da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) e da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) da Polícia Civil. A Justiça expediu 13 mandados de prisão preventiva contra a organização criminosa.

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O foco da operação é atingir a milícia que explora o ramo imobiliário ilegal em Rio das Pedras, com ações violentas e assassinatos. Entretanto, há indícios de que dois dos alvos comandem o Escritório do Crime, braço armado da organização, especializado em assassinatos por encomenda. Os principais clientes do grupo de matadores profissionais são contraventores e políticos.

O major preso é Ronald Paulo Alves Pereira, de 43 anos. Ele seria integrante da cúpula do Escritório do Crime, sendo denunciado por comandar negócios ilegais como grilagem de terra e agiotagem. Ronald vai a júri em abril deste ano por ser acusado de matar cinco jovens na antiga boate Via Show em dezembro de 2003. O oficial mora no condomínio fechado Essence, próximo ao Parque Olímpico, cujos apartamentos mais caros custam mais de R$ 1 milhão, segundo moradores.

Ainda foi preso Manuel de Brito Batista, vulgo Cabelo. Ele seria o contador e gerente armado da quadrilha. O homem estava dormindo em sua casa no condomínio de luxo Floresta Country Club, na Estrada do Bouganville. Ele repassou informações contraditórias, como, por exemplo, não possuir carro. Os policiais encontraram chaves de dois veículos no local. Um HB20 foi revistado, mas nada foi encontrado em seu interior. O Corolla não foi localizado. Um cofre foi achado, mas a chave ainda é procurada.

Investigação

O caso está sendo investigado há seis meses pelo Gaeco e pela 23ª Promotoria de Justiça de Investigação Penal. O MP denuncia que a milícia de Rio das Pedras é responsável por extorsão de moradores e comerciantes com cobranças de taxas ilegais referentes a "serviços" prestados. O grupo também oculta bens adquiridos através das atividades ilícitas e falsifica documentos públicos.

A quadrilha foi denunciada ainda por agiotagem e utilização de ligações clandestinas de água e energia, além de cobrança por serviços de TV a cabo, gás, taxas de proteção de comerciantes e moradores e transporte alternativo. Nenhuma dessas ações seria realizada sem o comando ou autorização dos criminosos.

Marielle e o motorista foram assassinados no dia 14 de março de 2018. O carro em que estavam foi alvejado por um homem no banco de trás de outro carro. Uma assessora de Marielle, que estava no banco de trás, saiu ilesa.

Pela segunda vez, o ex-policial militar e ex-assessor parlamentar Fabrício Queiroz faltou ao depoimento no Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ). Ele é investigado em decorrência de movimentações atípicas envolvendo R$ 1,2 milhão, segundo relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeira (Coaf). O depoimento de hoje (21) estava marcado para o início da tarde.

A defesa de Queiroz justificou sua ausência, informando que ele precisou ser internado para um “procedimento invasivo com anestesia”, segundo o MPRJ. Os advogados se comprometeram a entregar os referidos laudos até o dia 28. O ex-assessor deve ser ouvido pelo Grupo de Atribuição Originária em Matéria Criminal (Gaocrim) do MPRJ.

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Ex-funcionário do gabinete do deputado estadual e senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL), um dos filhos do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL), Queiroz foi citado em relatório do Coaf, que identificou uma conta em seu nome com movimentação atípica.

O relatório foi usado pelo MPRJ na investigação da Operação Furna da Onça, um dos desdobramentos da Lava Jato no Rio de Janeiro, que levou à prisão de deputados estaduais no início de novembro.

O MPRJ também quer ouvir Flávio Bolsonaro. Segundo o MP, ele não é investigado na operação, mas foi convidado a prestar depoimento no próximo dia 10 de janeiro. Antes, no dia 8 de janeiro, parentes de Queiroz também prestarão esclarecimentos ao Ministério Público.

Primeira vez

O depoimento de Queiroz foi agendado, inicialmente, para a última quarta-feira (19), mas ele também não compareceu alegando uma “inesperada crise de saúde” e a necessidade de realização de exames médicos de urgência.

Também estão citados no relatório do Coaf assessores de outros 20 deputados estaduais do Rio de Janeiro, de 13 partidos diferentes: PSC, DEM, PSB, SD, PHS, PSDB, MDB, PSOL, PSL, PT, PDT, PRB e Avante.

De acordo com o MPRJ, alguns parlamentares citados no relatório do Coaf se colocaram à disposição voluntariamente para apresentar seus esclarecimentos. Os nomes, no entanto, não foram revelados.

A mudança na equipe do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) encarregada das investigações sobre a execução da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, em março, não vai afetar a elucidação do caso. A afirmação é do subprocurador-geral de Administração do MPRJ, Eduardo Lima Neto, após participar de uma reunião nesta quarta-feira (22) com a comissão externa da Câmara dos Deputados que acompanha o andamento do processo de investigação.

Ao anunciar a mudança na noite da terça-feira (21), o Ministério Público informou que a promotora Letícia Emili assumirá as funções de Homero das Neves Freitas Filho, que está à frente do caso desde o início, no dia 1º de setembro. Homero foi promovido a procurador de Justiça pelo Conselho Superior do MPRJ.

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A promotora Letícia Emili também participou da reunião com os deputados federais, mas não conversou com a imprensa. Para Lima Neto, a decisão de Letícia de trabalhar com o Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e a Coordenadoria de Segurança e Inteligência (CSI), duas estruturas do MPRJ, é apenas uma questão de metodologia e não altera a eficiência do trabalho.

“A questão é que o MP respeita o promotor natural e, nesse caso, a promotora que cuidará desse caso, por uma questão de metodologia, ao invés de montar uma força-tarefa, ela prefere contar com a colaboração do Gaeco. É apenas um tipo de metodologia que um ou outro profissional possui”, disse Lima Neto.

Com relação à sugestão do ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, de que a investigação passe para a esfera federal, o subprocurador disse que já há integração na investigação. “O MP não se opõe à participação de todas as forças de segurança e de inteligência para a elucidação desse caso. É importante, é cobrado no Brasil e no exterior. O que ficou dito é que de fato já existe a colaboração da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal nesse caso. Foi dito com muita clareza pelo delegado que conduz a investigação”.

O diretor da Divisão de Homicídios (DH), delegado Fábio Cardoso, também presente à reunião, disse que a troca da equipe não vai alterar a boa relação que a divisão sempre teve com o Ministério Público, e que a integração com as equipes federais ocorre desde o início da investigação.

“A DH já tem uma expertise de longa data de investigar homicídios aqui no Rio [de Janeiro]. Temos todo o apoio da chefia de polícia, da Secretaria de Segurança, da intervenção. Estamos tendo desde o início apoio da inteligência, da parte técnica pericial, de outros órgãos, da Polícia Federal, da Polícia Rodoviária Federal e das forças militares. Desde o início até este momento não estamos com nenhuma carência de questão técnica ou de inteligência na apuração desse caso”.

Comissão Parlamentar

O delegado Fábio Cardoso destacou que a reunião de hoje foi a terceira que teve com a comissão de deputados e que tudo que é possível informar está sendo divulgado.

“Há um sigilo que por lei nós temos que guardar. Desde o início, pelo grande interesse mundial dessa investigação, para preservar testemunhas, familiares da Marielle e do Anderson, e também garantir o êxito da investigação, foi necessário manter o sigilo. Hoje foi explicado para eles [comissão parlamentar] o que é possível divulgar”.

Os deputados informaram que a Comissão Externa vem acompanhando o caso desde o início e, pela primeira vez, conseguiu reunir os delegados responsáveis pela investigação e o MPRJ. Os parlamentares disseram que está em análise na comissão um requerimento para que a investigação sobre o caso Marielle passe para a esfera federal, mas que tanto o MPRJ quanto a Polícia Civil se mostraram contrários à medida.

 

A 6ª Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva da Cidadania da Capital, do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), obteve na Justiça, em segunda instância, a condenação do ex-governador do Rio de Janeiro Anthony Garotinho, por improbidade administrativa. Com a decisão, Garotinho fica com os direitos políticos cassados por 8 anos e ainda terá que pagar multa R$ 2 milhões por danos morais e multa de R$ 500 mil.

Na ação, Garotinho é acusado pelo MPRJ de participar de esquema criminoso que desviou R$ 234,4 milhões da Secretaria estadual de Saúde no período de 2005 a 2006. Na época, o estado era governado pela mulher do político, Rosinha Matheus, e Garotinho era seu secretário de Estado de Governo.

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De acordo com a sentença, ficou confirmada a dispensa de licitação, com contratação ilícita da Fundação Pró-Cefet para a gestão do projeto “Saúde em Movimento”, que custou aos cofres públicos, o valor de R$ 234 milhões. Ainda de acordo com a Justiça, o contrato só foi possível porque, enquanto secretário de Governo, Garotinho intercedeu para que fosse rompido o contrato com a Fundação Escola de Serviço Público (Fesp), que administrava o projeto, abrindo caminho para o acordo fraudulento com a Pró-Cefet.

Segundo ainda a Justiça, o ex-governador incorreu nas condutas do artigo 10, parágrafos I, VIII e XII, que consistem em facilitar por qualquer forma para a incorporação ao patrimônio particular, de pessoa física ou jurídica, de verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial da administração direta, indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes, dispensa indevida de licitação e facilitar que terceiro se enriqueça indevidamente.

Defesa

Em sua defesa, o ex-governador Anthony Garotinho disse, em nota, que “essa ação por improbidade foi iniciada há quase 10 anos, e que diz respeito ao ano de 2006, quando disputaria a eleição para presidente do Brasil”. Garotinho fala que, “de qualquer forma é preciso deixar claro que essa condenação injusta não implica de forma alguma em minha inelegibilidade”.

Garotinho disse ainda, na nota, que “para começar, essa ação foi julgada neste momento eleitoral sem que eu sequer tivesse defensor constituído no processo, o que demonstra uma pressa sem justificativa e o claro cerceamento de defesa”.

O ex-governador alega que não cometeu “ato algum de improbidade, e essa condenação ocorre sem qualquer prova, pois até as ´perícias requeridas por minha defesa à época foram negadas”.

O ex-governador cita na sua defesa que “a Lei da Ficha Limpa é claríssima ao prever que somente ficam inelegíveis os candidatos que tenham sido condenados por órgão colegiado em razão de enriquecimento ilícito, o que não é e nunca foi o meu caso. Até mesmo a sentença reconhece que não me enriqueci de forma alguma”.

Garotinho cita que “em todas as demais hipóteses, a condenação por improbidade só pode gerar efeitos após esgotados todos os recursos, e tenham certeza que irei recorrer até a última instância para provar que se trata de mais uma injustiça”.

O Ministério Público do Rio de Janeiro (MP/RJ) abriu as inscrições para um concurso público com salário de R$ 27.500 por mês para o cargo de Promotor de Justiça Substituto e 32 vagas. Os candidatos serão selecionados através de provas escritas, orais e avaliação de títulos. 

Os interessados devem ter formação de nível superior em direito e pelo menos três anos de atividade jurídica. As inscrições seguem até o dia 6 de abril através do site do órgão e custam R$ 300. Para mais informações, confira o edital de abertura e o cronograma do concurso

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