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Os últimos sete dias foram agitados no cenário político nacional e pernambucano. A aprovação de mais uma Medida Provisória componente do ajuste fiscal, a apresentação do relatório da reforma política, a visita da presidente Dilma Rousseff (PT) a Pernambuco e a filiação em massa de 12 vereadores de Jaboatão dos Guararapes ao PSDB foram alguns fatos que marcaram a semana.  

Na segunda-feira (12), as oposições na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) e na Câmara dos Vereadores do Recife decidiram unificar as forças contra os governos de Paulo Câmara e Geraldo Julio, ambos do PSB. Com ações conjuntas, o grupo pretende intensificar a fiscalização das gestões socialistas e endossar os discursos para a disputa eleitoral de 2016. As oposições voltam a se reunir na próxima segunda-feira para definir um cronograma geral de ações. 

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Foco de discussão na Câmara dos Deputados durante a semana, a Medida Provisória 664 que integra o plano de ajuste fiscal do Governo Federal foi votada. O texto já seguiu para a análise do Senado, no entanto uma discussão acalourada marcou o trâmite do projeto. A oposição proporcionou derrotas ao governo e o Planalto evitou na quinta-feira (14) a imposição de novas perdas na MP, que torna mais rígidas as regras de acesso ao auxílio-doença e à pensão por morte. Entre os fatos curiosos que marcaram a apreciação da matéria foi um sindicalista que mostrou as nádegas em protesto nas galerias da Câmara.

Visitando Pernambuco pela segunda vez em menos de 20 dias, a presidente Dilma Rousseff (PT) participou, na quinta-feira (14), da cerimônia de viagem inaugural do navio André Rebouças e do batismo da embarcação Marcílio Dias. Os dois petroleiros foram produzidos pelo Estaleiro Atlântico Sul, em Suape, e fazem parte de uma encomenda feita pela Transpetro. 

Durante a passagem pelo estado, a petista não fez nenhum anúncio e aproveitou para enaltecer a indústria naval e a Petrobras e criticar o PSDB. O evento foi o segundo com a participação conjunta do governador Paulo Câmara (PSB) e da presidente. Os dois deixaram, mais uma vez, a impressão distanciamento no diálogo entre eles.

Outro ponto que aqueceu o cenário político esta semana foi a discussão de viabilidade da Parceria Público Privada (PPP) da Arena Pernambuco. O vice-governador e coordenador do comitê gestor das PPPs do estado, Raul Henry (PMDB), esteve na quinta-feira na Alepe para uma sabatina com os deputados estaduais sobre o assunto. Na ocasião, Henry afirmou que a gestão tem estudado formas de viabilizar o estádio e rebateu as criticas da oposição, que chegou a projetar que os empreendimentos projetados para o local, com a Cidade da Copa, estão ameaçados de "não passar de uma maquete".

CPI ouve Pedro Corrêa – A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras ouviu nesta semana os presos pela Operação Lava Jato, que investiga as irregularidades na estatal. O doleiro Alberto Yousseff e o ex-deputado federal Pedro Corrêa (PP) estavam entre os interpelados pelo grupo. Para os parlamentares, Youssef confirmou o recebimento de propinas e a ciência do Planalto sobre as falcatruas. Já o pernambucano negou ter recebido verbas ilícitas, admitiu ter influências na indicação do ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, e acusou o ex-presidente Lula de ter influenciado o esquema

Filiação em massa – O prefeito de Jaboatão dos Guararapes, Elias Gomes (PSDB), endossou ainda mais a base tucana para o pleito de 2016. Nesta semana ele conquistou, de uma só vez, a filiação de 12 vereadores da cidade ao partido. Apesar de todos já serem aliados de Gomes, o reforço tucano foi encarado como significativo para a legenda que tem buscado se fortalecer no estado. 

Reforma Política – O relatório da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Reforma Política foi entregue esta semana pelo deputado federal Marcelo Castro (PMDB-PI) à Comissão Especial que analisa o assunto. O texto original determina, por exemplo, a coincidência das eleições, o fim das reeleições para o executivo, o mandato de cinco anos para senador e o fim de coligações nas eleições majoritárias.

Os ministros de Trabalho, Manoel Dias, e da Previdência Social, Carlos Eduardo Gabas, foram convidados a prestar esclarecimentos aos senadores sobre as mudanças em direitos trabalhistas e previdenciários, previstas nas Medidas Provisórias 664/2014 e 665/2014. Eles serão ouvidos durante uma audiência pública, na próxima terça-feira (7), na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), a partir das 10h.

A iniciativa de trazer os ministros para tratar das mudanças foi do senador Ronaldo Caiado (DEM-GO). As duas MPs foram enviadas ao Congresso pelo Executivo no fim do ano passado como parte de um ajuste fiscal para impulsionar a economia do país. As medidas promovem restrições na concessão de benefícios sociais, como abono salarial, pensão por morte, seguro-desemprego, seguro-defeso, auxílio-doença e auxílio-reclusão e estão sendo analisadas por comissões mistas.

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Regras previdenciárias

A MP 664/2014 muda as regras de direitos previdenciários como a concessão de pensão por morte e o auxílio-doença. Com a medida, a pensão por morte passou a só ser concedida ao cônjuge que comprove, no mínimo, dois anos de casamento ou união estável. Antes não havia exigência de período mínimo de relacionamento. Também passou a ser necessário comprovar 24 meses de contribuição para a Previdência.

Quanto ao auxílio-doença, o prazo para que o afastamento do trabalho gere direito ao benefício, pago pelo INSS, passou de 15 para 30 dias. Pela medida provisória, afastamentos de até 30 dias são de responsabilidade das empresas.

Direitos trabalhistas

Já a MP 665/2014 endurece as regras para a concessão do seguro-desemprego, do seguro-defeso para pescadores profissionais e do abono salarial. Entre as mudanças trazidas pelo texto está a adoção de um prazo de carência para acesso ao seguro-desemprego. Agora o trabalhador precisa ter, pelo menos, 18 meses de registro em carteira para pedir o benefício pela primeira vez. O prazo diminui para 12 meses no segundo pedido e só a partir da terceira vez se iguala ao prazo exigido anteriormente, de seis meses.

No caso do abono salarial, a regra atual garantia o benefício a quem ganhasse menos de dois salários mínimos e trabalhasse mais de 30 dias no ano. Com a MP, passa a ser exigida uma carência de seis meses para solicitar o benefício e ele será pago em valor proporcional ao tempo trabalhado – como ocorre com o 13º salário.

Com as duas MPs, o governo estima economizar R$ 18 bilhões por ano. Juntas, as medidas já receberam mais de 750 emendas e serão submetidas aos Plenários da Câmara e do Senado depois de examinadas nas comissões mistas especiais.

*Com informações da Agência Senado.

O Congresso instalou nesta quinta-feira, 19, as duas comissões mistas que endurecem o acesso a benefícios trabalhistas, consideradas fundamentais para o ajuste fiscal da equipe econômica. O líder do governo no Congresso, senador José Pimentel (PT-CE), vai presidir a MP 664, que trata das mudanças na pensão por morte e no auxílio doença. A relatoria da medida, por sua vez, ficou com o líder do PP na Câmara, Eduardo da Fonte (PP-PE).

Já a comissão da MP 665 - que trata do abono salarial e seguro-desemprego -, cujas medidas trazem o maior impacto para as contas públicas, terá como presidente o deputado Zé Geraldo (PT-PA); o relator será o senador Paulo Rocha (PT-PA).

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Imposto de Renda

Também foi instalada hoje a comissão especial que vai analisar a MP que trata do reajuste da tabela do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF). A medida propõe uma correção escalonada, que varia de 4,5% a 6,5% de acordo com a faixa de renda do contribuinte. O senador Eunício Oliveira (PMDB-CE) será o relator dessa MP e a comissão será presidida pelo deputado petista Afonso Florence (BA).

Lideranças da base aliada do governo agiram nesta terça-feira, 17, para esvaziar a sessão de instalação das comissões mistas que irão discutir as Medidas Provisórias que tratam do ajuste fiscal encaminhado ao Congresso pelo Executivo.

A ação ocorreu após alguns líderes identificarem que, de acordo com o rodízio que será estabelecido entre os partidos, a relatoria da Medida Provisória que prevê o reajuste escalonado da tabela do Imposto de Renda da Pessoa Física ficaria com o PSDB, de oposição.

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A proposta foi encaminhada ao Congresso após recuo do Palácio do Planalto, que decidiu escalonar a correção da tabela. Antes, a presidente Dilma Rousseff defendia que o índice máximo suportado pela União era de 4,5%. Agora, após duas idas do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, ao Congresso, ficou acertada a edição da medida provisória que começaria a ser discutida após a instalação da comissão mista no dia de hoje.

"Pelo critério de divisão das relatorias, a medida provisória do Imposto de Renda ficaria com o PSDB. Mas o PMDB se comprometeu com ministro Levy que iria relatar. Vamos tentar negociar com o PSDB", afirmou o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PT-PE). "Se o PSDB for relatar, não vai levar. Vamos apresentar um pedido de preferência na comissão para votar o texto original da MP", ressaltou o petista.

Além da comissão da MP do IR, também estava prevista a instalação de outras seis comissões. A única que teve as atividades iniciadas foi a que vai tratar da MP 660. O projeto permite que os servidores dos ex-territórios do Amapá e de Roraima permaneçam nos quadros de pessoal da União.

Entre as MPs que aguardam o início das discussões também estão a 664 e 665, apresentadas pelo governo federal no fim do ano passado. As duas matérias fazem parte do pacote de ajuste fiscal e endurecem as regras de acesso a benefícios previdenciários e trabalhistas, como seguro-desemprego e pensão por morte. A expectativa da equipe econômica do governo é de economizar R$ 18 bilhões com a implantação das medidas de ajuste.

"Não tem nada resolvido. Não é fácil encontrar um relator que irá tratar com temas tão sensíveis como o dos trabalhadores e o previdenciário", afirmou o líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), após se reunir no plenário com o líder do governo no Congresso, senador José Pimentel (PT-CE).

Após encontro realizado com representantes da equipe econômica na noite de ontem, integrantes da bancada do PT na Câmara chegaram a anunciar que o deputado Afonso Florence (PT-BA) seria o indicado para ocupar a relatoria da MP 665, que promove algumas alterações nas regras do seguro-desemprego. "Não tem nada acertado", assegurou Eunício.

Um grupo de sete índios em trajes tribais entrou na sessão que vai reinstalar a Comissão de Demarcação das Terras Indígenas na Câmara e causou tumulto ao levantar uma faixa com os dizeres "Ruralistas Lava Jato".

A comissão vai retomar a tramitação da PEC 215/2000, que transfere do poder Executivo para o Legislativo a decisão de demarcar terras. Os ruralistas serão maioria. O presidente será o deputado Nilson Leitão (PSDB-MT). O relator será Osmar Serraglio (PMDB-RS).

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Os deputados entraram em um acordo para que a votação da proposta na comissão aconteça apenas em maio. A ideia é que os novos parlamentares possam apresentar emendas e participar de debates públicos.

A estratégia dos ambientalistas é postergar ao máximo o debate. Também hoje será lançada a Frente Parlamentar de Defesa dos Povos Indígenas, que será criada para combater a proposta. A mudança de prerrogativa das demarcações motiva uma acalorada disputa política entre ambientalistas e ruralistas desde 2010.

Cerca de 50 índios de quatro tribos, Pataxó, Tupinambá, Kaimbé e Kiriri, vieram a Brasília pressionar os parlamentares e ministros. "Se já temos dificuldade com o Executivo, imagina com o Legislativo", diz Kaitu Pataxó (24), da tribo Pataxó, do sul da Bahia.

A reunião foi rápida e a próxima será na terça-feira, 24. Os deputados foram vaiados pelos índios na saída.

Partido aliado que impôs derrotas ao governo da presidente Dilma Rousseff nas últimas semanas, o PMDB decidiu apoiar as medidas provisórias que endureceram o acesso a benefícios trabalhistas como o abono salarial e o seguro-desemprego. Em jantar realizado no Palácio do Jaburu, residência oficial da vice-presidência, os peemedebistas afirmaram à equipe econômica e ao ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, que o pacote em tramitação no Congresso é importante para o ajuste fiscal em implementação pelo ministro da Fazenda Joaquim Levy.

O jantar na casa de Temer reuniu, além de Levy e de Mercadante, Nelson Barbosa (Planejamento), Alexandre Tombini (Banco Central), e os ministros filiados ao PMDB: Kátia Abreu (Agricultura), Edinho Araújo (Portos), Eliseu Padilha (Aviação Civil), Vinícius Lages (Turismo), Eduardo Braga (Minas e Energia), Helder Barbalho (Pesca) e Mangabeira Unger (Assuntos Estratégicos). Também participaram as principais lideranças da legenda no Congresso, como os presidentes do Senado, Renan Calheiros (AL), e da Câmara, Eduardo Cunha (RJ), além do ex-presidente José Sarney (MA) e do ex-presidente da Câmara Henrique Eduardo Alves (RN).

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Segundo Kátia Abreu, os caciques do PMDB não detalharam se apoiarão as duas MPs tais quais encaminhadas pelo Planalto. Segundo relatos de pessoas que acompanharam o encontro, Cunha fez uma das defesas mais "contundentes" da necessidade de ajuste. "Falamos que eles terão nossa boa vontade", afirmou o presidente da Câmara ao Broadcast Político, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado.

Embora a sinalização tenha sido positiva para o Palácio do Planalto, os caciques do PMDB aproveitaram a presença do ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, para criticar a articulação política do governo. Eles reclamaram a Mercadante que os peemedebistas não participam da elaboração de políticas públicas e só são acionados para "apagar incêndios". Citaram como exemplo as votações do projeto que flexibilizou a meta do superavit primário, no ano passado, e a aprovação da Medida Provisória que alterou as regras do setor portuário, em 2013.

"Ele (Mercadante) concorda que o PMDB é um partido com quadros e com experiência. Só tem a contribuir", disse Kátia ao final da reunião. O jantar foi organizado pelo vice-presidente Michel Temer, que também é presidente do PMDB. Embora tenha sido isolado do núcleo político do Planalto, ele foi escalado por Dilma para tentar reaproximar a sigla do governo e garantir a aprovação das medidas.

Com uma economia prevista de R$ 18 bilhões, as propostas em tramitação no Congresso são consideradas fundamentais para o ajuste costurado pelo ministro da Fazenda. Levy foi o ministro que por mais tempo falou aos dirigentes e parlamentares do PMDB. As exposições da equipe econômica começaram pouco depois das 20h30 e todos os presentes fizeram perguntas. As discussões foram longas e o jantar só foi começar por volta de 23 horas.

As seis maiores centrais sindicais do País voltam a se reunir com o governo federal na tarde da próxima quarta-feira (25), em Brasília, para tentar negociar a revogação das Medidas Provisórias (MPs) 664 e 665, que alteram regras de acesso ao seguro-desemprego, seguro defeso e pensão por morte.

Será a terceira rodada de negociações entre trabalhadores e representantes do governo. Além das centrais sindicais (CUT, UGT, Força Sindical, CSB, NCTS e CTB), participam do encontro os ministros Nelson Barbosa (Planejamento), Carlos Gabas (Previdência), Manoel Dias (Trabalho) e Miguel Rossetto (Secretaria-Geral da Presidência).

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Os trabalhadores correm contra o tempo para tentar revogar as MPs. As propostas foram publicadas no Diário Oficial da União em 30 de dezembro do ano passado e, segundo o texto, devem entrar em vigor a partir do próximo dia 28 de fevereiro. Na prática, as mudanças só começam a valer a partir da segunda-feira, 2 de março.

Negociação

O governo já admitiu que deve promover algumas alterações no texto original enviado, mas pondera que vai manter o objetivo essencial da medida: de promover ajustes econômicos, por meio da correção de excessos. Até a semana passada, deputados e senadores já tinham apresentado mais de 600 emendas às duas propostas.

Diante do discurso do governo, as centrais sindicais estão apostando todas as fichas no Congresso para tentar derrubar as MPs, considerada por elas como perda de direitos. Os trabalhadores devem aproveitar a ida à capital federal para se reunir com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), na manhã de quarta, para tratar do assunto.

Caso a reunião seja confirmada, será o segundo encontro com Cunha. No último dia 10 de fevereiro, representantes das seis centrais já tinham se reunido com os presidentes da Câmara e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Na ocasião, ambos defenderam a criação de alternativas para que os trabalhadores não sejam prejudicados.

Validade

Apesar de terem efeitos práticos imediatos, as MPs precisam ser aprovadas pelo Congresso Nacional para que sejam transformadas definitivamente em lei. Para não perder a validade, elas devem ser aprovadas em até 120 dias. Até agora, contudo, as comissões mistas para analisar as propostas seguem sem previsão para serem instaladas.

Em meio ao bombardeio da oposição, de centrais sindicais e até mesmo da base aliada por conta das alterações em benefícios trabalhistas, o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Miguel Rossetto, disse nesta terça-feira, 10, que a presidente Dilma Rousseff apresentou à Central Única dos Trabalhadores (CUT) um conjunto de razões que levaram às modificações para concessão de abono salarial, seguro-desemprego, pensão por morte e auxílio-doença. Segundo Rossetto, a presidente reafirmou na ocasião seu compromisso com os direitos dos trabalhadores.

"A presidente, de forma clara informou dos limites fiscais que o País tem neste momento. Há uma situação de limite objetivo, fiscal, e há muito trabalho para sustentar um crescimento econômico ainda em 2015 e manter emprego e salário nos próximos anos", disse Rossetto, repetindo o tom de discurso que vem adotando nas últimas semanas.

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Principal responsável pela articulação do governo com movimentos sociais, o ministro acompanhou a audiência de Dilma com o presidente da CUT, Vagner Freitas, no Palácio do Planalto, na tarde desta terça-feira. Na ocasião, Dilma foi convidada para participar do congresso nacional da entidade, a ser realizado ainda neste ano.

"A presidente reafirma seu compromisso com os direitos dos trabalhadores. (Na reunião) Apresentou as medidas provisórias, repassou informações importantes em relação à situação fiscal do Brasil, repassamos um conjunto de informações em relação às correções necessárias por conta de situações que devem ser corrigidas e ficamos por aí", relatou o ministro, ressaltando que o governo tem confiança em uma recuperação econômica do País ainda em 2015.

Recuo

Questionado se o Planalto cogitava recuar de algumas mudanças nos benefícios trabalhistas, Rossetto disse que a audiência não foi uma reunião de negociação - e sim de cortesia.

"A negociação se dá no espaço adequado. Foi uma visita da CUT, um convite à presidente Dilma e houve espaço para a troca de opiniões. Houve uma série de sugestões, alternativas levantadas pela CUT", afirmou o ministro. "A negociação e o diálogo se dão no espaço que são as mesas de negociação, que estão em andamento."

Rossetto reiterou que o governo tem confiança na qualidade e na necessidade das medidas. "É necessário assegurar o seguro-defeso (assistência financeira temporária concedida ao pescador que exerça a atividade de forma artesanal) para os pescadores, mas há conjunto de desvios que devem ser atacados e temos de corrigir eventuais desvios nesse programa", ponderou o ministro.

Na avaliação do petista, o Palácio do Planalto está tomando medidas necessárias para sustentar uma agenda de crescimento já em 2015. "Todos os compromissos de campanha estão reafirmados e todos esses compromissos serão realizados ao longo desses quatro anos", assegurou.

De acordo com o ministro, o governo vai retomar a negociação com as centrais sindicais no dia 25 deste mês, com enfoque em temas referentes ao mercado de trabalho. "Vamos concentrar a agenda no diálogo sobre como enfrentar a informalidade, como avançar no sistema de emprego no nosso País", disse.

Os trabalhadores cuja data da dispensa seja a partir de 28 de fevereiro de 2015 vão enfrentar as novas "travas" no acesso ao seguro-desemprego. Essa data foi estabelecida pela Medida Provisória 665, publicada no Diário Oficial da União de 30 de dezembro do ano passado. Conforme a redação da MP 665, as novidades entrariam em vigor 60 dias depois da publicação da Medida Provisória, ou seja, 28 de fevereiro.

Sobre as mudanças, o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) informou nesta terça-feira (10), ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado que "as providências nesse sentido estão sendo tomadas" e que "o Sistema Mais Emprego está sendo adequado para atender às novas exigências da Medida Provisória, no prazo estabelecido pela MP 665/2014". Segundo o entendimento jurídico, explica o MTE, as novas regras para solicitação do seguro-desemprego exigidas pela Medida Provisória 665 passam a valer no prazo de 60 dias da data da publicação da MP. "Assim, todos os trabalhadores requerentes do benefício seguro-desemprego, cuja data da dispensa seja a partir de 28 de fevereiro de 2015, estarão sendo habilitados segundo as novas regras."

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A norma anterior exigia seis meses trabalhados nos últimos três anos para que o benefício fosse liberado. Com a nova regra, que valerá a partir de março, o desempregado deverá ter recebido salários por pelo menos 18 meses nos últimos dois anos para fazer a primeira solicitação. Para a segunda solicitação, serão 12 salários nos últimos 16 meses. Para a terceira, ele deverá ter recebido salários nos 6 meses imediatamente anteriores à data da dispensa. Na prática, as novas normas prejudicarão quem está há menos tempo no mercado de trabalho. O MTE destacou hoje, ainda, que as regras relacionadas ao seguro do pescador artesanal têm sua vigência, conforme texto da MP 665, para o "primeiro dia do quarto mês subsequente à data de sua publicação", ou seja, demorarão um pouco mais para entrar em vigor.

A mudança no acesso ao seguro-desemprego foi uma das medidas para o ajuste das contas públicas anunciado no final de 2014. Logo depois de sinalizado o aperto, o ministro do Trabalho, Manoel Dias, disse que a mudança na regra de acesso ao seguro-desemprego geraria economia de R$ 9 bilhões.

Centrais sindicais e a oposição consideraram as mudanças um ataque aos benefícios trabalhistas. "Nós não retiramos nenhum direito", rebateu o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, logo após as críticas. O fato é que houve fortes polêmicas envolvendo o tema. No dia 19 de janeiro, por exemplo, foi realizada reunião entre líderes sindicais e os ministros da Secretaria-Geral da Presidência da República, Miguel Rossetto; da Previdência Social, Carlos Gabas; do Planejamento, Nelson Barbosa; e do Trabalho e Emprego, Manoel Dias, em São Paulo. O clima da conversa foi tenso. Os sindicalistas pediram a revogação das Medidas Provisórias 664 e 665 relacionadas à Previdência Social, ao seguro-desemprego e ao seguro defeso.

Mudanças

A mudança nas regras no seguro-desemprego pode diminuir o acesso ao benefício em mais de 25%, conforme levantamento divulgado em 16 de janeiro pelo Ministério do Trabalho. O cálculo foi feito a partir de uma simulação de como seria a concessão de benefícios se as novas regras fossem aplicadas na base de dados de 2014.

No ano passado, o seguro foi solicitado por cerca de 8,5 milhões de pessoas. De acordo com os números apresentados, com a nova regra prevista na MP 665, mais de 2,2 milhões de pessoas desse total teriam o pedido recusado, ou 26,58% do total. O número é quase sete vezes maior que os 351 mil benefícios de fato recusados em 2014, ainda sob a regra antiga.

A novidade foi implantada por meio de uma Medida Provisória, que é um instrumento com força de lei, adotado pelo presidente da República, em casos de relevância e urgência. Depende de aprovação do Congresso Nacional para transformação definitiva em lei, mas tem efeitos práticos imediatos. A negociação para que a MP vire lei não será fácil. O líder do PT na Câmara dos Deputados, Sibá Machado (AC), admitiu nesta terça-feira, 10, que os textos das Medidas Provisórias (MP) que trazem mudanças na legislação trabalhista não serão aprovados como vieram do Executivo.

O petista lembrou que mais de 600 emendas já foram apresentadas pelas bancadas e que é preciso buscar um consenso para definir quais são as prioridades que devem ser introduzidas nas propostas. Segundo o líder, o espírito essencial das medidas - que é o de promover ajustes econômicos - não será alterado, mas ele concordou que é preciso preservar os direitos dos trabalhadores.

O Congresso Nacional prorrogou por 60 dias a vigência das Medidas Provisórias 646, 647, 648 e 649. A decisão está publicada no Diário Oficial da União desta quarta-feira (16).

A MP 646, de 26 de maio, altera dispositivos do Código de Trânsito Brasileiro. A MP 647, de 28 de maio, dispõe sobre a adição obrigatória de biodiesel ao óleo diesel comercializado ao consumidor final.

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A MP 648, de 3 de junho, trata da flexibilização do horário de transmissão do programa 'A Voz do Brasil' durante a Copa do Mundo Fifa. A MP 649, de 5 de junho, prevê medidas de esclarecimento ao consumidor quanto à carga tributária incidente sobre mercadorias e serviços.

Com a pauta do plenário trancada por oito medidas provisórias, a Câmara poderá adiar, mais uma vez, a votação dos destaques da PEC do orçamento impositivo. Na quarta-feira (21), haverá uma sessão extraordinária para votar os destaques ao projeto de lei que altera o Supersimples.

Entre as MPs pendentes está a que reajusta os salários de algumas carreiras do Executivo e concede mais sete meses para a Comissão Nacional da Verdade concluir seus trabalhos. Também estão na pauta as propostas ligadas ao programa Inovar-Auto, a que zera dívidas relativas aos créditos de instalação concedidos a assentados da reforma agrária entre 1985 e 2013 pelo Incra e a que aumenta em R$ 80 bilhões o limite de financiamentos concedidos pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) com subvenção de juros da União, entre outras.

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Orçamento impositivo

A Câmara, o Senado e o governo ainda negociam a conclusão da votação da PEC do orçamento impositivo. Os senadores incluíram regras que criam um piso de recursos da União que devem ser aplicados anualmente em saúde pública. Na Câmara, há deputados contrários que destacaram o trecho para votar em separado.

A matéria estava na pauta da semana passada, mas a votação foi adiada. São necessários 308 votos para aprovar alterações. Na semana passada, o presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), defendeu a urgência da aprovação. “É importante lembrar à Câmara que eventuais modificações do texto, além de atrasar a implementação desse grande benefício à população brasileira, também colocará em risco um delicado acordo construído no Senado com vistas à aprovação da matéria”, disse.

Para o vice-líder do DEM, deputado Ronaldo Caiado (GO), a base governista está adiando a deliberação para ganhar tempo. “Se votássemos hoje, o governo perderia no voto, mas quando se adia a votação, é possível que o lado que sairia perdendo possa virar o jogo”, sustentou.

O ano de 2014 começa com 14 medidas provisórias tramitando no Congresso. Duas delas estão mais perto da aprovação: as MPs 625/2013 e 626/2013, que tratam de créditos extraordinários. Nove MPs, no entanto, foram editadas durante o recesso parlamentar e ainda precisarão passar por comissões mistas e pelos plenários da Câmara e do Senado. Entre as novas MPs, está a que pretende acelerar a construção de presídios, editada após a repercussão da crise no sistema prisional do Maranhão (MP 630/2013).

Editada em dezembro, a MP 630 permite a contratação de obras de construção e reforma de presídios por meio do Regime Diferenciado de Contratações Públicas (RDC). O regime, criado para obras da copa, simplifica os procedimentos e torna mais rápido o processo. A permissão de uso do RDC será para construção, ampliação e reforma de estabelecimentos penais e unidades de atendimento socioeducativo para crianças e adolescentes infratores.

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Outra MP estende a adoção do RDC para obras de prevenção, resposta e recuperação em locais atingidos por catástrofes. A MP 631/2013 veio após fortes chuvas que nos últimos meses atingiram diferentes estados, principalmente da região Sudeste.

Entre as medidas que ainda aguardam a leitura no Congresso para iniciar a tramitação também estão a MP 633/2013, que prorroga as subvenções da União para financiamentos a setores ligados à exportação, intensivos em tecnologia e de produção de bens de capital; a MP 634/2013, que isenta importadores de álcool do pagamento de PIS/Pasep e Cofins até 2016; e a MP 638/2014, que modifica a lei do Inovar-Auto, programa de incentivo tributário ao setor automotivo do país.

Lideranças do Congresso relataram na tarde desta quarta-feira, 5, aos ministros da Fazenda, Guido Mantega, e das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, que o excesso de Medidas Provisórias (MPs) editadas sobre temas semelhantes sobrecarrega o Poder Legislativo. Como exemplo, parlamentares presentes na reunião na sede do Ministério da Fazenda citaram as MPs que tratam de desonerações - pelo menos três foram enviadas ao Congresso só no mês passado. "Isso não tem sentido", disse um deputado que participou do encontro.

De acordo com as lideranças, o governo deveria abarcar um maior número de setores desonerados nas MPs - evitando enviar ao Congresso medidas que tratem de poucos segmentos - ou mesmo incluir temas de interesse em projetos em tramitação na Casa. "Diminuindo a quantidade de MPs, diminui o esforço em cada texto. Ao invés de ter de aprovar dez relatórios, poderíamos votar dois ou três", resumiu outra liderança que participou da reunião.

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O líder do governo no Congresso, senador José Pimentel (PT-CE), reconheceu que houve uma sobrecarga de trabalho com a edição diversas MPs entre o fim de dezembro do ano passado e abril deste ano. Ele esteve na reunião desta tarde e disse, no entanto, que o debate "já foi superado".

Também ficou acertado na reunião que a equipe econômica vai se encontrar mais com as lideranças das duas Casas para que os projetos tenham melhor encaminhamento no Parlamento. Na avaliação de senadores presentes, o fato de até então as mudanças nos textos de temas econômicos serem discutidas apenas entre o relator da matéria e o Ministério da Fazenda contribuiu para gerar problemas em tramitações.

Foi o caso, por exemplo, da MP 601, que estende a validade do Reintegra e desonera setores do varejo e da construção civil. Houve desencontro entre o texto acertado pelo relator, senador Armando Monteiro (PTB-PE), com a equipe econômica e o negociado pelas lideranças dos partidos dentro do Congresso.

Ao final da reunião, a ministra Ideli Salvatti confirmou que houve apelo dos líderes da base do governo para que ocorram reuniões mais frequentes com o ministro da Fazenda. "Ficou acertado que não haverá mais negociação com o relator sem a participação dos líderes", disse a ministra, ao final da reunião. Para parlamentares, o resultado do encontro é que "o governo voltou a dar protagonismo ao Congresso".

Manobra

Para salvar o conteúdo da MP 601, que desonera setores da construção civil e estende o prazo de validade do Reintegra, o governo e os parlamentares decidiram reeditar a estratégia que deve garantir os descontos nas tarifas de energia, mesmo com o fim do prazo da MP 605. Parte mais delicada da 601, as medidas que estavam em vigor desde abril serão recolocadas no texto da MP 610 - que, entre outras coisas, amplia o valor do Benefício Garantia-Safra. O relator desta MP é o senador Eunício Oliveira (PMDB-CE).

O restante do texto da Medida Provisória 601 - como as desonerações que só entram em vigor em 2014 - vai passar a compor o texto da MP 615, que autoriza o pagamento de subvenção econômica a produtores de cana-de-açúcar e etanol. A relatoria dessa matéria ficará a cargo do senador Gim Argello (PTB-DF).

O presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), anunciou na tarde desta quarta-feira que, apesar da aprovação na comissão mista da Medida Provisória (MP) 609 (que desonera produtos da cesta básica), o plenário da Casa só votará a matéria na próxima semana, provavelmente na terça-feira, 11. Havia uma expectativa de que a MP fosse apreciada ainda nesta quarta-feira pelos deputados.

Nesta tarde, a comissão também aprovou a incorporação do texto da MP 605 (que permitia descontos na conta de luz), que caducou na segunda-feira, 3. Atendendo a um pedido do líder do PMDB, Eduardo Cunha (RJ), o relator da MP 609, Edinho Araújo (PMDB-SP), incorporou no relatório o texto da 605.

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A Comissão Mista, formada por senadores e deputados, aprovou nesta quarta-feira (5) o texto da Medida Provisória 609, que desonera os produtos das cesta básica. O líder do governo no Senado, senador Eduardo Braga (PMDB-AM), espera que a proposta da MP seja levada à votação no plenário da Câmara dos Deputados ainda nesta quarta.

Conforme as lideranças partidárias haviam anunciado na semana passada, o relator Edinho Araújo (PMDB-SP) incorporou em seu parecer a MP 605. O texto da proposta garantia descontos na conta de energia elétrica, mas perdeu a validade na última segunda-feira, 3. Ao juntar o conteúdo da MP 605 na MP 609, os parlamentares da base esperam garantir esse desconto.

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A MP 609/2013 isenta todos os itens da cesta básica da contribuição para os Programas de Integração Social e de Formação do Patrimônio do Servidor Público (PIS/Pasep) e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins). A desoneração inclui papel higiênico, pasta de dente e sabonete, itens que não constavam da cesta básica e foram adicionados ao grupo com a edição da medida provisória.

A Comissão Mista do Congresso, criada para analisar a Medida Provisória 608/2013, conhecida como MP da Basileia, aprovou na tarde desta quarta-fdeira o parecer do relator senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB). A MP tem por objetivo dar mais solidez a instituições financeiras e evitar choques, como o que provocou a crise de 2008.

O relatório do senador Cunha Lima permite, entre outros pontos, que as instituições financeiras, com exceção de cooperativas de crédito e administradoras de consórcio, possam apurar crédito presumido a partir de provisões de crédito para liquidação duvidosa.

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A medida, que agora será analisada pela Câmara, é parte do compromisso anunciado em março deste ano pelo governo para implantar no Brasil o Acordo de Basileia 3.

As bancadas do DEM, PPS e PSDB na Câmara pretendem entrar com um mandado de segurança no Supremo Tribunal Federal (STF) contra a inclusão do texto da Medida Provisória (MP) 605 (que dispõe sobre o uso dos recursos para assegurar a redução da conta de luz anunciada pelo governo) na 609 (que desonera itens da cesta básica). A MP 605 foi aprovada pela Câmara na semana passada, não foi votada no plenário do Senado e caducou nesta segunda-feira, 3. O anúncio da ação judicial foi feito pelo líder do DEM na Casa, Ronaldo Caiado (GO), que ressaltou que uma MP que perdeu a validade não pode ser reeditada em outra medida em trâmite no Congresso. De acordo com os partidos de oposição, a inclusão da MP que caducou em outra é "fraude legislativa".

Segundo Caiado, a petição é redigida e não deve ser protocolada nesta terça-feira no STF. Perguntado sobre se a ação da oposição não comprometeria o desconto na conta de energia, ele destacou que o governo poderia fazer uso de um projeto de lei em regime de urgência (com trâmite de 45 dias) para apresentar a proposta ao Legislativo em vez de editar MP. "Não vai acontecer nada disso (fim do desconto na conta). Não precisa desse terrorismo por parte do governo", respondeu.

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Conforme Caiado, a administração federal tem copiado projetos dos deputados e editado MPs com o mesmo teor dessas propostas numa operação que ele chamou de "chupa-cabra". O líder do DEM na Câmara condenou a inclusão da MP 605 pelo relator Edinho Araújo (PMDB-SP) na 609 e disse que o episódio traz o risco do retorno da reedição de medidas, prática extinta pelo Parlamento. "Não podemos alegar esta tese para admitir uma deformidade e uma agressão dessa proporção às normais constitucionais", justificou.

A presidente Dilma Rousseff sinalizou a integrantes da cúpula do PMDB que pretende reduzir o envio de propostas de interesse do Executivo ao Congresso por meio de Medidas Provisórias. A decisão é uma tentativa de dar mais autonomia aos parlamentares e acalmar os ânimos da base aliada em conflito com o Palácio do Planalto desde a votação da MP dos Portos, no último dia 16. Dilma recebeu para uma reunião na noite de segunda-feira, 3, os presidentes do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), e o vice-presidente da República, Michel Temer.

A queixa no Congresso é de que, quando o Planalto recorre a Medidas Provisórias em temas de interesse do País, os parlamentares acabam apenas chancelando o texto enviado por Dilma. E quando discordam e alteram a proposta, invariavelmente, se deparam com vetos feitos pela presidente. Um primeiro exemplo de mudança no tratamento do envio das propostas ao Congresso refere-se ao Código de Mineração, que deverá ser discutido, ainda sem data definida, por meio de um projeto de lei, com regime de urgência. "É uma aposta no novo modelo de diálogo com o Parlamento", disse ao Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, o presidente da Câmara.

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A expectativa é de que Dilma também chame os líderes partidários para uma reunião em que ela própria deverá explicar os principais dispositivos do projeto. Além disso, o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, também deverá ir à Câmara e ao Senado para explicar ponto a ponto o novo código. A data desses encontros ainda depende da conclusão da proposta. A tendência é que ela fique pronta até o fim deste mês. Além da mudança na forma de envio de propostas de interesse do Executivo ao Congresso, Dilma teria sinalizado que concorda com a mudança no rito de tramitação das Medidas Provisórias. O principal foco é alterar o prazo de permanência das MPs nas Comissões Mistas. Hoje o prazo que as matérias ficam nessas comissões reduz o tempo de discussão nos plenários da Câmara e do Senado.

"Vamos avaliar as propostas que já existem sobre esse tema ou até mesmo criar um novo texto. Ela concordou", disse Alves. Segundo ele, questões partidárias, disputas estaduais no próximo ano e execução de emendas dos parlamentares não foram discutidas durante o encontro no Palácio do Planalto.

Após o esforço de aprovar a toque de caixa na semana passada duas medidas provisórias (MPs) de interesse do governo e não vê-las em votação no plenário do Senado, o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), tem pronto o ato para criar a comissão especial da Casa que analisará o Projeto de Emenda Constitucional (PEC) 70-A/2011, do senador José Sarney (PMDB-AP), que altera o trâmite de apreciação dessas disposições no Congresso. O assunto deverá ser discutido nesta terça-feira, 4, na reunião do Colégio de Líderes dos partidos.

A demora na análise das MPs, que hoje podem ficar até 120 dias tramitando no Legislativo, faz com que propostas do governo cheguem a perder a validade, como as medidas 598/12 (que abriu crédito extraordinário para órgãos e empresas estatais como parte do Orçamento de 2013); 599/12 (liberação de recursos para governos de Estados e prefeituras referentes à Lei Kandir) e 604/13 (que ofereceu crédito extraordinário de R$ 361.368.057,00 aos Ministérios do Desenvolvimento Agrário e da Integração Nacional). As três medidas expiraram nesta segunda-feira sem chegar à apreciação dos deputados em plenário.

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O projeto desengavetado por Alves, que foi de relatoria do senador Aécio Neves (PSDB-MG), passou pelo Senado em 2011 e ficou um ano aguardando parecer da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara. Como o projeto não era de interesse da administração federal, só em setembro o relatório do deputado Ricardo Berzoini (PT-SP) recomendando a admissibilidade foi aprovado. Desde então, o projeto seguia na fila dos 108 pedidos para criação de comissão especial e, como agora há um descontentamento generalizado entre líderes do Parlamento em relação ao rito das MPs, a Câmara pode instalar o grupo. Se o projeto for aprovado sem alterações na Câmara, será levado diretamente à promulgação.

A proposta de Sarney mantém os 120 dias para aprovação das MPs no Poder Legislativo - 80 dias para ser apreciado na Câmara, 30 no Senado e outros 10 para ser analisada as eventuais emendas dos senadores pelos deputados. Dentro desse prazo, uma comissão da Câmara e do Senado terá um prazo de dez dias para se manifestar sobre a admissibilidade da proposta.

Atualmente, a comissão mista não tem um prazo para analisar as MPs e os projetos ficam a maior parte do tempo em análise nesses grupos. Assim, as propostas são levadas às pressas para votação nos plenários das duas Casas, como ocorreu na MP dos Portos. Nas duas Casas, atualmente, a pauta fica trancada por 45 dias quando se aproxima do fim da validade. Na PEC de Sarney, a proposta é trancar a pauta em dez dias. Se a Câmara e o Senado não se manifestarem em 70 e 20 dias, respectivamente, a MP entrará em regime de urgência.

Além de impor prazos no rito das MPs, o projeto de Sarney prevê que se uma medida não for admitida, ela se transforma em projeto de lei em regime de urgência. Pelo texto dele, ficaria proibida a inclusão de temas diferentes ao assunto principal da MP e de matérias de outras MPs que tenham sido rejeitadas ou que tenham perdido a validade. Se estivesse em vigor, não seria possível, por exemplo, incluir a íntegra da MP 605 (sobre a redução da conta de luz) na MP 609 (sobre a desoneração da cesta básica). As MPs 605 e 601 (que desonerava a folha de pagamento de alguns setores da economia) foram aprovadas na Câmara e perderam a validade nesta segunda porque não foram à votação no Senado.

O projeto de Sarney é considerado pelos parlamentares uma versão atualizada da PEC 511-C/2006, do ex-senador Antônio Carlos Magalhães (do antigo PFL-BA). A PEC de ACM já sugeria que as MPs tivessem "homogeneidade temática", não podendo englobar assuntos diferentes do tema central. A proposta não teve a votação final concluída no plenário da Câmara.

O líder dos Democratas na Câmara dos Deputados, Ronaldo Caiado (GO), classificou nesta quarta-feira (29) de "fraude legislativa" a solução encontrada pelos líderes da base para garantir a redução da tarifa de luz, mesmo depois que a Medida Provisória (MP) 605 tenha perdido a validade. A MP 605, que foi aprovada nesta terça-feira (28), pela Câmara dos Deputados, permite o uso de recursos da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) para compensar descontos concedidos a alguns setores e viabilizar a redução da tarifa de energia. Como não será apreciada pelo Senado por não ter chegado àquela Casa com o prazo mínimo de sete dias antes de perder a validade, uma exigência feita pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), a MP vai caducar na próxima segunda-feira, 3.

Os parlamentares da base decidiram nesta quarta-feira incluir a MP 605 na MP 609, que trata da desoneração da cesta básica, com o objetivo de garantir os descontos na conta de luz. Na avaliação do deputado Caiado, esse procedimento é um artifício que não tem como se sustentar. "(Isso) faz com que qualquer MP que a Câmara venha a derrubar não tenha mais cancelamento de reedição no mesmo ano", afirmou o deputado.

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Como foi editada no início deste ano, o governo não poderia editar uma medida provisória com o mesmo tema em 2013, uma das razões pela qual optou por transferir o conteúdo da proposta para outra MP. "Se cada MP que caducar virar uma emenda (de outra MP), não é mais um processo legislativo. É uma fraude".

O parlamentar também criticou o que considera falta de conexão temática entre as duas medidas. "O que é que cesta básica tem a ver com energia elétrica? Deveria haver uma concordância." Ele avaliou ainda que o governo deveria ter optado por mandar ao Congresso um projeto de lei com urgência constitucional para lidar com a questão.

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