Os dados assustam e fazem uma alerta para os pais, responsáveis e as instituições de ensino. De acordo com os índices divulgados pela BBC Brasil, entre 1980 a 2014 a taxa de suicídio aumentou 28%. Além disso, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o País é o campeão mundial do transtorno de ansiedade e o quinto colocado em pessoas com depressão.
Com esses dados, estima-se que 11,5 milhões de brasileiros sofram de depressão. Tendo em vista esse cenário e a divulgação de casos de jovens que passaram a atentar contra a própria vida; participando de desafios e jogos, como o da ‘Baleia Azul’, chegando inclusive a se mutilar; o alerta ficou ainda mais agudo entre as instituições de ensino e os pais desses adolescentes.
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Diante do problema, inúmeros questionamentos vieram à tona e a preocupação em relação à responsabilidade em prol da formação dos valores, do caráter e do fator emocional desses adolescentes tem aumentado. De acordo com doutora em Educação, especialista em conflitos na escola e professora da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Catarina Gonçalves, o problema deve ser trabalhado a partir de dois eixos: a prevenção e a intervenção, tando no ambiente escolar quanto no familiar.
"É muito importante a escola provocar o debate, porque os adolescentes têm muito acesso ao desconhecido, principalmente na internet. Além disso, a instituição de ensino é o local de convívio social, que proporciona situações e relações humanas que podem ser observadas, através do comportamento dos jovens, diariamente", diz a doutora.
A especialista ainda explica que as relações humanas sempre foram muito complexas e precisam ser observadas com mais atenção na fase da adolescência, uma vez que, nessa etapa da vida, se está no processo de formação de identidade, reconhecendo os valores e, na maioria das vezes, sente-se a necessidade de ser aceito e de se 'testar'.
Os jovens podem acabar sendo desrespeitosos e não se dão conta das consequências dessas ações. Por isso é imprescindível observar o comportamento social desses adolescentes, evitando inclusive conflitos na escola, como o bullying, que, se não identificado, pode resultar na depressão. "Por isso a importância das escolas ficarem atentas", alerta a especialista. Conforme as orientações de Catarina, a prática do Bullying permeia aspectos da moral, da identidade e da convivência que na maioria desses abusos são velados, E o Bullying só acontece quando quem recebe aceita, devido, inclusive, à fragilidade da formação da personalidade.
Para a doutora Catarina Gonçalves, esse cenário deve ser percebido através da intervenção, que é pontual, e da prevenção, que deve ser contínua, tanto na escola e quanto no ciclo familiar. "A escola e as famílias precisam ficar atentas ao comportamnto desses jovens e acompanhar o que eles estão assistindo e discutindo nas redes e fora delas, para poder avaliar os valores do conteúdo que eles têm acesso e das consequências", explica a doutora.
A escola particular Apoio, localizada na Zona Norte da Região do Recife, está atuando na prevenção e intervenção de problemas relacionados ao convívio social dos estudantes, bem como a formação de valores. De acordo com a psicóloga Alethêa Ferreira, a instituição de ensino propõe o protagonismo dos estudantes através de projetos que trabalham aspectos sociais e a formação pessoal
"Entendemos que a formação deve ser construída desde a Educação Infantil até o Ensino Fundamental II. A partir desse entendimento, disponibilizamos projetos que provocam várias questões ligadas à atitude, emoção e respeito, tornando os jovens mais atuantes e protagonistas", explica.
Para realizar isso, a psicóloga elenca os trabalhos que são realizados na escola. "Normalmente visitamos asilos e os meninos levam o seu conhecimento, preparam apresentações culturais e fazem diversas atividades. Além dele, há também o projeto de leitura nas escolas públicas em que os adolescentes contam histórias e ajudam outras pessoas", diz.
Segundo Alethêa, essas iniciativas proporcionam reflexão e principalmente respeito ao próximo a partir da solidariedade. A psicóloga ainda ressalta que a escola também trabalha com o protagonismo dos estudantes através dos próprios conflitos. "A proposta é que os alunos levem para o debate os seus problemas e aflições para o próprio grupo de colegas, com isso, eles conseguem resolver e acabam, de certa forma, sendo os 'vigilantes' dos impasses, acompanhados da equipe e dos familiares", conta.
Em relação ao bullying, ao cyberbullying e às questões relacionadas à depressão e aos jogos de automutilação, a psicóloga reforça que é indispensável a atuação da família e dos professores no processo de observação. "É importante ficar atento ao comportamento dos jovens. Quando o aluno está mais instável, agressivo e distante, é necessário avaliar cada aspecto, conversar com o adolescente, a família e se for o caso realizar a intervenção e acompanhamento do problema, que pode desencadear a depressão."