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Nesta manhã (24), moradores da comunidade Vila Esperança protestam na Avenida 17 de Agosto, em frente à Praça do Monteiro, na Zona Norte do Recife. O ato é contra as desapropriações anunciadas pela Prefeitura do Recife para a conclusão das obras da Ponte Engenheiro Jaime Gusmão.

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Famílias que moram na comunidade há mais de 30 anos obstruíram os dois sentidos da via com pneus e entulhos para reclamar do valor irrisório das indenizações oferecidas pelo município. Elas cobram uma restituição baseada na estimativa imobiliária do bairro.

Através da Autarquia de Urbanização (URB), a Prefeitura do Recife informa que a nova ligação entre os bairros do Monteiro e Iputinga, na Zona Oeste, está 80% concluída e deve beneficiar diretamente cerca de 60 mil pessoas.

O Corpo de Bombeiros enviou uma viatura de combate a incêndio e a avenida foi desobstruída por volta das 7h40.

Moradores da Vila Esperança não desistiram dos seus lares e lutam contra as ordens de desapropriação da Prefeitura do Recife. Entre os bairros de Apipucos e Casa Forte, área nobre da Zona Norte da cidade, a comunidade resiste há décadas à especulação imobiliária e, desde 2012, é ameaçada pela gestão municipal a cada nova etapa da construção da Ponte do Monteiro. 

Ocupada por cerca de 300 famílias de baixa renda, a Vila Esperança é uma das 74 Zonas Especiais de Interesse Social (ZEIS) do Recife. A lei consolidada há quase 30 anos protege a localidade por reconhecê-la como um território popular e, inclusive, incentiva o Poder Público a promover a regularização fundiária das moradias. 

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A Prefeitura do Recife, através da Autarquia de Urbanização do Recife (URB), contrariou os dispositivos da ZEIS e distribuiu 53 cartas de negociação para pressionar pela retirada das famílias da Rua Ilha do Temporal. As desapropriações foram motivadas pelo argumento da construção da Ponte Engenheiro Jaime Gusmão, mas os moradores da Vila Esperança apontam um movimento de gentrificação. 

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"Eles querem tirar essa comunidade daqui porque a especulação imobiliária daqui é demais. É uma área nobre, né? Aí todo mundo só imagina isso", denunciou Carlos Iraquitan, que descreveu o espaço como um “oásis” entre os bairros com o m² mais caro do Recife. 

Carlos Iraquitan acredita que toda comunidade será desapropriada em poucos anos. Júlio Gomes/LeiaJá Imagens

Mais de 30 dos seus 50 anos foram na Vila Esperança, lugar onde Carlos escolheu para criar seus dois filhos, hoje com 25 e 24 anos. "Aqui é um local centralizado. Meus filhos estudaram aqui em cima, é perto de hospital, de clínica, de shopping, de tudo. Aí vai mandar [a gente] não se sabe para onde e o dinheiro não vai dar para comprar outro", lamentou. 

Os moradores ainda estavam preocupados em sobreviver à pandemia quando a ponte começou a avançar nas duas margens do Rio Capibaribe. As obras começaram a avançar em 2021, com a publicação do decreto de desapropriação 34.603 para que a previsão de entrega em junho de 2024 tentasse ser cumprida.

O interesse, na visão dos moradores, seria adiantar o término da ponte para que ela possa protagonizar os materiais de campanha de reeleição do prefeito João Campos (PSB) como a primeira ponte entregue na capital em quase 20 anos. 

Dona Maria José conta que investiu em melhorias na casa antes da ordem de saída. Júlio Gomes/LeiaJá Imagens

Dona Maria José Pereira, de 73, estabeleceu morada na comunidade quando ela ainda era formada por barracos de tábua, há mais de 30 anos. Sem forças para resistir às investidas da URB, ela aceitou negociar a indenização, mas, assim como os vizinhos, reclama da proposta irrisória oferecida pelo município. 

“A gente não pode sair sem ter um dinheirinho para comprar a casa. Onde é que a gente vai morar sem ter casa? Ficar pagando aluguel é muito ruim e o valor que eles querem dar não dá para comprar uma casinha”, afirmou. 

Helena Vicente aponta que a Prefeitura não se propôs ao diálogo. Júlio Gomes/LeiaJá Imagens

Helena Vicente, 1ª titular da Comissões de Urbanização e Legalização (Comul) Vila Esperança, mobiliza os moradores a defender a permanência da comunidade. “Muitos já negociaram por se sentirem cansados da luta. Essa obra já tirou uma leva de pessoas em 2012, então, muita gente que eu conversei disse: 'ah, a gente não tem força para eles não'. Mesmo sabendo do direito que têm, essas pessoas não reagiram. Elas querem que aconteça, mas têm medo de lutar e de resistir”, expôs. 

Carlos descreveu a estratégia da URB para fechar os valores com os moradores antes da judicialização. "O dinheiro para todo mundo é muito pouco, não dá para comprar nem um barraco em outro lugar [...] eles dão a primeira proposta, se tu não aceitar, quando vai para a justiça, cai mais ainda [o valor]. Minha mãe pegou logo na primeira, mas pegou chorando", apontou. “A [casa] da minha mãe foi indenizado muito pouco porque a casa da minha mãe era bastante grande. Tinha mais de 80m² e deram o valor só de 79 mil a minha mãe", continuou. 

Destroços deixados na comunidade após demolição. Júlio Gomes/LeiaJá Imagens

Desde o reinício das obras, os habitantes da Vila Esperança alegam sofrer ameaças de funcionários da Prefeitura. "Se não negociar, vai ser pior para vocês"; "Vocês não são donos disso aqui"; "O trator vai passar", são os comentários que se espalham pelos becos da comunidade após a saída de um representante. 

'Ultimamente estamos recebendo muita visita [da prefeitura] e elas dizem: 'o pessoal que tá na justiça, a gente vai vir com o trator amanhã'. Mesmo sem a gente ter sido intimado ainda", reclamou Helena.  

Quando um morador cede à desocupação, a casa é rapidamente derrubada, o que repercute em uma nova forma de intimidação. Mesmo com os chamados, os destroços não são recolhidos e as tralhas acumuladas passam a atrair ratos e escorpiões. "Acho que para manter essa insalubridade que vai gerando o desejo de deixar o local", observou a líder comunitária. 

Casa pixada pela Prefeitura para indicar saída dos ocupantes. Júlio Gomes/LeiaJá Imagens

Para "abrir passagem para novos caminhos", como divulga a Prefeitura, as casas selecionadas para vir ao chão foram pichadas pela própria URB em agosto de 2021, antes mesmo da convocatória que abriu as negociações. 

Sem autorização dos ocupantes, portas e paredes foram demarcadas por spray de tinta. "Eles mediram tudinho e ficou por isso mesmo. Disse que depois voltava para resolver, até agora. Eu tô sem saber de nada, só sei que tá marcado", afirmou Maria da Luz de Aquino, que está há 30 dos seus 73 anos na Vila Esperança. 

Dona Maria da Luz apresenta um cenário de incerteza quanto ao futuro. Júlio Gomes/LeiaJá Imagens

A Ponte do Monteiro será o primeiro dispositivo do sistema viário planejado para a região. Seu projeto foi apresentado aos moradores da Vila Esperança em setembro de 2021, com a primeira leva de desapropriações no mês seguinte e, só em abril de 2022, foi anunciada a expansão da construção com um anel viário para cumprir a promessa de encurtar a distância entre as zonas Norte e Oeste. 

"Em 10 anos vão tirar tudinho daqui", afirma Carlos. “Tem moradores que não acreditam que vai sair tudo, mesmo a gente mostrando esse ofício. Essas pessoas estão tranquilas porque acreditam que vão ficar", complementou Helena. 

Em um primeiro momento, 17 famílias resistiram e foram processadas em ações movidas pelo município. A maioria desistiu no meio do caminho e, hoje, restam oito processos. A Justiça suspendeu a emissão de posse em apenas dois deles e pediu que uma nova perícia recalculasse o valor da indenização dos imóveis. 

Para quem não aceitou os preços baixos propostos pela URB, foi oferecido o remanejamento para um conjunto habitacional há cerca de 200 metros da comunidade. Contudo, nenhum dos dois blocos prometidos começou a ser construído.

Placa da Prefeitura do Recife informa que a obra foi orçada em mais de R$ 40 milhões. Júlio Gomes/LeiaJá Imagens

Por meio de nota, a Autarquia de Urbanização do Recife (URB) reforça que cerca de 80% da Ponte do Monteiro está pronta e aponta que a nova ligação viária com o bairro da Iputinga vai beneficiar diretamente 60 mil pessoas. 

A Prefeitura do Recife informa que a construção de 75 apartamentos para os moradores afetados pela ponte ainda não foi iniciada. Sem data para o início da obra, a gestão indicou que ela deva começar nas próximas semanas.  

O habitacional Vila Esperança será dividido em dois blocos, um com 40 unidades e o outro com 35, contando com jardim, horta comunitária, playground e uma creche. O plano da Prefeitura é entregar apartamentos com cerca de 40 m² para famílias que deixaram suas casas com mais de 100m². As obras vão custar em torno de R$ 13 milhões.  

A ponte deve ser entregue em meados do primeiro semestre do próximo ano. Júlio Gomes/LeiaJá Imagens

O município também rebateu as reclamações sobre as baixas propostas de indenização e ressaltou que o valor depende das benfeitorias feitas pelos moradores no terreno e não do m² cobrado pelos imóveis da região.

"A URB esclarece que cada imóvel é avaliado individualmente e recebe um valor que varia de acordo com questões como existência de documentação legal, área construída e benfeitorias realizadas pelos moradores. Os valores oferecidos são baseados em tabela atualizada anualmente e validada pelos órgãos de controle, como Tribunal de Contas do Estado e Caixa Econômica Federal”, resumiu. “Todos já foram negociados, incluindo 12 que foram objeto de negociação judicial, e 50 foram pagos", frisou a Prefeitura.

As pichações nos imóveis correspondem ao "procedimento padrão", disse a gestão, que ainda afirmou que as tralhas das casas demolidas só serão retiradas à medidas que as obras avancem.

Depois de muitos anos abandonada, a Prefeitura do Recife retomou as obras da Ponte Engenheiro Jaime Gusmão, mais conhecida como Ponte do Monteiro. A estrutura integra o projeto do sistema viário da região, que interliga os bairros da Iputinga e do Monteiro, sobre o Rio Capibaribe.

Segundo a prefeitura, o projeto orçado em R$ 38 milhões representa uma economia de 20% para os cofres públicos em cima do valor atualizado do projeto anterior - que era de R$ 48 milhões. A ordem de serviço já foi assinada pelo prefeito João Campos (PSB).

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Há nove anos que o projeto para a construção da ponte vem sendo empurrada pelo poder público. O primeiro contrato ocorreu em fevereiro de 2012, mas a execução foi suspensa em 2014. 

Em audiência pública nesta quinta-feira (30), a Câmara de Vereadores debateu sobre a obra e mostrou que, por conta das modificações estruturais no antigo projeto, os pilares levantadores nas duas margens em 2018 serão eliminados.

A nova licitação ocorreu em 2020 e a homologação para o novo processo das obras aconteceu em janeiro de 2021. Segundo a Câmara, com as alterações do projeto, é prevista a queda de gastos de R$ 63 milhões para R$ 53 milhões - números diferentes dos mostrados pela Prefeitura do Recife. O prazo para a realização das obras é de 24 meses.

"A gente vai conseguir ligar a Zona Norte à Zona Oeste da cidade, reduzindo em até 33% o tempo de deslocamento das pessoas que moram nessas duas regiões. Do que foi construído, a parte de cima, da superestrutura, a gente vai retirar; e vai utilizar a parte da fundação que já foi construída, porque o projeto está diferente, a ponte será um pouco mais baixa, com isso ela será economicamente mais favorável ao município”, detalha o prefeito João Campos.

Está prevista ainda a utilização de toda a estrutura possível de ser reaproveitada dentro dos critérios técnicos, aumentando a economicidade do novo projeto. Também não será mais necessária a demolição da Escola Estadual Silva Jardim, que atende as famílias da região, como previa o projeto anterior. Além disso, a Praça do Monteiro será preservada.

Preocupação com as famílias

Durante a audiência pública, o vereador Ivan Moraes (PSOL) apontou a sua preocupação com as cerca de 57 famílias que atualmente moram na Vila Esperança Cabocó, no bairro de Monteiro, Zona Norte do Recife.

"A gente espera que possa valer o bem-estar da população que hoje vive nesse lugar", revela o vereador. Ele salienta que essa população não pode ser removida de onde está há décadas recebendo "qualquer dinheiro". 

Segundo Ivan, a localização da Vila Esperança se trata de um local onde o custo do metro quadrado é caro. "As indenizações precisam ser adequadas ao valor mercadológico onde essas habitações estão. É importante que o poder Legislativo seja mediador entre a necessidade da prefeitura de construir a ponte e o direito das pessoas que hoje vivem no lugar onde a ponte vai ser construída", pontua Moraes.

Maria Helena, moradora da Vila Esperança Cabocó, afirmou que a comunidade teve sua Zona Especial de Interesse Social (ZEIS) instituída em 1994, através da lei municipal 15.906, mas desde então a Prefeitura do Recife nunca regularizou as propriedades. 

"A prefeitura e a URB (Autarquia de Urbanização do Recife) chegaram em nossa ZEIS meses atrás para tratativas com os moradores. Marcaram as nossas casas sem comunicar o motivo, sem apresentar o projeto e sem apresentar as formalizações existentes no órgão", revela Helena. A moradora aponta ainda que solicitou as formalizações do projeto aos órgãos competentes, mas ainda não obteve o retorno desejado.

O diretor de Engenharia e Obras da Autarquia de Urbanização do Recife, João Batista, revelou que o título de propriedade está sendo tratado caso a caso e deve ser visto como prioridade na comunidade. Sobre como vai ser a retirada das famílias, Batista assevera que tudo isso está sendo atualizado juntamente com o projeto. 

"A gente vai fazer reuniões no local junto com a nossa equipe para poder esclarecer melhor e tirar as dúvidas da população do local. Ressalto que já houve reuniões de forma inicial com alguns condôminos e lideranças", diz.

A candidata a prefeita do Recife Priscila Krause (DEM) prometeu criar um plano emergencial para solucionar a questão das obras inacabadas na cidade que, segundo ela, já consumiram R$ 110 milhões dos cofres públicos e não “modificaram em nada a vida dos cidadãos”. A democrata disse, no guia eleitoral e nas redes sociais, que pretende criar um inventário das obras inacabadas “mostrar a população a real situação e organizar um cronograma de como poderemos fazer”. 

“Obra inacabada é uma das maiores fontes de desperdício de dinheiro público. É um ralo por onde escorre o dinheiro dos impostos que os cidadãos pagam com tanto sacrifício”, disparou a prefeiturável. “Sabe o que é mais grave nisso tudo? É que nesse período eleitoral, algumas obras começam a receber trabalhadores para as pessoas terem a impressão de que ela está saindo do canto. As pessoas têm que ficar atentas a isso".

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Apesar de no vídeo dar foco a construção da Ponte Iputinga/Monteiro, Priscila listou 15 obras inacabadas. Na lista, figuram com destaque ações iniciadas em gestões anteriores, como a Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) do Cordeiro, que teve sua ordem de serviço assinada em 2008, o habitacional Vila Brasil, na Ilha Joana Bezerra, e a UPA-E do Ibura, além da restauração e ampliação do Teatro do Parque e da reforma do Geraldão. 

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Em meados do ano de 2011, o Projeto Capibaribe Melhor, criado pela Prefeitura do Recife (PCR), começou a sair do papel. Na descrição dos benefícios do projeto municipal, retirada do site oficial da PCR, obras de mobilidade urbana são prometidas como melhorias para o município. "Ponte-viaduto e sistemas viários serão implementados na cidade, num conjunto de ações que deverão melhorar a realidade das localidades situadas às margens do rio." Em 2016, no entanto, a realidade é bem diferente das promessas. A ponte do Monteiro, que teve suas obras iniciadas em 2012, desabrigou moradores das margens do Rio Capibaribe, causou rachaduras nas casas vizinhas e segue abandonada sem previsão de conclusão da obra. 

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A construção da ponte ligaria os bairros de Casa Forte, da Zona Norte, e Iputinga, na Zona Oeste, diminuindo o percurso de 10 quilômetros para cerca de 280 metros de distância, que poderiam ser feitos em alguns minutos. Lixo espalhado a céu aberto, materiais enferrujados e um curral de cavalos. Esse é o cenário atual de um grande pedaço de concreto que deveria se tornar uma ponte-viaduto ainda em 2013, de acordo com o cronograma oficial da Prefeitura. 

Em uma das casas que restaram ao lado da ponte, o morador Manoel José acredita que a obra ainda não foi concluída por desvio de verba. "A Prefeitura chegou com cerca de dois meses antes da construção da ponte e disseram que muita gente ia ter que sair das casas para a obra ter início. Aqui foi quase uma lavagem de dinheiro, não concluíram a obra e ninguém sabe quando vai começar de novo", falou.

A obra tinha um prazo inicial de conclusão em 18 meses e o valor era estimado em R$ 42,8 milhões. A construção da ponte é fruto de uma parceria entre a Prefeitura, Governo Federal - através do PAC 2 e PAC Drenagem -, e Banco Interamericano para Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD). Na época, foram removidas cerca de 600 famílias que residiam no entorno do local da construção. O orçamento da obra incluía indenizações e a construção de conjuntos habitacionais para os moradores. Uma moradora que preferiu não se identificar contou que a obra virou um depósito de lixo. "Aqui virou local para reproduzir a chikungunya porque sempre fica água para embaixo da ponte e muitas caixas d'Água que juntam as larvas do mosquito", afirmou.

De acordo com informações da Prefeitura do Recife, a obra contemplaria a pavimentação e drenagem de 23 ruas das localidades. Além disso, seriam construídas quatro faixas na ponte para circulação de veículos e pedestres. Duas faixas no sentido Monteiro–Iputinga e outras duas, no sentido inverso, além de uma ciclovia. Com tantas promessas deixadas de lado, os moradores lamentam tanta demora. "Uma obra tão importante como essa e um descaso tão grande", relata a trabalhadora Tassilene Maria. Os adolescentes e as crianças lamentam que perderam o lugar de lazer. "A gente tinha um campinho de futebol que foi destruído para nada", diz uma delas.

Um fato que incomoda os moradores é que mesmo prometendo calçar e melhorar a pavimentação da localidade, um poste foi deixado exatamente no meio da rua. "Esse poste que fica aí no meio da rua é um absurdo, está assim desde 2012. Sempre acontecem acidentes, ele já levou muita pancada de carro e de moto". Ela conta que os moradores já falaram com gestores da Prefeitura do Recife. "Eles sempre ficam nos enrolando, dizem que é responsabilidade de Celpe", fala. 

O balanço que estremeceu as paredes

Com falta de planejamento estrutural, o início da construção da ponte também afetou a vida dos moradores nos arredores da região de outra forma. Moradora da Rua Dom Diamantino Costa, Maria Francisca, de 72 anos, conta que sempre que ligavam a máquina de bate-estacas, tudo em sua casa estremecia. "Eu estava aqui dentro de casa, o chão tremia e as panelas penduradas na parede balançavam muito. Eu não prestei atenção na época e não entendia o que estava se passando", contou. Um tempo depois, ela diz que ficou assustada quando viu que suas paredes tinham sido prejudicadas. "Quando foi um dia eu acordei com a a água escorrendo pelo chão e as paredes da minha casa estavam com rachaduras e na hora eu fiquei com medo de que não caísse", conta. 

Longe de ser uma situação singular e única, as rachaduras se fizeram constantes nas moradias que ficam no entorno da obra. As famílias se dizem prejudicadas com os danos que a construção da ponte lhes causou. Moradora da região há mais de 30 anos, Tassilene Maria, conta que teve danos em alguns cômodos da residência. "Aqui na sala tem rachaduras, no meu quarto também e a gente fica com medo de que algo ainda mais sério aconteça, principalmente porque tenho duas crianças". Ela conta que a Prefeitura do Recife averiguou a casa e disse não constatar danos graves. "Eles mandaram um pessoal que disse que a rachadura não é grave". 

O contrato para a construção da ponte Monteiro recebeu dois termos aditivos e o custo passou a ser de R$ 54,6 milhões. Até o momento, apenas 35,57% da obra foi realizada, de acordo com o Tribunal de Contas do Estado (TCE) do Estado. Até a publicação desta reportagem, a assessoria de comunicação da Secretaria de Infraestrutura e Serviços Urbanos do Recife não havia informações sobre o caso.

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