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Manuel e a mulher não param de tossir, mas sorriem, porque seu bebê não está mais com sarampo.

Há anos eles faziam parte da classe média em sua Venezuela natal, mas agora compartilham o solo e as doações brasileiras em um abrigo insalubre de Boa Vista com centenas de compatriotas que, como eles, fugiram da fome e da crise.

A família vive há um mês no ginásio Tancredo Neves, na capital de Roraima, a 200 km da fronteira com a Venezuela.

O ginásio foi declarado abrigo para os venezuelanos em 2017, quando o fluxo migratório explodiu e ocupou praças, parques e esquinas da tranquila cidade de 330.000 habitantes.

Barracas, redes, pedaços de papelão: as pessoas dormem como podem em Tancredo Neves. Um ou outro privilegiado tem um colchão. As roupas ficam penduradas por toda parte.

O espaço deveria abrigar no máximo 180 pessoas, segundo a Agência da ONU para os Refugiados (Acnur). Mas as estimativas oficiais dizem que há mais de 600 refugiados. A prefeitura de Boa Vista calcula que são cerca de 40.000 venezuelanos em todo o estado.

A maioria procede do leste da Venezuela, menos povoado. Pelo oeste, mais de meio milhão já fugiu para a Colômbia, buscando melhores horizontes, já que seu país está mergulhado numa terrível crise econômica e o governo está cada vez mais isolado do cenário continental.

- Sobrevivência -

Os dois pátios do ginásio estão impregnados com o cheiro de madeira queimada. Muitos cozinham em fogareiros improvisados com latas. Sopa, macarrão ou arroz com algumas verduras ajudam a matar a fome, e isso para os mais afortunados.

Quem não consegue alimentos depende da cozinha comunitária, um pequeno espaço mal acondicionado, onde alguns voluntários se revezam para preparar refeições com produtos doados.

"Não se pode comer isso", lamenta Katiuska, de 43 anos, que questiona a higiene da cozinha e não olha com bons olhos o ensopado com arroz e verduras feito dentro de uma lata de óleo suja.

Há quatro meses ela deixou a Venezuela com seu marido e dois filhos "para mudar de vida". Mas, no abrigo improvisado, "não se vive e sim sobrevive", comenta.

Eles dormem em uma tenda de papelão, sob uma árvore. Uma localização privilegiada em uma cidade onde as temperaturas chegam a 36ºC, mas que de pouco servirá quando começarem as chuvas amazônicas.

"A situação dos venezuelanos está piorando neste tipo de refúgio porque é insalubre e promove o aumento de doenças como sarna, dermatites, gripe, asma e alergias", afirma o médico da rede municipal, Raimundo de Sousa.

Em um Estado dominado pelas florestas tropicais, doenças contagiosas como o sarampo estão reaparecendo e, segundo o dr. Sousa, a lotação do refúgio agrava a situação.

- Não é a Venezuela -

No fundo do pátio, uma galinha corre em torno de uma fogueira onde jovens fervem água para fazer café.

"Essa galinha só está viva porque aqui não é a Venezuela", afirma Luis, de 19 anos. "Não sabemos quando chegou aqui, apenas apareceu; ela é como a gente, sem casa, por isso cuidamos dela", acrescenta Maikel, de 17. Eles riem e a comparam com a galinha que foge na primeira cena do filme "Cidade de Deus".

Os voluntários começam a trabalhar na cozinha. A equipe diz que faz de tudo para que a comida dê para todos. Até onde podem, respeitam a ordem de crianças primeiro, depois as mulheres e os homens. Se sobra algo, podem repetir, mas nunca sobra.

A poucos metros, Mónica Becker, de 31 anos, faz o asseio de seu filho mais novo, um bebê ainda de colo.

Vendedora ambulante em Puerto La Cruz, no Caribe venezuelano, a mais de 1.000 km de distância, foi embora com seus dois filhos e ficou sem dinheiro na fronteira, mas conseguiu chegar a Boa Vista com passagens dadas pela igreja.

A mulher está grata por ter onde dormir, mas lamenta o estado dos banheiros, apenas um para os homens e outro para mulheres e crianças. Neste último, há cinco vasos sanitários e o mau cheiro chega até a entrada.

As mulheres fazem o asseio com a água que recolhem em latas de torneiras que ficam à altura dos joelhos. As duas pias servem de estantes para colocar toalhas e mudas de roupa. O chão está inundado.

Mónica chora por ter deixado sua mãe e seu irmão na Venezuela. "Não queria que meus filhos morressem de fome, por isso vim para cá", explica.

Mas espera que a crise acabe para poder voltar pra seu país.

- Futuro -

O ginásio Tancredo Neves fica em um bairro de classe baixa na populosa zona oeste de Boa Vista. Forças de segurança tomam conta da entrada e acabam de instalar câmeras e um sistema de pulseiras para controlar o acesso.

"Isso é horrível. Não quero isso para minhas filhas", diz Norbelys Linares, que trabalha em um mercado em troca de comida e algum dinheiro. Em uma boa semana, envia para casa 20 reais para ajudar na educação de suas filhas. "Prefiro que não comam, mas que estudem. Que sejam alguém na vida".

Magro, pele curtida pelo sol e aparentando ter mais que seus 33 anos, Norbelys, que estudava contabilidade, espera alcançar uma situação financeira para poder trazer suas filhas, de 9 e 12 anos. Ela tem apenas uma manta e uma mochila de onde tira uma boneca de pano.

"Comprei para elas", explica, embora não saiba quando poderá dar o brinquedo para as filhas, e essa incerteza a faz chorar. Ela aperta a boneca nos braços. "Ao menos sinto que as tenho aqui comigo", conclui.

Uma criança venezuelana de 3 anos e seus pais ficaram gravemente feridos na quinta-feira 8 em Roraima após desconhecidos jogarem uma bomba caseira dentro da casa onde estavam abrigados. As vítimas foram levadas para o hospital e a criança sofreu queimaduras de segundo grau em várias partes do corpo.

Na segunda-feira, dia 5, um caso parecido havia ocorrido no mesmo bairro. Imagens de câmeras de segurança flagraram um homem jogando gasolina e ateando fogo em direção à varanda de uma casa onde vivem 31 venezuelanos. Uma imigrante que dormia com outra pessoa em uma rede teve queimaduras de segundo grau no rosto, pescoço e costas.

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No local do ataque de quinta-feira viviam seis adultos e sete crianças, que estavam dormindo quando foram atacados. A família veio de Maturi, na Venezuela, onde venderam casa e bens para custear as passagens. "Antes da crise, a vida era maravilhosa. Depois, não tínhamos hospital, educação e comida. Por isso, fugimos para o Brasil", explicou Jankely Vasquez, de 29 anos, que vende bananinhas na rua para sobreviver.

A secretária de Segurança Pública de Roraima, Giuliana Castro, afirmou que o crime está sendo apurado pela Delegacia Geral de Homicídios. "Vamos verificar se é um caso de xenofobia contra venezuelanos. Não é o primeiro caso de ataque com coquetel molotov contra venezuelanos e, se for considerado um crime de ódio, haverá punição" declarou.

A equipe organizadora da Universidade de São Paulo na Vatican Hack, concurso para programadores tecnológicos, anunciou os nomes dos cinco alunos que vão representar a USP na primeira maratona de programação do Vaticano, que será realizada nos dias 9, 10 e 11 de março, na Itália. O grupo vencedor foi formado pelos alunos Lais Harumi Fukujima Aguiar (Poli), Rafael Rodrigues Mendes Ribeiro (Escola de Engenharia de São Carlos -EESC), Douglas Luan de Souza (Poli), Fernando Vezzani Ferreira de Santana (FEA), Haline Aparecida de Oliveira Floriano (Escola de Comunicações e Artes – ECA) e Victor Alves de Souza (FAU). 

No Brasil, a equipe propôs como solução a plataforma Ref-a-Ref, uma central de e-mails que seria o primeiro emprego do refugiado. Uma empresa que tenha interesse de ter um serviço de atendimento ao consumidor (SAC) por e-mail contrataria a Ref-a-Ref. Caberá ao refugiado, cadastrado na plataforma, responder mensagens relacionadas a dúvidas ou sugestões encaminhadas ao SAC da empresa. O refugiado seria pago pela empresa para receber os e-mails dos consumidores, ler e responder as mensagens utilizando um serviço de tradutor automático como apoio. "Isso resolve três problemas dos estrangeiros: encontrar emprego no país, aprender o idioma e ter uma fonte de renda inicial", diz a descrição do Ref-a-Ref.

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No Vaticano

Os alunos da USP participarão do torneio com cerca de cem estudantes de 20 instituições de ensino superior ao redor do mundo. O tema será selecionado entre três assuntos principais: combate ao desperdício; diálogo inter-religioso; e migração e refugiados.

O Vatican Hack é promovido por um grupo formado pela Optic Society, com o suporte da Lateran University, Harvard e do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT).

Refugiados residentes em São Paulo com interesse em cursar pós-graduação gratuita na área de Relações Internacionais agora têm a possibilidade. Até 23 de janeiro, a San Tiago Dantas, programa da Universidade Estadual Paulista (Unesp), Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP), está com inscrições abertas para a seleção de candidatos à integração para cursos de Mestrado e Doutorado.

A iniciativa é inédita no País. A proposta é que estrangeiros da capital paulista, com status comprovado de refugiado, possam se ambientar às regras do universo acadêmico brasileiro.

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Os aprovados terão, de seis meses a um ano, acesso às dependências da sede do programa e às disciplinas na condição de aluno. Cada selecionado terá também o acompanhamento de um estudante do programa que vai ajudá-lo com o português e o projeto de pesquisa.

Este é o primeiro ano em que candidatos refugiados poderão concorrer por cotas para o processo seletivo de Mestrado e Doutorado no programa de pós-graduação da San Tiago Dantas.

O edital não exige curso de graduação específico do candidato. O professor colaborador da San Tiago Dantas e um dos coordenadores da iniciativa, William Laureano, explica no entanto que são esperados estrangeiros com formação em Relações Internacionais ou áreas afins, como Economia, Direito, Ciência Política e Ciências Sociais.

Os cursos de Mestrado e Doutorado da San Tiago Dantas são gratuitos. "Como são números muito crescentes os de refugiados que chegam ao Brasil e a maior parte deles se encontra na cidade de São Paulo, surgiu esse debate lá dentro sobre o que um programa de relações internacionais no coração de São Paulo poderia fazer para ajudar nessa integração", explica Laureano.

Segundo o professor, esta é uma oportunidade para o refugiado estar no programa, cursar as disciplinas, conhecer o meio e os professores e ter contato direto com o universo acadêmico brasileiro. "Nesse período, ele vai poder se desenvolver e desenvolver a pesquisa que ele deseja fazer oportunamente", diz.

A inscrição será feita virtualmente pelo e-mail processoseletivori@gmail.com até as 16 horas do dia 21 de janeiro. O programa de pós-graduação informou que não haverá extensão de prazo.

É exigida a apresentação de documentação comprobatória da condição de refugiado (em PDF) expedida pelo Comitê Nacional para os Refugiados (CONARE). Para provar a condição de refugiado, também é aceita a cédula de identidade de estrangeiro, emitida por órgão oficial do Brasil, desde que seja mencionado o status.

Também são solicitados documentos comprobatórios de conclusão de curso de Graduação - ou de conclusão de Mestrado, no caso dos estrangeiros interessados em Doutorado. Para mais informações, acessar https://docs.wixstatic.com/ugd/330b78_4d37c048df7749b5b982c9268f5f4ff0.pdf.

No último sábado (30), três iraquianos, sendo duas mulheres e um menino de seis anos, foram interceptados no Aeroporto Internacional do Recife Gilberto Freyre tentando embarcar para a Espanha. Eles foram detidos pela Polícia Federal com passaportes falsos e alegaram ser refugiados de guerra. Em meio a isto, pediram asilo no Brasil.

Diante da situação, o Governo de Pernambuco, por meio da Secretaria de Justiça e Direitos Humanos (SJDH), emitiu uma nota informando um panorama da situação das duas mulheres e do menino. Em parceria com a Arquidiocese de Olinda e Recife, eles foram abrigados. “Os três ficarão hospedados na comunidade Obra de Maria, no bairro da Várzea, até a apreciação e parecer do Comitê Nacional para os Refugiados (Conare), em Brasília, que analisará a viabilidade do pedido de asilo”. 

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Argelinos e marroquinos reforçaram o fluxo migratório para a Espanha em 2017, aonde as chegadas pelo mar triplicaram, assim como aumentou o número de mortos rumo ao país. Com isso, a Espanha se torna a terceira rota de migrantes que arriscam suas vidas no Mediterrâneo para alcançar a Europa.

"No fim do ano, o balanço continua sendo desolador", adverte a ONG Comissão Espanhola de Ajuda ao Refugiado (Cear). Os dados da Organização Internacional para as Migrações (OIM) são eloquentes.

De 1º de janeiro a 20 de dezembro, cerca de 21.500 pessoas chegaram à Espanha pelo mar, depois de terem posto sua vida em risco em precárias embarcações, mediante pagamento às máfias que facilitam a infraestrutura para essas travessias. Esse número é três vezes maior do que o do ano passado (6.046 em 2016), aumentando também o número de mortos e de desaparecidos desde o início do ano corrente. Foram 223 ao todo, 95 a mais do que em 2016.

"Sofremos uma pressão migratória em tudo que é a zona do Mediterrâneo", da Andaluzia (sul) às ilhas Baleares (leste), resumiu nesta quinta o ministro espanhol do Interior, Juan Ignacio Zoido, em declarações à rádio Cope. Ao todo, segundo a OIM, 3.116 pessoas morreram, ou desapareceram, na travessia do Mediterrâneo com destino à Espanha até 20 de dezembro. Em 2016, foram 4.967.

A Itália continua sendo a principal porta de entrada para a UE, com quase 119.000 chegadas e 2.832 mortos. Esses grupos são procedentes da Líbia, onde autoridades africanas e europeias se comprometeram a combater as redes de traficantes.

Atrás aparece a Grécia, com 28.800 chegadas e 61 mortos. Desde 2015, o fluxo nesse país vem caindo exponencialmente, devido a um acordo entre UE e Turquia para conter a vinda de refugiados sírios, afegãos e iraquianos.

Instabilidade política e econômica no Magreb

Nos últimos anos, boa parte dos imigrantes que desembarcou na Espanha procedia da África subsaariana. Em 2017, a novidade é a chegada em grandes proporções de imigrantes argelinos e marroquinos. "Este ano houve um aumento relevante de pessoas procedentes da Argélia", comenta Carlos Arce, responsável pela área de migrações na Associação Pró-Direitos Humanos da Andaluzia (APDHA).

Arce atribui essa mudança "à situação econômica que sofreu uma deterioração nos últimos três anos", decorrente da queda de preços do petróleo. Ele destaca ainda o aumento nas chegadas de marroquinos, um fenômeno corroborado pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur).

Em um informe publicado em novembro, essa agência da ONU destacava que os marroquinos estavam chegando a bordo de pranchas de windsurfe, botes infláveis e embarcações de madeira - "algumas com mais de 60 pessoas" a bordo. Também registravam-se chegadas significativas de marfinenses e guineanos.

Em novembro, houve uma forte polêmica quando cerca de 500 migrantes - em sua maioria argelinos recém-chegados em questão de poucas horas - foram presos em uma instituição na localidade andaluza de Archidona.

Segundo o diretor da associação Málaga Acoge, Alejandro Cortina, nas últimas duas semanas, "centenas de pessoas foram devolvidas para a Argélia". Entre elas, estão "vários menores".

Em 1994 lhe atribuíram a barraca 21 no campo de deslocados de Jezevac, onde devia esperar o fim do conflito na Bósnia. Mas quase 25 anos depois, Suhra Mustafic continua vivendo ali.

Nem ela, nem seus quatro filhos voltaram ao seu povoado no leste da Bósnia. Quando começou o conflito bósnio (1992-1995), fugiram de Skelani, perto do rio Drina, que separa Bósnia e Sérvia.

Seu marido morreu alguns meses depois em Srebrenica, combatendo as forças sérvias da Bósnia de Ratko Mladic, que na quarta-feira conhecerá o veredito de seu julgamento no Tribunal Penal Internacional para a ex-Iugoslávia (TPIY).

Com 54 anos, doente e quase cega, Suhra é uma das 400 pessoas nesse campo "provisório", entre uma floresta de pinheiros e a escória de uma mina de carvão. O campo se tornou um bairro depauperado da periferia de Tuzla (nordeste).

A maioria de seus residentes procede da região de Srebrenica, que em julho de 1995 foi cenário do massacre de 8.000 homens e adolescentes bósnios pelas forças sérvias da Bósnia.

As barracas, de 35 m2, não foram planejadas para durar muito tempo. Suhra, com a cabeça coberta por um véu azul, levanta o tapete para mostrar o chão podre. Ao redor dela, alguns móveis velhos também se decompõem.

Mas esta camponesa nunca pensou em voltar a Skelani, 140 quilômetros a sudeste. "Nunca! Mesmo que me oferecessem uma casa de cinco andares no meu povoado, ou cinco casas. Não voltaria. Lá não há ninguém com quem eu possa dividir o meu dia a dia. Minha família foi aniquilada. As dos vizinhos também", assegura.

- "Prisioneiros de seus traumas" -

Skelani se encontra na República Sérvia, a entidade dos sérvios da Bósnia, e Jezevac, na entidade croato-muçulmana. Esta divisão da Bósnia se consagrou por meio dos Acordos de Paz de Dayton que silenciaram as armas após um conflito que deixou 100.000 mortos e 2,2 milhões de deslocados.

Segundo Branka Antic Stauber, diretora da associação A Força da Mulher, em Tuzla, as mulheres, muitas vezes viúvas, não abandonaram os centros coletivos porque se veem "prisioneiras de seus traumas, já que nunca conseguiram sair do ponto morto no qual chegaram".

"A desocupação é o assassino silencioso dessa gente. O fato de que nós nos acostumamos a uma relação de dependência dando a eles durante anos o que precisavam serviu apenas para afundá-los na inatividade. Isso apagou sua necessidade de trabalhar e suas ambições", explica essa médica.

- "Refugiados de nascimento" -

Hadzira Ibrahimovic vive nesses centros desde os 13 anos. Neles criou sua família. Seus três filhos, de 18, 11 e cinco anos, são "refugiados de nascimento", diz esta mulher de 38 anos, originária da região de Srebrenica, que sobrevive como pode.

"Vamos recolher a escória do carvão e revendemos. Não podemos voltar. A casa foi destruída, não resta ninguém no povoado, não há escola...".

Entre os refugiados, as viúvas recebem uma pensão mensal de 360 marcos (184 euros ou 216 dólares), com a qual também mantêm os seus parentes. "Nesses centros coletivos estão começando a nascer a terceira geração de filhos. Constatamos uma transmissão do trauma aos filhos e netos", acrescenta Branka Antic Stauber.

Psicólogos e assistentes sociais de sua associação visitam o centro duas vezes por semana. Recebe apoio da Alemanha e Holanda, mas não das autoridades nem das associações de vítimas.

"Os políticos vêm nos ver antes das eleições. As mulheres das associações de mães de Srebrenica nunca vieram!", diz com desolação Suhra Mustafic.

Nos 156 centros coletivos que existem por todo o país vivem quase 9.000 bósnios. A ministra de Refugiados, Semiha Borovac, recentemente fixou como objetivo fechá-los "antes de 2020". Mas isso implica a construção de casas sociais.

Os países da União Europeia (UE) prometeram 34.400 vagas para acolher refugiados procedentes de África e Oriente Médio, principalmente da Líbia, anunciou nesta quarta-feira (15) a Comissão Europeia.

No fim de setembro, o Executivo europeu havia fixado o objetivo de acolher "pelo menos 50 mil refugiados" em dois anos procedentes de países como Líbia ou Níger, com o objetivo de lhes oferecer uma alternativa "segura e legal" à perigosa travessia do Mediterrâneo.

"Até o momento, foram recebidos 34.400 compromissos de 16 Estados membros", anunciou a Comissão, por ocasião de uma avaliação da sua política migratória aplicada desde 2015 para fazer frente ao aumento da chegada de migrantes.

"Saímos aos poucos do modo de crise, e, agora, gerimos a migração com um espírito de associação e responsabilidade compartilhada", disse o comissário de Migração, Dimitris Avramopoulos.

O balanço é anunciado um dia depois que o alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, Zeid Ra'ad Al-Hussein, criticou a política de cooperação da UE com a Líbia.

Ao denunciar a deterioração das condições de detenção dos migrantes, considerou desumana a política da UE de "assistência aos guarda-costas líbios para interceptar e devolver os migrantes no Mediterrâneo".

"A ação da UE não foi a que criou o sistema desumano na Líbia", respondeu Catherine Ray, porta-voz dos serviços exteriores da UE, em entrevista coletiva.

"Vamos continuar nosso trabalho em campo para lutar contra os traficantes (...) e criar vias legais de chegada à UE para aqueles que precisam de ajuda internacional", afirmou.

A Comissão indicou ainda que mais de 31.500 pessoas se beneficiaram do programa destinado a distribuir os refugiados que chegaram à Grécia e Itália em dois anos. Falta relocar 750 pessoas que estão na Grécia e 3100, na Itália.

Os refugiados bloqueados em um campo australiano fechado em uma ilha de Papua Nova Guiné, onde enfrentam o calor extremo e a falta de mantimentos, afirmaram que estão passando fome.

O campo aberto pela Austrália na ilha de Manus, no Pacífico, para abrigar e tratar os casos dos solicitantes de asilo, foi fechado oficialmente na terça-feira, depois que o Tribunal Supremo de Papua-Nova Guiné decidiu que era inconstitucional.

Mas quase 600 pessoas se entrincheiraram no local, apesar do corte de água e energia elétrica, assim como da escassez de alimentos.

A justiça determinou a transferência de migrantes para "centros de transição", mas os refugiados afirmam que temem por sua segurança, pois centenas de moradores se mostram hostis a respeito de tais centros.

"No momento, centenas de homens nus estão ao meu redor. Estão famintos e debilitados", tuitou o iraniano Behruz Booshani, detido em Manus.

Na quinta-feira, eles usaram a água da chuva que se acumulou nas latas de lixo, indicou Booshani à AFP.

"Muitas pessoas não conseguem dormir porque estão com medo e fome".

"O estado de ânimo atual é de angústia e depressão", disse à AFP Abdul Aziz Adam, um refugiado sudanês.

"Nos ajudamos, tentamos nos ajudar apenas para continuarmos vivos".

A ONU advertiu na quinta-feira contra uma situação de "emergência humanitária". Lam Nai Jit, representante da Agência da ONU para os Refugiados (ACNUR), afirmou que a tensão pode tornar-se mais grave.

A falta de medicamentos, especialmente para as pessoas que sofrem distúrbios mentais, aumentou a preocupação.

"Quase 20% dos detidos tomam antidepressivos [...] por depressão ou stress pós-traumático", declarou à AFP o senador australiano Nick McKim (ecologista), que visitou o centro na terça-feira.

No campo, os migrantes "escavam o solo para tentar encontrar água", declarou o iraniano Behrouz Boochani em sua conta no Twitter.

"Os dias passam sem água nem eletricidade, e acredito que a tensão vá se agravar", disse à AFP Lam Nai Jit, representante do Acnur.

"A população local não foi preparada" para esta situação, disse. "Isso cria um entorno de alto risco para as duas partes", acrescentou.

Os refugiados temem ser desalojados à força do campo controlado desde quarta-feira pela Marinha de Papua Nova Guiné.

Três centros de "transição" foram inaugurados, mas de acordo com o ACNUR um ainda não está pronto e dois não possuem barreiras de segurança.

A Austrália tem uma política muito rígida com os migrantes que tentam alcançar a costa do país de forma irregular. Eles são confinados em campos em Manus ou Nauru.

Canberra não aceita nenhum refugiado do mar em seu território, nem sequer os que cumprem com os critério do direito ao asilo.

O governo justifica sua política, evocando a luta contra os coiotes e a necessidade de dissuadir os migrantes - procedentes de Irã, Iraque, Somália e Afeganistão, em sua maioria - de embarcar na perigosa travessia.

Os defensores dos Direitos Humanos pedem há anos o fechamento desses campos, denunciando os graves problemas psicológicos dos detidos, as tentativas de automutilação e de suicídio.

Elefantes selvagens mataram neste sábado (14) quatro refugiados rohingyas, uma mulher e três crianças, que estavam construindo um barraco em plena selva no campo de Balukhali, em Bangladesh, anunciou a polícia local.

Centenas de milhares de rohingyas se refugiaram na região de Cox's Bazar, em Bangladesh, para escapar da violência em Mianmar. Muitos deles estão abandonados a própria sorte e tentam construir barracos fora das zonas de acampamento. 

"Foram esmagados por sete ou oito elefantes selvagens, que também feriram duas pessoas", afirmou Afrozul Haq Tutul, vice-comandante de polícia de Cox's Bazar.

As vítimas tentavam construir um refúgio em uma zona de selva na qual os elefantes procuram alimentos.

Esta é a segunda vez em que refugiados rohingyas são atacados por elefantes selvagens. Na primeira, um idoso e uma criança morreram esmagados.

Quase 536.000 rohingyas entraram em Bangladesh para fugir da violência em Mianmar desde 25 de agosto.

Em Roraima, a Agência da Organização das Nações Unidas (ONU) para Refugiados (Acnur) está organizando um Centro de Referência ao Refugiado e Migrante dentro da Universidade Federal de Roraima (UFRR), em Boa Vista. O setor atuará em um prédio do instituto popularmente conhecido como “Malocão Cultural”.

A criação do centro de referência é uma reação da ONU à excessiva migração de venezuelanos para o Brasil via Roraima, que teve início em 2016 e cresceu em 2017 após piora da crise econômica e política no país vizinho. Ainda não foi definido quando o centro receberá os venezuelanos.

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O porta-voz da Acnur esclareceu que o prédio da universidade será reformado nos fundos da agência. Depois de pronto, será administrado pelas autoridades locais.

"Estamos na etapa de selecionar uma construtora para a reforma do espaço. Esse prazo termina na sexta-feira [29]" afirmou Luiz Fernando.

A sede funcionará unindo serviços que são oferecidos em vários locais da cidade como registro, solicitação de documentação e encaminhamento para outros atendimentos como de saúde ou educacional, por exemplo.

 

Por Beatriz Gouvêa

Os moradores levados para campos de refugiados após uma erupção vulcânica em Vanuatu sofrem com a falta de alimentos e de água, anunciaram as agências de ajuda humanitária.

Mais de 7.000 pessoas da ilha de Ambae, ao norte do arquipélago do Pacífico, foram obrigadas a abandonar suas casas depois que as rochas e cinzas expelidas pelo vulcão Manaro Voui atingiram suas casas.

Vanuatu declarou estado de emergência, as escolas foram fechadas e 70% da população de Ambae foi retirada de suas residências, informou o diretor da agência nacional de catástrofes naturais, Shedrack Welegtabit.

Os funcionários das agências humanitárias afirmaram que sua maior preocupação é a situação nos 35 centros de abrigo criados fora da zona de exclusão de Ambae.

"Temos escassez abrigos, água, comida e outros produtos de primeira necessidade. Enfrentamos muitos desafios atualmente", disse Manuel Ure, coordenador de ajuda humanitária.

O território da República de Vanuatu, com 270.000 habitantes, é um arquipélago de 80 ilhas.

O congolense Santiago (nome fictício), de 25 anos, teve de abandonar a faculdade de Economia às pressas e fugir de seu país. A família sofria ameaças de morte em meio ao conflito político local. Sem alternativas, decidiu seguir o exemplo do irmão, que havia ido estudar no Canadá. Ao pesquisar, descobriu a possibilidade de vir ao Brasil e ter o visto de refugiado. Decolou em 2015, para Roraima.

"Eu tinha um amigo que me ajudou muito lá até que eu aprendesse o português", conta. O périplo se estendeu por Brasília, São Paulo - onde trabalhou por nove meses - e o Rio Grande do Sul. Foi lá que descobriu a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), que criou um programa de reserva de vagas para refugiados. E assim, finalmente, garantiu a entrada no mesmo curso que fazia, que começou em agosto.

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Histórias como a de Santiago têm se multiplicado no Brasil. O número de universidades que possuem algum tipo de auxílio aos refugiados cresce a cada ano. Ao menos 17 instituições no País, públicas e privadas, integram um grupo liderado pela Agência da Organização das Nações Unidas para Refugiados (Acnur), com ações que vão de benefícios no vestibular, como cotas, a auxílio financeiro, aulas de português e ajuda com documentações.

Só neste ano houve três adesões: a Federal de Roraima (UFRR), Fundação Casa de Rui Barbosa (FCRB) e a Estadual do Rio de Janeiro (UERJ).

Cenário

Relatório das Nações Unidas obtido pelo Estado e que será divulgado hoje aponta situação dramática na educação de crianças e adolescentes refugiados. Apenas 61% deles têm acesso aos anos iniciais do ensino fundamental, ante 91% das outras crianças. Em países menos desenvolvidos, a taxa cai para 50%. E a quantidade que consegue avançar até as séries equivalentes ao ensino médio brasileiro é ainda menor: 23% - a média global, entre estudantes em geral, é de 84%. Nos países mais pobres, apenas 9% alcançam o ensino médio. Já no ensino superior, o índice é de 1%.

A UFSM, onde Santiago se matriculou, reserva 5% de vagas suplementares em cada um dos cursos para refugiados e migrantes em situação de vulnerabilidade. Esses alunos têm acesso à república estudantil e alimentação gratuita. Só neste primeiro ano da iniciativa, ao menos 50 candidatos tentaram ingresso na instituição por essa modalidade. "No caso deles não é solicitado o vestibular, mas sim o comprovante de refúgio ou, no caso do migrante, da situação socioeconômica", explica a coordenadora do programa, Giuliana Redin.

Os candidatos também precisam comprovar que concluíram o ensino médio. Além disso, há a possibilidade de solicitar reconhecimento de disciplinas já cursadas no exterior. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Refugiados rohingyas, desesperados com a explosão de violência em Mianmar, desde 25 de agosto, não param de chegar a Bangladesh. O número é assustador: desde o sábado retrasado, cerca de 125 mil imigrantes cruzam as fronteiras na tentativa de abrigo. 

A Organização das Nações Unidas (ONU) afirma que os milhares dessa minoria muçulmana - em um país de maioria budista - estão chegando a campos de refugiados já superlotados. Mais de 20 mil continuam na fronteira de Bangladesh com o estado de Rakain.

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A violência em Mianmar rompeu após os ataques  do Arakan Rohingya Salvation Army (ARSA) contra cerca de 30 delegacias de polícia. Há relatos de dezenas de famílias massacradas e povoados inteiros incendiados. Desde 2012 Rakain é palco de violência, mas a última foi considerada a mais devastadora de todas.

Segundo a agência de notícias AFP, nos últimos dias tem se visto o surgimento de centenas de refúgios precários no entorno dos acampamentos oficiais para refugiados. Confira, abaixo, uma galeria de imagens registradas nesta terça-feira (5) no país.

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Com informações da AFP

O ator norte-americano Samuel L. Jackson e o ex-jogador de basquete Magic Johnson foram confundidos com refugiados africanos na Itália e acabaram sendo alvo de comentários na internet que criticam a presença de imigrantes no país.

Uma foto postada pelo ator nas redes sociais mostra ele e o amigo Johnson carregados de sacolas de lojas de grife e sentados em uma praça na cidade turística de Forte dei Marmi, a 277 quilômetros de Roma, no estado de Toscana.  A mesma foto foi usada para criar uma postagem com a seguinte mensagem “Usando os 35 euros do governo para comprar roupas da Prada. Compartilhe se também está indignado”. O valor em dinheiro citado na mensagem é referente ao programa social do governo italiano que fornece uma ajuda de custo para imigrantes refugiados.

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 A situação começou no último sábado (19) quando a ex-modelo italiana Nina Moric postou a mesma foto em suas redes sociais com a mensagem “Ver até em localidades turísticas renomadas imigrantes na moleza graças ao dinheiro público é realmente demais”.

A postagem da ex-modelo, que ironicamente é uma imigrante croata, dividiu internautas. De uma lado, pessoas se mostraram indignadas com o mau uso dos recursos públicos que estariam sendo desperdiçados com os refugiados; do outro lado, a modelo e os internautas que se manifestaram contra os supostos refugiados foram alvos de piadas por não terem reconhecido os famosos.

Posteriormente ao mal entendido, Moric alegou que a postagem era apenas uma brincadeira e uma provocação e lembrou aos internautas que já havia trabalhado com Magic Johnson em um comercial em 1998.

Samuel L. Jackson e Magic Johnson ainda não se manifestaram sobre o ocorrido. 

Nesta semana, o programa Globalizando fala sobre Refugiados: um problema internacional e tem como convidada a professora Carla Noura. Graduada em Direito pela Universidade Federal do Pará (UFPA) e professora da Universidade da Amazônia (Unama), ela é doutora em Direito do Estado e Mestre em Direito das Relações Sociais pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.

Acompanhe esse e outros temas no programa Globalizando, na Rádio Unama FM 105.5, produzido pelos alunos do curso de Relações Internacionais da Universidade da Amazônia (Unama). Clique no ícone abaixo para ouvir o Globalizando.

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As autoridades francesas retiraram mais de mil migrantes nesta sexta-feira de campos informais ao norte de Paris. Nos últimos dois anos a polícia realizou 35 operações similares na capital francesa, mas os acampamentos informais são criados sistematicamente.

Os migrantes, procedentes principalmente do Afeganistão, Sudão, Somália e Eritreia, embarcaram em vários ônibus. "Não disseram para onde vão nos levar", afirmou Ali, um sudanês de 24 anos.

As autoridades informaram em um comunicado que os migrantes serão levados para ginásios nas proximidades de Paris, onde a situação administrativa de cada um será administrada. Os acampamentos irregulares "apresentam riscos importantes para a segurança e a saúde de seus ocupantes e dos moradores da região", afirmou a polícia em um comunicado.

O governo francês apresentou em julho um plano para enfrentar a onda de migrantes e refugiados que seguem para a Europa, muitos deles em fuga da guerra. O plano prevê a criação de 12.000 vagas para receber demandantes de asilo.

O presidente Emmanuel Macron declarou recentemente que até o final do ano não deseja ver mais ninguém nas ruas e exigiu a criação de centros de emergência para "acolher dignamente a todos".

Um centro de recepção abriu as portas na zona norte de Paris em novembro de 2016 para evitar a criação na capital francesa de acampamentos precários e insalubres. Mas rapidamente não conseguiu atender a demanda.

A Guarda Costeira espanhola anunciou ter resgatado 339 imigrantes a bordo de sete precárias embarcações no Estreito de Gibraltar, nesta quarta-feira (16), em meio a uma escalada do número de pessoas que tentam chegar à Espanha pelo mar.

"Foi um total de 339 pessoas resgatadas, em sete embarcações, desde a uma da madrugada até agora", disse à AFP uma porta-voz do Salvamento Marítimo.

Os imigrantes recuperados foram levados para a cidade costeira de Tarifa, na Andaluzia, sul da Espanha. Entre eles, há pelo menos 19 menores e um bebê, de acordo com um balanço preliminar divulgado pela porta-voz. Os serviços de emergência da Andaluzia informaram, no Twitter, que há "três feridos" em um dos barcos.

"Este verão está sendo incomum pelo alto número de embarcações que estão chegando à costa espanhola", comentou a porta-voz, explicando que o número de migrantes de 2017 já triplicou o do ano anterior. Entre janeiro e julho de 2017, chegaram pelo mar à Espanha 7.642 imigrantes, contra 2.763 no mesmo período do ano passado.

Segundo números atualizados da Organização Internacional para as Migrações (OIM), desde o início deste ano até 11 de agosto 8.385 imigrantes tentaram desembarcar na Espanha pelo mar.

A OIM advertiu que a Espanha pode desbancar a Grécia, este ano, como segundo país com mais chegadas pelo mar, atrás da Itália.

A separação da Índia, há 70 anos, provocou uma das maiores migrações da história moderna, com habitantes que encontraram refúgio em antigos mausoléus ou fortes, transformados em acampamentos de refugiados.

Mais de 15 milhões de pessoas se viram obrigadas ao êxodo com o traçado das novas fronteiras após a independência, em 1947, da Índia, até então uma colônia britânica. Os muçulmanos emigraram para o que seria o Paquistão, enquanto os hindus e sikhs seguiram na direção oposta.

Ao menos um milhão de pessoas morreram durante a migração. Os outros encontraram refúgio em acampamentos insalubres, em cidades com superpopulação e carências de todo tipo, além de saques e violência.

Em Nova Délhi, dezenas de milhares de muçulmanos se refugiaram atrás dos muros do túmulo de Humayun, do século XVI, à espera da chance de fugir para o Paquistão.

Nos jardins do complexo que cercam o espetacular mausoléu inspirado no Taj Majal foram instaladas barracas. Sem banheiros, as fontes terminaram "tão cheias de excrementos humanos que tiveram que receber areia", afirma a historiadora Yasmin Khan no livro "A Grande Partição".

Rapidamente, a população de Nova Délhi passou a ser constituída por um terço de refugiados, que chegavam de todas as regiões do país.

O forte Purana Qila se tornou um dos maiores acampamentos de refugiados.

O prestigioso Khalsa College foi invadido pela comunidade sikh.

As imagens dos acampamentos de refugiados podem ser observadas nos Arquivos da Partição de 1947.

Em Amritsar, norte da Índia, um novo museu iniciou o processo de digitalização dos arquivos do período.

Mas em Nova Délhi não existe nenhum memorial ou placa que recorde este momento sombrio da história do país, que completa 70 anos na terça-feira.

O Exército de Canadá começou a instalar tendas nesta quarta-feira perto de sua fronteira para dar apoio à onda de refugiados haitianos que estão chegando ao país com medo de serem expulsos dos Estados Unidos.

As tendas na cidade de Saint-Bernard-de-Lacolle, a 60 quilômetros ao sul de Montreal, têm energia elétrica e sistema de calefação. Elas vão acomodar temporariamente até 500 refugiados, disse o Exército em um comunicado.

A medida foi adotada após uma reunião do chanceler haitiano, Antonio Rodrigue, e a ministra para os haitianos morando no exterior, Stephanie Auguste, com a responsável de Imigração do Quebec, Kathleen Weil, para discutir o fenômeno e as necessidades dos solicitantes de refúgio do país chegando ao Canadá.

Muitos desses refugiados já moram há anos nos Estados Unidos, mas temem ser expulsos após o presidente Donald Trump anunciar que não vai estender o visto temporário que tinha sido concedido a 60 mil haitianos, afetados por um devastador terremoto na ilha em 2010. Esse status especial vai expirar no fim deste ano.

Desde julho, mais de 2.500 haitianos saíram dos Estados Unidos e buscaram refúgio no Canadá, cruzando à pé a fronteira com a província francófona do Quebec.

O estádio olímpico de Montreal está sendo usado para alojar alguns dos recém-chegados e um hospital fechado será reaberto para acomodar mais refugiados.

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