Tópicos | Mianmar

A passagem do ciclone Mocha por Mianmar provocou 41 mortes em vários pontos do estado de Rakhine, anunciaram as autoridades locais nesta terça-feira (16).

"Podemos confirmar 17 mortos", disse Karlo, administrador do vilarejo de Bu Ma, à AFP, dois dias após a passagem do ciclone pela região.

"Haverá mais mortes porque mais de 100 pessoas estão desaparecidas", acrescentou Karlo.

O número é somado às 24 mortes anunciadas por uma autoridade da localidade vizinha de Khaung Doke Kar, que pediu anonimato por temer represálias da junta militar que governa o país.

O balanço oficial divulgado pela junta militar na segunda-feira citava cinco mortes e um número indeterminado de feridos.

Não é possível determinar se algumas mortes de Bu Ma e Khaung Doke Kar foram incluídas no balanço divulgado pela junta.

A AFP solicitou um balanço atualizado das vítimas do ciclone Mocha a um porta-voz da junta militar.

Com ventos de até 195 km/h, Mocha atingiu no domingo a área entre Sittwe, capital do estado de Rakhine, e Cox’s Bazar na vizinha Bangladesh.

A ex-governante birmanesa Aung San Suu Kyi, já condenada a 11 anos de prisão, foi sentenciada a uma pena adicional de seis anos de detenção por corrupção, informou à AFP uma fonte próxima ao caso.

A vencedora do prêmio Nobel da Paz, processada por várias infrações pela junta militar que governa o país desde o golpe de Estado de fevereiro de 2021, pode ser condenada a décadas de prisão ao final do grande julgamento.

Suu Kyi foi declarada culpada de quatro acusações de corrupção.

Desde que foi detida em 1º de fevereiro de 2021 após o golpe militar, a ex-governante, de 77 anos, permanece presa em um local secreto de Naipyidaw, a capital de Mianmar.

O golpe encerrou uma década de período democrático no país.

O processo, que começou há um ano e acontece a portas fechadas, prosseguirá no local em que Suu Kyi está detida.

Aung San Suu Kyi já passou 15 anos em prisão domiciliar, durante ditadura militar anterior.

Desde fevereiro de 2021, ela foi acusada de violar diversas vezes a lei sobre segredos de Estado, de fraude na eleição de 2020 - vencida por seu partido -, sedição, corrupção, entre outras.

Os militares birmaneses não parecem dispostos a ceder o poder e prosseguem com a violenta repressão. Mais de 2.100 civis morreram em ações violentas desde o golpe e mais de 11.000 estão detidos, segundo uma ONG local.

A junta militar de Mianmar executou quatro prisioneiros, incluindo um ex-deputado do partido da ex-líder Aung San Suu Kyi, marcando a primeira aplicação da pena de morte no país em décadas - informou a imprensa estatal nesta segunda-feira (25).

Os quatro foram executados por liderarem "atos de terror brutais e desumanos", informou o jornal estatal "Global New Light of Mianmar".

De acordo com o veículo, as execuções aconteceram "sob o procedimento prisional", sem detalhar quando, ou como morreram.

A junta militar condenou dezenas de ativistas antigolpe à morte como parte de sua repressão à dissidência depois de tomar o poder no ano passado.

Os Estados Unidos condenaram as execuções, que incluíram um proeminente ativista pró-democracia.

"Condenamos a execução pelo regime militar de líderes pró-democracia e representantes eleitos por exercerem suas liberdades fundamentais", declarou a embaixada dos EUA em Yangon, em sua conta oficial no Twitter.

Já a ONG Human Rights Watch classificou as execuções como "um ato de extrema crueldade". A diretora da ONG para a Ásia, Elaine Pearson, pediu à comunidade internacional que "mostre à junta que haverá responsabilização por seus crimes".

Phyo Zeya Thaw, de 41, ex-parlamentar do partido Liga Nacional para a Democracia (NLD, na sigla em inglês) de Aung San Suu Kyi, foi preso em novembro passado e condenado à morte em janeiro deste ano por violar a lei antiterrorismo.

Este pioneiro do hip hop birmanês, cujas letras criticavam o Exército desde o início dos anos 2000, esteve detido em 2008 por pertencer a uma organização considerada ilegal no país e por posse de moeda estrangeira. Obteve uma cadeira como deputado nas eleições de 2015, durante a transição do regime militar para o civil.

A junta acusou-o de ter orquestrado vários ataques contra o regime, incluindo um contra um trem em agosto passado, em Yangon. Cinco policiais morreram.

Kyaw Min Yu, conhecido como "Jimmy" e um destacado ativista pró-democracia de 53 anos, recebeu a mesma sentença do tribunal militar. "Jimmy" era escritor e um opositor de longa data do Exército. Teve um papel importante na revolta estudantil de 1988 contra a junta militar da época. Foi preso em outubro e recebeu sua sentença em janeiro.

Os outros dois réus foram condenados à morte pelo assassinato de uma mulher que, segundo eles, era uma informante da junta em Yangon.

- 'Crimes vagos' -

A junta foi fortemente criticada pelas potências internacionais quando anunciou, no mês passado, sua intenção de realizar as execuções.

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, condenou a decisão, chamando-a de "flagrante violação do direito à vida, à liberdade e à segurança das pessoas".

A última execução capital em Mianmar remonta a 1988, de acordo com um relatório de especialistas da ONU divulgado em junho passado. O documento contabilizava 114 sentenças de morte desde o golpe de Estado.

Os especialistas destacaram que a lei marcial deu aos militares a possibilidade de decretar a pena de morte para 23 "crimes vagos e definidos de forma ampla" e, na prática, para qualquer crítica ao poder. Alertaram, ainda, que as execuções podem ser aceleradas, se a comunidade internacional não reagir.

As quatro execuções anunciadas na segunda-feira são "um ato escandaloso" que "criará ondas de impacto político, agora e por muito tempo", reagiu no Twitter Richard Horsey, especialista em Mianmar do International Crisis Group (ICG).

As execuções devem agravar o isolamento internacional dos militares birmaneses. A junta tomou o poder à força em 1º de fevereiro de 2021, sob o pretexto de suposta fraude nas eleições do ano anterior, nas quais a NLD teve uma vitória arrasadora.

Os militares continuam a impor uma repressão sangrenta contra seus oponentes. Segundo uma ONG local, são mais de 2.000 civis mortos e mais de 15.000 detidos desde o golpe. Entre os presos, está Aung San Suu Kyi, de 77 anos, ex-líder e ganhadora do Prêmio Nobel da Paz. Ela enfrenta várias acusações na Justiça, cujas sentenças, em seu conjunto, podem totalizar até 150 anos de prisão.

Famílias de manifestantes birmaneses presos tiveram suas esperanças frustradas neste domingo (17) depois que a junta militar anunciou que libertaria mais de 1.600 prisioneiros em uma anistia para comemorar o ano novo budista que exclui os presos políticos.

Este país do sudeste asiático está em caos desde o golpe de fevereiro de 2021 contra o governo civil de Aung San Suu Kyi, que provocou protestos furiosos e uma dura repressão.

Em um anúncio transmitido pela televisão estatal, a junta disse que "perdoou" 1.619 prisioneiros, incluindo 42 estrangeiros, que serão libertados para marcar o ano novo budista.

Um prisioneiro libertado de uma prisão de Yangon disse à AFP que "casos políticos e contra manifestantes não serão incluídos na libertação" e que as autoridades só darão anistia aos criminosos.

A multidão que se reuniu em frente à prisão de Insein, em Yangon, na esperança de ver seus entes queridos, foi dispersada gradualmente, observou um jornalista da AFP.

Do lado de fora do presídio, uma mulher aguardava seu sobrinho de 19 anos, condenado a três anos de prisão por incitação contra os militares.

"Quero que todos os jovens sejam libertados, incluindo meu sobrinho. Eles são todos inocentes", disse Aye Myint, cuja filha de 19 anos está cumprindo uma sentença de três anos por acusações políticas e ela deseja que também seja libertada. "Agora ela está presa há mais de um ano", disse Aye Myint.

Mianmar concede anualmente uma anistia a milhares de prisioneiros por ocasião do Ano Novo budista, geralmente celebrado com lutas de água nas ruas. No ano passado, 23.000 prisioneiros foram libertados. Este ano, porém, em meio à repressão militar, o silêncio reinou nas cidades como protesto contra a junta.

Um tribunal da junta militar birmanesa condenou, nesta segunda-feira (10), Aung San Suu Kyi a quatro anos de prisão por três acusações, em uma das ações judiciais contra a governante deposta.

Uma fonte disse à AFP que a líder de 76 anos foi considerada culpada de duas acusações por suposto contrabando de dispositivos de comunicação de rádio (walkie-talkies) e outra por desobedecer as regras sanitárias ligadas ao coronavírus.

O caso dos walkie-talkies teve origem quando os militares invadiram sua casa no dia do golpe e supostamente encontraram o equipamento contrabandeado.

A sentença de hoje se soma às proferidas em dezembro, quando ela foi condenada a quatro anos por incitação e por quebrar as regras de saúde para o coronavírus durante sua campanha eleitoral.

O chefe da junta militar, Min Aung Hlaing, comutou a sentença para dois anos e disse que poderia cumpri-los em prisão domiciliar na capital Naipyidaw.

O Comitê Nobel norueguês, que concede o Prêmio Nobel da Paz, considerou a condenação desta segunda de "veredicto político".

"O último veredicto contra Aung San Suu Kyi é um veredicto político", disse o presidente do Comitê do Nobel, Berit Reiss-Andersen, em declarações à AFP.

"Aung San Suu Kyi continua sendo a combatente mais proeminente na luta pela democracia em Mianmar. O Comitê do Nobel está profundamente preocupado com sua situação", acrescentou.

Suu Kyi está detida desde 1º de fevereiro, quando seu governo foi derrubado por um golpe que pôs fim à breve experiência democrática no país asiático.

O golpe gerou descontentamento geral, mas as forças de segurança reprimiram as manifestações com prisões em massa e violência que deixou mais de 1.400 civis mortos, de acordo com um grupo de monitoramento local.

- Tática de medo -

A sentença de dezembro gerou condenações internacionais e reacendeu os protestos de rua.

Antes do veredicto, a pesquisadora de direitos humanos Manny Maung disse que as novas condenações agravariam o descontentamento nacional.

"O anúncio de sua última condenação resultou em um dos dias de maior interação nas redes sociais dentro de Mianmar e irritou muito o público", disse à AFP.

"Os militares calculam isso (as ações judiciais de Suu Kyi) como uma tática para amedrontar, mas só serve para causar mais raiva", acrescentou.

Os jornalistas não têm acesso às audiências e os advogados de Suu Kyi estão proibidos de falar com a imprensa.

Sob uma junta militar anterior, a líder civil passou longos períodos em prisão domiciliar na mansão de sua família em Yangoon, a maior cidade de Mianmar.

Ela está atualmente confinada em um local não revelado na capital, e seu único contato com o mundo exterior são reuniões com seus advogados antes de audiências judiciais.

Além dos casos de hoje, ela também enfrenta várias acusações de corrupção, cada uma das quais é punível com 15 anos de prisão, e de violação da lei de segredos oficiais.

Em novembro, ela e 15 outros funcionários, incluindo o ex-presidente Win Myint, foram acusados de suposta fraude eleitoral nas eleições de 2020.

Seu partido, a Liga Nacional para a Democracia (LND), ganhou as eleições.

Desde o golpe, vários de seus aliados políticos foram detidos e um ministro foi condenado a 75 anos de prisão, enquanto outros permanecem escondidos.

Um tribunal da junta militar de Mianmar adiou nesta segunda-feira (27) o anúncio da sentença no julgamento contra a líder civil deposta Aung San Suu Kyi pela acusação de importação e posse ilegal de walkie-talkies, informou uma fonte próxima ao caso.

Suu Kyi, de 76 anos, deveria ser informada nesta segunda-feira sobre o veredicto de um processo que a acusa pela suposta importação ilegal de walkie-talkies, e o mais recente de uma série de julgamentos que podem provocar sua prisão pelo resto da vida.

Mas o juiz adiou a sentença para 10 de janeiro, informou à AFP uma fonte a par do caso, sem revelar detalhes.

A vencedora do Nobel da Paz de 1991 está detida desde que os militares derrubaram seu governo em um golpe de Estado em 1º de fevereiro, o que acabou com um breve período democrático de 10 anos no país.

Os militares reprimiram com violência os protestos contra o golpe em todo el país, com mais de 1.000 pessoas mortas e mais de 11.000 detidos, segundo uma ONG local.

Há algumas semanas, Suu Kyi foi condenada a quatro anos de prisão pelas acusações de incitar a população contra os militares e violar as restrições impostas contra a covid-19, uma sentença criticada pela comunidade internacional.

O comandante da junta militar, Min Aung Hlaing, comutou a pena para dois anos e anunciou que Suu Kyi vai cumprir a sentença em prisão domiciliar na capital do país, Naypyidaw.

Suu Kyi pode ser condenada a três anos de prisão se for considerada culpada no caso dos walkie-talkies.

O caso tem origem nas primeiras horas do golpe, quando soldados e policiais invadiram sua casa e supostamente encontraram o equipamento contrabandeado.

Suu Kyi também enfrenta várias acusações de corrupção e cada uma delas pode ser punida com até 15 anos de prisão. A líder civil também foi acusada de violar a lei de sigilos oficiais.

A imprensa não tem acesso às audiências judiciais em Naypyidaw e os advogados de Suu Kyi estão proibidos de falar com a imprensa.

Ao menos uma pessoa morreu e 70 estão desaparecidas após um deslizamento de terra nesta quarta-feira (22) em uma mina de jade na região norte de Mianmar, informou um integrante da equipe de resgate.

"De 70 a 100 pessoas estão desaparecidas no deslizamento", que aconteceu durante a madrugada na mina de Hpakant, no estado de Kachin, afirmou o membro da equipe de resgate Ko Nyi.

"Enviamos 25 pessoas feridas para o hospital e encontramos um morto", acrescentou.

Quase 200 socorristas foram mobilizados para recuperar os corpos, alguns deles em botes para procurar corpos em um lago próximo.

O jornal Kachin News informou que 20 trabalhadores morreram na tragédia.

De acordo com os serviços de emergência, os bombeiros de Hpakant e da cidade vizinha de Lone Khin participam nas operações resgate, mas não divulgaram um balanço de vítimas.

Dezenas de pessoas morrem a cada ano trabalhando na lucrativa e mal regulamentada indústria de jade em Mianmar, que frequentemente usa migrantes mal remunerados para extrair esta joia altamente cobiçada na vizinha China.

Na pobre e remota região fronteiriça de Kachin os deslizamentos de terra são frequentes.

Em 2020, as fortes chuvas provocaram o acidente mais grave acidente do tipo, com 300 mineiros atingidos por um deslizamento em Hpakant, coração da indústria birmanesa do jade.

O comércio da pedra preciosa gera mais de 30 bilhões de dólares por ano, quase metade do Produto Interno Bruto do país, e está cada vez mais vinculado a atividades ilícitas como tráfico de drogas e armas.

Uma parte muito pequena dos recursos financeiros acaba nos cofres do Estado birmanês, pois a maior parte do jade de qualidade é contrabandeado para a China, onde a demanda por essa joia símbolo da prosperidade é insaciável.

Ao mesmo tempo, este comércio gera uma receita significativa para os militares, autores de um golpe em fevereiro, que controlam o acesso à região de Hpakant desde o início dos anos 1990 e administram várias minas.

Outro ator inevitável no setor é o Exército de Independência de Kachin, uma facção rebelde que luta há décadas contra os militares e que também buscam obter os lucros deste recurso.

A luta pelo controle deste setor foi agravada pelo golpe militar e atingiu os comerciantes de jade, obrigados a continuar trabalhando pelo exército, apesar do risco de ataques rebeldes.

As esperanças de uma reforma do setor iniciada pelo governo de Aung San Suu Kyi foram frustradas pelo golpe militar de fevereiro no país, afirmou um relatório divulgado este ano pela organização Global Witness.

Aung San Suu Kyi foi condenada nesta segunda-feira (6) em Mianmar a quatro anos de prisão por incitar a desordem pública e violar as restrições anticovid, a primeira sentença de vários processos que ameaçam a líder deposta a passar décadas na prisão.

A vencedora do Nobel da Paz de 1991, de 76 anos, está detida desde que os militares derrubaram seu governo em 1º de fevereiro, o que acabou com um breve período de democracia em Mianmar.

Desde então, a junta apresentou uma série de acusações contra Suu Kyi, incluindo violação da lei de segredos oficiais, corrupção e fraude eleitoral.

Vários analistas denunciam que este é um processo político para neutralizar a política que venceu as eleições de 2015 e 2020.

Nesta segunda-feira, Suu Kyi "foi condenado a dois anos de prisão sob a seção 505(b) e a dois anos de prisão sob a lei de desastres naturais", afirmou Zaw Min Tun, porta-voz da junta militar que governa o país.

O ex-presidente Win Myint também foi condenado a quatro anos de prisão pelas mesmas acusações, informou o porta-voz, antes de explicar que os dois ainda não serão levados para a prisão.

"Enfrentarão outras acusações nos locais em que permanecem agora", a capital Naypyidaw, acrescentou, sem revelar detalhes.

As acusações por incitação estão relacionadas com as declarações do partido de Suu Kyi, a Liga Nacional pela Democracia (LND), para condenar o golpe de Estado pouco depois da tomada de poder pelos militares.

As acusações relacionadas à pandemia envolvem as eleições do ano passado, vencidas com grande vantagem pelo partido de Suu Kyi, mas os detalhes não foram divulgados: o governo impõe uma ordem de silêncio nos processos judiciais.

Os jornalistas não têm acesso ao tribunal especial na capital birmanesa e os advogados de Suu Kyi estão proibidos de falar com a imprensa.

Nas últimas semanas, outros membros da LND foram condenados a duras penas de prisão.

Um ex-ministro foi sentenciado a 75 anos de prisão e um amigo de Suu Kyi recebeu penas de 20 anos de detenção.

- "Asfixiar as liberdades" -

A sentença foi criticada pela organização Anistia Internacional, que denunciou uma tentativa da junta militar de "asfixiar as liberdades" com a detenção de Suu Kyi.

"As sentenças severas infligidas a Aung San Suu Kyi por estas falsas acusações são o exemplo mais recente da determinação do exército para eliminar e asfixiar as liberdades em Mianmar", afirmou a AI em um comunicado.

A vencedora do Nobel da Paz pode passar décadas na prisão se for condenada por todas as acusações.

O diretor para Mianmar do centro de estudos International Crisis Group, Richard Horsey, declarou à AFP que as sentenças "representam uma forma para que os militares mostrem seu poder".

"Seria surpreendente, no entanto, se ela fosse enviada à prisão. O mais provável é que cumpra esta e as próximas condenações em sua casa ou em um regime especial de 'residência de hóspedes'", disse.

Mais de 1.300 pessoas morreram e mais de 10.000 foram detidas na repressão contra os dissidentes desde o golpe, segundo uma ONG birmanesa.

Os militares que governaram Mianmar durante décadas defendem o golpe de Estado e alegam denúncias de fraude nas eleições do ano passado.

A pressão internacional para que a junta militar restaure a democracia não parece afetar os generais e a violenta repressão contra os protestos persiste no país.

Um jornalista americano detido desde maio em Mianmar foi condenado nesta sexta-feira (12) a 11 anos de prisão pela junta militar, que asfixia a imprensa desde o golpe de Estado de fevereiro.

"Danny Fenster foi condenado a 11 anos de prisão por incitação à dissidência, associação ilegal e violação a lei sobre vistos", declarou à AFP o advogado Than Zaw Aung..

Ele afirmou que o cliente ainda não decidiu se apresentará uma apelação.

O repórter, detido em uma prisão da junta militar de Yangon, também foi acusado há dois dias de terrorismo e sedição, o que pode resultar em pena de prisão perpétua.

Fenster é o primeiro jornalista ocidental detido em muitos anos em Mianmar, onde os militares tomaram o poder em fevereiro, quando derrubaram o governo civil dirigido de fato por Aung San Suu Kyi.

O meio de comunicação para o qual trabalhava, o Frontier Myanmar, afirmou em um comunicado que estava "profundamente decepcionado" com a decisão tomada em um julgamento realizado a portas fechadas na prisão.

"Apenas queremos ver Danny livre o mais rápido possível para que possa ir para casa com sua família", acrescentou.

O jornalista de 37 anos trabalha para o Frontier Myanmar desde meados de 2020 e cobriu o golpe militar e a posterior repressão aos dissidentes. Aung San Suu Kyi está em prisão domiciliar e está sendo julgada por várias acusações.

No momento de sua detenção, no aeroporto inernacional de Yangon em 24 de maio, Fenster pretendia embarcar em um avião para deixar Mianmar.

O jornalista, que contraiu covid-19 na prisão, de acordo com a família, perdeu muito peso, afirmou o advogado.

- Sentença "escandalosa" -

Esta sentença é "escandalosa e inaceitável (...) as acusações foram completamente inventadas", declarou Phil Robertson, vice-diretor para Ásia da Human Rights Watch.

"Envia uma mensagem não apenas aos jornalistas internacionais (...) mas também aos birmaneses de que informar sobre a situação pode significar muitos anos de prisão", afirmou à AFP o consultor do 'Crisis Group Myanmar', Richard Horsey.

"Este regime não respeita nenhuma regra. Está determinado em fazer o que quer", lamentou Horsey. Para ele, a condenação do jornalista é um "grande revés para a diplomacia americana" que fez muitos esforços por sua libertação.

De fato, a condenação foi anunciada poucos dias depois de uma reunião entre o ex-diplomata americano Bill Richardson e o líder da junta birmanesa, Ming Aung Hlaing. Os dois abordaram a entrega de material de saúde e de vacinas contra a covid-19.

Richardson declarou que o Departamento de Estado americano havia solicitado que não mencionasse o caso do jornalista durante a reunião. E não revelou mais detalhes.

Mianmar está em um cenário de caos e instabilidade desde o golpe de fevereiro: os militares executaram uma violenta repressão e mais de 1.200 pessoas morreram, segundo uma ONG local.

A imprensa também sofreu as consequências da repressão, com mais controle da informação por parte da junta militar, acesso limitado à internet e a revogação de algumas licenças de meios de comunicação locais.

Mais de 100 jornalistas foram detidos desde o golpe contra Suu Kyi, de acordo com a Reporting ASEAN, uma associação de defesa dos direitos, que indica que 31 continuam presos.

Mianmar vai libertar mais de 5.000 pessoas detidas por protestar contra o golpe de Estado das Forças Armadas em fevereiro, anunciou nesta segunda-feira (18) o comandante da junta militar.

Um total de 5.636 prisioneiros receberão indulto e serão libertados antes do festival das luzes 'Thadingyut', que começa na terça-feira (19), afirmou o general Min Aung Hlaing, poucos dias depois de ser excluído da próxima reunião de cúpula da Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN).

Mianmar vive um cenário de caos desde o golpe de Estado que derrubou o governo civil de Aung San Suu Kyi.

Desde então, mais de 1.100 civis morreram na violenta repressão contra os dissidentes e mais de 8.000 pessoas foram detidas, segundo a ONG local Associação de Assistência aos Presos Políticos (AAPP).

De acordo com a organização, mais de 7.300 pessoas estão presas atualmente no país.

A junta militar não revelou detalhes sobre as pessoas que serão libertadas e as autoridades penitenciárias, procuradas pela AFP, não responderam os questionamentos.

A líder civil birmanesa deposta Aung San Suu Kyi não participou da retomada de seu julgamento, que teve de ser adiado mais uma vez, por problemas de saúde da ré - informou sua advogada nesta segunda-feira (13).

O processo seria retomado hoje, após dois meses de suspensão pela pandemia. A Prêmio Nobel da Paz é acusada de violar as restrições sanitárias pela Covid-19 e de importação ilegal de walkie-talkies.

Em prisão domiciliar desde o golpe de Estado militar de fevereiro, a líder civil de 76 anos se reuniu com sua equipe jurídica antes da sessão e teve de voltar para casa, porque ficou tonta no carro, relatou sua advogada Min Soe.

"Ela não foi a lugar algum de carro nos últimos dois meses. Por isso, ficou tonta no carro hoje (...) Disse que precisava voltar para casa para descansar", completou a advogada.

À exceção dos encontros com seus advogados e de suas aparições no tribunal, Aung San Suu Kyi se encontra isolada do mundo. Entre as outras acusações que pesam sobre ela, estão sedição, aceitação de suborno e violação de uma lei de sigilo da era colonial. Ao todo, pode ser condenada a uma sentença de mais de dez anos de prisão.

Sua advogada, Min Min Soe, informou hoje que sua cliente recebeu novas acusações de corrupção.

Aterrorizados pela repressão da junta militar e pela propagação do coronavírus, muito poucos birmaneses se atreviam a ir às ruas para protestar, neste domingo (1º), quando se completa seis meses do golpe de Estado que mergulhou o país no caos.

Uma semana depois de ter anulado o resultado das legislativas de 2020, vencidas por esmagadora maioria pelo partido de Aung San Suu Kyi, o chefe da junta, Min Aung Hlaing, prometeu novas eleições "até agosto de 2023".

"Trabalhamos para estabelecer um sistema multipartidário democrático", afirmou o general, enquanto Suu Kyi, de 76 anos, começa seu sétimo mês sob prisão domiciliar.

Nas redes sociais, jovens opositores prometem derrubar o regime.

"Prometo combater esta ditadura enquanto viver", "Não vamos nos ajoelhar sob as botas dos militares", afirmaram, fazendo o gesto simbólico de três dedos em sinal de resistência.

Em Kaley (oeste), houve uma manifestação em homenagem aos presos políticos. "As canções dos detidos são uma força para a revolução", dizia um cartaz.

No entanto, a maioria dos birmaneses permaneceu trancada em suas casas, preocupados com a violência das forças de segurança e a propagação do coronavírus.

O Reino Unido, ex-potência colonial, alertou a ONU que metade da população - cerca de 27 milhões de pessoas - poderia se infectar com a covid-19 nas próximas duas semanas.

Londres classificou a situação de "desesperada" e pediu ao Conselho de Segurança que aja para permitir a distribuição de vacinas.

A ONU estima que apenas 40% dos estabelecimentos sanitários do país funcionam, já que grande parte dos profissionais da saúde ainda está em greve, em protesto contra o golpe.

Alguns membros da equipe de saúde são alvo de ordens de prisão, fogem ou já foram presos.

O Exército birmanês "usa a covid-19 como arma contra a população", declarou recentemente Susanna Hla Hla Soe, do governo de unidade nacional, criado por opositores clandestinamente.

Em seis meses, 940 civis morreram nas mãos das forças de segurança, 75 deles menores, centenas despareceram e mais de 5.400 estão detidos, segundo uma ONG.

Apesar da dureza do regime, a resistência segue adiante.

As grandes manifestações pacíficas geraram uma resposta armada liderada por milícias cidadãs, as Forças de Defesa do Povo (PDF).

Esses movimentos são independentes entre si para manter o maior número possível de frentes abertas.

Esses grupos desestabilizam a junta no plano militar, mas ela ainda mantém o controle no econômico.

Administra muitas empresas, desde a cerveja até as pedras preciosas, e recuperou o controle do gás natural, que representa uma renda anual de cerca de 1 bilhão de dólares.

As sanções financeiras impostas pelos Estados Unidos, pela União Europeia e pelo Reino Unido não intimidaram os generais, protegidos por seus aliados: China e Rússia.

O chefe da junta militar birmanesa, Min Aung Hlaing, no poder desde o golpe de fevereiro que derrubou Aung San Suu Kyi, prometeu realizar eleições "entre agora e agosto de 2023" em um discurso neste domingo (1º) para marcar os seis meses do golpe.

"Estamos trabalhando para estabelecer um sistema multipartidário democrático", declarou o ex-comandante do exército, prometendo novamente realizar eleições "até agosto de 2023".

Em 26 de julho, a junta militar anulou os resultados da eleição legislativa de novembro de 2020, vencida por grande maioria pela Liga Nacional para a Democracia (NLD) de Aung San Suu Kyi, alegando que mais de 11 milhões de casos de fraude foram detectados, uma acusação que o partido rejeita.

"Os votos foram fraudados pelo NLD, que abusou indevidamente de seu poder executivo", declarou Min Aung Hlaing neste domingo.

Antes do golpe, o general já era um pária para as capitais ocidentais devido à repressão sangrenta de seus homens contra a minoria muçulmana rohingya. Desde o golpe, foi alvo de novas sanções.

“Prometo lutar contra essa ditadura enquanto durar” e “Não vamos nos ajoelhar sob as botas dos militares” escreveram jovens opositores nas redes sociais neste domingo em protesto contra a junta militar.

Em Kaley (oeste) houve uma manifestação em homenagem aos presos políticos. "As canções dos detidos são uma força para a revolução" podia ser lido em uma faixa.

Mas a maioria dos birmaneses permanece trancada em suas casas, apavorada com a violência das forças de segurança e a disseminação do coronavírus.

O Reino Unido alertou a ONU que metade da população, cerca de 27 milhões de pessoas, pode se infectar com a covid-19 nas próximas duas semanas, chamando a situação de "desesperadora".

Apesar do caos político, econômico e sanitário, a junta continua sua repressão para amordaçar qualquer sinal de oposição.

Em seis meses, 940 civis morreram, deles 75 menores, centenas desapareceram e mais de 5.400 estão detidos, segundo uma ONG.

Aung San Suu Kyi, 76 anos, inicia um sétimo mês em prisão domiciliar. Acusada de vários crimes (importação ilegal de walkie-talkies, violação das restrições relacionadas com a pandemia de corrupção, sedição), ela corre o risco de ser sentenciada a vários anos na prisão.

O primeiro julgamento contra a ex-líder birmanesa Aung San Suu Kyi, derrubada por um golpe de Estado da junta militar há mais de quatro meses, começa nesta segunda-feira (14), um processo que os observadores chamaram de "espetáculo motivado apenas por motivos políticos".

Um tribunal, com fortes medidas de segurança, foi criado especialmente para isso na capital, Naypyidaw, construída no meio da selva na década de 1990 pelo antigo regime militar.

Presa no dia 1º de fevereiro e colocada em prisão domiciliar desde então, a prêmio Nobel da Paz de 1991 - "em boa saúde", segundo seus advogados, apesar de semanas de isolamento - deve enfrentar múltiplos e variados processos judiciais.

Nesta segunda-feira, ela deve ser julgada por importação ilegal de walkie-talkies, desrespeito às restrições anticovid e violação de uma lei de telecomunicações.

"O tribunal ouvirá os testemunhos da acusação. Aung San Suu Kyi não testemunhará hoje", disse um de seus advogados, Khin Maung Zaw, à AFP.

Em um segundo processo, ela será julgada a partir de terça-feira por sedição, ao lado do ex-presidente da República Win Myint.

A ex-chefe de fato do governo, de 75 anos, também foi indiciada por ter violado uma lei da era colonial sobre segredos de Estado e corrupção, acusada de ter recebido meio milhão de dólares e dez quilos de ouro em propina.

Até o momento, nenhuma data foi comunicada para esses dois processos, cujas denúncias acarretam as piores penas.

- Preparar-se "para o pior" -

Se condenada, Aung San Suu Kyi pode pegar muitos anos de prisão.

O chefe da junta, "Min Aung Hlaing, está determinado a prendê-la pelo resto de sua vida", disse à AFP Debbie Stothard, coordenadora da rede Alternativa ASEAN. "Vamos testemunhar um processo de espetáculo motivado unicamente por razões políticas".

A ex-líder só foi autorizada a se reunir com sua equipe jurídica em duas ocasiões. E cada reunião tinha que durar menos de meia hora.

"Estamos nos preparando para o pior", disse Khin Maung Zaw, que denunciou as "absurdas" acusações criadas com o objetivo de "mantê-la fora da cena (política) do país e manchar sua imagem".

Para justificar o golpe de Estado, o exército alegou fraude nas eleições legislativas de novembro de 2020, nas quais a Liga Nacional para a Democracia (NLD) de Aung San Suu Kyi venceu de forma esmagadora.

A junta ameaça dissolver essa formação e garante que organizará novas eleições em dois anos.

Desde então, o país, que viveu um parêntese democrático de 10 anos, tem sido uma panela de pressão, com manifestações quase diárias e a economia paralisada por greves. Os confrontos entre o Exército e facções étnicas rebeldes também aumentaram.

As forças de segurança reprimiram violentamente a mobilização pró-democracia: nos últimos meses morreram 860 civis, incluindo crianças, segundo a Associação de Ajuda aos Presos Políticos (AAPP).

Quase 5.000 pessoas estão detidas e várias ONGs denunciam execuções extrajudiciais, tortura e violência contra as mulheres.

Nesta segunda-feira, o jornalista americano Nathan Maung, detido no país desde março, foi libertado, segundo seu advogado, e retornará aos Estados Unidos na terça-feira.

A alta comissária da ONU para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, denunciou a escalada da violência na sexta-feira, acrescentando que a junta militar é "totalmente responsável por esta crise".

Aung San Suu Kyi já passou 15 anos em prisão domiciliar em ditaduras militares anteriores. Ela foi libertada em 2010 e assumiu o governo do país cinco anos depois.

Por muito tempo considerada um símbolo da democracia, como Nelson Mandela, sua imagem internacional se deteriorou acentuadamente quando centenas de milhares de muçulmanos rohingyas fugiram para Bangladesh em 2017 devido a abusos por parte do Exército.

Na ocasião, a líder birmanesa não condenou este drama e negou qualquer "tentativa de genocídio" por parte dos militares.

Uma ex-rainha da beleza birmanesa trocou os sapatos de salto alto por botas e um fuzil e se juntou à resistência, "pronta para dar sua vida" na luta contra a junta militar birmanesa - anunciou a jovem em sua página no Facebook.

Há 42 dias, Htar Htet Htet, de 31 anos, vive na selva, em território controlado por uma das muitas guerrilhas étnicas do país, e tem aprendido a usar armas.

##RECOMENDA##

Em uma foto divulgada na terça-feira em sua página do Facebook, ela aparece vestindo uma calça preta e com um fuzil de assalto tipo AK-47.

"Seja com uma arma, uma caneta (...) ou dando dinheiro ao movimento pró-democracia, cada um deve fazer sua parte para que a revolução tenha sucesso", afirmou.

[@#video#@]

Mais de 780 civis - de acordo com uma ONG - foram mortos pelas forças de segurança desde o golpe de Estado militar de 1º de fevereiro, que derrubou o governo eleito de Aung San Suu Kyi.

Apesar da violência, as manifestações continuam, e os grevistas paralisam setores inteiros da economia. Os combates entre o Exército e vários grupos étnicos também se intensificaram.

Milhares de opositores à junta militar, que fugiram das cidades, juntaram-se a essas guerrilhas estabelecidas nas regiões fronteiriças do norte e do leste.

"Vou me defender o máximo que puder. Estou disposta a desistir de tudo (...) e pagar com minha vida", diz Htar Htet Htet, que, por razões de segurança, não revela com qual facção está lutando.

"Não vamos voltar para casa antes de vencer", frisa.

Nada predestinou essa ex-rainha da beleza, que virou professora de ginástica, à guerrilha.

A jovem foi, por muito tempo, protagonista de concursos de beleza. Em 2013, ela representou seu país na primeira edição do Miss Grand International, concurso realizado todos os anos na Tailândia.

Quando ocorreu o golpe de 1º de fevereiro, que encerrou brutalmente um período democrático de dez anos no país, Htar Htet Htet passou a denunciar a situação no Facebook.

Dia após dia, as fotos de miss em trajes de banho foram sendo substituídas por um relato meticuloso dos acontecimentos: manifestações em massa contra os militares, greves, abusos militares, assassinatos de civis...

Htar Htet Htet se tornou ativa na campanha de desobediência civil no Facebook. "Não faço política. Meu objetivo é acabar com essa ditadura", escreveu.

No início de março, a jovem expressou sua preocupação por ter sido detida em uma das muitas operações realizadas pelas forças de segurança.

Algumas semanas depois, Htar Htet Htet acabou ingressando na guerrilha. Nas redes sociais, abundam mensagens encorajadoras: "Respeito, querida irmã", "Que a força esteja contigo nas florestas e nas montanhas".

A ponto de completar 100 dias desde o golpe de Estado militar, Mianmar continua em um cenário de caos, com uma revolta popular reprimida de maneira extremamente violenta, uma economia paralisada por uma greve geral e combates intensos entre o exército e grupos insurgentes.

"É uma guerra civil (...) o exército perdeu toda a confiança da população", resume o analista Khin Zaw Win.

Na madrugada de 1 de fevereiro, os generais birmaneses derrubaram o governo de Aung San Suu Kyi e encerraram de forma abrupta um período democrático de 10 anos.

Na terça-feira, o golpe de Estado completará 100 dias. A junta militar estabeleceu um cerco judicial à vencedora do Nobel da Paz de 1991.

Sob prisão domiciliar na capital, Naypyidaw, a ex-governante civil, de 75 anos, é objeto de várias acusações e não tem permissão para encontrar seus advogados.

Um de seus advogados, Khin Maung Zaw, afirmou à AFP que ela comparecerá pessoalmente pela primeira vez a um tribunal em 24 de maio.

De acordo com Zaw, Suu Kyi parece estar "com boa saúde", mas ele ainda não pôde se reunir com sua cliente.

"Não temos certeza de que a polícia nos permitirá falar com ela em particular antes da audiência", lamentou.

A ex-líder de governo foi acusada seis vezes desde sua detenção. As acusações incluem descumprimento de restrições pela pandemia, importação ilegal de walkie-talkies, incitação à desordem pública e violação de uma lei de segredos de Estado da época colonial.

Ela permanece à margem da agitação e da violência no país, tanto nas grandes cidades como na área rural.

Os protestos são liderados por uma juventude sedenta por liberdade e adepta das redes sociais e das novas tecnologias.

E milhares de grevistas continuam bloqueando grande parte do país: bancos, hospitais, portos e prédios públicos.

- Quase 800 mortos -

Ao menos 780 civis morreram nos últimos três meses, segundo a Associação de Ajuda aos Presos Políticos (AAPP).

O exército alega que o balanço é bem menor e atribui a violência aos "agitadores que cometem atos de terrorismo".

As detenções não param de aumentar no país.

Mais de 3.800 pessoas estão detidas, muitas delas em locais não revelados, segundo a AAPP, que denuncia violência contra as mulheres, execuções extrajudiciais e torturas - como no caso do poeta Khet Thi, detido no sábado e morto sob custódia 24 horas depois.

"As pessoas vivem com medo e estão desesperadas (...) algumas pensam em cometer suicídio", comenta a freira Ann Rose Nu Twang.

Esta religiosa se tornou o símbolo de resistência quando, durante um protesto reprimido com violência no início de março, se ajoelhou diante dos militares, com os braços cruzados, suplicando que "não atirassem".

Agora trabalha em uma clínica do estado de Kachin (norte) atendendo a opositores feridos que "sacrificam a vida por seu futuro".

- "Do lado certo da história" -

Apesar da violência, a mobilização continua. "Queremos estar do lado certo da história", afirma um dissidente.

Para manter a pressão sobre a junta militar e evitar ao máximo as represálias, os birmaneses organizam manifestações relâmpago, com menos pessoas, uma tática que apresenta resultados, pois a repressão foi menor nos últimos dias.

A resistência também se organiza politicamente.

Milhares de opositores se refugiaram em territórios controlados por grupos rebeldes, no norte e leste do país, e deputados depostos, que passaram à clandestinidade, formaram um "governo de união nacional".

No momento, o grupo tem dificuldades para exercer grande influência. O desejo de estabelecer um "exército federal" antijunta reunindo dissidentes e combatentes rebeldes não entusiasma as muitas facções étnicas do país.

Muitos desconfiam da Liga Nacional para a Democracia (LND) de Aung San Suu Kyi, partido em que predominam os bamar, grupo étnico majoritário budista.

Porém, indignados com o banho de sangue contra os civis, os insurgentes pegaram em armas.

A União Nacional Karen (KNU), com milhares de homens na região leste do país, ataca bases militares e o exército responde com bombardeios aéreos, pela primeira vez em mais de 20 anos nesta área do país.

Também acontecem confrontos e ataques aéreos intensos no estado de Kachin, onde os rebeldes derrubaram um helicóptero do exército na semana passada.

A violência deixou dezenas de milhares de deslocados civis, segundo a ONU.

- A pobreza dispara -

Quanto tempo o país, um dos mais pobres da Ásia, resistirá?

Com a pandemia e a crise política, metade da população pode ficar abaixo do limite da pobreza em 2022, um retrocesso de 16 anos, advertiu o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento.

E o Banco Mundial prevê uma contração de 10% da economia em 2021, depois de um crescimento de quase 7% em 2019.

O caos econômico e político não abala os generais, que ignoram as condenações internacionais e as sanções decretadas por Estados Unidos, União Europeia e Reino Unido.

Mais de 200 ONGs pediram ao Conselho de Segurança da ONU que aprove um embargo internacional sobre a venda de armas, mas China e Rússia, aliados tradicionais dos militares birmaneses, são veemente contrários.

Em domínio dos militares, a força de segurança do Mianmar, no sudeste asiático, abriu fogo contra um protesto e matou, pelo menos, oito pessoas nesse domingo (2). O país sofreu o golpe há cerca de três meses e, desde então, vem passando por manifestações contra o regime autoritário.

Considerada "a primavera de Mianmar", os organizadores deste, que foi um dos maiores protestos, incentivaram os civis em atos descentralizados. "Vamos sacudir o mundo com a voz da unidade do povo de Mianmar", indicou em comunicado.

##RECOMENDA##

Três manifestantes foram assassinados em Wetlet, no Centro do país, e outras duas pessoas foram mortas em diferentes cidades de Shan, no nordeste. Mais uma vítima foi registrada na cidade de Hpakant, no norte do Mianmar, e mais duas foram baleadas em Mandalay, na segunda cidade mais populosa.

O golpe militar do dia 1º de fevereiro derrubou o governo eleito liderado pela ganhadora do Nobel da Paz, Aung San Suu Kyi. Dezenas de milhares de pessoas foram desabrigadas pelos conflitos armados entre o governo e os rebeldes, de acordo com as Nações Unidas.

Mais de 500 civis morreram em ações das forças de segurança desde o golpe de Estado de 1º de fevereiro em Mianmar, e os grupos rebeldes armados ameaçam aderir aos protestos contra a junta militar caso persista a repressão violenta.

Ignorando as críticas e sanções ocidentais, os generais birmaneses prosseguem com a repressão brutal, em uma tentativa de frear os protestos e greves pró-democracia que abalam o país país desde o golpe que derrubou o governo civil de Aung San Suu Kyi.

Um total de 510 pessoas, incluindo muitos estudantes e adolescentes, morreram por tiros de policiais e militares nos últimos dois meses, de acordo com a Associação de Ajuda aos Presos Políticos (AAPP).

A ONG afirma que o número de vítimas "é provavelmente muito maior", sobretudo porque centenas de pessoas continuam desaparecidas.

Diante do banho de sangue, vários grupos rebeldes ameaçaram nesta terça-feira (30) usar suas armas contra a junta.

"Se as forças de segurança continuarem matando civis, vamos colaborar com os manifestantes e adotaremos represálias", afirma uma declaração conjunta, assinada, entre outros, pelo Exército de Arakan (AA), um grupo armado com milhares de homens e recursos importantes.

- "Risco de guerra civil" -

"A situação corre o risco de virar uma guerra civil total", declarou à AFP Debbie Stothard, da Federação Internacional de Direitos Humanos (FIDH).

"A junta não quer ceder em nada e os manifestantes, que até agora foram pacíficos em sua maioria, estão tentados a pedir ajuda das facções armadas para obter proteção", completa.

Desde a independência de Mianmar em 1948, vários grupos étnicos entraram em conflito com o governo central para conseguir mais autonomia, acesso aos recursos naturais do país ou a uma parte do lucrativo tráfico de drogas.

Nos últimos anos o exército estabeleceu um cessar-fogo com alguns grupos e até chegou a retirar o AA de sua lista de organizações terroristas.

Mas no fim de semana passado, a junta militar executou ataques aéreos no sudeste do país contra um dos maiores grupos armados de Mianmar, a União Nacional Karen (KNU), depois que esta facção assumiu o controle de uma base militar e matou vários soldados.

Estes foram os primeiros ataques do tipo na região em 20 anos. Quase 3.000 pessoas fugiram da violência para a vizinha Tailândia, segundo organizações locais.

Mas as autoridades tailandesas as rejeitaram, disse à AFP a ativista dos direitos humanos Karen Hsa Moo.

"Afirmaram que deveriam retornar para casa porque não havia combates", disse a ativista, que citou novos ataques na segunda-feira à noite.

Ela afirmou que a Tailândia também está bloqueando o acesso das organizações humanitárias, incluindo o ACNUR (Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados).

Tanee Sangrat, porta-voz do ministério das Relações Exteriores da Tailândia, negou as informações. "Seguiremos atendendo os que estão no lado tailandês, enquanto avaliamos a evolução e as necessidades no local", disse.

A polícia tailandesa informou que interceptou 10 pacotes com 100 granadas e 6.000 cartuchos destinados à cidade fronteiriça de Tachileik.

- "Greve de lixo" -

Ao mesmo tempo, os protestos contra o golpe continuam em todo o país com novas táticas de resistência.

Nesta terça-feira foi convocada uma "greve de lixo", com pedidos para que os moradores joguem os resíduos de suas casas nas ruas e bloqueiem os cruzamentos das rodovias.

Em Yangon, a capital econômica do país, algumas estradas estavam repletas de lixo de todo tipo, além de cartazes com frases como "Precisamos de democracia".

O número de mortes aumentou consideravelmente nos últimos dias.

Ao menos 107 civis, incluindo sete menores de idade, morreram no sábado, Dia das Forças Armadas birmanesas.

Na segunda-feira foram organizados os funerais das vítimas do fim de semana, com milhares de pessoas. Muitos fizeram a saudação de três dedos, um sinal de resistência.

- Divisões na comunidade internacional -

Em resposta à repressão, o governo dos Estados Unidos anunciou a suspensão imediata do acordo sobre comércio e investimento concluído em 2013 com Mianmar, até que um governo "eleito democraticamente" seja restaurado.

A França denunciou a "violência cega e mortal" do regime e exigiu a libertação de "todos os presos políticos", incluindo Aung San Suu Kyi, que está detida em um local secreto e sem comunicação.

As autoridades do Reino Unido pediram uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU, que acontecerá na quarta-feira a portas fechadas.

Os militares birmaneses, no entanto, deram pouca atenção aos protestos e sanções ocidentais, aproveitando as divisões da comunidade internacional.

China e Índia se recusaram a condenar formalmente o golpe.

A Rússia mantém laços estreitos com a junta militar. O vice-ministro da Defesa, Alexander Fomin, acompanhou no sábado o desfile anual das Forças Armadas birmanesas.

O Kremlin expressou preocupação com o "crescente" número de mortos, mas declarou que Mianmar continua sendo um "aliado confiável e parceiro estratégico" com o qual deseja fortalecer suas relações militares.

O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, pediu à comunidade internacional "maior unidade" e "maior compromisso" para pressionar a junta.

Pelo menos três pessoas foram mortas em protestos em Mianmar neste sábado (13), após uma violenta noite de repressão, na qual centenas de manifestantes desafiaram o toque de recolher para realizar vigílias pelos mortos em protestos desde que os militares tomaram o poder.

Desde o golpe de 1º de fevereiro, a junta militar que assumiu o poder reprime um movimento de protesto sem precedentes, tentando detê-lo de forma cada vez mais violenta, inclusive com munição real. Até agora, mais de 70 manifestantes morreram, de acordo com a ONU.

Grandes manifestações continuam ocorrendo em todo o país exigindo a libertação da líder Aung San Suu Kyi - presa em 1º de fevereiro - e o retorno da democracia.

Em protestos neste sábado, as forças de segurança reprimiram duramente a mobilização em Mandalay, a segunda maior cidade do país,

Pelo menos três pessoas morreram e mais de 20 pessoas, incluindo um monge, ficaram feridas segundo jornalistas da AFP. Esses incidentes ocorreram um dia após a morte de três manifestantes em Yangon, a capital econômica do país.

Segundo imagens verificadas nas redes sociais, três manifestantes foram mortos a tiros durante confrontos com as forças de segurança.

Antes que esses distúrbios estourassem, centenas de manifestantes na noite de sexta-feira desafiaram o toque de recolher em vigor para realizar várias vigílias à luz de velas em todo o país.

Perto de Yangon, em Hledan - que por várias semanas foi o epicentro dos protestos - vários manifestantes carregando imagens de Suu Kyi sentaram-se e oraram, enquanto seguravam velas acesas em homenagem aos mortos nas mobilizações contra o golpe de Estado militar.

- "Honrar os heróis caídos" -

"Ignoramos o toque de recolher para honrar os heróis caídos", disse o ativista Thinzar Shunlei Yi à AFP.

Na manhã de sábado, o funeral de uma das vítimas, Chit Min Thu - que morreu na quinta-feira, dia que gerou um total de nove mortes - atraiu uma grande multidão, que deu a saudação simbólica de três dedos, um sinal de resistência ao novo poder, enquanto o corpo era levado ao crematório.

Um líder comunitário ligado ao governo civil deposto, Zaw Myat Linn, morreu terça-feira durante interrogatório após ser preso, de acordo com um órgão de assistência aos presos políticos.

No entanto, neste sábado a imprensa estatal afirmou que Zaw Myat Linn "saltou" do local onde se encontrava, caindo sobre um tubo de aço. A mídia oficial alertou que medidas severas seriam aplicadas contra aqueles que divulgam outras versões da morte do líder comunitário.

Na quinta-feira, o maior especialista da ONU em Mianmar, Thomas Andrews, disse ao Conselho de Direitos Humanos que "as evidências estão crescendo" de que os militares e seus oficiais de alto escalão "provavelmente cometerão crimes contra a humanidade, incluindo assassinatos, desaparecimentos forçados, perseguição, tortura e prisão em violação do (...) direito internacional".

A junta também intensificou sua repressão à imprensa, com cinco jornalistas indiciados na sexta-feira, incluindo um fotógrafo da agência Associated Press, que foi detido no mês passado enquanto cobria uma manifestação em Yangon.

Acusados de “causar medo, espalhar notícias falsas ou questionar direta ou indiretamente um funcionário do governo”, eles poderiam ser sentenciados entre dois e três anos de prisão, de acordo com a nova lei aprovada pelo conselho.

O Reino Unido aconselhou nesta sexta-feira (11) a seus cidadãos que deixem Mianmar, em meio a crescentes preocupações internacionais com a repressão cada vez mais violenta dos protestos contra o golpe de Estado.

Um comunicado divulgado pelo ministério das Relações Exteriores recomenda aos britânicos que "abandonem o país por meios comerciais, exceto em caso de necessidade urgente de permanecer".

A Associação para a Assistência aos Presos Políticos em Mianmar denunciou que pelo menos 60 civis morreram desde o início dos protestos, após o golpe de Estado de 1º de fevereiro que derrubou o governo civil de Aung San Suu Kyi.

A organização de defesa dos direitos humanos Anistia Internacional denunciou "execuções extrajudiciais" e o uso de armas de guerra.

O golpe de Estado, que usou como pretexto supostas fraudes eleitorais nas legislativas de novembro, vencidas pelo partido de Aung San Suu Kyi, a Liga Nacional para a Democracia (LND), acabou com uma década de transição democrática em Mianmar.

O Conselho de Segurança da ONU, por unanimidade de seus 15 membros - entre eles China e Rússia, aliados tradicionais dos generais birmaneses - criticou a violência do regime de Mianmar e pediu "máxima moderação".

Páginas

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando