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A seleção do Brasil não é do Brasil. Os contratos secretos da CBF com empresários que lucram milhões de dólares com realização de amistosos deram a investidores estrangeiros o controle total sobre a maior seleção da história, sequestrando a emoção do torcedor para garantir lucros e transformando os jogadores em meros atores de uma indústria do entretenimento.

Pelos acordos, a lista de convocados precisa atender a critérios estabelecidos pelos parceiros comerciais e qualquer substituição precisa ser realizada em "mútuo acordo" entre CBF e empresários. O contrato deixa claro: o jogador que substituir um "titular" precisa ter o mesmo "valor de marketing" do substituído.

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As condições fazem parte de minutas de contratos secretos obtidos pela reportagem e que revelam, de forma inédita, como a CBF leiloou a seleção brasileira em troca de milhões de dólares em comissões a agentes, cartolas, testas de ferro e o envolvimento de empresas em paraísos fiscais, longe do controle da Receita Federal brasileira.

Desde 2006, a CBF mantém um contrato com a companhia ISE para a realização dos amistosos da seleção. O acordo foi mantido em total sigilo por quase 10 anos. Documentos obtidos pela reportagem revelam agora que a ISE é uma empresa de fachada com sede nas Ilhas Cayman. Não tem escritório nem funcionários. É mera Caixa Postal, número 1111, na rua Harbour Drive, em Grand Cayman. A ISE é apenas uma subsidiária do grupo Dallah Al Baraka, um dos maiores conglomerados do Oriente Médio, com 38 mil funcionários pelo mundo.

Em 2011, esse contrato de 2006 foi renovado por 10 anos pelo então presidente da CBF, Ricardo Teixeira, em um encontro em Doha, no dia 15 de novembro. Ele seria oficializado no dia 27 de dezembro daquele ano. Entre 2006 e 2012, a ISE sublicenciou a operação para a Kentaro, companhia que passou a implementar cada partida da seleção com base no acordo.

Em 2012, o contrato de operação passou para as mãos da Pitch International, depois de uma negociação com a ISE e a CBF, que continua em vigência.

Nos primeiros acordos e emendas entre a CBF e a ISE, os termos não faziam qualquer menção às regras para a convocação de jogadores. Tudo mudaria em 2011. Os aspectos esportivos foram colocados em segundo plano. Trata-se, acima de tudo, de um esquema para explorar a marca da seleção em todos os seus limites, independentemente do resultado em campo ou do significado de uma partida para a preparação do time.

CONVOCADOS - Pelo acordo secreto, ficou estipulado que a seleção deveria entrar em campo sempre com seus principais jogadores, sem qualquer possibilidade de testar jovens promessas ou usar amistosos para preparar o grupo olímpico. "A CBF garantirá e assegurará que os jogadores do Time A que estão jogando nas competições oficiais participarão em qualquer e toda partida", disse o artigo 9.1.

Qualquer violação desse acordo significa pagamento menor de cota. "Se acaso os jogadores de qualquer partida não são os do Time A, a taxa de comparecimento prevista nesse acordo será reduzida em 50%", estipula o contrato. Por jogo, a CBF sai com US$ 1,05 milhão (R$ 3,14 milhões) se seguir o acordo.

Caso um jogador seja cortado por contusão, por exemplo, a CBF precisa provar com um certificado médico aos empresários da ISE que o atleta não tem condições de jogar. "Qualquer alteração à lista será comunicada por escrito à ISE e confirmada por mútuo acordo. Nesse caso, a CBF fará o possível para substituir com novos jogadores de nível similar, com relação ao valor de marketing, habilidades técnicas, reputação".

Para deixar claro o que significa "Time A", a ISE alerta que não aceitaria o que ocorreu em novembro de 2011 quando o Brasil foi ao Gabão e depois a Doha para enfrentar o Egito. Na época, o então treinador, Mano Menezes, não contou com Neymar, Paulo Henrique Ganso, Lucas, Marcelo, Kaká e Leandro Damião, nomes da lista original para os amistosos.

No novo contrato (o que passou a valer em dezembro daquele ano e vai até 2022), a empresa deixou claro que tal situação passaria a ser punida com uma redução em 50% do cachê pago. Além disso, todos os direitos de transmissão, copyright ou qualquer outro aspecto ficam sob controle total da empresa de fachada registrada nas Ilhas Cayman. Em um dos artigos do contrato, fica ainda estipulado que, mesmo que o acordo for suspenso, os direitos de copyright são mantidos sem data para acabar. Qualquer violação significa que a CBF teria de pagar uma multa de US$ 1 milhão.

O contrato ainda prevê que os períodos de preparação da seleção brasileira para as Copas de 2018 e 2022 também serão de exploração exclusiva da ISE. O acordo ainda termina com termo bem claro: confidencialidade. "Todos os termos e condições deste acordo serão tratados pelas partes como informações confidenciais e nenhuma das partes os divulgará".

GUERRA - Os documentos também revelam uma guerra interna na CBF pela fatia mais importante dos lucros. Quando Ricardo Teixeira assinou o novo acordo com a empresa de Cayman, ele já planejava sua saída da entidade, passando o controle para José Maria Marin e Marco Polo Del Nero. Mas o que se viu na transição de poder dentro da CBF foi um braço de ferro que seria vencido por Teixeira, mesmo já fora da entidade.

E-mails confidenciais obtidos pela reportagem revelam que Marin e Del Nero, o atual presidente da CBF, estavam negociando um novo contrato com a Kentaro, que oferecia aos parceiros valores superiores aos que estavam sobre a mesa, deixados por Teixeira.

Quem convenceu Marin e Del Nero a se lançar na ofensiva foi o Grupo Figer que, conforme mostram documentos, atuando apenas como intermediadora entre Kentaro e CBF, ficaria com US$ 132 milhões por permitir mais de 100 jogos da seleção entre 2012 e 2022 - valor superior ao que a CBF levaria com base no contrato da ISE.

Todos os detalhes fazem parte de uma ação judicial. De acordo com o relato dos fatos, documentos e e-mails juntados no processo, a renegociação dos acordos para realização dos amistosos teria começado logo depois da renúncia de Teixeira, no dia 8 de março de 2012.

Naquele momento, Juan Figer e seus filhos André e Marcel decidiram que o fim da "era Teixeira" poderia ser ocasião para passar a fazer parte dos intermediários que lucrariam com a seleção. O encarregado de falar com Del Nero foi Marcel Figer.

Ainda de acordo com os fatos relatados no processo, encontros se proliferaram na residência de Marin, na rua Padre João Manuel, esquina com Alameda Franca, em um flat de Del Nero em São Paulo, em hotéis em Londres e Budapeste e até na Federação Paulista de Futebol (FPF).

Depois de uma série de discussões, a Kentaro, o Grupo Figer, Marin e Del Nero fixaram encontro em Londres, em 25 de abril de 2012, no hotel Claridge. Em 2 de maio, e-mail enviado por Phillip Grothe, CEO da Kentaro, resumia o encontro e traçava as soluções e estratégias para o sucesso da empreitada.

Para que pudessem montar uma proposta que derrubasse o acordo da ISE, um dos sócios do Grupo Figer, Marcel, pediu e obteve de Del Nero uma cópia traduzida do contrato sigiloso entre a entidade e os sauditas, justamente para servir de base para o novo contrato a ser fechado com a Kentaro. O documento foi mostrado por Del Nero a Marcel em um encontro na sede da FPF, no dia 3 de maio de 2012. No dia seguinte, Marcel e Juan Figer foram ao apartamento de Marin e conseguiram dele sinal verde para tocar o acordo.

CONTRA-ATAQUE - Mas Teixeira não estava disposto a ver a arquitetura que montara na CBF desabar. No dia 19 de maio de 2012, ele viajou até a Alemanha para um encontro com Marin e Del Nero. Ambos estavam em Munique para a final da Liga dos Campeões da Europa, vencida pelo Chelsea. Teixeira, para não ser visto pela imprensa, ficou em uma cidade mais afastada.

Ainda assim, as negociações para mudar o parceiro da CBF teriam sido mantidas. No dia 21 de maio, o advogado do Grupo Figer, Alexandre Verri, elaborou a minuta do contrato entre Figer e Kentaro. Uma semana depois, uma versão final chegou aos interessados. Entre os itens do acordo estava a comissão de US$ 132 milhões que a Kentaro pagaria para o Grupo Figer.

Mas a renovação pretendida pela Kentaro não vingou. Em 16 de agosto de 2012, um acordo da CBF foi anunciado com a empresa Pitch International, depois de intermediação de Teixeira com os sauditas da ISE. A empresa que jamais havia organizado um jogo de futebol sequer, passaria a operar as partidas da seleção como subcontratada da ISE. O esquema montado por Teixeira estava preservado. Mesmo fora da CBF, continuou mandando na seleção ao lado de seus parceiros comerciais. E isso tudo até 2022.

Ricardo Teixeira está entre os cartolas investigados por conta de seu apoio ao Catar para sediar a Copa de 2022. O Estado obteve confirmações de que o ex-presidente da CBF é um dos alvos por conta de sua relação de amizade com Mohammed Bin Hammam, ex-presidente da Confederação Asiática de Futebol e um dos principais agentes do futebol do Catar, e também por causa de suspeitas de transações financeiras entre o Catar e a CBF logo antes da votação, em dezembro de 2010.

Teixeira, que era na época membro do Comitê Executivo da Fifa, não escondeu de ninguém que votou pelo Catar. Um ano depois, ele apoiaria Bin Hammam para a presidência da Fifa, contra Joseph Blatter. Agora, pelo menos três suspeitas pairam sobre ele. A primeira se refere ao fato de que a CBF recebeu um cachê fora dos padrões para realizar um amistoso da seleção brasileira, justamente no Catar. Em novembro de 2010, semanas antes do voto, o Brasil jogou em Doha contra a Argentina.

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Pessoas envolvidas na partida relataram que dois contratos foram assinados. Um, com a empresa que de fato organizou a partida. Outro teria sido fechado diretamente com a CBF, valendo cerca de US$ 14 milhões, para ser dividido entre as duas federações envolvidas.

Outro foco é o envolvimento de Bin Hammam com a empresa ISE, que detém todos os direitos sobre os amistosos da seleção brasileira até 2022. Teixeira e a ISE assinaram o acordo no Catar. A ISE ainda teria dado à Confederação Asiática de Futebol outros US$ 14 milhões para o "uso pessoal" de Mohamed Bin Hammam.

Os investigadores ainda querem saber se há alguma relação entre a votação do Catar na Fifa e o fato de que um amigo próximo de Teixeira, Sandro Rosell, fechou com o emirado um acordo histórico para patrocinar o Barcelona, dias antes da eleição em 2010. Rosell, ex-presidente do Barcelona, mantinha diversos acordos comerciais com a CBF e com a ISE.

O ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ricardo Teixeira, chegou discretamente no final da tarde desta quinta-feira ao Rio de Janeiro, desembarcou de um jatinho no aeroporto Santos Dumont e depois saiu do local a bordo de um helicóptero. Estava acompanhado de uma mulher e do empresário e amigo Wagner Abraão.

Ricardo Teixeira vive em Miami desde março de 2012, quando pediu renúncia do cargo de presidente da CBF. Pessoas que mantêm contato regular com o dirigente disseram que ele veio ao Brasil para tratar de questões financeiras, mais especificamente para tentar um meio de resgatar cerca de R$ 30 milhões da CBF retidos no Banco Rural. Na semana passada, o Banco Central decretou a liquidação do Rural. Isso gerou mal-estar na entidade com o afastamento de Antonio Osório do cargo de diretor financeiro.

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O Banco Rural era utilizado com frequência pela CBF para operações cambiais. Osório é homem de confiança de Ricardo Teixeira e entrou em rota de colisão com Marco Polo Del Nero, vice-presidente da entidade e presidente da Federação Paulista de Futebol (FPF).

O ex-presidente da CBF deve aproveitar a passagem pelo Rio de Janeiro para fazer uma consulta médica. De acordo com uma fonte ouvida pela reportagem, o ex-dirigente sabia que sua chegada seria registrada. Preferiu que houvesse uma imagem quase que oficial, em vez de ser flagrado por celulares. Evitaria assim o constrangimento de que estaria no Rio de Janeiro escondido, como se fosse um foragido da Justiça.

A bola rola pela primeira vez nesta quarta-feira (03) e o troféu será levantado apenas no dia 27 de novembro, data da segunda partida da final. A Copa do Brasil 2013 está completamente reformulada. Além de mais longa, a competição conta com uma ampliação no número de clube: pulou de 64 para 86.

A medida foi tomada, ainda em 2011, pelo antigo presidente da Confederação Brasileira de Futebol, Ricardo Teixeira. Na época, o cartola disse que as mudanças serviriam para valorizar a competição.

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Náutico, Salgueiro, Santa Cruz e Sport, campeão em 2008 da competição, são os representantes de Pernambuco na Copa do Brasil 2013. As equipes enfrentam na fase inicial, respectivamente, Boa Esporte-MG, Crac-GO, Guarani-CE e Vitória da Conquista-BA.

Entenda o regulamento e curiosidades

Serão 86 clubes buscando o título e, consequentemente, a vaga na Libertadores da América do ano seguinte. Entretanto, o slogan de “caminho mais curto para a competição continental” ganha uma interrogação com a ampliação de datas e clubes.

A Copa do Brasil é dividida em sete fases no sistema de eliminatórias simples em partidas de ida e volta. Assim como nos últimos anos, na primeira e segunda fase, a equipe visitante que vencer a primeira partida por dois ou mais gols de diferença estará automaticamente classificada sem a necessidade do duelo de volta.

Outra novidade aparecerá nas oitavas de final. Os clubes que estão disputando a Libertadores – nesta temporada Atlético-MG, Corinthians, Fluminense, Grêmio e Palmeiras – entram na competição a partir dessa fase. Para ampliar a confusão, além deles, o Vasco também entrará nas oitavas. Os cariocas herdaram a vaga do São Paulo (que disputa a Libertadores e a Sul-Americana, já que é o atual campeão) por ser a melhor equipe classificada na Série A do Brasileiro 2012.

Uma curiosidade, essa sem dúvida negativa, deve aparecer também nas oitavas. E envolver um clube pernambucano. Quem avançar para as quartas de final estará, automaticamente, fora da Copa Sul-Americana. Ou seja, de acordo com a tabela (caso avancem até essa fase), Náutico e Santos terão um duelo de interesses: seguir na Copa do Brasil ou eliminação para conseguir a vaga na competição continental.

Confira AQUI a tabela completa da Copa do Brasil 2013.

A revista francesa France Football publicou reportagem nesta terça-feira em que acusa a Fifa de ter vendido a Copa do Mundo ao Catar. De acordo com o veículo, o país teria conquistado o direito de sediar o Mundial em 2022 após comprar votos de dirigentes da entidade, como o brasileiro Ricardo Teixeira, ex-presidente da CBF e ex-membro do Comitê Executivo da Fifa.

Também estariam envolvidos o presidente da Associação de Futebol da Argentina (AFA), Julio Grondona, e o paraguaio Nicolás Leoz, presidente da Conmebol, no escândalo que a revista chamou de "Catargate", em referência ao caso de corrupção que derrubou o presidente Richard Nixon nos Estados Unidos.

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O Catar conquistou o direito de receber a Copa no dia 2 de dezembro de 2010, em votação que contou somente com votos dos membros do Comitê Executivo da Fifa. Na época, a escolha do pequeno país sem tradição no futebol, em detrimento dos Estados Unidos, causou polêmica. Especialistas levantaram dúvidas sobre as condições do Catar de receber os 64 jogos da Copa do Mundo no escaldante verão do Oriente Médio.

A prestigiada revista, parceira da Fifa em projetos como a premiação da Bola de Ouro, não apresenta provas concretas sobre a eventual corrupção na escolha da sede da Copa de 2022. Mas reúne indícios que levantam suspeitas sobre os votos do Comitê Executivo.

Antigo membro deste restrito grupo, Ricardo Teixeira é acusado pela France Football com base em valores negociados com o Catar para receber o amistoso entre Brasil e Argentina, em novembro de 2010, antes portanto da escolha da sede do Mundial de 2022.

Segundo a publicação, a CBF recebia em média US$ 1,2 milhão por jogo da seleção. Mas, para disputar o amistoso no Catar, a entidade teria embolsado US$ 7 milhões. O mesmo valor teria sido pago a Julio Grondona, da AFA, na ocasião. A revista ainda destacou que Ricardo Teixeira renunciou à presidência da CBF, em março do ano passado, para se "exilar" na Flórida e "escapar dos múltiplos casos de corrupção que o perseguem".

Entre outros nomes citados na reportagem, a France Football levanta suspeitas sobre Sandro Rosell, ex-diretor da Nike e atual presidente do Barcelona, e até sobre o atual presidente da Uefa, o ex-jogador francês Michel Platini.

A Polícia Civil do Rio começou investigação para apurar supostos crimes cometidos pelo ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ricardo Teixeira. A ação partiu de uma solicitação do Ministério Público Estadual (MP-RJ) e envolve denúncias de irregularidades acerca do amistoso entre Brasil e Portugal, em novembro de 2008, na reinauguração do estádio Bezerrão, no Gama (DF). Teixeira estaria sendo investigado pelos crimes de falsidade ideológica, formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e evasão fiscal.

A investigação, ainda em fase preliminar, começou há pouco mais de um mês na 16ª delegacia de Polícia (DP), na Barra da Tijuca, motivada por um procedimento preparatório de inquérito civil encaminhado pelo MP-RJ. A 7ª Promotoria de Justiça de Investigação Penal do MP pediu à polícia para fazer diligências, levantar sócios de empresas que poderiam ter alguma relação com os supostos crimes e colher depoimentos.

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O titular da 16ª DP, Carlos Henrique Pereira Machado, confirmou a investigação, mas não quis dar entrevista. Segundo a assessoria de imprensa da Polícia Civil, a apuração está na fase de comunicação às empresas. A Polícia nega que já tenha começado a colher depoimentos. Mas a reportagem tem informação de que duas pessoas já compareceram à delegacia para depor.

O amistoso entre Brasil e Portugal já rendeu uma ação no Distrito Federal, movida pelo Ministério Público do DF depois de investigação da polícia civil local. O processo tramita no Tribunal de Justiça do DF.

O MP-DF constatou superfaturamento de R$ 1,1 milhão da empresa Ailanto, contratada para organizar o jogo, que recebeu sem licitação R$ 9 milhões do governo do DF. Os sócios da empresa são o presidente do Barcelona e amigo de Teixeira, Sandro Rosell, e sua secretária, Vanessa Precht. Rosell foi executivo da Nike e fechou com Teixeira o contrato que deu início à parceria entre a empresa e a CBF, em 1996.

Em julho de 2009, o MP-DF ajuizou ação civil pública por improbidade administrativa contra o então governador José Roberto Arruda, o então secretário estadual de Esporte, Agnaldo Silva de Oliveira, e a Ailanto. Segundo a ação, o contrato entre a empresa e o governo para a realização do amistoso foi assinado uma semana antes da partida, "quando todas as tratativas para o jogo já estavam obviamente consumadas, porque não é com uma antecedência de sete dias que se consegue trazer a seleção brasileira".

Entre as irregularidades apontadas pela polícia, estava o superfaturamento das diárias de hospedagem das delegações brasileira e portuguesa, e até do voo fretado que transportou Cristiano Ronaldo e demais jogadores de Portugal. O jogo foi vencido pelo Brasil por 6 a 2.

Na ação, o MP-DF pede ressarcimento integral dos R$ 9 milhões pagos pelo governo do DF. Segundo a promotoria, mesmo tendo recebido o dinheiro, a empresa não arcou com todas as obrigações previstas no contrato.

A sede da Ailanto fica no Rio, no Leblon, e foi alvo de buscas da polícia do DF em agosto de 2011, durante a operação Balder II.

Em março deste ano, Ricardo Teixeira renunciou à presidência da CBF e do Comitê Organizador Local (COL) da Copa do Mundo de 2014. Desde então, ele mora em Miami (EUA). A reportagem procurou seu advogado, que não retornou as ligações.

BERLIM (AFP) - O chefe do Comitê de Ética da Fifa, o americano Michael Garcia, revelou neste domingo que o órgão recém-criado investigará o pagamento de milhões de dólares realizado pela empresa de marketing ISL aos dirigentes brasileiros João Havelange e Ricardo Teixeira.

Segundo documentos da Justiça suíça publicados recentemente pela Federação Internacional de Futebol, a empresa de marketing esportivo entregou milhões de dólares em comissões ao então presidente da Fifa, João Havelange, e ao então membro do Comitê Executivo do organismo e presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ricardo Teixeira, envolvendo os direitos de transmissão da Copa do Mundo.

O Comitê de Ética investigará ainda o processo que permitiu a realização da Copa do Mundo de 2006 na Alemanha, e as concessões dos Mundiais de 2018 e 2022 à Rússia e Qatar, respectivamente.

"Se olharmos bem, fica claro que é preciso investigar e vamos fazer isto", disse Garcia a imprensa alemã.

O chefe do Comitê de Ética afirmou que também investigará o atual presidente da Fifa, Joseph Blatter: "quanto maior a importância da pessoa investigada, maior é a importância da investigação".

Garcia e o alemão Hans-Joachim Eckert foram designados os máximos responsáveis do Comitê de Ética da Fifa na reunião extraordinária do máximo organismo do futebol mundial, em julho passado, em Zurique.

A Fifa divulgou, nesta quarta-feira (11), um documento que confirma que João Havelange, ex-presidente da entidade e da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), e Ricardo Teixeira, ex-presidente da CBF, receberam suborno da ISL, empresa de marketing que faliu em 2001. Um dia depois de tal revelação, nesta quinta (12), o atual presidente da CBF, José Maria Marin, foi questionado sobre o escândalo e, claro, em relação à permanência de Teixeira em um cargo de “assessor especial” na entidade.

O silêncio permaneceu. Marin disse preferir não se manifestar. Porém, após ser sabatinado por jornalistas, o cartola defendeu o ex-mandatário, que segue recebendo cerca de R$ 120 mil por mês da CBF. “Temos mais de 300 contratos em andamento na CBF. Teixeira contribui com uma assessoria pelo nível iternacional do cargo que ocupou durante 24 anos, como membro da Conmebol e da própria Fifa. Nós, então, aproveitamos da melhor maneira possível a experiência que o doutor Ricardo tem no futebol internacional, inclusive captando recurso através de publicidade. O que foi divulgado (sobre a ISL) não tem nada a ver com o vínculo existente entre CBF e o doutor Ricardo. Não vejo a relação”, defendeu.

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ENTENDA O CASO - De acordo com o processo, Teixeira recebeu US$ 13 milhões - entre 1992 e 1997 -, enquanto Havelange ganhou US$ 1 milhão (ambos em valores atualizados) em 1997. A “negociação” com a ISL garantia aos mandatários vantagens no processo de venda dos direitos de transmissão da Copa do Mundo.

Em nota oficial divulgada no seu site, a Fifa comemorou a decisão dos nomes dos envolvidos terem se tornado públicos e da confirmação de que a entidade não está diretamente envolvida com o escândalo, nem o seu atual presidente - Joseph Blatter -, mas "apenas dois dirigentes estrangeiros".

João Havelange foi presidente da Fifa por 24 anos antes de ser sucedido por Blatter, em 1998. Apesar do moralismo da entidade, o cartola, de 96 anos, continua com o cargo de presidente de honra da entidade.

Coincidência ou não, Havelange renunciou o posto de membro do Comitê Executivo do Comitê Olímpico Internacional, que ocupou por 48 anos, alegando problemas de saúde. Vale ressaltar que isso aconteceu dias antes da abertura de uma investigação contra ele.

Seguindo esse aspecto das coincidências do destino antes das investigações da Justiça, Ricardo Teixeira renunciou neste ano aos cargos de presidente da CBF, do Comitê Organizador da Copa do Mundo de 2014 e do Comitê Executivo da Fifa. O motivo? “Razões pessoais e problemas de saúde”. Atualmente, vive nos Estados Unidos, em Miami.

Pressionado, o presidente da Fifa, Joseph Blatter, confirmou que ele está citado nos documentos do Tribunal de Zug que, na quarta-feira, revelou o escândalo do pagamento de propinas para João Havelange e Ricardo Teixeira. Pelos documentos, fica claro que Blatter sabia de tudo e ainda defendeu na corte os brasileiros. Nesta quinta, em declaração ao site oficial da entidade, o cartola suíço se defendeu, alegando que nos anos 1990 o pagamento de subornos não era um crime na lei suíça e que, portanto, não tinha o que denunciar.

"Sabendo do que?", questionou ao ser indagado se ele sabia do verdadeiro esquema de corrupção na entidade. Nos documentos, a corte apenas fala de um indivíduo marcado como P1. Mas diante da pressão, Blatter decidiu reconhecer que a referência no documento é sobre ele mesmo. "Sim, sou eu".

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Segundo ele, a decisão de manter seu nome de forma anônima no documento não foi dele, mas da própria corte, que decidiu que pessoas que não estava sendo acusadas teriam sua privacidade protegida. Blatter defende a ideia de que todo o documento fosse publicado, sem tarjas ou letras substituindo nomes, como no caso da empresas ligadas a Teixeira ou os nomes das redes de TV que deram dinheiro aos cartolas, inclusive no Brasil.

Blatter não falou com a imprensa e apenas respondeu perguntas feitas por sua própria assessoria de imprensa, em uma mensagem controlada. "O senhor supostamente sabia (do pagamento de propinas)", questionou o site da Fifa. "Saber o que? Que comissão eram pagas? Naquela época, tais pagamentos podiam ser deduzidos até mesmo de impostos como gastos de negócios", disse. "Hoje, seriam punidas pelas lei. Não se pode julgar o passado com base nos padrões de hoje", indicou. "Caso contrário, acabaria como justiça moral. Eu não poderia saber de uma ofensa que na época não era ofensa", se defendeu.

Blatter da todos os sinais de que não vai reabrir o passado. Segundo ele, a comissão de ética da Fifa apenas irá garantir que o mesmo não se repita a partir de agora. Sobre o futuro de Havelange como presidente de honra da entidade, o dirigente insiste que ele não tem poderes para decidir o que acontecerá com o brasileiro e que apenas o Congresso da Fifa pode tomar uma decisão, em 2013. "O Congresso nomeou como presidente honorário. Só o Congresso pode decidir o seu futuro", disse.

A Fifa divulgou nesta quarta-feira um documento para confirmar que os brasileiros João Havelange, ex-presidente da entidade, e Ricardo Teixeira, ex-presidente da CBF, receberam suborno da ISL, que faliu em 2001. O anúncio da entidade acontece no mesmo dia em que o Supremo Tribunal da Suíça ordenou a liberação dos documentos que revelavam os nomes dos dirigentes que aceitaram propina da empresa de marketing.

Segundo o processo, Teixeira recebeu US$ 13 milhões (em valores atualizados) entre 1992 e 1997 da ISL, enquanto Havelange ganhou US$ 1 milhão (também em valores atualizados) em 1997 da empresa de marketing em troca de vantagens no processo de venda dos direitos de transmissão da Copa do Mundo.

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Em nota oficial divulgada no seu site, a Fifa comemorou a decisão dos nomes dos envolvidos terem se tornado públicos e da confirmação de que a entidade não está diretamente envolvida com o escândalo, nem o seu atual presidente - Joseph Blatter -, mas "apenas dois dirigentes estrangeiros".

Nesta quarta-feira, o Supremo Tribunal da Suíça decidiu que a liberação dos documentos, solicitados por órgãos de imprensa sobre a investigação criminal, encerrada em maio de 2010, eram de interesse público. Quando o caso foi finalizado, os dirigentes envolvidos, que agora se sabe que são Teixeira e Havelange, pagaram 5,5 milhões de francos suíços sob a condição dos seus nomes não serem revelados.

Inicialmente, a Fifa ajudou com a manutenção dos documentos em anonimato, mas decidiu abandonar o caso no final de 2011. A decisão do tribunal foi publicada no site oficial da entidade nesta quarta-feira. O documento possui 42 páginas e detalha os pagamentos feitos a Havelange e Teixeira pela ISL.

Havelange foi presidente da Fifa por 24 anos antes de ser sucedido por Blatter na

1998. O dirigente, de 96 anos, continua sendo presidente de honra da Fifa. Nesse ano, ele ficou longo período internado em um hospital no Rio em razão de uma infecção bacteriana.

Membro do Comitê Executivo do Comitê Olímpico Internacional por 48 anos, o dirigente renunciou ao seu cargo em dezembro de 2011 alegando problemas de saúde, dias antes da abertura de uma investigação contra ele.

Já Teixeira renunciou neste ano aos cargos de presidente da CBF e do Comitê Organizador da Copa do Mundo de 2014. E ele também deixou o Comitê Executivo da Fifa, alegando razões pessoais e problemas de saúde que não foram especificados. Atualmente, Teixeira vive nos Estados Unidos, em Miami.

Pouco mais de um mês depois de renunciar ao comando da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ricardo Teixeira pode voltar à entidade. Isso porque no próximo dia 16 de abril, em assembleia geral extraordinária, os filiados vão votar a proposta de transformar o ex-dirigente em presidente de honra na CBF.

De acordo com o edital de convocação da assembleia, a proposta foi apresentada "pelas filiadas", mas o texto não especifica qual delas. Se a ideia for aprovada, Ricardo Teixeira será o segundo presidente de honra da CBF, assumindo o mesmo cargo figurativo que tem seu ex-sogro João Havelange, que presidiu a entidade de 1957 a 1974.

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Com a aprovação, seria alterado o artigo 7.º do Estatuto. Ali, Havelange e Teixeira seriam "consagrados patronos da CBF, em caráter permanente, como reconhecimento aos relevantes e excepcionais serviços por eles prestados a esta entidade, ao futebol brasileiro e ao futebol mundial".

Antes da assembleia extraordinária acontecerá, também na sede da CBF, no Rio, uma assembleia ordinária, na qual serão julgadas as contas e o balanço financeiro e patrimonial da entidade em 2011.

A Fifa disse nesta terça-feira que Ricardo Teixeira deve ser substituído "imediatamente" no seu comitê executivo pela Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol). O brasileiro renunciou ao seu cargo na Fifa por "motivos pessoais" sem dar mais detalhes na segunda-feira, uma semana depois de deixar a presidência da CBF e do Comitê Organizador da Copa do Mundo de 2014.

Nesta terça-feira, a Fifa disse que seu estatuto exige que a Conmebol tome uma ação rapidamente. "A Conmebol terá agora de decidir imediatamente sobre a substituição de Ricardo Teixeira como um dos seus representantes no Comitê Executivo da Fifa para o período remanescente do mandato", anunciou a Fifa em um comunicado.

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Com 24 membros e presidido por Joseph Blatter, o Comitê Executivo da Fifa se reúne na próxima semana em Zurique, mas já era esperado que Teixeira não comparecesse. O brasileiro ficou em situação complicada na entidade após Blatter declarar que desejava publicar documentos sobre escândalo da década de 1990 em que a ISL teria pago suborno a dirigentes, incluindo Teixeira.

Presente no Comitê Executivo da Fifa desde 1994, Teixeira tinha mais dois anos de mandato como um dos representantes sul-americanos. A Conmebol tem três assentos no painel, sendo que, tradicionalmente, um é destinado ao futebol brasileiro e outro ao argentino. A Conmebol pode enviar um substituto interino para a reunião em Zurique, marcada para os dias 29 e 30 de março, até que uma eleição seja realizada.

O Comitê Executivo da Fifa já tem um membro interino e um assento vago. O chinês Zhang Jilong está substituindo Mohamed bin Hammam, que era presidente da Confederação Asiática de Futebol e foi bandido por toda a vida no ano passado, mas só poderá ser formalmente trocado após a avaliação do seu recurso na Corte Arbitral do Esporte. Além disso, ainda não foi indicado um substituto para Jack Warner, ex-presidente da Concacaf, que deixou todos seu cargos no futebol para evitar uma investigação no escândalo de suborno na eleição presidencial que envolveu Bin Hammam.

O ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) Ricardo Teixeira renunciou nesta segunda-feira ao cargo que tinha no Comitê Executivo da Fifa, representando o futebol sul-americano. O anúncio da saída do dirigente foi feito no começo da noite pelo site oficial da Conmebol.

De acordo com a entidade sul-americana, Teixeira enviou carta ao presidente da Conmebol, o paraguaio Nicolás Leoz, e comunicou a sua renuncia irrevogável. O brasileiro alegou que sua decisão foi tomada por "motivos particulares". Há uma semana, quando, também por meio de carta, deixou a CBF, afirmou que o fazia para cuidar da saúde.

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Teixeira, que também já havia renunciado à presidência do Comitê Organizador Local da Copa do Mundo de 2014 (COL), fica agora sem nenhum cargo no futebol. Na carta enviada à Conmebol, ele agradeceu a Leoz e aos membros do Comitê Executivo da entidade "pelo apoio e colaboração" que sempre deram. A Conmebol ainda não anunciou o seu substituto na Fifa.

Na presidência da CBF desde 1989, Teixeira vinha sendo citado em denúncias de corrupção. Os rumores sobre a saída dele CBF começaram a surgir em fevereiro. Há duas semanas, o dirigente se afastou do comando da CBF através de uma licença médica. Na segunda-feira passada, porém, deixou a presidência da entidade e do COL em definitivo. Nos dois cargos, foi substituído por José Maria Marin, seu vice-presidente.

Um dia após a renúncia de Ricardo Teixeira, Ronaldo veio a público lamentar a queda do ex-presidente da CBF e do Comitê Organizador Local (COL) da Copa do Mundo, do qual faz parte. Em comunicado breve, o ex-atacante também deu as boas-vindas ao novo comandante das duas entidades, José Maria Marín.

"Lamento a saída do Ricardo Teixeira, mas temos de respeitar a decisão dele de querer cuidar da saúde e também da família. Como já conversei com o novo presidente, nós vamos discutir todos os assuntos juntos e tomar as decisões juntos também, como num colegiado", declarou Ronaldo.

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Com a renúncia de Teixeira, o ex-jogador se tornou o principal interlocutor do COL com o governo federal e Fifa. "Tenho certeza de que essa transição será tranquila para todo o corpo técnico do COL e da Fifa", assegurou.

Ronaldo ainda se mostrou bastante otimista em relação ao andamento das obras da Copa de 2014. "O trabalho do COL está avançando muito bem e todas as nossas tarefas estão sendo cumpridas com sucesso. É preciso manter o foco porque temos pela frente o trabalho de monitoramento dos estádios, a seleção dos Centros de Treinamento das Seleções e Campos Oficiais de Treinamento, além de marcos importantes como a divulgação do slogan e da mascote", registrou.

Ricardo Teixeira quer ficar recluso. Desde a semana passada en Miami, onde já moravam esposa e a filha mais nova, o ex-presidente da CBF - sempre avesso às entrevistas - espera encontrar a tranquilidade que tanto desejou nos dias conturbados de denúncias e críticas, à administração da entidade e ao futebol da seleção brasileira. Mas o cartola também precisa se tratar.

Internado no fim do ano passado com uma diverticulite (inflamação no intestino grosso), diabético, Teixeira foi submetido a uma cirurgia cardíaca há alguns anos. Na assembleia geral extraordinária da semana passada, comunicou aos dirigentes de federações que passaria por exames importantes, que determinariam seu real estado. Pouco mais de uma semana depois, renunciou.

Segundo o presidente da federação paraense, Antonio Carlos Nunes, o ex-presidente da CBF vai passar por uma cirurgia nos próximos dias. Recentemente, Teixeira ainda apresentava sequelas após cair do cavalo, em sua fazenda, no interior do estado do Rio de Janeiro. O cartola tinha de fazer fisioterapia, mas faltou às sessões e começou a andar com dificuldade.

Nos últimos meses, aumentaram as denúncias contra Teixeira. A que mais o atormentava diz respeito à propinas que ele teria recebido da empresa suíça de marketing esportivo ISL, numa transição envolvendo a Fifa.

A pessoas próximas, o ex-presidente confidenciou que não queria ver a filha mais nova crescer da mesma forma que os três filhos mais velhos, com denúncias e insinuações contra a integridade do pai. No Brasil, se desfez de vários bens e dispensou funcionários, como seguranças e motoristas. Dava sinais de que renunciaria.

Em todo o processo de renúncia, não ficou claro o quanto pesou a pressão do governo federal - Teixeira já não mantinha diálogo com a presidente Dilma -, ou a ameaça da Fifa em revelar documentos que comprovariam a corrupção do dirigente no caso da ISL.

O Ministro do Esporte, Aldo Rebelo, divulgou nota oficial no início da tarde desta segunda-feira para afirmar que a troca de comando na Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e no Comitê Organizador Local (COL), com a saída de Ricardo Teixeira e a chegada de José Maria Marín, não muda o trabalho relacionado à organização da Copa do Mundo de 2014.

"Diante do anúncio da nova liderança do Comitê Organizador Local (COL) para a Copa do Mundo de 2014, o Ministério do Esporte reafirma sua determinação de continuar cooperando com a entidade responsável pela organização do Mundial. Seguiremos trabalhando em harmonia para o êxito das tarefas comuns necessárias ao sucesso do evento", é tudo que diz a nota.

A relação entre o governo e Ricardo Teixeira era das piores nos últimos tempos. O sorteio das Eliminatórias da Copa mostrou que a presidente Dilma Rousseff buscava isolar o dirigente cada vez mais, tanto é que ele sequer foi convidado a ir à área reservada a ela na Marina da Glória. Com um novo interlocutor, a relação entre governo e CBF pode ganhar novas formas.

O deputado federal Romário (PSB-RJ) comemorou nesta segunda-feira a renúncia de Ricardo Teixeira do cargo de presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). O ex-atacante foi bastante duro em texto publicado no seu perfil no Facebook. Tratou o ex-presidente como "um câncer do futebol brasileiro" e disse temer que José Maria Marín venha a ser outra doença.

"Hoje (segunda-feira) podemos comemorar. Exterminamos um câncer do futebol brasileiro. Finalmente, Ricardo Teixeira renunciou a presidência da CBF. Espero que o novo presidente, José Maria Marín, o que furtou a medalha do jogador do Corinthians na Copa São Paulo de Juniores, não faça daquele ato uma constante na Confederação. Senão, teremos que exterminar a aids também", escreveu Romário.

O ex-atacante lembrava o episódio da final da Copa São Paulo deste ano, quando Marín, um dos responsáveis pela entrega das medalhas aos campeões, foi flagrado colocando uma delas no bolso. Depois, explicou que era uma cortesia a que tinha direito. Nesta segunda, em sua entrevista coletiva de posse na CBF, o dirigente classificou a repercussão daquilo como uma "piada".

Crítico ferrenho de Ricardo Teixeira e da CBF, Romário indicou não ter esperanças de que as coisas entrem nos eixos no futebol brasileiro. "Acho muito difícil e quase impossível (que) a CBF dê uma nova cara para o nosso futebol", escreveu ele, logo após desejar boa sorte a Marin.

O deputado carioca encerrou o texto mantendo sua linha de atuação e mais uma vez pediu uma limpa na CBF. "Não só acredito, mas também espero, que uma limpeza geral deve ser feita na CBF. Só então, definitivamente, poderemos ficar tranquilos de que a mudança acontecerá em todos os sentidos", concluiu Romário.

O ex-jogador Bebeto afirmou nesta segunda-feira ter ficado "triste" pela saída de Ricardo Teixeira do cargo de presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) após 23 anos. Membro do Comitê Organizador Local (COL) à convite exatamente de Teixeira, o atacante tetracampeão disse ainda que não pensa em colocar seu cargo à disposição tal como fizeram outros cartolas que têm cargo de confiança na CBF.

"Não estou preocupado não, não tenho nenhuma preocupação quanto a isso (colocar o cargo à disposição). Sou mais um voluntário. Não vai mudar nada, estou só pensando no meu povo, no Brasil, em fazer uma das melhores Copas do Mundo", disse Bebeto, ao SPORTV.

A entrevista do ex-jogador, aliás, mostrou quão figurativo é o papel dele e de Ronaldo no COL. Quando perguntado sobre sua função, foi evasivo. "Eu acho que a gente tem esse trabalho aí, de estar acompanhando essas obras aí. O cronograma de tudo. A gente tem que receber todo mundo e fazer tudo certinho, principalmente construção de estádios, reforma de aeroportos, que a gente tem que ficar acompanhando também", tentou explicar.

Depois, inquirido sobre a divisão de papeis entre ele e Ronaldo no COL, Bebeto se enrolou ainda mais e indicou que sua principal função até agora foi pedir para os trabalhadores do Maracanã usarem capacete na obra. "Todo mundo junto, eu e o Ronaldo estamos sempre juntos. Fiz o primeiro evento no Maracanã, foi com os trabalhadores lá, foi marcante. Acho que o Maracanã é o meu maior palco. A gente estava lá conversando com os trabalhadores, pedindo para colocar capacete. Esses itens de segurança salvam vida", ressalvou o ex-jogador.

Durante a entrevista, Bebeto usou diversas vezes o discurso de político - ele é deputado estadual no Rio. Repetiu seguidamente que o Brasil vai fazer uma grande Copa e que faz um voluntário à serviço do povo. Também revelou que ainda não conversou com José Maria Marin, novo presidente da CBF.

A gestão de Ricardo Teixeira à frente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) durou 23 anos e foi encerrada oficialmente nesta segunda-feira, quando José Maria Marín, seu substituto no comando da entidade e do Comitê Organizador Local da Copa do Mundo de 2014, anunciou a saída definitiva do dirigente de ambos os cargos. Nesse período, a seleção brasileira conquistou diversos títulos, mas a entidade também ficou marcada por várias denúncias de corrupção.

Teixeira foi eleito para a presidência da CBF em janeiro de 1989 ao derrotar Nabi Abi Chedid no pleito para suceder Octávio Pinto Guimarães. No mesmo ano, a entidade criou a Copa do Brasil. Outra mudança relevante no futebol brasileiro se deu em 2003, quando o Campeonato Brasileiro passou a ser disputado por pontos corridos.

Também em 1989, a seleção brasileira faturou o título da Copa América, encerrando um jejum de 50 anos sem vencer o torneio continental. A seleção também venceu a competição em 1997, 1999, 2004 e 2007.

Em 1994, a seleção brasileira voltaria a quebrar um longo período sem conquistas. Dessa vez, da Copa do Mundo, vencida nos Estados Unidos. A equipe também venceu a competição em 2002. Sob a presidência de Teixeira, a equipe também foi campeã das Copa das Confederações, em 1997, 2005 e 2009.

Apesar do sucesso dentro de campo, vários escândalos surgiram na CBF sob a presidência de Teixeira. No retorno do grupo campeão da Copa do Mundo de 1994, Teixeira se envolveu em polêmica, acusado de forçar a liberação de mercadorias compradas nos Estados Unidos sem o pagamento de impostos.

Além disso, Teixeira foi um dos principais alvos da CPI do Futebol, no Senado, e da CPI da Nike, na Câmara dos Deputados, em 2001. As comissões provocaram a abertura de vários processos contra o dirigente, que acabou sendo absolvido. Mais recentemente, em 2009, a organização do amistoso entre Brasil e Portugal, foi alvo de acusações de irregularidades e corrupção.

Os escândalos, porém, não se resumiram ao futebol brasileiro. No ano passado, a emissora britânica acusou Teixeira e outros dirigentes de terem recebido propina da empresa de marketing ISL. Os documentos sobre o caso, que chegou a ser arquivado pelo judiciário suíço, podem ser reabertos.

Em 1997, Teixeira firmou um contrato milionário de patrocínio para a seleção brasileira com a Nike. O aumento do número de patrocinadores e da receita da CBF foi, aliás, uma das marcas da sua gestão. Dez anos depois, o Brasil foi escolhido sede da Copa do Mundo de 2014.

Os rumores sobre a saída de Teixeira da CBF começaram a surgir em fevereiro. A entidade realizou um Assembleia Geral da entidade em 29 de fevereiro, mas não foram anunciadas decisões relevantes. Na semana passada, o dirigente se afastou do comando da CBF através de uma licença médica. Nesta segunda-feira, porém, deixou a presidência da entidade e do COL em definitivo.

Novo presidente da CBF, José Maria Marín afirmou nesta segunda-feira, no Rio, onde oficializou a saída definitiva de Ricardo Teixeira do cargo, que apenas dará continuidade ao trabalho do seu antecessor na entidade que comanda o futebol brasileiro. O dirigente de 79 anos ressaltou que não iniciará um novo modelo de administração e pregou que lutará para prosseguir o atual.

"Imediatamente (ao assumir o seu novo posto) mencionei a todos eles (presidentes de federações estaduais e outros dirigentes) que não se trata de uma nova gestão, é uma continuidade do estupendo trabalho que Teixeira vinha fazendo", afirmou Marín, em entrevista na sede da CBF, na qual por certos momentos ele se mostrou exaltado.

Dentro desta sua proposta, Marín afirmou que insistiu a todos os diretores da CBF que continuem em seus cargos, apesar da saída definitiva de Teixeira do comando. "Não há uma nova administração, não existe um novo projeto. O que existe é a continuidade", repetiu o novo mandatário, que ainda cobrou reverência a Teixeira e João Havelange, ex-presidente da Fifa e um dos grandes nomes da história do futebol enquanto dirigente. "Ainda aguardo não só a gratidão, mas o respeito a essas figuras", enfatizou.

Na entrevista coletiva, Marín ainda revelou que já iniciou o processo de alteração societária para assumir o lugar de Teixeira também na presidência do Comitê Organizador Local (COL) da Copa do Mundo de 2014. Como este processo junto à Fifa é semelhante ao que existe em uma empresa, ele não pode assumir imediatamente essa outra função.

GAFE - Além de falar sobre como pretende dar continuidade ao trabalho de Teixeira, Marín protagonizou uma gafe ao falar justamente sobre o seu papel na organização do Mundial que será realizado no Brasil. "Vou assumir o COL ao lado de um grande ex-jogador, o Romário", disse o dirigente, antes de ser corrigido por Rodrigo Paiva, diretor de comunicação da CBF, que o alertou que o certo é Ronaldo, e não o ex-atacante que foi o grande nome do tetracampeonato mundial de 1994. Ronaldo é membro do conselho de administração do COL.

Já ao ser questionado sobre a polêmica das medalhas durante a premiação do campeão da Copa São Paulo de Futebol Júnior deste ano, em janeiro, Marín quase engasgou enquanto tomava um copo de água. Na época, o dirigente foi flagrado por imagens de TV nas quais ele apareceu colocando no bolso uma das medalhas destinadas ao time júnior do Corinthians. Ele, porém, negou que tenha roubado o objeto e garantiu que o mesmo foi um presente da Federação Paulista de Futebol.

"Considero esse assunto uma verdadeira piada, porque foi uma cortesia que recebi da Federação Paulista de Futebol e na frente de todo mundo", disse Marín, para depois pedir para Marco Polo del Nero, presidente da FPF, confirmar a história, fato que acabou ocorrendo. "Não houve nada escondido. Eu entreguei a medalha para ele, e ele a guardou", assegurou Del Nero.

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