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O governo federal tem diante de si uma janela de oportunidade para influenciar a política monetária ainda neste ano. A avaliação é da própria equipe econômica do governo, para quem os meses de abril e maio são decisivos para adotar medidas que seduzam os corações e mentes dos diretores do Banco Central na definição da trajetória da taxa básica de juros, a Selic. A questão é que a janela se abre para dois lados. Com a inflação ainda pressionada, a "grande" oportunidade para o Banco Central (BC) elevar a Selic e assim iniciar um ciclo de aperto para frear o consumo e consequentemente os preços, será entre abril e maio. Parte do mercado financeiro aposta que o BC vai elevar os juros no mês que vem.

Antevendo isso, o governo federal antecipou várias medidas fiscais, previstas para serem anunciadas ao longo do ano, de forma a reduzir no curto prazo o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), termômetro oficial da inflação. Alguns efeitos já foram sentidos nas leituras feitas no mês passado. A desoneração dos 16 itens da cesta básica, prevista para 1º de maio, foi antecipada em dois meses. O pacote de 14 setores beneficiados com a desoneração da folha de pagamentos, programado para junho, foi antecipado para a semana passada. Esses dois pacotes vão render uma renúncia fiscal combinada de R$ 12,8 bilhões no ano que vem. Os benefícios aos 14 setores anunciados na semana passada só entrarão em vigor em janeiro de 2014, mas o governo aposta que o anúncio dos incentivos, presentes na MP nº 612, devem estimular os investimentos.Os preços dos combustíveis vão começar a cair em maio, avaliam os técnicos do Ministério da Fazenda. A gasolina passará a ter 25% de etanol na mistura, e não mais 20%, e, com isso, o preço do combustível deve ceder.

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O governo também resolveu, de última hora, prorrogar a tabela reduzida de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) à indústria automobilística. Até poucos dias antes da prorrogação, em 31 de março, a definição no Ministério da Fazenda era pelo cumprimento da estratégia traçada em janeiro: o IPI voltaria a subir, aos poucos, a partir de abril, dando início ao novo regime automotivo. O mesmo expediente deve ser adotado com o IPI reduzido para eletrodomésticos da linha branca, previsto para subir em julho.

Inflação Segundo cálculos internos do governo, o IPCA deve ter superado a barreira dos 6,5% nos 12 meses acumulados em março. O número oficial será divulgado amanhã (10) pelo IBGE. Com a notícia ruim, o mercado aposta que o momento para elevar a Selic será este, e todos no governo sabem disso. Não há nenhuma oposição no Palácio do Planalto a um eventual movimento do BC neste sentido. Pelo contrário: temendo que a inflação se perenize em níveis elevados, o governo não descarta a possibilidade de a Selic, estacionada em 7,25% ao ano desde novembro, subir um pouco. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Os economistas consultados na pesquisa semanal Focus, do Banco Central, divulgada nesta segunda-feira, continuam projetando manutenção dos juros na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), em abril, e alta da Selic em maio, de 7,25% para 7,50% ao ano. Foram mantidas todas as projeções para a taxa básica de juros entre julho e novembro de 2013.

Para julho, a estimativa segue em 8,00% ao ano. Para agosto, em 8,25% ao ano. Para outubro, em 8,50% ao ano. Para novembro, em 8,50% ao ano. Para o período de janeiro a setembro do próximo ano, as estimativas para a Selic foram mantidas em 8,50% ao ano. Em relação à reunião do Copom de abril de 2013, as projeções variam entre manutenção em 7,25% ao ano e alta para 7,75% ao ano, mesmo resultado da semana anterior.

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O mercado financeiro mostrou-se menos dividido em relação ao comportamento da taxa básica de juros (Selic) nos próximos 12 meses à frente. Conforme o documento Distribuição de Frequências, divulgado uma vez por mês junto com o relatório de mercado Focus, divulgado pelo Banco Central nesta segunda-feira, há concentração das projeções em um patamar. Quase 60% da amostragem do BC se concentra na expectativa de que a taxa subirá para algo próximo de 9% ao ano nos 12 meses à frente. No final de fevereiro, em torno de 30% da amostragem do BC se concentrava na expectativa de que a taxa seguiria em 7,25% ao ano.

Outro segmento, também com cerca de 30% dos participantes, previa um pico de 8,75% ao ano 12 meses à frente. A mediana passou de 7,25% ao ano no fim de janeiro para 8,00% em fevereiro e 8,50% em março.

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O mesmo documento traz gráficos das estimativas do mercado para o IPCA de 2013 e 2014. Para este ano, o porcentual de analistas consultados que acreditam que o índice oficial de inflação do País ficará perto de 5,80% recuou de cerca de 50% em fevereiro para aproximadamente 45% em março. A meta perseguida pelo BC é de uma taxa de 4,50%, com teto de 6,50%. Para 2014, a perspectiva de que o IPCA encerrará o ano perto desse patamar de 5,8% recuou de aproximadamente 35% para cerca de 30%.

Abril

Para a próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), em abril, os economistas continuam projetando manutenção dos juros e alta da Selic em maio, de 7,25% para 7,50% ao ano.

Além disso, também foram mantidas as projeções para a taxa básica de juros entre julho e novembro de 2013. Para julho, a estimativa segue em 8,00% ao ano. Para agosto, em 8,25% ao ano. Para outubro, em 8,50% ao ano. Para novembro, em 8,50% ao ano.

Já para o período de janeiro a setembro do próximo ano, as estimativas para a Selic foram mantidas em 8,50% ao ano. Em relação à reunião do Copom de abril de 2013, as projeções variam entre manutenção em 7,25% ao ano e alta para 7,75% ao ano, mesmo resultado da semana anterior.

Para uma importante corrente de analistas, a economia brasileira teria de crescer muito pouco em 2013, ou mesmo ficar parada, para atenuar as pressões inflacionárias derivadas do mercado de trabalho aquecido. Segundo projeção de Fernando de Holanda Barbosa Filho e Rodrigo Leandro de Moura, do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da Fundação Getúlio Vargas, no Rio (FGV-Rio), se o PIB brasileiro crescer apenas 1% em 2013, a taxa de desemprego permanecerá na baixa recorde de 5,5% (média mensal de 2012 da desocupação nas principais regiões metropolitanas, livre de variações sazonais).

Para o economista José Márcio Camargo, da gestora de recursos Opus, a atual situação do emprego é "altamente inflacionária", porque leva a um crescimento de 8% a 10% dos salários ao ano, acima da inflação. "Sem aumentar a taxa de desemprego, será difícil manter a inflação sob controle num prazo mais longo - a inflação vai se acelerar lentamente", diz.

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Camargo acrescenta que "qualquer crescimento (do PIB) acima de 1% vai manter o mercado de trabalho aquecido e, para provocar um aumento na taxa de desemprego, a economia terá de ter crescimento próximo de zero ou negativo". Ele nota que a população economicamente ativa está crescendo pouco, a produtividade não está aumentando e a economia está se expandindo com base no setor de serviços, que emprega mais mão de obra.

Segundo seus cálculos, se forem eliminadas todas as desonerações tributárias e outras medidas para controlar preços, como a defasagem dos combustíveis e a redução das contas de luz, a inflação anual estaria por volta de 7,4%, bem acima do teto do limite de tolerância do sistema de metas, de 6,5%. Para muitos economistas, aquelas medidas sobre preços reduzem o índice de inflação apenas momentaneamente, mas não atacam as pressões inflacionárias de fundo.

Hoje, uma boa parte dos analistas prevê que o Banco Central (BC) elevará a Selic, a taxa básica de juros, em algo como 1 a 1,5 ponto porcentual este ano (ela está em 7,25%). Mas, para conter a inflação derivada do mercado de trabalho aquecido (que afeta principalmente o setor de serviços, protegido da competição internacional), vários economistas acham que a alta da Selic teria de ser muito maior.

Essas grandes altas dos juros, porém, são descartadas unanimemente, já que seriam o equivalente a uma forte freada na economia e no emprego que provavelmente se faria sentir principalmente em 2014, ano de eleição presidencial. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Os economistas consultados na pesquisa Focus do Banco Central elevaram a previsão para a taxa básica de juros (Selic) ao final de 2013, de 7,25% para 8,00% ao ano. Essa projeção não era alterada há 16 semanas. Para o fim de 2014, a mediana das projeções segue em 8,25% ao ano há 11 semanas. A projeção para a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) de abril segue em 7,25% ao ano, indicando estabilidade.

Já a projeção para Selic média em 2013 subiu de 7,25% para 7,39% ao ano. Para 2014, a estimativa passou de 8,30% para 8,38% ao ano, ante 8,23% há quatro semanas. Nas estimativas do grupo dos analistas consultados que mais acertam as projeções, o chamado Top 5 da pesquisa Focus, a previsão para a Selic no fim de 2013 no cenário de médio prazo passou de 7,25% para 8,50% ao ano. Para o fim de 2014, subiu de 7,63% para 7,88% ao ano.

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Câmbio

A mediana das projeções para a taxa de câmbio no final de 2013 segue em R$ 2,00. Quatro semanas antes estava em R$ 2,03. Para o fim de 2014, a mediana subiu de R$ 2,05 para R$ 2,06. Há quatro semanas estava em R$ 2,05.

O mercado financeiro manteve, no entanto, a previsão para a taxa média de câmbio de R$ 2,00 em 2013. Para 2014, a projeção passou de R$ 2,04 para R$ 2,05. Há um mês, a pesquisa apontava que a expectativa de dólar médio estava em R$ 2,02 neste ano e R$ 2,05 no próximo.

Para o fim de março, a estimativa segue em R$ 1,98. Para abril, também segue em R$ 1,98. A mediana das projeções para o câmbio dos analistas do Top 5 médio prazo para o fechamento de 2013 segue em R$ 2,00. Para 2014, caiu de R$ 2,05 para R$ 2,02.

Conta corrente

O Focus elevou a previsão de déficit em transações correntes em 2013 e 2014. A pesquisa divulgada nesta segunda-feira mostra que a mediana das expectativas de saldo negativo na conta corrente este ano subiu de US$ 62,9 bilhões para US$ 65,0 bilhões. Há um mês, estava em US$ 64,0 bilhões. Para 2014, a previsão de déficit nas contas externas subiu de US$ 70,0 bilhões para US$ 70,2 bilhões, ante US$ 69,37 bilhões há quatro semanas.

Na mesma pesquisa, economistas reduziram a estimativa de superávit comercial em 2013 de US$ 15,0 bilhões para US$ 14,9 bilhões. Quatro semanas antes estava em US$ 15,5 bilhões. Para 2014, a projeção caiu de US$ 14,50 bilhões para US$ 13,65 bilhões. Há quatro semanas, essa estimativa estava em US$ 16,00 bilhões.

A pesquisa mostrou ainda que as estimativas para o ingresso de Investimento Estrangeiro Direto (IED), aquele voltado ao setor produtivo, foi mantida em US$ 60,00 bilhões para 2013 e para 2014, mesmos valores de quatro semanas atrás.

Depois de os investidores já terem estimado nos preços dos contratos futuros uma alta na taxa Selic a partir de abril, analistas de instituições financeiras capitularam à sinalização do governo de que agirá para combater a inflação e começaram a revisar suas apostas para os juros.

A principal justificativa para as revisões das apostas apontada pelos analistas foram as recentes declarações do presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, e também do ministro da Fazenda, Guido Mantega, de que o governo está desconfortável com o nível atual dos índices de preços e que os juros continuam a ser o principal instrumento de combate à inflação.

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Na última pesquisa semanal Focus do BC com 100 analistas, divulgada na segunda-feira, o consenso ainda é de uma taxa Selic a 7,25% no fim deste ano, mas a rodada de revisão das estimativas para os juros, que teve início depois do discurso de Tombini no lançamento do programa Otimiza BC, na terça-feira, deverá ser captada nas projeções da Focus já na próxima semana.

Para os analistas, o trecho do discurso de Tombini que acabou alterando a percepção em relação à Selic foi o seguinte: "Quando necessário, se ensejado pelo cenário prospectivo de inflação, a postura do Banco Central em relação à política monetária será adequadamente ajustada. Dito de outra forma, nesse novo ambiente macroeconômico há pouco descrito, a taxa Selic oscilará em patamares mais baixos do que no passado".

O banco J. Safra mudou sua aposta oficial para a Selic neste ano, agora incorporando o início do ciclo de aperto monetário na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) de abril. Em relatório a clientes, o economista-chefe do J. Safra, Carlos Kawall, estima que o BC deverá elevar a Selic em 1 ponto porcentual, para 8,25%, em quatro altas a partir de abril.

"Nossa visão é em resposta à deterioração na perspectiva de inflação e à sinalização do Banco Central e do governo de que a política monetária deverá ser a principal ferramenta para conter a inflação - e não a apreciação da moeda ou um aperto fiscal", escreveu Kawall.

Na noite de quarta-feira (20) foi a vez de o banco JP Morgan alterar a sua aposta para a Selic no fim deste ano, de 7,25% para 8,5%, dividida em três elevações a partir da reunião do Copom de maio. Em relatório, os economistas do banco estimam que o Copom elevará os juros em 0,25 ponto porcentual na reunião de maio e depois seguirá com mais duas elevações, ambas de 0,5 ponto, em julho e agosto.

Já o economista para Brasil do banco UBS, André Carvalho, está projetando uma elevação da Selic de 1,5 ponto porcentual, para 8,75%. Em relatório, Carvalho estima que essa alta dos juros seria feita em quatro reuniões do Copom, a partir de outubro.

O início de um ciclo de aperto monetário ao nível de 8,75%, segundo Carvalho, será uma reação do BC a uma surpresa com a inflação. O economista prevê que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo fechará 2013 em 6,2% e terminará 2014 em 6,5%. Na última pesquisa Focus, a projeção do IPCA para 2013 caiu para 5,7% e a estimativa para 2014 ficou em 5,5%.

Além de elevar a Selic em resposta a essa surpresa no IPCA, Carvalho acredita que o governo poderá deixar o câmbio se valorizar para perto de R$ 1,90. Ele também prevê uma desaceleração no nível de empréstimos ao consumidor. Contudo, o economista do UBS não crê que o governo lançará mão de medidas macroprudenciais para desacelerar o crédito em 2013 e em 2014.

As declarações feitas pelo presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, na terça-feira (19) reforçaram entre analistas a percepção de que a probabilidade de uma elevação dos juros básicos (Selic) ainda em 2013 cresceu substancialmente. Tombini afirmou que os ciclos monetários - ou seja, as altas e baixas da Selic - continuam valendo no País. Em outras palavras, a taxa básica será reajustada para conter a inflação se o BC entender que é preciso.

"Não há dúvidas de que a possibilidade de uma alta da Selic ocorrer ainda neste ano vem crescendo", disse o economista-chefe do Banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves. Isso não significa que essa eventual alta ocorreria em breve, como o próprio mercado chegou a cogitar nas últimas semanas. Outra observação importante é a de que, mesmo com esse aumento de probabilidade, a maioria dos economistas de mercado continua acreditando que a Selic não sofrerá alterações neste ano. Permanecerá no nível atual, de 7,25% ao ano, entre eles, Lima Gonçalves. "O BC poderia trazer a inflação para o centro da meta no fim do ano ou no início de 2014, mas, para isso, seria obrigado a provocar uma recessão na economia brasileira. Será que algum político está disposto a uma ação como essas?", indaga.

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O economista pondera que, apesar de a inflação estar forte neste início de ano (6,15% nos 12 meses encerrados em janeiro, ante um teto de meta de 6,5%), a atividade econômica permanece fraca. A expectativa é de que o Produto Interno Bruto (PIB) tenha crescido apenas 1% em 2012. O dado oficial será divulgado no próximo dia 1.º de março.

O economista Fabio Silveira, da RC Consultores, concorda. "No ambiente econômico que vivemos hoje no Brasil, a única variável forte é o consumo. Se o BC acionar a taxa básica de juros, vai atingi-la em cheio", argumenta. Por isso, ele tem uma avaliação ousada em comparação com muitos dos seus colegas: o Copom reduzirá novamente a Selic. "Acreditamos em uma queda de 0,25 ponto porcentual na última reunião do ano", disse. Nesse contexto, muitos especialistas avaliam que a taxa de câmbio continuará a ter um papel importante no combate à inflação ao longo de 2013.

O vice-presidente de Tesouraria do banco WestLB, Ures Folchini, disse que, apesar de o ministro da Fazenda, Guido Mantega, ter afirmado na sexta-feira (15) que o controle da inflação no Brasil é feito via taxa de juros, os investidores ainda veem o câmbio como variável importante para ajudar a deter a escalada dos preços. Na terça (19), por exemplo, o real voltou a se fortalecer ante o dólar. A moeda americana caiu 0,41%, para R$ 1,955. No ano, a perda ante o real é de 4,4%.

O economista Sidnei Nehme, da NGO Corretora, concorda que o câmbio vem sendo usado como coadjuvante no controle da inflação. Mas, diante das declarações de Tombini, ele levanta outra dúvida. "Se o BC realmente elevar a Selic, será que a autoridade monetária vai soltar um pouco o dólar, que no nível abaixo de R$ 2 representa um risco ao crescimento do País?", indaga. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Analistas do mercado financeiro consultados pelo Banco Central adiantaram mais uma vez o prazo em que esperam o início de um novo ciclo de alta da Selic. Além disso, previram um segundo momento de elevação em 2014, que não constava na pesquisa Focus do BC da semana anterior. Até a semana passada, a mediana das projeções da Pesquisa Focus apontava que a primeira subida da taxa básica de juros ocorreria em março. Agora, a aposta é de que o Comitê de Política Monetária (Copom) terá de tomar essa atitude já daqui a um ano, em fevereiro de 2014.

O levantamento revela que esse primeiro passo será de magnitude de 0,25 ponto porcentual, já que a mediana das projeções passou de 7,25% ao ano, taxa atual e que era prevista até a semana passada, para 7,50% ao ano. A pesquisa do BC mostra também que o mercado já conta com uma segunda elevação de 0,25 ponto no mês seguinte, em março, quando a taxa deve ficar em 7,75% ao ano.

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Na avaliação dos analistas, a Selic deverá ficar estacionada nesse nível no mês de abril, quando há outra reunião do Copom. Em maio, porém, o BC deverá promover uma nova subida dos juros, que chegarão a 8,25% ao ano, conforme o relatório Focus. A taxa deve seguir nesse patamar em junho e voltar a cair, para 7,25% ao ano no mês seguinte. A mediana volta a subir na pesquisa para 7,50% em agosto.

Esse movimento de expectativa de uma segunda alta não constava das projeções dos analistas na semana passada, quando a mediana das projeções estava em 7,25% ao ano. Essa sequência de elevação das apostas para os juros foi a responsável pela alta da média da Selic em 2014, revelada logo pela manhã na pesquisa Focus. A taxa média subiu de 8,04% ao ano para 8,21% ao ano, apesar da manutenção da expectativa de que os juros encerrarão o ano que vem em 8,25% ao ano.

Analistas do mercado financeiro projetaram que a taxa Selic deve continuar em 7,25% em 2012 e em 2013. A informação está na pesquisa Focus do Banco Central divulgada nesta segunda-feira (17). A previsão vem sendo mantida há nove semanas, para este ano, e há cinco semanas seguidas para 2013.

Para o juro médio, a mediana também foi mantida em 8,47% para 2012 e em 7,25% em 2013. A taxa Selic esperada para o próximo mês também continua, há nove semanas, em 7,25%.

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Conta corrente

A mediana das projeções para o déficit em conta corrente em 2012 foi mantido em US$ 54 bilhões, pela terceira vez seguida. Há quatro semanas, o número estava em US$ 54,60 bilhões. No cenário para 2013, a expectativa de déficit em conta corrente continua em US$ 65 bilhões há quatro semanas.

A mediana das projeções para o superávit comercial em 2012 foi reduzida de US$ 20 bilhões para US$ 19,50 bilhões. Há quatro semanas, a previsão de saldo da balança comercial era de US$ 19,20 bilhões. Para 2013, a previsão foi mantida em de US$ 15,60 bilhões. Há um mês, o superávit estimado para o próximo ano era de US$ 15,52 bilhões.

Analistas mantiveram os números em relação ao fluxo de Investimento Estrangeiro Direto (IED) nos dois anos. O mercado espera US$ 60 bilhões em IED para 2012 e 2013.

O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, reiterou nesta quinta-feira (6) a sinalização de que a taxa básica de juros vai permanecer nos atuais 7,25% ao ano por um período "suficientemente prolongado". A declaração contraria a interpretação de parte do mercado. Ao ler a ata da reunião do Copom, divulgada ontem, alguns analistas entenderam que o BC não teria incorporado o fraco desempenho do PIB divulgado dois dias depois do Copom.

"A ata está mais atual do que nunca", disse Tombini. "A estratégia adequada para trazer a inflação para a meta é manter a estabilidade das condições monetárias por um período suficientemente prolongado."

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Indagado se o BC poderia definir uma data para o fim da manutenção da Selic em mínima recorde, como fez o banco central americano, Tombini indicou que os sinais atuais são adequados. "Suficientemente prolongado está de bom tamanho." Tombini participou ontem da reunião de ministros da Fazenda e presidentes de bancos centrais do Mercosul e Países Associados, no Ministério das Relações Exteriores.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, informou nesta terça-feira, durante audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, que considera a Selic (a taxa básica de juros da economia) o indexador mais conveniente para trocar o indexador que corrige a dívida do Estados com a União. Hoje a dívida é corrigida pelo IGP-DI mais 6%, 7,5% ou 9%. Mantega afirmou, no entanto, que alternativas estão em estudo no Ministério da Fazenda.

"Vamos fazer a mudança. A primeira definição era Selic. É o mais conveniente dos indexadores. A Selic é a metade do que é hoje. Mas há outras alternativas e estamos trabalhando no ministério. Teremos uma definição até o final de semana ou na semana que vem", afirmou, em audiência pública no Senado Federal.

Ele disse que é possível inclusive colocar uma "trava" limite para a correção da dívida, para evitar que uma volta da alta da Selic tire as vantagens da mudança. Mantega disse que o IPCA não está descartado. "Se IPCA ou Selic, estamos examinando", afirmou, em resposta à sugestão do senador Armando Monteiro Neto para que o indexador fosse trocado por IPCA. Por outro lado, ele descartou a proposta do senador Lindberg Faria de colocar a TJLP como indexador das dívidas estaduais.

Mantega afirmou também que examinará a proposta do senador Luiz Henrique (PMDB) para destinar 20% do pagamento das dívidas dos Estados com a União para investimentos. O ministro, no entanto, voltou a destacar que não gostaria de mexer na Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). "A renegociação das dívidas é contrária à LRF. Vamos ver se a proposta do senador Luiz Henrique contorna esta questão. Prometo examinar", disse, em audiência pública no Senado.

Passada a decisão amplamente esperada de manutenção da taxa básica de juros da economia (Selic) pelo Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, em 7,25%, os juros futuros iniciaram a quinta-feira de agenda econômica carregada em alta, tocando as máximas. Os investidores digerem dados de inflação, monitoram o câmbio e são influenciados pelo otimismo externo com as negociações para resolver os problemas fiscais dos EUA.

Às 10h01, na BM&FBovespa, o contrato de depósito interfinanceiro (DI) com vencimento em janeiro de 2014 projetava taxa de 7,32%, de 7,29% no ajuste de quarta-feira (28). O DI para janeiro de 2015 marcava 7,93%, de 7,88%; e o janeiro 2016 tinha taxa de 8,45%, na máxima, de 8,37%. Entre os vencimentos longos, o DI com vencimento em janeiro de 2017 projetava 8,76%, na máxima, de 8,70% na véspera e o DI para janeiro de 2021 marcava 9,42%, de 9,36% na quarta-feira (28).

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O gerente de renda fixa da Leme Investimentos, Paulo Petrassi, afirma que a manutenção dos juros básicos em 7,25% ao ano pelo Copom ontem não influencia a curva a termo. "O mercado já havia precificado a manutenção e a decisão, por unanimidade, com comunicado repetido, não causa impacto", afirma.

No comunicado de quarta-feira (28), a autoridade monetária repetiu o texto de outubro, de que a estabilidade dos juros básicos "por um período de tempo suficientemente prolongado é a estratégia mais adequada para garantir a convergência da inflação para a meta, ainda que de forma não linear".

Outros analistas ouvidos pela Agência Estado logo após o anúncio do Banco Central já haviam afirmado que os investidores seguiriam atentos ao comportamento do câmbio e condições econômicas externas.

A menor aversão ao risco no exterior após declarações otimistas do presidente dos EUA, Barack Obama, sobre as negociações no Congresso para combater as dificuldades fiscais do país, abre espaço para a recomposição das taxas futuras de juros, de acordo com o economista da Planner Eduardo Velho. Os DIs também monitoram a oscilação do câmbio, acrescenta. Às 9h40, o dólar negociado à vista no balcão subia 0,14%, a R$ 2,091.

Entre os indicadores domésticos, o Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M) caiu 0,03% em novembro, ante alta de 0,02% em outubro. A queda foi menor que a mediana das expectativas dos analistas ouvidos pelo AE Projeções, de -0,09%, com base num intervalo que ia de -0,17% a zero. "A deflação menos acentuada que a mediana do mercado teoricamente contribuiria para elevar os juros futuros", diz Velho.

Já Petrassi chama a atenção para a coleta diária da Fundação Getulio Vargas sobre o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). No critério ponta, a alta do IPCA passou de 0,77% na terça-feira para 0,84% ontem. "Isso não é notícia boa. Nos últimos dez dias, tem mantido alta forte e o mercado está vendo que essa coleta está incomodando". A aceleração foi puxada por alimentação e bebidas.

Ainda de acordo com o gerente da Leme, o mercado está mais atento aos dados sobre o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA (às 11h30, de Brasília) e do Brasil (amanhã). Para o ministro da Fazenda, Guido Mantega, qualquer número entre 1% e 1,3% será satisfatório. "Se for 1%, será um crescimento anualizado de 4%", afirmou, em entrevista à imprensa local e internacional. Mantega prometeu ainda mais medidas para estimular o crescimento da economia.

De volta à agenda doméstica, nesta quinta-feira o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o Índice de Preços ao Produtor (IPP) registrou alta de 0,21% em outubro, ante taxa de 0,69% em setembro (dado revisado). Os preços dos alimentos, que caíram 1,51%, tiveram a primeira taxa negativa desde fevereiro deste ano (-1,41%). O setor acumula, em 2012, variação de preços de 13,47%.

Também hoje saem a nota de política monetária e operações de crédito de outubro (às 10h30) do Banco Central; e o resultado primário do Governo Central (Tesouro Nacional, Banco Central e INSS) (às 14h30). Para este dado, as estimativas de economistas ouvidos pelo AE Projeções vão de superávit primário de R$ 4,0 bilhões a R$ 15,3 bilhões, com mediana de R$ 12,0 bilhões.

A Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do SPC Brasil (Serviço de Proteção ao Crédito) acreditam que a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), de manter a taxa Selic em 7,25% ano, é "positiva". Mas, para a entidade, o consumo, impulsionado pela grande oferta de crédito, corre risco de perder força em função do elevado grau de endividamento das famílias brasileiras, combinado com o crescimento da inadimplência do consumidor. Na avaliação do setor, é necessário que haja uma redução forte na taxa efetiva de juros e um alongamento nos prazos.

Para o presidente da CNDL, Roque Pellizzaro Júnior, a manutenção da taxa Selic é uma medida importante para combater as incertezas da crise internacional e o rebaixamento da expansão da economia brasileira, que deve ficar aquém do previsto para 2012 e 2013. "Com as taxas atuais, espera-se uma manutenção ou até uma melhora no nível de investimentos no Brasil. Mas é preciso ter cautela, já que o aquecimento econômico pode perder fôlego frente à queda da demanda interna, abafada pelos elevados índices de endividamento do brasileiro", disse, em nota distribuída à imprensa.

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O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) manteve a taxa básica de juros em 7,25% ao ano e interrompeu nesta quarta-feira o ciclo de cortes iniciado em agosto de 2011, quando a Selic estava em 12,50% ao ano. A instituição também indicou que não deve mexer tão cedo na taxa, que serve de referência para o custo do crédito e para a maioria das aplicações financeiras, pois a economia brasileira só agora começa a se recuperar e a crise nos países desenvolvidos segue sem solução. A decisão foi unânime e já era esperada pela maioria dos economistas.

A instituição também repetiu as afirmações feitas ao final da reunião anterior, em outubro, quando foi realizado o último corte de juros. Para o BC, a estabilidade dos juros "por um período de tempo suficientemente prolongado é a estratégia mais adequada para garantir a convergência da inflação para a meta, ainda que de forma não linear". Ao justificar a manutenção, a instituição citou ainda o balanço de riscos para a inflação, a recuperação da atividade doméstica e a complexidade que envolve o ambiente internacional, mesma avaliação feita no começo do mês passado.

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Essa foi a última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) deste ano. Agora, os diretores do BC só voltam a se reunir nos dias 15 e 16 de janeiro. A expectativa da maior parte do mercado financeiro é de que os juros continuem no patamar atual pelo menos até o fim de 2013.

Entre agosto do ano passado e outubro de 2012, foram realizados dez cortes seguidos nos juros, que estão hoje no menor patamar da história recente. As taxas para consumidores e empresas também atingiram mínimos históricos. A inflação, por outro lado, está em 5,45% nos últimos 12 meses, acima do centro da meta de 4,5%. Já a atividade econômica só agora começa a se recuperar, o que deve fazer com que o crescimento nos dois primeiros anos do governo Dilma Rousseff registre a segunda pior média da história recente, atrás apenas do governo Collor.

As previsões oficiais de crescimento para este ano são de 1,6%, pelo BC, e de 2%, pelo Ministério da Fazenda. Para o próximo ano, analistas já começaram a reduzir suas estimativas, cuja média está agora abaixo de 4%.

O diretor de investimentos da Lecca, Samy Balassiano, projeta um crescimento em torno de 3,5%. Para o economista, esse patamar já deve puxar para cima a inflação e levar o BC a subir os juros no segundo semestre. Em relação aos cortes já realizados, Balassiano diz que alguns analistas ficaram assustados no começo, mas a decisão de reduzir os juros já em 2011 foi acertada. "A gente não conseguiu crescer, mesmo com juros baixos, mas não tivemos nenhuma disparada da inflação."

Na semana passada, o presidente do BC, Alexandre Tombini, afirmou que os juros estão hoje mais próximos do verificado no resto do mundo. Ele disse, no entanto, que a instituição não abandonou a política monetária e poderá fazer ajustes nos juros, para cima ou para baixo, quando necessário.

Se o fim do ciclo de cortes da taxa básica de juros da economia brasileira for confirmado na noite desta quarta-feira (28), quando o Comitê de Política Monetária (Copom) anunciar a decisão sobre a Selic, o Brasil subirá um posição no ranking mundial de juros reais, passando de quarto para o terceiro maior pagador. Por sua vez, a manutenção no ritmo de afrouxamento monetário, com uma nova redução de 0,25 ponto porcentual para 7,00%, levaria o País à quinta colocação na lista.

É o que aponta levantamento feito pelos economistas Jason Vieira e Thiago Davino, considerando-se as taxas de 40 países, classificadas conforme as taxas de juros nominais determinadas pelos respectivos bancos centrais e as projeções médias de inflação futura (ex ante) dos índices oficiais de preços.

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De acordo com o estudo, a taxa de juro real brasileira é de 1,8%, considerando-se a taxa nominal de 7,25% da Selic e descontada a inflação projetada para os próximos 12 meses. A posição do Brasil estaria atrás apenas doe Chile (2,0%) e da China (4,2%), no mesmo critério. No ranking anterior, de outubro, o Brasil ocupava a quarta colocação, tanto nos casos de Selic em 7,50% quanto no cenário de corte de 0,25 ponto porcentual, que se concretizou. Na ocasião, Austrália duelava com o Brasil, com uma taxa de juro real de 2,0%.

Em contrapartida, um improvável corte de 0,25 ponto porcentual na Selic nesta quarta-feira rebaixaria o Brasil em um degrau no ranking de juros reais, atrás também de Malásia (1,7%) e Rússia (1,6%). Porém, pesquisa realizada pelo AE Projeções mostra que 81 de 82 instituições trabalham com a Selic estagnada em 7,25% ao ano neste última reunião do Copom de 2012. Aliás, de 75 instituições, pouco mais da metade (42) acredita que o Copom não vai mexer na taxa em 2013.

Levando-se em conta a taxa de juro em termos nominais, de 7,25%, o Brasil ocupa a quarta colocação, conforme estudos dos economistas Vieira e Davino. O ranking é liderado pela Venezuela, onde a taxa de juro nominal está em 16,20%, seguida por Argentina (9,00%) e Rússia (8,25%).

O espaço para um corte da taxa básica de juros foi esgotado em outubro e esta mensagem foi transmitida pela última ata do Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central (BC), avalia o economista-chefe do Espírito Santo Investment Bank (Besi Brasil), Jankiel Santos, em relatório que enviou a clientes no fim de semana.

Diante de tal avaliação, o economista sugere ao seu público que não espere redução da Selic nesta que será a última reunião do colegiado em 2012. O encontro que deverá selar a permanência da taxa de juros de referência da economia em 7,25% ao ano ocorrerá nestas terça (27) e quarta-feira (28).

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"Pode-se não concordar com a conduta recente da autoridade monetária brasileira, dada a tendência inflacionária ao longo dos últimos meses - como nós -, mas, felizmente, a mensagem transmitida na última reunião do Copom foi clara: o espaço para o corte da taxa básica de juros foi esgotado em outubro de 2012", reforça Santos.

Além disso, lembra o economista, o BC afirmou que, excluindo o surgimento de mudanças significativas em qualquer cenário nacional ou internacional, o nível atingido pela taxa Selic deve permanecer inalterado por tempo suficiente para garantir que a esperada recuperação econômica no Brasil ocorra em um ritmo "decente".

"E não acho que tenha havido qualquer mudança suficientemente grande nos últimos 45 dias no exterior ou no Brasil para justificar uma mudança de estratégia do BC. Assim, pensamos que seria difícil para o BC justificar qualquer movimento na próxima quarta-feira", avalia. "Aliás, tendo em conta tanto a inflação como os indicadores de atividade recentes, pode-se considerar que o BC estaria considerando seriamente reverter parte do incentivo concedido até agora."

A queda da taxa básica de juros (Selic) para os níveis mais baixos da história reduziu o custo de manutenção das reservas cambiais brasileiras. Ainda assim, a despesa do governo com esse colchão - considerado por muitos um seguro anticrise - pagaria dois programas Bolsa-Família (R$ 20 bilhões neste ano) e equivale a mais da metade do superávit primário previsto para 2012 (R$ 71 bilhões).

Um relatório do Departamento Econômico do Bradesco, que será divulgado a clientes nesta semana, estima que a manutenção das reservas de quase US$ 380 bilhões custará ao Brasil cerca de US$ 20 bilhões este ano, ante US$ 25,7 bilhões em 2011. No cálculo que considera o custo em relação ao Produto Interno Bruto (PIB), também há uma redução: de 1,04% para 0,87%. "A principal razão é a queda da taxa Selic", afirmou a economista responsável pelo levantamento, Andréa Damico.

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Antes de seguir, é importante explicar por que o acúmulo e a manutenção de reservas cambiais custam tão caro. O Brasil não tem superávit fiscal nem em conta corrente. As despesas do governo superam as receitas, no que se traduz em um déficit fiscal. No lado externo da economia, as saídas de dólares superam as entradas, o que implica um déficit em conta corrente.

No primeiro caso, o governo cobre o buraco emitindo dívida. No segundo, a entrada de dinheiro externo na chamada conta de capitais cobre (e supera) o rombo formado pelo déficit comercial e na área de serviços (que inclui o pagamento de royalties e os lucros remetidos por empresas para matrizes estrangeiras).

Se a conta de capitais é superavitária, significa dizer que sobram dólares no mercado interno. O governo, nos últimos anos, vem comprando toda essa sobra. O primeiro objetivo, declarado, era justamente recompor as reservas, consideradas importantes para estabilizar a economia em momentos de crise.

O segundo objetivo, não admitido, é evitar a valorização do real em relação ao dólar. Na sexta-feira, por exemplo, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que o dólar não vai mais voltar para níveis inferiores a R$ 2,00.

O problema é que, sempre que compra dólares, o governo dá reais em troca. Se esses reais ficassem soltos no mercado, a superoferta de moeda levaria ao aumento da inflação. Por isso, o governo faz o que se chama de esterilização - a emissão de títulos públicos, que são 'dados' em troca dos reais. Mas, como o governo não tem superávit fiscal, as reservas acabam sendo um novo foco de endividamento.

Por essa dívida, o governo paga juros, atrelados, em grande parte, à Selic. Pelas reservas que acumula, o governo também é remunerado. Só que a maior parte do dinheiro está aplicada em títulos públicos dos EUA. Como a 'Selic americana' está entre 0 e 0,5% e a brasileira, em 7,25%, o custo de acumulação das reservas é dado fundamentalmente pela diferença entre as duas taxas.

Em outros países, não é assim. Na China, por exemplo, o governo ostenta superávit fiscal e em conta corrente. Os dólares que sobram são fruto, principalmente, do excesso de exportações sobre importações. E os yuans usados para comprá-los decorrem da sobra de receitas do governo sobre as despesas.

Polêmica. É em grande medida por causa dessa explicação que o acúmulo de reservas nos últimos anos tem provocado tanta polêmica. O montante total saiu de US$ 37 bilhões em janeiro de 2003 para os atuais US$ 377 bilhões. "As reservas ao redor de US$ 200 bilhões foram suficientes para que o Brasil aguentasse bem a pior crise mundial desde a Grande Depressão. De 2008 para cá, acumulamos mais US$ 170 bilhões. Para quê tudo isso?", indaga Affonso Celso Pastore, ex-presidente do Banco Central.

Para ele, a resposta está ligada à intenção não oficialmente declarada do governo de enfraquecer o real para favorecer a competitividade da indústria. O dólar mais barato estimula as importações, que "comem" parte do mercado doméstico, e dificulta as exportações. "É importante mostrar para a sociedade que não há almoço grátis. A acumulação de reservas, que faz muita gente no governo se sentir o rei da cocada preta, custa."

Márcio Garcia, professor do Departamento de Economia da PUC-RJ, segue a mesma linha. "Essa discussão deve ser travada pela sociedade brasileira", disse. Para ele, o governo deveria dar mais transparência ao tamanho do custo de acumulação e manutenção das reservas - embora o Banco Central, em seus balancetes trimestrais, publique esses dados (ver ao lado). "Estamos falando de quase R$ 50 bilhões por ano. É um gasto importante."

Para Antonio Corrêa de Lacerda, professor da PUC-SP, outra forma de medir o tamanho "ideal" das reservas é compará-la com o PIB. Nessa relação, o Brasil ocupa o sétimo lugar num levantamento com 13 nações. Com reservas de 15% do PIB, o Brasil está atrás de China (44%), Rússia (28%), Coreia do Sul (28%), Japão (22%) e Índia (17%), e empata com o Chile (15%).

Apesar disso, diz Lacerda, "a reserva ideal é a que protege minimamente o país durante uma crise que vem do exterior". "Por esse parâmetro, nos saímos muito bem em 2008." O problema central por traz dessa discussão, observa, é que "só sabemos se uma reserva é suficiente ou não quando aparece uma crise". As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

Investir em renda fixa como garantia de ganho alto no fim de cada mês tem jeitão de conselho ultrapassado. No Brasil do juro elevado das décadas passadas, ir ao paraíso era ter a chance de viver com o rendimento das aplicações. Mas a realidade agora é outra, bem mais difícil para os investidores.

A taxa de juros básica da economia (Selic) em 7,25% ao ano tem obrigado o investidor a mudar de estratégia para ganhar mais. Hoje, são necessários 96 anos para dobrar o poder de compra do recurso investido em um fundo de renda fixa, mostra um estudo do banco Opportunity - levando em conta uma aplicação cujo imposto de renda é de 15% e inflação de 5,4% ao ano. O período só é valido se os juros não forem alterados.

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Para efeito de comparação, em 1999, na adoção das metas de inflação no governo Fernando Henrique Cardoso, eram necessários seis anos para dobrar o poder de compra do patrimônio investido - os juros chegaram a 45% ao ano. No início do governo Lula, em 2003, a Selic foi a 26,5% ao ano, e levava-se sete anos para conseguir o mesmo feito.

"A gente tem um investidor brasileiro acostumado com a renda fixa que sempre rendeu muito. Ele estava habituado a ver ganhos expressivos, acima da inflação e, de uma hora para outra, deixou de ter esse rendimento tão alto", diz Christian Lenz, responsável pela área comercial do Opportunity Asset Management.

Sair da aplicação em renda fixa não significa um ganho maior. E isso tem sido um problema. Até sexta-feira, o Índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa) teve uma valorização de apenas 1,44% neste ano. A alta em 12 meses é de 4,73%. A recomendação dos especialistas é a mesma de sempre: não colocar todos os recursos em apenas um investimento. Há algumas opções no mercado que podem garantir um ganho maior para os investidores. "Uma primeira alternativa é indexar a aplicação à inflação com os títulos do Tesouro Direto", diz Amerson Magalhães, diretor do Easynvest, plataforma de negociação pela internet da Título Corretora.

Estímulo. A queda da Selic alterou o cenário para o investidor, mas tem como objetivo estimular o crescimento da economia. Nos países ricos, os juros estão em queda e o Brasil tem sido uma exceção por manter um juro real (descontada a inflação) positivo.

A aposta para 2013 é que, apesar da recuperação da economia, os juros deverão continuar baixos. Boa parte do mercado aposta que a Selic deve permanecer em 7,25%. "À medida que você aposta no crescimento da economia e em juros baixos, a alternativa seria aplicar os recursos de longo prazo em ações", diz Otto Nogami, professor do Insper, para quem a Selic deveria estar mais alta. "É importante o investidor não comprometer todo o capital com ações, porque há momentos em que esses recursos podem ser necessários." As informações são do jornal O Estado de S.Paulo

O mercado financeiro está dividido em relação a uma segunda alta da Selic em 2013. Pelos dados da Gerência Executiva de Relacionamento com Investidores (Gerin) para a Focus disponíveis no site do Banco Central, a mediana das projeções aponta para uma elevação da taxa básica de juros em 0,25 ponto porcentual, para 7,50% ao ano, em outubro de 2013. Houve, no entanto, uma diminuição da mediana para novembro de 2013 na passagem da pesquisa anterior para a atual com relação à Selic, de 7,75% ao ano para 7,63% ao ano.

Apesar de a taxa básica se movimentar apenas a partir de 0,25 ponto porcentual e seus múltiplos, os 7,63% foram encontrados com base na média das duas estimativas medianas da pesquisa - de 7,50% e 7,75%. Isso revela que o ponto central das projeções na amostragem pode estar em um momento de mudança.

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No dia 19 de outubro, data da divulgação da pesquisa anterior a do dia 26 do mesmo mês, a projeção para novembro de 2013 era de uma alta da Selic para 8,00% ao ano. Não houve alterações no levantamento para os meses subsequentes, com a taxa básica de juros devendo atingir a marca de 8,00% ao ano em março de 2014. Para a última informação disponível, porém, a mediana das projeções para a Selic em abril de 2014, houve uma diminuição de 8,50% ao ano para 8,38% ao ano.

Analistas do mercado financeiro reduziram a estimativa para a Selic ao final de 2013. De acordo com o relatório de mercado Focus, divulgado pelo Banco Central, a mediana das estimativas para a taxa básica de juros cedeu de 8,00% para 7,75% ao ano.

Apesar da queda, a perspectiva é de que o Comitê de Política Monetária (Copom) terá que subir a taxa no próximo ano, já que está em 7,25% ao ano atualmente. Para o final de 2012, a mediana das previsões dos economistas para a Selic permaneceu em 7,25% ao ano. Há um mês, a taxa estava em 7,50%.

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Já a mediana das projeções para a Selic média permaneceu estável para 2012 e 2013, em 8,47% ao ano e 7,44%, respectivamente. Há um mês, as taxas eram de 8,53% e 7,58%.

Câmbio

O mercado financeiro manteve suas estimativas para o câmbio em R$ 2,01 ao final deste e do próximo. Segundo o relatório, a mediana das projeções para 2012 permaneceu estável nesse patamar pela primeira vez. Há quatro semanas, estava em R$ 2,00. Para 2013, o movimento é idêntico.

Com essa estabilidade, não houve alteração também na mediana das projeções do mercado para o câmbio médio ao longo do ano. Para 2012, a taxa segue em R$ 1,95 pela quinta semana consecutiva e, para 2013, em R$ 2,01, pela segunda semana seguida.

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