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A crise instalada no PSDB pela disputa entre o ex-governadores João Doria e Eduardo Leite fez parte do MDB avaliar que os tucanos perderam as condições de liderar a terceira via, grupo que busca alternativa ao presidente Jair Bolsonaro (PL) e ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na eleição para o Palácio do Planalto.

Em conversas reservadas, a senadora Simone Tebet (MDB-MS) afirmou que o PSDB "vai perdendo todas as condições de protagonizar uma coalizão". Entre os motivos citados por ela a aliados estão as brigas nas prévias tucanas, o desgaste dos dois pré-candidatos, a tentativa do perdedor das prévias de questionar o resultado e todo o movimento errático de Doria, que ameaçou implodir a candidatura tucana ao governo paulista em troca de um aceno do comando nacional da legenda.

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Os presidentes do MDB, Baleia Rossi, do PSDB, Bruno Araújo, e do União Brasil, Luciano Bivar, firmaram um pacto para construir uma candidatura presidencial única que representasse as três legendas. A ideia é apresentar esse nome até o dia 1º de julho. Doria, Leite e Simone são as pessoas que tentam ser os candidatos presidenciais desse campo.

Baleia Rossi evitou comentar a crise no PSDB e disse que não interfere em questões de outros partidos. Sobre a pré-candidatura presidencial de Simone, ele ressaltou que ela possui baixa rejeição e deve liderar a terceira via. "Simone é um nome forte para liderar a terceira via. Por causa da experiência e da qualidade dela. É um fator muito positivo ela não ter rejeição", afirmou.

"Precisamos torná-la mais conhecida. Vamos continuar o trabalho, com viagens, entrevistas e azeitar nossas alianças, prioritariamente, com União Brasil e PSDB", completou.

A senadora do Mato Grosso do Sul disse que não recusaria um diálogo com Leite, mas deixou claro que ela se norteará pelo que decidiu as prévias tucanas nas conversas com o outro partido. "Converso com todos, mas hoje o candidato do PSDB é o Doria", afirmou.

Apesar de apresentar a senadora como pré-candidata presidencial, uma ala significativa da legenda, principalmente no Nordeste, quer apoiar Lula logo no primeiro turno. O senador Renan Calheiros (MDB-AL) é um dos partidários da tese de apoio ao petista.

O emedebista também vê na instabilidade do PSDB um sinal de que a legenda não terá protagonismo nesta eleição. "O PSDB vive a pior crise de sua história. Aqui mesmo, um senador foi atraído por argumentos secretos do Arthur Lira. Foi se filiar ao União Brasil levado pelo Arthur Lira. Deixou ontem o PSDB", disse.

Por conta da falta de recursos para disputar as eleições deste ano, o PSDB no Congresso vai sofrer uma debandada. Na Câmara, quase um terço da bancada, que antes tinha 32 deputados, vai sair da legenda. Ao comentar sobre o rival local em Alagoas, Renan disse que ele abandonou os tucanos em troca de promessa de recursos.

"Vitória efêmera das emendas e do fundo partidário que trará a acidez da derrota. Aqui em Alagoas, com a traição do Rodrigo Cunha, o PSDB ficou sem nominata, sem pai e sem mãe", afirmou.

O ex-governador do Rio Grande do Sul Eduardo Leite (PSDB) sinalizou que pode ser vice na chapa da senadora Simone Tebet (MDB) para a disputa da Presidência da República. Em entrevista à "Rádio Eldorado" nesta segunda-feira (4), o tucano afirmou ter "humildade" para abrir mão de aspirações pessoais e fazer composição com uma candidatura que se mostre viável contra a polarização. A parlamentar, segundo ele, "tem toda a condição de liderar esse projeto".

"Temos de ter um entendimento do nosso papel como lideranças políticas, não apenas buscando ocupar um espaço político concorrendo, mas apoiando eventualmente aqueles que tenham essa capacidade. Entre outras pessoas, há o nome da senadora Simone Tebet, que tem toda a condição de ser uma liderança nesse projeto. É muito prematuro falar em que posição cada um tem que assumir. Mas a disposição nossa tem que ser construindo, apoiando, disputando na chapa como vice-presidente, se for o caso", afirmou Leite.

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Segundo o tucano, a senadora tem uma aspiração legítima em se apresentar como candidata. "Tudo tem de ser muito conversado para viabilizar aquilo que tenho mais capacidade eleitoral. Tenho muito respeito pelo mandato da senadora, e sua aspiração legítima de se apresentar como candidata. Ainda não avançamos em conversas nessa direção, mas haverá o momento apropriado", complementou, sobre a formação da chapa.

Após ser derrotado nas prévias do PSDB, Leite intensificou articulações com o PSD para se viabilizar como possível pré-candidato do partido, mas, por fim, decidiu permanecer no ninho tucano. Este, segundo ele, foi mais um movimento que indica sua disposição de abrir mão de ser cabeça de chapa, já que, de acordo com o ex-governador, a sigla de Gilberto Kassab não foi a única a oferecer a possibilidade.

"Se eu quisesse mesmo ser candidato, tinha mais opções que o PSD. Eu tinha opções para uma candidatura, e mesmo assim não fui atrás desses caminhos mais fáceis".

O gaúcho disse considerar que o momento pede "desprendimento" por parte dos nomes que se apresentam como "terceira via". Seu principal adversário no PSDB, o governador João Doria, atual pré-candidato do partido, tem mostrado resistência a assumir o posto de vice de outras chapas. Na última quinta-feira, o paulista admitiu que, ao anunciar desistência da eleição, sua intenção era forçar a legenda a dar primazia à sua pré-candidatura, movimento que ele classificou como "estratégia política".

Hoje, dias após telefonar a Doria dizendo respeitar o resultado das prévias, das quais o governador de São Paulo saiu vitorioso, Leite afirmou que a convenção nacional do partido é soberana, dando a entender que a candidatura do tucano paulista continua não sendo definitiva no partido. Leite afirmou que, até a data do evento, marcado para julho, "cada um vai ajustar seu papel nesse processo". Esse ajuste, ele adiantou, será feito após conversas "francas e honestas" com Doria.

Apesar de reiterar que respeita as prévias, Leite condicionou seu respaldo a Doria ao alcance de viabilidade eleitoral do paulista. Disse que o governador terá "todo seu apoio", desde que se mostre viável. "O PSDB reconhece a legitimidade das prévias, mas sabe também que vai precisar estar atento à competitividade das candidaturas", afirmou. Além da baixa intenção de voto de Doria nas pesquisas - 2% -, Leite citou a alta rejeição marcada por ele, em torno de 30%, como uma dificuldade para o avança de seu nome.

O gaúcho afirmou que deve aproveitar esta semana, a primeira após deixar o Palácio Piratini, para intensificar conversas e tomar uma decisão sobre seu futuro político. Ele disse estar pronto tanto "para liderar o projeto, se for o caso", quanto para apoiar aquele que tiver as melhores condições.

A pré-candidata à Presidência Simone Tebet (MDB) afirmou que o campo da chamada "terceira via" está próximo de apresentar uma candidatura única para a disputa ao Planalto. Segundo a senadora, presidenciáveis do centro já se comprometeram a se unir em uma chapa que se apresente como alternativa a Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL).

Simone disse ter se encontrado com o tucano João Doria e o ex-juiz Sérgio Moro (União Brasil) e firmado um pacto com os presidentes Baleia Rossi, do MDB, e Bruno Araújo, do PSDB, para selar um acordo em torno de uma candidatura única. "Nunca estivemos tão próximos de um consenso", afirmou. As declarações foram feitas ao programa Canal Livre, da Bandeirantes, exibido na madrugada desta segunda-feira (4).

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"O próximo passo será (os presidentes dos partidos) estarem juntos para vir a público, inclusive através da imprensa, para dizer: estamos unidos e teremos candidatura única", completou.

A senadora afirmou também que as negociações ainda não incluem o pré-candidato do PDT, Ciro Gomes, porque, segundo ela, o ex-governador não se apresenta como integrante do centro democrático. "Ele é bem-vindo para conversar conosco, não há dúvidas disso", acrescentou.

Simone Tebet disse que não desistirá de sua pré-candidatura por entender que tem responsabilidade por ser, atualmente, a única representante feminina na disputa. Ela também reeditou críticas à polarização entre Lula e Bolsonaro. Ambos, segundo a senadora, se eleitos, "levariam o segundo turno até 31 de dezembro de 2026".

O número de nomes do "centro democrático" descrito por Simone tem diminuído nos últimos meses, o que facilita as negociações por união. Os senadores Alessandro Vieira (PSDB) e Rodrigo Pacheco (PSD), que eram considerados opções da "terceira via" até o fim do ano passado, desistiram das eleições. O ex-ministro e ex-juiz Sérgio Moro também deu sinais de que desistiria, mas, após trocar o Podemos pelo União Brasil, recuou e disse que continua à disposição para o Executivo. As principais conversas, neste momento, giram em torno de Simone e João Doria, mas a terceira via também tem Felipe d'Avila (Novo) e, possivelmente, a chegada de Eduardo Leite (PSDB).

O fundador e presidente do Democracia Cristã, José Maria Eymael, disse nesta quarta-feira (30) que o gancho da sua campanha pelo Palácio do Planalto será a defesa dos “valores da família”. O conservador disputará o cargo no Executivo pela sexta vez, assim como o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O democrata cristão já havia se apresentado como alternativa desde 2020, mas a confirmação só veio agora. 

“Nossos valores são os valores da família, as necessidades da família”, afirmou. A declaração foi dada durante evento da legenda destinado às filiações. Segundo Eymael, a previsão é eleger mais de 90 congressistas em 2022. O partido não tem interesse em dialogar por uma terceira via unificada. Além disso, o presidente da legenda voltou a se queixar por não ser considerado nas pesquisas de intenção de voto para este ano. 

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Em janeiro, Eymael já havia sinalizado a confirmação da presença no pleito, através das redes sociais. 

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O democrata disse ainda que defenderá “alguns princípios”, como o emprego, a moradia e o desenvolvimento do país. Segundo ele, o desenvolvimento depende de uma reforma tributária “urgente”. Em setembro de 2021, reclamou nas redes sociais que não aparece nas pesquisas de intenção de voto. O político disse que o ex-presidente Lula (PT) vence todos os pré-candidatos nas pesquisas porque seu nome não está inserido nos levantamentos. “Vence todos os pré-candidatos a presidente! Mas não vence Eymael! Que não está nas pesquisas!”, disse. 

O político já foi deputado federal por São Paulo de 1986 a 1995. Disputou cinco campanhas presidenciais (1998, 2006, 2010, 2014 e 2018), mas jamais chegou ao Planalto.

Em levantamento realizado, entre os dias 26 de fevereiro e 4 de março, pela Empresa de Pesquisas Técnicas, Científicas e de Mercado LTDA (Empetec), encomendada pelo Diario de Pernambuco, aponta que o ex-presidente Lula (PT) lidera com folga nas intenções de votos para presidência da República em Pernambuco. Segundo a pesquisa, o petista apresenta mais do que o triplo de votos quando comparado ao atual presidente, Jair Bolsonaro (PL), que tentará reeleição em 2022.

A análise contou com 2.019 entrevistados e aponta que Lula reúne 62,6% dos votos. Em seguida, aparece Bolsonaro, com 16,5%, Ciro Gomes (PDT), 2,7% e Sergio Moro (Podemos), em quarto lugar com 1,7%. O levantamento também mostra o quantitativo de 9,1% de votos brancos ou nulos.

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Mulheres, jovens e 60+ votam 13

Além dos dados mencionados, a pesquisa ressalta que mulheres e jovens (16 aos 24 anos) são a maioria do eleitorado do ex-presidente no Estado. Logo, 64% dos votos no ex-presidente são do gênero feminino e 65,4% de jovens de até 24 anos. Em contraponto, as intenções de voto em Jair Bolsonaro, em sua maioria, são lideradas por homens (20%), contra 13,3% das mulheres, e pessoas na faixa etária que vai dos 35 aos 44 anos (19,9%).

A população a partir de 60 anos também reúne um quantitativo de votos expressivo no petista, em relação aos outros candidatos na corrida eleitoral. Ao todo, o público dessa faixa etária apresenta um percentual de 64,8%. Enquanto o atual presidente tem 13,6%, Ciro e Moro reúnem, respectivamente, 1% e 1,7%.

Confira os dados da pesquisa:

Estimulada

Lula: 62,6%; Jair Bolsonaro: 16,5%; Ciro Gomes: 2,7%; Sergio Moro: 1,7%; João Dória: 0,2%; Simone Tebet: 0,2%; Rodrigo Pacheco: 0,1%; Ninguém/Branco/Nulo: 9,1%; Não sabe/Não respondeu: 6,6%

Espontânea

Lula: 52,9%; Jair Bolsonaro: 15,5%; Ciro Gomes: 1,4%; Sergio Moro: 0,7%; João Campos: 0,1%; Ninguém/Branco/Nulo: 1,2%; Não sabe/Não respondeu: 28,0%

Por sexo

Feminino

Lula: 64,0%; Jair Bolsonaro: 13,3%; Ciro Gomes: 1,9%; Sergio Moro: 1,8%; João Dória: 0,3%; Rodrigo Pacheco: 0,2%

Masculino

Lula: 61,0%; Jair Bolsonaro: 20,0%; Ciro Gomes: 3,6%; Sergio Moro: 1,7%; João Dória: 0,1%; Rodrigo Pacheco: 0,0%;

Por faixa etária

16 a 24 anos

Lula: 65,4%; Jair Bolsonaro: 15,0%; Ciro Gomes: 3,7%; Sergio Moro: 1,5%; João Dória: 0,2%; Simone Tebet: 0,2%; Rodrigo Pacheco: 0,0%

25 a 34 anos

Lula: 59,1%; Jair Bolsonaro: 17,6%; Ciro Gomes: 4,0%; Sergio Moro: 2,5%; João Dória: 0,2%; Simone Tebet: 0,2%; Rodrigo Pacheco: 0,2%

35 a 44 anos

Lula: 62,2%; Jair Bolsonaro: 19,9%; Ciro Gomes: 2,0%; Sergio Moro: 1,0%; João Dória: 0,0% ; Simone Tebet: 0,3%; Rodrigo Pacheco: 0,3%

45 a 59 anos

Lula: 62,0%; Jair Bolsonaro: 15,8%; Ciro Gomes: 2,0%; Sergio Moro: 1,8%; João Dória: 0,0%; Simone Tebet: 0,0%; Rodrigo Pacheco: 0,0%

+60 anos

Lula: 64,8%; Jair Bolsonaro: 13,6%; Ciro Gomes: 1,0%; Sergio Moro: 1,7%; João Dória: 0,7%; Simone Tebet: 0,3%; Rodrigo Pacheco: 0,0%

A mais recente pesquisa Ipespe para as eleições presidenciais de 2022 divulgada na última sexta-feira (25), mostra o ex-presidente Lula (PT) à frente, com 43% das intenções de voto. Em seguida, está o presidente Bolsonaro (PL), com 26% das intenções. Já os principais pré-candidatos que se intitulam como uma terceira via, Sergio Moro (Podemos), e Ciro Gomes, aparecem com 8% e 7%, respectivamente. 

Por sua vez, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), segue na pesquisa com 3% das intenções. Já a senadora Simone Tebet (MDB), Eduardo Leite (PSDB), André Janones (Avante) e Felipe d’Avila (Novo), registram apenas 1% das intenções. O pré-candidato Alessandro Vieira (Cidadania), também foi citado na pesquisa, mas não chegou a 1%. 

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Assim como aconteceu em algumas cidades nas eleições de 2020 com os candidatos se colocando como o “candidato de Bolsonaro”, alguns candidatos à presidência vêm se colocando como uma terceira via, como Ciro Gomes e Sergio Moro, por exemplo.

Terceira via

De acordo com a cientista política Priscila Lapa, há uma cristalização na percepção das pessoas sobre o processo eleitoral, o que acaba dificultando os atores que se colocam como terceira via. “A desconfiança do eleitor de que é possível que esses adversários, - Moro como uma alternativa a Bolsonaro e Ciro como uma alternativa a Lula - sejam realmente capazes de vencer o pleito, de enfrentar essa polarização que o eleitor já entendeu estar presente no cenário. Diante disso, muito mais do que aprovar ou reprovar esses players, o eleitor tem feito a opção majoritariamente por Lula ou Bolsonaro, de acordo com as pesquisas de opinião até o momento. Isso acontece muito mais por eles serem verdadeiramente capazes de derrotar um ao outro”. 

Ela explicou que o eleitor ficou mais atento às opções de voto e, neste caso, levando em conta as pesquisas, a opção de terceira via acaba sendo defasada. “Acho que mesmo que o eleitor não queira optar por Lula, por exemplo, e prefira votar em Ciro para fugir dessa polarização, ele pode observar que Ciro não tem a capacidade eleitoral suficiente para bater Bolsonaro, e a mesma coisa o possível eleitor de Moro, que não quer votar em Bolsonaro porque acha que ele pode não ter feito um bom governo, mas quando olha para o cenário não consegue enxergar em Moro a capacidade de derrotar Lula”, analisou. Como já mencionado, a pesquisa apresenta Sergio Moro com 8% das intenções de votos e Ciro Gomes com 7%, com uma grande diferença entre os candidatos majoritários, que são Lula (43%) e Bolsonaro (26%). 

Lulismo e bolsonarismo

A cientista política detalhou que os poucos fatores que podem mudar o enredo dessa corrida ao pleito são grandes acontecimentos, como a pandemia ou algum grande escândalo, por exemplo.“Continuam presentes no cenário atual os movimentos do lulismo e do bolsonarismo, e do antipetismo e do antibolsonarismo. Essas macrovariáveis que orientam a percepção do eleitor impedem que um candidato de terceira via, por melhor performance que ele possa ter discursiva e narrativa de emplacar nas pesquisas de opinião até o momento e de instalar, de fato, a campanha, que é quando alguns elementos da conjuntura podem interferir nisso. Grandes escândalos, denúncias, variáveis que a gente não consegue prever hoje, mas algo do nível da pandemia, que ninguém poderia prever em 2018 nas eleições presidenciais. Talvez, se as pessoas tivessem visualizado essa possibilidade de uma pandemia, não tivessem votado em alguém como Bolsonaro, que demonstrou a incapacidade técnica de gerenciar o País no processo da crise”.

Lapa chamou atenção para a diferença entre terceira via e terceira colocação nas pesquisas, o que confunde muitas pessoas. “Esse lugar de terceira via vai além disso, tem a ver com projetos alternativos às candidaturas que estão colocadas como oposição principal e situação principal e, aí sim, tanto Doria, como Moro e o próprio Ciro Gomes são candidaturas de terceira via nesse sentido. Eles nem comungam 100% com as ideias bolsonaristas e nem comungam 100% com as ideias do lulismo. Nesse cenário que estamos das eleições, qualquer candidatura que se coloca como ‘não sou bolsonarista, não defendo o que Bolsonaro defende na pauta de costumes, na economia, mas também não defendo o modelo que o PT governa’, tanto Ciro, como Doria e Moro tentam ocupar esse espaço nesse debate e dizer que as ideias são diferentes das principais, mas não têm encontrado muito respaldo no eleitor”, afirmou.

Na corrida para ser o candidato preferido da terceira via, Sergio Moro se coloca como principal ator e melhor opção por ter sido juiz da Operação Lava Jato, que levou à prisão de Lula, além de ter se desvinculado do governo Bolsonaro após ser exonerado do cargo de ministro da Justiça. “Nesse sentido, Sergio Moro se coloca como um ator que é fora da política, tem essa ideia de ser um outlier, que nunca tinha sido filiado e fez parte de um governo, mas como ministro, que é um cargo técnico. Ou seja, ele não era político, e isso tem um certo respaldo da opinião pública. O próprio Doria é fruto um pouco desse discurso do político não-político, da solução para a política vindo de fora da política. Além disso, quando ele [Moro] se coloca como quem vai resolver os problemas da política a partir da Operação Lava Jato, ele se coloca como alguém que enxerga criticamente a política, como ‘eu não faço parte disso’, porque ainda existe muito forte essa questão do antipetismo como combate à corrupção”. 

“Moro também fez parte de um governo porque ele ajudou a eleger esse governo quando conseguiu ajudar a dar força a essas ideias do combate à corrupção, porém ele rompe com esse governo no sentido de que chegou uma hora que ele passou a discordar das práticas e foi buscar o seu caminho. É nesse sentido que ele coloca-se, sim, como uma alternativa a Bolsonaro, e ele tem alguns ingredientes que o colocam como terceira via. Agora, ele disputa votos em um lugar marcado ideologicamente. Lembra de Bolsonaro falando de uma nova política, só que ele não tinha nada de nova política e conseguiu colar na imagem dele? Sergio Moro mostra-se como ‘eu não vim da política, participei de um governo porque fui ludibriado’, e essa é a dificuldade dele de captar o eleitor que descole de Bolsonaro sem ser o eleitor que vai para a esquerda”, completou. 

O vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) ironizou o interesse de Luciano Huck em votar no ex-presidente Lula (PT) em um eventual segundo turno. O filho de Jair Bolsonaro (PL) é o coordenador da campanha de reeleição do presidente.

Nesta segunda-feira (28), Carlos publicou uma matéria sobre um encontro do apresentador com Geraldo Alckmin, apontado como um dos possíveis candidatos a compor a chapa do petista.

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O ex-governador de São Paulo não teria pedido votos, mas conforme a publicação ouviu de Huck que preferia votar em Lula ao invés de apoiar Bolsonaro no segundo turno.

O filho do presidente, suspeito de mentorar as atividades do Gabinete do Ódio, ressaltou que Huck é um dos líderes da Terceira Via e tentou relacionar seu grupo político à oposição do PT.

"Um dos líderes da tal 'terceira via' alegando que pode votar no ex-presidiário? Não me diga!? Quase me assustei", publicou.

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O caminho para a terceira via alavancar diante de um cenário estável, revelado pelas pesquisas de intenções de voto para as eleições presidenciais, é a desistência do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ou do presidente Jair Bolsonaro (PL) na disputa. A avaliação é do professor de estatística da Unicamp e analista político Paulo Guimarães. "Sem a presença de um deles, automaticamente o outro cairia para o seu potencial e abriria mais espaço para uma nova candidatura", afirmou em entrevista ao Broadcast Político, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.

Segundo o especialista, em todas as pesquisas divulgadas, as somas das duas candidaturas giram em torno de 65% a 70%, tornando difícil o espaço para algum outro nome. "Dentre os 30-35% de votos restantes ainda existem os votos brancos e nulos", ponderou.

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Na avaliação de Guimarães, diante da alta rejeição enfrentada pelo atual chefe do Executivo, as eleições presidenciais deste ano serão guiadas por um campo vencedor antibolsonaro, diferentemente da disputa de 2018, quando ainda predominava o antipetismo. "Hoje o ódio ao Bolsonaro é bem maior que o ódio ao nome de Lula", disse.

Portanto, para conseguir destaque neste cenário polarizado, "essa terceira via teria que se colocar nesse campo, e tomar muito cuidado para não acabar fazendo campanha para o Lula", explicou o professor, reforçando que esse cenário se repetiu nas eleições de 2018, quando o então pré-candidato à presidência Geraldo Alckmin (sem partido) atacou o PT e alavancou ainda mais Bolsonaro.

Além disso, segundo Guimarães, a presença de apoiadores é outro fator fundamental para superar o teto e ganhar destaque. "Os (apoiadores) mais importantes são os governadores ou candidatos ao governo. São eles que fazem palanque pros presidenciáveis, e não o contrário", afirmou.

Pesquisa

Pesquisa Ipespe divulgada nesta sexta-feira (11) mostra que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) continua como favorito, com 43% das intenções de voto no cenário estimulado do levantamento. O presidente Jair Bolsonaro (PL) aparece na sequência, com 25%. Sergio Moro (Podemos) e Ciro Gomes (PDT) mantiveram-se empatados com 8%.

João Doria (PSDB) aparece com 3% das intenções. Já André Janones (Avante) e Simone Tebet (MDB) aparecem com 1% cada um. Rodrigo Pacheco (PSD), Alessandro Vieira (Cidadania) e Luiz Felipe DÁvila (Novo) ficam abaixo disso.

Ciro Gomes (PDT), pré-candidato à presidência da República, criticou durante entrevista à rádio Máxima FM, o seu adversário e ex-juiz Sérgio Moro, nesta segunda (1). Ciro usou o termo 'Variante da Covid' do presidente Jair Bolsonaro (PL) ao se referir o ex-juiz.

Na entrevista, o pré-candidato negou a ideia de unir sua candidatura à outros representantes da "terceira via" e voltou a criticar seus adversários.

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"Inventaram esse negócio de 3ª via. Como assim 3ª via? Essa gente que está se apresentando como 3ª via é tudo viúva do Bolsonaro. Eles fazem de conta que nós somos tudo um bando de imbecis, um bando de idiotas sem memória. O Doria fez o BolsoDoria e o Moro é a variante da Covid do Bolsonaro, é a ômicron do Bolsonaro", disse. 

Ciro vem chamando Sérgio Moro pra debater há algum tempo, mas ele não responde essas chamadas. O pré-candidato do PDT fez, inclusive, um vídeo reagindo á respostas de Moro em entrevista ao Flow Podcast. Confira:

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Se as eleições fossem hoje, o ex-presidente Luiz Inácio ‘Lula’ da Silva (PT) venceria no primeiro turno, com 45% dos votos, de acordo com a pesquisa mais recente da Genial Quaest, divulgada nesta quarta-feira (12). O petista é seguido pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), com 23%, o ex-juiz Sergio Moro (Podemos), com 9%, o ex-governador Ciro Gomes (PDT), com 5%, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), com 3%, e a senadora Simone Tebet (MDB), com 1%. 

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), e Luiz Felipe D'Ávila (Novo) não pontuaram. Brancos e nulos são 8% e indecisos somam 4%. A margem de erro é de dois pontos percentuais. Os resultados são similares aos da edição anterior, divulgada em dezembro. 

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Nos cenários simulados para o segundo turno, Lula continua vencendo em todos. Contra Bolsonaro, o placar seria de 54% contra 30%. Contra Moro, seria de 50% a 30% e, contra Ciro, 52% a 21%. Já Bolsonaro, além de perder para Lula, também seria derrotado por Moro e por Ciro pelos placares de 30% a 36% e de 32% a 39%, respectivamente. 

Na pesquisa espontânea, a preferência ainda é por Lula e cresce de 23% para 27%, no mesmo período. Bolsonaro saiu de 15% para 16%, se mantendo estável. O número de indecisos é alto, mesmo tendo uma queda de 2% em relação ao último mês, caindo de 54% para 52%. 

O levantamento ouviu duas mil pessoas, com 16 anos ou mais, entre os dias seis e nove de janeiro, com entrevistas “face-a-face”. O índice de confiança, segundo o instituto, é de 95%. A pesquisa foi registrada no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) sob o número BR-00075/2022. Desde o último dia 1º, todas as pesquisas sobre as eleições precisam ser registradas do TSE, seguindo padrão de formatação e metodologia exigidos. 

 

Durante evento do Movimento Brasil Livre (MBL) neste sábado (20) o ex-juiz Sérgio Moro afirmou que mantém diálogo com outros presidenciáveis da chamada "terceira via" e não descartou uma aglutinação entre os nomes. "Eu tenho conversado com todos os nomes, acho que a união deve ser feita em cima de um projeto consistente para o País", disse.

"Queremos aglutinar, trazer outras pessoas, somar e evitar extremos", continuou.

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Na sexta-feira, o deputado Kim Kataguiri (DEM), um dos líderes do MBL, hesitou em cravar um nome ao ser questionado quem o movimento apoiará em 2022. Momentos antes, ele havia dito que o grupo "tem de ser ambicioso e eleger o próximo presidente da República".

Neste sábado, porém, o apoio do movimento ao jurista foi evidente. Moro foi apresentado por Adelaide Oliveira como o "próximo presidente do Brasil", e sua entrada no palco do evento foi ovacionada pelos presentes, que gritavam seu nome em coro.

O grupo projeta também um palanque para o deputado estadual Arthur do Val (Patriota), que irá se lançar candidato ao governo de São Paulo no ano que vem. Ao final do evento, Adelaide chamou do Val ao palco e, ao lado de Moro, disse que ali estavam os futuros presidente da República e governador paulista.

Quando o ex-juiz foi questionado pelo apresentador Danilo Gentili, responsável por entrevistá-lo no painel, se de fato será candidato, a plateia irrompeu em gritos de "sim!" e "Moro presidente".

Em resposta, o ex-juiz repetiu que está "pronto para liderar o projeto" e defendeu uma agenda anticorrupção para o País, fazendo críticas ao PT nessa seara. Ele citou seu histórico nos processos da Operação Lava Jato como um fator que pesa a seu favor, e disse não se ressentir com o Supremo Tribunal Federal (STF) por ter sido considerado parcial no julgamento do ex-presidente Lula, embora faça críticas à Corte e considere sua suspeição um erro.

"O STF tem grandes méritos, mas os fatos estão documentados. Há uma tentativa de revisionismo histórico, mas a verdade é que a Petrobras foi saqueada como nunca antes na história desse país (durante os governos petistas)", afirmou.

Repetindo traços de seu discurso de filiação ao Podemos, o ex-ministro focou sua fala no combate à corrupção, seu principal ativo político. O jurista sustentou que deseja que o País "retorne à época em que havia esperança de que a impunidade não fosse regra".

Moro também defendeu acabar com o "nós contra eles", reforçando seu nome como alternativa à polarização Lula x Bolsonaro. Ele afirmou que seu projeto não será fundamentado na "agressão", como classifica o de seus dois principais adversários.

"Existe hoje uma atmosfera de intimidação nas redes sociais, as pessoas têm medo de dizer o que pensam. Isso é muito ruim para o País".

Pré-candidatos à Presidência da República da terceira via defenderam, no 6º. Congresso Nacional do Movimento Brasil Livre (MBL), nesta sexta-feira, 19, uma "união" para vencer a polarização entre o presidente Jair Bolsonaro e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, líderes das pesquisas eleitorais na eleição presidencial de 2022.

"Essa é uma eleição que está em risco a democracia", disse Luiz Felipe d’Avila, pré-candidato do Novo. Precisamos nos unir para ter um candidato capaz de destruir o populismo de direita e de esquerda", afirmou. Ele esteve acompanhado do ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta e do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite.

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Em pronunciamento de abertura do debate, Mandetta que disse que "a terceira via é a única via, a melhor via". Eduardo Leite, que disputa as eleições prévias do PSDB neste domingo, 21, concordou. O gaúcho manifestou que pretende fazer um governo que valorize as instituições fiscalizadoras do poder público e manteve as críticas aos governos Lula e Bolsonaro.

Mandetta, por sua vez, dedicou parte de sua fala para criticar programas sociais como o Bolsa Família e o Auxílio Brasil. "Este programa muda de nome, mas não muda ação", disse. "O programa social melhor não é nem o Bolsa Família, nem o Auxílio Brasil; é a carteira assinada."

Na mesa anterior, o governador de São Paulo, João Doria, afirmou que poderia abrir mão da própria campanha para apoiar um nome da terceira via. "Temos que ter um candidato que seja viável para mudar o Brasil e que seja capaz de aglutinar o Brasil contra os extremos de Lula e Bolsonaro", disse o tucano, quando questionado sobre a possibilidade de apoiar o outro nome. A plateia presente gritou pelo nome do ex-juiz Sérgio Moro.

A convergência para uma candidatura única na disputa presidencial de 2022 entre os partidos do centro político é uma possibilidade ainda distante. Incertezas e obstáculos deixaram alargada e congestionada a terceira via. A praticamente um ano da definição do próximo presidente da República, pelo menos 11 pré-candidatos se apresentam para a disputa. Entre eles o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, que se filiou ontem ao PSD, e entrou informalmente nessa fila.

Este cenário reflete a movimentação dos presidenciáveis que hoje estão nas primeiras colocações das pesquisas de intenção de voto, a começar pelo próprio presidente Jair Bolsonaro, que trabalha persistentemente por criar condições para a reeleição. Neste ano, Bolsonaro reforçou a agenda de rua com apoiadores - incluindo as motociatas - e, mais recentemente, lançou o Auxílio Brasil, programa social que substituirá o Bolsa Família.

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O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem se dedicado a encontros partidários desde que se tornou novamente elegível por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). Com suas condenações na Operação Lava Jato anuladas e seu retorno ao xadrez político, o petista aparece com larga vantagem nas pesquisas, o que obrigou à revisão de estratégias nos campos da direita e da esquerda.

RESPOSTAS

No centro agora congestionado, os candidatos a candidato ao Palácio do Planalto, por sua vez, estão em compasso de espera. Três respostas são consideradas fundamentais para que uma terceira via possa se tornar real: quem vai vencer as prévias tucanas? Sérgio Moro será candidato? Bolsonaro conseguirá estancar sua queda de popularidade e se manter em 2022 como um candidato competitivo?

Da primeira pergunta, ao menos uma definição será dada. Se o escolhido for o governador de São Paulo, João Doria, dificilmente o PSDB aceitará compor uma chapa presidencial que não seja encabeçada pelo partido. Já se o governador gaúcho Eduardo Leite vencer, analistas tratam essa possibilidade como possível e até provável, o que facilitaria o entendimento com outras siglas.

"O resultado dessa disputa definirá os arranjos entre os partidos do centro. Se Leite vencer e aceitar ser vice - o que é, aliás, um anseio de uma ala do partido -, ele abre caminho para que outros nomes façam o mesmo. Doria dificilmente teria a mesma disposição. É nesse sentido que as prévias importam para fora do PSDB", disse a cientista política Lara Mesquita, do Centro de Estudos em Política e Economia do Setor Público (Cepesp) da FGV-SP.

A definição tucana também pode influenciar outra questão ainda em suspenso: a participação do ex-juiz e ex-ministro Sérgio Moro na eleição. Ainda relativamente bem colocado nas pesquisas de intenção de voto, pontuando entre 5% e 10%, de acordo com o cenário, Moro nunca confirmou nem descartou interesse no Planalto. Enquanto deixa a porta aberta para encabeçar uma chapa, o ex-juiz se aproxima de Doria para eventual parceria.

Mesmo que confirme a filiação ao Podemos nos próximos dias, o símbolo máximo da Lava Jato deverá enfrentar uma série de obstáculos para viabilizar uma candidatura presidencial. A começar pela busca de aliados - Moro enfrenta forte resistência no meio político, pois a operação atingiu dezenas de parlamentares que ocupam cadeiras no Congresso.

Para o cientista político Christopher Garman, no entanto, o fator preponderante na definição de uma terceira via com chances de vitória não está nas respostas do PSDB ou de Moro, mas nos índices de popularidade do presidente. "O que falta para o centro ser competitivo é espaço. O presidente precisa se enfraquecer mais para que uma terceira via apareça. Hoje, com a aprovação dele na casa dos 25% a 30%, essas chances são muito baixas. Calculamos que esse patamar precise cair mais dez pontos", afirmou o diretor executivo da Eurasia para as Américas.

Decidido a espremer esse centro e, ao mesmo tempo atrair o eleitorado petista, Bolsonaro aposta suas fichas no Auxílio Brasil, sem levar em conta o ônus econômico que a concessão do benefício pode lhe render, como aumento dos juros e inflação ainda em alta.

Para a economista e colunista do Estadão Ana Carla Abrão, a expectativa de piora na economia pode ajudar na construção de uma candidatura que concentre apoios no centro. "O Brasil sempre reage ao abismo. E estamos à beira dele. Isso, ao mesmo tempo que nos impõe riscos e grandes desafios, favorece o consenso em torno de um nome que se contraponha ao PT e a Bolsonaro. A crise econômica que já chegou e que será agravada pela via populista que o governo agora sinaliza adotar sem pudor, ao mesmo tempo que nos impõe um altíssimo custo econômico e social, favorece o surgimento de uma alternativa", disse Ana Carla.

PALANQUE

Líder nas pesquisas, Lula foca no discurso da retomada econômica e social enquanto trabalha para aumentar seu leque de alianças. O petista ensaia uma guinada ao centro para se mostrar viável ao mercado e atrair o mesmo centro democrático.

É nesse cenário que outros nomes tentam se firmar como opção aos eleitores que rechaçam a permanência de Bolsonaro e a volta de Lula. Ciro Gomes (PDT) já disse que não vai retirar seu nome da disputa. Terceiro colocado em 2018, o pedetista tem o aval do partido para se lançar pela quarta vez à Presidência e, aos poucos, vai montando suas estratégias, com jingle, plano de governo e até marqueteiro contratado: João Santana, ex-PT. O discurso e a imagem têm se adaptado, assim como o arco desejado de alianças, que inclui agora até partidos mais à direita, como o DEM e o PSL.

FILA

O ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta (DEM) e o apresentador de TV José Luiz Datena (PSL) são alguns dos nomes com quem Ciro tem conversado para formar uma chapa. Ainda pontuando nas pesquisas, Mandetta já declarou aceitar ser vice, mas, como Datena, aguarda os rumos que seu partido vai tomar com a fusão com o PSL no novo União Brasil.

À exceção de Ciro, Bolsonaro, Lula e dos tucanos Doria, Leite e Artur Virgílio (também inscrito nas prévias, mas sem chances reais), o desejo de concorrer à Presidência é projeto embrionário para os demais nomes.

Pacheco foi lançado ontem em cerimônia repleta de simbolismo planejada pelo criador e presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab. O ato de filiação se deu em Brasília, no Memorial Juscelino Kubitschek - mineiro, apaziguador e democrático, assim como o ex-prefeito quer "vender" Pacheco.

O presidente do Congresso vem sendo colocado por aliados como um nome para acabar com a divisão do País e inserir as reformas e planos de desenvolvimento no topo da lista de prioridades almejadas pelos mais diversos setores da economia - assim como JK. É advogado, jovem, agregador e de centro.

Menos conhecidos até o momento pelo eleitorado em geral, outros potenciais concorrentes se lançaram ao Planalto: o cientista político Luiz Felipe d'Avila, pelo Novo, e os senadores Alessandro Vieira (Cidadania) e Simone Tebet (MDB), a única mulher até agora a demonstrar intenção de participar da disputa presidencial de 2022.

Independentemente do nome, a professora Lara Mesquita avaliou que as alternativas à polarização precisam estreitar o espaço para candidaturas se quiserem oferecer uma opção concreta para o eleitor no ano que vem. "Hoje, o cenário é de dispersão", afirmou.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A um ano das eleições, o agronegócio começa a mostrar divisões internas e a procurar alternativas ao presidente Jair Bolsonaro entre os candidatos de centro, a chamada terceira via. Influenciadores e grandes empresários do setor dizem, contudo, que, se um nome fora da polarização não se viabilizar, o cc

"Entre os agricultores, vejo uma tendência pró-Bolsonaro. Agora, nas instituições está todo mundo olhando o horizonte, ninguém tem posição tomada ainda", disse o ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues, coordenador do Centro de Agronegócio na Escola de Economia de São Paulo, da Fundação Getulio Vargas.

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Um dos que mantêm canal direto com o agro é o governador de São Paulo, João Doria (PSDB). Interlocutores do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva também buscam refazer pontes e telefonaram para Rodrigues. Assim como o PSB. "Todos que me procurarem vou ajudar, com o mesmo plano de governo para todos. Eu defendo a agricultura em qualquer ambiente", afirmou o ex-ministro de Lula, que não teve ainda contato com Bolsonaro.

A debandada de parte do setor ficou evidenciada com a iniciativa de entidades do agro de encabeçar uma carta em defesa da democracia, antecipando-se ao recuo dos industriais. Embora não cite Bolsonaro, o texto foi articulado como contraponto ao discurso autoritário do presidente no 7 de Setembro. O manifesto menciona a "moderna agroindústria brasileira". "Somos força do progresso, do avanço, da estabilidade indispensável e não de crises evitáveis", diz o texto, que fala em "tensionamento e riscos de retrocesso e rupturas". Assinaram o documento, entre outros, a Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) e o Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para a Defesa Vegetal.

Para Christian Lohbauer, presidente da CropLife Brasil e ex-candidato a vice-presidente pelo Novo, apesar de ser heterogêneo, o setor se unirá na oposição a Lula. Segundo Lohbauer, há três grupos no agro: um contra o retorno do PT; um que apoia fielmente a gestão da ministra da Agricultura, Tereza Cristina; e outro que é pró-Bolsonaro, o que ele chama de "radicalismo agrário". "Se tem uma pauta que integra e une é a agenda anti-PT, por isso ocorre essa associação binária", afirmou. "O agro inteiro busca encontrar uma alternativa para o PT não ganhar e vai fazer o que for necessário."

A opinião de Lohbauer coincide com a de outro nome de peso do setor, o ex-ministro da Agricultura no governo Collor Antônio Cabrera Mano Filho. Eles observam que Ciro Gomes (PDT) se inviabilizou por causa de declarações generalizantes em que citou "bandidos do agronegócio". Ciro depois se retratou, afirmando que se referia a uma "parcela ínfima".

"Do outro lado (esquerda) não é a nossa praia, não tem como. O apoio a Bolsonaro é generalizado", disse Cabrera, veterinário e exportador de carne, milho, soja e cana-de-açúcar. "Não sou muito fã desse negócio de terceira via. É meio que tentar embalar algo que não está dando certo. Até gostaria que surgisse, mas o que percebo é que está ficando Bolsonaro contra anti-Bolsonaro", declarou o ex-ministro.

Para Cabrera, há um sentimento geral de frustração com outras agendas liberais do ministro da Economia, Paulo Guedes. Ele citou a falta de avanço nas reformas tributária e administrativa e, principalmente, as privatizações que patinam. "O maior adversário de Bolsonaro se chama Bolsonaro. Hoje eu sou a favor dele porque não tenho nenhuma opção, dentro da linha da liberdade econômica", afirmou. "Ficar falando que o Bolsonaro só diz bobagem não vai eleger ninguém. É um voto birrento, infantil. Candidatos da esquerda só falam em meio ambiente. É importantíssimo, mas e a infraestrutura?"

'Grave'

O pecuarista e ex-dirigente da Sociedade Rural Brasileira Pedro de Camargo Neto acrescentou como frustrações os retrocessos na pauta anticorrupção com a demissão do ex-ministro da Justiça Sérgio Moro e a aliança com o Centrão. Ele rompeu com a entidade que presidiu após 30 anos de elo, por causa do apoio da SRB a políticas do atual governo personificadas pelo ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles - investigado por suspeita de envolvimento com madeireiras.

"A credibilidade do País foi perdida com a permissão de ilegalidades, a extração de madeira e o garimpo. Se não enfrentar isso e o grilo de terras, que é roubo de terra pública, não resolve nada, não adianta ficar falando de bioeconomia e de pagamento por serviço ambiental na Amazônia", afirmou. "Nisso o governo falhou e é muito grave. Tem que pôr ordem na casa", cobrou o pecuarista, que tem fazendas em Mato Grosso do Sul, São Paulo e Piauí, e é doutor em Engenharia de Produção pela USP.

Apesar das críticas, líderes do setor apresentam inúmeros pontos de identificação com o atual governo para justificar a escolha num cenário de polarização com o PT. Entre outras razões, estão o conservadorismo e um cansaço da relação conflituosa histórica com ambientalistas, movimentos sem-terra e organizações não governamentais (ONGs). "Os caras apanharam do ambientalismo, do MST, então eles têm uma sequela, uma mágoa. É um Brasil fora das bolhas urbanas e tem pensamento mais conservador, de costumes", disse Camargo Neto.

Outro traço em comum é a boa avaliação de ministros como Tereza Cristina (Agricultura) e Tarcísio de Freitas (Infraestrutura), e "correções de rumo" com as entradas de Joaquim Leite (Meio Ambiente) e Carlos França (Itamaraty) no governo. "Os ministros próximos do agro estão fazendo um bom trabalho e isso valoriza Bolsonaro perante os agricultores", afirmou Roberto Rodrigues.

A bonança do agro em plena pandemia da covid também é destacada. Segundo Cabrera, o setor cresceu e traders já estão procurando produtores para negociar a compra antecipada da safra de 2023. O ex-ministro de Collor elogiou o governo Bolsonaro por dois pontos principais: não interferir no mercado para controlar exportações, seja com limitação ou tributação, e a ausência das invasões no campo por parte do MST. "Não somos alienados, sabemos que temos problemas graves de saúde na pandemia, mas o setor foi muito agraciado, com exportações."

Conhecedor no mercado externo, Camargo Neto vai além: a conjuntura de dólar valorizado nas exportações em alta beneficiou como nunca o exportador. "Isso era algo que não acontecia. Aumentou a exportação e não derrubou o dólar. O setor acaba sendo beneficiado", disse. "Mas tem que ver como fica no ano que vem. Os insumos também subiram."

Até agora, nenhum presidenciável manteve diálogo formal para pedir apoio a entidades do setor. Porém, há reuniões frequentes com Bolsonaro e diálogos incipientes em privado com outros presidenciáveis.

Partidos também avaliam nome

Além de lideranças do setor do agronegócio, cresce no espectro da direita partidária a disposição de buscar outro nome capaz de derrotar o ex-presidente petista Luiz Inácio Lula da Silva na disputa presidencial de 2022.

As mais recentes pesquisas de intenção de voto mostraram o presidente Jair Bolsonaro com dificuldades para debelar a rejeição, na faixa de 60%.

"É um empecilho muito grande. Lula está conseguindo voto útil, um feito inédito. A eleição começa a mudar de eixo. Desde 2006 discutimos o anti-PT. Agora, estamos discutindo o anti-Bolsonaro", afirmou Bruno Soller, do Instituto Travessia Estratégia e Marketing.

O União Brasil, novo partido que resultará da fusão entre o PSL e o DEM, avalia os prós e contras de apoiar ou não a reeleição de Bolsonaro. Uma candidatura própria partiria turbinada por R$ 320 milhões do fundo eleitoral, a maior fatia.

Quadros que voltaram ao poder depois do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), entretanto, pretendem fazer de tudo para não regressar à oposição, ainda que tenham de se aliar novamente ao presidente. A hipótese tem agitado os bastidores da fusão. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Ex-prefeito de Salvador e presidente nacional do DEM, ACM Neto disse que Eduardo Leite (PSDB-RS) é mais agregador que João Doria (PSDB-SP). A fala aconteceu em entrevista ao jornal O Globo, publicada nesta sexta-feira (1º), no contexto de avaliação do melhor nome para a chamada “terceira via”, na qual os governadores disputam o direito de representar o partido tucano nas eleições de 2022.

Embora tenha enfatizado que as primárias tucanas são soberanas, Neto destacou que precisava “externar sua simpatia” por Leite, a quem avalia como “um nome mais agregador, que permite uma construção política mais ampla''. Já sobre Doria, o ex-prefeito de Salvador declarou que o paulista dá “sinais de que quer ser candidato a presidente de qualquer jeito”.

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"Caso se pretenda viabilizar um projeto maior, é preciso ter uma visão coletiva e não individual. Precisa ser um projeto de uma construção mais ampla, como é o de Leite", opinou ACM Neto. A declaração acontece em meio às intensas articulações da direita em busca de um nome para disputar o cargo de chefe do Executivo no ano que vem.

Além disso, ao que tudo indica, a fusão do DEM com o PSL, partido que elegeu o atual presidente Jair Bolsonaro (sem partido) deve acontecer até o final deste ano. Nomes como o do ex-ministro da Justiça Sérgio Moro (sem partido), Luís Henrique Mandetta (DEM), ex-titular da Saúde, da senadora Simone Tebet (MDB) e do apresentador José Luis Datena (PSL) também são cotados para a disputa.

Os principais pré-candidatos do PSDB à Presidência usaram as redes sociais em defesa da chamada “terceira via”. O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, e o governador de São Paulo, João Doria, rebateram declarações do ex-presidente Lula (PT) e do atual chefe do Executivo, Jair Bolsonaro (sem partido).

Em sua conta no Twitter, nessa terça-feira (20), Leite afirmou que “ninguém chuta cachorro morto” e que, “se não existe terceira via, não sei por que Lula e Bolsonaro estão se preocupando”. “Depois do tanto que já nos foi roubado, querem agora roubar a nossa esperança”, finalizou.

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Doria, que deve disputar as prévias do partido tucano com o governador do Rio Grande do Sul, chegou a dizer que “o sonho do Lula é disputar eleição apenas com o Bolsonaro” e “o sonho do Bolsonaro é disputar eleição com o Lula”.

“O sonhos dos brasileiros é que os dois percam a eleição. Não adianta serem contra, a melhor via devolverá a esperança aos brasileiros”, complementou, fazendo uso da hashtag #NemLulaNemBolsonaro.

Muitos internautas, no entanto, rebateram a postagem de João Doria, relembrando o alinhamento político do mandatário paulistano com Jair Bolsonaro durante a última corrida presidencial.

“Esse governador anda alienado. Pensa que talvez ele e só ele devolverá esperança ao Brasil. Não esqueçamos quem apoiou firmemente Bolsonaro. E não se descontaminou ainda… Ganhará as eleições quem dará trabalho ao povo, poder comer, morar e incluir os excluídos. Alguém já fez isso”, respondeu o filósofo petista Leonardo Boff.

“Meu sonho, como brasileiro, é acabar com esse ritmo de ódio, é voltar a fazer planos pro futuro, é poder oferecer um churrasco pra minha família (hoje não dá), voltar a ter orgulho de ser brasileiro lá fora. Lula tem defeitos, mas na época dele eu tinha tudo isso”, disse outro internauta.

Também na terça (20), em entrevista à rádio Jovem Pan de Aracaju, o ex-presidente petista disse que “a terceira via é uma invenção dos partidos que não têm candidato”. Para Lula, “não adianta as pessoas inventarem que tem uma disputa entre dois opostos. Não tem essa radicalização, não tem essa polarização. O que está acontecendo é que de um lado tem a democracia e de outro lado o fascismo”.

No mesmo dia, durante conversa veiculada na Rádio Itatiaia, Bolsonaro declarou que “não existe terceira via” e que o povo “não engole isso aí”. Segundo o presidente, o único cenário possível é entre ele e Lula, e nenhum outro candidato vai “agradar” a população.

Acompanhe:

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Na manhã desta terça-feira (6), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) rebateu a pretensão do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) por voto impresso em 2022 e indicou que ele foi eleito em uma disputa ‘roubada’. Em tom irônico, em entrevista à rádio Salvador FM, o pré-candidato sugeriu que o representante da 'terceira via' seja escolhido em um show de calouros.

Em desacordo às acusações de fraudes no processo eleitoral brasileiro levantadas por Bolsonaro, que não apresentou nenhuma prova da suspeita e já afirmou que só perde em 2022 com adulterações nas urnas eletrônicas, o petista disse que o adversário foi eleito em uma disputa "roubada". 

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"Voto impresso é voltar pra época dos dinossauros. Se fosse possível roubar na urna eletrônica, jamais um metalúrgico teria sido eleito presidente da República. Eleição roubada foi a do Bolsonaro, que foi eleito com fake news, sem participar de um único debate", apontou.

Lula lamentou as mais de 525 mil mortes pela crise sanitária no Brasil, criticou a descoordenação do Governo Federal e repudiou as suspeitas de superfaturamento na aquisição de milhões doses imunizantes da Covaxin e da AstraZeneca.

"Tanta gente morreu de Covid e agora ficamos sabendo que tinha gente tentando roubar dinheiro às custas de vacina. E o governo protelando a compra. Virou um mercado livre com todo mundo negociando, quando deveria ter sido de responsabilidade exclusiva do Ministério da Saúde", repreendeu.

Apesar dos ataques à atual gestão do Executivo, o ex-presidente indicou que não vai adotar o tom agressivo de Bolsonaro. "Minha política não vai ser de ficar falando mal de adversário. Vai ser de juntar todo mundo pra provar que o Bolsonaro é um desserviço a esse país. Não vou ficar batendo boca, minha conversa é com o povo brasileiro", disse.

Contudo, tomou a postura questionável do atual presidente como exemplo e orientou que os próximos eleitos passem por uma avaliação psicológica antes de receberam a faixa presidencial. "Acho que daqui pra frente, depois do Bolsonaro, era bom fazer um psicotécnico depois das eleições... Se o cara precisa de um psicotécnico pra dirigir um fusquinha, seria bom fazer pra dirigir um país", sugeriu.

Sobre a polarização política acentuada no Brasil desde meados do segundo governo Dilma, ele lembra que a dualidade de ideias também é comum na conjuntura internacional e ironizou a articulação por um candidato da 'terceira via'.

"No mundo inteiro é secular essa polarização. Nos EUA, França, Espanha. Os partidos que criem vergonha e lancem candidato. Em 89 eu era um bagrinho, disputei com uns 12, e fui pro segundo turno. Acho esse debate muito fraco sabe. Podem fazer um programa de calouro e escolher terceira via", complementou.  

O ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha (MDB-RJ), disse que votará em Jair Bolsonaro (sem partido) nas eleições presidenciais de 2022. "Como eu vou ficar contra quem foi colocado para ser o anti-PT? A discussão não é apoiar ou não. Não quero é o PT de volta", disse, em entrevista à revista Veja nessa sexta-feira (14). O antipetista também se vê descrente na dita “terceira via”, alegando que os nomes cotados, como o governador João Doria (PSDB) e o ex-ministro da saúde Luiz Henrique Mandetta, não são relevantes para a disputa.

"Esses nomes de centro que apareceram por aí — Mandetta, Doria, Huck — são a turma dos 3%, com chance zero de ganhar", continuou. Para Cunha, reeleger Bolsonaro é uma “decisão óbvia”, pois só existem dois caminhos, o “do PT” e o “anti-PT” e o político acredita que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve ser derrubado no voto, não tirado da disputa. Em entrevista no mesmo dia à CNN Brasil, voltou a mencionar o assunto, tendo também retornado às redes sociais, onde reconstrói a imagem extra-oficial de “internauta”, como já havia dito no passado.

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“Não vejo a possibilidade de outra opção crescer. Se tiver uma opção que for anti-PT que vá ganhar a eleição, eu posso até avaliar. Não voto no PT. Não quero o PT de volta para o país. Eu já vivi o PT, eu já conheci o PT e não concordo com as políticas do PT”, disse, em entrevista.

Com a prisão revogada por decisão do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1), após quatro anos e meio cumprindo pena, Eduardo Cunha afirmou que pretende retornar à vida política. Na entrevista à Veja, Cunha disse ainda que, atualmente, depende financeiramente da família e que pretende abrir um canal no Youtube e empreender para "arranjar um jeito de sobreviver".

A pouco menos de um ano e sete meses para as eleições de 2016, o Partido Verde (PV) de Pernambuco anunciou que terá candidato próprio na disputa pela Prefeitura de Olinda. Defendendo um projeto de terceira via, a legenda vai disputar o pleito com o médico e militante do GreenPeace, Gustavo Rosas. Em entrevista ao Portal LeiaJá, nesta segunda-feira (16), o pré-candidato verde afirmou que pretende iniciar as articulações para embasar sua postulação ainda esta semana. 

“É um projeto de terceira via, que talvez os olindenses queiram. A partir deste fim de semana já vamos começar a discutir o nosso projeto com o povo. Há um anseio do povo de Olinda de ter um candidato alternativo”, argumentou Rosas. 

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Segundo o pré-candidato, a cidade necessita de um prefeito que seja “filho de Olinda”. “O problema de Olinda é que estão querendo importar o candidato de fora. Só por causa de um sobrenome bonito? É um erro político”, disparou sem citar nomes, mas fazendo menção à possibilidade do advogado Antônio Campos (PSB), irmão do ex-governador Eduardo Campos, disputar o Executivo municipal. “Já temos o clã dos Urquizas e o PCdoB, agora querem trazer alguém do Recife para comandar Olinda”, criticou. 

Avaliando a atual gestão, Gustavo Rosas observou que existe um “uma revolta e o sentimento de mudança muito forte” na cidade. “Sabemos de tudo o que foi recebido por Olinda, em termos de orçamento, mas poucas ações tiveram resultados. Mais de 17 mil casas sem saneamento em Olinda, dificuldade em atrair indústrias, a decaída do turismo. As pessoas não vão mais para Olinda, passam só uma tarde e vão embora para Porto de Galinhas”, disse. 

Agenda de seminários

Com a pretensão de eleger ao menos 40 vereadores em Pernambuco no pleito eleitoral de 2016, o PV vai realizar uma série de seminários pelo estado. Os primeiros vão acontecer nas cidades de Belo Jardim, dia 11 de abril, e Escada, no dia 25 do mesmo mês. 

Atualmente o PV conta com 27 vereadores em todo o estado, sendo dois deles no Recife: Augusto Carreras e Eurico Freire. Além da intenção de ampliar o número dos verdes no legislativo, a legenda também pretende conquistar o comando de no mínimo cinco prefeituras. 

O calendário, de acordo com o presidente estadual da legenda, Carlos Augusto Costa, faz parte de um planejamento estratégico do PV.  “Hoje temos 13 mil filiados e estamos num momento de reestruturação da entidade. Já tivemos mais de 100 adesões desde que começamos as inserções da propaganda televisiva”, ressalta Costa, ao se referir sobre os comerciais que estão no ar desde 16 de fevereiro.

O cansaço da população com a política expresso nas manifestações de 2013 e os 20 anos de polarização no cenário político nacional abriram espaço para a chamada "terceira via". Além de novos projetos de partido, surgiram iniciativas como a união de PSB, PPS, PV e Solidariedade em um bloco no Congresso. Especialistas consultados pelo Broadcast Político, serviço em tempo real da Agência Estado, no entanto, avaliam que 2015 não será um momento fácil para a consolidação das forças que tentam se contrapor ao PT e ao PSDB.

A Rede Sustentabilidade, iniciativa mais promissora dessa tendência, saiu enfraquecida das eleições deste ano, com a derrota de Marina Silva no pleito, avalia o professor do Insper e cientista político Humberto Dantas. "Marina se mostrou a pessoa que efetivamente é, carregada de uma dose de insegurança. Não estava confortável na disputa depois de partir para o sacrifício após a morte de Eduardo Campos", avalia Dantas, que ressalta ser difícil, no contexto político brasileiro, criar partidos ideológicos.

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O professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Jairo Nicolau, estudioso de partidos políticos no Brasil, pondera que Marina foi colocada em uma situação muito delicada e acabou vítima das circunstâncias, sem condição de enfrentar as poderosas máquinas petista e tucana. Ele também acredita que o sistema eleitoral e o contexto democrático brasileiro dificultam propostas como as da Rede e afirma que, em ano de turbulências na economia e na política, a situação pode ser ainda delicada para projetos ainda frágeis. "No atual cenário não adianta, não cabem mais legendas. Além de ser muito difícil de se firmar no Brasil, é difícil de virar um movimento de massas", afirmou.

Nicolau ressalta que é delicado fazer previsões para 2018, mas, se confirmada a volta do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como candidato, o mais provável é a manutenção da disputa central entre petistas e tucanos. "Não vejo no horizonte uma situação positiva para a terceira via, sobretudo se o Lula se confirmar como candidato. Aí acabou, volta a mesma coisa de PT versus PSDB."

Os estudiosos concordam que, no curto e médio prazos, a iniciativa do bloco liderado pelo PSB tem uma possibilidade maior de se firmar como força política alternativa que um novo partido como a Rede. "Hoje, com a nossa cultura política, esse é o caminho mais viável. É uma pista pavimentada, enquanto a Rede e partidos pequenos estão mais para um acostamento", avalia Dantas.

Nicolau afirma que uma prova da dificuldade de trazer novas ideias para um sistema político saturado de partidos é o histórico do PSOL, que nasceu como uma dissidência ideológica do PT. "Veja a realidade do PSOL, que tem presença forte em segmentos como o estudantil, mas não consegue se apresentar, ter candidaturas fortes. Vive uma década de desastre político", avalia.

Não significa que o bloco liderado pelo PSB não tenha falhas ou fragilidades. Dantas, do Insper, ressalta o desafio desses partidos de mostrar um lado mais propositivo, em meio ao modo de operar tradicional de legendas brasileiras, do toma lá, dá cá. "Entrar em uma sala com o Penna e com o Paulinho para falar de inovação na política ou terceira via parece brincadeira", disse em referência aos presidentes do PV, José Luiz Penna, e do Solidariedade, Paulinho da Força. Esse bloco ainda terá a dificuldade de se contrapor à máquina do governo e de não se confundir com o PSDB no processo, lembra Nicolau, da UFRJ.

Para ele, a força com maior potencial para se colocar no cenário político nacional seria o PMDB. A questão, nesse caso, é se a legenda terá disposição para deixar a tradição de fisiologismo. "Para mim, a terceira via tem nome e sobrenome: PMDB. Mas precisa ver se vai querer ou não desempenhar esse papel", disse Nicolau, ao avaliar que o partido tem uma estrutura constituída pelo País, recursos e até mesmo um nome promissor, na figura do prefeito carioca Eduardo Paes. "O problema no Brasil é que tem partido pequeno com liderança nacional e partido grande sem um grande nome", afirmou, ao lembrar da candidatura de Ciro Gomes à presidência pelo PPS, de Cristovam Buarque pelo PDT e, mais recentemente, do próprio Eduardo Campos pelo PSB.

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