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O senador Tasso Jereissati (CE) aguarda o desfecho das negociações no Rio Grande do Sul entre seu partido, o PSDB, e o MDB para selar o acordo com Simone Tebet e ser anunciado como candidato a vice da senadora, pré-candidata à Presidência. Segundo pessoas próximas, o tucano já aceitou o "desafio", mas só vai falar do assunto após formalizado o acordo.

Aos 73 anos, o empresário e parlamentar cearense, um dos últimos representantes da velha guarda tucana em atividade na política nacional, tem o apoio integral do PSDB e se prepara para entrar na campanha presidencial enquanto estreita laços com o clã Ferreira Gomes, de Ciro e Cid Gomes, e mantém pontes com o petista Luiz Inácio Lula da Silva.

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Após Simone Tebet registrar 1% na mais recente pesquisa Datafolha, a pressão para a indicação do nome de Tasso cresceu. "Minha ligação com o Tasso é umbilical. Tenho uma história de vida com ele. Começou com meu pai e depois fomos colegas no Senado por sete anos. Mas a escolha é do PSDB", disse Simone em entrevista ao Estadão.

A indicação de Tasso na chapa, segundo tucanos e aliados, sedimenta o apoio do PSDB nos Estados ao palanque de Simone e ainda aproxima a senadora de Ciro Gomes. Além disso, afasta o MDB de vez do bolsonarismo e reforça a hipótese de apoio da terceira via ao expresidente Lula em um eventual 2.º turno. O ex-senador José Aníbal (PSDB-SP) lembrou que, em 1993, Tasso chegou a ser cotado como vice de Lula: "Ele sempre teve um bom diálogo com o PT e Ciro. É aberto e bom de conversa".

Em agosto do ano passado, Tasso recebeu Lula em seu escritório em Fortaleza e eles apareceram juntos em foto divulgada nas redes sociais. O ex-presidente costuma lembrar que se emocionou com uma carta do senador quando estava preso e perdeu o neto.

Não há expectativa de que Ciro ou Simone desistam de suas candidaturas, mas a indicação de Tasso como vice estreita os laços entre os dois projetos, que devem caminhar lado a lado nos debates e eventos da campanha.

"Tasso e Ciro têm a mesma origem política, que foi o enfrentamento às oligarquias do Ceará", disse o cientista político Túlio Velho Barreto, da Fundação Joaquim Nabuco, do Recife.

Ciro foi sucessor de Tasso no governo do Ceará, em 1990, e depois ministro da Fazenda de Fernando Henrique Cardoso por indicação do aliado. Em 2010, eles romperam por causa de divergências locais, mas começaram a se reaproximar após a eleição de Jair Bolsonaro em 2018.

DIÁLOGO. Para a cientista política Raquel Macedo, da Universidade Federal do Ceará, a escolha de Tasso na chapa de Simone potencializa o diálogo da pré-candidata com as forças da terceira via. "Ele é um interlocutor com a terceira via, sim. Ele assumidamente não é de esquerda, nem adota pautas bolsonaristas. É um político preocupado com o equilíbrio financeiro, mas também com pautas humanitárias", afirmou Raquel. "Ele assume a linha que Fernando Henrique já representou. Ele é um liberal moderado."

Apesar da dedicação à política, Tasso é um empresário bem-sucedido dos ramos de bebidas, shopping centers e comunicação. O tucano tem boa interlocução com o mercado financeiro e grandes empresários, e deve ajudar Simone a construir pontes com o setor.

O deputado federal Alexandre Frota (PSDB) afirmou que não vai votar no presidente Jair Bolsonaro (PL) e que para tirar o atual mandatário do poder, votará em quem tiver mais chances, inclusive o ex-presidente Lula (PT).

Em entrevista à Folha de São Paulo, o parlamentar disse que a terceira via "é uma mentira". "É morta, não é organizada e não vai chegar lá. A gente precisa encontrar uma maneira concreta de tirar o Bolsonaro de lá. Eu lutei para colocá-lo lá e vou lutar para tirá-lo", disse.

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Ex-apoiador de Bolsonaro, Frota destaca que a mudança de posicionamento aconteceu pelo que foi "traído" pelo presidente, que pediu a sua expulsão do PSL, partido pelo qual foi eleito em 2018.

"Pra mim, foi muito traumático porque naquela época o Bolsonaro ainda tinha 60% de aprovação popular, então apanhei muito. Foi uma decisão difícil, mas não me arrependo nem um pouco. Hoje, vejo que as pessoas me dão muita razão", falou.

O deputado acredita que as eleições deste ano vão ser complicadas, recheadas de fake news, ataques, ameaças e violência. O parlamentar sabe que não deve ser fácil derrotar o atual presidente, mas que espera que ele seja "liquidado no primeiro turno".

"Isso seria melhor para o país. Mas ele ainda tem uma bolha muito forte de pessoas radicais e apaixonadas que não enxergam que o país está com fome, que a gasolina está cara, que o gás está caro. Não consigo entender como estas pessoas não enxergam isso, então vai ser complicado, mas vamos trabalhar para isso", assevera.

"Vou votar em qualquer um que vá para o segundo turno contra o Bolsonaro. Se você for, meu voto é seu", complementa Alexandre Frota. Ele pontua que se o adversário for o Lula, o petista terá o seu voto.

O PSDB vai anunciar nesta quinta-feira, 9, o apoio à candidatura da senadora Simone Tebet (MDB) à Presidência com o senador Tasso Jereissati (CE) como vice da chapa. O acordo foi fechado nesta quarta-feira, 8, em reunião no gabinete do próprio Tasso.

Com o acerto, três partidos de centro - MDB, PSDB e Cidadania - entram na campanha, na tentativa de representar a terceira via, uma alternativa à polarização entre as candidaturas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e do presidente Jair Bolsonaro (PL).

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Além de Tasso, os presidentes do PSDB, Bruno Araújo, do MDB, Baleia Rossi, do Cidadania, Roberto Freire, o líder do PSDB no Senado, Izalci Lucas (DF), e o secretário-geral do PSDB, deputado Beto Pereira (MS), também participaram da reunião que sacramentou o acordo. Simone está com suspeita de covid e participou da reunião virtualmente - ela fará o teste nesta quinta.

Como contrapartida para o apoio à Simone, a cúpula do PSDB exigiu um endosso do MDB à candidatura tucana ao governo do Rio Grande do Sul. A ideia é que o deputado estadual Gabriel Souza (MDB) seja candidato a vice do ex-governador Eduardo Leite (PSDB). Junto com São Paulo, o Estado é uma das principais apostas dos tucanos nas eleições de 2022.

O MDB gaúcho ainda não oficializou o apoio a Leite, mas deixou as portas abertas para uma composição no futuro próximo. Importantes líderes do MDB-RS, como o ex-senador José Fogaça e o ex-governador Germano Rigotto sinalizaram ser favoráveis a um acerto com o tucano.

O compromisso de entendimento futuro foi considerado suficiente pela cúpula tucana para avançar no apoio à pré-candidatura presidencial do MDB. A Executiva Nacional do PSDB vai se reunir às 11 horas desta quinta e deve confirmar a posição.

O apoio do MDB a candidatos do PSDB em Pernambuco, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul também havia sido incluído nas exigências tucanas, mas o próprio Bruno Araújo considerou o compromisso de acerto no Rio Grande do Sul como suficiente.

A construção de uma chapa da terceira via foi marcada por vários atritos internos. O PSDB havia escolhido em novembro do ano passado o ex-governador de São Paulo João Doria (PSDB) como pré-candidato a presidente. No entanto, o paulista foi forçado a desistir da empreitada em maio após pressão da cúpula do partido. A avaliação é que os altos índices de rejeição de Doria atrapalhariam o governador de São Paulo, Rodrigo Garcia (PSDB), que tenta a reeleição neste ano.

Segundo colocado nas prévias presidenciais do PSDB, Eduardo Leite chegou a sair do cargo de governador no final de março para se colocar como opção presidencial da legenda. Apesar disso, o gaúcho desistiu antes mesmo de Doria ser forçado a abrir mão da candidatura e passou a focar nas articulações em seu Estado. Embora não assuma publicamente, hoje ele é visto por aliados como o candidato do PSDB a governador do Rio Grande do Sul.

Mesmo tendo conquistado o apoio do PSDB, Simone Tebet não tem o apoio unânime do MDB. Uma ala do partido, sobretudo no Nordeste, quer apoiar Lula, e outra, concentrada no Sul, está com Bolsonaro. O próprio PSDB também tem uma ala que está próxima de Bolsonaro, e outra, mais ligada à velha-guarda, que dialoga com Lula.

Além de Doria, outros candidatos do campo da terceira via também ficaram pelo caminho. O ex-juiz Sérgio Moro (União) teve a candidatura abortada por caciques de sua própria legenda, que lançou o deputado Luciano Bivar, presidente da sigla, como candidato a presidente. Apesar disso, integrantes do União Brasil foram liberados para apoiar Bolsonaro.

O partido de Bivar chegou a compor as conversar com PSDB, MDB e Cidadania, mas saiu das negociações em maio, quando lançou Bivar.

O presidente Jair Bolsonaro (PL) minimizou nesta terça-feira (31) o desembarque do ex-governador João Doria (PSDB) da corrida pelo Palácio do Planalto e ainda apostou que a terceira via dificilmente vai se viabilizar no País. Na avaliação de Bolsonaro, ter Doria na disputa era um fator irrelevante.

"Não fazia diferença. Ele estava na casa de 1%. O eleitor que decide. Está polarizado, dificilmente teremos uma terceira via no Brasil. O eleitor do Doria que decide entre eu e o Lula", declarou o presidente em entrevista ao apresentador Ratinho, na Massa FM.

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O chefe do Executivo ainda repetiu que não acredita em pesquisas de intenção de voto. "Existe algum interesse nisso tudo. A gente luta dentro do TSE para que as eleições sejam realizadas sem qualquer sombra de irregularidades", reforçou.

"Entendo que o TSE deveria não brigar comigo, mas fazer audiência pública com técnicos das Forças Armadas para dizer quem tem razão", acrescentou Bolsonaro, sobre os questionamentos dos militares sobre as urnas eletrônicas. Ele ainda descartou a adoção do voto impresso neste ano, como gostaria, e declarou que não confia na urna eletrônica. "Como grande parte da população", avaliou, sem apresentar evidências ou pesquisas que demonstrem isso.

De acordo com Bolsonaro, sua segurança pessoal teme uma nova facada ao longo da eleição. "Tentamos desvendar o atentado em 2018, mas há uma rede de proteção em cima do Adélio Bispo", avaliou, sobre o autor do crime.

Após o ex-governador de São Paulo, João Doria (PSDB) desistir da candidatura de presidente, a senadora Simone Tebet (MDB) será a mulher que comandará a terceira via. O MDB e o Cidadania confirmaram sua pré-candidatura na última terça-feira (24).

História

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Simone é uma advogada de 52 anos, nascida em Três Lagoas, no Mato Grosso do Sul, onde cresceu com a influência política dentro de casa. Filha do do governador Fernando Henrique Cardoso (PSDB), Ramez Tebet (PMDB), seu pai foi presidente do Congresso Nacional em 2001. Mesmo com esse DNA na política, a senadora priorizou os estudos e com 16 anos foi aprovada na Faculdade Nacional de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Depois, tornou-se especialista em Ciência do Direito, pela Escola Superior de Magistratura, e mestre em Direito do Estado pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Na sua trajetória profissional também deu aulas em universidades particulares e públicas. Apenas com 31 anos que entrou na política.

Trajetória Política

Aos 31 anos, nas eleições de 2002 foi eleita deputada estadual pelo Mato Grosso do Sul, e foi a mulher mais votada para o cargo legislativo. Em 2004, foi a primeira mulher eleita prefeita de Três Lagoas, e dois anos depois foi reeleita ao cargo com mais de 75% dos votos. Depois disso, resolveu renunciar à prefeitura e compor a chapa de André Puccinelli (MDB) na eleição para o governo de Mato Grosso do Sul como vice-governadora. Alguns anos mais tarde, nas eleições de 2014 foi eleita a senadora do seu estado natal. Porém em 2018, iria se candidatar a governadora, mas desistiu após seu companheiro de chapa André ser preso.

No Senado 

Na sua atuação no Senado Federal, Simone foi a única mulher participar da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid. Além de ter sido uma das senadoras que não teve cargo oficial na comissão, esteve presente na maioria das sessões e interrogando investigados.

Perfil

Segundo a cientista política Priscila Lapa, Simone pode ser considerada do centro direita, que mesmo não trazendo políticas com pautas feministas, durante sua trajetória politica já trouxe alguns temas que tenha essa relação. A questão da violência foi um dos temas que foi levantada pela candidata no senado. No entanto, apesar de ser mulher, ela não tem força com o público feminista não se identifica com pautas do movimento, o que a coloca em um espaço ainda em definição. "Acho difícil, sinceramente, que haja um deslocamento do eleitorado com essa polarização. Apesar dela ser mulher e trazer essa novidade, ela precisa resgatar esse entusiasmo. Não sei se ela tem esse perfil e se há tempo para isso", afirmou Priscila.

Terceira Via

A terceira via é um conjunto de forças políticas que é composta por uma união de partidos como MDB, PSDB, Cidadania, que tem como objetivo trazer uma nova alternativa para as candidaturas que atualmente dominam o cenário eleitoral que são Lula (PT) e Bolsonaro (PL). De acordo com Priscila, a chegada de Simone pode oxigenar e fortalecer essa força, já que é um novo nome nesse espaço de terceira via.

"Ela é um nome que desperta força política para um segmento específico do eleitorado, justamente aquele que presta mais atenção na sutileza desse processo eleitoral. Que são aqueles partidos políticos que estão conectados com essa agenda da mulher na política. Porém, ela tem um conjunto de atuação com muitas barreiras para sua atuação, por ser senadora de um estado que não é muito populoso, além de não ser muito conhecida nacionalmente. Ela não é conhecida no Nordeste e no Sudeste, que são os locais onde uma eleição presidencial ela se constitui", destacou.

DataFolha

Segundo pesquisa do instituto DataFolha, que revelou os índices de infeção de voto, realizada nesta quinta-feira (26), Simone aparece em 4º lugar empatada com André Janones (Avante), ambos com 2% dos votos. Acima deles estão Lula(PT) em 1º lugar com 48%, Bolsonaro (PL) com 27%, e no terceiro lugar Ciro Gomes com 7% dos votos. Os outros dois candidatos, Pablo Marçal (Pros) e Vera Lúcia (PSTU) tiveram apenas 1%. E por fim existiram 7% dos entrevistados que votaram em branco/nulo e 4% ainda não sabe.

Estamos em mais um ano de eleições e, como é praxe, vemos vários movimentos dos atores políticos, seja para se manterem em seus postos, seja para conquistar uma posição na máquina pública. A polarização, mais uma vez, dá o tom da disputa eleitoral, que deve ganhar ares mais “violentos” neste ano. Continua sendo difícil de compreender e aceitar a política brasileira, pautada sempre muito mais por interesses de poucos do que pelo bem-estar geral. Para onde vamos?

A cada dois anos, o mesmo cenário se repete: promessas, acusações, bate-bocas, rios de dinheiro gastos em propaganda. Quando a disputa é nacional – como agora, para o cargo de presidente –, tudo ganha ainda mais força. E, desta vez, o pleito promete ser acirradíssimo, contrapondo as duas principais forças políticas dos últimos tempos no Brasil. Antes mesmo do prazo legal estabelecido, os candidatos já se empenham em atos de campanha e lançam mão dos mais diversos artifícios. Por enquanto, o que se vê são apenas trocas de xingamentos. Algo desnecessário e, mais que isso, que não levará a disputa a um resultado produtivo. Afinal, estamos falando do futuro da nação. Em paralelo, uma “terceira via” realmente forte ainda não se apresentou para trazer alternativas.

A impressão – ou quase certeza – que temos é de que política no Brasil é uma atividade que visa a privilégios próprios e obtenção de vantagens individuais. Tome-se como exemplo o fundo eleitoral: enquanto o país ainda se recupera de uma grave crise, parlamentares aprovam um orçamento escabroso de R$ 4,9 bilhões para financiar campanhas. Um total contrassenso. Difícil encontrar um cidadão que se orgulhe dos “representantes do povo”, embora, claro, ainda haja muitos bons exemplos espalhados pelo país, pessoas comprometidas com o país e que buscam, de fato, trabalhar para a sociedade. Pena que esses não têm o devido reconhecimento e muitas vezes acabam corrompidos pelo tal “sistema”.

O Brasil amarga bons anos de dificuldades, que vão além da gestão atual. Os próximos mandatários (nas esferas federal e estadual) terão a grande responsabilidade de reconstruir o que foi perdido e ir além, pavimentando o caminho de volta ao desenvolvimento. Precisamos de propostas e compromissos sérios para a economia, a saúde, infraestrutura, desenvolvimento de negócios e, principalmente, para o empreendedorismo e a educação. Esta é a principal arma que garante liberdade a qualquer cidadão. Enquanto governantes não atentarem que apenas fortes investimentos em educação permitirão que o Brasil cresça com pujança, continuaremos a nos arrastar lentamente, ou mesmo andaremos para trás.

Política e eleição sempre foram campos complicados no Brasil. Interesses pessoais ou de grupos dominantes costumam se sobressair acima do que é melhor para a nação como um todo. Precisamos caminhar em outra direção, e esta é a do desenvolvimento, que não admite corrupção. Mais do que nunca, fazer boas escolhas significa definir o rumo do país.

O ex-presidente Michel Temer (MDB) emitiu uma nota na noite desta terça-feira, 24, negando alegações de que ele seria o candidato à Presidência da chamada terceira via em outubro. Ele também endossou o nome da senadora Simone Tebet (MDB) para a disputa.

"Não sou o candidato da terceira via. Sou e sempre serei candidato a juntar os contrários em busca do bem comum. Sou e sempre serei candidato ao debate franco para que as diferenças sejam assimiladas pelo diálogo. Sou e sempre serei candidato a defender a pacificação do Brasil", afirmou. "São as teses que sempre apoiei, sobre as quais construí minha trajetória política e que compartilho com a candidata do nosso partido, a senadora Simone Tebet, que pode levá-las adiante", completou Temer.

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A nota do ex-presidente foi publicada no mesmo dia em que o Poder360 divulgou uma mensagem distribuída por Bolsonaro na qual o presidente teria dito que "Michel Temer será a terceira via". Também na terça-feira, texto do colunista Lauro Jardim afirmou que Temer e João Doria (PSDB) negociavam uma chapa entre os dois para a Presidência antes do tucano desistir da disputa.

A afirmação de Temer também veio reforçar a decisão da Executiva Nacional e diretórios estaduais do MDB, que se reuniram na terça para confirmar o apoio à pré-candidatura de Tebet - a ala contrária ao nome da senadora não compareceu. A reunião aconteceu em meio a conflitos internos do PSDB, que havia se comprometido a anunciar apoio à emedebista nesta terça, mas adiou uma definição devido a um grupo que prefere ter candidato próprio após a desistência de Doria. A Executiva Nacional do Cidadania também formalizou apoio ao nome de Tebet.

A desarticulação político-partidária e a dificuldade dos pré-candidatos da chamada terceira via de alcançar protagonismo na disputa presidencial também são uma realidade nas redes sociais. Sem a definição até agora de um nome capaz de confrontar a polarização Lula-Bolsonaro - líderes nas pesquisas de intenção de votos -, políticos de centro penam para produzir engajamento e mobilizar discussões em torno de suas pautas na internet.

A presença apagada nas mídias sociais e no ambiente digital reduz o alcance de uma mensagem de impacto das candidaturas alternativas ao petismo e ao bolsonarismo. Levantamento do Observatório Democracia em Xeque feito por Marcelo Alves, professor do Departamento de Comunicação da PUC-Rio, mostra, por exemplo, que as publicações de direita têm alcance seis vezes maior do que as de centro no YouTube.

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O monitoramento foi feito com base em uma análise de alcance de publicações de influenciadores e políticos. A pesquisa acompanhou as postagens de cada espectro político com o maior número de interações - curtidas, visualizações e comentários - por dia, de 1.º de janeiro a 26 de abril deste ano. Foram observadas as redes sociais Facebook, Instagram e YouTube.

No Facebook, a direita gerou 273 milhões de interações entre as publicações mais virais. A esquerda, por sua vez, fez 113 milhões; o centro não passou dos 23 milhões. No Instagram, foram 400 milhões de impressões da direita ante 320 milhões da esquerda. O centro segue atrás, com 21 milhões de interações na rede.

De acordo com Alves, o insucesso da terceira via se dá por dois motivos. O primeiro é o fato de as redes sociais estimularem antagonismos. O segundo deve-se à indefinição de quem será o representante do grupo na eleição, e o tempo é curto. "A terceira via ainda não tem nem um candidato. Não é de abril até a eleição, em outubro, que haverá a possibilidade de se construir uma rede de comunicação ampla que cruze as plataformas", afirmou Alves.

Líderes de União Brasil, MDB, PSDB e Cidadania já anunciaram que iriam formalizar a pré-candidatura única da terceira via no dia 18 de maio. No entanto, interesses pessoais e disputas internas minam a possibilidade de uma candidatura unificada.

O União Brasil, que tem como pré-candidato o deputado federal Luciano Bivar (PE), presidente da legenda, já desembarcou da construção de um projeto único ao Palácio do Planalto. A senadora Simone Tebet (MDB-MS) e o ex-governador de São Paulo João Doria (PSDB) seguem no páreo.

Profissionalização

Sem um nome, a terceira via carece de uma estrutura capaz de mobilizar no mundo digital. "Ter bons canais de rede com visibilidade é um processo que exige um alto nível de profissionalização e organização, e isso não acontece de um dia para o outro", disse Alves. "A rede, como o próprio nome diz, demanda coletividade. Um erro comum de estratégia, de marketing digital, é construir um canal do Doria, Lula. É claro que são canais, mas não funciona."

Nesse sentido, a rede bolsonarista, de acordo com o pesquisador, obtém resultados promissores por agregar "um conjunto muito significativo de centenas de canais, de página, organização entre diversas plataformas para disseminar a mensagem do candidato".

Só no YouTube, a direita produziu cerca de 1,6 bilhão de visualizações se reunidos os vídeos mais visualizados de cada dia deste ano - a esquerda gerou 309 milhões. O centro soma 253 milhões.

Na semana passada, com discussões políticas impulsionadas pelo perdão dado por Bolsonaro ao deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ), condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por incitar agressões contra ministros e atacar a democracia, a terceira via teve participação ainda mais reduzida em comparação com o chefe do Executivo e Lula e seus seguidores.

No Instagram, por exemplo, enquanto a terceira via gerou cerca de 544 mil interações por influenciadores e políticos do centro democrático, tanto a direita como a esquerda produziram quatro vezes mais. Bolsonaro chegou a ter 250 mil visualizações em seu vídeo mais acessado no YouTube. Representante da terceira via, Doria registrou apenas 437 visualizações na publicação.

Na avaliação de Lucas Prado, sócio da agência de publicidade Ative, que atua no setor político, o baixo engajamento da terceira via é ainda consequência da falta de materialização de ideias, de um projeto. "Quais são as promessas que a terceira via faz? Hoje, ela aposta em uma única tese: 'Nem Lula nem Bolsonaro'. Mas o que isso quer dizer com a terceira via?", questionou.

Agressividade

Responsável pelas redes de Doria, Daniel Braga apresentou outra explicação para esses dados. De acordo com ele, monitoramento de sua equipe aponta que a maior parte do engajamento nas redes, à direita ou à esquerda, é de robôs e militantes. "Quem fala de política agora é militante, é robô, é MAV (sigla para Militante em Ambientes Virtuais)".

A razão para o afastamento do eleitor dos debates políticos neste momento, disse Braga, é a agressividade nas redes. "Cada perfil, quando é da direita ou da esquerda, chega a falar dez vezes do mesmo assunto. Quando é um discurso menos raivoso e propositivo, no caso do João, as pessoas falam em média duas vezes."

De acordo com o marqueteiro, 40% dos eleitores ainda não conhecem o tucano. "Agora as pessoas não querem consumir o assunto. Estamos rodando o Brasil, mostrando tudo o que ele fez de gestão, mostrando as propostas ao Brasil. Isso gera um repositório. Quando as pessoas tiverem interesse, elas vão ser impactadas pela nossa comunicação e vão entrar na rede", disse.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Interesses pessoais e regionais de caciques partidários, disputas internas e a pressão do Palácio do Planalto minam a possibilidade de uma candidatura unificada no centro político. Prevista para ser anunciada em breve na chamada terceira via, a opção à polarização Lula-Bolsonaro é menos provável hoje do que há cerca de 20 dias, quando União Brasil, MDB, PSDB e Cidadania anunciaram acordo para lançar um candidato único à Presidência. A indefinição mantém em aberto a expectativa de parte do eleitorado que busca uma alternativa ao petismo e ao bolsonarismo.

De acordo com as mais recentes pesquisas eleitorais, acima de 30% dos eleitores ainda não têm o voto consolidado - ou seja, podem migrar de nome até a eleição. Tanto o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) quanto o presidente Jair Bolsonaro (PL) amargam altos índices de rejeição. Mais da metade dos eleitores diz não votar de jeito nenhum em Bolsonaro, enquanto cerca de 40% descartam o petista.

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O impasse no grupo alternativo se dá pouco mais de um ano depois do lançamento de um manifesto assinado por seis pré-candidatos, em 31 de março de 2021. A ideia de formar um palanque único foi reduzida agora a um possível acordo, ainda remoto, entre duas legendas - MDB e PSDB. Na ocasião, assinaram o "Manifesto pela Consciência Democrática" Ciro Gomes (PDT); Eduardo Leite (PSDB); João Amoêdo (Novo); João Doria (PSDB); Luiz Henrique Mandetta (DEM); e Luciano Huck (sem partido). A coalizão era vista como embrião de uma possível aliança ampla, que minguou.

Máquina pública

Hoje dono do maior quinhão de recursos públicos do fundo eleitoral - cerca de R$ 1 bilhão -, o União Brasil está sob ameaça de perder cargos no governo federal e recuou do projeto de parceria com as outras legendas (mais informações na página ao lado). Além disso, como mostrou a Coluna do Estadão, o partido nascido da fusão de DEM e PSL vê pelo País contestações à terceira via. No Rio, a sigla caminha para aderir a Bolsonaro já no primeiro turno.

Ganha força nesses choques de reivindicações pessoais e regionais a manutenção da candidatura do presidente da legenda, Luciano Bivar. Lideranças partidárias afirmaram ao Estadão que o lançamento do mandachuva serve como um escudo. Protegidos pela justificativa de que têm candidato próprio, caciques estaduais não precisam arcar com o custo político de se indispor com o eleitorado de Lula ou de Bolsonaro. Bivar é incapaz de gerar incômodos justamente porque não vai emplacar, dizem figurões da legenda.

Tucanos

A desarticulação inclui também a crise interna do PSDB, agravada pela falta de harmonia entre o pré-candidato, João Doria - ex-governador de São Paulo -, e a cúpula do partido. O tucano se esforça para manter vivo um projeto eleitoral cada vez mais isolado. Evento dos grupos Derrubando Muros e Roda Democrática, em São Paulo, que reuniu ontem líderes de MDB, PSDB e Cidadania, mostrou essa rejeição e os descompassos internos.

A pré-candidata à Presidência pelo MDB, a senadora Simone Tebet (MS), foi exaltada no encontro como alternativa à polarização, enquanto Doria foi criticado. O presidente do PSDB, Bruno Araújo, que está em viagem no exterior, foi representado pelo ex-ministro Pimenta da Veiga, desafeto do ex-governador paulista. Convidado, Bivar faltou.

Ao Estadão Veiga disse que, pessoalmente, não acredita que Doria seja o nome mais forte para disputar a Presidência. "Essa eleição está acima de aspirações pessoais e de interesses partidários. Todos os candidatos devem avaliar suas potencialidades", disse. "É hora de desprendimento."

O senador Tasso Jereissati (CE), que é contra a candidatura do governador paulista, se reuniu com a bancada tucana recentemente. No encontro, surgiu a ideia de ele assumir a vice em uma eventual chapa com Tebet. Tasso já foi entusiasta do ex-governador do Rio Grande do Sul Eduardo Leite.

Derrotado nas prévias do ano passado e sem avanço em articulações recentes, Leite agora se volta ao Sul. Já circulam informações de que pode disputar novamente o Palácio Piratini. "Especulação. O que, de fato, farei é me dedicar mais ao tema da sucessão no Rio Grande do Sul para garantir que não haja retrocesso no Estado", disse ao Estadão.

Apesar do entusiasmo com Tebet, nem o MDB se entende. Caciques do Nordeste preferem Lula, o que gera crítica na terceira via. "Nós estamos enfrentando articulações políticas de ambos os lados, de tentar impedir a nossa unidade", disse Roberto Freire, presidente do Cidadania, durante o evento em São Paulo, sobre investidas de Bolsonaro e Lula.

A candidatura de Ciro também tenta atrair partidos que até agora compunham o chamado centro democrático. Fora Bolsonaro e Lula, o pedetista é o que desponta como o mais bem posicionado nas pesquisas de intenção de voto. Ele ocupa a centro-esquerda e não se propõe a personificar a ideia de uma chapa única que satisfaça o eleitorado de centro-direita. Ciro tenta atrair o PSD, de Gilberto Kassab, e o União Brasil em torno de seu nome.

Desorganização

Essa ausência de um nome agregador na terceira via empurra o eleitor para a polarização. "Ele é atraído para os blocos que conseguem se organizar. O eleitor escolhe uma das opções ou se ausenta, mas não é o eleitor que define se um partido consegue ou não se organizar para lançar candidatos", disse Vitor Marchetti, cientista político e professor de Políticas Públicas da Universidade Federal do ABC.

Para o especialista, os partidos da terceira via não têm tradição de lançar candidatura própria, o que reforça o peso dos interesses regionais de caciques partidários. "O PSDB era o partido que coordenava esse campo de lançamento de candidaturas à direita e, por diferentes razões, perdeu a capacidade de ocupar esse lugar em 2018", afirmou. A definição da chapa estava prevista para 18 de maio, mas nem a data é certa.

O Palácio do Planalto entrou em campo para forçar o presidente do União Brasil, deputado Luciano Bivar (PE), a retirar o partido do grupo que tenta tornar viável um candidato da terceira via na eleição presidencial. A ala governista da legenda tem recebido sinais de que perderá cargos, caso seja oficializada a aliança com MDB, PSDB e Cidadania. O recado partiu da Casa Civil, comandada pelo ministro Ciro Nogueira.

O líder do União Brasil na Câmara, deputado Elmar Nascimento (BA), é hoje o principal articulador da candidatura de Bivar, independentemente do time da terceira via. O objetivo dele, porém, é evitar que o presidente Jair Bolsonaro (PL) perca votos para o grupo que se autointitulou "centro democrático". A ideia é levar o União Brasil, que tem quase R$ 1 bilhão de recursos dos fundos eleitoral e partidário, além do maior tempo de TV na campanha, para apoiar o projeto de reeleição de Bolsonaro.

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Elmar tem muito a perder em eventual rompimento com o governo. Ele controla a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), considerada a "estatal do Centrão". Interlocutores dos quatro partidos do bloco disseram que o deputado já foi avisado de que perderá influência na companhia.

É de Elmar a indicação de Marcelo Moreira Pinto para a presidência da Codevasf, empresa na qual o orçamento secreto ganhou mais evidência, em troca de apoio político para o governo. O esquema foi revelado pelo Estadão. O deputado também chegou a indicar o irmão, Elmo Nascimento, para a superintendência de Juazeiro (BA). Hoje, o cargo é de um outro aliado, José Anselmo Moreira Bispo.

A superintendência de Bom Jesus da Lapa (BA) é do correligionário Arthur Maia (BA), que apadrinhou Harley Xavier Nascimento. Maia acaba de ser eleito presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, substituindo a bolsonarista Bia Kicis (PL-DF).

Deputados de perfil governista, Maia e Elmar protagonizaram a debandada no antigo DEM na disputa para a presidência da Câmara, no ano passado. Numa virada, passaram a apoiar Arthur Lira (Progressistas-AL), que ganhou a eleição com apoio de Bolsonaro.

Mágoas

O episódio deixou mágoas e desconfiança até hoje. Na ocasião, esse grupo acabou por enfraquecer a candidatura do deputado Baleia Rossi (SP), presidente do MDB, que contava com apoio não só do DEM, mas de outros partidos que agora tentam construir a chamada terceira via, como PSDB e Cidadania.

Formado a partir da fusão do DEM com o PSL, o União Brasil é o partido ao qual o ex-ministro e ex-juiz da Operação Lava Jato, Sérgio Moro, se filiou, após deixar o Podemos. Moro chegou a ser lançado pré-candidato à Presidência da República pelo antigo partido, mas não conseguiu decolar. Agora, seu futuro político ainda é incerto.

O nome do próprio Bivar foi apresentado como opção para o grupo da terceira via, mas tudo indica que o União Brasil caminha, agora, para uma jogada própria. Os outros pré-candidatos do grupo são o ex-governador de São Paulo João Doria (PSDB) e a senadora Simone Tebet (MDB-MS). Ex-governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, também do PSDB, corria por fora, mas recuou. Todos esses nomes, no entanto, registram desempenho pífio nas pesquisas de intenção de voto.

Enquanto isso, porém, o Planalto continua na ofensiva sobre Bivar e Antônio Rueda, outro homem de confiança do governo no União Brasil. Ao Estadão, Bivar disse que não fazem sentido rumores de que seu partido trabalha para fortalecer Bolsonaro. Ele minimizou o fato de seus correligionários controlarem cargos importantes no governo federal, mas confirmou manter conversas com o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ).

Assim que assumiu posição de destaque no comitê do pai, após a filiação ao PL, Flávio disse que o União Brasil era um dos partidos que tentaria atrair para a órbita de aliados do presidente. A resistência, porém, continua sendo de políticos como o ex-prefeito de Salvador ACM Neto, secretário-geral do União Brasil e candidato ao governo da Bahia. Elmar também é muito ligado a Neto. Nos bastidores, parlamentares do União Brasil já tiveram sinal verde de Bivar para apoiar Bolsonaro e candidatos dele nos Estados.

O pré-candidato do PDT à Presidência, Ciro Gomes, é o nome com melhor desempenho numa eventual candidatura única da "terceira via" contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL), segundo a pesquisa FSB/BTG divulgada nesta segunda-feira, 25. No cenário em que é o candidato de "consenso", o ex-ministro aparece com 14% das intenções de voto.

O segundo nome do grupo com mais intenções de voto é o ex-governador de São Paulo João Doria (PSDB), com 9%. O ex-governador gaúcho Eduardo Leite (PSDB), a senadora Simone Tebet (MDB) e o deputado federal André Janones (Avante) teriam 8% cada, caso fossem o candidato único da "terceira via", segundo o levantamento. Felipe D' Ávila (Novo) fecha a lista, com 5% das intenções de votos.

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Nos seis cenários apresentados pela pesquisa, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) aparece na liderança, com 11 a 13 pontos de distância do presidente Jair Bolsonaro (PL), a depender do nome da terceira via.

No cenário geral da corrida eleitoral, Lula aparece com 41% das intenções de voto, enquanto Bolsonaro tem 32%. A distância entre ambos era maior em março: 14 pontos.

A soma de intenção de votos dos candidatos da "terceira via" também sofreu alteração desde março. Juntos, eles tinham 24% em março, ainda com o nome do ex-juiz Sérgio Moro (União Brasil) na disputa, e agora aparecem com 17%, reforçando a polarização Lula-Bolsonaro.

"Lula segue na liderança, mas sua vantagem diminuiu bastante no último mês. Apesar de ter recuperado parte do eleitorado que votou nele no 2º turno de 2018, Bolsonaro segue com alta rejeição (57%)", afirmou Marcelo Tokarski, sócio-diretor do Instituto FSB Pesquisa.

A pesquisa FSB/BTG consultou 2 mil eleitores por telefone entre os dias 22 e 24 de abril. A margem de erro é de 2 pontos porcentuais, para mais ou para menos. O registro na Justiça Eleitoral é BR-04676/2022.

O pré-candidato a presidente Ciro Gomes (PDT) afirmou, nesta terça-feira (26), que recebeu um convite para participar de uma conversa sobre a construção da terceira via, como vem sendo chamado o candidato fora da polarização entre o atual presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-presidente Lula (PT) para a disputa das eleições em outubro. 

Ciro contou, em entrevista à Rádio Bandeirantes, que o deputado federal e presidente do União Brasil, Luciano Bivar, foi quem fez o convite. 

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“O Bivar, que assumiu a presidência do União Brasil, me perguntou se eu aceitava participar de um diálogo. Ora, diálogo é diálogo, eu aceito participar. Evidente que eu aceito participar”, afirmou Ciro, sem detalhar se já existe uma data fechada para o encontro. Nesta semana estava marcado um jantar na casa do ex-governador de São Paulo, João Doria (PSDB), mas o evento foi cancelado. 

Ciro deixou claro que se colocou disponível para a conversa porque está “com vontade de apresentar minhas ideias, o que está acontecendo com o Brasil, porque tanto desemprego, porque tanta inflação de volta. Eu tenho muita experiência e o que eu achava que devia ser colocado no lugar".

“Dialogar sim, mas eu gostaria que minha presença no diálogo fosse ao redor de uma discussão sobre as causas do problema brasileiro. Porque nosso povo tá sofrendo tanto, desemprego, inflação, custo de vida e o que nós pretendemos colocar no lugar”, emendou.

Os líderes do MDB, do União Brasil e do PSDB e os pré-candidatos das três siglas à Presidência vão se reunir em um jantar, na segunda-feira (25), na casa do ex-governador João Doria, para discutir os critérios que serão adotados para a escolha do nome que vai representar a chamada terceira via na disputa presidencial. Uma eventual mudança no calendário também será debatida.

Pelo acerto inicial, o colegiado vai escolher seu pré-candidato no dia 18 de maio. Integrantes do MDB e do União Brasil disseram reservadamente que Doria pediu a mudança da data para 31 de maio, o que foi negado pelo ex-governador em suas redes sociais.

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O encontro vai ocorrer no momento em que o grupo do ex-governador paulista ameaça recorrer ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para garantir que o resultado das prévias tucanas do ano passado não possa ser revogado por nenhuma outra instância partidária.

Conversa tensa

Aliados do ex-governador do Rio Grande do Sul Eduardo Leite - que foi derrotado por Doria na eleição interna - alegam que o diretório nacional do PSDB e a convenção nacional da legenda são soberanos para definir o futuro do partido.

Os dois ex-governadores se reuniram em São Paulo na semana passada para tratar do tema. Segundo interlocutores de Doria, o que parecia ser uma tentativa de trégua se tornou uma conversa tensa e o paulista deixou claro que iria judicializar o processo se o rival insistisse com sua pré-campanha paralela.

Em um gesto para tentar barrar as articulações em torno de Leite, Doria divulgou ontem um manifesto assinado por 73 advogados que corrobora o apoio ao resultado das prévias realizadas pelo PSDB em novembro de 2021.

O documento lembra que 45 mil filiados e membros do tucanato escolheram o nome do paulista como representante do partido para disputar a Presidência e diz que o pleito custou R$ 12,2 milhões do Fundo Partidário. A carta expõe a estratégia de Doria ao dizer que a 14.ª Convenção Nacional do Partido aprovou em 2017 um novo estatuto (que, por sua vez, foi aprovado pelo TSE) no qual foi instituído o mecanismo das eleições prévias para a escolha de candidatos.

Pesquisa

Doria defende que os partidos da terceira via realizem uma pesquisa quantitativa de intenção de voto para definir quem será o escolhido. Segundo o paulista, esse modelo seria "incontestável".

Em um jantar com emedebistas e o ex-presidente Michel Temer na semana passada - incluindo a pré-candidata do partido, senadora Simone Tebet (MDB-MS) -, Doria disse que, em uma situação "extrema", ou seja, se nenhum dos nomes avançar nas pesquisas, os partidos poderiam buscar uma alternativa. Na ocasião, o ex-governador sugeriu que Temer poderia ser uma opção, possibilidade logo descartada pelo próprio ex-presidente.

No PSDB, o deputado Aécio Neves (MG) ampliou a pressão no PSDB para derrubar a pré-candidatura de Doria. O mineiro disse em entrevista ao portal UOL que o partido deveria abrir um diálogo com Ciro Gomes (PDT).

Pré-candidatos a presidente que buscam se colocar como opção de terceira via tentam se desvencilhar de traições e boicotes em série. Com o desafio de vingar como opção de centro, entre Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT), pelo menos três presidenciáveis passaram por algum tipo de revés interno nos próprios partidos, além de não conseguirem deslanchar nas pesquisas de intenção de voto.

O ex-governador de São Paulo João Doria (PSDB), a senadora Simone Tebet (MDB) e o ex-juiz Sérgio Moro (União Brasil) sofrem o que parece ser uma antecipação da "cristianização", o abandono por parte de correligionários do candidato oficial de seu partido diante da estagnação. O processo começou a ocorrer no nascedouro dessas candidaturas alternativas, fomentado por grupos dissidentes ciosos da própria sobrevivência eleitoral, a quatro meses da campanha oficial.

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Entre o fim de março e o início de abril, prazo final previsto em lei para filiação e desincompatibilização, Moro e Doria flertaram com a desistência de suas pré-candidaturas. O tucano voltou atrás, mas o ex-juiz, que também trocou o Podemos pelo União Brasil, perdeu o status de pré-candidato e não tem mais a garantia de legenda para disputar o Palácio do Planalto.

Ele era almejado por uma ala minoritária do União Brasil, egressa do PSL, e foi barrado por nomes influentes vindos do DEM. Agora, o deputado Luciano Bivar (PE), presidente do União, passou a ser apresentado como pré-candidato ao Planalto.

O ex-juiz insiste em dizer que "não desistiu de nada", mas reconhece em reservado que alas de seu atual partido e do anterior trabalham por uma aliança com o Planalto. Ele descartou ser candidato a deputado federal. A interlocutores, Moro reclamou da falta de estrutura que recebeu enquanto pôde se apresentar como pré-candidato do Podemos e que tem a sensação de que "não interessa a ninguém uma terceira via para valer". Há mágoas dos dois lados, e ex-entusiastas do Podemos afirmam que Moro decidiu tudo sozinho.

Os partidos União Brasil, PSDB, MDB e Cidadania querem apresentar uma chapa conjunta até o dia 18 de maio. Mas sofrem com rachas internos que podem esfacelar o endosso e apoio real a um candidato do centro. O Podemos tem um encontro ampliado no fim de abril, mas só deve tomar rumo em julho.

ISOLAMENTO

Vencedor das prévias do PSDB para ser o pré-candidato, Doria usa a prerrogativa e gira o País, em pré-campanha e encontros políticos um tanto esvaziados, para costurar apoios internos e promover sua plataforma de campanha. Enquanto isso, tenta também debelar a rejeição, aposta em se apresentar como o "pai da vacina" e trabalha a própria imagem.

Isolado, na sexta-feira passada, ele trocou o coordenador de pré-campanha. O presidente nacional do PSDB, Bruno Araújo, que deu declarações contrárias à pré-candidatura de Doria, foi substituído por Marco Vinholi, dirigente do partido em São Paulo. Pelas redes sociais, Araújo, que nunca exerceu de fato um papel de liderança no projeto de Doria, ironizou a troca e se mostrou aliviado: "Ufa", disse.

O ex-governador paulista tem um enfrentamento aberto com um grupo tucano que trabalha para minar sua candidatura na futura convenção eleitoral do PSDB. Doria rechaça chances de ser derrotado. Os cabeças são, entre outros, Aécio Neves (MG), Tasso Jereissati (CE) e José Aníbal (SP). Eles querem emplacar em seu lugar o ex-governador gaúcho Eduardo Leite, como cabeça de chapa ou vice. Ele perdeu as prévias para Doria, cogitou deixar o PSDB, mas permaneceu e afirmou estar "na pista" da disputa eleitoral, durante a Brazil Conference, nos Estados Unidos.

O diálogo do gaúcho afinou-se nas últimas semanas com a pré-candidata do MDB, numa chapa que teria a senadora Simone Tebet como "cabeça". Porém, a real composição que vem sendo cotada nos bastidores de Brasília seria uma chapa invertida, com Leite candidato a presidente, e Tebet, a vice. Esse desenho atrairia o apoio do Podemos, por exemplo, segundo um deputado do partido.

ALA LULISTA

Por enquanto, a senadora sofre constrangimentos públicos de uma ala influente no MDB, que prefere apoiar Lula, em vez de lançar uma candidata própria. O grupo é liderado por cardeais do MDB do Senado, tendo ex-presidentes do Congresso na lista, como Renan Calheiros (AL), Eunício Oliveira (CE), José Sarney (MA) e Garibaldi Alves (RN). Todos se reuniram nesta semana com o pré-candidato petista, a maioria em um simbólico jantar oferecido a Lula.

O tom do discurso deles é o mesmo: questionam a competitividade da pré-candidata do MDB, que tem apoio do comando do partido, e ponderam que ela pode repetir o fracasso de Henrique Meirelles em 2018 - o ex-ministro da Fazenda amargou um sétimo lugar, o que, na análise dos senadores, teria colaborado para a redução das bancadas no Congresso. Eunício disse que lançar a candidatura no atual cenário seria "suicídio político".

"O que o partido não pode repetir, seria insano, é a candidatura do Meirelles. O MDB pagou um preço terrível, teve a redução da bancada na Câmara e no Senado pela metade. Não dá para pagar novamente esse preço", afirmou Renan Calheiros.

DIRETÓRIOS REGIONAIS

Longe da unanimidade, Simone Tebet reagiu dizendo que a divergência é normal e focou em divulgar uma série de apoios internos dos diretórios regionais do MDB e núcleos setoriais do partido. A senadora afirmou que respeita a resistência de "quatro ou cinco senadores", mas que "tem apoio da maioria absoluta do partido".

Segundo a mais recente pesquisa XP/Ipespe, divulgada no dia 6 de abril e já sem o nome de Moro na lista, Doria tem 3% das intenções de votos e Simone, Tebet, 2%. Na frente deles aparecem Ciro Gomes (PDT), com 9%, o presidente Jair Bolsonaro, com 30%, e o ex-presidente Lula, com 44%.

O nome da senadora Simone Tebet (MDB-MS) ganha força entre partidos do centro político que se comprometeram a lançar uma candidatura única ao Palácio do Planalto neste ano. Além de arregimentar apoios formais de diretórios regionais emedebistas, ela passou a ser vista neste momento como a pré-candidatura mais "estável" da chamada terceira via por integrantes da cúpula e da bancada do PSDB, apesar da persistência do ex-governador João Doria, que venceu as prévias tucanas de 2021.

Junto neste bloco, a União Brasil vai apresentar oficialmente, hoje, o deputado Luciano Bivar (PE) como pré-candidato à Presidência. Nos bastidores, ele é apontado como um candidato a vice na eventual chapa do consórcio dos três partidos.

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MDB, PSDB e União Brasil definiram um calendário para buscar o consenso. Depois do lançamento de Bivar, os dirigentes vão se reunir na próxima semana para discutir os critérios de escolha. O martelo será batido no dia 18 de maio.

Presente a um evento em homenagem ao prefeito Bruno Covas, morto em maio de 2021, o presidente nacional do PSDB, Bruno Araújo, repetiu nesta terça, 12, para jornalistas o que já tinha dito reservadamente antes em um jantar fechado com empresários. Segundo ele, a decisão tomada pelo consórcio MDB, PSDB e União Brasil será definitiva e soberana, e estará, portanto, acima do resultado das prévias tucanas do ano passado.

"Estou deixando claro que o PSDB está contido no acordo de uma aliança nacional. João Doria é o candidato do PSDB e está contido neste acordo, mas não seremos candidatos de nós mesmos. O PSDB não vai às ruas neste ano com um candidato de si próprio", afirmou Araújo.

No mesmo dia, à noite, o ex-presidente Michel Temer (MDB) foi acionado na articulação em torno de Simone diante da ameaça de uma dissidência pró-Lula no partido. Ele mediou um encontro entre tucanos e a senadora.

Doria, Tebet e Temer jantaram na casa do empresário Caco Alzugaray, dono da Editora Três. Segundo o relato de participantes, o encontro reforçou o calendário, mas ampliou o seleto grupo que vai dar a palavra final. Em uma vitória para Doria, os próprios pré-candidatos participarão dos debates com os dirigentes de agora em adiante, o que em tese reduz o poder de Bruno Araújo.

Em apenas dois dias, a senadora reuniu o apoio formal de 14 dos 27 diretórios do partido, o que numericamente já daria a ela uma vantagem folgada na convenção. Segundo informações do MDB, 20 das 27 executivas regionais estão fechadas com a senadora, mas os anúncios serão feitos a conta-gotas.

"O MDB banca a Simone. Temos 37 deputados federais, sendo apenas 5 contrários e que apoiam Lula. A nossa grande maioria é de apoio a Simone Tebet. E a maioria vai vencer. É o que rege a democracia", disse anteontem o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB).

Consenso

Nas conversas entre a cúpula dos três partidos há consenso de que o nome de Doria hoje está fragilizado e isolado no próprio PSDB, que não está disposto a abrir o cofre para bancar a campanha presidencial do ex-governador.

Apesar dos sinas, o grupo de Doria resiste e aposta nas inserções de TV do partido, que começam em 26 de abril, para projetar o ex-governador. Além de ter um amplo comitê na capital e mais estrutura que os demais pré-candidatos, o time de Doria também contratou o marqueteiro Lula Guimarães, que comandou a campanha de Geraldo Alckmin em 2018.

"Não existe isso (do acordo partidário valer mais que as prévias). O que vale é o resultado das prévias, a não ser que o João Doria abra mão da candidatura. E ele não vai abrir", disse o presidente do PSDB paulistano, Fernando Alfredo.

Em entrevista à CNN Brasil, Simone disse que tem o apoio da maioria dos 27 diretórios do MDB. "Não há unanimidade, mas temos unidade. Quatro ou cinco senadores não representam a maioria absoluta. A maioria dos diretórios está conosco", afirmou.

Segundo interlocutores do PSDB e do MDB, a opção de lançar a senadora foi reforçada pela obrigatoriedade da cota de 30% do Fundo Eleitoral para candidaturas de mulheres.

O plano de governo de economistas destinado a candidatos da "terceira via" traz críticas mais duras aos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff e chega a insinuar uma certa veia autoritária dos petistas. O documento também é carregado de elogios aos governos Michel Temer (MDB) e Fernando Henrique Cardoso (PSDB), e discretas reprovações à gestão de Jair Bolsonaro, que nem sequer é citado nominalmente.

Entre as principais propostas, estão a privatização de estatais, simplificação de impostos e a defesa intransigente do Teto de Gastos. O documento de 144 páginas batizado de Desenvolvimento Inclusivo, Sustentável e Ético é assinado pelo ex-presidente do Banco Central Affonso Celso Pastore e os doutores em Economia Cristina Pinotti e Renato Fragelli.

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Como mostrou o Estadão, o documento seria um dos pilares da candidatura de Sérgio Moro (União Brasil). Com a suspensão dos planos do ex-juiz de concorrer ao Planalto, ficará à disposição de outros candidatos da terceira via.

O texto é permeado por críticas ao segundo mandato de Lula e ao governo Dilma. Segundo os autores, a partir de 2008, os petistas "vestiram a camisa do próprio time" e entraram em campo para "implantar a própria agenda, acalentada há décadas com os parceiros da esquerda latino-americana, que pouco haviam aprendido com a social-democracia europeia".

Citam, por exemplo, o escândalo do mensalão e o que chamaram de esforços para "abolir amarras fiscais". "Poucos reclamaram já que muitos foram os beneficiados. Os empresários foram atendidos por doses nunca vistas de subsídios, proteção tarifária, e corrupção em obras públicas", escreveram. "Não fosse a forte reação ao controle social da mídia, pretendido pela cúpula do PT, hoje estaríamos contando outra história, provavelmente mais parecida com a de ditaduras presentes em países próximos", dizem os economistas. Põem, ainda, na conta do partido, a divisão "entre nós e eles", "traço aprofundado nos últimos anos com a estridência da extrema direita".

A respeito de Dilma, os economistas criticam concessões fracassadas de portos e rodovias, e a política de juros em meio à tentativa de reeleição, em 2014.

'Indecentes'

Segundo eles, "o processo de afrouxamento fiscal teve continuidade com Dilma, até chegar nas pedaladas que a levaram ao impeachment, recuou com Temer, com a criação do Teto de Gastos, e saiu do controle com a combinação de pandemia com Centrão no comando do Orçamento, agora com as indecentes Emendas de Relator".

Apesar de se referirem às "indecentes emendas de relator", não há menções à permissividade do governo federal com o uso destes recursos e a administração do chamado "orçamento secreto". O nome do presidente Jair Bolsonaro e seus ministros não é mencionado. Em breves passagens, há observações sobre a "tolerância" ao desmatamento da Amazônia.

Propostas

Entre as principais ideias do programa está a simplificação do Imposto de Renda. Os economistas pregam a unificação dos cinco impostos sobre bens e serviços. "Além de eliminar a guerra fiscal entre Estados e permitir a total desoneração de exportações, transforma o conjunto de impostos com incidência regressiva em um imposto neutro", dizem.

O texto também traz a defesa da privatização de estatais, o que inclui a Petrobras. "Com a melhora na governança, a Petrobras aumentou a sua eficiência. Porém, como foi exposto logo no início desta seção, embora uma boa governança mitigue os riscos, não os elimina", afirmam os autores. "A única forma de evitar todos esses riscos é através da privatização", concluem. Para os economistas, os investimentos em infraestrutura devem ser repassados à iniciativa privada na forma de concessões.

O grupo liderado por Pastore ainda faz uma proposta para que o Teto de Gastos seja respeitado, e somente deixado de lado para situações como a pandemia. Um programa de combate à pobreza envolve propostas como a transferência de renda mínima, o auxílio a estudantes de baixa renda e a promoção do "desenvolvimento infantil".

O pré-candidato à Presidência pelo PSDB, João Doria, afirmou que é possível quebrar a polarização eleitoral entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL) e que a força dos partidos da chamada terceira via (União Brasil, Cidadania, MDB e PSDB) será suficiente para impulsionar o candidato escolhido para representar o campo.

Doria também pediu que o ex-governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), tenha "grandeza para perder". A declaração foi dada ao comentar os movimentos do correligionário, que tenta se cacifar como nome do partido para disputar o Planalto ou a vice em uma chapa, mesmo tendo perdido as prévias para o ex-governador paulista.

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"Se isso não acontecer (unidade na terceira via), não teremos a via da esperança. É preciso que os dirigentes dos partidos tenham juízo, como estão tendo em motivar, incentivar o diálogo entre os partidos. se isto ocorrer, a força desses quatro partidos será suficiente, não só no horário eleitoral, mas na capilaridade por todo Brasil para impulsionar essa candidatura", avaliou Doria durante entrevista nesta sexta-feira, 8, para a Rádio Metrópole.

O tucano se referiu a Eduardo Leite como "um bom rapaz", mas aproveitou para dar um conselho ao colega. "Uma das lições que eu aprendi na vida é que você tem que ter grandeza para vencer e grandeza para perder. Ao ganhar, grandeza para não humilhar ninguém. A grandeza para quando perder é respeitar quem ganhou. A derrota de hoje é a vitória de amanhã", cutucou.

Leite tem apoio de uma ala do PSDB, capitaneada por figuras como o deputado federal Aécio Neves (MG), para retirar Doria da disputa e se lançar como candidato da sigla e da terceira via à Presidência. Recentemente, ele se reuniu com a senadora Simone Tebet, pré-candidata pelo MDB, e acenou para a possibilidade de ser vice em uma chapa com ela.

O ex-governador voltou a chamar Bolsonaro de criminoso pelo negacionismo no combate à pandemia. "Bolsonaro é criminoso porque advogou pela morte, e não pela vida. Enquanto eu buscava vacina para salvar os brasileiros, Bolsonaro buscava cloroquina, que matou os brasileiros." Ele disse também que não fará "campanha de destruição" contra o presidente e Lula.

Depois de muitas idas e vindas, o grupo conhecido como terceira via na disputa eleitoral decidiu lançar um único candidato à sucessão do presidente Jair Bolsonaro (PL). Em reunião realizada nessa quarta (6), em Brasília, dirigentes do MDB, PSDB, União Brasil e Cidadania fecharam uma aliança e anunciaram que vão divulgar o nome de quem representará o grupo na disputa ao Palácio do Planalto no dia 18 de maio.

Até agora, a senadora Simone Tebet (MDB-MS) é a mais cotada para encabeçar a chapa única. O maior problema ocorre nas fileiras do PSDB porque o ex-governador de São Paulo João Doria, vencedor das prévias do partido, está emparedado pela movimentação do correligionário Eduardo Leite. Ex-governador do Rio Grande do Sul, Leite tenta avançar algumas casas no jogo e até admite ser vice em dobradinha com Tebet.

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Os dois conversaram ontem no Senado, onde posaram para fotos. Após o encontro, disseram que só uma candidatura única é capaz de furar a polarização entre Bolsonaro e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, favorito nas pesquisas de intenção de voto.

"O meu partido fez prévias, tem o seu pré-candidato estabelecido. Nós respeitamos isso, ninguém está deslegitimando as prévias, mas não se trata aqui apenas de atender a formalidades e, sim, de ajudar o País a encontrar um caminho", afirmou Leite.

Tebet mudou um pouco o discurso. Antes de se reunir com o gaúcho, dizia que o vencedor das prévias do PSDB era Doria. "O Eduardo está dizendo que respeita as prévias, mas vem como um soldado. E por trás dele vêm outros soldados", disse ela. "Estou esperançosa".

Embora o nome de Tebet seja cotado para encabeçar a chapa, 13 líderes de diretórios do MDB, principalmente no Nordeste, querem apoiar Lula no 1.º turno. "Qualquer candidatura, para sobreviver, precisará ser competitiva, senão rebaixa os palanques estaduais e se torna desnecessária. O MDB já conhece esse filme", disse o senador Renan Calheiros (MDB-AL), um dos líderes do movimento pró-Lula no partido.

Negociações

Em um dia marcado por articulações políticas, Doria e o presidenciável do PDT, Ciro Gomes - que também estavam em Brasília -, tiveram uma série de conversas reservadas, em busca de parcerias. Ciro almoçou com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e com seu irmão, o senador Cid Gomes (PDT-CE). Pediu apoio, mas o presidente do PSD, Gilberto Kassab, ainda diz que lançará candidato próprio. Nem o PSD nem o PDT fazem parte do grupo da terceira via, que se autointitula "centro democrático".

Nenhum dos pré-candidatos participou da reunião de cúpula dos partidos. Em comunicado emitido após o acordo, MDB, PSDB, União Brasil e Cidadania destacaram que o objetivo da aliança é apresentar um candidato como alternativa aos polos que atualmente dominam a disputa. "Conclamamos outras forças políticas democráticas para que possam se incorporar a esse projeto em defesa do Brasil e de todos os brasileiros", diz o comunicado. O texto é assinado pelo presidente do União Brasil, Luciano Bivar; do MDB, Baleia Rossi; do PSDB, Bruno Araújo; e do Cidadania, Roberto Freire.

O União Brasil informou que apresentará um pré-candidato a ser submetido à análise do grupo no próximo dia 14. O ex-juiz Sérgio Moro se filiou recentemente ao União, após sair do Podemos. Presidido pelo deputado Luciano Bivar, o União diz, no entanto, que o projeto para Moro será em São Paulo, provavelmente disputando uma vaga na Câmara. As divergências de Moro com dirigentes de seu novo partido - principalmente com ACM Neto, que é candidato ao governo da Bahia - ficaram nítidas na semana passada, quando ele afirmou que não será candidato a deputado federal.

O próprio Bivar tem interesse em integrar a chapa presidencial, mas seu nome sempre é citado como vice. Ontem, ele negou que a inclusão de um indicado pelo partido nas próximas conversas sobre candidatura única dificultará a construção de um consenso. "O maior mentor de criar esse consenso fomos nós."

Critérios

Bivar afirmou ainda que a escolha do candidato do grupo levará em conta vários critérios, e não apenas as pesquisas de intenção de voto. "Pesquisas são fotografias de momento. Precisa ver a capilaridade, o Fundo Partidário, a receptividade, a rejeição. Tudo isso vai ser considerado, prevalecendo um sistema de bom senso político", disse ele.

Doria passou o dia em reuniões com deputados e senadores na sede do PSDB, em Brasília, e hoje viajará para a Bahia. Desembarcará em Rio das Contas, terra natal de seu pai, para tentar construir uma nova imagem na campanha, menos elitista e mais popular. As últimas pesquisas indicam que o ex-governador está estacionado num patamar muito baixo, na casa de 2%. É com esse argumento que adversários no PSDB, como o deputado Aécio Neves (MG) e o ex-senador José Aníbal (SP), querem tirá-lo do páreo.

Leite e Tebet também têm índices inexpressivos de intenção de voto, mas, de acordo com seus apoiadores, têm maior potencial de crescimento porque seus porcentuais de rejeição são baixos.

"Com todo respeito, qual é o projeto da Simone (Tebet), do MDB? Onde conflita com o do Ciro e por que não conversamos?", disse Cid Gomes, após o almoço com Pacheco. "Qual é o projeto do União Brasil, que não tem candidato? Tem alguma afinidade com o que Ciro defende ou é só uma negação ao Lula e ao Bolsonaro?"

Coordenador da campanha de Ciro, o senador afirmou que o irmão tem procurado partidos de centro, mas sente falta de propostas concretas por parte da terceira via. "O que nós temos defendido é que, para além da negação do Lula e do Bolsonaro, cada um apresente seu projeto para o Brasil e a gente veja onde é possível negociar. Não dá para ser só o projeto da negação nem só o projeto pessoal", insistiu Cid.

O pré-candidato à Presidência da República pelo PDT, Ciro Gomes, classificou a terceira via como "as viúvas do Bolsonaro". "Não tenho nada a ver com isso", afirmou. Ciro, junto com o PDT, está isolado de conversas com siglas do centro sobre uma possível definição de um candidato único contra a polarização Lula-Bolsonaro na corrida ao Palácio do Planalto. PSDB, União, MDB e Cidadania já iniciaram os debates sobre o tema.

"A terceira via é uma expressão preguiçosa criada por uma certa imprensa. O que se chamou de terceira via no Brasil são as viúvas do Bolsonaro e eu não tenho nada a ver com isso", disse o pré-candidato.

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A declaração foi dada à imprensa após almoço com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e o senador Cid Gomes (PDT-CE). Segundo Ciro, não houve discussão sobre alianças durante o almoço.

Pacheco desistiu de se lançar como candidato à Presidência da República pelo PSD em março. O partido do Gilberto Kassab havia convidado o parlamentar, no ano passado, a disputar o cargo.

Cid Gomes admite conversa com terceira via

Líder do PDT no Senado, Cid Gomes afirmou ao Broadcast Político que o irmão e pré-candidato do partido à Presidência, Ciro Gomes, aceita conversar com os partidos da chamada terceira via para uma composição em outubro. Por outro lado, o senador aponta Ciro como o único presidenciável que tem um projeto para o País além da negação ao presidente Jair Bolsonaro e ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

"Hoje, o maior ponto de convergência é exatamente aquilo que eu condeno, é a negação ao Lula e ao Bolsonaro", afirmou o senador em entrevista ao Broadcast Político. "Com todo respeito, qual é o projeto da Simone do MDB? Onde conflita com o do Ciro e por que não conversamos? Qual é o projeto do União Brasil, que não nem tem candidato? Tem alguma afinidade com o que Ciro defende ou é só uma negação ao Lula e ao Bolsonaro?"

O grupo formado por MDB, União Brasil e PSDB deve anunciar a decisão de lançar um candidato único à Presidência. Por enquanto, caciques desses partidos veem Ciro fora da composição, mas o presidenciável do PDT quer avançar em uma negociação, sem abrir mão da cabeça de chapa. "O que nós temos defendido é que para além da negação ao Lula e ao Bolsonaro cada um apresente o seu projeto para o Brasil e a gente veja onde é possível negociar para não ser só o projeto da negação nem só o projeto pessoal."

O líder do PDT afirmou que o maior desafio de Ciro será se consolidar como "campeão da segunda divisão" e atrair uma parcela de até 12% do eleitorado de Lula que quer votar no petista apenas por rejeição ao Bolsonaro. "É mais fácil para o Ciro tirar o lugar do Bolsonaro e enfrentar o Lula. O Bolsonaro é o candidato marcado para morrer."

 

Dois dias após o ex-governador Eduardo Leite (PSDB) sinalizar que está disposto a ser vice na chapa presidencial de Simone Tebet (MDB), a senadora afirmou que deve receber o gaúcho para uma conversa em seu gabinete nesta quarta-feira (6). Paralelamente, segundo ela, os presidentes dos quatro partidos que lideram as articulações por uma candidatura única da "terceira via" - PSDB, União Brasil, Cidadania e MDB - devem se reunir hoje para selar a união do centro. As declarações foram feitas à Rádio Eldorado.

A senadora afirmou que vai dar continuidade às conversas com Leite porque o vê como um "grande ativo do PSDB", independentemente de ter perdido as prévias. Disse que recebeu com "muito carinho" a possibilidade de tê-lo como vice, reforçando que acredita ter "todas as condições" para liderar a candidatura da terceira via. Mas ponderou que essa decisão caberá aos presidentes dos partidos.

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"Para quem não acreditava que o MDB seguiria com a candidatura até o final, hoje está claro que o partido não só se posiciona com uma pré-candidata, mas como nós temos todas as condições de liderar como cabeça de chapa", afirmou.

Simone Tebet prometeu que, se for escolhida como o rosto do centro nas eleições, vai convidar outros partidos para se somarem ao projeto. Ela disse manter diálogo com Felipe d’Avila, presidenciável do Novo, e com Renata Abreu, presidente nacional do Podemos - partido que ficou sem pré-candidato após a saída de Sérgio Moro.

Embora tenha dado sinais de que pretende assumir a candidatura única dos partidos, a senadora lembrou que Luciano Bivar, do União Brasil, pode impor seu nome na disputa. Ela voltou a dizer que não se trata de um projeto "personalista" e afirmou que o centro dispõe de apenas uma "bala de prata".

"Quem vai definir o critério para escolher o pré-candidato ou pré-candidata desse grupo (serão os dirigentes das legendas). Não é um projeto do Doria, Simone, Leite ou de qualquer outro. A partir de hoje, quem fala por esse centro são os presidentes de partido", reforçou.

Quanto ao pré-candidato Ciro Gomes (PDT), Simone afirmou que ele não participa das conversas por ter divergências com o centro, mas disse acreditar que as diferenças podem ser superadas. "Definido o nome (da terceira via), será marcado um cafezinho com o Ciro para discutir o que é mais importante para o Brasil."

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