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Neste 20 de novembro, a população preta do Brasil celebra o Dia da Consciência Negra, considerado importante para o combate ao racismo e as diversas opressões que esse povo sofre. A data escolhida é em homenagem a Zumbi dos Palmares, uma das principais lideranças pretas do Brasil, que deu a vida contra a escravidão.

Mas como nossos representantes têm atuado para fortalecer essa luta atualmente? Na última quinta-feira (18), um projeto de Lei do senador Paulo Paim (PT), que tipifica a injúria racial como racismo, foi aprovado por unanimidade no Senado Federal. A matéria agora segue para análise da Câmara dos Deputados.

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A aprovação da matéria ocorre após o Supremo Tribunal Federal (STF) decidir, em outubro deste ano, que o crime de injúria racial não prescreve. Na ocasião, os ministros da Corte entenderam que casos de injúria podem ser enquadrados criminalmente como racismo, conduta considerada imprescritível pela Constituição. 

Paim, ressaltou a importância da votação do projeto para o enfrentamento ao racismo. "A população brasileira é composta por 56% de pretos e pardos, ou seja, 120 milhões de brasileiros. A grande maioria é pobre, todos nós sabemos. O racismo estrutural é uma realidade. Está no olhar, nos gestos, nas palavras, na violência, no ódio", afirmou.

A cientista política e advogada Tassiana Oliveira, 36 anos, ressalta a importância de se ter políticos pretos, como é o caso do senador Paulo Paim, engajados na luta antirracista. No entanto, ela destaca a sub-representação desse povo. 

Para se ter uma idéia, dos 513 deputados em exercício, 89 deles se declaram pretos. No Senado, a diferença é ainda mais gritante: dos 64 senadores, 17 são pretos. No recorte por gênero, essa realidade consegue ser pior. Existem 11 mulheres pretas na Câmara dos Deputados e nenhuma no Senado.

Esses números estão longe de representar a realidade étnica do Brasil. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) apontam que 55,8% dos brasileiros se declaram como pretos ou pardos - enquanto brancos representam 43,1% da população. 

“A ciência política diz que, se a gente tem um número maior de pessoas representando as mais diferentes cores ou gêneros da sociedade no Legislativo, a gente tem melhores leis. No entanto, o que a gente precisa ter cuidado é que essa representação precisa ser substantiva, se não a gente teria casos como a do presidente da Fundação Palmares (Sérgio Camargo), que é uma pessoa racista em uma fundação que foi criada para lutar contra o racismo”, detalha. 

Pernambuco

Em Pernambuco, dos 49 deputados estaduais, apenas 14% deles se autodeclaram negros. No entanto, maioria (5) ainda se declara parda, apenas os deputados Doriel Barros (PT) e Juntas codeputadas (PSOL) se declaram realmente pretos.

Robeyoncé Lima, uma das codeputadas das Juntas, detalha que quando se associa a perspectiva da raça também com o gênero, se encontra mais dificuldade. "Não é somente a dificuldade de acesso no contexto local, é também a dificuldade de acesso no cenário nacional. A gente vem cada vez mais enfrentando dificuldade por conta do conservadorismo, de como arrumar estratégias para ocupar esses espaços".

Na luta contra o racismo, as juntas conseguiram aprovar na Assembléia Legislativa de Pernambuco (Alepe) a lei que impede qualquer forma de discriminação no acesso aos elevadores dos edifícios públicos ou privados e comerciais ou residências por causa da raça, sexo, cor, origem, condição social, profissão, idade, deficiência, doença não contagiosa e religião.

“A gente tem o Estado brasileiro que nega a existência do racismo, mas a gente fica o tempo todo batendo na tecla para que esse debate seja levado em questão. Infelizmente a gente tem feito um debate de quase 400 anos do povo negro, sem nenhuma reparação histórica que chegue ao ponto de compensar toda essa humilhação e constrangimento que aconteceu por mais de quatro séculos”, diz Robeyoncé. 

A codeputada salienta ainda que, para fomentar a luta pela igualdade, as Juntas tem apresentado diversos projetos de lei em relação à temática. “No que toca à questão do desencarceramento da população preta, da violência obstétrica com recorte racial, da própria questão do acesso à saúde no contexto da pandemia. São temáticas que a gente vem abordando de maneira transversal, com a perspectiva da raça”, detalha.

Preocupação com a Lei de Cotas para 2022

Em 2022 a Lei de Cotas, sancionada em 2012, que determina a reserva de 50% das vagas das Instituições Federais de Ensino Superior (Ifes) a estudantes de escolas públicas, negros, pardos, indígenas e pessoas com deficiência irá completar 10 anos. Segundo consta na Lei, o programa de reserva de vagas deve ser revisto no prazo de dez anos de publicação da norma.

Na Câmara dos Deputados há uma proposta tramitando para que essa revisão seja transferida para 2032. No entanto, possíveis mudanças na lei são vistas como necessárias pelos parlamentares. 

A cientista política Tassiana declara uma preocupação com a possibilidade do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que já declarou várias vezes publicamente ser contra as cotas, trabalhar para acabar com o programa. 

“Existe a preocupação de que essa norma seja extinta. Mas como é um ano eleitoral, pode ser que o governo deixe para lá, não se preocupe agora, deixando para 2023. Mas, mesmo assim, só se vier alguém mais progressista que a gente pode descansar. Se Bolsonaro renovar o seu mandato, a gente tem a possibilidade que essa lei seja extinta”, fala Tassiana.

A estudiosa complementa que “a luta negra brasileira tem muitas décadas. Nós hoje somos filhos e filhas daqueles que lutaram por esses espaços que a gente está ocupando. Mas essa luta ainda não acabou. Esse governo nos mostra que se a gente dormir, algo pode acontecer e a gente perder tudo ou muita coisa”, pontua.

O Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra, celebrado anualmente em 20 de novembro, poderá se tornar feriado nacional. Atualmente, a data é comemorada apenas em cinco estados e mais de mil municípios brasileiros. Mas essa realidade pode mudar com a aprovação, nesta segunda-feira (23), do Projeto de Lei do Senado (PLS) 482/2017, de autoria do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), em decisão terminativa na Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE).

O relator da matéria na Comissão, senador Paulo Paim (PT-RS), explicou que a data escolhida remete ao dia da morte de Zumbi, líder do Quilombo dos Palmares, um dos maiores do período Brasil-Colônia.

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"Trata-se de um ícone, um símbolo do povo negro, de origem africana, povo esse que deixou marcas profundas de sua identidade cultural em nossa arte, música, gastronomia e religião. A efeméride é também um símbolo de luta e de emancipação das injustiças impostas por séculos contra a população negra", justificou.

Paim destacou que transformar a data em feriado nacional vai enfatizar e valorizar a luta do povo negro e fortalecer o processo de conscientização de seus desafios.

O texto foi aprovado com duas emendas de redação para incluir o nome Zumbi na data comemorativa, que originalmente constava apenas como Dia da Consciência Negra.

O senador Confúcio Moura (MDB-RO) reforçou a importância histórica da proposta. Segundo ele, após a abolição da escravatura, não houve ações de integração do negro à sociedade.

"Eles continuaram perambulando na pobreza, na discriminação, nos serviços mais humildes e é a grande massa de pobres do nosso país até hoje. Agora, com a criação dessa data, é também marcante para que se possa abrir um debate maior nesse dia, e em todos os dias do ano. O negro nos hospitais, o negro médico, o negro deputado, senador, o negro nos tribunais, ocupando os espaços nas grandes corporações. Então, esse é um trabalho tardio, mas que chega em boa hora. Como dizem muitos: 'Antes tarde do que nunca'", declarou.

Depois de passar pela CE, o projeto poderá seguir direto para a Câmara dos Deputados se não houver recurso para votação pelo Plenário do Senado.

*Da Agência Senado

O deputado federal Túlio Gadêlha (PDT-PE) entrou com ação popular com tutela de urgência no Ministério Público Federal (MPF) contra o presidente da Fundação Cultural Palmares, Sergio Camargo. Os deputados Bira do Pindaré, Benedita da Silva (PT-RJ) e Áurea Carolina (PSOL-MG) subscreveram a ação.

Os parlamentares pedem que as publicações depreciativas contra Zumbi dos Palmares sejam retiradas dos canais de comunicação oficiais da instituição, sob pena de multa estipulada pelo órgão, alegando abuso de poder e desvio de finalidade. “As publicações ostentam o escopo de desqualificar a figura que dá nome à instituição constituída para promover e preservar valores históricos e culturais da influência negra no Brasil”, diz a ação.

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“Não se faz necessário empreender esforços desmedidos para vislumbrar que todo esse protótipo profanador do patrimônio histórico brasileiro foi soerguido para fins de prestigiar unicamente a ideologia que ascendeu ao poder nas eleições 2018, que tem como modus operandi a difusão de fake news, de conteúdo desinformativo e nenhum apreço aos dados históricos e científicos”, diz.

No último dia 13 de maio, Camargo usou o site oficial e as redes sociais da Fundação Palmares para lançar uma campanha revisionista e desqualificar Zumbi dos Palmares, figura que dá nome à instituição, criada justamente para promover e preservar valores históricos e culturais da influência negra no país.

Diversos movimentos denunciam o 13 de maio a falsa abolição. Afinal, a data é só parte do um processo político de luta, na qual vários arranjos, negociações, protestos e mortes aconteceram para chegar a abolição, e não por benevolência da monarquia. O movimento negro considera o 20 de novembro - dia de Zumbi dos Palmares e da Consciência Negra - como a data simbólica.

*Da assessoria

 

Na próxima quarta-feira (20), Dia da Consciência Negra, acontecerá a marcha da consciência negra contra o racismo, o genocídio e pelo direito de viver do povo preto. O evento será feito no Parque 13 de Maio, no Centro do Recife, a partir das 14h e é uma iniciativa da Articulação Negra de Pernambuco (ANEPE), em parceria com mais de 50 movimentos negros que buscam articular estratégias de incidência política em Pernambuco. 

A data, estabelecida como Dia da Consciência Negra, tem como mote de reflexão a morte do líder negro Zumbi dos Palmares, que aconteceu em 20 de novembro de 1695. De acordo com a ANEPE, no evento acontecerão algumas intervenções culturais e em seguida o grupo deve seguir em marcha, juntamente com um cortejo de afoxés para a Rua da Guia, no bairro de São José.

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No local, a partir das 18h, algumas atrações como o grupo Femigang, Isaar, afoxé Omô Nilê Ogunjá e as DJs Themonia e Nenacalligera comandarão a noite e finalizarão o evento. 

Em 20 de novembro é comemorado no Brasil o Dia da Consciência Negra. A data foi escolhida para lembrar a morte de Zumbi dos Palmares, uma das principais lideranças negras da história do país. O nome faz referência ao Quilombo dos Palmares, maior espaço de resistência de escravos durante mais de um século no período colonial (1597-1704).

A região que acolhia o núcleo do quilombo, Serra da Barriga, em Alagoas, ganhou reconhecimento internacional. Neste sábado (11), será oficializada a certificação da área como patrimônio cultural do Mercosul. O título só foi conferido até agora a dois bens no país: a Ponte Internacional Barão de Mauá, ligação entre as cidades de Jaguarão, no Brasil, e Rio Branco, no Uruguai; e a região das Missões, que abrange cinco países (Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai e Bolívia).

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A Serra da Barriga foi tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em 1985. Em 2007, foi aberto o Parque Memorial Quilombo dos Palmares, próximo à cidade de União dos Palmares, a cerca de 80 quilômetros da capital do estado, Maceió. O projeto envolveu a construção de instalações em referência a Palmares, como a casa de farinha (Onjó de farinha), casa do campo santo (Onjó Cruzambê ) e terreiro de ervas (Oxile das ervas). O espaço ainda é o único parque temático voltado à cultura negra no Brasil e recebe anualmente cerca de 8 mil visitantes.

Visibilidade

Para Marcelo Britto, do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), o título de patrimônio cultural do Mercosul significa um reconhecimento internacional importante e também pode estimular a visibilidade da área por brasileiros que ainda a desconhecem.

“Um aspecto importante é a dinamização econômica, uma vez que o bem cultural ganha uma visibilidade para uma projeção de caráter nacional e internacional. Isso favorece iniciativas que tendem a promover o turismo cultural, a geração de empregos que podem ocorrer relacionadas a isso”, afirma.

Referência histórica

O Quilombo dos Palmares surgiu no século 16. Residiam nele escravos fugidos das capitanias da Bahia e de Pernambuco. O local chegou a reunir até 30 mil pessoas no seu auge, no século 17, e era organizado em pequenos povoados, chamados de mocambos. Os principais eram Cerca Real do Macaco, Subupira, Zumbi e Dandara. O maior deles chegou a ter 6 mil pessoas, quase a mesma população do Rio de Janeiro à época.

Esses mocambos constituíam uma espécie de república. As decisões políticas eram tomadas pela reunião da liderança de cada um deles em conjunto com o chefe supremo. Essa posição decomando foi ocupada por Acotirene, sucedida por Ganga Zumba e, depois, por Zumbi. No tocante às relações afetivas, Palmares era uma sociedade poliândrica, em que mulheres podem ter relação com diversos homens.

Segundo Zezito de Araújo, professor de história e supervisor de Diversidade da Secretaria de Educação do Estado de Alagoas, Palmares ainda é lembrado muito pela dimensão do conflito, mas deveria ser conhecido por ter sido o primeiro grande movimento de resistência das Américas no período colonial e pela sua organização política.

“A Revolução Francesa é tida como o símbolo da liberdade, mas a luta de Zumbi aconteceu antes. Enquanto em Palmares tínhamos propriedade coletiva, produção para subsistência e para troca, na colônia tínhamos atividade agrícola para exportação e escravidão como base do trabalho. São sociedades opostas”, analisa.

Melhorias no espaço

Na opinião do presidente do Conselho de Promoção da Igualdade Racial de Alagoas, Elcias Pereira, o título de patrimônio cultural será uma oportunidade importante de qualificar o espaço no momento em que o parque memorial completa 10 anos. “Recebendo esse título pode haver a melhoria dos equipamentos. Nestes últimos 10 anos, os investimentos não foram feitos como deviam. O acesso precisa ser arrumado, pois durante boa parte do ano há problema para chegar em razão das chuvas”, aponta Pereira.

Segundo Carolina Nascimento, diretora de Proteção ao Patrimônio Afro-Brasileiro da Fundação Cultural Palmares, responsável pelo parque nacional, ajustes e melhorias no espaço serão feitas a partir de um conjunto de iniciativas que já começaram a ser debatidas em uma oficina realizada neste ano em Maceió.

Entre as ações previstas estão a instituir um comitê gestor da Serra da Barriga, analisar a capacidade de recebimento de pessoas, reassentar algumas famílias ainda resistentes na área, implantar unidades de conservação ambiental, elaborar um plano de conservação e criar um centro internacional de referência da cultura negra.

“Neste momento em que casos de racismo estão se acirrando, o reconhecimento deste bem cultural é uma forma de combater a discriminação racial e valorizarmos a cultura afro-brasileira”, diz a diretora da fundação.

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O dia Nacional da Consciência Negra, celebrado no dia 20 de novembro, é comemorado nesta data desde a década de sessenta a partir de eventos organizados por entidades de combate ao racismo, como os movimentos negros. Na concepção destes grupos, a data é mais representativa para lembrar a luta e a importância do negro na História e sociedade brasileira do que o próprio 13 de maio (onde é comemorada a libertação dos escravos, a chamada Lei Áurea, de 1888). O evento lembra a morte do líder Zumbi dos Palmares, no ano de 1695. Em 2011, a presidente Dilma Rousseff sancionou a Lei nº 12.519 que institui o “20 de novembro” como o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra.

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“A escolha desta data para representar o dia da consciência negra serve para lembrar que a liberdade dos africanos e afrodescendentes escravizados não foi dada. Não foi uma Lei de 1888 que, por benevolência de uma princesa rebelde, foi assinada. Sua liberdade foi conquistada. Conquistada nas fugas para os quilombos (urbanos e rurais), nas grandes rebeliões como o Levante dos Malês (1835), nos embates legais para ter direito a comprar a própria alforria ou na resistência cotidiana”, explicou o historiador Bruno Véras.

De acordo com o acadêmico, o dia da Consciência Negra tem duas funções. A primeira delas é de fomentar uma memória social da importância dos africanos e afrodescendentes na História e sociedade brasileira, a segunda seria de combater o racismo e o preconceito no País. “Os dados do tráfico negreiro para as Américas entre os séculos XVI e XIX trazem algo um pouco a mais do que dez milhões de africanos trazidos para o continente. Destes dez milhões, 46%, isto é, quase metade, vieram apenas para um país: o Brasil. O país com maior número de afrodescendentes na América e o segundo do mundo, atrás apenas da Nigéria”, analisou.

“Além disso, a importância de pensar esta Consciência Negra reside no fato, também, de combater o auto-preconceito, a negação de uma cor e uma subjetividade, causadas por uma sociedade que cruelmente embute-nos valores estéticos e culturais racistas desde crianças”, completou o acadêmico.

Além da lei nº 12.519, as normas 10.639/2003 e 11.654/2008 da Lei de Diretrizes e Bases (LDB) estabelecem a obrigatoriedade de trabalhar nas escolas do País  questões ligadas à diversidade étnico-racial. “Isso (as leis) é um importante passo para pensar o papel dos diferentes povos e etnias que compuseram nossa nacionalidade e possibilitar a construção de uma memória social (a presença do passado no presente) positiva destas contribuições formativas”, concluiu Véras.



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O gigante ‘Zumbi dos Palmares’, como foi adjetivado nessa segunda-feira (20), pelas autoridades políticas que participaram da solenidade de partida da primeira viagem do navio em Ipojuca, seguiu para a cidade do Rio de Janeiro, logo após a cerimônia. No evento, ocorrido no Estaleiro do Atlântico Sul (EAS), estiveram presentes a presidente Dilma Rousseff (PT), o governador Eduardo Campos (PSB), a presidente da Petrobrás, Maria das Graças Foster, além de prefeitos, ministros nacionais, senadores, e mais de 5 mil trabalhadores do EAS. 

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A embarcação é a quinta entregue à Transpetro num período de 18 meses,  e suas operações iniciaram logo após a cerimônia no Porto de Suape, em Ipojuca (PE). Durante a solenidade, Dilma afirmou que o Brasil não quer ser apenas um país produtor de petróleo. “Queremos construir plataformas e navios para a Petrobras”, disse. Segundo ela, a indústria naval brasileira “tem futuro” e vai gerar frutos para “muitas gerações”. 

Durante discurso, a presidente da Petrobras, Graça Foster, mostrou entusiasmo em relação à produção de petróleo. “Hoje produzimos 2 milhões de barris de petróleo por dia, mas bem em breve pretendemos produzir 4 milhões e posteriormente 5 milhões. Esse navio vai perfurar seis poços e temos 38 perfurações.  Acreditamos que ainda vamos fazer mais bonito do que estamos fazendo hoje aqui. O que inspira a Petrobrás é gente. Gente como vocês”, proferiu Foster.

Para o ministro de Minas e Energia, Edson Lobão, há cerca de 10 anos o setor naval estava moribundo e esquálido com apenas 2 mil trabalhadores. “Há alguns anos a indústria naval estava moribunda e Lula chamou e disse: nós temos que fazer renascer essa indústria que no passado foi orgulho para o Brasil e está se mostrando uma decepção”. Mas hoje, segundo ele, essa indústria conta com uma força de trabalho de 54 mil pessoas.

Segundo o presidente da Transpetro, Sérgio Machado, a inauguração da embarcação revela um novo rumo para o país. “A entrega de mais esse navio mostra que estamos escrevendo uma nova História do Brasil a várias mãos. Um país para todos os brasileiros”, ressaltou.

A primeira viagem - A presidenta Dilma Rousseff subiu a bordo do Zumbi dos Palmares, cumprimentou a tripulação, conheceu as instalações e apertou o botão que aciona o motor principal para dar início à viagem do petroleiro para carregamento na P-38 na Bacia de Campos (RJ).

Ela entregou ao comandante Carlos Alberto Costa a bandeira brasileira que seria içada no navio, e recebeu de funcionários do estaleiro EAS a maquete da embarcação. Os demais documentos do navio também foram entregues à tripulação. 

Com 274 metros de comprimento, o Zumbi dos Palmares iniciou sua viagem inaugural no início da tarde desta segunda (20). Depois de carregado com petróleo, na Bacia de Campos no Rio de Janeiro, ele levará o produto para São Sebastião (SP). 

Já estão presentes na mesa de honraria do evento de inauguração do navio Zumbi dos Palmares em Suape, na cidade de Ipojuca, diversas autoridades políticas. Entre eles o prefeito de Ipojuca, Carlos Santana (PSDB), o do Recife, Geraldo Julio (PSB), os senadores Armando Monteiro (PTB) e Humberto Costa (PT), e o presidente do Senado Federal, Renan Calheiros (PMDB), além dos ministros da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho, a da Comunicação, Helena Chagas, o de Minas e Energia, Edison Lobão e o do Esporte Aldo Rebelo.

A solenidade iniciou, às 12h20, com o Hino Nacional Brasileiro cantado e ovacionado pelos operários que trabalharam na embarcação, além dos políticos. O prefeito Carlos Santana abriu oficialmente os discursos, saudou Dilma e cumprimentou Eduardo Campos como o “maior governador de Pernambuco”.

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O presidente do Estaleiro do Atlântico Sul (EAS), Antoniel Reis, também foi recebido por gritos e aplausos dos trabalhadores presentes na solenidade de inauguração do Navio Zumbi dos Palmares e também já discursou na cerimônia ocorrida em Suape. A embarcação inaugurada nesta segunda-feira (20), em Ipojuca, possui 274,2 metros.

Durante o início de sua fala Antoniel Reis citou o ex-presidente Lula, Dilma e enfatizou Eduardo Campos. ”Olho para o futuro com a convicção que todos os desafios serão superados”, comemorou. Para a oficial náutica, Vanessa Cunha, o Zumbi dos Palmares ficará na história da construção naval brasileira. “Todos nós trabalhadores e trabalhadores temos orgulho desse grande feito. Eu dedico a todo a vocês esse momento e  que mais profissionais venham fazer parte dessa empreitada. Parabéns para todos nós”, declarou Cunha.

Em seguida, quebrando o protocolo de saudações às autoridades políticas presentes, o presidente da Petrobras Transporte S.A. (Transpetro), Sérgio Machado, discursou enaltecendo os trabalhadores e nordestinos do navio Zumbi dos Palmares. “Gostaria de quebrar o protocolo e saudar aqueles que são os principais dessa festa: Os trabalhadores – sem vocês nada disso estaria acontecendo, pois vocês são motivos de orgulho para nós”, iniciou o presidente da Transpetro.

Machado também enalteceu as mulheres e afirmou que o gênero feminino tem mais capacidade de trabalho. “As mulheres são muito mais competentes do que nós homens. E o Brasil perdeu muito porque os machistas diziam que atrás de todo homem existia uma homem. A mulher tem que andar ao lado e à  frente”, afirmou.

“Presidente a gente vive um momento histórico. Foram muitas lágrimas derramadas daqueles que contribuíram. Muitas pessoas diziam que os cortadores de cana, a doméstica e a mulher não conseguiam aprender a construir um navio. Então, o que não pode existir presidente é o preconceito com essa gente nordestina”, frisou o presidente que em seguida foi ovacionando por aplausos dos trabalhadores. Sérgio Machado disse ainda uma mensagem para a presidente Dilma Rousseff (PT) também presente no evento. ”Digo para a senhora, nós estamos no rumo certo.

Dilma e Eduardo ainda não discursaram, mas estão sentados lado a lado. Neste momento da cerimônia, está sendo exibido um vídeo com imagens do navio e depoimentos dos trabalhadores que produziram a embarcação.

Mais informações dentro de instantes

Como parte das comemorações do Dia da Consciência Negra, o Museu Afro Brasil inaugurou neste domingo (20) uma escultura de Zumbi dos Palmares, líder negro que resistiu à escravidão no Brasil. Com 2,2 metros de altura, a obra é uma réplica da que se encontra na Praça da Sé, em Salvador, e foi doada ao museu por sua autora, a artista plástica Márcia Magno.

Zumbi nasceu em 1655 em Alagoas. Último líder do Quilombo de Palmares, fundado em 1600 por escravos foragidos de um engenho pernambucano, Zumbi foi capturado, torturado e decapitado em 1695.

A escultura doada ao Museu Afro apresenta o líder do Quilombo de Palmares em posição de alerta, portando uma arma de defesa chamada mukwale, símbolo de poder, usada por grandes guerreiros africanos. Para marcar o Dia da Consciência Negra e a inauguração da obra, que agora fará parte do acervo do Museu Afro, dois grupos de maracatus apresentam-se hoje, a partir das 13h, no local: Nação do Maracatu Porto Rico, de Recife, e Maracatu Bloco de Pedra, de São Paulo.

“O Museu Afro Brasil é um espaço de história, arte e memória. Uma obra dessa magnitude, como é a obra da Márcia Magno, é muito importante [para o museu] porque representa um ícone da história negra do Brasil”, diz Emanoel Araújo, diretor da instituição.

Além da escultura de Zumbi dos Palmares, foram inauguradas neste domingo duas exposições. A primeira delas é Aurelino – a Transfiguração do Real, que apresenta 100 obras do artista plástico baiano Aurelino dos Santos, que trabalha primordialmente com pinturas. “[Aurelino] é um artista muito interessante. Ele faz pinturas geométricas, cheia de símbolos e significados”, comenta Araújo.

A segunda exposição, Brincar com Arte – o Brinquedo Popular do Nordeste, apresenta mais de mil objetos, bonecos e miniaturas de veículos da coleção de David Glat, curador do Museu do Brinquedo Popular, na Bahia. Segundo Emanoel Araújo, são brinquedos feitos por nordestinos de diferentes etnias do Nordeste. "É uma exposição muito bonita, muito colorida.”

Ainda como parte das comemorações do Mês da Consciência Negra, a Pinacoteca do Estado, o Museu de Arte Sacra e o Museu da Língua Portuguesa oferecerão ao público a programação temática Africanofagias Paulistanas, que destaca a presença africana na história da cidade de São Paulo. Incluindo apresentações de maracatu e rap, peças teatrais e debates, a programação completa pode ser consultada nos sites www.pinacoteca.org.br, http://www.museuartesacra.org.br e http://www.museulinguaportuguesa.org.br.

O Museu Afro Brasil localiza-se no Parque Ibirapuera, na capital paulista e pode ser visitado de terça-feira a domingo, das 10h às 17h. A entrada é franca. As duas exposições serão encerradas em abril do próximo ano. Informações pelo site http://www.museuafrobrasil.org.br.

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