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O magistrado do Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais (TRE-MG), Marlos Melek, foi afastado de suas funções eleitorais por ter supostamente participado de um evento político em 2022, na cidade de Nanuque (MG). A decisão unânime do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) foi proferida nesta terça-feira (19).

De acordo com o relator e corregedor nacional de Justiça, ministro Luis Felipe Salomão, o ato político realizado nas dependências de uma empresa sediada em Serra dos Aimorés, também em Minas Gerais, havia sido objeto de denúncia por suspeita de assédio eleitoral. 

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Para Salomão, há indícios de que a atuação do magistrado foi desviada das finalidades próprias da magistratura, o que justifica a abertura de um processo administrativo disciplinar para investigar o caso.

O ministro destaca ainda que a participação do juiz eleitoral em situação que, numa análise preliminar, evidencia suposto apoio público a candidato ou partido pode fomentar desconfiança social na Justiça e questionamentos quanto à transparência do processo eleitoral. “Cuidar de uma zona eleitoral do interior do país inspira mais cautela do juiz”, afirmou. 

O corregedor nacional ponderou que, em cidades de pequeno porte, amplia-se a responsabilidade das autoridades judiciais, uma vez que suas atuações são bastantes notórias.

“Some-se a isso o fato de que o evento ocorreu entre o primeiro e segundo turnos das eleições presidenciais de 2022, como o próprio afirmou na ocasião. O fato de o magistrado ser de vara única torna tudo ainda mais complicado”, concluiu.

O Pedido de Providências 0000020-53.2022.2.00.0613, julgado durante a 14ª Sessão Ordinária de 2023 do CNJ, foi autuado a partir de denúncia do Ministério Público do Trabalho de Teófilo Otoni (MG). 

*Da Agência CNJ de Notícias

A Procuradoria Regional Eleitoral do Mato Grosso do Sul vai investigar uma denúncia de assédio eleitoral em Coronel Sapucaia (MS), cidade a 420 quilômetros da capital Campo Grande, com beneficiários do Auxílio Brasil em prol do presidente Jair Bolsonaro (PL). O caso foi revelado pelo repórter Caco Barcellos no Profissão Repórter na segunda-feira (1º). 

Na manhã desta quarta-feira (2), o Ministério Público Eleitoral informou que “serão solicitadas diligências ao promotor eleitoral de Coronel Sapucaia para instruir o feito”. 

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Na reportagem, Caco Barcellos mostrou que, em menos de 48 horas antes do 2º turno, pessoas que recebem o Auxílio Brasil na cidade foram convocadas para uma reunião. Quando a reportagem chegou no local, a reunião foi encerrada e ninguém quis falar ou sabia dizer o que era. 

Alguns moradores que aceitaram falar disseram que as pessoas foram incentivadas a votar em Jair Bolsonaro na eleição do último domingo (30). 

Uma senhora que mora ao lado do local onde acontecia a reunião revelou que já ocorria há três dias. “Antes não tinha essa reunião, não. Disse que era para assinar o negócio do Bolsa Família [Auxílio Brasil]. Aí ontem que eu ouvi falando que, quando acaba a reunião, o Rudi [Paetzold, prefeito da cidade], dá R$ 50 para cada um. Rudi é o prefeito daqui”, explanou.

Votação na cidade

Coronel Sapucaia foi uma das três cidades em todo o Brasil que os postulantes tiveram exatamente o mesmo número de votos no primeiro turno: 4.295 mil votos cada um. 

Já no segundo turno, após as reuniões e a suspeita de assédio eleitoral do prefeito da cidade com os beneficiários do Auxílio Brasil em prol de Bolsonaro, o número de votos do atual presidente subiu para 4.530. Ou seja, 235 a mais que no primeiro turno, enquanto os votos em Lula caíram para 4.049, 246 a menos. 

O prefeito foi questionado em uma gincana entre escolas promovida pela Secretaria Municipal de Educação, e disse que não estava na cidade e não organizou a reunião, que era de responsabilidade da Secretaria de Ação Social. 

Ao final das eleições 2022, o Ministério Público do Trabalho contabilizou 2549 denúncias de assédio eleitoral, referente a 1948 empresas - número doze vezes maior do que o registrado no pleito de 2018, quando houve 212 relatos de ameaças feitas aos trabalhadores, para que votem nos candidatos escolhidos pelos empregadores.

Até o momento, o MPT já fechou 209 termos de ajustamento de conduta com empresas investigadas por assédio eleitoral neste pleito, além de ter proposto 58 ações contra companhias denunciadas. O número continua sendo contabilizado, já que ainda há investigações em andamento sobre os relatos feitos à Procuradoria.

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Os dados constam de balanço feito pela Procuradoria do Trabalho com informações coletadas até as 17h deste domingo (30), horário que marcou o fim da votação das eleições 2022. A região com o maior número de denúncias registradas é a Sudeste (1006), sendo que Minas Gerais é o Estado que se destaca com o maior índice de relatos de constrangimento de trabalhadores (584).

Em meio à explosão de denúncias de assédio eleitoral, o procurador-geral do Trabalho, José de Lima Ramos Pereira, chegou a afirmar ao Estadão que houve uma 'banalização' da prática neste pleito. "Parece que o empregador entende que ele tem o poder de forçar esse voto do trabalhador. Como se ele fosse obrigado a só trabalhar para você se ele agradar de alguma forma, votando nos seus candidatos", ponderou.

O Ministério Público do Trabalho (MPT) em Pernambuco recebeu apenas uma denúncia de assédio eleitoral neste domingo de votação (30). O órgão atendeu no esquema de plantão neste fim de semana, período em que totalizou 12 queixas. 

LeiaJá também: Assédio eleitoral: 27 empresas foram denunciadas em PE

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Do total de denúncias nesses dois dias, 10 foram no Recife, uma em Caruaru, no Agreste, e uma em Serra Talhada, no Sertão do estado. O objetivo da fiscalização é assegurar que os trabalhadores possam votar sem qualquer tipo de influência ou impedimento. 

Desde o início do pleito eleitoral, o MPT em Pernambuco registrou 48 denúncias em todas as regiões. No Brasil foram cerca de 2.500 ocorrências, índice que saltou em relação a 2018, quando foram contabilizadas 212 denúncias de assédio eleitoral no país e apenas 6 em Pernambuco. 

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---> MPT em PE recebeu 11 denúncias de assédio eleitoral

---> Empresário que exigiu voto em Bolsonaro faz acordo com MPT

O Ministério Público do Trabalho (MPT) em Pernambuco registrou 11 denúncias de assédio eleitoral no Estado. O balanço foi divulgado na tarde deste domingo (30). Segundo os dados, as queixas foram recebidas nesse (29), sendo nove no Recife, uma no Agreste e outra no Sertão. Até o momento não foram registradas novas denúncias hoje.

Desde o início do pleito eleitoral, em Pernambuco, o MPT já registrou 47 denúncias. No Brasil, esse número já chegou a 2.481. Em 2012 foram registradas, no total, 212 denúncias de assédio eleitoral no País e seis em Pernambuco.

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O Recife é a cidade com maior quantidade de casos. No entanto, também há registro em Bezerros, Cabo de Santo Agostinho, Camaragibe, Carpina, Caruaru, Cupira, Itambé, Jaboatão dos Guararapes, Jurema, Pedra, Pesqueira, Petrolina e São Bento do Una e Serra Talhada.

PLANTÃO

As unidades do Ministério Público do Trabalho (MPT) funcionam, excepcionalmente, hoje, para assegurar que os trabalhadores brasileiros exerçam livremente o direito de votar no segundo turno das eleições. Em Pernambuco, as unidades do Recife, de Caruaru e de Petrolina funcionam até às 17h (horário de Brasília).

DENÚNCIAS

Qualquer cidadão pode denunciar casos de assédio eleitoral. As denúncias ao MPT em Pernambuco podem ser feitas através do aplicativo Pardal (disponível para sistemas Android e IOS) ou pelo site do órgão ministerial, em www.mpt.mp.br. Fica assegurado ao denunciante o direito de optar pelo anonimato no momento do registro da queixa, mas o órgão ministerial alerta para a importância de anexar evidências do assédio eleitoral.

Na reta final da campanha presidencial, casos de constrangimento para forçar eleitores a escolherem um ou outro candidato cresceram em todo o Brasil. Dados do Ministério Público do Trabalho (MPT) apontam que somente as denúncias de assédio eleitoral contra trabalhadores da iniciativa privada e servidores aumentaram 2.577% entre o primeiro e o segundo turnos da eleição. O órgão afirmou que não classifica as denúncias de acordo com os partidos políticos.

Especialistas ouvidos pelo Estadão/Broadcast apontam que as pressões extrapolam o mundo do trabalho e são mais graves que a simples manifestação de apoio, se tornando, inclusive, um motivo de sofrimento emocional para muitos eleitores. A promotora Ana Laura Lunardelli, assessora eleitoral do procurador-geral de Justiça de São Paulo, por exemplo, disse que são muitas as denúncias de coação eleitoral, que não se restringem ao ambiente laboral.

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Segundo Ana Laura, os casos, que chegam por "várias portas", estão sob investigação de acordo com a atribuição de cada órgão: enquanto o MPT se concentra em apurar se as relações empregatícias foram afetadas, a Promotoria Eleitoral investiga se houve prática criminosa relacionada às eleições. São situações independentes, com consequências distintas, afirmou a promotora.

Ela mencionou o artigo 301 do Código Eleitoral, que estabelece pena de reclusão de até quatro anos para quem "usar de violência ou grave ameaça para coagir alguém a votar, ou não votar, em determinado candidato ou partido, ainda que os fins visados não sejam conseguidos", o que não se restringe às relações trabalhistas. No caso do setor público, gestores investigados também podem sofrer afastamento provisório de suas atividades enquanto corre o processo legal.

Com a experiência de ter atuado em outros quatro pleitos, a promotora afirmou que o cenário atual não tem paralelo na história recente. "Estamos retrocedendo e vendo o coronelismo." Ana Laura disse acreditar que "o absurdo está sendo normalizado". Segundo ela, uma parcela da sociedade trata ilícitos como aceitáveis.

REGISTROS

O MPT recebeu até agora 1.633 denúncias de 1.284 empresas diferentes. Ao menos 1.572 delas ocorreram após o dia 2 de outubro. O número é quase oito vezes maior do que os casos que chegaram ao MPT ao longo de todo o período eleitoral de 2018, quando foram registrados 212 relatos.

A Procuradoria-Geral do Trabalho instalou um gabinete de crise para lidar com a demanda exacerbada de denúncias de assédio eleitoral. Segundo o procurador-geral José de Lima Ramos Pereira, o órgão tem reunido dados e divulgado duas vezes ao dia, para manter o panorama atualizado.

Para ele, o aumento exponencial na quantidade de denúncias de assédio eleitoral é fruto do acirramento no segundo turno. "As pessoas têm essa percepção de que estão ferindo o direito de voto. De outro lado, há uma banalização de ilícitos, com empresários fazendo postagens em redes sociais, talvez pensando que o Estado não vai fazer nada", disse Pereira.

Os casos do MPT são encaminhados também ao Ministério Público Eleitoral. Potenciais responsabilizações podem ocorrer mesmo depois do pleito. Nesta quarta-feira, 26, o senador Alexandre Silveira (PSD-MG) afirmou em plenário que os parlamentares já reuniram assinaturas para instaurar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar abusos.

COERÇÃO

Para o cientista político da Fundação Getulio Vargas (FGV) Marco Antônio Teixeira, a coerção é um fenômeno antidemocrático, que viola o princípio da liberdade do voto e atenta contra a democracia. "A gente poderia estar em um quadro muito mais grave. Já temos notícia de pessoas que votaram coagidas no primeiro turno. Isso tem um efeito psicológico ruim, e isso de certa forma representa uma forma de coação pelo poder econômico", disse.

Nesta quarta, o ruralista Adelar Eloi Lutz assinou um termo de ajustamento de conduta com o MPT no qual se compromete a pagar indenização de R$ 150 mil por danos morais coletivos. Ele exigiu que funcionárias colocassem celular no sutiã para provar que iriam votar em Jair Bolsonaro (PL), neste próximo domingo. Um dia após a abertura do inquérito, ele escreveu em redes sociais que se tratava de uma "brincadeira" e que não houve ameaça de demissão. O empresário não foi localizado.

MINAS

Estado central na disputa presidencial, Minas lidera a lista de assédio eleitoral, com 449 denúncias. Lá, circulou entre os moradores de Caratinga um áudio enviado pelo prefeito Wellington Moreira de Oliveira (PSD) no qual ele "convida" servidores a participarem de um ato pró-Bolsonaro. "Aqueles que disserem que não vão estar ou disserem que vão estar e não comparecerem, é um direito deles. Mas a gente vai ter uma conversa com eles depois", disse Oliveira.

Um funcionário da prefeitura, que pediu anonimato, confirmou ter recebido o áudio e comparecido à passeata. Segundo ele, houve tom de retaliação do chefe direto. Para o psicólogo Alexandre Coimbra, esse cenário leva ao sofrimento e à ansiedade. "Por mais que as pessoas digam que ‘o voto é secreto’, o medo não é votar nesse ou no outro. O medo é que se tal candidato ganhar (o chefe diga): 'Eu vou fechar a fábrica, vou demitir muita gente'." Procurada, a prefeitura de Caratinga, que foi notificada pelo MPT, não quis se manifestar.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

 Em uma reunião sobre o combate ao assédio eleitoral, nesta quinta-feira (27), representantes do Ministério Público do Trabalho (MPT), Ministério Público Eleitoral (MPE), Polícia Federal (PF) e da Superintendência Regional do Trabalho em Pernambuco (SRTb-PE) destacaram o aumento exponencial de denúncias de patrões que vem tentando influenciar o voto dos empregados. Empresas denunciadas, associações e setores comerciais foram convocados, mas menos da metade participou do encontro no Recife. 

Dados atualizados do MPT apontam que desde o primeiro turno, 1.633 denúncias foram feitas no Brasil contra 1.284 empresas. Em Pernambuco, foram registradas 32 denúncias contra 27 empresas nos municípios de Recife, Bezerros, Petrolina, Camaragibe, Carpina, Caruaru, Cupira, Jaboatão dos Guararapes, Jurema, Itambé, Pedra e Pesqueira. 

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O salto das denúncias em relação a 2018, quando 212 ocorrências foram registradas, alertou a fiscalização. Os relatos mais recorrentes apontam oferecimento de benefício e até ameaça de demissão para impedir que os funcionários votem, como descreveu a procuradora do MPT, Débora Tito. 

“Ameaça de demissão caso algum candidato ganhe, oferecimento de valores para que vote em determinado candidato ou até mesmo para deixar o título de eleitor. As denúncias são bem variadas. Tem as mais sutis, como saber que determinado empregado vota contrário à sua opinião, vota longe e colocá-lo na escala até às 16h para inviabilizar o voto ou até coisas mais ostensivas como mandar vestir a farda com alusão ao seu candidato, o que chega a ser até uma coação física dentro do ambiente de trabalho”, comentou ao reforçar o direito de exprimir a opinião sem a imposição do entendimento pessoal para interferir na lisura do voto.

Campanhas da Copa

A procuradora também criticou a tentativa de indução ao voto velada como campanha da Copa do Mundo em comércios. “Na maioria dos casos, usam as cores da Copa como uma desculpa para fazer o assédio eleitoral, porque mandam até colocar o número de determinado candidato. O caso de ser o oposto, de realmente ser algo voltado à Copa, não tem sido a tônica”, comentou Débora. 

Foram notificadas 25 empresas e cinco organizações para acompanhar a reunião. Apenas 13 participaram. A ausência das demais foi rechaçada pelo MPT: “Infelizmente tivemos muitos ausentes. A gente chamou associações, setores genéricos e empresas que foram denunciadas esperando que elas viessem. Então, agora mesmo a gente vai se reunir para ver o que a gente vai fazer com essas empresas que não compareceram hoje aqui”. 

Apuração segue após a votação

Débora Tito lembra que as denúncias podem ser feitas por qualquer pessoa, com a garantia de anonimato, e que os inquéritos sobre crimes eleitorais vão prosseguir após o pleito. “A gente vai continuar com todos esses inquéritos abertos para as pessoas não acharem que acabou a eleição, acabaram os inquéritos de assédio eleitoral. Até porque a gente precisa analisar se foram materializadas discriminações. Então, mesmo as empresas que firmaram termo de ajustamento de conduta, a gente vai apurar porque possa ser que os trabalhadores tenham sido demitidos de forma discriminatória”, assegurou. 

Caso condenados, os empregadores podem ser punidos na área trabalhista através do pagamento de indenizações às vítimas e multas caso descumpram o comprometimento de não cometer mais assédio eleitoral. Confirmado o crime eleitoral fixados nos arts. 297, 299 e 301, também pode haver punição na esfera criminal.   

art. 297- impedir ou embaraçar o exercício do sufrágio - Detenção até seis meses e pagamento de 60 a 100 dias-multa.  

art. 299- dar, oferecer, prometer, solicitar ou receber, para si ou para outrem, dinheiro, dádiva, ou qualquer outra vantagem, para obter ou dar voto e para conseguir ou prometer abstenção, ainda que a oferta não seja aceita- Reclusão até quatro anos e pagamento de 5 a 15 dias-multa. 

art. 301- usar de violência ou grave ameaça para coagir alguém a votar, ou não votar, em determinado candidato ou partido, ainda que os fins visados não sejam conseguidos- Reclusão de até 4 anos e pagamento de 5 a 15 dias multa.

Durante a votação neste domingo (30), a Polícia Federal e o Ministério Público do Trabalho (MPT) estarão de plantão. Denúncias podem ser enviadas através do site www.mpt.mp.br.

O ruralista Adelar Eloi Lutz, que exigiu que funcionárias colocassem o celular no sutiã para provar que votaram no candidato à Presidência por ele apoiado, no caso Jair Bolsonaro, fechou nesta terça-feira, 25, um termo de ajuste de conduta com o Ministério Público do Trabalho se comprometendo a pagar indenização de R$ 150 mil por danos morais coletivos. O acordo ainda prevê que o empresário faça uma retratação pública, sobre o 'direito de todo trabalhador de liberdade de voto'.

O TAC celebrado com a Procuradoria do Trabalho lista, ao todo, dez obrigações impostas a Lutz, incluindo a de não incitar o assédio eleitoral, não ameaçar empregados que não votem em determinado candidato e não orientar o voto. Em caso de descumprimento de qualquer um dos itens, a multa prevista é de R$ 50 mil.

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De acordo com o MPT, o empresário ruralista tem 48 horas para publicar em suas redes sociais vídeo com sua retratação, esclarecendo que assediar trabalhadores é uma prática ilegal. Na gravação, Lutz terá ainda de orientar que todo trabalhador que se sentir constrangido por seu patrão a denunciar o caso à Procuradoria.

Já a indenização fixada no acordo deverá ser depositada em até 30 dias, na conta do Fundo de Promoção do Trabalho Decente (Funtrad). Segundo a Procuradoria do Trabalho, os recursos serão revertidos para a região oeste da Bahia, onde o ruralista tem propriedades, e usados para custear 'projetos de trabalho digno'.

A investigação que culminou no TAC celebrado nesta terça-feira, 25, foi aberta pelo MPT após chegar ao conhecimento do órgão dois áudios atribuídos ao empresário. "Se vira, entrem com o celular no sutiã, que seja, vai filmar, se não rua", registra uma das gravações que circularam em grupos de mensagens no município de Formosa do Rio Preto, onde Lutz mora. "Duas não queriam e estão para fora. Hoje estão falando 'vou votar no Bolsonaro'", diz outro trecho do áudio.

Um dia após a abertura do inquérito, o ruralista postou nas redes sociais vídeos em que qualifica as declarações como uma 'brincadeira'. Lutz negou que tenha ameaçado seus funcionários de demissão. No entanto, segundo a Procuradoria do Trabalho, a 'justificativa não foi suficiente e após ser confrontado com as provas recolhidas, para evitar uma ação judicial, ele concordou em assinar um termo de ajuste de conduta'.

Como mostrou o Estadão, a prática explodiu nas eleições 2022. Segundo o procurador-geral do Trabalho, José de Lima Ramos Pereira, houve uma 'banalização' do assédio eleitoral e as ameaças feitas aos trabalhadores, para que votem nos candidatos escolhidos pelos empregadores, estão ocorrendo 'como se fossem normais'.

COM A PALAVRA, O EMPRESÁRIO

Até a publiação deste texto, a reportagem buscou contato com o empresário, mas sem sucesso. O espaço está aberto para manifestações.

  O Ministério Público do Trabalho (MPT) processou dois frigoríficos de Betim (MG) por assédio eleitoral contra cerca de 500 funcionários, nesta segunda-feira (24). Os estabelecimentos distribuíram camisetas verdes e amarelas com o número do candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL). 

De acordo com o siste Metrópoles, a ação aconteceu após a Procuradoria Regional do Trabalho da 3ª Região (PRT-3), apresentar uma ação civil pública com pedido de liminar para que o Frigobert Frigorífico e o Frigorífico Serradão se retratem com os empregados, informando-os que eles têm o direito de escolherem livremente os respectivos candidatos nas eleições. 

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Segundo a denúncia, além da distribuição das camisas eles do Frigobert Frigorífico teriam solicitado que levassem uma comprovação do voto, no dia 31 de outubro para ganhar um pernil.   

Já no Frigorífico Serradão, que fica no mesmo endereço da outra empresa e tem os mesmos sócios, além da camisa verde e amarela, eles forneceram uma palestra para pedir voto para Bolsonaro sob ameaça de demissão, segundo a denúncia enviada ao MPT.  Além da liminar para que os frigoríficos se retratem, a instituição pediu à Justiça que condene as empresas a pagar indenização por danos morais coletivos de R$ 2 milhões e indenização individual de R$ 2 mil.  

O voto é secreto, pessoal e intransferível, diz a lei. A Constituição Brasileira, em seu Artigo 14, determina que “a soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos”. Entretanto, o assédio eleitoral, presente sobretudo em empresas, existe e é tipificado em lei como crime.

Segundo o Artigo 300 do Código Eleitoral (Lei nº 4.737, de 1965), é crime o servidor público valer-se de sua autoridade para coagir alguém a votar ou não votar em determinado candidato ou partido. A pena é de até seis meses de detenção, mais multa. Da mesma forma, é crime usar de violência ou ameaçar alguém, coagindo-o a votar em determinado candidato.

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O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Alexandre de Moraes, criticou recentemente a prática criminosa que, segundo ele, tem ocorrido nas eleições deste ano. “Lamentavelmente, no século 21, retornamos a uma prática criminosa que é o assédio eleitoral, praticado por empregadores coagindo, ameaçando, prometendo benefícios para que seus funcionários votem ou deixem de votar em determinadas pessoas”, disse após uma sessão plenária.

“Não é possível que ainda se pretenda coagir o empregado em relação ao seu voto. A Justiça Eleitoral tem um canal específico para que todos aqueles que queiram denunciar essa prática ilícita possam fazer com absoluta tranquilidade, garantindo o sigilo, para que possamos coibir essa prática nefasta”, acrescentou o presidente do TSE. As denúncias também podem ser feitas no site do Ministério Público do Trabalho . 

O canal de denúncia dessa prática é o aplicativo para celular Pardal, disponível nas lojas virtuais appstore (para smartphones Android) e App Store (para smartphones da Apple). Ele permite o envio de denúncias com indícios de práticas indevidas ou ilegais no âmbito da Justiça Eleitoral.

Benesses no dia da eleição

Outra forma criminosa de influenciar no voto de terceiros é a promoção de facilidades ou benesses no dia da eleição, com o fim de impedir, embaraçar ou fraudar o exercício do voto. Tipos de promoção comuns são o fornecimento gratuito de alimento ou até mesmo transporte. A pena para esse tipo de crime é reclusão de 4 a 6 anos e o pagamento de 200 a 300 dias-multa.

Essa prática, no entanto, não deve ser confundida com a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de que prefeituras e empresas de ônibus poderão oferecer transporte público gratuito no segundo turno das eleições, que será realizado no próximo dia 30.

Nesse caso, o transporte será fornecido pelos Executivos municipais, com autorização do STF, a fim de garantir o direito do voto, que é obrigatório, em um cenário no qual muitos eleitores não têm condições de pagar a passagem até o local de votação. Em muitos casos, a passagem é mais cara do que a multa pelo não comparecimento, cujo valor máximo é de R$ 3,51.

O desembargador Manuel Cid Jardon, do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (RS), atendeu nesta quarta-feira, 19, a pedido do Ministério Público do Trabalho do Rio Grande do Sul (MPT-RS) e proibiu a Stara, empresa de implementos agrícolas sediada em Não-Me-Toque (RS), de praticar assédio eleitoral a empregados. O pedido de liminar do MPT havia sido negado em primeira instância, e o órgão recorreu da decisão.

O desembargador determinou à empresa obrigações para garantir o direito dos trabalhadores ao voto. Em caso de descumprimento, fixou multa de R$ 20 mil por infração, acrescida de R$ 10 mil por dia ou por empregado prejudicado.

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A Stara deverá deixar de veicular propaganda político-partidária em instrumentos de trabalho e de adotar quaisquer condutas que tentem coagir, intimidar, ou influenciar o voto dos seus empregados. A empresa também não poderá pressionar trabalhadores para realizarem manifestações políticas.

Entre os casos de assédio eleitoral apresentados pelo MPT está um comunicado de um diretor da Stara a funcionários que dizia que, em caso de vitória do presidenciável Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a empresa iria "reduzir sua base orçamentária para o próximo ano em pelo menos 30%". Também houve ameaças de demissões em caso de eleição de Lula.

O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, reiterou nesta terça-feira que assédio eleitoral é crime e, como tal, será combatido civilmente e penalmente.

"O combate à desinformação é completado pelo combate ao assédio eleitoral para que o eleitor possa com sua consciência escolher o melhor candidato", afirmou o ministro.

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O ministro se reuniu com os procuradores gerais do Ministério Público Eleitoral (MPE) e do Ministério Público do Trabalho (MPT) para alinhar um combate mais efetivo à prática. Na reunião, foi decidido que a comissão de combate à desinformação do TSE participará, por meio de inteligência e troca de informações, junto com os ministérios públicos para coibir o assédio eleitoral, principalmente nas redes sociais.

Moraes disse que se reunirá com federações do comércio e da indústria para tratar do tema. "Temos que banir esse absurdo que é o assédio eleitoral", ressaltou.

O número de denúncias explodiu no segundo turno das eleições e dobrou na última semana, chegando a 447 em mais de 400 empresas. Em 2018, foram 218 denúncias em 98 empresas.

O Ministério Público do Trabalho divulgou nesta terça-feira, 18, o mais recente balanço sobre as denúncias de assédio eleitoral recebidas pelo órgão referentes às eleições deste ano, indicando que houve 419 relatos de casos em que o empregador pressiona o trabalhador a votar em determinado candidato. O número representa quase o dobro das denúncias que chegaram ao MPT ao longo de todo o período eleitoral de 2018, quando foram registrados 212 relatos referentes a 98 empresas.

A Região com o maior número de registros de denúncias de assédio eleitoral é a Sul, com 154 relatos. Já o Estado que ocupa o primeiro lugar no ranking de casos de assédio eleitoral, ainda de acordo com o levantamento, é Minas Gerais. Foram reportados 'condutas abusivas' em 24 dos 26 Estados.

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Em entrevista ao Estadão, o procurador-geral do Trabalho José de Lima Ramos Pereira disse ver uma 'banalização' do assédio eleitoral no pleito deste ano, indicando que o número de denúncias vai crescer ainda mais. "Percebendo que ainda falta bastante tempo para a prática de mais casos de assédio, com certeza a gente vai superar e muito esse número’, afirmou.

A Procuradoria já fechou uma série de termos de ajustamento de conduta e entrou com ações por assédio eleitoral neste pleito. No início do mês, o braço do MPT no Pará fechou o cerco a um empresário apoiador do presidente Jair Bolsonaro que tentou comprar, por R$ 200, os votos de trabalhadores de sua cerâmica. No Paraná, o órgão entrou com ação contra empresa que anunciou corte de 30% no quadro de funcionários caso o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva seja eleito.

O procurador-geral do Ministério Público do Trabalho (MPT), José de Lima Ramos Pereira, afirmou, em entrevista ao Estadão, que o número de denúncias de assédio eleitoral a funcionários em 2022 "vai superar e muito" os números da disputa de 2018.

Até a sexta-feira (14), o órgão havia recebido 294 denúncias. Em 2018, foram registrados 212 casos, envolvendo 98 empresas, em todo pleito. Segundo ele, as ameaças feitas aos trabalhadores para que votem nos candidatos escolhidos pelos empregadores estão ocorrendo "como se fossem normais".

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A Procuradoria já fechou uma série de termos de ajustamento de conduta e entrou com ações por assédio eleitoral. No início do mês, o braço do MPT no Pará fechou o cerco a um empresário apoiador do presidente Jair Bolsonaro que tentou comprar, por R$ 200, os votos de funcionários de sua cerâmica. No Paraná, o órgão entrou com ação contra empresa que anunciou corte de 30% no quadro de funcionários caso o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva seja eleito. Leia os principais trechos da entrevista abaixo.

Que tipo de casos de assédio eleitoral têm sido recebidos pelo Ministério Público do Trabalho e como são encaminhados?

O que nós encontramos foram situações em que a empresa enviou um comunicado afirmando que vai reduzir postos de trabalho se determinado candidato fosse eleito. Também encaminhando a fornecedores que vai reduzir em 30% do que foi contratado se determinado candidato for eleito. E várias situações de exigir que o empregado vote no candidato sob pena de perda do emprego, redução de algum posto de trabalho. Há uma normalização, uma banalização do assédio nessas eleições.

Houve aumento de denúncias e casos de assédio eleitoral?

Podemos fazer a comparação com 2018, quando houve 212 denúncias, envolvendo 98 empresas. Hoje nós chegamos ao número de 294, neste exato momento, em que não tem nenhuma região do País imune deste assédio. Há um aumento muito grande, considerando que faltam duas semanas para terminar o período eleitoral, com o segundo turno no dia 30. Então, percebendo que ainda falta bastante tempo para a prática de mais casos de assédio, com certeza a gente vai superar e muito esse número. A fragmentação, a velocidade desses atos de assédio e a banalização desses mesmos constrangimentos é que chama bastante atenção nessa eleição.

Houve uma organização diferente, dentro do MPT, para o enfrentamento desses casos?

Realmente, entre o primeiro e o segundo turno houve um aumento desses casos, e isso chamou atenção do MPT. Pensávamos, inicialmente, que não ia ter nenhum acréscimo ao que houve em 2018, mas nossas previsões foram totalmente afastadas. Houve realmente um aumento muito grande e a necessidade inclusive da criação de um gabinete de crise.

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