Em 2020, a necessidade de isolamento social para conter o vírus da pandemia de covid-19 implicou mudança de hábitos na sociedade, entre elas o comércio. Segundo estimativas da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm), a Black Friday de 2020 será mais digital, com um aumento de 77% em comparação com o ano de 2019, totalizando R$ 6,9 bilhões para o comércio eletrônico brasileiro.
A tendência de comprar pela internet já era tendência em anos anteriores, nos Estados Unidos e Canadá. Em 2020, ganhou força no Brasil.
##RECOMENDA##
Mas comprar pela internet demanda cuidados e segurança para não ser vítima de fraudes. A estudante Laís Alves disse que ela e o irmão buscam sempre analisar antes da Black Friday. Eles notam que geralmente as lojas aumentam o preço pouco dias antes, e no dia da promoção abaixam para o preço normal do produto.
"Uma vez eu comprei um notebook na Black Friday, mas depois eu descobri que era o mesmo preço de antes. Meu irmão, que pesquisa, descobre que as lojas aumentam o preço e diminuem", relata.
Laís Alves falou também sobre a necessidade de distanciamento social durante as saídas às lojas. "Espero que eles consigam fazer o distanciamento das pessoas corretamente, e eu espero que esse ano esteja bem melhor nas promoções. Na pandemia, as lojas físicas tiveram uma baixa nas vendas, então agora seria uma hora de melhorar isso, ofertando boas promoções", afirma.
O economista Nélio Bordalo ressalta a necessidade de o consumidor pesquisar os preços antes de adquirir um produto nesse período de promoção. "As pessoas devem fazer uma pesquisa antes das compras. Inclusive, é importante atentar para quais são os produtos que ele vai pensar em adquirir, anotar os preços e verificar se no momento que eles lançam os descontos na Black Friday são reais", alerta.
Segundo o economista, as vendas pela Internet na Black Friday representam a preocupação das pessoas com contágio em lojas físicas. "É compreensível que as pessoas não queiram sair de suas casas, em função do coronavírus. O consumidor deve esperar promoções bem interessante e descontos realmente efetivos esse ano, porque atualmente o cliente está muito mais esperto e crítico em buscar informação", conta.
Em setembro deste ano ocorreu a "Semana do Brasil", que especialistas chamaram de "Black Friday brasileira". A iniciativa, lançada em 2019 pelo Governo Federal, tem a finalidade de melhorar as vendas prejudicadas por causa da pandemia.
Os prejuízos atingiram não somente os grandes empresários, mas também pequenos e médios, que atuava nos comércio, e viram suas rendas e lucros despencarem, com fechamento de lojas, demissões de funcionários para evitar aglomerações e consequentemente o contágio descontrolado.
Nélio Bordalo analisa que isso contribuiu para o aumento do desemprego. Para ele, o mercado da internet é uma ótima solução para aqueles que queiram inovar. "As grandes lojas têm um poder de compra muito maior, e os produtos ofertados por elas têm um preço muito mais competitivo em relação às pequenas lojas. O comércio sentiu muito com demissões em lojas físicas e, então, isso criou uma situação delicada, porque os desempregados ficaram sem acesso ao mercado de trabalho", avalia.
Para Bordalo, a tendência é que agora todos os lojistas, sejam eles de micro a grande porte, possam ter vendas on-line. "Lojistas que não atuavam em plataformas on-line vão ter que se adaptar e se adequar à uma nova realidade, e isso é uma tendência que cada vez mais vai se ampliar e não tem retorno", analisa.
O economista acredita que os percentuais de vendas nas lojas físicas em 2020 devam ficar abaixo do esperado, em comparação com anos anteriores. "Eu não acredito que vejamos um aumento significativo em termos percentuais de vendas presenciais em 2020, quando comparado com os anos de 2012 e 2019, até por conta da pandemia. Eu entendo que as lojas que atuam no varejo vão tentar se movimentar nessa Black Friday e Natal para minimizar os prejuízos registrados nos últimos seis meses, em função da pandemia de covid-19. Por isso, as lojas precisam inovar e informar ao cliente que estão seguindo todos os protocolos de segurança contra o coronavírus para conseguir levar o cliente à loja física. Mas, mesmo assim, eu acho que boa parte da população vai comprar pela internet, até pela facilidade da aquisição e do pagamento do produto", finaliza.
Por Cristian Corrêa (com apoio de Ana Caroline Barboza).