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A China realizou neste domingo (25) exercícios militares perto de Taiwan, uma ilha que Pequim reivindica como parte de seu território, em resposta às "provocações" dos Estados Unidos.

As autoridades chinesas não revelaram o local exato das manobras nem os equipamentos utilizados.

A China considera Taiwan, com 24 milhões de habitantes, uma de suas províncias, que ainda não conseguiu reunificar com o restante de seu território após o fim da guerra civil em 1949.

O país asiático observa com desconfiança a aproximação dos últimos anos entre as autoridades taiwanesas e o governo dos Estados Unidos, que proporciona apoio militar à ilha há várias décadas.

O Exército Popular de Libertação da China (EPL) "efetuou exercícios conjuntos de preparação aos combates que reúnem vários serviços" no mar e no espaço aéreo ao redor da ilha de Taiwan, assim como "exercícios de conjuntos de ataque", afirmou Shi Yi, porta-voz do Centro de Operações do Leste.

"Esta é uma resposta firme ao conluio crescente e às provocações das autoridades dos Estados Unidos e de Taiwan", acrescentou em um comunicado.

O EPL também divulgou fotos de um bombardeiro, um navio de guerra e uma imagem feita da cabine de um avião que mostra o que é apresentado como uma cordilheira em Taiwan.

A reaproximação entre Estados Unidos e Taiwan, que começou no mandato do ex-presidente americano Donald Trump, agravou as tensões já existentes entre Pequim e Washington.

Em agosto, o exército chinês organizou grandes exercícios militares ao redor da ilha, em resposta a uma visita a Taiwan da presidente da Câmara de Representantes dos Estados Unidos, Nancy Pelosi.

A Comissão Nacional de Saúde da China, que tem status de ministério, anunciou neste domingo (25) que não publicará mais os números diários de casos e mortes por covid, como acontecia desde o início de 2020.

A instituição não divulgou nenhuma explicação para a medida, mas os dados já não refletiam a onda de contágios sem precedentes que afeta a China desde 7 de dezembro, data em que o governo flexibilizou as severas medidas de saúde da política de "covid zero".

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Antes, os exames PCR, que eram quase obrigatórios, permitiam monitorar com segurança a tendência da epidemia.

Atualmente, as pessoas infectadas fazem testes em casa e normalmente não comunicam os resultados às autoridades, o que impossibilita a compilação de números confiáveis.

"A partir de hoje, não publicaremos mais os dados diários sobre a epidemia", afirmou a Comissão Nacional de Saúde.

A comissão acrescentou que o Centro Chinês para o Controle e a Prevenção de Doenças (CDC) publicará informações sobre a epidemia, para possibilitar referências e pesquisas, mas sem especificar quais dados serão divulgados ou a frequência dos balanços.

Os chineses, que constataram a discrepância entre o nível de contágios e as estatísticas, receberam o anúncio com sarcasmo.

"Finalmente acordaram e perceberam que não podem enganar as pessoas com números subestimados", escreveu um cidadão na rede social Weibo.

Outra pessoa comemorou a notícia ao afirmar que a comissão "era o maior escritório de fabricação de estatísticas falsas do país".

Um terceiro perguntou sobre os funcionários dos crematórios. "Eles estão sobrecarregados? Eles podem falar?".

Muitos funcionários de crematórios entrevistados nos últimos dias pela AFP relataram um aumento expressivo do número de cadáveres. Uma situação que foi ignorada em grande medida pela imprensa chinesa.

Os meios de comunicação do país abordaram, em certa medida, a tensão nos hospitais e escassez de medicamentos contra a febre.

Outra controvérsia que desacreditou as estatísticas oficiais foi a nova metodologia imposta pelo governo: apenas as pessoas que morrem como vítimas diretas de insuficiência respiratória vinculada ao vírus são contabilizadas como óbitos por covid-19.

Desde que as restrições foram suspensas no país, as autoridades chinesas notificaram apenas seis mortes por covid.

Em Qingdao, uma cidade de 10 milhões de habitantes no leste do país, meio milhão de pessoas são infectadas diariamente com a covid, segundo uma autoridade local de saúde.

Conectado a um tubo respiratório debaixo de várias mantas, um homem infectado com Covid-19 geme em um leito no serviço de emergências de um hospital de Chongqing, no centro da China.

O vírus se espalha nesta cidade e por todo o país e o número de casos aumenta. As autoridades afirmam que é impossível monitorar os contágios após o abandono abrupto dos testes em massa, das restrições de viagens e dos confinamentos aplicados desde o início da pandemia.

Um paramédico do Primer Hospital Universitário Afiliado de Chongqing confirma que o idoso tem covid. Todos os dias, eles recebem uma dezena de pessoas, das quais 80%-90% estão infectadas com o coronavírus.

"A maioria são idosos", diz ele, durante seu turno nesta quinta-feira.

"Muitos dos funcionários do hospital também estão positivos, mas não temos outra opção a não ser continuar trabalhando", acrescenta.

O paciente mais velho esperou meia hora para ser atendido. Em uma sala contígua, a equipe da AFP viu outras seis pessoas doentes acamadas, cercadas por médicos e familiares preocupados.

Em sua maioria, também são pessoas de idade avançada e, segundo um médico, "basicamente" pacientes com covid. Cinco estão conectados a ventiladores e com claras dificuldades respiratórias.

Milhões de idosos na China ainda não completaram o esquema de vacinação, o que aumenta o medo de uma morte em massa desse grupo, devido ao vírus. Sob as novas instruções do governo, porém, muitos não serão contabilizados como vítimas da pandemia.

Antes, as pessoas que morriam enquanto infectadas eram registradas como óbitos por covid-19. Agora, serão contabilizados apenas quem morrer por insuficiência respiratória como consequência direta da infecção.

“As pessoas mais velhas têm outras patologias prévias. Apenas um número muito pequeno morre diretamente de insuficiência respiratória causada pela covid”, alegou uma autoridade de saúde esta semana.

Um médico ouvido pela AFP confirmou que parte significativa dos leitos está ocupada por pacientes com covid, mas evitou dar mais detalhes. A AFP não conseguiu acesso ao departamento de pacientes respiratórios críticos.

- Crematórios ocupados -

Em um enorme crematório na zona rural da cidade, uma longa fila de veículos esperava nesta quinta-feira para estacionar dentro do complexo funerário.

Dezenas de familiares se reuniam em grupos, alguns carregando urnas de madeira, em meio ao barulho dos gongos fúnebres e ao cheiro de incenso.

Quatro famílias disseram à AFP que seus parentes não morreram de covid, mas de doenças prévias. Um homem de meia-idade contou, no entanto, que um parente de idade avançada faleceu após testar positivo para o vírus.

"Tenho estado constantemente ocupado", diz um motorista funerário. "Trabalhamos mais de dez horas por dia com poucas pausas", acrescenta.

"Recentemente, o número de cremações tem sido muito alto", relata um funcionário de outro crematório da cidade.

"Não é possível colocar os corpos nas geladeiras, eles devem ser cremados no mesmo dia", completou.

Um motorista de táxi diz que muita gente já foi infectada, incluindo ele, toda sua família e a maioria de seus amigos.

"Não tivemos escolha a não ser nos tratarmos em casa", afirmou à AFP. Para ele, a China "deveria ter reaberto há muito tempo".

"A covid não é nada do outro mundo. A maioria das pessoas se contamina e segue em frente", minimizou.

Os crematórios na China lutam para gerenciar a chegada de cadáveres, enquanto o país lida com um aumento de casos de Covid-19 que as autoridades já consideram impossível de rastrear.

Os contágios disparam na China, sobrecarregando os hospitais e deixando as prateleiras das farmácias vazias, após a decisão do governo de acabar com quase três anos de confinamentos, quarentenas e rastreios em massa.

Do nordeste ao sudoeste, trabalhadores de crematórios de todo o país disseram à AFP que não conseguem acompanhar o aumento das mortes.

Em Chongqing, cidade de 30 milhões de habitantes cujas autoridades pediram esta semana que pessoas com sintomas leves fossem trabalhar, um funcionário comentou à AFP que seu crematório ficou sem espaço para armazenar cadáveres.

"O número de corpos aumentou nos últimos dias", declarou, sem fornecer seu sobrenome.

"Estamos muito ocupados, já não há espaço refrigerado para guardar cadáveres", insistiu, embora sem relacionar diretamente este pico à covid.

Em Guangdong (sul), um funcionário de um crematório no distrito de Zengcheng disse à AFP que estavam cremando mais de 30 cadáveres por dia.

"Recebemos corpos enviados de outros distritos. Não há outra opção", relatou.

Outro incinerador da cidade também está "extremamente ocupado". "É três ou quatro vezes mais do que nos anos anteriores, estamos queimando cerca de 40 cadáveres por dia, quando antes era apenas uma dúzia", declarou um trabalhador.

"Toda Guangzhou está assim", acrescentou, que disse ser "difícil dizer" se este aumento está relacionado com a covid.

Na cidade de Shenyang, no nordeste do país, um agente funerário informou que os corpos demoravam até cinco dias para serem enterrados porque os crematórios estavam "absolutamente saturados".

Questionado se tinha relação com a covid, ele respondeu: "O que você acha? Nunca vi um ano como este."

- "Potencial de mutação" -

Na capital, as autoridades de Pequim registraram apenas 5 mortes por covid-19 nesta terça-feira, contra 2 na véspera.

Mas em frente ao crematório de Dongjiao, em Pequim, repórteres da AFP viram mais de uma dúzia de veículos esperando para entrar, a maioria carros funerários.

Um motorista na fila disse à AFP que esperava há várias horas.

Não estava claro se o engarrafamento era causado por um aumento nas mortes por covid e a equipe se recusou a responder às perguntas.

O fim dos testes obrigatórios dificulta o rastreamento de infecções.

As autoridades reconheceram na semana passada que era "impossível" saber a magnitude do surto epidêmico no momento.

Além disso, as autoridades de saúde do país disseram nesta terça-feira que apenas as mortes causadas diretamente por insuficiência respiratória provocada pelo vírus seriam incluídas nas estatísticas como vítimas da covid-19.

"Atualmente, depois de ser infectado com a variante ômicron, a principal causa de morte ainda são doenças anteriores", disse Wang Guiqiang, do Hospital da Universidade de Pequim, em uma coletiva de imprensa da Comissão Nacional de Saúde.

"As pessoas mais velhas têm outras patologias prévias, só um número muito reduzido morre diretamente de insuficiência respiratória causada pela covid", acrescentou.

O Departamento de Estado americano afirmou na segunda-feira que o aumento na China era uma preocupação internacional.

"Agora sabemos que sempre que o vírus se espalha, fica fora de controle, tem o potencial de sofrer mutações e ameaçar pessoas em todos os lugares", declarou o porta-voz Ned Price.

"O balanço do vírus é preocupante para o resto do mundo, dado o tamanho do PIB da China", acrescentou.

Rússia e China estão se preparando para um exercício naval conjunto, a partir de quarta-feira (21), numa iniciativa que demonstra laços cada vez mais estreitos entre os dois países, num momento de tensões com os EUA. Segundo o Ministério de Defesa da Rússia, o cruzador de mísseis Varyag, o contratorpedeiro Marshal Shaposhnikov e duas corvetas da Frota do Pacífico da Rússia participarão das manobras no Mar da China Oriental.

O ministério russo detalhou também que a Marinha chinesa planeja mobilizar vários navios de guerra de superfície e um submarino para o exercício. Além disso, aeronaves russas e chinesas participarão das manobras.

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Moscou e Pequim têm demonstrado crescente cooperação militar nos últimos meses, em especial desde que a Rússia invadiu a Ucrânia, em 24 de fevereiro. A China, que declarou ter uma amizade "sem limites" com a Rússia, recusou-se a condenar as ações de Moscou, culpando os EUA e a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) por provocar o Kremlin, e criticou as sanções impostas pelo Ocidente aos russos.

A Rússia, por sua vez, apoiou fortemente a China em meio às tensões com os EUA em relação a Taiwan. Fonte: Associated Press.

As autoridades de saúde chinesas anunciaram nesta segunda-feira (19) duas novas mortes por Covid-19, ambas na capital Pequim. Foram os primeiros óbitos registrados em duas semanas, em meio ao esperado aumento no número de casos da doença depois que o país abrandou sua rígida política de "covid zero".

A China não registrava uma morte por covid-19 desde 4 de dezembro, embora relatos não oficiais de uma nova onda de casos sejam generalizados.

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Com os novos registros, a Comissão Nacional de Saúde (NHC, na sigla em inglês) elevou o total da China para 5.237 mortes por coronavírus nos últimos três anos, de 380.453 casos da doença - números muito menores do que em outros grandes países, mas também baseados em estatísticas cujos métodos de coleta são questionados.

Os chineses contabilizam apenas aqueles que morreram diretamente da covid-19, excluindo pessoas cujas condições subjacentes, como diabetes e doenças cardíacas, foram agravadas pelo vírus.

Em muitos outros países, as diretrizes estipulam que qualquer morte em que o coronavírus seja um fator ou contribuinte seja classificada como uma morte relacionada à covid-19.

Nas últimas semanas, depoimentos de familiares e pessoas que trabalham no setor funerário, que não quiseram ser identificados por medo de represálias, indicaram aumento no número de mortes pela doença.

A China costuma atribuir o volume baixo de casos e mortes à sua dura política de combate ao vírus. No entanto, medidas como restrições de viagens, testes obrigatórios e quarentenas colocaram a sociedade chinesa e a economia nacional sob enorme estresse, aparentemente convencendo o Partido Comunista a seguir conselhos externos e alterar sua estratégia.Fonte: Dow Jones Newswires.

Os lares de idosos na China travam uma batalha difícil para proteger seus residentes da onda de infecções por coronavírus que varre o país, após o relaxamento da política de "covid zero".

Muitos deles se isolam do mundo exterior e obrigam seus funcionários a dormir no local, enquanto tentam conseguir remédios a qualquer custo.

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As autoridades alertaram que o número de casos pode aumentar rapidamente.

Zhou Jian, funcionário do Ministério da Indústria, disse na quarta-feira que o país está "fazendo todo o possível para aumentar a produção de medicamentos essenciais".

Especialistas temem que a China esteja mal equipada para lidar com a nova onda de infecções, já que o país abandona as rígidas medidas sanitárias que aplicou até agora, com milhões de idosos vulneráveis que ainda não receberam todas as doses da vacina.

Os lares de idosos foram deixados sozinhos, diz o diretor de um centro privado em Pequim, que pediu anonimato. Segundo ele, seu centro está "totalmente fechado" e só é permitida a entrada de alimentos e mercadorias. Ninguém pode entrar ou sair do edifício.

O centro encomendou suprimentos médicos "a um preço alto", mas uma semana depois eles ainda não haviam chegado, disse ele. Além disso, a rede de transporte da cidade está com problemas devido a casos de covid entre os entregadores.

Segundo o responsável pela residência, é impossível manter o vírus sob controle por tempo indeterminado.

- Hospitais sob pressão -

Muitas casas de repouso chinesas estão isoladas há semanas devido a diretrizes do governo local, como a casa de repouso Yuecheng de Pequim, que informou na semana passada que estava isolada há quase 60 dias.

Em Xangai, a residência de Xiangfu explicou esta semana que iria continuar a sua “gestão a portas fechadas”, obrigando todos os funcionários a dormir nas instalações e testando-os todos os dias.

“Num momento em que a sociedade otimiza as políticas de prevenção e controle, nossa casa de repouso deve, acima de tudo, manter um alto nível de vigilância”, afirmou o centro em comunicado.

O número de internações em unidades de doenças infecciosas aumentou nos dias após o levantamento das restrições na China na semana passada.

A Organização Mundial da Saúde afirma que o vírus já estava se espalhando no país antes e que "as medidas de controle por si só não impediram a doença".

Desde o súbito abandono da rígida política de "covid zero", as empresas funerárias da capital experimentaram um aumento nos negócios, disseram à AFP.

A diplomacia americana nomeou o ex-porta-voz do Departamento de Estado Jamie Rubin para chefiar uma unidade encarregada de combater a desinformação vinda da Rússia e da China.

Rubin vai liderar uma célula do departamento responsável por "identificar, compreender, expor e combater a propaganda e desinformação" de países estrangeiros ou atores não estatais que "ameaçam a segurança dos Estados Unidos e seus aliados e parceiros", de acordo com um comunicado de imprensa do gabinete do Secretário de Estado, Antony Blinken.

Ele estará encarregado em particular da "luta contra a desinformação e propaganda de atores estrangeiros, incluindo Rússia, China, Irã e organizações extremistas como o grupo Estado Islâmico e a Al-Qaeda", especificou Blinken.

Rubin, de 62 anos, foi porta-voz da secretária de Estado Madeleine Albright entre 1997 e 2000, sob a administração do presidente democrata Bill Clinton. Ele também trabalhou como professor e foi comentarista em canais de televisão, antes de se mudar para Londres com sua esposa na época, a correspondente da CNN Christiane Amanpour.

Essa célula dentro do Departamento de Estado surgiu em 2016, inicialmente para combater a desinformação de grupos extremistas, mas depois voltou a se concentrar na China e na Rússia, principalmente após a invasão da Ucrânia em fevereiro passado.

Na manhã desta quinta-feira (15), Petrolina celebrou um acordo de cooperação e intercâmbio com a cidade chinesa de Neijiang.

O documento foi assinado pelo prefeito Simão Durando (DEM), e o representante do governo de Neijiang, Chen Jianjun. A cerimônia simbólica aconteceu de forma on-line e contou com autoridades da embaixada brasileira, Governo de Pernambuco e do consulado chinês.

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Petrolina se torna cidade irmã de Neijiang, uma cidade no sudeste da província de Sichuan, República Popular da China, com mais de 3 milhões de habitantes. Segundo Durando (DEM), a união que possibilitará diversas parcerias nas áreas da agricultura; ciência e tecnologia; economia; comércio; educação; esportes e logística, visando a continuidade do desenvolvimento das duas cidades. 

Em seu discurso o gestor também ressaltou as potencialidades de Petrolina, principalmente na exportação de frutas. 

"A China é a segunda maior potência econômica do mundo e para nós, é muito importante essa conexão internacional. Petrolina é a maior exportadora de uva e manga do Brasil e a criação do intercâmbio para troca de experiências e novas exportações com a cidade de Neijiang, sem dúvidas nos trará bons resultados”, destacou o prefeito.

Com informações da assessoria

A verdadeira dimensão das infecções de coronavírus na China é "impossível" de rastrear atualmente, admitiram as autoridades de saúde do país, que alertaram para uma rápida propagação da doença após o fim da política de tolerância zero contra a Covid-19.

O país asiático flexibilizou na semana passada as medidas para testes em larga escala e quarentena, após quase três anos de tentativa de erradicar por completo o vírus, mas os números oficiais de contágio caíram rapidamente desde os níveis recordes registrados no mês passado.

A Comissão Nacional de Saúde afirmou, no entanto, que os dados não refletem mais a realidade porque em grandes regiões do país não é mais necessário fazer exames quase diariamente como antes.

"Muitas pessoas assintomáticas não precisam mais participar nos testes de ácido nucleico, o que torna impossível determinar com precisão o número real de pessoas assintomáticas infectadas", afirma um comunicado.

A vice-primeira-ministra Sun Chunlan afirmou que o número de casos em Pequim "aumenta rapidamente", segundo a imprensa estatal.

Mas o governo chinês parece determinado a seguir adiante com a abertura. As autoridades turísticas de Pequim anunciaram nesta terça-feira a retomada das visitas em grupo dentro e fora da capital.

O país enfrenta um aumento de casos que não está completamente preparado para administrar, com milhões de idosos ainda sem esquema de vacinação completo e hospitais com sem recursos para lidar com um fluxo inesperado de pacientes infectados.

Com o país seguindo um caminho difícil de convivência com o vírus, muitas pessoas com sintomas optam pelo autotratamento em casa.

Os moradores de Pequim afirmam que os remédios para resfriados estão esgotados nas farmácias, onde são observadas longas filas.

A demanda por testes de antígenos e medicamentos gerou um mercado paralelo com preços astronômicos. Alguns compradores tentam encontrar os produtos por meio de "traficantes" cujos contatos circulam nos grupos do aplicativo de mensagens WeChat.

Em uma mudança radical em um país onde estar infectado com a covid-19 era tabu e poderia provocar discriminação, os cidadãos não hesitam em publicar nas redes sociais que testaram positivo e explicar a evolução da doença.

"Ressuscitei!", escreveu uma pessoa na rede social Xiaohongshu com uma foto de cinco testes de antígenos positivos e um negativo.

As infecções por Covid-19 estão "se propagando rapidamente" na China, alertou neste domingo (11) um renomado epidemiologista que assessora o governo, após a decisão de Pequim de flexibilizar sua política de "covid zero".

As autoridades sanitárias chinesas anunciaram na quarta-feira um abrandamento geral das restrições anticovid, após protestos históricos contro as medidas, e também como estratégia para dar impulso à economia.

Com o fim dos testes de PCR sistemáticos e em larga escala e a possibilidade de isolamento domiciliar em casos leves e assintomáticos, o país registra números máximos de infecções.

"Atualmente, a epidemia na China (...) está se propagando rapidamente, e nestas circunstâncias, seja qual for a força da prevenção ou controle, será difícil quebrar completamente a cadeia de transmissão" do vírus, alertou Zhong Nanshan, um dos principais especialistas em saúde que assessoraram o governo desde o início da pandemia.

"As subvariantes atuais da cepa ômicron (...) são muito contagiosas", acrescentou.

"Uma pessoa pode transmitir a doença para 22 pessoas", disse ele.

O país enfrenta uma onda de infecções para a qual está mal preparado, com milhões de idosos sem o esquema completo de vacinação e hospitais incapazes de acomodar tantos pacientes.

Neste domingo, em Pequim, longas filas se formaram em frente às farmácias para estocar remédios contra febre e testes de antígenos.

"Tenho medo de sair", comentou Liu Cheng, mãe de dois filhos que mora no centro da capital chinesa. "Muitos" de seus amigos apresentam sintomas ou testaram positivo, acrescentou.

A China flexibilizou, nesta quarta-feira (7), sua estratégia de "covid zero", uma política que desencadeou uma onda de manifestações no país. A seguir, as principais mudanças anunciadas pela Comissão Nacional de Saúde:

- Quarentena em casa -

Os pacientes assintomáticos ou com sintomas leves poderão se isolar em casa. Até agora, a lei exigia que qualquer caso positivo fosse levado a uma instalação do governo ou a um hospital para cumprir a quarentena.

Esses centros foram alvo de inúmeras denúncias por suas condições precárias, como a falta de água corrente e a má qualidade da comida.

A partir de agora, os chineses também poderão comprar livremente os medicamentos contra a febre e o resfriado, sem a necessidade de apresentar um documento de identidade.

- Confinamentos reduzidos -

As autoridades minimizarão o uso de confinamentos, aplicados em distritos e às vezes em cidades inteiras.

A partir de agora, serão aplicados apenas a determinados edifícios ou estabelecimentos. Se nenhum caso for registrado por cinco dias, eles serão levantados.

As escolas deverão permanecer abertas se nenhum caso positivo for registrado.

A nova regulamentação também proíbe as autoridades de bloquear as saídas de emergência ou as portas de saída. A medida é uma resposta ao incêndio de Urumqi, onde as autoridades foram acusadas de ter prejudicado o trabalho dos socorristas.

As restrições também não podem impedir que as pessoas tenham acesso a tratamento médico de emergência. Várias pessoas morreram nos últimos meses depois que os hospitais se recusaram a tratá-las porque não tinham testes de PCR válidos.

- Fim dos testes em massa -

As autoridades também encerraram os testes em massa. Antes, para acessar espaços públicos, era necessário apresentar um teste de PCR negativo.

Os "profissionais de alto risco", profissionais de saúde e entregadores de comida ainda precisarão fazer esse tipo de teste. As empresas ainda poderão exigi-los de seus funcionários.

Por outro lado, não será mais exigida a apresentação de um teste de PCR de menos de 48 horas para viagens entre províncias.

- Fim dos códigos verdes -

A população também não terá que mostrar um código sanitário verde no celular para acessar a maioria dos edifícios e espaços públicos, com exceção dos espaços "geriátricos, instituições médicas, creches e centros educacionais".

O código gerou temores na população pelo respeito à vida privada.

Em junho, cinco funcionários do governo da cidade de Zhengzhou (centro) foram punidos por alterar deliberadamente a cor do código de milhares de moradores para impedi-los de protestar após um escândalo bancário.

Apesar dessas mudanças, as fronteiras do país asiático permanecem quase totalmente fechadas e os viajantes do exterior ainda devem passar por uma quarentena de oito dias após a chegada.

A China anunciou nesta quarta-feira (7) uma flexibilização geral das regras de saúde anticovid, abandonando a estratégia restritiva contra o coronavírus que gerou uma onda histórica de protestos em todo o país.

O mal-estar com a política de tolerância zero contra a covid da China, que inclui confinamentos repentinos, testes em larga escala e quarentenas inclusive para pessoas não infectadas, provocou as maiores manifestações no país desde o movimento pró-democracia de 1989.

As autoridades tentaram sufocar os protestos, mas, ao mesmo tempo, começaram a apresentar respostas às reivindicações, primeiro a nível local e agora a nível nacional.

As novas diretrizes divulgadas nesta quarta-feira pela Comissão Nacional da Saúde (CNS) indicam que a magnitude e o alcance dos exames PCR (quase diários com a política de 'covid zero') serão reduzidos.

Os confinamentos também serão menores e as pessoas com casos de covid que não são considerados graves ou assintomáticas poderão fazer o isolamento em casa, sem a exigência de quarentena em instalações do governo.

Além disso, os cidadãos não precisarão mostrar mais um código de saúde na cor verde no smartphone para entrar em prédios e espaços públicos, com exceção de "casas de repouso, instituições médicas, creches e centros de ensino".

"Os testes de PCR em larga escala serão efetuados apenas em escolas, hospitais, casas de repouso e locais de trabalho considerados de alto risco. O alcance e a frequência dos exames PCR serão ainda mais reduzidos", indicam as novas regras.

Além disso, as pessoas que viajam entre províncias não precisarão mais apresentar um resultado de teste realizado nas 48 horas anteriores e não serão obrigadas a fazer um exame na chegada.

A China também vai acelerar a vacinação entre os idosos, algo considerado durante muito tempo um dos principais obstáculos para flexibilizar a política 'covid zero'.

- Mudança de discurso -

No final do mês passado, manifestações contra a política restritiva do Partido Comunista foram observadas em várias regiões do país. Algumas pessoas pediram mais liberdades políticas e até a renúncia do presidente Xi Jinping.

Desde então, várias cidades chinesas suprimiram algumas das restrições mais severas.

A capital Pequim, com muitos estabelecimentos comerciais já reabertos, anunciou no início da semana que os cidadãos não seriam mais obrigados a apresentar um teste negativo realizado nas últimas 48 horas para ter acesso ao transporte público.

Xangai, que enfrentou um confinamento severo de dois meses este ano, anunciou medidas similares e permitirá a entrada de moradores em locais abertos, como parques e atrações turísticas, sem a exigência de um teste recente.

Até a imprensa estatal, antes dominada por notícias sombrias sobre o perigo do vírus e os danos provocados em outros países, mudou drasticamente o tom para minimizar os riscos de infecção.

A variante ômicron predominante "não é, em absoluto, como a variante delta do ano passado", afirma o professor de Medicina Chong Yutian em um artigo publicado pelo Diário da Juventude da China, jornal vinculado ao Partido Comunista.

"Depois da infecção com a variante ômicron, a grande maioria terá sintomas leves ou nenhum. Poucos desenvolverão sintomas graves", acrescentou.

Analistas da consultoria japonesa Nomura calcularam na segunda-feira que 53 cidades da China, com um terço da população nacional, prosseguiam com restrições.

O anúncio desta quarta-feira aconteceu algumas horas depois de o governo divulgar novos dados que demonstram o grande impacto econômico da política de tolerância zero contra a covid.

As importações e exportações chinesas registraram queda em novembro e atingiram níveis que não eram observados desde o início de 2020, quando a pandemia paralisou o país.

As importações caíram 10,6% em ritmo anual em novembro, segundo a Administração da Alfândega. As exportações caíram 8,7% no mesmo período.

Estudantes chineses organizaram um protesto contra um confinamento motivado pela pandemia de coronavírus em uma universidade do leste do país, enquanto as autoridades dão pequenos passos para flexibilizar a rígida estratégia anticovid.

Milhões de pessoas na China ainda precisam seguir restrições pela covid, mas algumas cidades já começaram a deixar para trás os testes em larga escala e as limitações de deslocamentos após uma série de protestos no país na semana passada.

Analistas da empresa japonesa Nomura calcularam na segunda-feira que 53 cidades, com quase um terço da população da China, prosseguem com restrições.

Apesar da ação das forças de segurança para mitigar os protestos, vídeos publicados nesta terça-feira nas redes sociais e geolocalizados pela AFP mostram estudantes reunidos na Universidade de Tecnologia de Nanjing na segunda-feira à noite.

Nas imagens, os jovens exigem o direito de deixar o campus. "O poder é dado a vocês pelos alunos, não por vocês mesmos", grita uma pessoa no vídeo.

Uma estudante do terceiro ano que pediu anonimato confirmou que o protesto aconteceu depois que a universidade anunciou o fechamento do campus por cinco dias após detectar apenas um caso de covid.

A jovem disse à AFP que os colegas estão descontentes com a comunicação da universidade e temem ficar bloqueados no campus durante o recesso de inverno (hemisfério norte, verão no Brasil).

Nas imagens, os estudantes discutem com representantes da universidade e pedem a demissão dos diretores do centro de ensino.

O protesto de Nanjing acontece alguns dias após as manifestações registradas em várias cidades da China para exigir o fim da política de 'covid zero'. Algumas pessoas chegaram a pedir a renúncia do presidente Xi Jinping.

As autoridades impediram as tentativas de protestos posteriores, mas parecem estar respondendo a algumas demandas dos manifestantes, com o anúncio de uma flexibilização das restrições.

Na terça-feira, as autoridades de Pequim anunciaram que edifícios comerciais, incluindo os supermercados, não exigirão mais que os visitantes apresentem um teste de covid negativo.

Outras cidades, incluindo Xangai, adotaram iniciativas similares nos dias anteriores.

A fabricante de aparelhos eletrônicos, softwares e computadores Apple tem acelerado os passos para transferir sua fabricação de iPhones da China para países como a Índia e Vietnã. O objetivo da gigante da tecnologia é reduzir sua dependência de montadoras chinesas.

De acordo com a empresa de pesquisa de mercado Counterpoint Research, uma das fábricas chinesas, responsáveis pela fabricação dos smartsphones, fica concentrada na cidade de Zhengzhou, onde é produzida 85% da linha Pro de iPhones, ou seja, qualquer contratempo nessa fábrica resulta em atraso na produção.

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Segundo Ming-chi Kuo, analista da TF International Securities, a Apple pretende transferir entre 40% a 45% da produção de iPhones da China para a Índia, visando expandir sua capacidade de produção.

Vale ressaltar que desde maio de 2022, a gigante tecnológica americana planeja sua migração para o território asiático por conta do lockdown feito no país chinês para conter a Covid-19.

Segundo relatos de  Kate Whitehead, ex-gerente de operações da Apple, ao jornal americano Wall Street Journal, uma das dificuldades nessa migração pode ser a dependência de peças e equipamentos da China. “Encontrar todas as peças para construir na escala que a Apple precisa não é fácil”, disse.

As autoridades chinesas anunciaram uma nova flexibilização das restrições contra a covid-19 neste sábado, com grandes cidades como Shenzhen e Pequim não exigindo mais testes negativos para usar o transporte público.

Uma fábrica de produtos de tecnologia no sul de Shenzhen disse neste sábado que os viajantes não precisam mais apresentar um resultado negativo no teste de covid-19 para usar o transporte público ou entrar em farmácias, parques ou atrações turísticas.

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Já as autoridades de Pequim disseram na sexta-feira que os testes não serão mais necessários para o transporte público a partir de 5 de dezembro. No entanto, um resultado negativo obtido nas últimas 48 horas ainda será necessário para entrar em locais como shoppings, que reabriram gradualmente.

A medida se dá em um cenário em que as infecções diárias por covid-19 atingem níveis quase recordes e após protestos em todo o país por pessoas frustradas com as rígidas medidas restritivas, que agora estão indo para seu quarto ano, enquanto o resto do mundo as suspendeu. (Fonte: Associated Press)

Várias cidades da China decidiram flexibilizar as rígidas medidas anticovid a partir desta sexta-feira (2), após as manifestações históricas dos últimos dias para exigir o fim das restrições e mais liberdades.

A indignação e a frustração da população com a política de "covid zero" - imposta pelas autoridades para lutar contra a pandemia - resultaram no fim de semana passado nos maiores protestos em décadas no país.

Depois das manifestações, várias cidades começaram a flexibilizar as restrições, como o fim da exigência de testes diários para milhões de pessoas.

A partir desta sexta-feira, a metrópole de Chengdu (sudoeste) para de exigir um resultado de teste negativo recente para permitir a entrada em locais públicos ou o acesso ao metrô. Agora será necessário apenas um passaporte sanitário com a cor verde, que confirma que a pessoa não passou por nenhuma área de "risco elevado".

Na capital Pequim, as autoridades solicitaram aos hospitais que parem de rejeitar pacientes que não apresentem um exame PCR negativo de menos de 48 horas.

A China registrou várias mortes por atrasos nos tratamentos médicos provocados pelas medidas anticovid. Este foi o caso de um bebê de quatro meses que faleceu recentemente pela exigência de permanecer em quarentena com o pai.

Em janeiro, na cidade de Xi'an, uma grávida perdeu o bebê na porta de um hospital que não permitiu sua entrada porque ela não apresentou um teste com resultado negativo.

As manifestações do fim de semana passado voltaram a recordar estas mortes. Nas redes sociais, uma mensagem muito compartilhada tem uma lista de nomes de pessoas que faleceram vítimas de negligências motivadas pelas restrições sanitárias.

Outras cidades, também afetadas por novos surtos de coronavírus, começaram a autorizar a reabertura de restaurantes, centros comerciais e escolas, deixando de lado as medidas severas que estavam em vigor.

- Quarentena em casa -

Na cidade de Urumqi, capital da região de Xinjiang (noroeste), cenário de um incêndio que motivou as primeiras manifestações, as autoridades anunciaram nesta sexta-feira que supermercados, hotéis, restaurantes e estações de esqui serão reabertas de forma gradual.

A cidade, que tem mais de quatro milhões de habitantes, enfrentou um dos confinamentos mais prolongados da China. Alguns bairros estavam fechados desde agosto.

Em 26 de novembro, um incêndio em um prédio residencial provocou 10 mortes. Muitas pessoas afirmaram que os trabalhos dos bombeiros foram prejudicados pelas restrições anticovid na cidade.

O Diário do Povo, jornal do Partido Comunista, publica nesta sexta-feira declarações de especialistas em saúde que apoiam as medidas anunciadas por algumas autoridades regionais para permitir que as pessoas que testam positivo para covid façam a quarentena em casa.

Esta é uma mudança radical em relação às normas que prevalecem em grande parte do país, que exigem que as pessoas infectadas permaneçam em confinamento em instalações do governo.

Na quinta-feira, o governo da cidade industrial de Dongguan (sul) anunciou que as pessoas com "condições específicas" devem ser autorizadas a permanecer em suas casas durante o isolamento. Mas as condições não foram reveladas.

A megalópole de Shenzhen, um centro de tecnologia também no sul do país, começou a aplicar uma política similar na quarta-feira.

A nível nacional, o governo também sugeriu que pode flexibilizar as restrições.

A vice-primeira-ministra Sun Chunlan reconheceu na quarta-feira em um discurso à Comissão Nacional da Saúde que a variante ômicron era menos perigosa e afirmou que a taxa de vacinação aumentou no país, segundo a agência estatal Xinhua.

A maneira da China lidar com o vírus está "diante de novas circunstâncias", disse.

Figura central da estratégia chinesa de combate à pandemia, Sun não fez qualquer menção à política de tolerância zero à covid, dando a entender que talvez esta política, que afeta há três anos a vida da população e a economia do país, pode ser suavizada em breve.

A China ofereceu os sinais mais claros de uma possível mudança na abordagem no combate à pandemia após quase três anos aplicando o que ficou conhecido como política de "covid zero". Algumas das principais cidades do país afrouxaram as severas medidas restritivas impostas aos cidadãos, embora o número de casos notificados da doença continue e subir, e autoridades governamentais deram declarações sobre possíveis correções de curso.

A vice-primeira-ministra Sun Chunlan, uma figura central na coordenação da resposta à pandemia no país, afirmou em uma reunião com a Comissão Nacional de Saúde na quarta-feira (30) que a variante Ômicron é menos letal que outras cepas do vírus e que a taxa de vacinação entre os chineses está aumentando, o que cria um novo cenário "que exige novas tarefas".

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A declaração, que chamou a atenção por não mencionar a política de "covid zero", surpreendeu ainda mais observadores da política chinesa pelo fato de partir de Sun, que é associada a alguns dos aspectos mais severos do método de combate ao vírus adotada pelo país, como lockdowns imediatos, testagem em massa obrigatória e quarentenas forçadas em instituições do governo. Também foi um raro reconhecimento de que uma variante representa um risco menor.

Além da sinalização nacional, mudanças nas abordagens regionais começaram a ser anunciadas por líderes locais. Em Pequim, idosos e as pessoas que estudam ou trabalham de maneira remota foram liberados dos testes PCR diários, anunciou o porta-voz do governo municipal Xu Hejian. Todos os moradores, no entanto, continuam precisando apresentar um teste com resultado negativo de menos de 48 horas para ter acesso aos locais públicos.

Megalópoles como Guangzhou e Chongqing se uniram à capital na quarta-feira, 30, e anunciaram que pessoas que tiveram contato com pacientes infectados ficam autorizados a cumprir um período de quarentena em casa desde que cumpram alguns requisitos, sem a necessidade de serem encaminhados a centros de tratamentos governamentais - um dos pontos mais controversos da política de tolerância zero adotada pela China. Em Guangzhou, importante centro industrial onde foram registrados confrontos entre policiais e manifestantes na terça-feira, também foi anunciada a suspensão de um lockdown que já durava semanas.

"Acreditamos que as autoridades chinesas estão mudando para uma postura de 'conviver com a covid', como demonstram as regras que permitem o isolamento das pessoas em casa, e que não sejam levadas para centros de quarentena", afirma um comunicado de analistas da ANZ Research.

Analistas acreditam que o governo chinês está adotando uma abordagem de duas vias. Por um lado, afrouxa algumas restrições para apaziguar a raiva do público. Por outro, usa censura, propaganda e repressão para impedir que os protestos se transformem em um movimento que possa representar uma ameaça existencial ao regime.

Pequim adotou restrições severas para conter avanço do coronavírus no país, ainda no começo da pandemia, e mantém medidas na mesma intensidade até o momento, provocando um esgotamento na população

Com forte presença policial de Pequim a Xangai, não houve registro de protestos nesta quinta. Publicações nas mídias sociais denunciavam que pessoas estavam sendo paradas aleatoriamente para que a polícia verificasse seus smartphones, possivelmente procurando por aplicativos proibidos no país, como o Twitter, no que eles disseram ser uma violação da Constituição da China.

"Estou especialmente com medo de me tornar o 'modelo de Xinjiang' e ser revistado com a desculpa de andar por aí", disse uma postagem assinada por Qi Xiaojin na popular plataforma Weibo, referindo-se à região noroeste onde os uigures e outras minorias muçulmanas estão sob intensa vigilância.

Os ativistas estão preocupados especialmente com regiões como o Tibete e Xinjiang, habitadas por populações de minorias étnicas que convivem com um histórico de repressão anterior à pandemia. Nas duas regiões, autoridades ameaçaram punir com penas severas todos aqueles que perturbem a ordem - a narrativa oficial do governo é de que os manifestantes têm intenções sediciosas e separatistas.

Apesar dos números recordes da pandemia no país, a proporção de contágios é ínfima considerando a população. Nesta quinta-feira foram registrados 35.800 casos - a grande maioria assintomáticos - em um país de 1,4 bilhão de habitantes. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

A China anunciou nesta terça-feira (29) que vai acelerar a vacinação entre os idosos contra a Covid-19, dois dias após as manifestações históricas contra as restrições no país e em um momento de grande presença policial nas ruas, o que impediu novos protestos.

A Comissão Nacional da Saúde prometeu em um comunicado "acelerar o aumento da taxa de vacinação das pessoas com mais de 80 anos e continuar aumentando a taxa de vacinação de pessoas de 60 a 79 anos".

Apenas 65,8% das pessoas com mais de 80 anos estão com o esquema de vacinação completo no país, informaram diretores da Comissão.

A limitada cobertura de vacinação entre os idosos é um dos argumentos do governo comunista para justificar sua política de saúde rígida, que inclui confinamentos prolongados, quarentenas no momento da chegada do exterior e testes praticamente diários para a população.

O avanço nas taxas de vacinação poderia oferecer à China uma saída para sua política de "covid zero".

Em vigor há quase três anos, esta política foi alvo da revolta popular em manifestações durante o fim de semana, as maiores no país desde o movimento pró-democracia de 1989.

A frustração de muitos com o sistema político chinês também influencia os protestos.

Alguns manifestantes chegaram a pedir a renúncia do presidente Xi Jinping, que conquistou recentemente o terceiro mandato.

O elemento que desencadeou os protestos foi o incêndio da semana passada em um prédio de Urumqi, capital da região de Xinjiang (noroeste), que deixou pelo menos 10 mortos. Muitos chineses afirmam que os trabalhos dos bombeiros foram prejudicados pelas restrições provocadas pela estratégia "covid zero", o que o governo de Pequim negou na segunda-feira.

- Grande presença policial -

Após os protestos do fim de semana em várias cidades do país, outras manifestações estavam previstas para segunda-feira à noite, mas a forte presença policial nas ruas impediu qualquer evento, segundo os correspondentes da AFP em Pequim e Xangai.

Na cidade de Xangai, perto do local onde aconteceram protestos no fim de semana, os proprietários dos bares afirmaram à AFP que receberam ordens para fechar as portas às 22h sob a alegação de "controle da epidemia".

Policiais também estavam posicionados nas saídas das estações de metrô.

Jornalistas da AFP observaram o momento em que agentes prenderam quatro pessoas e depois liberaram uma. Um repórter viu 12 viaturas policiais em 100 metros ao longo da rua que concentrou os protestos de domingo.

"Hoje a atmosfera é nervosa. Há muitos policiais", disse um homem de 30 anos à AFP no final da tarde em Xangai.

As autoridades de Pequim impediram novos protestos na segunda-feira com a grande presença de policiais nas ruas.

Porém, manifestações foram organizadas em outras localidades. Em Hong Kong, dezenas de estudantes se reuniram para para prestar homenagem às vítimas do incêndio em Urumqi.

"Não desviem o olhar, não esqueçam", gritaram os manifestantes.

Em Hangzhou, quase 170 quilômetros ao sudoeste de Xangai, pequenos protestos foram registrados em meio ao intenso esquema de segurança no centro da cidade.

"As autoridades aproveitam o pretexto da covid, mas utilizam os confinamentos excessivamente rígidos para controlar a população chinesa", declarou à AFP um manifestante de 21 anos que revelou apenas o sobrenome, Chen.

- A sombra da covid -

O governo chinês insiste na política de 'covid zero', mas há sinais de que as autoridades locais pretendem flexibilizar algumas regras para conter os protestos.

Em Urumqi, um funcionário do governo local disse que a cidade pagaria 300 yuanes (42 dólares) a cada pessoa "de baixa renda ou sem renda garantida" e anunciou uma moratória de cinco meses no aluguel para algumas famílias.

Em Pequim foi proibido fechar com cadeado os portões das áreas residenciais, informou no domingo a agência estatal Xinhua. A prática desencadeou uma revolta por deixar as pessoas trancadas diante de pequenos surtos de contágio.

Um influente analista político da imprensa estatal indicou que os controles contra a covid serão ainda mais reduzidos e que a população "ficará tranquila em breve".

O presidente americano, Joe Biden, "monitora" de perto as manifestações na China, que exigem liberdades e o fim dos confinamentos impostos para combater a covid-19, informou nesta segunda-feira (28) a Casa Branca.

As autoridades chinesas tentavam nesta segunda-feira conter um movimento de insatisfação da população contra as restrições sanitárias e a favor de mais liberdade. No domingo, uma multidão saiu às ruas de várias cidades, no que parece ter sido a maior mobilização popular desde os protestos pró-democracia de 1989, que foram duramente reprimidas.

"(O presidente) está monitorando. Todos nós estamos. Então sim, é claro que o presidente está ciente" do que está acontecendo na China, declarou aos jornalistas o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, John Kirby, sem especificar a reação de Biden às exigências dos manifestantes.

"O presidente não vai falar pelos manifestantes ao redor do mundo. Eles estão falando por si mesmos", completou.

No entanto, Kirby destacou o apoio dos Estados Unidos aos direitos dos manifestantes.

"As pessoas precisam ter o direito de se reunir e protestar pacificamente contra as políticas, leis ou imposições com as quais não concordam", disse Kirby.

"Estamos acompanhando a situação de perto, como era de se esperar", acrescentou.

Nesta segunda-feira, o Departamento de Estado sugeriu que Washington considera excessivas as políticas de confinamento contra a covid-19 na China.

"Acreditamos que será muito difícil para a República Popular da China conseguir conter esse vírus por meio de sua estratégia de 'covid zero'", disse um porta-voz do departamento.

A insatisfação cresce há meses devido às medidas rígidas das autoridades chinesas para controlar o coronavírus, incluindo longas quarentenas, confinamentos e restrições de viagem.

Fora do país, as comunidades chinesas também organizaram vigílias para homenagear as vidas perdidas por causa da política 'covid zero', como dos mortos no incêndio na cidade de Urumqi, na província de Xianjiang (noroeste) este mês. Muitos afirmam que o confinamento dificultou os trabalhos de resgate.

Em Los Angeles, mais de 100 pessoas se reuniram em frente ao consulado da China no domingo, relataram alguns participantes à AFP.

Michael Luo, um estudante de 25 anos, disse que sentia "raiva, tristeza e um pouco de frustração".

Enquanto isso, em Washington, cerca de 25 membros da comunidade uigur se concentraram nesta segunda-feira em frente ao Departamento de Estado para pedir uma maior pressão sobre Pequim.

"Queremos que emitam uma declaração formal condenando a perda de vidas, vidas uigures, e que peçam transparência total sobre o número real de mortes", disse Salih Hudayar, um uigur americano.

Ao comentar os protestos na China, Hudayar disse à AFP que estava "bastante surpreso por eles terem conseguido ir às ruas e se manifestar, e pelo menos expressar sua raiva".

"Como uigures não podemos fazer isso", disse. "Esperamos que a comunidade internacional apoie estes manifestantes para exigir que o governo chinês preste contas", concluiu.

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