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Os conflitos em condomínio se multiplicaram durante a pandemia de coronavírus, segundo a Associação das Administradoras de Bens Imóveis e Condomínios (AABIC). Os registros de queixas dobraram e até triplicaram em alguns prédios de acordo com a entidade que reúne empresas que administram cerca de 16 mil condomínios.

As reclamações cresceram na proporção em que as pessoas passaram a ficar mais tempo em casa, na avaliação do presidente da associação, José Roberto Graiche Junior. “O pessoal, antes da pandemia, não estava acostumado a ficar tanto tempo dentro de casa. Agora, tem que trabalhar em casa e conciliar a escola dos filhos com estudo online”, explica.

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O barulho tem sido a maior reclamação no período, segundo ele. “O barulho de pessoas dentro da unidade: fazendo aula de música, arrastando móvel ou as crianças brincando naqueles condomínios onde não está liberado o playground”, destaca.

As reformas também se tornaram objeto de várias disputas. “Agora, com a flexibilização [da quarentena], as obras dentro das unidades voltaram, com algumas restrições, algumas regras para poder acomodar tanto a pessoa que precisa fazer reforma como as que ainda estão em casa”, acrescenta.

Diálogo

Porém, de acordo com Graiche, a maior parte dos conflitos têm sido resolvido com diálogo entre síndicos e moradores. “Uma simples conversa do síndico ou zelador, dando um toque de que a pessoa está incomodando o vizinho, a grande maioria das vezes já resolve. Ou uma simples conversa entre os próprios vizinhos”, ressalta.

Síndico de um condomínio com aproximadamente 1,6 mil pessoas em 448 apartamentos, Paulo Werneck diz que tem buscado o bom senso e se desdobrado para mediar as diferentes opiniões. “A gente está tendo que ser prefeito, advogado, presidente. Cada um quer uma coisa. A pessoa tem que entender que o direito acaba onde começa o do vizinho”, comenta sobre as dificuldades em gerir o condomínio na região do Morumbi, zona sul da capital paulista.

Paulo conta que, antes da pandemia tinha que lidar, em média, com três ou quatro reclamações de moradores. No últimos dois meses, no entanto, o síndico já teve que mediar mais de 20 conflitos. “Tem muita reclamação de barulho. Criança pulando. Mesmo não sendo tarde da noite o pessoal reclama, porque as crianças não têm onde brincar”, conta a respeito de como o home office [trabalho em casa] fez parte dos moradores ficarem mais exigentes em relação ao silêncio.

Quando isso ocorre, o síndico diz que tenta conversar com o morador do apartamento de onde vem o barulho. “Quando o barulho é muito alto, a gente tenta conversar”, diz. No caso das unidades com crianças, às vezes um tapete ou uma conversa com os pequenos ajuda a reduzir o incomodo para o vizinho.

Uma novidade da pandemia são, segundo Paulo, as reclamações sobre o uso de máscara nos espaços internos do condomínio. Ele explica que, como parâmetro, os prédios adotam normas semelhantes às da prefeitura e do governo estadual para o funcionamento do comércio e serviços. “Tem sempre um ou outro que esquece ou fala que não acha certo usar, porque está fazendo exercício físico. As academias exigem máscara. A gente procura se adequar à norma do governo, buscando a realidade do condomínio”, conta.

Mas, mesmo com os desentendimentos, o síndico diz que os moradores têm buscado o entendimento e sido solidários nos tempos difíceis. “Apesar dos conflitos, eu diria que o pessoal está mais solidário um com outro. Tem feito ações dentro do condomínio para ajudar comunidades mais próximas”, diz.

A América do Sul não é mais considerada uma "área livre" de conflitos. É o que diz a nova Política Nacional de Defesa (PND), que será encaminhada ao Congresso na próxima semana. Numa atualização da diretriz preparada em 2016, o texto ao qual o Estadão teve acesso destaca a possibilidade de "tensões e crises" no continente, que podem levar o Brasil a mobilizar esforços na garantia de interesses nacionais na Amazônia ou mesmo ajudar na solução de problemas regionais.

Sem citar nominalmente a Venezuela, o trecho sobre política externa do documento avalia "possíveis desdobramentos" das crises nos países vizinhos. A reportagem apurou que o principal foco de tensão se refere a ações do regime chavista de Nicolás Maduro.

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Em 21 páginas, a Política Nacional de Defesa traça cenários internacionais para o ambiente regional e assinala que é papel do País "aprofundar laços" no continente. Uma das novidades da nova versão do documento do Ministério da Defesa, porém, é justamente o alerta para as possibilidades de conflitos. "Não se pode desconsiderar tensões e crises no entorno estratégico, com possíveis desdobramentos para o Brasil, de modo que poderá ver-se motivado a contribuir para a solução de eventuais controvérsias ou mesmo para defender seus interesses", diz o texto.

O documento pede, ainda, atenção especial ao Atlântico Sul, onde se concentram as reservas do pré-sal - entre o Brasil e a África Ocidental. Nesta região também houve, recentemente, derramamento de óleo por navio desconhecido que causou danos ambientais ao litoral brasileiro.

A chamada Amazônia Azul enfrenta impactos de ilícitos transnacionais, inclusive suspeitas de espionagem por navios estrangeiros, como divulgou o Estadão, em fevereiro, ao noticiar que a Marinha brasileira monitorou durante uma semana um navio russo de pesquisa e inteligência, acusado de espionagem por países da Europa e pelos Estados Unidos.

Além do Atlântico Sul, a política de Defesa mantém como prioridades regiões onde se concentram os poderes político e econômico - Brasília, Rio e São Paulo -, a faixa de fronteira com os vizinhos sul-americanos e a Amazônia.

Pela primeira vez, os tratados que compõem a Política Nacional de Defesa incluem no radar do governo desdobramentos das mudanças climáticas e de pandemias. O texto da proposta destaca que estes fenômenos poderão "acarretar consequências ambientais, sociais, econômicas e políticas pedindo pronta resposta do Estado".

A pandemia do coronavírus, que atinge o País e o mundo desde março, tem exigido mobilização nacional de todos os segmentos, inclusive do Ministério da Defesa que, segundo a pasta, emprega diariamente 34 mil militares no combate à doença. O efetivo é maior que o da Força Expedicionária Brasileira (FEB) na Segunda Guerra Mundial, quando foram mobilizados 25.800 homens.

A soberania e o desenvolvimento de ações de preservação da floresta amazônica estão entre as prioridades dos documentos que compõem a nova versão da PND. "A Amazônia, assim como o Atlântico Sul, é uma área de interesse geoestratégico para o Brasil. A proteção da biodiversidade, dos recursos minerais, hídricos, além do potencial energético, no território brasileiro é prioridade para o País", constata o documento, que também apresenta uma "resposta" aos "interesses estrangeiros" na Amazônia.

O texto recomenda, ainda, que a Marinha instale um complexo naval de uso múltiplo nas proximidades do delta do rio Amazonas, na região da Ilha do Marajó, no Pará, por ser uma área que merece "atenção especial". O Pará é onde ocorrem, atualmente, as maiores queimadas no País e o governo enfrenta pressões de parceiros econômicos internacionais por causa da destruição da floresta.

A Lei 136 de 2010, sobre a organização das Forças Armadas, estabelece que a cada quatro anos sejam atualizados: o Livro Branco da Defesa, com informações públicas sobre como a estrutura militar do País é organizada; a Política Nacional de Defesa, com os oito objetivos do País para a área; e a Estratégia Nacional de Defesa, com as 18 diretrizes para alcance das metas.

Os documentos serão oficialmente apresentados ao Conselho de Defesa, em reunião no Palácio do Planalto, com a presença dos presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e, em seguida, enviados ao Congresso, no próximo dia 22.

Continuidade

A versão final foi submetida ao presidente Jair Bolsonaro, mas a participação do chefe do Executivo na redação é secundária. Por se tratar de políticas de Estado, a palavra de ordem nos comandos do Exército, da Marinha e da Aeronáutica é promover apenas alterações pontuais nas versões anteriores, de modo a representar continuidade. "Parece que estamos emitindo uma política e uma estratégia nova. Não é verdade. É uma atualização, com pequenas coisas. A essência é completamente a mesma. Independe do governo", afirmou o ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva. "(O presidente) tem plena confiança no nosso trabalho e até agora não pediu para incluir nem tirar nada. Ele sabe que são políticas de Estado".

A preocupação com delitos nas chamadas Zonas de Paz e Cooperação do Atlântico Sul (Zopacas) está expressa no capítulo referente à Marinha, com trechos incluídos inclusive por causa do desastre do derramamento de óleo no litoral brasileiro, que teve início em novembro de 2019.

"O poder naval deve dispor de meios capazes de detectar, identificar e neutralizar ações que representem ameaça nas águas jurisdicionais brasileiras", afirma o texto. "A intensificação das ocorrências de atos ilícitos no mar (como exemplo a pirataria, tráfico de drogas e de pessoas, pesca ilegal, crimes ambientais, dentre outros) demanda a presença estatal nos termos do direito internacional com os quais o Brasil tenha se comprometido." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O Banco Mundial lançou um programa de ação voltado para os países atualmente afetados por conflitos e violência, particularmente na África, Oriente Médio e Norte da África, que se tornaram o foco de uma extrema pobreza desenfreada.

Há uma necessidade urgente de agir, observa a instituição, no relatório "Estratégia para a Fragilidade, Conflito e Violência (FCV)", publicado nesta quinta-feira (27).

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Segundo o informe, décadas de avanço na luta contra a pobreza se encontram agora ameaçadas nesses países, cujo êxodo populacional também está enfraquecendo os países vizinhos.

"Nossa mensagem é clara: a pobreza está aumentando nesses países. Traremos mais financiamento, mas também aumentaremos nossa eficiência no terreno e tentaremos ter uma abordagem mais sutil e mais apropriada, de acordo com os tipos de fragilidade específicos de cada país", disse à AFP o diretor desse programa estratégico, Franck Bousquet.

"A estratégia possibilita a criação de um programa de ação que visa a aumentar nossa eficiência no campo, por meio de quatro componentes diferentes" - em particular, colocando mais funcionários no campo, continuou Bousquet.

Esse plano quinquenal acompanha "um aumento significativo do nosso financiamento (dedicado a essa questão de fragilidade, conflito e violência) da ordem de cerca de US$ 18,7 bilhões, o que representa um aumento de 30% nesses países", relatou.

Nas últimas três décadas, os conflitos violentos aumentaram a ponto de drenar 80% das necessidades humanitárias, observa o Banco Mundial.

Mais de 70 milhões de pessoas foram deslocadas, elevando o número de refugiados para quase 26 milhões, informou a instituição.

Se nada for feito, até 2030, pelo menos dois terços das pessoas extremamente pobres do mundo viverão em países frágeis e afetados por conflitos.

É essa tendência que a estratégia quer reverter.

Este programa visa não apenas aos países de baixa renda, mas também os de renda média.

"As situações frágeis e afetadas por conflitos pesam muito sobre o capital humano, criando ciclos viciosos que reduzem a produtividade e a renda das pessoas", afirmam os autores do relatório.

Uma em cada cinco pessoas nesses países é privada de dinheiro, educação e infraestrutura básica, simultaneamente.

E o Banco acrescenta que deseja continuar fornecendo recursos, inclusive durante o decorrer do conflito.

Um dos desafios para o Banco Mundial é intervir o mais rápido possível, e "não quando houver um acordo de paz, ou de reconstrução", comentou Franck Bousquet.

"Também estamos trabalhando na prevenção de conflitos violentos, ajudando os Estados, porque sabemos que 1 dólar investido em prevenção economiza 16 dólares depois", conclui.

O embaixador do Irã nas Nações Unidas enviou carta ao secretário-geral da ONU, António Guterres, ressaltando que seu país quer evitar novos confrontos militares com os Estados Unidos (EUA).

A missão permanente do Irã na ONU divulgou nessa quarta-feira (8) a carta enviada pelo embaixador Majid Takht Ravanchi.

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Na carta, Ravanchi justifica como legítima defesa o ataque iraniano a uma base aérea americana no Iraque. Ele disse que o ataque foi feito "de acordo com seu direito inerente nos termos do Artigo 51 da Carta das Nações Unidas."

Ele explicou que o Irã adotou medidas proporcionais contra a base aérea americana no Iraque, da qual partiu o "covarde" ataque que matou o comandante Qassem Soleimani.

Entretanto, Ravanchi deixou claro que o Irã não deseja uma piora da situação e não busca a guerra.

A carta é vista como uma resposta ao pronunciamento de ontem do presidente dos EUA, Donald Trump.

Precisão

Os ataques com mísseis do Irã a locais com concentração de tropas americanas no Iraque foram precisamente calculados para evitar grandes perdas humanas.

A NHK obteve fotos de satélite da Base Aérea de Ain al-Assad, que abriga militares dos EUA, na região oeste do Iraque, tiradas horas após os ataques de quarta-feira.

Especialistas do Instituto Middlebury de Estudos Internacionais em Monterey, na Califórnia, identificaram pelo menos sete locais na área da base que parecem ter sido atacados.

Uma foto anterior, tirada no dia 30, mostra uma fileira do que parece ser cinco grandes barracas semelhantes a hangares para aviões militares. Na foto de ontem, três dos prováveis hangares estão destruídos, ao passo que os dois situados nas extremidades permanecem intactos.

Uma grande cratera em uma pista de pouso não aparece na foto de dezembro.

Outros possíveis alvos dos ataques são todos hangares ou depósitos.

A pesquisadora assistente Margaret Croy ressalta que, em grande parte, os impactos foram diretos e centrados em depósitos. Ela afirma: “Aparentemente os mísseis usados pelo Irã para atacar esta base militar no Iraque eram de tal qualidade e precisão que foram capazes de atingir pontos específicos das bases.”

O ex-candidato a presidente, Fernando Haddad (PT), usou o Twitter para criticar a política externa do governo de Jair Bolsonaro (sem partido). De acordo com o político, a "imagem do Brasil no exterior, em toda sua história, nunca esteve tão comprometida".

Haddad citou os conflitos protagonizados pelos EUA e Irã. Na semana passada, o Itamaraty emitiu uma nota do governo federal em apoio aos Estados Unidos na disputa com o Irã, alinhando-se na "luta contra o terrorismo". No domingo, a chancelaria do Irã cobrou explicações do comunicado. 

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Outros políticos também se manifestaram sobre o posicionamento de Jair Bolsonaro em favor dos EUA. O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), tuitou que a política externa brasileira é subalterna aos EUA e que isso está empurrando o Brasil para os conflitos alheios.

"A absurda política externa subalterna aos Estados Unidos está empurrando o Brasil e os brasileiros para conflitos alheios, trazendo riscos econômicos e sociais. Eventuais simpatias ou afetos pessoais não podem prejudicar o papel do governo brasileiro: cuidar do Brasil", declarou. 

O deputado federal Ivan Valente (PSOL-SP) se referiu ao ataque dos EUA contra o Irã como "criminoso". Sobre a postura do governo brasileiro, o parlamentar disse que é preciso repudiar, pois o Brasil está sendo inconsequentemente exposto. 

"A escalada de violência no Oriente Médio é consequência direta do ataque criminoso de Trump. É preciso repudiar o alinhamento ideológico do Itamaraty aos EUA. A postura inconsequente expõe o Brasil, limita a capacidade de ação internacional e pode ter impacto econômico".

O Irã e os Estados Unidos devem respeitar uma convenção que obriga os Estados a preservar locais culturais mesmo em caso de conflito, afirmou a Unesco nesta segunda-feira, depois que Donald Trump ameaçou atacar locais culturais iranianos.

A diretora-geral da Unesco, Audrey Azoulay, disse em uma reunião com o embaixador iraniano na organização que Teerã e Washington assinaram uma convenção de 1972 que obriga os Estados a não "tomar nenhuma ação deliberada que possa danificar direta ou indiretamente patrimônio cultural e natural de outros Estados".

"A Convenção de 1972 estabelece, entre outras coisas, que cada um dos Estados Partes se compromete a não tomar deliberadamente medidas que possam causar danos, direta ou indiretamente, ao patrimônio cultural e natural situado. no território de outros Estados Partes", enfatiza.

O presidente dos Estados Unidos alertou no sábado que seu país tem como alvo 52 locais no Irã e os atacará "muito em breve e com muita força" se a República Islâmica agir contra funcionários ou propriedades dos EUA.

Esses sites são "de nível muito alto e importantes para o Irã e a cultura iraniana", afirmou o presidente em um tuíte.

A resposta do Irã ao assassinato do general Qassem Soleimani, morto na sexta-feira num ataque americano em Bagdá, "será militar", disse um conselheiro do guia supremo iraniano em entrevista, neste domingo (5), ao canal americano CNN.

"A resposta será certamente militar e contra locais militares", disse à CNN o brigadeiro-general Hossein Dehghan, conselheiro militar do aiatolá Ali Khamenei.

"O Irã não está buscando a guerra, mas está pronto para enfrentar qualquer situação", declarou por sua vez o porta-voz do ministério das Relações Exteriores, Abbas Moussavi, em entrevista coletiva em Teerã.

Os líderes da República Islâmica se esforçarão para responder ao assassinato de Soleimani "de uma maneira que fará o inimigo se arrepender de seu gesto, mas também, tanto quanto possível, de uma maneira que não arraste a nação iraniana para uma guerra", acrescentou.

"Foi a América que iniciou a guerra", disse o general Dehghan à CNN, de acordo com a transcrição em inglês desta entrevista em persa.

"Consequentemente, eles devem aceitar que as reações serão adaptadas às suas ações", acrescentou.

"A única coisa que pode acabar com esse momento de guerra é os americanos receberem um golpe igual ao que lançaram", disse o ex-ministro da Defesa.

O aiatolá Khamenei prometeu na sexta-feira que uma "vingança implacável" aguarda os Estados Unidos após o assassinato de Soleimani.

Em comunicado, o Conselho Supremo de Segurança Nacional do Irã garantiu, sem maiores detalhes, que essa "vingança dura" aconteceria "no lugar certo e na hora certa".

Comandante da Força Al-Qods, unidade de elite da Guarda Revolucionária, o exército ideológico da República Islâmica e arquiteto da estratégia iraniana no Oriente Médio, o general Qassem Soleimani foi morto na sexta-feira em um ataque aéreo americano em frente ao aeroporto de Bagdá.

mj/feb/mr

Ao menos 20 pessoas morreram na Índia nos últimos 10 dias nos protestos contra uma lei de cidadania considerada discriminatória pelos muçulmanos, que representam 14% da população do país.

Novas manifestações aconteciam neste sábado em Chennai, capital do estado de Tamil Nadu (sul), e em Patna, no estado de Bihar (leste). Também estavam planejados protestos em Nova Délhi.

As manifestações acontecem um dia depois de protestos no estado de Uttar Pradesh (norte), que terminaram com cinco mortos, incluindo um menino de oito anos.

Estas cinco mortes aumentaram a 20 o número de vítimas fatais desde o início dos protestos na semana passada. Estes são os protestos mais importantes no país desde a chegada ao poder, em 2014, do governo nacionalista hindu de Narenda Modi.

Em muitas regiões do país de 1,3 bilhão de habitantes as autoridades proibiram as manifestações. Em algumas localidades o acesso à internet foi cortado.

Neste sábado, a polícia instalou barreiras ao longo da avenida Jantar Mantar no centro de Nova Délhi, que se transformou nos últimos anos em um ponto emblemático dos protestos no país.

- Uma lei "discriminatória" -

A lei que desatou os protestos, aprovada em 11 de dezembro pelo Parlamento indiano, concede a cidadania a refugiados do Afeganistão, Paquistão e Bangladesh, mas apenas se não forem muçulmanos. Os críticos a consideram discriminatória e contrária à Constituição indiana.

A nova lei não afeta diretamente os indianos de confissão muçulmana, mas eles temem uma discriminação após cinco anos de governo nacionalista hindu.

Em Nova Délhi, capital do país, as forças de segurança dispersaram na sexta-feira à noite com jatos de água uma concentração de milhares de pessoas. Um veículo foi incendiado.

"Queremos que o governo recue na lei. A lei é contrária aos muçulmanos e contra a Índia. Nós nos manifestamos de forma pacífica e o governo tem que ceder", declarou à AFP Sabzar Ali, um dos manifestantes.

Em um editorial muito crítico ao governo, o jornal The Indian Express pede que se faça todo o possível "para preservar a paz" em um país onde os muçulmanos são quase 200 milhões de pessoas, representando 14% da população.

O estado de Uttar Pradesh, o mais populoso da Índia com 200 milhões de habitantes, tem 20% da população muçulmana.

"A maior democracia do mundo não pode parecer incapaz de aceitar os jovens que estão em desacordo com o poder (...) a Índia corre um alto risco se começar a ser visa como um lugar onde os dissidentes sentem medo", afirmou o jornal.

A ONG Anistia Internacional (AI) pediu na quinta-feira às autoridades indianas o fim da repressão contra os manifestantes pacíficos que protestam contra uma lei discriminatória".

A polícia de Hong Kong realizou, neste domingo (15), detenções e usou spray de pimenta contra manifestantes pró-democracia em centros comerciais. Mobilizações de militantes vestidos de preto ocorreram em vários lugares, acompanhadas de atos de vandalismo.

A polícia de choque usou spray de pimenta e fez prisões em pelo menos dois shopping centers, sob as vaias de transeuntes. Repórteres da AFP no shopping de Shatin viram a prisão de um estudante do ensino médio e de um adolescente de 16 anos, que gritaram seus nomes quando a polícia os levou embora.

Uma senhora idosa foi derrubada no início da tarde após uma discussão que começou quando um homem tentou impedir que ativistas fizessem pichações no mesmo shopping.

Ativistas mascarados também saquearam restaurantes administrados pela Maxim's, gigante de catering pertencente a um magnata que se tornou alvo frequente dos manifestantes porque sua filha criticou o movimento pró-democracia.

Esses distúrbios são os primeiras após três semanas de calmaria entre manifestantes e policiais, após a vitória esmagadora dos pró-democracia nas eleições locais de 24 de novembro.

Além disso, cerca de mil pessoas agitando bandeiras chinesas se reuniram neste domingo em um parque para apoiar a polícia da cidade.

No sábado, a polícia anunciou a prisão de cinco adolescentes acusados de participação na morte de um homem, atingido por um tijolo na cabeça durante confrontos entre manifestantes pró e contrários ao governo em novembro.

Os três homens e duas mulheres, com idades entre 15 e 18 anos, foram detidos na sexta-feira e acusados de homicídio, distúrbios e agressões. No momento estão em prisão provisória e aguardam a investigação, de acordo com a polícia.

Em meados de novembro, um homem de 70 anos foi atingido por um tijolo na cabeça quando tentava retirar as barricadas erguidas por militantes pró-democracia.

A ex-colônia britânica enfrenta desde junho a pior crise desde sua devolução à China em 1997, com atos praticamente diários para exigir reformas democráticas e pedir uma investigação sobre o comportamento da polícia.

O movimento nasceu de um projeto de lei que pretendia autorizar extradições para a China. O texto foi retirado, mas os manifestantes ampliaram suas reivindicações para exigir mais democracia.

No domingo passado, cerca de 800.000 manifestantes pró-democracia, de acordo com os organizadores (183.000 segundo a polícia), realizaram passeatas sem grandes incidentes.

Carrie Lam, chefe do Executivo local, está atualmente em Pequim, onde deve se encontrar com o presidente chinês Xi Jinping na segunda-feira.

O movimento tem tido um grande impacto sobre o turismo e a economia do centro financeiro, que entrou em recessão.

O aeroporto de Hong Kong anunciou neste domingo uma queda de 16% no número de passageiros em novembro em comparação com o mesmo mês do ano passado.

Os Estados Unidos e o Talibã retomaram, neste sábado (7), as negociações, três meses após a interrupção ordenada pelo presidente Donald Trump dos esforços diplomáticos para acabar com o conflito mais longo da história de seu país.

"Os Estados Unidos voltaram às negociações hoje (sábado) em Doha. O foco da discussão será uma redução da violência que conduza a negociações intra-afegãs e uma trégua", disse uma fonte envolvida nessas negociações.

O Departamento de Estado americano anunciou na quarta-feira que seu emissário encarregado das negociações com o Talibã, Zalmay Khalilzad, viajaria a Doha para "retomar as negociações".

No mesmo dia, Khalilzad se reuniu em Cabul com o presidente afegão, Ashraf Ghani, e outras autoridades do país.

Em 7 de setembro, Donald Trump, que prometeu "acabar com as guerras sem fim", e especialmente o conflito afegão - iniciado em 2001 - encerrou as discussões diretas e inéditas conduzidas por Khalilzad.

Trump também anulou um convite feito secretamente aos líderes do Talibã para encontrá-lo, após a morte de um soldado americano em um ataque de insurgentes em Cabul.

Naquele momento, disse que as negociações estavam "mortas e enterradas", mas depois pareceu adotar uma posição mais flexível e abriu as portas para o diálogo.

Em 28 de novembro, durante uma visita ao Afeganistão para apoiar as tropas americanas no Dia de Ação de Graças, Trump finalmente anunciou a retomada das negociações.

"Vai funcionar"

"Os talibãs querem um acordo e nós os encontramos. Dissemos a eles que queremos uma trégua e eles disseram que não queriam. Mas agora eles querem um cessar-fogo", disse Trump na época. "E acho que isso vai funcionar".

O projeto de acordo delineado no início de setembro previa o início da retirada progressiva de entre 13.000 e 14.000 soldados americanos, a principal reivindicação dos talibãs.

Em troca, os insurgentes se comprometeriam a não realizar ataques no Afeganistão e iniciariam um diálogo com o governo de Cabul, que eles consideram "ilegítimo".

No entanto, prometeram apenas "reduzir a violência". A ausência de um verdadeiro cessar-fogo em um país esgotado por anos de conflito foi um ponto particularmente criticado e o acordo não recebeu apoio claro das autoridades afegãs, que permaneceram à margem das negociações.

Desta vez, os americanos insistem na necessidade de um cessar-fogo, mas não se sabe ao certo se os insurgentes estão dispostos a ceder.

Questões importantes como a divisão do poder com os talibãs, o papel de potências regionais como Índia e Paquistão e o destino do governo de Ghani permaneceriam no ar.

Em uma mensagem destinada a favorecer as negociações, Khalilzad elogiou na terça-feira as operações do Talibã contra o grupo jihadista Estado Islâmico (EI) na província de Nangarhar, na fronteira com o Paquistão.

Graças a essa operação e à das forças ocidentais e afegãs, o "Estado Islâmico perdeu terreno e milicianos", disse o emissário.

De acordo com uma pesquisa do instituto Asia Foundation publicada esta semana nos Estados Unidos, 88,7% dos 17.812 afegãos questionados apoiam os esforços de paz e 64% acham que a paz é possível, uma porcentagem que representa um aumento de 10% em relação ao ano passado.

O presidente Jair Bolsonaro admitiu que os conflitos no Chile contra a gestão de Sebastian Piñera preocupam o governo brasileiro, mas evitou se estender no assunto. "Tudo o que acontece na América do Sul a gente se preocupa", disse o presidente nesta segunda-feira (21), após ser questionado insistentemente por jornalistas. Ele deu a declaração durante passeio que fez a pé pelas ruas de Tóquio, em suas primeiras horas no Japão.

Bolsonaro reiterou o seu alinhamento com Piñera ao lembrar que o presidente chileno o apoiou em uma sessão da reunião dos países que compõem o G7, em agosto. "O Piñera me apoiou muito no último G7", comentou Bolsonaro nesta segunda.

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O presidente brasileiro se referiu ao período em que protagonizou uma troca de farpas com o presidente da França, Emmanuel Macron, sobre as queimadas na região amazônica. Na volta do G7, Piñera visitou Bolsonaro no Palácio da Alvorada.

Ele não respondeu se entrou em contato com Piñera em meio aos conflitos ou se pretende fazê-lo. Também evitou dar sua opinião sobre o movimento popular que protesta contra sinalização de aumento no preço das passagens de metrô. Os protestos já deixaram sete mortos.

Na primeira atividade em solo japonês, o presidente Bolsonaro visitou o Santuário Meiji, um templo xintoísta localizado no bairro Shibuya, em Tóquio.

Acompanhado do deputado federal Hélio Lopes (PSL-RJ), do ministro do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno, e de outros membros da comitiva presidencial e da Embaixada Brasileira, Bolsonaro participou de um ritual de purificação na entrada do local.

Após a visita ao santuário, o grupo saiu do local caminhando em direção à Rua Takeshita, uma atração turística de Tóquio. No caminho, o presidente foi abordado e tirou fotos com pessoas nas ruas.

O grupo islamita radical Al Shabab realizou, nesta segunda-feira, na Somália dois ataques separados contra uma base aérea dos Estados Unidos e contra um comboio de assessores militares da União Europeia (UE), informaram testemunhas e uma fonte da segurança à AFP.

Duas fortes explosões foram ouvidas na base de Baledogle, seguidas de um tiroteio, disse Mohamed Adan, uma autoridade local.

Os insurgentes islamitas reivindicaram o ataque.

Na capital Mogadíscio, um carro-bomba se chocou contra o comboio da UE causando vítimas, segundo uma fonte da segurança.

Os danos infligidos pelos rebeldes huthis iemenitas no último sábado à infraestrutura de petróleo saudita ilustram a quase impossibilidade de um país, por mais meios que tenha à sua disposição, de proteger instalações vitais de uma ameaça como a representada pelos drones.

Os graves prejuízos sofridos pela fábrica de Abqaiq e a jazida de Khurais, no leste da Arábia Saudita, foram resultado de um ataque cometido com dez drones, informou o americano Soufan Center, nesta segunda-feira (16).

É possível que também sejam usados mísseis de tipo cruzeiro, acrescentou a instituição, que cita autoridades do governo americano.

São armas à disposição dos huthis xiitas, que contam com o apoio do Irã desde que estes começaram a enfrentar, no Iêmen, as forças de uma coalizão liderada por Riad, há cinco anos. Em diferentes ocasiões, em especial desde a primavera (boreal) de 2019, que essas armas são capazes de burlar os sistemas de defesa sauditas.

Frente a uma ameaça dessa natureza, "é necessário um sistema de defesa superaperfeiçoado, como tem, eu acho, apenas um grupo aeronaval americano (organizado em torno de um dos porta-aviões da Marinha dos EUA)", comentou o ex-chefe de um serviço de Inteligência francês, que pediu para não ser identificado.

"Um ataque coordenado, como o que aconteceu no sábado, não está ao alcance de qualquer um, como tampouco está ao alcance de todo mundo poder se defender de um ataque assim", acrescentou.

No início de julho, os huthis apresentaram, durante uma cerimônia realizada em um lugar secreto, um drone-bombardeiro chamado "Sammad 3", além do míssil de cruzeiro "Al Qods". Contam ainda com o drone armado de explosivos "Qasef 2".

"É o poder nivelador da tecnologia, que permite aos mendigos poderem ameaçar grandes potências", declarou recentemente, indignado, um funcionário de alta patente do Exército francês, que também pediu para não ser identificado.

"Nos vemos derrotados por artefatos de 250 quilos, como nos vimos derrotados por minas em Mali", afirmou.

Rifles antidrones e drones programáveis

A Arábia Saudita gastou uma fortuna para se dotar de sistemas de defesa terra-ar, como as baterias antimísseis americanas Patriot, radares e uma força aérea ultramoderna.

Em 2018, dedicou mais de 65 bilhões de dólares para armamentos, segundo o Instituto de Pesquisa pela Paz de Estocolmo.

Becca Wasser, analista da Rand Corporation, disse à AFP que, "para o mais essencial, a Arábia Saudita conta com seus sistemas Patriot para interceptar os projéteis huthis, mas os resultados são moderados, posto que este sistema está projetado para destruir mísseis, mais do que drones".

"O emprego de drones indica que os huthis deram com a falha de seus sistemas de defesa", considerou.

As dimensões das instalações petroleiras sauditas, que, em alguns casos, são tão grandes quanto cidades, e sua dispersão por todo reino dificultam uma proteção permanente frente a uma ameaça em constante mudança.

Fabricados com peças de origem iraniana, segundo um informe da ONU publicado em 2018, os drones dos huthis são de dimensões variáveis e podem se deslocar a várias velocidades e altitudes, motivo pelo qual são difíceis de interceptar.

"O problema é que não existe nenhum sistema único para tratar todos os casos, e a ameaça do drone evolui sem cessar", comentou um engenheiro militar francês.

"Hoje em dia, os lugares sensíveis estão protegidos com radares e rifles antidrones, mas, agora, existem drones autônomos, programáveis" e insensíveis às interferências GPS, acrescentou.

"Sua velocidade também aumentará: é preciso detectá-los mais rapidamente e de mais longe".

Em 19 de agosto, a Força Aérea saudita publicou imagens de um de seus caça-bombardeiros F-15 destruindo, em pleno voo, um drone Qasef-2 no Iêmen, e garantiu ter neutralizado cerca de 20 aparelhos no ano anterior.

Segundo vídeos publicados on-line pelos huthis, seu drone de ataque "Sammad 3" tem um raio de ação de 1.500 quilômetros. Isso significa que quase todo território da Arábia Saudita estaria a seu alcance, assim como várias regiões dos Emirados Árabes Unidos, aliado de Riad na guerra no Iêmen.

No podcast desta sexta-feira (23), o cientista político Adriano Oliveira destaca a postura do Presidente Jair Bolsonaro na condução do país. Segundo ele, o gestor está sempre gerando conflitos em suas atuações. Para Adriano, o presidente venceu a eleição baseado em conflitos. A Lava Jato, a guerra ideológica, entre outros, foram fatores que possibilitaram a vitória do candidato do PSL. O cientista político ressalta ainda que Bolsonato despreza todas as ideias que vão de encontro as dele.

Ainda segundo Adriano, no exercício da Presidencia da República, no fazer da política, é preciso cooperação e negociação.

O programa "Descomplicando a Política", é exibido na fanpage do Leia Já, em vídeo, toda terça-feira, a partir das 15h. Além disso, também é apresentado em duas edições, no formato de podcast, as segundas e sextas-feiras.

Pelo menos oito pessoas morreram, e dezenas ficaram feridas nesta sexta-feira (19), quando uma bomba explodiu perto da principal universidade de Cabul, onde estudantes esperavam para fazer um teste.

A explosão ocorre no contexto de violência infindável no Afeganistão, em que civis morrem quase diariamente por causa de um conflito que já dura 18 anos.

Os talibãs negaram qualquer envolvimento na deflagração desta sexta, ocorrida perto da entrada sul da Universidade de Cabul, informou à AFP um funcionário do gabinete de comunicação do Ministério do Interior.

Altamente militarizada, a capital afegã é um dos principais alvos tanto dos talibãs quanto do grupo Estado Islâmico (EI), que cometem ataques devastadores, matando e ferindo muitos civis.

Pelo menos 392 pessoas morreram e 1.936 ficaram feridas na Líbia desde o início da ofensiva em 4 de abril do marechal Khalifa Haftar em Trípoli, sede do governo do Acordo Nacional (GNA), segundo um relatório da Organização Mundial da Saúde.

Os combates obrigaram 50 mil pessoas a deixar suas casas, informou, por sua vez, o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA).

O ministro da Educação da Líbia, Othman Abdel Jalil, também presidente do comitê de crise do governo, mencionou na quinta-feira a cifra de 55 mil pessoas deslocadas, representando 11 mil famílias.

Desde o início da ofensiva, os combates foram registrados no subúrbio ao sul e ao redor de Trípoli.

A maioria dos que fogem dos combates encontram refúgio entre seus parentes ou amigos e, portanto, não são registrados por organizações oficiais, indicaram as diferentes organizações humanitárias.

A tensão aumenta, nesta quarta-feira (1), em Paris, após os primeiros confrontos registrados entre militantes radicais e a polícia, pouco depois do início da tradicional passeata do Dia dos Trabalhadores, sob forte esquema de segurança.

As tradicionais manifestações de 1º de maio em Paris, geralmente pacíficas e dedicadas a reivindicações salariais, acontecem nesta quarta-feira sob tensão.

O clima esquentou em Paris quando a polícia recorreu ao gás lacrimogêneo para dispersar centenas de "black blocs" - militantes anticapitalistas e antifascistas vestidos de preto e com o rosto coberto.

Um manifestante foi ferido na cabeça, segundo um jornalista da AFP. Os enfrentamentos começaram às 11h00 GMT (8H00 de Brasília) perto do restaurante La Rotonde, que foi protegido com tapumes.

Mais de 7.400 policiais e gendarmes foram mobilizados na capital francesa para as manifestações, onde acredita-se que haverá entre "1.000 e 2.000 militantes radicais", segundo o ministro do Interior, Christophe Castaner.

Desde a madrugada, vários policiais começaram a revistar pessoas aleatoriamente nas proximidades da estação de Saint-Lazare, no centro de Paris.

O presidente Emmanuel Macron exigiu na terça-feira que a resposta aos "black blocs" seja "extremamente firme" em caso de violência, após as chamadas nas redes sociais para transformar Paris na "capital dos distúrbios".

No ano passado, 1.200 militantes radicais mancharam a manifestação em Paris com atos violentos: lojas vandalizadas ou incendias, veículos queimados...

A polícia já realizou 88 detenções em Paris e efetuou "3.700 controles preventivos".

Embora estejam previstas manifestações em toda a França, a atenção está voltada para a capital, muitas vezes palco de incidentes desde o início dos protestos dos "coletes amarelos".

Esse movimento, que desde meados de novembro tem saído às ruas todos os sábados para protestar contra a política fiscal e social do governo, também estará presente nesta quarta-feira.

Ao longo dos meses, o movimento perdeu força à medida que se radicalizou, com violentos distúrbios à margem das manifestações.

- Sindicatos em busca de visibilidade -

Entre os "black blocs" e os "coletes amarelos", os sindicatos esperam recuperar a visibilidade através de vários comícios e uma grande manifestação às 12h30 GMT (9h30 de Brasília), saindo de Montparnasse até a Place d'Italie, no sul da capital.

"O primeiro de maio tem que agrupar todos aqueles que vêm se manifestando há meses e meses (...) para dizer que a política social tem que ser mudada", disse Philippe Martinez, secretário-geral da CGT, um dos principais sindicatos franceses.

O cortejo vai passar em frente ao famoso restaurante de la Rotonde, um "símbolo" do poder desde que Emmanuel Macron comemorou ali sua ida ao segundo turno das eleições presidenciais de 2017.

Os proprietários do restaurante admitiram na terça-feira estarem um pouco nervosos, considerando como terminou o famoso Fouquet's da avenida Champs-Élysées, saqueado e queimado, em 16 de março durante uma manifestação dos "coletes amarelos".

"Não temos medo das passeatas sindicais, mas dos 'coletes amarelos' e dos 'black blocs'", disse Serge Tafanel, cujo restaurante permanecerá fechado a pedido da polícia, assim como todas as lojas localizadas na rota da marcha.

No total, 190 motocicletas circularão perto das manifestações para permitir que as forças de segurança se movam rapidamente. Drones também serão usados para monitorar a situação, segundo o ministro do Interior.

A rebelião na madrugada de terça-feira (30) de um grupo de militares venezuelanos em apoio ao líder opositor Juan Guaidó teve repercussão ao redor do mundo.

Estados Unidos, a maioria dos países da América Latina e a União Europeia expressaram apoio a Guaidó, enquanto aliados do governo de Nicolás Maduro, como Rússia, Cuba e Turquia, condenaram o levante.

##RECOMENDA##

- Estados Unidos -

Washington, que lidera a pressão internacional pela saída do presidente Nicolás Maduro do poder, imediatamente expressou apoio ao levante militar. "Estou acompanhando muito de perto a situação na Venezuela. Os Estados Unidos apoiam o povo da Venezuela e sua liberdade", disse o presidente Donald Trump.

- União Europeia -

A União Europeia pediu "máxima moderação" na crise de Venezuela.

"A UE está acompanhando de perto os últimos acontecimentos na Venezuela. Reiteramos que só pode ter uma saída política, pacífica e democrática para as múltiplas crises que enfrenta o país", disse a chefe da diplomacia europeia Federica Mogherini em comunicado.

- Luis Almagro, OEA -

O secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Luis Almagro, um dos primeiros a tornar público o seu apoio a Guiadó, escreveu no Twitter: "Saudamos a adesão dos militares à Constituição e ao Presidente encarregado da #Venezuela @jguaido. É necessário o pleno apoio ao processo de transição democrática de forma pacífica".

- Colômbia -

O presidente colombiano, Iván Duque, pediu aos militares na Venezuela que se unam a Guaidó: "Lançamos um chamado aos militares e ao povo da #Venezuela para que se coloquem do lado certo da história, rejeitando a ditadura e a usurpação de Maduro", escreveu no Twitter.

- Grupo de Lima -

O governo colombiano convocou uma reunião de emergência do grupo de 14 países que se opõe a Maduro e em apoio a Guaidó em busca de uma "solução pacífica" para a crise venezuelana.

"Apoiamos plenamente o presidente interino @jguaido em sua luta para recuperar a democracia na Venezuela. O regime usurpador e ditatorial de (Nicolás) Maduro deve chegar ao fim", disse a chancelaria do Peru, país que promove o bloco, logo após a solicitação da Colômbia.

- Cuba -

O presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel, rejeitou a revolta contra seu aliado socialista, o presidente Nicolás Maduro, ao qual reiterou seu "firme apoio".

"Rejeitamos este movimento golpista que pretende encher o país de violência", escreveu o governante cubano no Twitter.

- Bolívia -

O presidente dea Bolívia, Evo Morales, condenou "energicamente" o que chamou de "tentativa de golpe de Estado na #Venezuela, por parte da direita submissa aos interesses estrangeiros", escreveu no Twitter.

Morales chamou os "governos da #AméricaLatina que condenem o golpe de Estado na #Venezuela e impeçam que a violência tire vidas de inocentes". E acrescentou: "Seria um nefasto antecedente deixar que a intromissão golpista se instale na região. O diálogo e a paz devem se impor sobre o golpe".

- Brasil -

O presidente Jair Bolsonaro manifestou o apoio do Brasil "ao processo de transição democrática" na Venezuela.

"O Brasil acompanha com bastante atenção a situação na Venezuela e reafirma o seu apoio na transição democrática que se processa no país vizinho. O Brasil está ao lado do povo da Venezuela, do presidente Juan Guaidó e da liberdade dos venezuelanos", escreveu no Twitter.

- Chile -

"Reiteramos nosso total apoio ao Pdte Guaidó e à democracia na Venezuela. A ditadura de Maduro deve terminar pela força pacífica, e dentro da Constituição, do povo venezuelano. Assim serão restabelecidas as liberdades, a democracia, os direitos Humanos e o progresso na #Venezuela", tuitou o presidente chileno, Sebastián Piñera.

- México -

O governo mexicano "manifesta sua preocupação com a possível escalada de violência e derramamento de sangue que pode ocorrer", disse o Ministério das Relações Exteriores em um comunicado, reiterando seu desejo de encontrar "uma solução pacífica, democrática e mediante o diálogo para essa crise", indicando que está em contato com 16 países que compõem o Mecanismo de Montevidéu para a busca de uma rota comum.

- Equador -

O Equador reitera "seu firme apoio ao presidente Juan Guaidó nos momentos difíceis vividos na Venezuela" e pediu "uma saída de transição, em paz e sem derramamento de sangue", tuitou o chanceler José Valencia.

- Paraguai -

Mario Abdo, presidente do Paraguai, escreveu: "Valente povo da Venezuela! Chegou a sua hora!"

- Argentina -

O presidente Mauricio Macri disse que a Argentina desconhece "a autoridade do ditador Maduro" e desejou "que este seja o momento decisivo para recuperar a democracia" e "que a longa angústia que levou ao sofrimento e ao medo dos venezuelanos chegue ao fim".

- Rússia -

A Rússia acusou a oposição de alimentar o conflito na Venezuela e apelou que se estabeleçam negociações para evitar um banho de sangue. "A oposição radical na Venezuela voltou a utilizar de novo métodos duros de confrontação" que costumam "alimentar" o conflito, criticou o Ministério das Relações Exteriores russo em comunicado.

- Espanha -

"Desejamps com toda a nossa força que não haja derramamento de sangue", disse Isabel Celáa, porta-voz do governo de Pedro Sánchez, que reconhece Guaidó como presidente encarregado do país.

A porta-voz insistiu que "a solução para a Venezuela tem que partir das mãos de um movimento pacífico, de eleições democráticas. Portanto, a Espanha não apoia nenhum golpe militar", acrescentou.

- Turquia -

O presidente turco Recep Tayyip Erdogan condenou a "tentativa de golpe" na Venezuela.

"Como país que lutou contra golpes de Estado e que experimentou as consequências negativas causadas por golpes, condenamos a tentativa de golpe na Venezuela" disse Erdogan, aliado do presidente Nicolás Maduro, pelo Twitter.

- Itália -

Matteo Salvini, vice-primeiro-ministro e homem forte do governo da Itália - um dos poucos países europeus que não reconhece Guaidó como presidente interino -, pediu o "afastamento do ditador Maduro" da Venezuela assim como uma "solução pacífica e não violenta da crise que leve a eleições livres".

- Reino Unido -

O governo da primeira-ministra britânica, Theresa May, que também reconhece a presidência interina de Guaidó, pediu uma "solução pacífica" para a crise.

"Nosso foco está numa resolução pacífica da crise e na restauração da democracia venezuelana. Os venezuelanos merecem um futuro melhor, eles sofreram o suficiente e o regime de Maduro deve acabar", disse o porta-voz de May.

- Canadá -

O Canadá pediu que se "garanta a segurança" de Guaidó e do opositor Leopoldo López, que deixou sua prisão domiciliar e apareceu reforçando os pedidos para que se tomem as ruas.

"Os venezuelanos que apoiam pacificamente o presidente interino Guaidó devem fazer isso sem temor de intimidação ou de violência", disse a ministra das Relações Exteriores, Chrystia Freeland.

- ONU -

O chefe da ONU, António Guterres, pediu para que se evite toda a violência na Venezuela e se restaure a calma, disse seu porta-voz nesta terça-feira.

"O secretário-geral pede a todas as partes que exerçam o máximo de autocontrole, e a todos os envolvidos para evitar qualquer tipo de violência e que tomem medidas para restaurar a calma", disse Stephane Dujarric aos jornalistas.

- Síria -

O governo sírio condenou "firmemente" um "golpe de Estado fracassado" na Venezuela e acusou Washington de prejudicar a estabilidade do país "por todos os meios possíveis" para colocar a Venezuela "na órbita da política americana".

- Irã -

O ministro iraniano das Relações Exteriores, Mohammad Javad Zarif, declarou que o governo iraniano apoiava o Executivo de Nicolás Maduro e que se sentia "feliz" pelo "fracasso do golpe de Estado". Ele também destacou a "necessidade de um diálogo" interno na Venezuela.

Os chefes do estado-maior das Forças Armadas de Estados Unidos e Rússia reuniram-se na Áustria nesta segunda-feira para discutir a situação na Síria, onde uma força militar residual americana será mantida após a derrota territorial do grupo radical Estado Islâmico (EI).

O general Joseph Dunford, chefe do Estado-Maior Conjunto dos Estados Unidos, reuniu-se em Viena com o general Valery Gerasimov, seu colega russo, confirmou o porta-voz de Dunford, coronel Pat Ryder.

"Os dois chefes militares discutiram a prevenção de conflitos entre as operações da coalizão e as russas na , e trocaram pontos de vista sobre a situação das relações militares entre Estados Unidos e Rússia, bem como a atual situação de segurança internacional na Europa e outros temas-chave", disse Ryder, citado em comunicado.

Desde a entrada da Rússia nesse conflito, em 2015, Moscou e Washington fecharam um acordo para delimitar suas zonas de operação contra o EI e evitar qualquer incidente entre suas respectivas tropas.

"Ambos os comandantes reconhecem a importância de se manter uma comunicação regular para evitar erros de cálculo e promover a transparência e prevenção de conflitos nas áreas onde nossos militares estão operando muito próximos", disse Ryder.

A reunião é a primeira desde junho, e acontece em meio a uma tensão intensa entre Washington e Moscou, no momento em que o Pentágono busca um novo enfoque sobre a Rússia como competidor "de grande poderio".

O presidente americano, Donald Trump, decidiu em dezembro retirar suas tropas mobilizadas no nordeste da Síria, onde cooperaram com forças curdas para expulsar o EI, mas concordou, no fim de fevereiro, em manter um contingente de 200 militares naquele país árabe.

Há 30 anos, as tropas soviéticas se retiravam do Afeganistão, após 10 anos de guerra.

A seguir as principais etapas do conflito afegão desde o início da invasão soviética, em 1979.

- 1979-89: Ocupação soviética -

Em dezembro de 1979, Moscou desloca a frente da Guerra Fria ao invadir este país empobrecido, remoto e montanhoso no limite com o sul da Ásia e Oriente Médio, para implantar o comunismo.

Os resistentes afegãos, apoiados pelo Ocidente - liderado pelos Estados Unidos - cercam o Exército Vermelho até que este abandona o país em fevereiro de 1989.

- 1992-96: a época das guerras civis -

Em 1992, a queda do governo comunista do presidente Mohammad Najibullah provoca o início de uma violenta guerra civil entre facções afegãs, que deixou em dois anos quase 100.000 mortos e destruiu parcialmente a capital, Cabul.

A partir de 1994 os talibãs, combatentes islamitas fundamentalistas apoiados pelo Paquistão, avançam a partir do sul afegão.

- 1996-2001: sob o jugo dos talibãs -

Os talibãs tomam o poder em Cabul e instalam um regime baseado em uma interpretação rigorosa da lei islâmica, que proíbe que as mulheres trabalhem e estudem, além de obrigá-las a usar o véu integral fora de casa. O governo também proíbe a música.

Sob sanções da ONU, o regime talibã, dirigido pelo mulá Omar, se aproxima da Al-Qaeda e recebe seu líder, Osama Bin Laden.

- Final de 2001: Invasão ocidental -

Após os atentados de 11 de setembro de 2001 cometidos pela Al-Qaeda em Nova York e Washington, soldados dos Estados Unidos invadem o Afeganistão à frente de uma coalizão ocidental e derrubam os talibãs.

Estados Unidos e Otan expulsam os talibãs, instalam Hamid Karzai no poder, injetam bilhões de dólares em ajuda para reconstruir o país e mobilizam 150.000 soldados para ajudar o governo afegão a garantir a segurança.

Os talibãs se escondem ou fogem para países vizinhos, especialmente o Paquistão, e depois retomam um rebelião contra o governo afegão e a Otan.

- 2014: retirada da Otan -

A força de combate da Otan (ISAF, International Security Assistance Force) deixa o país depois de 13 anos de conflito no Afeganistão, com um balanço discreto pela intensa pressão da insurreição talibã.

A Otan permanece no Afeganistão no âmbito da missão "Apoio Resoluto", mas os talibãs prosseguem com suas ações: o número de atentados aumenta, sobretudo em Cabul, onde a população civil paga um preço elevado, sobretudo a partir do surgimento em 2015 do grupo extremista Estado Islâmico (EI).

No fim de 2018, o presidente americano, Donald Trump, anuncia a intenção de abandonar o país. De modo paralelo, Washington aumenta as negociações diretas com os talibãs, que também negociam com a Rússia em Moscou.

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