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A pandemia do novo coronavírus tem deixado um passivo preocupante para a administração do presidente Donald Trump, nos Estados Unidos. Nas últimas cinco semanas, o país registrou 22 milhões de pessoas sem emprego, representando 13,5% da força de trabalho. Segundo o The New York Times, trata-se do mesmo número de empregos criados após a crise financeira de 2008.

O Departamento de Comércio apontou uma queda mensal nas vendas do varejo não vista nos últimos 30 anos, acrescentando que o declínio da produção industrial só é comparada ao período após a Segunda Guerra Mundial. "Não há para onde fugir. Esta é a recessão mais rápida, profunda e ampla que já vimos", disse Diane Swonk, economista-chefe da consultoria financeira Grant Thornton, em Chicago, à publicação.

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Trump anunciaria na quinta-feira (16) novas diretrizes para reativar a economia do país após isolamento de um mês em reação à pandemia, apesar dos temores de especialistas de saúde, governadores e líderes empresariais sobre uma ressurgência de casos sem mais exames e protocolos em vigor.

As medidas para conter a pandemia levaram a economia do país a níveis que não eram vistos desde a Grande Depressão, em 1929, já que um recorde de mais de 20 milhões de americanos solicitaram auxílio-desemprego. Só na semana passada foram 5,2 milhões, o que elevou o índice de desemprego dos EUA a 8,2%. Os números de desemprego pressionam ainda mais Trump, que apostou sua reeleição em novembro na força da economia americana.

Na quarta-feira, ele disse que dados levavam a crer que os casos novos da covid-19 atingiram o pico e que líderes industriais que participaram de uma rodada de telefonemas lhe ofereceram boas perspectivas para reativar a economia com segurança. Mas o chefe de um grande sindicato alertou o presidente a não reabrir a menos que a segurança dos trabalhadores possa ser garantida, e executivos-chefes de algumas das maiores empresas do país disseram a Trump que mais exames são necessários para garantir a segurança, de acordo com diversas reportagens da mídia. "Estamos em uma boa situação, e posso lhes garantir que a diretriz a ser apresentada hoje (quinta-feira) está alinhada com o que os especialistas estão dizendo, está alinhada com o que os dados estão mostrando e é um plano para recolocar a economia nos eixos", disse na quinta-feira a porta-voz da Casa Branca, Kayleigh McEnany, à rede Fox News.

Mercado

Na expectativa pela retomada das atividades no país, as Bolsas ganharam força no fim dos negócios, depois de operar com volatilidade durante o pregão. O índice Dow Jones fechou em alta de 0,56%; o S&P 500, 0,14%; e a bolsa eletrônica Nasdaq, avançou de 1,66%.

Vários dirigentes do Federal Reserve (Fed, o banco central americano)) se pronunciaram durante o dia, em geral mostrando cautela com o quadro atual, mas também expectativa de melhora adiante. Os juros dos Treasuries não traçaram direção única e o dólar voltou a se fortalecer, no que para alguns analistas é uma mostra das dúvidas sobre a recuperação. Entre as commodities, o petróleo WTI fechou estável e o Brent subiu modestamente, com os contratos mantendo o nível bastante fraco atual, diante da forte queda na demanda referendada mais cedo em relatório da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep).

Após as notícias vindas também da Europa sobre preparativos para uma estratégia de retomada econômica em Alemanha, Itália e Espanha, entre outras nações, o presidente americano tem procurado passar uma mensagem otimista.

A agência de classificação de risco Standard & Poor's previu na quinta que o Produto Interno Bruto (PIB) americano recuará 5,3% neste ano, projetando um recuo anualizado "histórico" de quase 35% no segundo trimestre e dizendo esperar que a reabertura "ao menos parcial" ocorra no terceiro trimestre.

O BBH comenta em relatório que não há uma política nacional uniforme para restrições nos EUA, com governadores e autoridades locais tendo um papel para definir a severidade das medidas de distanciamento físico. O governo Trump tem aventado 1º de maio como uma data possível, "mas nada está confirmado", diz o banco, lembrando também a divergência entre Trump e alguns governadores sobre o tema.

A IHS Markit, por sua vez, acredita que na América Latina existe "alto risco" de compras por pânico degenerarem em saques, dizendo que pode haver alguns confrontos entre as forças de segurança e moradores que se recusam a seguir as diretrizes para conter a disseminação da doença. O Rabobank afirma que "claramente, quarentenas destroem a economia", mas aponta para alguns fatores a se considerar, como o de que a volta ao normal não virá de uma vez e que, se esse processo não for feito corretamente, haverá uma nova onda de infectados.

Entre os dirigentes do Fed, Raphael Bostic (Atlanta) disse que, enquanto as pessoas tiverem medo de pegar a doença, a economia não voltará ao normal. John Williams (Nova York), por sua vez, comentou que os estresses nos mercados financeiros não devem terminar até que a pandemia "esteja superada", enquanto Patrick Harker (Filadélfia) previu que a retomada não será repentina e disse que a política monetária deve continuar acomodatícia "por bastante tempo". / GABRIEL BUENO DA COSTA E AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O presidente Jair Bolsonaro afirmou na noite deste domingo (22) que a crise de emprego originada pela paralisação de boa parte da atividade econômica nos Estados é "muito pior do que o próprio coronavírus vem causando no Brasil e pode causar ainda". "Mais importante que a economia é a vida. Mas nós não podemos extrapolar na dose. Com o desemprego aí, a catástrofe será maior", declarou o presidente ao programa Domingo Espetacular, da Record TV.

Na entrevista, Bolsonaro chamou "parte" dos governadores de "verdadeiros exterminadores de emprego", em uma crítica às medidas de restrição de movimento e fechamento de comércios tomada por alguns chefes de Executivos estaduais, como João Doria (PSDB-SP) e Wilson Witzel (PSC-RJ). E, dirigindo-se aos mesmos alvos, pediu: "Não exterminem empregos, senhores governadores, sejam responsáveis."

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Segundo o presidente, "a grande mídia" e governadores estão "de olho" na sua cadeira e querem tirá-lo do poder "de qualquer maneira". "Se puder antecipar minha saída, eles farão isso daí. Mas da minha parte não terão oportunidade disso."

Questionado sobre o que Palácio do Planalto está fazendo para se prevenir contra casos de desabastecimento, Bolsonaro respondeu que o governo está se preparando ao comprar "equipamentos hospitalares" e "fazendo videoconferências, conversando". Ele disse que teria ainda hoje, ao lado do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, videoconferências com prefeitos de 20 grandes cidades.

"Estamos fazendo o contato direto com os prefeitos porque é lá que o povo vive, e não na fantasia de alguns governadores", acrescentou. Ele também afirmou que o trabalho do governo federal é "acalmar a população e evitar que o pânico chegue no meio da população".

Logo no início da entrevista, Bolsonaro partiu para a ofensiva contra o governador de São Paulo, João Doria (PSDB). "As pessoas que reclamam de mim, que não tomou (sic) providência, como por exemplo aí o senhor governador de São Paulo, têm que lembrar que no dia 23 de fevereiro ele estava na Sapucaí, no Rio de Janeiro. (Dias depois) Ele estava no lançamento da CNN (Brasil) com 1.300 pessoas do seu lado."

"Brevemente o povo saberá que foi enganado por esses governadores e por grande parte da mídia nessa questão do coronavírus", afirmou Bolsonaro. "Espero que não venham me culpar lá na frente pela quantidade de milhões e milhões de desempregados na minha pessoa."

Um dos veteranos da televisão brasileira está prestes a engrossar a lista de desempregados. Stênio Garcia, de 88 anos de vida e 47 de TV Globo, vai ter seu contrato encerrado pela emissora. Preocupado, o ator tem usado suas redes sociais para pedir ajuda pois garante que será "difícil" viver apenas de sua aposentadoria de R$ 5 mil. 

Stênio publicou um vídeo, no perfil de sua esposa, Mari Saade, informando do seu problema. "No dia 4 de março recebi um cartão vermelho e se eu não for escalado ou reservado até o dia 30 de março terei o meu contrato abruptamente interrompido". Com o prazo estipulado se aproximando, ele tem ficado cada vez mais preocupado. Em entrevista ao UOl, ele disse que o que ganha como aposentado não seria o suficiente para sobreviver. "A minha aposentadoria é em torno de R$ 5 mil. Sem o salário é difícil viver, porque ajudo minha família também. Os meus medicamentos mensais já custam mais ou menos o valor da minha aposentadoria".

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Mari Saade também falou na mesma entrevista e revelou que o esposo chegou a adoecer por conta da tensão em relação ao trabalho. "Ele está em estado de choque e isso vem junto com uma depressão, com um desnorteamento". Uma fã de Garcia criou uma campanha virtual para tentar reverter a situação. O abaixo assinado já conta com mais de 360 assinaturas e pede para que diretores e roteiristas chamem o ator para trabalhar. 

Nesta sexta-feira (14), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgou dados apontando recorde de informalidade na maior parte dos estados brasileiros.

Segundo os dados divulgados pelo IBGE, a taxa de informalidade chegou a 41,1%. Os dados são referentes a 2019 e apontam a maior taxa para o índice desde 2016.

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Entres os estados, a informalidade bateu recorde em 20 unidades federativas. Os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad) apontam também que houve queda no desemprego em 16 estados. No entanto, o principal impulso para a queda é a informalidade.

Os trabalhadores informais são aqueles sem carteira assinada, domésticos também sem carteira, auxiliares de família, trabalhadores por conta própria sem CNPJ e empregadores sem CNPJ. Ao todo são 38,4 milhões de trabalhadores informais no Brasil.

Segundo os dados da Pnad, a informalidade atingiu recordes em Alagoas, Amapá, Amazonas, Bahia, Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Piauí, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Rio de Janeiro, Rondônia, Roraima, São Paulo, Sergipe e Tocantins.

Nesse contexto, a taxa de desemprego diminuiu de 12,3% em 2018 para 11,9% em 2019, segundo os dados do IBGE.

Em entrevista ao site do IBGE, a analista da pesquisa, Adriana Beringuy, explicou que o aumento da informalidade teve impacto significativo na diminuição do desemprego. Segundo ela, dentre as 1,819 milhão de pessoas a mais na taxa de ocupação, pelo menos 1 milhão se tornaram trabalhadoras informais.

“Em praticamente todo o país, quem tem sustentado o crescimento da ocupação é a informalidade”, afirmou Beringuy ao IBGE.

Da Sputnik Brasil

O número de pessoas desempregadas no mundo deve aumentar este ano para 190,5 milhões, embora o subemprego afete mais do que o dobro de pessoas, de acordo com um relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT) publicado nesta segunda-feira (20).

Em seu relatório anual sobre o emprego no mundo, a OIT indica que, após permanecer "relativamente estável nos últimos nove anos", o desemprego em todo o mundo deve aumentar novamente devido à desaceleração do crescimento econômico.

O número de desempregados deve aumentar em 2,5 milhões em 2020 porque, enquanto a força de trabalho aumenta, não estão sendo criados empregos suficientes para absorver os recém-chegados ao mercado de trabalho.

A taxa de desemprego global foi de 5,4% em 2019 e deve permanecer em torno desse valor nos próximos dois anos, o que significa que seu declínio progressivo registrado entre 2009 e 2018 define o ritmo.

Ao incluir as pessoas subempregadas ou que não estão procurando mais trabalho, o número chega a 470 milhões, adicionando 165 milhões de pessoas que têm emprego, mas gostariam de trabalhar mais e 120 milhões que abandonaram a busca ativa ou não têm aceso ao mercado de trabalho.

"Para milhões de pessoas comuns, é cada vez mais difícil construir uma vida melhor graças ao trabalho", disse o diretor-geral da OIT, Guy Ryder, em entrevista coletiva.

"A persistência e a amplitude da exclusão e das desigualdades relacionadas ao trabalho impedem que eles encontrem trabalho decente e forjem um futuro melhor. Esta é uma conclusão extremamente preocupante que tem sérias e alarmantes repercussões na coesão social", afirmou.

O acesso ao emprego remunerado não garante trabalho decente. Quase 61% da força de trabalho do mundo realiza trabalhos informais e mal remunerados ou que oferecem pouco ou nenhum acesso à proteção social e aos direitos trabalhistas.

Da mesma forma, mais de 630 milhões de trabalhadores no mundo - isto é, uma em cada cinco pessoas na população ativa do mundo - vive em condições de pobreza extrema ou moderada (definida por ganhos de mais de 3,20 dólares, cerca de 13 reais, por dia em termos de paridade do poder de compra). Espera-se que esse fenômeno aumente em 2020 e 2021 nos países em desenvolvimento.

Quando a paulistana Beatriz Ferreira, de 18 anos, começou a vender panos de prato em uma esquina da avenida Paulista, na região central de São Paulo, no ano passado, ainda nem tinha saído da escola. Com nove desempregados na família, ela não teve outra alternativa, além de sair para tentar ganhar alguns trocados, enquanto os pais tentam voltar para a formalidade.

"A gente tem de aproveitar até a época do Natal, enquanto as pessoas estão circulando mais pelas lojas, para tentar ganhar um pouco mais. Lá em casa, ninguém trabalha registrado e todos têm de se virar para conseguir sobreviver. É duro, mas é o que a gente tem agora e não adianta ficar reclamando", contou, em dezembro.

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Histórias como a dela são cada vez mais frequentes. A crise tirou empregos dos chefes de domicílio ou fez com que eles tivessem de aceitar novas ocupações que não pagavam o suficiente para sustentar a família, levando os companheiros e filhos a anteciparem a entrada no mercado, muitas vezes pelo caminho da informalidade.

Dados mais recentes da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, do terceiro trimestre de 2019, apontam que a taxa de participação de dependentes no mercado de trabalho alcançou 60,1% - mais do que no mesmo período de 2018 (58,8%) e bem acima do que havia sido registrado em 2014, antes da recessão, quando os dependentes eram 55,8%.

No terceiro trimestre do ano passado, eram 59,2 milhões de brasileiros que não eram chefes de domicílio e faziam parte da mão de obra disponível - 6 milhões a mais do que cinco anos antes, quando o País não tinha enfrentado a recessão.

Os números, compilados para o Estado pela consultoria IDados, também mostram que os chefes de família ainda são maioria na força de trabalho, mas o desemprego e a dificuldade de recolocação tornaram cada vez mais difícil para eles a conquista do emprego.

No fim de 2012, ano em que a Pnad começou a ser feita, a participação desses chefes de domicílio no mercado de trabalho batia em quase 70%. Sete anos depois a queda registrada é de quase quatro pontos porcentuais.

Para Bruno Ottoni, economista da iDados, esse cenário é ilustrativo da atual situação do mercado de trabalho: a recuperação até ocorreu em 2019, mas foi lenta e puxada por vagas de menor remuneração. "A participação dos mais jovens aumentou quase três pontos porcentuais desde a recessão; a de mulheres, quatro pontos porcentuais. A família precisou se reorganizar para tentar se manter", avalia.

"Há um esforço de toda família, e o desemprego de longa duração leva a pessoa a agarrar a primeira oportunidade", diz Clemente Ganz Lúcio, diretor técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).

Informalidade X carteira assinada

A entrada antecipada e em condições adversas de um jovem no mercado de trabalho, para compensar a perda de renda da família, pode condenar esses trabalhadores a anos de informalidade e baixa remuneração.

O economista da consultoria IDados Bruno Ottoni lembra que a falta de experiência e a necessidade forçam os dependentes a caírem na informalidade. "Quando se é jovem e é preciso procurar trabalho nessas condições adversas, alguns são obrigados a parar de estudar. Esse trabalhador deixa de acumular capital humano e só consegue vagas de baixa remuneração."

No trimestre móvel encerrado em novembro, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, do IBGE, as ocupações sem carteira lideraram a geração de vagas, e houve recorde de 38,8 milhões de informais. Sérgio Firpo, do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper), lembra que o trabalhador que começa na informalidade tem mais chances de permanecer sem carteira. "Ele terá menos oportunidades depois, mesmo quando a economia se recuperar."

'Jovem não conquista o que os pais alcançaram'

Para o sociólogo José Pastore, que é presidente do Conselho de Emprego e Relações do Trabalho da FecomercioSP e professor da Universidade de São Paulo (USP), as dificuldades que os mais jovens enfrentam hoje no mercado de trabalho são maiores do que as que seus pais enfrentaram, tanto pela necessidade de treinamento e atualização, quanto pelos reflexos da recessão de 2015 e 2016, que tirou o emprego de chefes de família e antecipou a entrada no mercado de jovens com qualificação incompleta. A seguir, trechos da entrevista.

Quem entra no mercado hoje se depara com uma situação pior do que há cinco ou dez anos. O que mudou em tão pouco tempo?

Há dois fatores: a recessão do Brasil, que ainda não foi embora, e a diversificação das profissões, que está exigindo mais das pessoas. Os jovens acabam sendo os mais vulneráveis. Há dez anos, as tecnologias entravam para substituir atividades repetitivas e que pagavam menos, como as de uma linha de montagem, por exemplo. A tecnologia transforma, cria e destrói profissões. O que acontece é que as mudanças nunca foram tão rápidas.

Hoje não é mais assim?

Hoje, os robôs, a inteligência artificial e as impressoras 3-D estão substituindo atividades que exigem mais conhecimento e habilidade intelectual. Uma pessoa que era chefe de estoque de um supermercado pode ser substituída pelo sistema da caixa registradora, que já dá baixa no estoque quando uma venda é feita. Quem está sendo substituído não é mais só o trabalhador mais humilde, mas também o de classe média, com educação secundária e renda de R$ 4 mil.

A geração mais jovem acaba se sentindo frustrada ao tentar buscar o primeiro emprego?

Para os mais jovens, está mais difícil chegar na posição que os pais alcançaram com a mesma idade. Eles não conquistam mais o que os pais alcançaram e não há mais tantas perspectivas de subir a escala social no curto prazo. Muitos deles ficam frustrados, desanimados, se sentem inferiores em relação aos pais. Essa percepção cria um ambiente negativo, e faz crescer, em praticamente todos os países do mundo, movimentos populistas que se aproveitam dessa camada social que perdeu a oportunidade de ascender. Se eles não conseguem nem mesmo um primeiro emprego protegido pelos benefícios da ocupação formal, isso tem sérios reflexos para a sociedade.

É um abismo geracional?

É uma situação completamente diferente daquela de 50 anos atrás. Se olharmos o mercado algumas décadas antes do fim dos anos 1970, é possível ver que o Brasil tinha uma quantidade grande de pessoas que ascenderam socialmente. Elas se mudaram do campo para a cidade, foram atuar na indústria, entraram como aprendizes e chegaram a gerentes. Hoje, esse fenômeno de bons empregos estáveis só existe na área de alta tecnologia.

É exagero falar em uma 'geração perdida' de trabalhadores?

Os que têm mais qualificação, mas caem na informalidade por falta de uma opção melhor, têm mais chances de melhorar de trabalho, quando a economia se recuperar. É o engenheiro que 'está' motorista de Uber. Mas quem entra na informalidade por falta de qualificação, mesmo quando a economia melhorar, não vai muito além daquela função. Esse trabalhador vai ter um processo lento e doloroso de melhoria social. Na literatura, aparece com frequência que o desemprego prolongado entre os jovens desemboca em uma geração perdida. Além de a pessoa desanimar, fica obsoleta e perde condições de acompanhar as mudanças tecnológicas. Uma parte dos trabalhadores brasileiros pode, sim, entrar nessa conta triste.

A crise coincide com a entrada de serviços via aplicativos, que costumam atrair muitos jovens. É uma precarização do trabalho?

Eu acredito que seja, sim, uma forma de precarização. Esse tipo de trabalho, por aplicativos, está fora de qualquer vínculo empregatício. E é sempre bom lembrar que a proteção trabalhista e o acesso ao sistema de Previdência se baseia no vínculo de emprego. A grande maioria dessas pessoas, que têm ganhado a vida penduradas em garupas de moto ou dirigindo carros alugados por horas, não tem proteção alguma. O mundo inteiro está procurando sistemas para proteger quem é autônomo ou trabalha sob demanda. Todos esses são seres humanos que adoecem, envelhecem, precisam tirar licença. É importante garantir, pelo menos isso para essas pessoas.

O que fazer para facilitar a entrada dos mais jovens em postos de trabalho melhores?

A coisa mais fundamental é melhorar a educação básica, para que as pessoas consigam acompanhar e absorver as mudanças tecnológicas em curso. Os países ricos fazem educação continuada, em que o cidadão fica constantemente estudando e procurando absorver as novidades do processo produtivo, das formas de gerenciamento e de administração. No Japão, os jovens são recrutados no último ano da faculdade, e as empresas só param de treiná-lo quando ele se aposenta. Na Alemanha, a experiência é unir escola e empresas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Na contramão dos analistas do mercado financeiro, o diretor técnico do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Clemente Ganz Lúcio, não vê motivos para comemorar a taxa de desemprego no trimestre encerrado em novembro, de 11,2%, divulgada nesta sexta-feira pelo IBGE. O mercado, segundo expectativas colhidas pelo Projeções Broadcast, esperava por uma taxa de 11,4%, que já seria a menor desde junho de 2016.

O diretor do Dieese destacou que 38,833 milhões ou 41,1% das pessoas em idade ativa ainda encontram-se na informalidade, segundo os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad).

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Para Lúcio, um dos grandes problemas de se ter quase 50% da população em idade de trabalho atuando na informalidade é a dificuldade que a Previdência terá para se financiar.

"Do jeito que a coisa está andando, o governo se verá obrigado a conceder BPC (Benefício de Prestação Continuada) para grande parte da população e quem puder vai ter de recorrer à capitalização", alertou.

Segundo o diretor do Dieese, o País vive um desemprego estrutural resultante de uma mudança também estrutural da economia brasileira, que combina desindustrialização com venda de patrimônio, e que tenta se compensar com postos de trabalho precários.

"Partes destes empregos são informais, parte ilegais por serem assalariados sem carteira. Ou seja, a formalidade é precária, a informalidade cresce e a gente está perdendo densidade industrial, o que significa que esse mercado de trabalho não se sustenta", pondera Lúcio. Ele chama atenção ainda para o aumento das jornadas parciais e trabalhos intermitentes.

No longo prazo, esses fatores não só comprometem o mercado de trabalho como a demanda. De acordo com ele, é possível que mais pessoas numa família passarão a fazer uma jornada maior de trabalho para manter a mesma renda que antes uma só pessoa garantia. "Um chefe de família trabalhava para ganhar R$ 5 mil e agora três pessoas terão de trabalhar para ganhar os mesmos R$ 5 mil", exemplificou o diretor do Dieese.

Para Lúcio, não há dúvida de que, no curtíssimo prazo, para quem não ganhava nada, um emprego mesmo que precário é positivo. O problema é o longo prazo, quando a idade chega e essa pessoa não tem proteção social. "Se isso continuar, logo o governo vai ter de começar a pensar em outra reforma da Previdência", disse.

O elevado nível de informalidade no mercado de trabalho prejudica não apenas o poder de compra dos trabalhadores mas também a contribuição para a Previdência, avaliou Adriana Beringuy, analista da Coordenação de Trabalho e Rendimento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A proporção de trabalhadores ocupados contribuindo para a Previdência Social ficou em 62,6% no trimestre encerrado em novembro, segundo os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua).

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"A massa de renda cresce via ocupação, não cresce via rendimento. A despeito de ter mais gente trabalhando, o rendimento médio do trabalho não está reagindo. As ocupações informais têm rendimentos mais baixos, esses trabalhadores acabam não recolhendo (contribuição) para a Previdência. Então (a informalidade) tem aí impactos na economia e em termos também previdenciários", disse Adriana.

Embora o País tenha atingido no trimestre encerrado em novembro um recorde de pessoas trabalhando - 94,416 milhões de brasileiros - , o mercado de trabalhou registrou também um ápice de 38,833 milhões de trabalhadores atuando na informalidade.

O levantamento, considerado uma proxy da informalidade, inclui os empregados do setor privado sem carteira assinada, os trabalhadores domésticos sem carteira assinada, os trabalhadores por conta própria sem CNPJ, os empregadores sem CNPJ e o trabalhador familiar auxiliar.

A queda na taxa de desemprego mostra um mercado de trabalho que segue se recuperando lentamente, mas com uma ligeira melhora no cenário dos últimos meses. As ocupações informais permanecem liderando a geração de vagas. No trimestre encerrado em novembro, a taxa de desocupação no Brasil ficou em 11,2%, de acordo com os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) divulgados nesta sexta-feira (27), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O total de desempregados é de 11,863 milhões de pessoas.

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O resultado surpreendeu positivamente o mercado, por vir abaixo do esperado. Segundo levantamento realizado pelo Broadcast, serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado, os analistas estimavam uma taxa de desemprego entre 11,3% e 11,5%, com mediana de 11,4%.

Comparações

Como comparação, em igual período de 2018, a taxa de desemprego medida pela Pnad Contínua estava em 11,6%. No trimestre até outubro deste ano, a taxa também foi de 11,6%.

Renda média

A renda média real do trabalhador no trimestre encerrado em novembro foi de R$ 2.332. O resultado representa alta de 1,2% em relação ao mesmo período do ano anterior.

A massa de renda real habitual paga aos ocupados somou R$ R$ 215,104 bilhões no trimestre até novembro, alta de 3,0% ante igual período do ano anterior.

Informalidade

Já a taxa de informalidade (considerando a soma de todas as ocupações consideradas informais) ficou em 41,1% no trimestre até novembro. Com isso, o Brasil tem um recorde de 38,833 milhões de brasileiros atuando na informalidade.

A Prefeitura do Recife anunciou, nesta quinta-feira (19) uma iniciativa chamada ‘Vem Meu Emprego’, que fornecerá, gratuitamente, um cartão VEM com 20 passagens anel A, por mês, para quem está procurando trabalho. As agências também vão ajudar os trabalhadores a elaborar e imprimir gratuitamente 10 currículos para auxiliar na busca por emprego.

Para ser beneficiado, é necessário ter mais de 18 anos, ter trabalhado por pelo menos seis meses, morar no Recife e ter sido demitido de um emprego no qual permaneceu por pelo menos seis meses e ganhava até 2 salários mínimos. Os cartões serão entregues a partir do dia 23 de dezembro, a partir das 14h, nas agências de emprego da Prefeitura do Recife, localizadas na avenida Rio Branco n°155, no Bairro do Recife, e na avenida Norte, n° 5600.

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Para confeccionar os currículos e receber o cartão VEM, os interessados devem comparecer às agências para dar entrada no Seguro Desemprego, levando cópia da rescisão do contrato de trabalho, comprovando a data da demissão e a faixa salarial, além de comprovante de residência. Ao todo, serão mil beneficiários por mês. 

O Prefeito do Recife, Geraldo Júlio (PSB), afirmou que a criação do Vem Meu Emprego é “mais uma ajuda para o desempregado e para quem está precisando”. Questionado sobre o número de desempregados que há atualmente no Recife, o prefeito foi evasivo afirmando apenas que o desemprego em alta no Brasil também afeta o a cidade. 

“A gente tem um desemprego no Brasil que saiu da casa de 6% para 12%. (...) Desde a reforma trabalhista praticamente 9 de cada 10 vagas são na informalidade, essa é uma situação que o Brasil inteiro está enfrentando e a gente não é diferente. Aqui no Recife tem muita gente procurando trabalho e é por isso que a gente está ajudando”, disse ele.

Questionado sobre o motivo de a ação se restringir a trabalhadores recém-demitidos, o secretário de Trabalho, Qualificação e Empreendedorismo (STQE), Antônio Júnior, afirmou que é impossível abarcar todos os desempregados da cidade e o Vem Meu Emprego tem foco em evitar o desalento. 

“Outras ações continuarão sendo feitas através das agências do emprego, da sala do empreendedor. Agora tem mais esse programa para tentar atingir esse pessoal que acabou de ser desempregado e ainda tá quentinho, como diz a história, e não deixou o currículo esfriar e a gente não deixará que ele se desalente”, disse ele. 

O secretário afirmou ainda que o projeto terá duração garantida até o final da gestão do atual prefeito. Perguntado se haveria negociações com a próxima gestão, Antônio Júnior respondeu que haveria tentativas de negociação.

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De acordo com dados da Fundação Getúlio Vargas (FGV), por meio do Indicador Antecedente de Emprego (Iaemp), em uma escala de zero a 200, houve alta de 2,6 na passagem de outubro para novembro no número de vagas disponíveis. A pesquisa mostra que o índice alcançou 88,4 pontos, sendo o maior nível desde abril deste ano (92,5 pontos). É importante ressaltar que o índice é calculado com base em entrevistas com consumidores e empresários da indústria e do setor de serviços, com o objetivo de antecipar a tendência do mercado de trabalho nos próximos meses.

No entanto, outro indicador sobre o mercado de trabalho da FGV, o Indicador Coincidente de Desemprego (ICD), teve piora no período: 96,1 pontos, dez a mais do que a média da série histórica iniciada em 2005 (84,2 pontos). O ICD é calculado com base na percepção dos consumidores sobre o desemprego atual e medido em uma escala invertida de zero a 200 pontos, em que quanto maior for a pontuação pior será o resultado. Para o garçom Deiviti Matias, 35 anos, o número de vagas disponíveis continua na mesma durante esse período. "Alguns setores, como o comércio, podem ter tido aumento por conta das festas, mas em uma situação geral, o ano todo foi ruim", diz. O profissional é casado e tem quatro filhas. Natural de São Paulo, mora atualmente em Goiânia e, com menos de um salário mínimo e meio, tem que arcar com as despesas da família, o que inclui o aluguel.

O garçom, que antes trabalhava em uma marmoraria, ficou desempregado por dois meses e começou a trabalhar há pouco, acredita que muitas pessoas não conseguem suprir a renda mensal apenas com um emprego e têm que complementar a renda com trabalhos freelance. Isso acontece com Patrícia Santos, 31 anos. Depois de dois anos sem registro em carteira, ela voltou a trabalhar neste último trimestre na antiga empresa em que foi mandada embora. Entretanto, a costureira não consegue manter a renda familiar apenas com o salário fixo, pois é a única provedora da casa.

Em 2018, o pai da profissional sofreu um acidente vascular cerebral (AVC) e não pôde mais trabalhar, fazendo com que a costureira precisasse muito de trabalhos freelance. Para complementar a renda, Patrícia atende clientes a domicilio em diversas regiões de Guarulhos (SP) com o serviço de cabelereira, manicure e depiladora. "Meu salário não é compatível com os meus gastos atuais e com as necessidades do meu pai, que teve a mobilidade reduzida. Eu preciso continuar atendendo as minhas clientes", afirma.

O volume de serviços no país avançou 0,8% na passagem de setembro para outubro deste ano. Essa é a segunda alta consecutiva do indicador, que acumula crescimento de 2,2% no período. Os dados fazem parte da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) divulgada na última quinta-feira (12) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). As informações mostram que serviços complementares e freelances aumentaram 0,1% no período.

Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad Contínua), o Brasil possuía 4,703 milhões de pessoas em situação de desalento no trimestre encerrado em setembro de 2019. A população desalentada é aquela que estava fora da força de trabalho por diversas razões, principalmente por procurar trabalho durante longos períodos e não conseguir encontrar. A técnica agrícola Gleicyane das Graças, 26 anos, se enquadra dentro dessa estatística: a profissional permaneceu desempregada de janeiro a setembro deste ano, conseguindo uma vaga efetiva apenas em outubro e fora de sua área de formação. Após se mudar do interior de Minas Gerais para Maceió (Alagoas), a profissional precisou se sujeitar a outra modalidade de emprego – no caso dela, o call center.

 

Confiança do consumidor e perspectiva de futuro

Outubro registrou queda de confiança nas classes econômicas com menor poder aquisitivo. O Índice de Confiança do Consumidor (ICC) no período ainda apontou que a pretensão de gastos com viagens e presentes de final de ano neste mesmo recorte permanecerá em baixa e que a aplicação média de dinheiro será no pagamento de contas atrasadas.

Para o garçom Deiviti, que foi registrado em uma pizzaria em novembro, a renda adquirida neste último trimestre significa apenas uma coisa: quitação de débitos. "Até por conta do meu trabalho, não tenho como viajar, pois a pizzaria vai funcionar normalmente durante as festas. Essa estabilidade de ter conseguido um emprego agora no final de ano vai me ajudar a quitar as dívidas que ficaram pendentes", explica. Ele ainda afirma que está contente com essa oportunidade de emprego fixo e que pretende permanecer trabalhando neste local no mesmo período do ano que vem. Além disso, Deiviti diz que quer arrumar mais uma ocupação durante o dia para complementar a renda, já que na casa somente ele trabalha.

Já a costureira Patrícia pretende economizar o máximo que puder para que no mesmo período de 2020 já tenha conseguido concluir a construção de seu salão de beleza, que é um sonho da profissional. "Eu pretendo estar em outra empresa no ano que vem, no caso, na minha. Espero estar trabalhando só no meu salão", disse.

Gleyciane afirma que em 2020 quer trocar de emprego. A técnica agrícola está se preparando para prestar concurso público. "Estou estudando para mudar de vida. Tenho uma filha, que não mora comigo, e tenho que mandar dinheiro para pagar as contas dela todo mês, além das minhas. Não é fácil conseguir tudo isso com apenas um salário mínimo", conclui.

A taxa de desemprego no Brasil ficou em 11,6% no trimestre encerrado em outubro, atingindo 12,4 milhões de pessoas, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatistica (IBGE).

A redução da população desempregada no mercado de trabalho diminuiu o ritmo no trimestre móvel terminado em outubro, destacou a analista da Coordenação de Trabalho e Rendimento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Adriana Berenguy.

Segundo os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) divulgados mais cedo, a população desocupada, que atingiu o contingente de 12,367 milhões de pessoas, caiu 1,6% ante o trimestre móvel encerrado em julho. No trimestre até julho, a queda tinha sido de 4,6%.

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Para Berenguy, essa perda de ritmo é insuficiente para sinalizar mudança de trajetória na lenta recuperação do mercado de trabalho. O cenário de avanços lentos, deixando o pior para trás, com geração de vagas via ocupações marcadas pela informalidade, se mantém, disse a pesquisadora.

Apesar da perda de ritmo na queda do contingente de desempregados, o crescimento da população ocupada, ou seja, a geração de vagas, segue superior à diminuição da população desocupada. "Não parece ser que a desocupação está caindo em ritmo menor por não ter absorção (na população ocupada). A geração é praticamente o dobro da queda da desocupação", afirmou Berenguy.

Os dados da Pnad Contínua mostram que a população ocupada atingiu o recorde de 94,055 milhões de pessoas no trimestre terminado em outubro, alta de 0,5% ante o trimestre móvel encerrado em julho, com 470 mil trabalhadores a mais. A queda de 1,6% no contingente de desempregados significou 202 mil trabalhadores a menos na fila do desemprego, ou seja, a metade do contingente que entrou para o grupo de ocupados.

Por outro lado, o crescimento da população ocupada também perdeu fôlego. No trimestre móvel encerrado em julho, o avanço sobre o trimestre imediatamente anterior tinha sido de 1,3%.

No desagregado por setores da economia, o comércio foi destaque na geração de vagas no período de um trimestre. São 204 mil pessoas a mais trabalhando na área na passagem do trimestre terminado em julho para o trimestre encerrado em outubro, um avanço de 1,2%. A construção civil foi o segundo setor em geração de vagas, com 197 mil vagas a mais na mesma comparação, alta de 3,0%.

"O que está levantando a construção é o setor imobiliário, principalmente no Sudeste", afirmou Berenguy, lembrando que o movimento na construção é puxado pela informalidade, com geração de vagas para trabalhadores por conta própria ou empregados sem carteira no setor privado.

O índice de desemprego registrou queda em outubro na zona do euro e retornou ao nível de 2008, enquanto a inflação subiu, de acordo com os dados publicados pela agência europeia de estatísticas (Eurostat).

A taxa de desemprego na Eurozona caiu em outubro ao menor nível desde julho de 2008, a 7,5%. Em setembro, a taxa foi de 7,6%. O desemprego na Eurozona está em queda desde setembro de 2016, quando ficou abaixo da barreira simbólica de 10%.

No pior momento da crise da dívida, a taxa de desemprego atingiu o recorde de 12,1% em abril, maio e junho de 2013. A Alemanha, com 3,1% em outubro, teve o menor índice entre os 19 países que compartilham a moeda única.

A Grécia registrou a maior taxa (16,7% em agosto, último dado disponível), seguida pela Espanha (14,2%). Para o conjunto dos 28 países da União Europeia, o desemprego ficou em 6,3% em outubro, estável em relação a setembro.

A inflação em novembro foi de 1,0% em ritmo anual, contra 0,7% de outubro. O índice permaneceu abaixo da meta do Banco Central Europeu (BCE), que defende um índice levemente inferior a 2%.

O resultado é consequência das tensões comerciais em todo o planeta, que paralisam a economia, em particular as potências exportadoras como a Alemanha.

A taxa de desemprego entre os brasileiros que se declaram brancos (9,2%) permaneceu significativamente abaixo no terceiro trimestre da taxa de desocupação dos autodeclarados pretos (14,9%) e pardos (13,6%).

A taxa de desemprego média global no período foi de 11,8%. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira, 19.

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No terceiro trimestre de 2019, a população desempregada totalizou 12,515 milhões de pessoas.

A participação dos pardos foi de 52,5%; a dos brancos, 34,0%; e a dos pretos, 12,7%.

Cerca de 3,2 milhões de pessoas estão à procura de emprego há dois anos ou mais no Brasil. Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – Contínua (Pnad Contínua), divulgada nesta terça-feira (19) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), isso representa 25,2% dos 12,5 milhões de desocupados do país.

Ainda segundo o IBGE, cerca de 1,8 milhão, ou 7,1% dos desocupados, estavam há menos de um mês procurando emprego. A taxa de desemprego no país no terceiro trimestre deste ano, divulgada no fim de outubro, ficou em 11,8%, abaixo dos 12% registrados no segundo trimestre.

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A Pnad-Contínua divulgada hoje trouxe ainda dados sobre taxa de desemprego dos estados. O estado de São Paulo foi o único a apresentar queda na taxa de desemprego do segundo para o terceiro trimestre deste ano. A taxa recuou de 12,8% para 12% no período em São Paulo.

Segundo a pesquisadora da IBGE, Adriana Beringuy, a queda ocorreu devido à redução do número de desempregados e não em função do aumento da ocupação.

Já Rondônia foi o único estado com alta na taxa de desemprego, ao passar de 6,7% para 8,2%. As outras 25 unidades da federação tiveram estabilidade na taxa, de acordo com os dados do IBGE.

As maiores taxas foram observadas nos estados da Bahia (16,8%), Amapá (16,7%) e Pernambuco (15,8%). Já os menores níveis foram registrados em Santa Catarina (5,8%), Mato Grosso do Sul (7,5%) e Mato Grosso (8%).

Na comparação com o terceiro trimestre do ano passado, houve altas em Goiás (que passou de 8,9% para 10,8%) e Mato Grosso (de 6,7% para 8%). Três estados tiveram queda neste tipo de comparação: São Paulo (13,1% para 12%), Alagoas (de 17,1% para 15,4%) e Sergipe (17,5% para 14,7%).

A taxa composta de subutilização da força de trabalho (percentual de pessoas desocupadas ou subocupadas por insuficiência de horas trabalhadas) foi de 24% no país. Maranhão (41,6%) e Piauí (41,1%) apresentam estimativas acima de 40%.

Por outro lado, as menores taxas foram observadas em Santa Catarina (10,6%), Mato Grosso (14,7%), Rio Grande do Sul (16,3%) e Mato Grosso do Sul (16,3%).

Desalentados

O número de desalentados (pessoas que desistiram de procurar emprego) foi de 4,7 milhões de pessoas no terceiro trimestre. Os maiores contingentes estavam na Bahia (781 mil) e no Maranhão (592 mil) e os menores em Roraima (17 mil) e Amapá (19 mil).

O percentual de pessoas desalentadas foi de 4,2%. Os maiores percentuais estavam no Maranhão (18,3%) e Alagoas (16,5%) e os menores em Santa Catarina (1,1%), Rio Grande do Sul (1,3%) e Distrito Federal (1,3%).

Empregos formais

Santa Catarina tinha o maior percentual de empregados com carteira assinada (87,7%). Já o menor percentual estava no Maranhão (49,9%).

As unidades da federação com maior percentual de trabalhadores sem carteira de trabalho assinada no setor privado foram Maranhão (50,1%), Pará (49,9%) e Piauí (49,9%). As menores taxas foram observadas no Rio Grande do Sul (18,1%) e Santa Catarina (12,3%).

A taxa de desocupação permaneceu estatisticamente estável em 25 das 27 Unidades da Federação na passagem do segundo trimestre para o terceiro trimestre deste ano. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) divulgados nesta terça-feira (19) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A taxa de desocupação no total do País no terceiro trimestre de 2019 foi de 11,8%, ante 12,0% no segundo trimestre. No terceiro trimestre do ano passado, a taxa de desocupação era de 11,9%.

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No terceiro trimestre, as maiores taxas foram observadas na Bahia (16,8%), Amapá (16,7%) e Pernambuco (15,8%). Os menores resultados ocorreram em Santa Catarina (5,8%), Mato Grosso do Sul (7,5%) e Mato Grosso (8,0%).

No Estado de São Paulo, a taxa de desocupação recuou de 12,8% no segundo trimestre para 12,0% no terceiro trimestre deste ano.

O IBGE informa que, no terceiro trimestre, o País tinha 3,150 milhões de pessoas em busca de emprego há dois anos ou mais. No trimestre anterior, esse contingente era de 3,347 milhões de desempregados em busca de uma vaga há tanto tempo.

Em relação ao terceiro trimestre de 2018, diminuiu em 1,2% o contingente de desempregados há pelo menos dois anos.

No terceiro trimestre de 2019, outros 1,700 milhão de trabalhadores procuravam emprego há mais de um ano, mas menos de dois anos. O grosso dos desempregados no terceiro trimestre, 5,863 milhões, estava em busca de uma vaga havia pelo menos um mês, mas menos de um ano. Na faixa dos que tentavam encontrar um trabalho havia menos de um mês estavam 1,801 milhão de pessoas.

O senador Paulo Paim (PT-RS) destacou nesta segunda-feira (18) em Plenário o artigo do jornalista Elio Gaspari publicado no fim de semana com críticas ao pacote do governo, formulado pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, que estabelece uma taxação sobre o seguro-desemprego para custear o estímulo à contratação de jovens com idade entre 18 e 29 anos, instituído pela Medida Provisória 905/2019.

"Tomar dinheiro do desempregado é covardia", leu Paim, sublinhando que a partir da MP o governo passa a cobrar do seguro-desemprego uma contribuição previdenciária correspondente a 7,5% do benefício para compensar a desoneração sobre as empresas. Para custear as perdas na arrecadação decorrentes da desoneração da folha de pagamento concedida aos empresários que aderirem ao programa de contratação de jovens, Guedes preferiu taxar os próprios desempregados, observa o jornalista.

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Paim ressaltou ainda que Elio Gaspari ainda alerta para o fato de o programa de estímulo à contratação de jovens durará até o dia 31 de dezembro de 2022, enquanto, de acordo com a MP 905, a contribuição previdenciária dos beneficiários do seguro-desemprego será por prazo indeterminado.

*Da Agência Senado

 

 

Seis de cada dez desempregados do País (65%) estão sem trabalho há mais de um ano, aponta a pesquisa Hábitos do Trabalho, contratada pela Alelo e realizada pelo Instituto Ipsos. Segundo o estudo, os mais afetados pela demora são os mais velhos: no grupo de pessoas com idade entre 55 e 65 anos, 49% procuram uma nova ocupação há mais de 5 anos e 31%, entre 2 e 5 anos.

Do grupo dos mais velhos, 28% citaram a faixa etária como principal empecilho para voltar ao mercado de trabalho. Entre os mais jovens, a principal dificuldade mencionada (36%) é a falta de vagas.

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"A busca por uma nova recolocação é recorrente para 76% do total dos desempregados ouvidos na pesquisa, mas essa procura diminui conforme a idade aumenta. O levantamento mostrou que, das pessoas com idades entre 55 e 65 anos, 56% deles não estão à procura de uma nova ocupação", disse a diretora de Gente e Inovação da Alelo, Soraya Bahde, no comunicado de divulgação do estudo.

De acordo com a pesquisa, quase metade dos entrevistados afirmou que realiza trabalhos paralelos sem vínculos empregatícios para se manter. As principais áreas citadas foram serviços de limpeza de casas, revendedor de produtos por catálogo, venda de artesanatos, doces e salgados e serviços domésticos em geral. Entre os desempregados, 42% acreditam que empreender pode ser o caminho para retornar ao mercado.

Segundo o levantamento, 39% dos pesquisados afirmaram terem sido demitidos por corte de pessoal e 20% disseram ter pedido demissão por motivos pessoais. No recorte de gênero, a demissão por corte de vagas foi mais citada por homens (50%) e a saída por motivos pessoais, pelas mulheres (25%).

Metodologia

A pesquisa Hábitos do Trabalho, encomendada pela empresa Alelo, entrevistou 2.333 pessoas por meio de um levantamento on-line. Destas, são 1.518 empregadas, 468 desempregadas e 347 autônomas. A margem de erro é de 2 pontos porcentuais para cima e para baixo.

O recorte demográfico considerou 54% de homens e 46% de mulheres, com idade entre 18 e 65 anos. O estudo foi realizado nas regiões metropolitanas de São Paulo, Rio de Janeiro, Goiânia, Brasília, Florianópolis, Belém, Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre, Recife, Salvador e Fortaleza.

Apesar de ter alcançado patamar recorde de pessoas trabalhando, o mercado de trabalho ainda mostra apenas melhora quantitativa, e não qualitativa do emprego, avaliou Adriana Beringuy, analista da Coordenação de Trabalho e Rendimento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A proporção de trabalhadores ocupados contribuindo para a Previdência Social caiu a 62,3% no trimestre encerrado em setembro, menor patamar desde 2012, segundo os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua).

"Essa é outra forma de ler estruturalmente o mercado de trabalho. Você tem expansão de ocupação, que por sua vez não é acompanhada por aumento na contribuição previdenciária", lembrou Adriana Beringuy. "Ocupação vem crescendo baseada em trabalhadores por conta própria, informais, sem carteira assinada no setor privado", acrescentou.

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Embora o País tenha atingido no trimestre encerrado em setembro o maior contingente de pessoas trabalhando, 93,801 milhões de brasileiros, o mercado de trabalhou registrou também um nível recorde de 38,806 milhões de trabalhadores atuando na informalidade. O levantamento, considerado uma proxy da informalidade, inclui os empregados do setor privado sem carteira assinada, os trabalhadores domésticos sem carteira assinada, os trabalhadores por conta própria sem CNPJ, os empregadores sem CNPJ e o trabalhador familiar auxiliar.

"Está longe de ter recuperação de carteira, de ter aumento de contribuição previdenciária e todos os desdobramentos que isso pode trazer para o mercado de trabalho", confirmou Beringuy.

Um dos desdobramentos do avanço da informalidade é a estabilidade da renda do trabalhador. A massa de salários cresce porque há mais gente trabalhando, mas a renda permanece estável porque esses trabalhadores informais normalmente têm rendimentos mais baixos do que os formais.

"Menor rendimento está associado a menor consumo, que pode estar associado a menor demanda da produção, e por aí vai", lembrou a pesquisadora do IBGE. "A melhora quantitativa (no emprego) é notável. Tem mais pessoas trabalhando. A questão é que quando vamos analisar a forma de inserção desses trabalhadores", ponderou.

Desde 2017, o mercado de trabalho conseguiu recuperar o movimento de sazonalidade, ou seja, aumento na taxa de desemprego no início do ano, que recua conforme aumentam as contratações no decorrer dos meses, descendo ao menor patamar no encerramento do ano. Embora essa retomada da sazonalidade seja positiva, a melhora ainda é insuficiente para reverter a deterioração passada, fazendo a desocupação retornar ao nível pré-crise.

"A população desocupada ainda está distante do menor valor, que foi lá em 2013. Apesar de a desocupação estar caindo, você ainda permanece com o dobro desse contingente em relação ao menor valor, que foi em 2013. A gente não tem como precisar quantos trimestres são necessários para eu voltar a esse patamar. O máximo já ficou pra trás, e estamos em trajetória de queda", observou Beringuy.

A população desempregada alcançou 12,515 milhões no terceiro trimestre de 2019. O resultado é mais que o dobro do piso registrado no quarto trimestre de 2013, antes da crise, quando havia 6,013 milhões de desocupados no País.

O País tinha 12,515 milhões de pessoas em busca de emprego no trimestre encerrado em setembro deste ano, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Houve piora em relação ao mesmo período do ano anterior: há mais 65 mil desempregados ante setembro de 2018, o equivalente a um aumento de 0,5%.

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O total de ocupados cresceu 1,6% no período de um ano, o equivalente a 1,468 milhões de pessoas a mais trabalhando, para um recorde de 93,801 milhões.

Como consequência, a taxa de desemprego passou de 11,9% no trimestre até setembro de 2018 para 11,8% no trimestre encerrado em setembro de 2019. No trimestre até junho deste ano, a taxa de desemprego estava em 12,0%.

Segundo Adriana Beringuy, analista da Coordenação de Trabalho e Rendimento do IBGE, a taxa de desemprego teve um recuo estatisticamente significativo no terceiro trimestre ante o segundo trimestre de 2019, mas permanece em 11,8% há três meses seguidos, nos trimestres móveis terminados em julho, agosto e setembro.

O contingente de inativos recuou 0,2% em setembro deste ano ante setembro do ano passado, 108 mil pessoas a menos nessa condição.

O nível da ocupação, que mede o porcentual de pessoas ocupadas na população em idade de trabalhar, foi estimado em 54,8% no trimestre até setembro deste ano, ante 54,4% no trimestre até setembro de 2018. No trimestre até junho de 2019, o nível de ocupação era de 54,6%.

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