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A 13.ª Vara Federal de Curitiba recebeu denúncia da força-tarefa da Operação Lava Jato (Ministério Público Federal no Paraná) contra 11 executivos das empreiteiras OAS, Mendes Júnior, Engevix, Alusa e Galvão Engenharia pelo crime de formação de cartel no âmbito da Petrobrás.

Segundo a denúncia, 'com abuso do poder econômico e mediante prévio ajuste com a fixação artificial de preços, o 'clube de empreiteiras', em detrimento da concorrência, promoveu, entre 1998 e 2014, o controle do mercado de montagens e construção civil da Petrobrás em diversos procedimentos licitatórios de obras realizadas em várias localidades, entres elas, Araucária (PR), São Paulo, Rio de Janeiro, Betim (MG), Santos e Suape (PE).

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O dano causado aos cofres públicos supera os R$ 19 bilhões, afirma a Lava Jato.

Em cinco anos da operação, a força-tarefa do Ministério Público Federal no Paraná já denunciou 466 investigados.

Segundo as investigações, por mais de uma década e pelo menos até 2014, 'as principais obras da estatal foram loteadas entre as maiores empreiteiras do País que se organizaram num gigantesco 'Clube' formado por 16 empresas - Odebrecht, UTC, OAS, Camargo Corrêa, Queiroz Galvão, Mendes Junior, Andrade Gutierez, Galvão Engenharia, Iesa, Engevix, Toyo Setal, Techint, Promon, MPE, Skanska e GDK S.A.

"Outras seis também participavam das fraudes, Alusa, Fidens, Jaraguá Equipamentos, Tomé Engenharia, Construcap e Carioca Engenharia", informou a Procuradoria.

Os executivos da Iesa e Queiroz Galvão já foram denunciados por esses crimes nos autos nº 5046120-57.2016.404.7000, em curso na 13.ª Vara Federal de Curitiba.

A Andrade Gutierrez, a Camargo Correa, a Odebrecht, a Toyo Setal e a Carioca celebraram acordo de leniência com o Ministério Público Federal. A apuração da responsabilidade de seus dirigentes é feita nos limites de seus respectivos acordos.

Os dirigentes da UTC celebraram acordo de colaboração premiada com a Procuradoria.

A Procuradoria informou que as investigações sobre outros empresários e agentes públicos envolvidos nos crimes imputados prosseguirá, 'não afastando a possibilidade de outras pessoas virem a ser acusadas pelos mesmos fatos no futuro'.

Segundo a acusação, durante o período de seu funcionamento, 'o cartel apresentava um modus operandi bem definido'.

Nas reuniões entre os empreiteiros, considerando os planos de investimento divulgados pela Petrobrás, as sociedades integrantes do 'Clube' indicavam as obras de sua preferência, loteando entre os cartelizados, individualmente ou em consórcio, as obras da estatal.

"O conluio, além de se sustentar na prévia divisão das licitações, permitiu a elevação dos custos em diversas licitações fraudadas, já que as empreiteiras cartelizadas acabaram fixando artificialmente os preços, com a proposta vencedora sempre próxima da estimativa máxima da Petrobrás."

A Lava Jato sustenta que foram fraudados 'pelo menos' os seguintes processos licitatórios: Refinaria Henrique Lage (Revap) - HDT Diesel (início em 2006); Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar) - Off sites HDS Gasolina (início em 2007); Refinaria Henrique Lage (Revap) - HDS Nafta URC (início em 2007); Refinaria de Paulínia - Replan (início em 2007); Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar) - UCR (início em 2007); Refinaria do Nordeste - Rnest - Refinaria Abreu e Lima (início em 2007); Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro - Comperj (início em 2008); Refinaria Duque de Caxias - Reduc (início em 2007); Refinaria Presidente Bernardes - RPBC (início em 2008); Terminal de Gás de Cabiúnas - Tecab (início em 2011 aproximadamente); Unidade de Fertilizantes Nitrogenados-V - UFN-V (início em 2012 aproximadamente); e Refinaria Gabriel Passos - Regap - Betim/MG (início em 2006).

"O crime de cartel é muito difícil de comprovar. Contudo o ajuste entre as empreiteiras foi comprovado por um diverso conteúdo probatório, entre eles documentos apreendidos em que apareciam o 'regulamento do campeonato esportivo', que regulava a conduta das empresas do cartel. E, sem dúvida, a participação de órgãos colaboradores no decorrer dos trabalhos foi essencial para que as investigações evoluíssem", ressaltou o procurador da República e coordenador da força-tarefa Lava Jato do Paraná, Deltan Dallagnol.

O produto desses crimes de cartel e fraude à licitação, além de maximizar o lucro das empresas ilicitamente associadas, também serviu em parte para os pagamentos de propina feitos a ex-dirigentes da Petrobrás e a terceiros - operadores, agentes políticos e partidos políticos , por via dissimulada, sustenta a Procuradoria.

"Para evitar qualquer entrave aos objetivos espúrios do cartel, tornaram-se sistemáticos o oferecimento e o pagamento de vantagens indevidas", destaca a acusação.

Em regra, os atos de ofício praticados em contrapartida às propinas 'consistiram no compromisso de se manterem inertes e anuírem quanto à existência e efetivo funcionamento do cartel na estatal'.

Os ex-dirigentes da petrolífera, ocupantes de cargos estratégicos, 'omitiam-se de informar as irregularidades ou mesmo adotar providências para impedir a prática ilícita'.

"A operação desvendou este mega esquema de corrupção envolvendo empresários e agentes públicos que eram mantidos nos cargos para atender interesses de políticos e partidos. Esse círculo vicioso era financiado pelas empreiteiras que mantinham contratos com a Petrobrás. O funcionamento do cartel, com a conivência de diretores da estatal, era uma contrapartida para as empreiteiras, que com isso conseguiam obter contratos com preços maiores do que os que seriam praticados em ambiente de livre concorrência", destacou o procurador da República Paulo Roberto Galvão, que integra a força-tarefa Lava Jato.

O valor mínimo de reparação dos danos causados pedido pelo Ministério Público Federal nesta denúncia atinge o montante de R$ 19,87 bilhões, 'correspondente ao prejuízo total causado pelo cartel à estatal em relação às licitações fraudadas, de acordo com laudo pericial'.

Segundo a Lava Jato, a existência do cartel pode ser comprovada por 'uma série de provas robustas que vão desde documentos apreendidos, anotações e manuscritos, registros eletrônicos, troca de mensagens eletrônicas, além de colaborações premiadas e diversos relatórios' - produzidos pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), pela Polícia Federal e pelo Tribunal de Contas da União.

DEFESA

A maior parte das empreiteiras do 'clube' que agiu na Petrobrás fechou acordos de leniência com a Lava Jato. Por meio dos acordos, os grupos admitiram o cartel e pagamento de propinas e ajustaram devolução de quantias milionárias. Vários executivos fizeram delação premiada, confessando atos ilícitos.

Na conclusão do inquérito dos Portos, o delegado da Polícia Federal Cleyber Malta solicita a abertura de um novo inquérito para a apurar as revelações feitas pelo ex-executivo da Engevix José Antunes Sobrinho em acordo de colaboração premiada. O acordo de Sobrinho foi homologado pelo ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), e aborda o suposto pagamento de propina da Engevix para políticos do MDB, com a anuência do presidente Michel Temer, relacionado ao contrato para obra da usina de Angra 3 assinado com a Eletronuclear.

De acordo com a PF, Sobrinho fala em seu acordo sobre "pagamentos indevidos que somam 1,1 milhão de reais, em 2014, solicitados por João Baptista Lima Filho e pelo ministro Moreira Franco, com anuência do Excelentíssimo Senhor Presidente da República Michel Temer, no contexto do contrato da AF Consult Brasil com a Eletronuclear". Os valores, segundo o delator, teriam sido depositados em conta corrente em nome da empresa PDA Projeto, que tem o coronel Lima, amigo de Temer, e sua esposa, Maria Rita Fratezi, por meio de um contrato simulado com a Alumi Publicidade.

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A solicitação de abertura do novo inquérito está entre os pedidos complementares elencados pelo delegado Cleyber Malta. Ele também solicita a abertura de uma nova investigação sobre a contratação do consórcio Argeplan/Concremat pelo Tribunal de Justiça de São Paulo. Para o investigador, o material coletado no inquérito dos Portos aponta "indícios de não execução de alguns serviços e superfaturamento de outros, em contrato avaliado em cerca de 100 milhões de reais".

Outro requerimento feito por Malta é a abertura de inquérito policial para apurar os fatos relatados pelo advogado Flávio Calazans. Em seu acordo de colaboração, o advogado diz ter recebido, por meio de contrato fraudulento, R$ 375 mil da Pérola S.A, empresa que tem a Rodrimar como sócia minoritária. Como mostrou o Estado, os valores repassados pela Pérola foram parar nas contas de uma empresa de fachada utilizada para escoar propina a integrantes do MDB.

Defesas

Procurada pela reportagem, a defesa do presidente Temer informou que só vai se manifestar após concluir a leitura do relatório.

Em nota, a defesa do ministro Moreira Franco afirmou que "não vai por ora se manifestar sobre essa inverdade, mas pretende tomar as medidas jurídicas necessárias quanto à esta invenção, tão logo, conheça a dita colaboração processual".

O advogado Maurício Silva Leite, defensor de João Baptista Lima Filho, reiterou que o pedido de prisão da Policia Federal é descabido e não tem respaldo legal. A defesa confia na análise ponderado e técnica do Supremo Tribunal Federal.

Ao mandar prender o ex-vice-presidente da Engevix Gérson de Mello Almada, após condenação em segunda instância, o juiz federal Sérgio Moro disse que eventual alteração no entendimento do Supremo Tribunal Federal sobre o tema seria "desastrosa". Para ele, a jurisprudência estabelecida pela Corte em 2016 - pela execução de pena após decisão de segundo grau judicial - "é fundamental, pois acaba com o faz de conta das ações penais que nunca terminam".

Moro também citou ministros do STF que podem votar contra a execução de pena para condenados em segunda instância. "Espera-se que a jurisprudência que nos permitiu avançar tanto e que é legado do ministro Teori Zavascki não seja revista, máxime por uma Corte com o prestígio do Supremo Tribunal Federal e por renomados ministros como Rosa Weber, Celso de Mello, Gilmar Mendes, Dias Toffoli, Marco Aurélio e Ricardo Lewandowski."

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O Supremo tem sido pressionado a colocar novamente em pauta a prisão em segunda instância - alguns ministros da Corte já indicaram que podem rever seus posicionamentos. A manifestação de Moro ao mandar prender Almada, dada nesta segunda-feira, 19, diz que existem "rumores" sobre possível mudança na jurisprudência do plenário do STF, "mas nenhuma decisão colegiada foi tomada nesse sentido."

"Eventual alteração seria desastrosa para os avanços havidos recentemente em prol do fim da impunidade da grande corrupção no Brasil", afirmou.

A sentença de Moro relativa ao ex-vice-presidente da Engevix foi reformada pelo Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4), que aplicou, em junho do ano passado, 34 anos e 20 dias ao ex-executivo por corrupção ativa, lavagem de dinheiro e pertinência à organização criminosa. Almada foi acusado de pagar propina de R$ 15.247.430 no esquema na Petrobrás.

Na decisão desta segunda, Moro afirmou que eventual alteração no entendimento do STF "colocaria em liberdade" não só Almada, mas "vários criminosos poderosos condenados".

Defesa

O criminalista Antônio Sérgio Pitombo disse que Gérson Almada vai se apresentar à Justiça. "Vamos discutir essa questão nos tribunais superiores", afirmou Pitombo, que vai entrar com pedido de habeas corpus no Superior Tribunal de Justiça (STJ). "Não é apenas a discussão se pode ou não pode a execução da pena, mas a absoluta falta de critério legal para fixação da pena."

A Engevix informou que Almada "já se desligou da empresa". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O Tribunal Federal da Suíça rejeitou os recursos apresentados pelo ex-sócio da Engevix, José Antunes Sobrinho, e decidiu manter bloqueadas suas contas no país europeu. Os valores do congelamento, porém, não foram revelados.

Investigado desde 2014, Antunes foi condenado a oito anos de prisão por ter feito pagamento de mais de R$ 4 milhões em obras de Angra 3. O caso acabou também gerando a condenação do ex-presidente da Eletronuclear, Othon Luiz Pinheiro da Silva, a 43 anos de prisão por crimes de corrupção, lavagem de dinheiro, evasão de divisão e organização criminosa. Antunes foi preso na 19ª fase da Operação Lava Jato, em 2015.

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Naquele ano, suas contas na Suíça foram alvo de um bloqueio. Mas o empresário tentou, em diversos momentos, reverter o confisco, alegando que as medidas eram desproporcionais e que não havia provas de que os valores depositados tinham relações com as suspeitas no Brasil. Agora, o Tribunal suíço rejeitou o recurso.

Em 2016, num depoimento ao juiz Sérgio Moro sobre suspeitas relacionadas com contratos com a Petrobras, ele garantiu que desconhecia qualquer tipo de propinas e que desconhecia os ex-diretores da estatal. Quando o juiz o questionou naquele momento sobre Othon Luiz, seu advogado esclareceu que o caso estava sendo alvo de uma negociação para uma eventual delação premiada.

Nela, o empreiteiro teria revelado repasse de R$ 1 milhão para o então vice-presidente Michel Temer em tentativa de delação premiada. Mas o acordo jamais foi concluído. Temer, a época, negou qualquer relação com o caso.

O dinheiro, segundo Antunes apontou na época, teria sido solicitado pelo coronel João Baptista Lima Filho, amigo de Temer e também investigado. A revelação sobre o presidente, porém, foi indicada por Antunes meses depois de iniciar a negociação para um acordo de delação.

Ele também não informou aos procuradores quando e como Lima recebeu dinheiro em 2014. O Palácio do Planalto, na época, insistiu que Temer não havia autorizado ninguém a receber recursos em seu nome.

Um dos sócios da Engevix, Gérson Almada, deixou no início da tarde desta segunda-feira, 5, a sede da Polícia Federal em São Paulo. Ele foi trazido para depor no âmbito da Operação Greenfield, deflagrada pela PF, que investiga investimentos realizados de forma temerária ou fraudulenta pelos fundos de pensão por meio dos chamados Fundos de Investimentos em Participações (FIPs).

A PF confirmou, ainda, que Renata Marotta, ex-conselheira da Funcef, o fundo de pensão dos empregados da Caixa Econômica Federal, também esteve em sua sede em São Paulo. Nesta segunda, a Polícia Federal realiza busca e apreensão na sede da Funcef, em Brasília.

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Além deste, os fundos Petros, dos funcionários da Petrobras, Previ, dos funcionários do Banco do Brasil, e Postalis, dos Correios, também são alvos da investigação.

Medidas judiciais foram autorizadas pela 10ª Vara Federal, em Brasília, e estão sendo cumpridas no Distrito Federal e nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, Espírito Santo, Rio de Grande do Sul, Santa Catarina e Amazonas. Ao todo, são sete mandados de prisão temporária, 33 de condução coercitiva e 110 de busca e apreensão.

O sócio da Engevix José Antunes Sobrinho, investigado na Operação Lava Jato, deve deixar a prisão na tarde desta terça-feira, 10, um dia após o juiz Marcelo da Costa Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, ter autorizado que o executivo cumpra prisão domiciliar. Sobrinho está detido preventivamente desde setembro na carceragem da Polícia Federal em Curitiba e agora vai cumprir a medida em sua residência, em Florianópolis.

O executivo é investigado em duas ações da Lava Jato, em Curitiba e no Rio de Janeiro, por suposto envolvimento em esquemas de corrupção na Petrobras e na Eletronuclear - subsidiária da Eletrobras que comanda a operação de usinas nucleares no País. Ele teve a prisão decretada apenas pelo juiz da ação no Rio de Janeiro.

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De todos os réus, apenas Sobrinho permanecia detido na carceragem da PF, enquanto os demais acusados da ação da Eletronuclear ganharam o direito de cumprir prisão domiciliar, entre eles executivos da Andrade Gutierrez, que fecharam acordos de delação premiada.

Sobrinho atualmente está em negociação com o Ministério Público Federal (MPF) para fechar acordo de colaboração. Ele também já depôs à Justiça do Rio.

A fase de interrogatório dos réus do processo referente à Eletronuclear foi concluída em 29 de abril. Por isso, Bretas decidiu rever a prisão preventiva, que vinha sendo mantida devido ao "risco à ordem pública".

Em seu despacho, o juiz reconheceu que outros réus do processo já estão em prisão domiciliar, inclusive o ex-presidente da Eletronuclear Othon Luiz Pinheiro da Silva, um dos principais alvos das acusações de desvios. Neste caso, deverá prevalecer o mesmo direito, determinou Bretas.

"É razoável acreditar que, no mínimo, o acusado que, ora está preso, não estaria predisposto à reiteração de práticas criminosas, ou ainda de algum modo a prejudicar a fase final da presente ação penal", disse o juiz. O não fechamento do acordo de delação "não é obstáculo à substituição da custódia preventiva", acrescentou.

"Já no que respeita à gravidade dos crimes imputados, e sua possível ofensa à ordem pública, deve-se consignar que o acusado, atualmente preso preventivamente, também eu seu interrogatório, mostrou-se disposto a reconhecer seus erros na administração de sua empresa", disse Bretas em sua decisão.

Em dezembro do ano passado, Sobrinho já havia saído da prisão graças a um habeas corpus obtido em caráter liminar junto ao Tribunal Regional Federal da 2ª Região. Posteriormente, em decisão colegiada, a concessão foi revogada.

O advogado Carlos Kauffmann disse que a mudança de regime é "coerente" com a fase do processo. Desde o início a defesa vinha tentando a conversão em prisão domiciliar. "Com o encerramento do processo, não teria mais motivo para mantê-lo na carceragem", afirmou.

A ação penal que investiga desvios nas obras da usina nuclear de Angra 3 é a única que foi remetida para o Rio, por determinação do Supremo Tribunal Federal (STF), e já está em fase final. A sentença é esperada para junho.

Um dos sócios da empreiteira Engevix, o empresário José Antunes Sobrinho, afirmou à Polícia Federal que o ex-senador Gim Argello (PTB), exigiu R$ 5 milhões para não convocá-lo a prestar depoimento da CPMI da Petrobras em 2014. Antunes Sobrinho é o segundo empreiteiro a acusar Argello.

Antunes Sobrinho depôs no último dia 28 ao delegado da PF Luciano Flores de Lima, o mesmo que no dia 4 de março conduziu coercitivamente o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para depor na Operação Aletheia.

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Antes do sócio da Engevix, o dono da UTC Engenharia, Ricardo Pessoa, e o senador Delcídio Amaral (ex-PT-MS), ambos em delação premiada, já haviam atribuído a Argello exigência de propina para evitar a convocação na CPI de empreiteiros investigados na Operação Lava Jato.

Gim Argello foi preso na Operação Vitória de Pirro, 28ª fase da Lava Jato, em 12 de abril. O ex-senador é suspeito de ter recebido propina de R$ 5 milhões da UTC e de R$ 350 mil da OAS. Os pagamentos teriam sido feitos para livrar as empresas da CPMI da Petrobras no Congresso - R$ 5 milhões foram repassados para quatro partidos da Coligação União e Força e R$ 350 mil foram parar em conta da paróquia São Pedro, de Taguatinga, frequentada pelo político.

José Antunes Sobrinho contou que, no início do mês de julho de 2014, esteve em Brasília para conversar com o então senador Gim Argello, vice-presidente da Comissão na época.

Segundo o empresário, em junho anterior, ele havia sido contatado pelo lobista Julio Camargo, por telefone, dizendo que "deveria ir a Brasília 'tomar um Gim Tônica'", referindo-se também a Gim Argello.

Segundo Antunes Sobrinho, o lobista lhe disse que estava sendo "muito pressionado por Gim Argello para que contatasse os demais empreiteiros a fim de que conversassem com ele, Gim, e tratassem para que não fossem chamados na CPI da Petrobras".

À PF, Antunes Sobrinho citou o empresário Paulo Roxo e o ex-assessor parlamentar Valério Neves Campos, supostos operadores de propina de Gim Argello.

O sócio da Engevix disse que a reunião ocorreu no final da tarde na casa de Gim Argello, no Lago Sul de Brasília, onde estavam presentes dois assessores dele, "que parecem ser os mesmos que foram presos recentemente na carceragem desta Superintendência, onde o declarante se encontra, os quais se chamam Paulo Roxo e Valério".

O encontro para discutir a propina teria durado 40 minutos. "O tom utilizado por Gim Argello foi como se fosse um grande favor que estava oferecendo ao declarante e que, se o declarante não quisesse participar do grupo de empreiteiros que deixaria de ser chamado na CPI, não teria problema, pois teria outros empreiteiros para colocar no lugar do declarante, mencionando que estariam oferecendo a mesma oportunidade para as empreiteiras OAS, Andrade Gutierrez, Galvão Engenharia, Camargo Corrêa, Toyo Setal e UTC, dentre os nomes que se lembra neste momento", afirmou o empresário.

À Polícia Federal, Antunes Sobrinho relatou que "não aceitou tal proposta naquela oportunidade e disse a eles que iria conversar com Gerson Almada", um de seus sócios na Engevix. O empresário afirmou que depois da reunião, Paulo Roxo "deve ter ligado umas 10 vezes" para ele, "solicitando saber qual era a posição da empresa sobre aquela solicitação feita por Gim Argello".

"O declarante foi descartando tal possibilidade aos poucos e, definitivamente, não aceitou pagar tal solicitação; que sobre as outras empreiteiras citadas, o declarante tem certeza que OAS, UTC e Toyo receberam as mesmas propostas de Gim Argello, sendo que tem certeza sobre a UTC porque Julio Camargo comentou que Ricardo Pessoa teria recebido os mesmos pedidos de Gim."

"Gim Argello, naquela reunião, pediu que o declarante pagasse, em nome da Engevix, o valor de R$ 5 milhões para que o declarante ou qualquer outro da Engevix não fosse chamado a prestar declarações na CPI ou CPMI da Petrobras", afirmou José Antunes Sobrinho.

Em um trecho de seu relato, o empresário derruba a versão de que o dinheiro exigido pelo ex-senador seria destinado ao financiamento de campanhas eleitorais. "Que Gim Argello e Paulo Roxo nunca disseram que tais pagamentos seriam feitos por meio de doações eleitorais, sendo que em nenhuma das ligações que recebeu de Paulo Roxo foi tratado, por ele, que estava ligando sobre eventuais doações eleitorais, e sim sobre o pedido feito por Gim Argello; que Gim Argello nunca falou que o dinheiro que ele estava fazendo seria para campanha eleitoral ou para um ou outro partido, deixando claro que tal pagamento seria simplesmente em troca de não serem chamados na CPI da Petrobras."

José Antunes Sobrinho, sócio da Engevix, acusado de corrupção e lavagem de dinheiro no esquema da Petrobras, não participou dos depoimentos da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Fundos de Pensão da Câmara dos Deputados desta terça-feira, 16, como estava previsto.

Ele apresentou o atestado de óbito da irmã como justificativa. Na segunda-feira, 15, o ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), havia deferido liminar em habeas corpus impetrado pela defesa de Sobrinho.

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Além do habeas corpus, os advogados enviaram à CPI, na última quinta-feira, 11, uma petição alegando que em razão de o empreiteiro estar em regime de prisão domiciliar, estaria impossibilitado de prestar depoimento.

Sobrinho foi preso no final de 2015, na 19ª fase da Operação Lava Jato. O executivo cumpre regime domiciliar de prisão desde dezembro, após decisão do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF2). Ele é acusado de corrupção e lavagem de dinheiro na mesma ação em que é réu o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu.

Mais cedo, a CPI dos Fundos de Pensão tomou o depoimento de Adolpho Neto, presidente do Trendbank. O banco administrava fundos de investimento e em 2012, um ano antes de ser fechado, recebeu um aporte de R$ 73 milhões dos fundos de pensão Petros, dos funcionários da Petrobras, e Postalis, dos funcionários dos Correios.

A CPI dos Fundos de Pensão investiga se houve interferência política em investimentos dos fundos. Além da Funcef, Petros e Postalis, são investigadas também as operações da Previ e do Banco do Brasil. No ano passado, esses fundos tiveram um prejuízo de R$ 30 bilhões.

A defesa do empreiteiro José Antunes Sobrinho, um dos sócios da Engevix, pediu relaxamento da prisão preventiva ao juiz federal Sérgio Moro amparada no fatiamento de um dos desdobramentos da Operação Lava Jato. Antunes Sobrinho foi capturado na segunda-feira (21) na 19ª fase - "Ninguém Durma". Esta é a primeira investida de uma defesa nos autos da investigação, apoiada na decisão do Supremo Tribunal Federal (STF).

Para reforçar sua tese a defesa do empreiteiro juntou ao pedido a integra do voto do ministro Dias Toffolli, do STF, pela separação dos autos. A medida pode reduzir o poder de fogo do juiz Moro, na avaliação de investigadores.

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Na última quarta-feira (23), STF decidiu pelo fatiamento da Lava Jato, tirando da tutela de Sérgio Moro inquéritos que não teriam elo com a corrupção na Petrobras. Na prática, desdobramentos da missão referentes a outras estatais poderão ser deslocados para outras áreas da Justiça Federal, em outros Estados. O plenário do STF analisou o envolvimento da senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) em suspeita de fraude no Ministério do Planejamento e decidiu que o caso deveria ser "apartado" das investigações da Lava Jato, que tem raiz em esquema de propinas na Petrobras .

José Antunes Sobrinho é suspeito de ter pago propinas em cima de contratos da Engevix com a Eletronuclear entre 2011 e 2013. Os valores teriam sido pagos para a Aratec, empresa controlada pelo ex-presidente da Eletronuclear Othon Luiz Pinheiro da Silva - preso na Operação Radioatividade, desdobramento da Lava Jato.

O pedido da defesa de Antunes Sobrinho é subscrito pelo criminalista Carlos Kauffmann. O argumento do advogado do empreiteiro é de que a prisão preventiva, portanto, deve ser decretada pela autoridade judiciária competente.

"No último dia 23 de setembro, o Pleno do Supremo Tribunal Federal, ao julgar Questão de Ordem no Inquérito 4.130 do Paraná, assegurou que o descobrimento fortuito de provas, ainda que no bojo de colaboração premiada, não constitui critério de fixação de competência, nem, muito menos, indica conexão. Por força desta decisão, todos os processos que, apesar de instaurados perante este Juízo, não guardam relação direta com a Petrobras, devem ser redistribuídos", afirma Carlos Kauffmann.

O criminalista sugere ainda a substituição da custódia preventiva por medidas cautelares. A defesa coloca como opções, uma delas o uso de tornozeleira eletrônica:

"a) afastamento da direção e da administração das empresas envolvidas nas investigações, ficando proibido de ingressar em quaisquer de seus estabelecimentos, e suspensão do exercício profissional de atividade de natureza empresarial, financeira e econômica;

b) recolhimento domiciliar integral até que demonstre ocupação lícita, quando fará jus ao recolhimento domiciliar apenas em período noturno e nos dias de folga;

c) comparecimento quinzenal em juízo, para informar e justificar atividades, com proibição de mudar de endereço sem autorização;

d) obrigação de comparecimento a todos os atos do processo, sempre que intimado;

e) proibição de manter contato com os demais investigados, por qualquer meio;

f) proibição de deixar o país, devendo entregar passaporte em até 48 (quarenta e oito) horas;

g) monitoração por meio da utilização de tornozeleira eletrônica."

Se o juiz Moro não acolher o pedido, a defesa do empreiteiro deverá levar o caso para o Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF4) e para os Tribunais Superiores.

Delator do esquema Eletronuclear, o empresário Victor Colavitti afirmou em depoimento que o sócio da empreiteira Engevix José Antunes Sobrinho propôs "formalizar projetos e documento" para apresentar à força-tarefa do Ministério Público Federal na Operação Lava Jato.

Sobrinho foi preso na segunda-feira  na Operação 'Ninguém Durma', 19ª fase da Lava Jato, por suspeita de pagamento de propina ao ex-presidente da Eletronuclear Othon Luiz Pinheiro da Silva - preso desde 28 de julho.

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"Estamos fazendo prova de que não só realizou pagamentos no caso Angra3 até janeiro de 2015, portanto quando Gérson Almada (outro sócio da Engevix, preso na 7ª fase da Lava Jato) ainda estava preso, bem como fazendo prova que entrou em contato com testemunhas para fazer uma operação de fato", afirmou o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima, da força-tarefa da Lava Jato.

"Estamos fazendo prova de que não só realizou pagamentos no caso Angra3 até janeiro de 2015, portanto quando Gérson Almada (outro sócio da Engevix, preso na 7ª fase da Lava Jato) ainda estava preso, bem como fazendo prova que entrou em contato com testemunhas para fazer uma operação de fato", afirmou o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima, da força-tarefa da Lava Jato.

Victor Colavitti admitiu em delação premiada que a Aratec Engenharia, empresa controlada por Othon Luiz, não prestou qualquer serviço para a Link Projetos. Segundo ele, os repasses teriam sido efetuados a pedido da Engevix, sob o pretexto de que não poderia efetuar diretamente os depósitos na conta da Aratec. O empresário declarou à Procuradoria da República que foi José Antunes Sobrinho quem pediu a ele que fizesse os repasses à empresa de Othon Luiz - o almirante teria recebido cerca de R$ 30 milhões em propinas, dos quais pelo menos US$ 4,5 milhões foram localizados em contas da Aratec, segundo o Ministério Público Federal.

"Antunes disse ao declarante para não ficar preocupado porque iria conseguir formalizar projetos e documentos, inclusive junto à Aratec, e que poderiam sustentar a regularidade dos pagamentos; que Antunes informou providenciaria cerca de vinte a vinte e cinco desenhos com o logotipo da empresa do declarante, para que fossem apresentados ao Ministério Público Federal", relatou o delator.

O dono da Link Projetos contou que procurou José Antunes Sobrinho, pois estava 'assustado' com a intimação do Ministério Público Federal para apresentar documentos sobre a relação da Link com a Aratec. Em 20 de julho de 2015, ambos se encontraram em um prédio em São Paulo.

"Lá chegando Antunes já estava no local, sendo que o declarante (Victor Colavitti) lhe mostrou uma cópia da notificação que havia recebido do Ministério Público Federal e também a cópia do contrato entre Link e Aratec, e disse que estava assustado com esta situação; que Antunes disse ao declarante que daria um jeito e que iria resolver isso, já que o declarante lhe havia feito um favor", disse o depoimento.

O empresário afirmou que a conversa durou poucos minutos. De acordo com ele, depois do encontro, José Antunes Sobrinho 'nunca mais' fez qualquer contato. Documentos obtidos pelo MPF confirmaram que o dono da Link Projetos e o sócio da Engevix estiveram em 20 de julho de 2015 no edifício onde Colavitti afirmou que houve o encontro.

"Constata-se ainda que, considerando o que declarou Victor Colavitti e o comprovando encontro entre ambos no dia 20 de julho de 2015, José Antunes Sobrinho mentiu em seu depoimento ao afirmar que "o declarante [José Antunes] não tem contato pessoal com o assunto com Victor Colavitti há mais e um ano", destacou o juiz Sérgio Moro em decisão que determinou a prisão preventiva de José Antunes Sobrinho.

Carlos Kauffmann, defesa:

"1. José Antunes Sobrinho foi preso nesta data pelos mesmos fatos que originaram o processo criminal no âmbito da Eletronuclear, sobre os quais ele espontaneamente prestou esclarecimentos às autoridades competentes;

2. Causa perplexidade que a prisão tenha sido decretada durante a vigência do prazo de sua defesa, sem que tenha surgido prova ou fato novo que a justificasse;

3. Há vários meses o Grupo Engevix está colaborando com a Controladoria Geral da União - CGU, visando celebração de acordo de leniência, conforme previsto em lei.

4. José Antunes Sobrinho não procurou qualquer testemunha para produzir, ocultar ou alterar prova. Ao contrário, foi procurado por Vitor Colaviti, em julho passado, antes de saber que havia investigação, e se negou a discutir o tema;

5. A história profissional de José Antunes Sobrinho e de sua atuação perante a Eletronuclear estão detalhadas na defesa já apresentada para o Juiz Sergio Moro, cujo teor ainda não foi apreciado.

Carlos Kauffmann"

A Polícia Federal deflagrou a 19ª fase da Operação Lava Jato mirando em pagamentos no exterior. O executivo José Antunes Sobrinho, um dos donos da Engevix, foi preso preventivamente. Ele é suspeito de ter pago R$ 140 milhões em propina para a Aratec, empresa controlada pelo ex-presidente da Eletronuclear Othon Luiz Pinheiro da Silva, entre 2011 e 2013.

O alvo desta nova fase - denominada Nessun Dorma - são propinas que teriam sido pagas envolvendo a diretoria internacional da Petrobras. Trinta e cinco policiais cumprem 11 mandados judiciais, sendo sete mandados de busca e apreensão, um mandado de prisão preventiva, um mandado de prisão temporária e dois mandados de condução coercitiva em Florianópolis, São Paulo e Rio de Janeiro.

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Segundo a PF, a operação é um avanço das apurações das fases 15, 16 e 17 da Lava Jato. Um dos focos da investigação está relacionada aos denunciados da 15ª fase - Conexão Mônaco e de empreiteiras já investigadas na Lava Jato. Apura-se que investigados tenham intermediado pagamento de propina a agentes públicos e políticos no exterior, em decorrência de contratos celebrados na diretoria internacional da Petrobras.

De acordo com a PF, uma das empresas sediadas no Brasil teria recebido cerca de R$ 20 milhões entre 2007 e 2013 de empreiteiras já investigadas na operação, sob acusação de pagamento de propinas para obtenção de favorecimento em contratos com a estatal.

Em outro foco, a PF cumpre mandados de busca e de prisão preventiva de executivo relacionado à 16ª fase - Operação Radioatividade - e 17ª fase - Operação Pixuleco -, a partir dos elementos que o apontam como tendo realizado pagamentos de propina a agentes públicos já investigados nestas fases.

Os presos serão levados para a Superintendência da PF em Curitiba.

A CPI do Carf convocou nesta quinta-feira, 9, mais executivos de grandes empresas para prestar depoimento. Um deles é o presidente do Conselho de Administração da Engevix Engenharia, Cristiano Kok. A empresa é acusada de participar do esquema de corrupção descoberto na Petrobras pela Operação Lava Jato. O executivo-chefe da Huawei do Brasil, Jason Zhao, também foi convocado.

Em outra frente, o conselho convocou ainda o ex-secretário da Receita Federal Otacílio Cartaxo, que foi presidente do Carf. Ele se tornou um dos principais alvos da Operação Zelotes, que investiga a manipulação de processos do órgão por parte de ex-conselheiros, empresas e escritórios de advocacia. Como se trata de convocação, todos terão que comparecer.

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A comissão também quebrou os sigilos fiscal e bancário de cinco pessoas. Além de ex-conselheiros, a CPI quer analisar os dados de Leonardo Manzan, que é genro de Cartaxo.

Nesta quinta, o colegiado ouviu o depoimento do presidente da Mitsubishi no Brasil, Robert Rittscher, mas dispensou o representante da Ford, Steven Armstrong, de vir à comissão.

Segundo o presidente da CPI, senador Ataídes Oliveira (PSDB-TO), a comissão não tem elementos que comprovem que a Ford teria se envolvido no esquema revelado pela Operção Zelotes.

Já sobre a Mitsubishi pesa a suspeita de a empresa ter conseguido reduzir a sua dívida com o fisco de R$ 266 milhões para menos de R$ 1 milhão ao final do processo. O teor do depoimento de Rittscher, porém, não satisfez os senadores. Por isso, o presidente da comissão decidiu apresentar um requerimento para pedir a quebra dos sigilos de Rittscher.

A força-tarefa da Operação Lava Jato pediu à Justiça Federal que quatro executivos da empreiteira Engevix e outros quatro réus sejam condenados à pena máxima de 30 anos de prisão e devolvam R$ 152 milhões aos cofres públicos referentes às propinas supostamente pagas pela empreiteira em contratos com a Petrobras.

A solicitação foi feita nas alegações finais, últimos argumentos da defesa e da acusação antes da sentença, apresentada nesta quinta-feira, 25, pelo Ministério Público Federal na ação contra quatro executivos da Engevix, incluindo o vice-presidente Gerson de Mello Almada e outros quatro réus: o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, o doleiro Alberto Youssef, Carlos Alberto Pereira da Costa, Enivaldo Quadrado - já condenado a três anos e seis meses de prisão no mensalão - e Waldomiro Oliveira, que atuavam para Youssef.

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Também ontem foram apresentadas as alegações finais na ação contra os executivos da Galvão Engenharia. Com isso, o MPF já apresentou seus argumentos finais em todas as cinco ações penais que tramitam na Justiça Federal contra os executivos de empreiteiras detidos na sétima fase da Lava Jato, deflagrada em novembro do ano passado.

Dos R$ 152 milhões, a força-tarefa pede que seja decretado o perdimento (que os valores sejam devolvidos à Justiça) de R$ 37,9 milhões dos réus, referentes ao 1% do valor dos contratos assinados pela empreiteira e que teriam sido repassados a título de propina para Paulo Roberto Costa, então diretor de Abastecimento da estatal.

Além disso, o MPF pede que sejam ressarcidos à Petrobras R$ 113,9 milhões, referentes a 3% do valor total de todos os contratos e aditivos no interesse dos quais houve a corrupção de empregados da petrolífera.

Os procuradores pedem ainda que seja imposta aos acusados, como efeito secundário da condenação pela crime de lavagem de dinheiro, a interdição do exercício de cargo ou função pública de qualquer natureza e de diretor, de membro de conselho de administração ou de gerência das pessoas jurídicas pelo dobro do tempo da pena privativa de liberdade.

Na ação, os executivos da Engevix são acusados de pagar propinas de 1% do valor dos contratos da empreiteira para a diretoria de Abastecimento por meio do esquema montado Costa, Youssef e seus funcionários.

Segundo o MPF, os desvios teriam ocorrido em contratos envolvendo as obras da Refinaria de Abreu e Lima (Rnest), Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), Refinaria de Paulínia (Replan), do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), Refinaria Landulpho Alves (Rlam), Refinaria Presidente Bernardes (Rpbc)e da Refinaria Gabriel Passos (Regap).

Ao todo, os oito réus são acusados de formação de quadrilha, lavagem de dinheiro, corrupção e falsificação de documentos. Para justificar a pena máxima, os procuradores da Lava Jato argumentam que no Brasil há progressão de regime após o cumprimento de um sexto da pena e a possibilidade de perdão natalino - definido todos os anos pela Presidência - para os condenados que cumprirem um terço da pena.

Com isso, explica o MPF, "uma punição de 30 anos, a título de corrupção, significaria, de fato, uma punição de dez anos. Como a corrupção de altos valores não foi alçada a crime hediondo, tais benefícios incidem normalmente sobre os criminosos", alegam.

Além disso, a força-tarefa aponta vários agravantes, como o fato de os réus terem boas condições financeiras e, no caso dos executivos da empreiteira, terem cometido os crimes em busca de ascensão na empresa.

As ações dos acusados "foram movidas a fim de buscar exclusivamente o bom desempenho da empresa a que serviam e, consequentemente, a sua ascensão funcional dentro da Engevix", assinalam os promotores.

A empreiteira Engevix e seus executivos vem negando envolvimento com irregularidades desde o início da operação Lava Jato.

O empresário Gerson de Mello Almada, um dos donos da Engevix Engenharia, afirmou à Polícia Federal que acertou o pagamento de US$ 120 milhões para o lobista Milton Pascowitch nas negociações do contrato de construção dos cascos das primeiras oito plataformas com conteúdo nacional para a Petrobras, montados no Estaleiro Rio Grande, no Rio Grande do Sul - um contrato no valor total de US$ 3,4 bilhões.

Pascowitch é apontado pela força-tarefa da Operação Lava Jato como operador de propinas em nome da Engevix na Diretoria de Serviços da estatal - que era controlada pelo PT. Ele cumpre prisão preventiva.

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"A fim de viabilizar o negócio foram firmados contratos com a Jamp de Milton Pascowitch, no valor aproximado de R$ 120 milhões", contou Almada em depoimento à PF em 24 de março. "Parte desse valor, US$ 10 milhões, foi pago mediante outro contrato com uma empresa internacional vinculada a Milton, de nome MJ2 Internacional."

Na transcrição do depoimento de Almada, a PF registrou inicialmente a cifra em reais (R$ 120 milhões). Mas, por extenso, anotou o valor em dólares.

Almada diz que "os contratos com Pascowitch eram feitos de forma periódica e de acordo com o recebimento das parcelas e não de forma global a partir do valor total desse contrato dos navios Replicantes".

O primeiro casco das plataformas tipo FPSOs (sigla em inglês para unidade flutuante de produção, armazenamento e transferência de óleo) Replicantes foi entregue em dezembro do ano passado para montagem da P-66 - no Estaleiro BrasFels, em Angra -, e entrará em operação em 2016, no Campo de Lula (BM-S-11), na Bacia de Santos. As outras plataformas cujos cascos serão entregues pelo Estaleiro Rio Grande são: P-67, P-68, P-69, P-70 e P-71.

Pascowitch foi apontado pelo ex-gerente de Engenharia da Petrobras Pedro Barusco como pagador de propina da Engevix, no esquema da área de Serviços.

Espécie de contador do dinheiro que chegava em malas, mochilas e pacotes, inclusive na sede da estatal, no Rio, Barusco disse que ele, o ex-diretor Renato Duque e o PT foram beneficiários de 1% do valor do contrato de oito cascos de plataformas.

A confirmação de um dos sócios da Engevix no depoimento à PF, além de envolver valor superior ao citado por Barusco, reforça as suspeitas da força-tarefa da Lava Jato de que o esquema sistematizado de corrupção em obras de refinarias foi espelhado nos contratos do pré-sal. Empresas do cartel pagavam propinas que iam de 1% a 3% do valor dos contratos a agentes públicos, partidos e políticos, sob comando de PT, PMDB e PP.

Uma das frentes dessa apuração no pré-sal envolve a construção do Estaleiro Rio Grande, sua venda, em 2010, e a contratação dos serviços, em dois momentos. Em 2010, para montagem de plataformas, e em 2011, para a construção de três sondas de exploração de petróleo, pelo valor de US$ 2,4 bilhões - contratos ainda em execução e com confissão de propina.

Negócio

A Engevix é sócia majoritária do estaleiro onde são construídos os cascos (as bases) das primeiras plataformas tipo FPSOs do projeto Replicantes. Para fechar com a Petrobras, em 2010, a Engevix comprou o Estaleiro Rio Grande da WTorre por R$ 400 milhões - com parte dos recursos vindo do fundo de pensão dos trabalhadores da Caixa Econômica Federal (Funcef).

"Em um projeto denominado Replicantes a Petrobras definiu que seria inicialmente licitada a construção do estaleiro, vencida pela WTorre o qual seria locado pela estatal e utilizado pela empresa ganhadora da licitação", contou Almada.

O Estaleiro Rio Grande foi construído pela WTorre em parceria com a Petrobras, a partir de 2006, por meio de um contrato indireto com a estatal. O dono da Engevix explicou que a empreiteira "foi vencedora da licitação, sendo que, posteriormente, veio a adquirir o estaleiro junto a WTorre".

O pagamento das comissões ao lobista - que, para a força-tarefa da Lava Jato, são propinas - era lançado nos balanços como despesas de "contingências" dos contratos, afirmou Almada.

Denunciado pela Procuradoria em dezembro do ano passado, Almada está em prisão domiciliar com tornozeleira eletrônica desde 28 de abril por decisão do Supremo Tribunal Federal. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Um dos donos da Engevix Engenharia, Gerson de Mello Almada, confirmou à Operação Lava Jato que a empreiteira pagou Milton Pascowitch "comissões" que chegaram a "0,9%" dos contratos - ainda em execução - que o Estaleiro Rio Grande, controlado pela empreiteira, fechou para construção de sondas do pré-sal, para a Petrobras.

Pascowitch - dono da Jamp Engenheiros Associados - é um dos cinco acusados pela força-tarefa da Lava Jato de serem operadores de propina nos contratados de construção de 29 sondas para exploração de petróleo em águas profundas, pela Petrobras, via empresa Sete Brasil S.A..

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A confirmação do empresário de que Pascowitch recebia "comissões" pelo "lobby" que fez nos contratos do Estaleiro Rio Grande foi um dos elementos que levaram a Justiça Federal a decretar a prisão preventiva do lobista, na última semana.

"Vinculado a esse negócio foi firmado um contrato de consultoria com a Jamp (Engenharia Associados) de Milton Pascowitch, o qual foi calculado em torno de 0,75% a 0,9% do valor do contrato das sondas, que girou em torno de US$ 2,4 bilhões, estando o contrato ainda em execução", declarou Almada.

A Sete Brasil foi criada pela Petrobras, em parceria com fundos de pensão públicos e privados e com três bancos. Em 2011, a empresa fechou um contrato com estatal para viabilizar um grandioso projeto de construção de sondas no Brasil, no valor de US$ 25 bilhões.

Peça central na criação da Sete Brasil e primeiro diretor de Operações da empresa, nomeado para cuidar do projeto das sondas, foi Pedro Barusco. Ele é ex-gerente de Engenharia da Petrobras e confessou, em delação premiada com a Lava Jato, receber propina no esquema.

"Sobre o valor de cada contrato firmado entre a Sete Brasil e os estaleiros, deveria ser distribuído o porcentual de 1%, posteriormente reduzido para 0,9%", revelou Barusco.

Almada, admitiu que foi procurado por Barusco para os contratos das sondas. O Estaleiro Rio Grande, no Rio Grande do Sul, foi contratado para construir três das sondas marítimas de perfuração da Sete Brasil.

Pré-sal

Cinco estaleiros, formados por empresas do cartel em parceria com as gigantes mundiais do setor, foram contratados nesse pacote de equipamentos para o pré-sal.

Procuradores da Lava Jato sustentam que as "comissões" que Almada confessou ter pago à PF e à Justiça Federal - em processo em que é réu - para Pascowitch no negócio das sondas era "propina".

Os contratos das 29 sondas da Sete Brasil são um dos pontos de partida da força-tarefa da Operação Lava Jato na ofensiva para comprovar que o esquema de cartel e corrupção nas obras de refinarias da Petrobras, entre 2004 e 2014, foi reproduzido em contratos do bilionário mercado do pré-sal.

A prisão de Pascowitch nesta semana é fruto desse aprofundamento de produção de provas no setor que orbita o pré-sal. Ele foi o terceiro operador de propina apontado como representante dos estaleiros contratados pela Sete Brasil a ser preso pela Lava Jato.

Barusco apontou em sua delação o nome de cada um dos operadores: Ildefonso Colares Filho (executivo da Queiroz Galvão, preso e liberado) em nome do Estaleiro Atlântico Sul; Zwi Zkornicki pelo Estaleiro BrasFels, controlado pela Kepell Fels; Guilherme Esteves de Jesus (preso em Curitiba), pelo Estaleiro Jurong Aracruz, Rogério Araújo (executivo da Odebrecht) pelo Estaleiro Enseada do Paraguaçú, e Milton Pascowitch pelo Estaleiro Rio Grande.

Em fevereiro, a Procuradoria chegou a pedir a prisão de Pascowitch, mas ela foi negada pelo juiz federal Sérgio Moro, que conduz os processos da Lava Jato. O pedido baseava-se apenas nos apontamentos de Barusco em sua delação.

Após a confirmação de um dos sócios da Engevix sobre seu papel nos contratos com a Petrobras e do encontro de provas em buscas feitas na casa do lobistas e de outros investigados - como contratos de "falsas consultorias" e registro dos recebimentos de valores no exterior -, o juiz Sérgio Moro decretou sua prisão preventiva, cumprida na quinta-feira.

Em março, a Lava Jato prendeu também o lobista Guilherme Esteves de Jesus. Ele é acusado de ter pago US$ 8,2 milhões em propinas em nome do Estaleiro Jurong Aracruz pelos contratos para construção de sondas de exploração do pré-sal da Sete Brasil.

Ildefonso Collares já havia sido preso, em novembro, junto com Almada - na sétima fase da Lava Jato. Ele é acusado de ser um dos executivos da Queiróz Galvão envolvidos com a corrupção na Petrobras.

Operadores do pré-sal

É a partir do núcleo de cinco operadores de propina ligados aos estaleiros, que foram contratados pela Sete Brasil, que a Lava Jato deu início à tentativa de comprovação de que a "corrupção sistematizada" que vigorou nas obras de refinarias avançou nos contratos que orbitam o pré-sal.

Será seguindo rastro do dinheiro movimentado por esse núcleo de operadores de propina e das provas até agora encontradas, que investigadores da Lava Jato acreditam que atingirão novos nomes do grupo de agentes públicos corrompidos.

Eles seriam os elos dos partidos na Petrobras. Três já foram presos: Paulo Roberto Costa (delator, em regime domiciliar), Renato Duque e Nestor Cerveró. As denúncias apontam que o esquema era coordenado pelo PT, PMDB e PP - mas beneficiou também legendas da oposição, como o PSDB.

AS DEFESAS

Sete Brasil

A Sete Brasil, por meio de sua assessoria de imprensa, afirma que não se considera como "empresa investigada pela Operação Lava Jato" e que desde que foi deflagrado o caso tem adotados as medidas internas.

"Não há até o momento nenhuma acusação de existência de irregularidades ou existência de um 'operador de propina' nos contratos da Sete Brasil", informa.

"Como vem esclarecendo desde o início do ano, a Sete Brasil informa que o ex-presidente e o ex-diretor citados por delações premiadas divulgadas pela imprensa não são mais executivos da Sete Brasil desde início de 2014, quando houve mudança da presidência e de toda diretoria da empresa."

A atual direção da Sete Brasil informou que auditorias externas iniciadas depois de maio de 2014, feitas em todos os contratos, chegaram à conclusão de que eles "estavam dentro da legalidade e com preços praticados pelo mercado".

A empresa informou ainda que está em curso um "plano de reestruturação", autorizado pelo acionistas, para ser apresentada aos credores até o final de junho.

Milton Pascowitch

O advogado criminal Theo Dias, que defende Milton Pascowitch disse que não vê a presença dos requisitos necessários para o decreto de prisão preventiva de seu cliente. "Ele (Pascowitch) já prestou depoimento recentemente, houve busca e apreensão na residência dele, houve até sua condução coercitiva, em fevereiro. Desde então, o cenário não mudou. Ele continua no mesmo endereço, suas atividades todas estão paradas."

Theo Dias, o defensor de Pascowitch, ressalta que, há cerca de três meses, o juiz federal Sérgio Moro indeferiu um primeiro pedido de prisão preventiva de seu cliente. "Não vejo nenhuma mudança de fevereiro para cá que justifique agora a ordem de prisão".

"Ainda que o Ministério Público Federal entenda que tenha provas de envolvimento de Pascowitch em atividades ilícitas isso não é suficiente para a prisão preventiva. Não havia risco de fuga, ameaça à testemunha. O que me surpreende é um decreto de prisão sem nada que autorize tal medida, a não ser a metodologia de prender para forçar as pessoas a falarem", assinala o advogado.

"Estamos trabalhando minuciosamente nessas respostas e no nosso prazo, que vence na próxima segunda-feira. No meio desse prazo, porém, ocorre o decreto de prisão. Nessas últimas semanas temos tido frequentes contatos com o delegado da Polícia Federal para agendamento de depoimento do Milton (Pascowitch), são contatos assíduos com o delegado da operação."

Renato Duque

O ex-diretor Renato Duque, preso em Curitiba, negou o envolvimento em pagamento de propinas. Tanto sua atuação na Petrobras, como posteriormente na empresa própria de consultoria, foram dentro da legalidade.

Zwi Skornicki

Zwi Skornicki nega qualquer tipo de envolvimento em atividades relacionadas a Operação Lava Jato. O engenheiro informa que está sendo investigado e vem cooperando com a Justiça. Aproveita para ressaltar que presta serviços para empresas multinacionais e transnacionais que seguem rígidas normas anticorrupção.

Petrobras

Procurada, a Petrobras informou que não iria comentar o assunto.

O lobista da construtora Engevix Milton Pascowitch, preso na manhã desta quinta-feira (21) na 13ª fase da Operação Lava Jato, é o alvo central das investigações envolvendo o suposto recebimento de propinas pelo ex-ministro José Dirceu, pelo ex-diretor de Serviços da Petrobras e o PT. Pascowitch pagou R$ 1,4 milhão ao ex-ministro José Dirceu e R$ 1,2 milhão para o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque - também preso, desde 16 de março, envolvido no escândalo de corrupção e cartel na estatal.

A Jamp pagou a JD Assessoria e Consultoria Ltda., do ex-ministro José Dirceu, em 2011 e 2012. O ex-ministro alegou que foi por serviços de consultoria internacional prestados para a construtora Engevix Engenharia, em Cuba e no Peru.

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Para os investigadores da Lava Jato, a Jamp era uma empresa de fachada de Pascowitch usada para esquentar o dinheiro da propina. Não há aparente relação justificável para a relação comercial formal entre as partes, acreditam os procuradores.

O que reforça a suspeita é o depoimento de um dos sócios da Engevix, Gérson de Mello Almada, no dia 18 de março. O vice-presidente da empreiteira confessou ter pago por serviços de "lobby" ao operador de propina, como forma de garantir seus contratos na Petrobras.

Pascowitch seria um abridor de portas na estatal, graças aos seus contatos com membros do PT, entre eles o tesoureiro do partido João Vaccari Neto. O que chamou a atenção dos investigadores foi que Almada admitiu ter contrato as consultorias internacionais da JD para abrir mercado em Cuba e no Peru, mas disse desconhecer a relação comercial entre Jamp e a empresa do ex-ministro - conforme justificou Dirceu em nota oficial à imprensa, um dia depois.

A JD nega qualquer irregularidade e diz que os contratos foram legais. Jamp e a própria Engevix pagaram juntas R$ 2,6 milhões ao ex-ministro José Dirceu - também por serviços de consultoria, entre 2008 e 2012.

Duque

Na casa de Duque, no Rio, a Polícia Federal já havia encontrado contrato de consultoria da D3TM Consultoria e Participação, empresa de Duque, com a Jamp Engenheiros Associados, de 2013, no valor de R$ 1,2 milhão.

"(A D3TM) A empresa era fachada do ex-diretor para receber propina de quando ele era ex-diretor da Petrobras, que continuou até 2014", afirmou o procurador da República Carlos Fernando Lima, um dos coordenadores da força-tarefa da Lava Jato, em entrevista coletiva, na manhã desta quinta-feira, em Curitiba.

A própria Engevix, também contratou os serviços de consultoria do ex-diretor de Serviços em 2014, segundo comprovam contratos e notas apreendidas nas buscas feitas pela PF.

Duque está preso desde o dia 16, depois que foi deflagrada a Operação Que País é Esse - décima fase da Lava Jato. Pelo menos 11 notas fiscais apreendidas mostram pagamentos mensais da Jamp de R$ 100 mil para a D3TM entre maio de 2013 e abril de 2014, quando Duque comunicou que não poderia mais cumprir seu contrato. O documento de encerramento da parceria foi encontrado também.

Além da Jamp, a D3TM foi contratada também por outras empreiteiras acusadas de cartel e corrupção na Petrobras, como a UTC, a OAS e a Iesa. O ex-diretor de Serviço - principal alvo da Lava Jato no esquema de corrupção da estatal - era indicado do PT e ocupou o cargo entre 2003 e 2012. Ele nega qualquer irregularidade envolvendo os contratos da estatal. Preso pela primeira vez em 14 de novembro, foi solto dias depois por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF).

A Polícia Federal tem elementos para apontar que o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque pode ter recebido obras de arte como pagamento de propina. Pelo menos três quadros entre os 131 apreendidos na residência do ex-diretor indicado pelo PT, no Rio, em março, teriam sido pagos pelo lobista da Engevix, Milton Pascowitch, preso nesta quinta-feira (21), na 13ª etapa da Operação Lava Jato.

"Foram aprendidas nesta manhã 40 obras de arte na casa de Pascowitch, em São Paulo, e outras 20 na casa de seu irmão, José Adolfo - que foi conduzido coercitivamente", afirmou o delegado da Polícia Federal Igor Romário de Paulo.

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"Esse é um mecanismo habitualmente usado para lavar dinheiro, são pagas com dinheiro em espécie. É um mercado não muito rígido e muito fértil para lavagem de dinheiro", afirmou o delegado. "Pelo menos três casos já foram identificados em que ele (Duque) escolheu quadro, comprou e solicitou que fosse pago pelo operador", disse o delegado.

Na casa de Pascowitch foram encontrados documentos de obras que estava registradas em nome do ex-diretor de Serviços. Pascowitch e Duque são peças-chaves nas investigações que envolvem o ex-ministro José Dirceu (Casa Civil) e sua empresa, a JD Assessoria e Consultoria. Jamp e a própria Engevix pagaram juntas R$ 2,6 milhões ao ex-ministro José Dirceu - também por serviços de consultoria, entre 2008 e 2012.

A empresa de Dirceu está sob suspeita de ter recebido dinheiro do cartel por consultorias frias. Ele prestou serviços de "lobby internacional" para a Engevix Engenharia, uma das empreiteiras do cartel na Petrobras, sustenta a Lava Jato. Os quadros apreendidos em outras fases da Lava Jato estão expostas no Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba.

A Operação Lava Jato apreendeu um acervo total de 203 quadros. Nos primeiros pacotes já entregues ao museu, apenas uma tela - da doleira Nelma Kodama - era réplica.

O ex-vice-presidente da Engevix Gerson Almada foi dispensado na manhã desta quinta-feira (21) de depor à CPI da Petrobras após anunciar que ficaria em silêncio. Acompanhado de quatro advogados, o empreiteiro leu um documento informando que exerceria o direito constitucional de manter-se calado. "Por orientação de meus advogados, não me manifestarei nesta sessão", declarou.

Almada disse apenas que atua no setor de petróleo desde 1974 e entrou na Engevix em 1985. Em novembro passado, em virtude de sua prisão numa das etapas da Operação Lava Jato, ele foi afastado do comando da empreiteira.

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O executivo, que cumpre prisão domiciliar e é um dos delatores da investigação sobre o esquema de corrupção na Petrobras, seria ouvido na condição de investigado. Apesar dos protestos dos deputados para que Almada falasse à CPI, o empreiteiro reiterou que não acrescentaria nenhuma informação à comissão. "A decisão de ficar em silêncio valerá para todas as perguntas", completou.

Os parlamentares questionaram a dispensa de Almada pelo presidente da comissão, o peemedebista Hugo Motta (PB), que por sua vez alegou que não perderia o dia inteiro insistindo em um depoente que não falaria. A deputada Eliziane Gama (PPS-MA) condenou a decisão de Motta lembrando que outros depoentes que disseram que não se manifestariam acabaram falando à CPI. "Estou me sentindo frustrada. Quero deixar meu repúdio em relação à postura de vossa excelência", afirmou. "Eles (convocados) podem até não falar nada, mas são obrigados a ouvir", argumentou o deputado Izalcy (DEM-DF).

Também estava prevista para hoje a oitiva de Eduardo Leite, ex-vice-presidente da Camargo Corrêa, mas seu advogado alegou compromissos e a audiência com os deputados foi remarcada para a próxima terça-feira (26).

Serão ouvidos na próxima terça-feira, além de Leite, João Ricardo Auler (Camargo Corrêa) e José Aldemário Pinheiro Filho (OAS). Na quarta-feira (27), será a vez dos representantes do Grupo Schahin (Carlos Eduardo Schahin, Milton Toufic Schahin, Salin Toufic Schahin, Rubens Toufic Schahin e Pedro Schahin). No dia seguinte, dia 28, estão previstas as oitivas de José Ricardo Nogueira Brechirolli (OAS), Mateus Coutinho de Sá Oliveira (Galvão Engenharia) e Erton Medeiros Fonseca (Galvão Engenharia).

O lobista Milton Pascowitch, apontado como operador de propinas da empreiteira Engevix na Diretoria de Serviços da Petrobras, foi preso preventivamente na manhã desta quinta-feira (21), em nova fase da Operação Lava Jato. O irmão de Milton, José Adolfo Pascowitch, foi levado coercitivamente para depor na Polícia Federal.

Foram feitas busca e apreensão na casa dos irmãos e também na casa de Henry Hoyer de Carvalho. Hoyer é apontado como operador do PP.

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A PF deflagrou na manhã desta quinta-feira a 13ª fase da Operação Lava Jato que tem como alvo fatos relacionados a dois operadores financeiros que atuavam junto a contratos firmados por empreiteiras com a Petrobras. Estão sendo cumpridos oito mandados judiciais, quatro de busca e apreensão, um deles no município de Itanhandu/MG e os demais no Rio de Janeiro (1) e São Paulo (2).

Dez lobistas são apontados como operadores de propinas no esquema de corrupção instalado na Petrobras e desbaratado pela Operação Lava Jato. Os nomes foram indicados pelo ex-gerente executivo Pedro Barusco, que foi braço direito do ex-diretor de Serviços da empresa Renato Duque, em sua delação premiada.

Barusco admitiu ter atuado com Milton Pascowitch. Ele o apontou como operador financeiro da empresa Engevix e do Estaleiro Rio Grande, efetuando transferências de offshore para contas do ex-gerente. Pascowitch se identificou como representante da Engevix, e entrou 60 vezes na Petrobras. Os dez lobistas visitaram a estatal petrolífera pelo menos 1.800 vezes entre 2000 e 2014.

A juíza Gisele Lemke, da 2ª Vara Federal de Curitiba, determinou nesta sexta-feira (24) o bloqueio dos bens da empreiteira Engevix, investigada na Operação Lava Jato, até o valor de R$ 153,9 milhões, ao deferir pedido liminar do Ministério Público Federal (MPF) para bloquear o valor a fim de garantir o ressarcimento pelos prejuízos causados com desvios de recursos na Petrobras.

A cobrança dos valores é feita em ações de improbidade de administrativa, que correm paralelamente às ações penais, a cargo do juiz Sérgio Moro. O bloqueio também atinge o vice-presidente da Engevix, Gerson Almada, que está preso desde novembro do ano passado.

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Na decisão, a juíza explicou que o bloqueio é uma garantia do ressarcimento, sem atingir o capital de giro da empresa, a ponto de prejudicar as atividades. "Na verdade, não há nesse momento processual como saber precisamente se o valor a ser  devolvido atinge o montante indicado pelo Ministério Público Federal, pois consta da  própria petição inicial que não foram ainda localizadas todas as operações financeiras  relativas ao total dos valores que teriam sido desviados", esclareceu Gisele Lemke.

Para calcular o valor do bloqueio, o Ministério Público considerou o depoimento de delação premiada do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa. Segundo ele, a propina era cobrada no percentual de 1% dos contratos da estatal com as empreiteiras, entre elas, a Engevix.

A Agência Brasil tentou entrar em contato com a assessoria da Engevix, mas ninguém atendeu as ligações.

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