Tópicos | Mendes Júnior

A 3ª Vara Federal de Curitiba condenou, nesta segunda-feira (9), a empreiteira Mendes Júnior e dois ex-executivos da empresa por improbidade administrativa no pagamento de propinas a Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras e primeiro delator da Lava Jato. As vantagens indevidas seriam contrapartidas ao favorecimento da empreiteira em cinco contratos firmados com a estatal.

A sentença assinada pelo juiz federal Marcuso Holz prevê o pagamento de multa de 1% do valor dos contratos firmados pela Mendes Júnior e por Alberto Elísio Vilaça Gomes e Sérgio Cunha Mendes. O valor deverá ser corrigido por juros e levar em consideração o dano causado à estatal. A empreiteira também foi proibida de contratar ou receber benefícios fiscais do poder público por dez anos - os dois ex-executivos tiveram os direitos políticos suspensos por oito anos.

##RECOMENDA##

A ação de improbidade foi oferecida pelo Ministério Público Federal no âmbito da Lava Jato e mirou pagamento de propinas de 1% a 3% dos contratos bilionários firmados pela Mendes Júnior com a Petrobras. Os repasses ilícitos eram destinados a Paulo Roberto Costa, que delatou o esquema ao fechar acordo de colaboração premiada. Os valores eram distribuídos por meio de operadores financeiros e os pagamentos duraram nove anos, entre 2004 e 2013.

Entre os contratos apontados pelo MPF com interferência de propina estão a da Refinaria Presidente Getúlio Vargas (R$ 2, 6 bilhões), Complexo Petroquímico do Rio (R$ 1,8 bilhão), Refinaria Gabriel Passos (R$ 873 mil), Refinaria de Paulínia (R$ 951 mil) e Terminal Aquaviário de Barro do Riacho (R$ 783 mil).

Defesas

A reportagem busca contato com a Mendes Júnior e os ex-executivos citados. O espaço está aberto a manifestações.

A 13.ª Vara Federal de Curitiba recebeu denúncia da força-tarefa da Operação Lava Jato (Ministério Público Federal no Paraná) contra 11 executivos das empreiteiras OAS, Mendes Júnior, Engevix, Alusa e Galvão Engenharia pelo crime de formação de cartel no âmbito da Petrobrás.

Segundo a denúncia, 'com abuso do poder econômico e mediante prévio ajuste com a fixação artificial de preços, o 'clube de empreiteiras', em detrimento da concorrência, promoveu, entre 1998 e 2014, o controle do mercado de montagens e construção civil da Petrobrás em diversos procedimentos licitatórios de obras realizadas em várias localidades, entres elas, Araucária (PR), São Paulo, Rio de Janeiro, Betim (MG), Santos e Suape (PE).

##RECOMENDA##

O dano causado aos cofres públicos supera os R$ 19 bilhões, afirma a Lava Jato.

Em cinco anos da operação, a força-tarefa do Ministério Público Federal no Paraná já denunciou 466 investigados.

Segundo as investigações, por mais de uma década e pelo menos até 2014, 'as principais obras da estatal foram loteadas entre as maiores empreiteiras do País que se organizaram num gigantesco 'Clube' formado por 16 empresas - Odebrecht, UTC, OAS, Camargo Corrêa, Queiroz Galvão, Mendes Junior, Andrade Gutierez, Galvão Engenharia, Iesa, Engevix, Toyo Setal, Techint, Promon, MPE, Skanska e GDK S.A.

"Outras seis também participavam das fraudes, Alusa, Fidens, Jaraguá Equipamentos, Tomé Engenharia, Construcap e Carioca Engenharia", informou a Procuradoria.

Os executivos da Iesa e Queiroz Galvão já foram denunciados por esses crimes nos autos nº 5046120-57.2016.404.7000, em curso na 13.ª Vara Federal de Curitiba.

A Andrade Gutierrez, a Camargo Correa, a Odebrecht, a Toyo Setal e a Carioca celebraram acordo de leniência com o Ministério Público Federal. A apuração da responsabilidade de seus dirigentes é feita nos limites de seus respectivos acordos.

Os dirigentes da UTC celebraram acordo de colaboração premiada com a Procuradoria.

A Procuradoria informou que as investigações sobre outros empresários e agentes públicos envolvidos nos crimes imputados prosseguirá, 'não afastando a possibilidade de outras pessoas virem a ser acusadas pelos mesmos fatos no futuro'.

Segundo a acusação, durante o período de seu funcionamento, 'o cartel apresentava um modus operandi bem definido'.

Nas reuniões entre os empreiteiros, considerando os planos de investimento divulgados pela Petrobrás, as sociedades integrantes do 'Clube' indicavam as obras de sua preferência, loteando entre os cartelizados, individualmente ou em consórcio, as obras da estatal.

"O conluio, além de se sustentar na prévia divisão das licitações, permitiu a elevação dos custos em diversas licitações fraudadas, já que as empreiteiras cartelizadas acabaram fixando artificialmente os preços, com a proposta vencedora sempre próxima da estimativa máxima da Petrobrás."

A Lava Jato sustenta que foram fraudados 'pelo menos' os seguintes processos licitatórios: Refinaria Henrique Lage (Revap) - HDT Diesel (início em 2006); Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar) - Off sites HDS Gasolina (início em 2007); Refinaria Henrique Lage (Revap) - HDS Nafta URC (início em 2007); Refinaria de Paulínia - Replan (início em 2007); Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar) - UCR (início em 2007); Refinaria do Nordeste - Rnest - Refinaria Abreu e Lima (início em 2007); Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro - Comperj (início em 2008); Refinaria Duque de Caxias - Reduc (início em 2007); Refinaria Presidente Bernardes - RPBC (início em 2008); Terminal de Gás de Cabiúnas - Tecab (início em 2011 aproximadamente); Unidade de Fertilizantes Nitrogenados-V - UFN-V (início em 2012 aproximadamente); e Refinaria Gabriel Passos - Regap - Betim/MG (início em 2006).

"O crime de cartel é muito difícil de comprovar. Contudo o ajuste entre as empreiteiras foi comprovado por um diverso conteúdo probatório, entre eles documentos apreendidos em que apareciam o 'regulamento do campeonato esportivo', que regulava a conduta das empresas do cartel. E, sem dúvida, a participação de órgãos colaboradores no decorrer dos trabalhos foi essencial para que as investigações evoluíssem", ressaltou o procurador da República e coordenador da força-tarefa Lava Jato do Paraná, Deltan Dallagnol.

O produto desses crimes de cartel e fraude à licitação, além de maximizar o lucro das empresas ilicitamente associadas, também serviu em parte para os pagamentos de propina feitos a ex-dirigentes da Petrobrás e a terceiros - operadores, agentes políticos e partidos políticos , por via dissimulada, sustenta a Procuradoria.

"Para evitar qualquer entrave aos objetivos espúrios do cartel, tornaram-se sistemáticos o oferecimento e o pagamento de vantagens indevidas", destaca a acusação.

Em regra, os atos de ofício praticados em contrapartida às propinas 'consistiram no compromisso de se manterem inertes e anuírem quanto à existência e efetivo funcionamento do cartel na estatal'.

Os ex-dirigentes da petrolífera, ocupantes de cargos estratégicos, 'omitiam-se de informar as irregularidades ou mesmo adotar providências para impedir a prática ilícita'.

"A operação desvendou este mega esquema de corrupção envolvendo empresários e agentes públicos que eram mantidos nos cargos para atender interesses de políticos e partidos. Esse círculo vicioso era financiado pelas empreiteiras que mantinham contratos com a Petrobrás. O funcionamento do cartel, com a conivência de diretores da estatal, era uma contrapartida para as empreiteiras, que com isso conseguiam obter contratos com preços maiores do que os que seriam praticados em ambiente de livre concorrência", destacou o procurador da República Paulo Roberto Galvão, que integra a força-tarefa Lava Jato.

O valor mínimo de reparação dos danos causados pedido pelo Ministério Público Federal nesta denúncia atinge o montante de R$ 19,87 bilhões, 'correspondente ao prejuízo total causado pelo cartel à estatal em relação às licitações fraudadas, de acordo com laudo pericial'.

Segundo a Lava Jato, a existência do cartel pode ser comprovada por 'uma série de provas robustas que vão desde documentos apreendidos, anotações e manuscritos, registros eletrônicos, troca de mensagens eletrônicas, além de colaborações premiadas e diversos relatórios' - produzidos pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), pela Polícia Federal e pelo Tribunal de Contas da União.

DEFESA

A maior parte das empreiteiras do 'clube' que agiu na Petrobrás fechou acordos de leniência com a Lava Jato. Por meio dos acordos, os grupos admitiram o cartel e pagamento de propinas e ajustaram devolução de quantias milionárias. Vários executivos fizeram delação premiada, confessando atos ilícitos.

A Justiça Federal condenou a empreiteira Mendes Júnior Trading e Engenharia e dois executivos ligados à companhia ao pagamento de indenização de R$ 382 milhões. A decisão, da 3.ª Vara Federal de Curitiba, foi tomada no âmbito de ação de improbidade proposta pela força-tarefa Lava Jato no Ministério Público Federal no Paraná.

As informações foram divulgadas pela força-tarefa da Lava Jato.

##RECOMENDA##

Na sentença, aplicada nesta quinta-feira, 10, a Justiça reconheceu a participação da empresa e de seus executivos no pagamento de propina para o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, primeiro delator da operação.

Segundo a Procuradoria, a propina paga a Paulo Roberto Costa variava de 1% a 3% do montante total de contratos bilionários, em licitações fraudulentas, e os valores eram distribuídos por meio de operadores financeiros do esquema, de 2004 a 2012, com pagamentos estendendo-se até 2014.

A interferência ocorreu em diversas obras, como Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), Refinaria de Paulínia (Replan), Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), Refinaria de Abreu e Lima (Rnest), Refinaria Henrique Lage (Revap) e Refinaria Gabriel Passos (Regap).

Segundo a sentença, o montante total a ser ressarcido é de R$ 382.809.792,70, sendo o valor composto de pagamento solidário - realizado no valor total para todos - do ressarcimento ao erário dos danos causados tanto pela empresa (R$ 74.561.958,54) quanto pelos dois ex-executivos Sérgio Cunha Mendes e Alberto Elísio Vilaça Gomes (R$ 74.561.958,54 cada).

Também faz parte do montante multa de duas vezes o valor do dano para a empresa (R$ 149.123.917,08) e de uma vez para os empresários (total de R$ 149.123.917,08); além de indenização por danos morais coletivos no valor de R$ 10 milhões, pago de forma solidária.

A Mendes Júnior Trading e Engenharia também está proibida de contratar ou receber benefícios fiscais ou creditícios do poder público pelo prazo de dez anos.

Sérgio Cunha Mendes e Alberto Elísio Vilaça Gomes foram proibidos de contratar ou receber benefícios fiscais ou creditícios do poder público pelo mesmo tempo, e tiveram seus direitos políticos suspensos por oito anos.

Os valores pagos pelo ressarcimento e multa serão destinados à Petrobras, enquanto que os de danos morais serão revertidos ao Fundo de Defesa de Direitos Difusos, previsto no artigo 13 da lei 7.347/85 e regulamentado pelo decreto nº 1.306/94.

"É importante que a sociedade perceba que atitudes ilícitas podem ser punidas não só na esfera criminal, mas também na cível. A força-tarefa já ajuizou, ao todo, 10 ações como essa, contra 63 pessoas e 18 empresas", declara a procuradora da República Juliana Câmara.

O procurador Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa Lava Jato no Paraná, ressalta que "o que distingue este caso é a complexidade".

"Se não fosse o investimento da Instituição na criação e manutenção de uma força-tarefa, ações extremamente complexas como essa dificilmente seriam possíveis", argumenta Deltan.

O caso

A ação civil pública por improbidade administrativa foi ajuizada pela força-tarefa da operação Lava Jato do Ministério Público Federal em 2015 contra a Mendes Júnior Participações S/A, a Mendes Júnior Trading e Engenharia S/A, o ex-vice-presidente executivo da trading Sergio Cunha Mendes, o ex-vice-presidente corporativo Ângelo Alves Mendes, Rogério Cunha de Oliveira, Alberto Elísio Vilaça Gomes e José Humberto Cruvinel Resende, todos ex-funcionários do grupo.

A ação deriva de desdobramentos cíveis de apurações realizadas no âmbito da Lava Jato, referentes a crimes contra o sistema financeiro nacional, contra a ordem econômica e contra a administração pública, além de lavagem de dinheiro e organização criminosa.

Defesa

A empresa informou que não se manifestará enquanto não tiver ciência oficial da sentença, mas, provavelmente, recorrerá.

O presidente da construtora Mendes Júnior, Murillo Mendes, morreu na madrugada deste domingo, 19, aos 92 anos vítima de um enfarte. Afastado do cargo por motivos de saúde, Mendes estava internado em um hospital em Belo Horizonte, onde havia passado por uma cirurgia no fêmur. O corpo foi enterrado ainda na manhã deste domingo em uma cerimônia apenas para familiares.

A Mendes Júnior já foi uma das maiores construtoras do País, tendo ajudado a levantar a Hidrelétrica de Itaipu e a Ponte Rio-Niterói. Em 2014, porém, virou alvo da Operação Lava Jato.

##RECOMENDA##

Na semana passada, parte da cúpula da empreiteira foi presa para cumprir pena em segunda instância. A ordem do juiz Sérgio Moro alcançou os executivos Sergio Cunha Mendes (sobrinho de Murillo Mendes) e Rogério Cunha Pereira, condenados por corrupção ativa, lavagem de dinheiro e associação criminosa, além de Alberto Elísio Vilaça Gomes, por corrupção ativa e associação criminosa.

A empresa está em recuperação judicial desde 2016.

O Tribunal Regional Federal da 4ª Região reduziu em dez meses a pena de mais de duas décadas dos executivos da Mendes Júnior Rogério Cunha e Alberto Elísio Vilaça Gomes. Eles foram sentenciados pelo juiz federal Sérgio Moro a 26 anos, 6 meses e 20 dias e, após recurso junto à Corte, a sentença passou para 25 anos, 8 meses e 20 dias.

As informações foram divulgadas pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região.

##RECOMENDA##

A 8ª Turma do TRF4 reconheceu que deve incidir a atenuante de confissão no cálculo da pena relacionada aos crimes de lavagem de dinheiro praticados por Rogério Cunha e recalculou o tempo relativo a este crime, passando a pena total de 26 anos, 6 meses e 20 dias para 25 anos, 8 meses e 20 dias.

Vilaça também teve o recurso provido parcialmente e obteve a retificação de erro material ocorrido nos votos.

Com a decisão, as referências feitas ao acordo de leniência travado pela Mendes Júnior no âmbito do CADE devem ser compreendidas como referentes ao acordo da Setal Óleo e Gás. A modificação, entretanto, não altera o mérito do julgamento.

Na cidade conhecida pelo bravo time do Carcará, a crise econômica também deixou lastros. Distante cerca de 500 quilômetros do Recife, o município de Salgueiro, localizado no Sertão de Pernambuco, passa por problemas financeiros e enfrenta desemprego, até então sem solução palpável a curto prazo. As revelações são do prefeito Clebel Cordeiro (PMDB), que em entrevista ao LeiaJá, descreveu a situação da cidade e destrinchou o que pode vir a ser a solução.

De acordo com o gestor, há três anos a cidade ostentava 14 mil empregos. Hoje, segundo Clebel, são 7 mil desempregados, dentro de uma população de 60 mil habitantes. Para o prefeito, o grande motivo é a suspensão das atividades da empresa de construção civil Mendes Júnior, por meio da operação Lava Jato. A companhia era responsável por um dos principais trechos da transposição do Rio São Francisco localizados em solo salgueirense.

##RECOMENDA##

Clebel Cordeiro afirma que a paralisação das obradas da Mendes Júnior afetou diretamente as prestadoras de serviços que pegaram a onda de bons resultados econômicos gerados pela construtora. De acordo com o gestor municipal, muitos desempregados não receberam indenizações ao perderem seus empregos. “São 120 empresas que prestaram serviço e hoje estão quebradas. Esse pessoal está passando por sérias dificuldades. É um momento crítico”, comenta o prefeito.

Ainda detalhando o cenário econômico de Salgueiro, Clebel destrincha mais números negativos. “Salgueiro está pior do que todo mundo. Existem 3 mil pessoas que não receberam indenizações. Saíram das prestadoras de serviços da Mendes Júnior e ficou esse legado de dívidas. Tinha gente que vendia água mineral e quebrou com R$ 15 mil. Tem gente que possui prejuízo de mais de R$ 50 milhões”, explica.

O prefeito Clebel, ainda em entrevista ao LeiaJá, informou que não recorreu ao Governo do Estado para solicitar algum tipo de ajuda que pudesse amenizar os baques financeiros de Salgueiro. Segundo o gestor municipal, o próprio Estado já enfrenta uma dificuldade muito grande em aspectos financeiros. Ele afirma, porém, que recorreu ao governo federal e até possui algumas emendas liberadas, mas os recursos – valores não revelados - somente poderão ser utilizados pela Prefeitura quando algumas prestações de contas forem feitas de forma correta. De acordo com Clebel, as pendências são da gestão anterior. Veja mais relatos no vídeo a seguir:

[@#video#@]

Atualmente, a principal atividade econômica de Salgueiro é o funcionalismo público. Entre as soluções enxergadas pelo prefeito para melhorar a situação econômica da cidade está a implantação de uma unidade da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf). Ciência da computação e engenharia de produção são os cursos já definidos, porém, segundo Clebel, também há uma chance do campus oferecer medicina. “Essa universidade vai ser a Salvação de Salgueiro”, comenta o prefeito, que prevê o início dos cursos já em 2018.   

Três anos depois de deflagrada a primeira etapa da Operação Lava Jato, em março de 2014, as empreiteiras envolvidas encontram cada vez mais dificuldades para se manter de pé. Mesmo com cortes radicais na estrutura para se adequar à nova realidade de receitas, as empresas não conseguem reagir, atropeladas pela grave crise na imagem e pela recessão econômica.

Algumas decidiram "hibernar" os negócios até que o cenário melhore. Isso significa desativar praticamente toda a área de construção. Outras estão em recuperação judicial, sem muitas perspectivas de sair. E há ainda aquelas que decidiram focar os negócios em países distantes.

##RECOMENDA##

Enfrentam essa situação construtoras que até o início da Lava Jato estavam entre as 15 maiores empresas do setor, como Carioca, Mendes Júnior, Galvão Engenharia, Constran (UTC) e OAS.

As quatro maiores da construção - Odebrecht, Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa e Queiroz Galvão - também estão com grandes dificuldades para se recuperar, mas ainda têm gordura para queimar e um pouco mais de obras para concluir.

Na maioria das construtoras, porém, a carteira de projetos se deteriorou rapidamente no último ano e deve continuar assim em 2017. Segundo relatório da agência de classificação de risco Fitch Rating, conforme executam os melhores projetos, as empreiteiras ficam com outros que estão com pagamentos atrasados ou em ritmo lento. Isso enfraquece as expectativas de fluxo de caixa e de recuperação.

A Carioca Christiani-Nielsen, por exemplo, viu sua carteira de obras praticamente desaparecer de 2014 pra cá. Só no primeiro ano sob o efeito da Lava Jato a empresa perdeu 22% das receitas. No ano passado, a situação piorou, com a recessão econômica e a crise no Rio. Fontes ligadas ao grupo afirmam que a empreiteira praticamente fechou a construtora até que as condições melhorem. Ou seja, está tocando apenas as obras contratadas, e com poucos funcionários.

No fim do ano passado, o grupo demitiu o presidente da construtora e todos os diretores. Em atividade desde 1947 - quando começou a atuar no subúrbio do Rio em obras de urbanização -, a empresa foi fundada por Ricardo Backheuser e estava sendo tocada pelo filho Ricardo Pernambuco. Envolvido na Lava Jato, ele foi afastado do grupo, que agora é comandado pelo irmão Eduardo Backheuser. Com a situação financeira delicada, o grupo, que tem concessões rodoviárias e de saneamento, colocou ativos à venda para reforçar o caixa, afirmam fontes.

Em nota, a companhia afirmou que tem procurado, ao longo dos últimos anos, adequar-se a uma nova realidade de mercado. Mas que isso não significa, até o momento, "a decisão de abandonar qualquer área de atividade ou alienação de quaisquer ativos".

Desmonte. Situação semelhante vive a Constran, do grupo UTC. No início deste ano, o presidente João Santana, que trabalhou durante sete anos na empresa, deixou o cargo. Dos proejtos que a construtora mantinha em carteira, os maiores estão com problemas, a exemplo da Linha 6 do Metrô de São Paulo, cujas obras estão suspensas por desequilíbrio no contrato.

De 2014 para 2015, as receitas da construtora caíram pela metade, de R$ 1,3 bilhão para R$ 758 milhões, segundo dados do ranking da revista O Empreiteiro. Esses números, no entanto, se deterioraram drasticamente no ano passado, afirmam fontes do setor. Em todo o grupo, mais de 20 mil trabalhadores foram demitidos desde 2013 - ou seja, corte de 74% do quadro de funcionários.

Na construtora, houve um desmonte. Ficaram apenas algumas pessoas para resolver contratos ainda em andamento, segundo fontes do setor. Antes da Lava Jato revelar o maior escândalo de corrupção do País, a Constran vinha subindo rapidamente no ranking de construtores. De 2013 para 2014, ganhou quatro posições e alcançou a 13.ª posição. No ano seguinte, no entanto, já havia caído para a 18.ª colocação. Procurada, a empresa não quis comentar o assunto.

Outra construtora que teve rápida ascensão no setor foi a Galvão Engenharia, que até 2014 era a 5.ª maior empreiteira do País, com faturamento de R$ 3,8 bilhões. Em 2015, a empresa entrou em recuperação judicial e, desde então, vem minguando dia após dia. A construtora tem poucas obras em andamento, e que estão sendo concluídas. Fontes próximas à empresa afirmam que se trata de contratos pequenos, como a reurbanização de favelas, cuja execução tem sido muito lenta. Para não configurar abandono de obras, a empresa mantém apenas uns poucos funcionários no local, disse um ex-funcionário.

A empreiteira ainda tem outro imbróglio para resolver: a concessão da BR-153, cujas obras estão paradas. A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) havia decidido retomar a concessão. Mas, nos últimos dias, um novo investidor se mostrou interessado na concessão e teria feito uma proposta, afirmou uma fonte do setor. O dinheiro seria usado para honrar os compromissos dentro da recuperação judicial. "O problema é que não há novas obras para tocar. Assim, fica difícil se recuperar", disse outra fonte ligada à empresa.

De acordo com o relatório da Fitch, apesar do esforço do governo de realizar novos leilões de concessão, pouco se espera para 2017 em termos de projetos. Isso significa que será mais um ano de consumo das carteiras de obras. Segundo especialistas, o grande problema é que as empresas não podem deixar suas carteiras ficarem zeradas. Se não, a recuperação fica quase impossível.

"Uma empreiteira é como um escritório de advocacia. O que vale é o acervo técnico, as certificações para fazer obra. Se não conseguem novos projetos, sobra pouco para fazer", disse um advogado que representa várias empresas de construção. Foi com base nesse acervo que a mineira Mendes Júnior vinha se recuperando de uma crise que quase fez a construtora falir na década de 90. Com o bom momento da economia brasileira, a empreiteira pegou carona no aumento dos investimentos em infraestrutura e conseguiu uma série de contratos.

Mas, com a Lava Jato, a empresa foi a primeira a ser considerada inidônea. Além de não poder participar de novas licitações públicas, a credibilidade ficou comprometida também com a iniciativa privada. Como dizem no mercado, a empresa "hibernou" à espera de uma melhora econômica. Em recuperação judicial desde o ano passado, cerca de 1,7 mil funcionários demitidos há mais de um ano reclamam de não ter recebido seus direitos até hoje. A empresa não tem conseguido nem entregar os balancetes mensais exigidos na recuperação judicial.

Nas negociações de delação premiada da Mendes Júnior, os procuradores da Operação Lava Jato em Brasília têm exigido da empreiteira um esclarecimento sobre o pagamento de despesas pessoais do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). O acordo é discutido na Procuradoria-Geral da República há cerca de cinco meses. As tratativas começaram em Curitiba, mas foram transferidas para a capital por causa do envolvimento de políticos com foro privilegiado.

Para os investigadores, não é possível analisar qualquer proposta sem que haja um anexo no acordo sobre o caso revelado pela revista Veja, em 2007, que resultou na renúncia de Renan à presidência da Casa à época. O senador é acusado de ter despesas de um relacionamento extraconjugal, no qual teve um filho, pagas por meio de um lobista da Mendes Júnior.

##RECOMENDA##

Renan foi denunciado pela PGR no Supremo Tribunal Federal, na esfera criminal, em 2013. O ministro Edson Fachin disse à reportagem, em maio, que o caso deve ser analisado em breve. Na esfera cível, Renan responde por improbidade administrativa na Justiça Federal do Distrito Federal.

Nas duas ações, pesam contra o senador as suspeitas de crime de peculato, enriquecimento ilícito e fraude de documentos para comprovação de recursos. A Procuradoria e o Ministério Público Federal afirmam que Renan recebeu propina da Mendes Júnior para apresentar emendas que beneficiariam a empreiteira, em troca do pagamento de despesas pessoais.

A reportagem revelou na semana passada que a Mendes Júnior apresentou proposta de delação premiada na qual assume ter efetuado pagamento de propina em obras públicas. As negociações, porém, "esfriaram", porque a empresa ainda não abordou todos os casos em que a PGR já tem indícios de subornos - e o principal é o de Renan.

O senador informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que "jamais recebeu vantagens de quem quer que seja". Segundo a nota, "os autos reúnem uma fartura de provas inocentando o senador". A Mendes Júnior não respondeu.

Apuração

Um relatório da Receita Federal com empresas de consultoria consideradas de fachada e contratadas pela Mendes Júnior serve de base para os procuradores na investigação sobre obras públicas.

O documento aponta o pagamento de R$ 3,7 milhões da Mendes Júnior para Arquieng Arquitetura e Engenharia - que teve como sócio Glauco Rogério de Araújo Mendes, ex-coordenador de Obras e ex-diretor de Infraestrutura Hídrica do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs).

O relatório aponta que, "coincidentemente", uma das metas de Araújo Mendes, como diretor do Dnocs, era "retomar as obras dos perímetros irrigados Platôs de Guadalupe". A obra citada na delação da Mendes Júnior foi licitada por R$ 143 milhões e teve como vencedor o consórcio formado pela empresa e outra construtora.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Em negociação com a Procuradoria-Geral da República, o grupo de executivos da empreiteira Mendes Júnior apresentou proposta de delação premiada na qual assume ter efetuado o pagamento de propina em obras do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes, o Dnit, e no Departamento Nacional de Obras Contra as Secas, o Dnocs. As negociações com os executivos da empreiteira começaram há cerca de cinco meses.

A reportagem apurou que são citadas obras nas rodovias BRs 101 (PE), 429 (RO) e a 163 (MT), nos casos de licitações do Dnit. A obra do Projeto de Aproveitamento Hidroagrícola dos Platôs de Guadalupe (PI) aparece nas citações ao Dnocs. A obra foi licitada por R$ 143 milhões e teve como vencedor o consórcio formado pela empresa e a Camargo Corrêa.

##RECOMENDA##

Suspeitas

Um dos documentos nos quais os procuradores se baseiam para questionar a Mendes Júnior é um relatório de empresas de consultoria contratadas pela construtora e consideradas de fachada pela Receita. Entre transações suspeitas, o documento aponta o pagamento de R$ 3,7 milhões da Mendes Júnior para Arquieng Arquitetura e Engenharia - que teve como sócio Glauco de Araújo Mendes, ex-diretor do Dnocs. A Arquieng e Araújo já apareceram como destinatários de valores de outra empreiteira, a Andrade Gutierrez. No fim de junho, Araújo, então secretário do Ministério da Integração Nacional, foi exonerado após o Estado revelar o elo da Arquieng com a Andrade. Araújo foi nomeado diretor do Dnocs em 2013, na gestão Fernando Bezerra Coelho (PSB).

No caso do Dnit, ligado à pasta dos Transportes, o documento cita que a Mendes Júnior repassou R$ 3,6 milhões para a Konceito Empreendimentos de Engenharia, que não possuía funcionários registrado na época dos pagamentos, em 2013.

Defesa

O Dnocs e a Integração Nacional disseram que não tiveram acesso à proposta de delação e, por isso, não comentariam. Representantes da Arquieng e da Konceito, assim como Araújo, não foram localizados. O Dnit não respondeu à reportagem. Fernando Bezerra informou que a nomeação de Araújo não partiu dele nem do PSB. Segundo nota enviada, "as indicações para estatais são responsabilidade da Presidência". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Em portaria publicada nesta quinta-feira, 28, no Diário Oficial, a Controladoria-Geral da União (CGU) declara a empresa Mendes Júnior Trading e Engenharia S/A inidônea para contratar com a administração pública. A decisão, assinada pelo ministro Luis Navarro, conclui o Processo Administrativo de Responsabilização (PAR) instaurado em virtude da Operação Lava Jato. Com a sanção, a construtora está proibida de celebrar novos contratos por, pelo menos, dois anos.

O processo utilizou informações compartilhadas pela Justiça Federal e outras colhidas junto a diversos órgãos, como o Ministério Público Federal (MPF), o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e a Petrobras. Além disso, também foram realizadas oitivas dos colaboradores que firmaram acordo de delação premiada como Alberto Youssef, Paulo Roberto Costa, Pedro José Barusco Filho e Mario Goes.

##RECOMENDA##

Conluio e Propina

A acusação contra a empresa Mendes Júnior Trading e Engenharia S/A foi formulada com base em duas tipificações de irregularidades previstas na Lei 8.666/93 cuja ocorrência foi verificada entre os anos de 2004 e 2012.

A primeira consiste na prática de atos lesivos visando a frustrar os objetivos da licitação (art. 88, II, da Lei 8.666/93), caracterizada pelo conluio entre empresas que prestavam serviços à Petrobras. A Mendes Júnior coordenava suas ações junto às concorrentes para reduzir a competitividade nos processos licitatórios.

A segunda tipificação contra a empresa foi a demonstração de não possuir idoneidade para contratar com a Administração em virtude de atos ilícitos praticados (art. 88, III, da Lei 8.666/93). Essa irregularidade foi caracterizada pelo pagamento de propinas a agentes públicos com a finalidade de garantir a continuidade de ajustes anticompetitivos. Além disso, as propinas permitiam aos representantes da empresa exercer influência indevida sobre os agentes e receber tratamento diferenciado. Ficou ainda comprovada a utilização de empresas de fachada para dissimular pagamentos.

Em sua defesa, a empresa Mendes Júnior alegou que as provas obtidas durante o processo eram insuficientes. No entanto, as testemunhas ouvidas pela comissão que conduziu o PAR confirmaram a ativa participação da empresa no conluio que operava junto à Petrobras. Foram verificadas anotações contemporâneas às reuniões que continham expressões inequívocas referentes aos acertos ilícitos, tais como: "tentativa de organizar todo o mercado de forma a incluir as empresas menores na divisão das obras da Petrobras" e "quebra de acordo de divisão de mercado".

Em relação ao pagamento de propinas, a empresa admitiu que fez as transferências e que as notas fiscais e os contratos eram frios. Porém, alegou que foi extorquida e fez os pagamentos sob coação, o que não foi aceito pela comissão processante.

Punição

Segundo o ministro Luis Navarro, "essa é uma importante decisão adotada pela CGU, pois cumpre o papel de punir severamente as empresas que lesaram o Estado, tendo em vista que, no caso específico, a Mendes Júnior não reconheceu sua responsabilidade objetiva, não colaborou com as investigações e tampouco buscou ressarcir os cofres públicos pelas vantagens indevidas obtidas".

A declaração de inidoneidade, prevista na Lei nº 8.666/93, impede que a empresa participe de novas licitações ou que seja contratada pela administração pública nos âmbitos federal, estadual e municipal.

A CGU encaminhará as conclusões ao Ministério Público Federal, ao Tribunal de Contas da União (TCU) e à Advocacia-Geral da União (AGU) para as providências cabíveis, no âmbito das respectivas competências.

O juiz federal Sérgio Moro, da Operação Lava Jato, recomendou à empreiteira Mendes Júnior que busque um acordo de leniência - instrumento por meio do qual a pessoa jurídica admite a prática de cartel e outros ilícitos em troca de benefícios.

Na sentença em que condenou criminalmente três dos principais executivos da construtora, o juiz usou o exemplo da multinacional alemã Volkswagen que, em setembro, admitiu fraudes no controle de emissão de poluentes em mais de dez milhões de veículos da marca. O presidente-executivo da Volks, Martin Winterkorn, pediu desculpas.

##RECOMENDA##

"É pior para a reputação da empresa (Mendes Júnior) tentar encobrir a sua responsabilidade do que assumi-la", sentenciou Moro. "Com as devidas adaptações, o recente exemplo da reação pública da automotora Volkswagen é ilustrativo do comportamento apropriado de uma grande empresa quando surpreendida na prática de malfeitos, diga-se de passagem aparentemente menores dos que os apurados no presente feito (fraudes na Petrobras que somaram R$ 6,2 bilhões)."

O juiz da Lava Jato enfatizou. "A admissão da responsabilidade não elimina o malfeito, mas é a forma decente de superá-lo, máxime por parte de uma grande empresa. A iniciativa depende muito mais da Mendes Júnior do que do Poder Público."

"Considerando as provas do envolvimento da empresa na prática de crimes, recomendo à empresa que busque acertar sua situação junto aos órgãos competentes", escreveu Moro. Ele citou o Ministério Público Federal, Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE), Petrobrás e Controladoria Geral da União (CGU).

Moro destacou que a sentença de condenação de Sérgio Cunha Mendes (19 anos e quatro meses de prisão) e de outros dois executivos por suposto pagamento de R$ 31,4 milhões em propinas no âmbito de cinco contratos com a Petrobras não atinge a própria empreiteira. "Este Juízo nunca se manifestou contra acordos de leniência e talvez sejam eles a melhor solução para as empresas considerando questões relativas a emprego, economia e renda."

Para o magistrado, "a questão relevante é discutir as condições" da leniência. Moro alerta que "para segurança jurídica da empresa, da sociedade e da vítima, os acordos deveriam envolver, em esforço conjunto, as referidas entidades públicas, que têm condições de trabalhar coletivamente". O juiz recrimina eventual exclusão do Ministério Público Federal, "já que, juntamente com a Polícia, é o responsável pelas provas".

Moro sugere que o pacto de leniência deveria incluir necessariamente, nessa ordem, o afastamento dos executivos envolvidos em atividade criminal - não necessariamente somente os condenados nesta ação -, a revelação irrestrita de todos os crimes, de todos os envolvidos e a disponibilização das provas existentes, não necessariamente somente os que foram objeto do julgamento em que impôs quase 20 anos de prisão para Sérgio Cunha Mendes.

O juiz propõe que a leniência também inclua a adoção de sistemas internos mais rigorosos de compliance e a indenização completa dos prejuízos causados ao Poder Público, "não necessariamente somente os que foram objeto deste julgamento".

"A Mendes Júnior, por sua dimensão, tem uma responsabilidade política e social relevante e não pode fugir a elas, sendo necessário, como primeiro passo para superar o esquema criminoso e recuperar a sua reputação, assumir a responsabilidade por suas faltas pretéritas", adverte o juiz.

O criminalista Marcelo Leonardo, que defende os executivos da Mendes Júnior, disse que vai recorrer da sentença condenatória. Consultada sobre as declarações do juiz, a empreiteira afirmou, por meio de nota "que não se pronuncia sobre inquéritos e processos em andamento".

O juiz federal Sérgio Moro, que conduz as ações da Operação Lava Jato, condenou a 19 anos e 4 meses de prisão o executivo Sérgio Cunha Mendes, ex-vice-presidente da empreiteira Mendes Junior, por corrupção, lavagem de dinheiro e associação criminosa. Outros dois dirigentes da cúpula da empreiteira também foram condenados.

Rogério Cunha Pereira, ex-diretor de Óleo e Gás da empresa, foi condenado pelos mesmos crimes a 17 anos e quatro meses de reclusão. A Alberto Elísio Vilaça Gomes, antecessor de Rogério Cunha Pereira no cargo de diretor de Óleo e Gás da Mendes Júnior, foi imposta pena de 10 anos de prisão.

##RECOMENDA##

"A prática do crime corrupção envolveu o pagamento de R$ 31.472.238,00 à Diretoria de Abastecimento da Petrobras, um valor muito expressivo. Um único crime de corrupção envolveu pagamento de cerca de R$ 9 milhões em propinas", sentenciou Sérgio Moro.

Foram absolvidos os executivos ligados à Mendes Junior, Ângelo Alves Mendes - ex-diretor-vice-presidente - e José Humberto Cruvinel Resende. "Entendo que há uma dúvida razoável se agiram com dolo, especificamente se tinham consciência de que os contratos em questão foram utilizados para repasse da propina", afirmou Moro.

O doleiro Alberto Youssef foi condenado a 20 anos e quatro meses de reclusão, mas como fez delação premiada na Procuradoria-Geral da República, a pena a ele imposta foi suspensa por Moro.

O ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa pegou 10 anos de reclusão. Ele também fez acordo de delação.

Segundo denúncia do Ministério Público Federal, a Mendes Júnior fez parte do 'clube vip' de empreiteiras que, em cartel, 'teriam sistematicamente frustrado as licitações' da Petrobras para a contratação de grandes obras a partir do ano de 2006, entre elas na Refinaria de Abreu e Lima, em Pernambuco, no Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) e Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), no Paraná.

Moro fixou em R$ 31.472.238,00 o valor mínimo necessário para indenização dos danos decorrentes dos crimes, a serem pagos à Petrobras, 'o que corresponde ao montante pago em propina à Diretoria de Abastecimento e que, incluído como custo das obras no contrato, foi suportado pela Petrobras'.

O criminalista Marcelo Leonardo, que defende a cúpula da empreiteira Mendes Júnior, disse que ainda não teve acesso à sentença, mas adiantou que 'haverá recurso para o Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF4)'.

Marcelo Leonardo destacou que os argumentos do recurso serão os mesmos apresentados nas alegações finais do processo criminal perante a 13.ª Vara Criminal Federal no Paraná, base da Operação Lava Jato.

Segundo o criminalista, os executivos da Mendes Júnior foram extorquidos pelo doleiro Alberto Youssef que teria exigido R$ 8 milhões da empresa.

O empresário Sérgio Cunha Mendes afirmou à Justiça que os pagamentos foram parcelados por meio de contratos frios firmados com as empresas de fachada GFD Investimentos e Empreiteira Rigidez, controladas pelo doleiro. "Era um valor que ele (Youssef) colocou, R$ 8 milhões e alguma coisa, e foi pago relativo aos aditivos a serem aprovados, da Replan e do TABR", declarou o empresário, quando interrogado pelo juiz federal Sérgio Moro.

O vice-presidente Michel Temer no exercício da Presidência da República disse nesta quinta-feira (9) que o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), tem direito à ampla defesa no processo em que é acusado de envolvimento em esquema de corrupção ligado à construtora Mendes Júnior.

Ao ser indagado sobre se seria possível a permanência de Renan no comando do Senado mesmo depois do indiciamento da Justiça, Temer disse: "O indiciamento é um processo que até seu trânsito em julgado não é definitivo. Isso deve ser examinado. A Constituição prevê a ampla defesa, não devemos nos precipitar". Temer visitou nesta manhã as instalações do Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras (Sisfron) na 4ª Brigada de Cavalaria Mecanizada do Exército em Dourados (MS).

##RECOMENDA##

Renan é réu em processo aberto pela Justiça Federal em Brasília. O presidente do Senado é acusado de ter recebido propina da construtora Mendes Júnior para apresentar emendas parlamentares que beneficiavam a empreiteira. O Ministério Público Federal acusa Renan de ter tido despesas de um "relacionamento extraconjugal" pagas pela empresa na sua primeira passagem pelo comando da Casa (2005-2007).

No processo que corre na 14ª Vara Federal do Distrito Federal, os procuradores sustentam que Renan enriqueceu ilicitamente, forjou documentos para comprovar que tinha recursos para bancar as despesas pessoais e ainda teve evolução patrimonial incompatível com o cargo. Como se trata de ação civil, o processo não precisa tramitar no Supremo Tribunal Federal, foro para ações criminais de autoridades.

A Justiça Federal de Brasília decidiu tornar o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), réu em processo em que o senador é acusado de ter recebido propina da construtora Mendes Junior para apresentar emendas parlamentares que beneficiavam a empreiteira. O Ministério Público Federal acusa Renan de ter tido despesas de um "relacionamento extraconjugal" pagas pela empresa na sua primeira passagem pelo comando da Casa (2005-2007).

A ação de improbidade movida pelo MP foi revelada, com exclusividade, pelo Broadcast Político, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, em setembro do ano passado. No processo que corre na 14ª Vara Federal do Distrito Federal, os procuradores sustentam que Renan enriqueceu ilicitamente, forjou documentos para comprovar que tinha recursos para bancar as despesas pessoais e ainda teve evolução patrimonial incompatível com o cargo.

##RECOMENDA##

Em decisão publicada no dia 16 de junho, o juiz Waldemar Cláudio de Carvalho recebeu a petição inicial movida pelo MP contra o presidente do Senado, tornando-o réu na ação. O magistrado decretou segredo de justiça no caso, o que impossibilita a confirmação de mais detalhes. A defesa de Renan Calheiros deve recorrer da decisão.

O presidente do Senado terá, agora, de contestar os fatos da ação. Se for condenado por improbidade, Renan pode perder o cargo público e ainda ser obrigado a ressarcir a União pelo dano causado.

O caso a que se refere a ação de improbidade remonta ao ano de 2007. Na época, Renan renunciou à presidência do Senado para evitar a cassação do mandato após ser alvo de uma série de acusações, entre elas a de ter tido, conforme apontou a revista Veja, despesas pessoais pagas por Cláudio Gontijo, lobista da Mendes Junior.

No final de janeiro de 2013, dias antes de Renan se eleger para mais um dos quatro mandatos à frente do Senado, o então procurador-geral da República, Roberto Gurgel, ofereceu denúncia criminal no Supremo Tribunal Federal (STF) contra o senador por peculato, falsidade ideológica e uso de documento falso por causa desses fatos. O processo, que estava sob relatoria do presidente da Corte, ministro Ricardo Lewandowski, foi encaminhado ao gabinete do ministro Luiz Edson Fachin, que assumiu uma cadeira no tribunal em junho. Ele encaminhou o caso, no início de julho, para a Procuradoria-Geral da República. A investigação também corre sob sigilo.

A ação de improbidade é um desdobramento, na esfera cível, do mesmo caso. Segundo a ação, no Orçamento enviado pelo governo ao Congresso para os anos de 2005 e 2006, não havia qualquer alusão à construção do cais de contêineres no Porto de Maceió, obra tocada pela Mendes Junior desde 2001. O empreendimento, segundo o MP, só passou a virar prioridade após a apresentação de emendas parlamentares por Renan. Viraram réus na ação de improbidade o peemedebista, Cláudio Gontijo e a Mendes Junior.

"O ato por si só, de receber valores de empresas diretamente interessadas em emendas parlamentares, já constitui ato de improbidade administrativa, mas quando a vantagem econômica é recebida em atenção aos 'serviços' prestados pelo agente público no exercício do seu cargo, a repulsa da sociedade é ainda mais grave", afirma o MP, na ação.

O presidente do Senado ainda é alvo de outros três inquéritos abertos no STF em março pelo ministro Teori Zavascki. Ele é investigado pelos crimes de formação de quadrilha, corrupção passiva e lavagem de dinheiro na Operação Lava Jato.

Procurado pela reportagem por meio de sua assessoria, o presidente do Senado não quis se manifestar.

Em medida cautelar, paralela à ação civil pública por improbidade administrativa ajuizada pela Força-Tarefa da Operação Lava Jato do Ministério Público Federal (MPF), a Justiça Federal determinou o bloqueio de R$ 137,52 milhões em bens da Mendes Júnior Participações S/A e da Mendes Júnior Trading e Engenharia S/A, alvos da investigação sobre corrupção na Petrobras.

A medida atinge também o ex-vice-presidente executivo da trading, Sergio Cunha Mendes, o ex-vice-presidente corporativo Ângelo Alves Mendes e Rogério Cunha de Oliveira, Alberto Elísio Vilaça Gomes e José Humberto Cruvinel Resende, todos ex-funcionários do grupo.

##RECOMENDA##

As informações foram divulgadas nesta sexta feira, 29, pela Procuradoria da República no Paraná, base da Lava Jato.

A ação do MPF visa o bloqueio de parte dos valores desviados da Petrobras, em contratos com empresas do grupo Mendes Júnior e que teriam sido pagos a título de propina a agentes públicos relacionados à diretoria de Abastecimento da estatal, na época sob comando do engenheiro Paulo Roberto Costa - réu e primeiro delator da Lava Jato

Segundo a Procuradoria da República, os valores indisponíveis correspondem a 1% do total dos contratos firmados entre as empresas e a Petrobrás no período - cerca de R$ 34 milhões -, além de multa civil de três vezes o valor do acréscimo patrimonial indevido.

Segundo a decisão da Justiça Federal, as provas apresentadas na medida cautelar confirmam que "em todos os contratos celebrados com as empresas cartelizadas havia o acerto de pagamento de propina de 1% do valor total dos contratos ao então diretor Paulo Roberto Costa".

O despacho tem caráter liminar e é de garantia, ou seja, no momento não haverá alienação de bens, destinação imediata dos valores objeto da indisponibilidade e a medida não atingirá o capital de giro das empresas.

Os réus da ação civil pública de improbidade administrativa têm até 15 dias para apresentarem em juízo bens livres e desimpedidos passíveis de constrição judicial.

O ex-vice-presidente da Mendes Júnior, Sérgio Cunha Mendes, afirmou em seu interrogatório na Justiça Federal do Paraná, base das investigações da Operação Lava Jato, que a empresa pagou R$ 8 milhões ao doleiro Alberto Youssef. O empreiteiro contou que os pagamentos parcelados foram feitos em contratos frios firmados com as empresas de fachada GFD Investimentos e Empreiteira Rigidez, controladas pelo doleiro.

O empreiteiro classificou o pagamento como uma extorsão, em depoimento na última segunda-feira, 11. Ele afirmou não saber o critério do cálculo do valor que o doleiro pediu de propina. "Era um valor que ele colocou, R$ 8 milhões e alguma coisa, e foi pago relativo aos aditivos a serem aprovados, da Replan e do TABR", afirmou.

##RECOMENDA##

Segundo Sérgio Cunha Mendes, o dinheiro foi pedido por Youssef, personagem central da Lava Jato, durante uma reunião na sede da Mendes Júnior de São Paulo. O doleiro teria entrado em contato com ele após um pedido do ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás Paulo Roberto Costa para que 'atendesse a um telefonema de Alberto Youssef'.

"Nesta relação que nós temos com a Petrobrás, foi feito um pagamento em cima de um pedido, mas mais que um pedido, uma espécie de pressão, para que nós pagássemos em cima de um aditivo que nós tínhamos na Petrobrás", declarou Sérgio Mendes. "Isso aconteceu em 2011 e foi feito em cima disso, em função até das nossas necessidades, esse pagamento em torno de R$ 8 milhões. A empresa, realmente, estava em uma situação financeira muito apertada, devendo a muitos fornecedores, nós não temos há muitos anos crédito com banco público por causa das pendências que temos com o próprio governo. Estamos impossibilitados de… Caixa, Banco do Brasil, BNDES, a gente não opera há muitos anos. Realmente, a situação era muito grave para a gente", afirmou.

"Foi colocado que a gente tinha umas pendências, que tinha aprovados desses aditivos e que se a gente não fizesse esse pagamento a gente ia ter alguns problemas tanto para receber quanto para novos projetos para frente, contratos, convites, essas coisas. E era uma exigência, inclusive, ele fez exigências até pesadas, duras. Nós queríamos primeiro antes de tomar qualquer decisão, a gente propôs, vamos ver como é que nós podemos fazer, se é possível. Tínhamos que pedir autorização do dr. Murilo. Levamos ao dr. Murilo e ele ficou muito chocado", disse Sérgio Cunha Mendes.

Ele disse ao juiz federal Sérgio Moro, que conduz as ações da Lava Jato, que desconhece reuniões em que houvesse combinação de licitações da Petrobrás. O empreiteiro afirmou também que não pagou propina na Diretoria de Serviços da Petrobrás, então comandada por Renato Duque - indicado pelo PT para o cargo, Duque está preso sob suspeita de corrupção e lavagem de dinheiro.

Enquanto os corredores Norte-Sul e Leste-Oeste do sistema de Bus Rapid Transit (BRT) não são concluídos, as estruturas inacabadas começam a se desgastar. E a tendência é que a situação se agrave, visto que depois de atrasos e mais atrasos, a Secretaria das Cidades não consegue mais apontar uma data de conclusão.

##RECOMENDA##

Na Avenida Conde da Boa Vista, na área central do Recife, as estações, que inicialmente eram provisórias pois possuem menos recursos que as demais e que serão permanentes, são as que apresentam os maiores traços de esquecimento: com grandes pichações, sujeira e estrutura com sinais de ferrugem. A estação que fica em frente à Faculdade Fafire, por exemplo, virou casa para morador de rua. Uma cama está instalada no local, além de restos de “quentinhas” e muitas mangas podres espalhadas.

Trabalhadores do entorno das estações da Boa Vista relatam que desde dezembro as obras estão paralisadas. “Usaram nosso dinheiro para levantar isso aí [parte da estrutura] e deixaram para lá”, reclama o vendedor Vanildo Barbosa Dias, de 64 anos.

Enquanto as estações de BRT da avenida não ficam prontas, os usuários do transporte público têm que se acostumar com as paradas provisórias. É que para construir os pontos de BRT foi preciso retirar algumas paradas ali instaladas e ampliar as restantes com uma parada de estrutura mais humilde. A professora Maria das Graças, de 61 anos, pega ônibus em uma dessas e lamenta não poder utilizar o BRT. “A situação está péssima. A gente tem que enfrentar chuva, sol forte...”, lamenta.

O projeto inicial continua sofrendo alterações desde sua primeira apresentação, tanto que a resposta da Secretaria das Cidades sobre a quantidade total de estações ainda é tratada como previsão. O número previsto para o corredor Leste-Oeste, no qual a Avenida Conde da Boa Vista está inserida, é de 22 estações; já para o corredor Norte-Sul, a previsão é de 28. Atualmente os trechos estão com 13 e 11 estações em operação, respectivamente.

Na Avenida Caxangá, na zona Oeste da cidade, quase todas as estações já estão em funcionamento, com exceção da que ficará instalada em cima do elevado para BRT, que se encontra em estágio inicial de obra. As estações Forte do Arraial, no bairro do Cordeiro, e Abolição, na Madalena, estão com vidros depredados. Os terminais integrados da III Perimetral, próximo ao Hospital Getúlio Vargas, e da IV Perimetral, ao lado do viaduto da BR-101, também estão incompletos e com obras paradas.

Outra estação com obras paralisadas está localizada na Rua Benfica, que liga a Madalena ao bairro do Derby. Por conta disso, a linha 437 – TI Caxangá (Centro), de veículo comum, que funciona parcialmente expresso, está embarcando pessoas nas paradas de ônibus da Benfica e não só da Avenida Conde da Boa Vista, como foi programada.

Na PE-05, em Camaragibe, moradores da comunidade das Barreiras possuem uma estação em frente a suas casas, mas não têm muito o que comemorar. A Estação Barreiras é mais uma sem operar e fica localizada entre duas que funcionam, mas a uma distância longe o suficiente para os moradores não se arriscarem a ir a pé até uma delas. “Pois é, a gente tem uma estação na porta de casa e não pode usar”, diz um usuário de ônibus na parada. “Vão nem ligar mais para isso porque já passou a Copa do Mundo”, alfineta outra moradora. 

Dos que utilizam o BRT do corredor Leste-Oeste, os camaragibenses parecem os mais insatisfeitos. Apesar do corredor ligar Camaragibe ao centro do Recife, após a PE-05 não há mais estações até o TI de Camaragibe, o que representa uma distância de aproximadamente 3,5 km sem paradas.

Para a Avenida Belmino Correia, em Camaragibe, eram previstas inicialmente cinco pontos de BRT. A Secretaria das Cidades esclareceu que, após dialogar com a Prefeitura de Camaragibe, concordou em revisar o projeto e instalar apenas quatro estações, visando minimizar o impacto das desapropriações que seriam necessárias. Não há sinais destas estações.

No corredor Norte-Sul as obras continuam, mas devagar e atrasadas. A reportagem do LeiaJá passou pela área e só viu trabalhadores em apenas uma das estações em obras. Uma outra estação em Paulista aparenta ter um futuro mais complicado maior, porque é conectada com uma passarela, que também está incompleta. “Essa obra trazia uma perspectiva de melhora, mas parou. Não vejo mais ninguém desde o período de eleição”, lamenta o ator Adriano Cabral, 43, que pega ônibus nas proximidades.

Já não bastasse as obras incompletas, as que já foram concluídas apresentam algumas falhas que acabam revelando um processo mal feito, sem zelo. É o caso, por exemplo, das informações presentes dentro das estações, que possuem tradução para o inglês. Uma delas, que fica ao lado das portas automáticas avisa: “Antes de entrar no ônibus, verifique se as portas do mesmo encontram-se posicionadas corretamente”. Logo abaixo, segue a frase em inglês: “Before boarding bus, make sure doors are fully opened”, que significa “antes de embarcar no ônibus, certifique-se de que as portas estão completamente abertas”. Enquanto o primeiro aviso pede que o usuário analise se as portas da estação estão alinhadas com a dos ônibus, visto que elas abrem automaticamente e não há a presença do cobrador para auxiliar o motorista do BRT, a mensagem em inglês faz um alerta óbvio o suficiente para não precisar ser feito. 

A Construtora Mendes Júnior é responsável pela execução dessas obras, mas está em situação delicada desde que apareceu nas denúncias da Operação Lava Jato. A Secretaria das Cidades disse que advertiu formalmente a empresa para que retome as obras paradas.

Ainda segundo a secretaria, só será possível prever a data de conclusão do Corredor Leste-Oeste quando as obras voltarem em ritmo normal. Já o Corredor Norte-Sul – 26 estações, TI Abreu e Lima e três passarelas de pedestres -  tem previsão de conclusão para o final do primeiro semestre de 2015. As demais obras dependem “da remoção das interferências”, segundo a resposta da secretaria.

O Grande Recife Consórcio de Transportes explicou que os vidros para substituir os que foram apedrejados na Avenida Caxangá já foram encomendados e estão vindo de São Paulo. O consórcio lembrou que o material é temperado e não se estilhaça, não oferecendo risco aos usuários.   

[@#galeria#@]

A empreiteira Mendes Júnior passou a ser alvo de processos administrativos movidos pelo Ministério da Integração Nacional por atrasos na execução de obras da transposição do Rio São Francisco. A companhia está com o seu vice-presidente, Sérgio Cunha Mendes, preso em Curitiba desde novembro do ano passado, envolvido com as investigações da Operação Lava Jato, da Polícia Federal.

O ministério também quer aplicar multas sobre a construtora nesse novo episódio de complicações enfrentadas pela construtora. Dona de dois contratos do projeto da transposição, que somam mais de R$ 1,2 bilhão, a Mendes Júnior tem feito demissões em massa na obra desde o fim de 2014. As paralisações teriam relação direta com as dificuldades financeiras enfrentadas pela empresa. Para resolver a situação, a empreiteira negociou um empréstimo com o Banco Mercantil do Brasil para retomar as obras.

##RECOMENDA##

Questionada sobre o financiamento e as causas da paralisação, a Mendes Júnior limitou-se a dizer que "as obras encontram-se em andamento dentro do previsto". Em nota, o Ministério da Integração confirmou haver um processo administrativo para apurar possíveis falhas: "A empresa apresentou defesa que está em análise pela área jurídica do ministério. Após a conclusão desta análise poderá ser definida a penalidade".

A atuação da Mendes Júnior no São Francisco acaba de ser alvo de auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU). O levantamento revela que, de setembro de 2014 até agora, o número de trabalhadores da empresa nos dois lotes caiu de 2,6 mil para quase 1,8 mil funcionários. O corte se concentrou no principal lote tocado pela empresa, cujo investimento total soma R$ 926,9 milhões.

A preocupação do governo é adiar novamente a conclusão da obra. Até dezembro, a execução física no lote principal tocado pela Mendes Júnior só havia atingido 50,3% do total contratado. No lote menor, de R$ 321,8 milhões, os trabalhos chegavam a 86,9% de execução física.

Água

A Mendes Júnior atua em dois lotes no chamado "Eixo Norte" da transposição, uma calha de concreto prevista para alcançar 260 quilômetros de extensão, com início no município de Cabrobó, em Pernambuco. A segunda adutora que compõe o projeto é o "Eixo Leste", que captará água na barragem de Itaparica, em Floresta (PE), e avançará mais 217 quilômetros. A promessa é de que essa rede levará água a 12 milhões de habitantes em 390 municípios do agreste e do sertão de Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte.

Inicialmente estimada em R$ 4,7 bilhões e prevista para ser concluída em 2012, a transposição já se tornou uma das obras mais caras e atrasadas do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). São R$ 8,8 bilhões. Pelo cronograma atual, a meta é entregar o Eixo Norte até maio de 2016. Em novembro de 2016 seria entregue o Eixo Leste. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Justiça de Minas Gerais acatou na última quinta-feira (26) liminar pedindo o arresto de R$ 2,284 milhões da construtora Mendes Júnior, em favor de uma pequena fornecedora, a Retrans Guindastes e Montagens, engrossando ainda mais a enxurrada de ações contra as empresas envolvidas na Operação Lava Jato. Na ação cautelar, os advogados da Retrans alegam que a Mendes Júnior atrasa pagamentos desde setembro de 2014.

Os pagamentos atrasados, segundo a Retrans, são devidos pelo aluguel de equipamentos e mão de obra especializada para sua operação na expansão da unidade da fabricante de cimento suíça Holcim, em Barroso (MG), obra de R$ 1,4 bilhão iniciada em maio de 2012, onde trabalham hoje 3 mil operários.

##RECOMENDA##

Na decisão, o juiz Mauro Francisco Pittelli, da 1ª Vara Cível de Juiz de Fora, diz que "os documentos juntados aos autos demonstram que a medida cautelar de arresto é necessária". "A demora em providências a serem tomadas contra a Requerida (a Mendes Júnior) pode causar danos patrimoniais ao Requerente (a Retrans)", escreve o juiz.

O arresto foi feito pelo Bacen Jud, sistema do Banco Central (BC) para o bloqueio judicial de contas correntes. Procurada, a Mendes Júnior informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que não foi notificada da ação e não fez comentários.

O site do Tribunal de Justiça de Minas informa que a carta de citação foi expedida na última segunda-feira. O advogado da Retrans, Juarez Loures, confirmou a decisão do juiz, mas não fez comentários adicionais.

O juiz também acatou o pedido de Loures de que sejam bloqueados os pagamentos da Holcim à Mendes Júnior. Quaisquer pagamentos deverão ser depositados judicialmente. A assessoria de imprensa da Holcim também informou que a empresa não foi notificada da ação.

A expansão da fábrica da Holcim é "uma das maiores obras industriais" em curso no País e 80% dos trabalhos foram concluídos, de acordo a assessoria de imprensa da Mendes Júnior. As duas empresas informam que as obras estão no cronograma.

A Holcim disse que a previsão de término é "meados do segundo semestre deste ano". Um release da multinacional suíça de 2013 mencionava que a obra ficaria pronta entre o fim de 2014 e o início deste ano.

A Mendes Júnior, que teve seu vice-presidente preso em novembro, está entre as empresas envolvidas na Lava Jato em situação mais crítica. Com pedidos de falência por parte de seus credores, a construtora está ameaçada de pedir recuperação judicial, como revelou em janeiro o Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado.

As dívidas no curto prazo da construtora somavam R$ 189 milhões, enquanto seu caixa contabilizava cerca de R$ 50 milhões no fim do primeiro semestre de 2014, segundo agências de classificação de risco.

A ação da Retrans é apenas mais um problema da Mendes Júnior. Como revelou o jornal O Estado de S. Paulo mês passado, a SH Formas, locadora de equipamentos para construção (andaimes, escoras metálicas, etc.), pediu a falência da construtora, para cobrar uma dívida de R$ 2,2 milhões.

No começo do ano, a Mendes Júnior teve dificuldade para pagar funcionários da obra de Transposição do São Francisco e estaria ainda prestes a entregar o contrato de construção do trecho Norte do Rodoanel de São Paulo.

A defesa do empresário Sérgio Cunha Mendes, vice presidente da empreiteira Mendes Júnior, pediu sua absolvição sumária à Justiça Federal no Paraná sob alegação de que ele foi vítima de "achaque". Para assegurar contratos com a Petrobras, Sérgio Mendes teria sido obrigado a repassar valores ilícitos para o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, "com o auxílio" do doleiro Alberto Youssef.

Costa e Youssef, personagens centrais do suposto esquema de corrupção e propinas que se instalou na estatal petrolífera, estão presos desde março de 2014. Eles fizeram delações premiadas. A tese da defesa da Mendes Júnior foi apresentada à Justiça Federal em resposta à acusação do Ministério Público Federal.

##RECOMENDA##

Segundo a força tarefa da Lava Jato, no período de 2004 a 2014, o vice presidente e outros executivos da Mendes Júnior Trading Engenharia S/A (MJTESA) teriam praticado crime de corrupção ativa "pois teriam prometido vantagens indevidas ao então diretor de Abastecimento da Petrobras (Paulo Roberto Costa), para determiná-lo a praticar, omitir e retardar atos de ofício".

Interrogado pela Polícia Federal, Sérgio Cunha Mendes admitiu, expressamente, que a empreiteira fez pagamentos a duas empresas - GFD Investimentos e Rigidez -, controladas por Alberto Youssef para ocultar dinheiro de propina. Segundo Sérgio Mendes, o valor total pago às empresas do doleiro alcançou R$ 8.028 milhões "para atender exigência de Paulo Roberto Costa".

O empresário afirmou que o dinheiro foi repassado ao então diretor de Abastecimento da Petrobras "como propina para que os pagamentos que eram devidos pela Petrobras à Mendes Júnior fossem realizados e a empresa não fosse excluída de licitações futuras".

A defesa da Mendes Júnior destaca na resposta à acusação que outros denunciados da Lava Jato - nas ações penais conexas, relativas a outras empreiteiras -, "igualmente, dão notícia do esquema de achaque contra as empresas contratadas pela Petrobras, por suas diretorias de Abastecimento (Paulo Roberto Costa) e Serviços (Renato Duque)".

A defesa da Mendes Júnior cita como supostas vítimas de achaques os executivos Erton Medeiros Fonseca, da Galvão Engenharia, e Gerson de Melo Almada, da Engevix Engenharia. "Por estas razões, a defesa do denunciado (Sérgio Cunha Mendes) pede e espera sua absolvição sumária quanto à imputação do crime de corrupção ativa", escreveu o criminalista Marcelo Leonardo. Para ele, "há, na realidade, uma tentativa de criminalizar o exercício regular do direito de defesa, constitucionalmente garantido no País".

Páginas

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando