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No Twitter, vários estudantes da Universidade Federal da Bahia (UFBA) alegaram, nesta sexta-feira (4), que não estavam conseguindo se matricular nas disciplinas, agora ministradas de forma remota, por falta de vagas. Segundo os alunos, a instituição de ensino está ofertando poucas vagas para turmas com grande número estudantes.

“Estou abismado que eu só consegui pegar uma matéria”, relatou um internauta. “Hoje conseguindo pegar 6 matérias, 5 delas obrigatórias, eu realmente tô me sentindo A PRIVILEGIADA, infelizmente só vi mais uma pessoa que conseguiu essa proeza. Vamos lá Ufba, ajuda todo mundo a se formar”, escreveu outro.

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As reclamações, rapidamente, subiram a hashtag 'UFBA' que estava nos assuntos mais comentados no Twitter. Assim como em outras instituições de ensino, a UFBA teve suas atividades presenciais paralisadas em virtude do novo coronavírus. Agora, de forma remota, a Universidade passou a oferecer as aulas.

Posicionamento

Diante da situação, a UFBA divulgou um comunicado afirmando que reabrirá o Sistema Acadêmico da Universidade (Siac) para que os estudantes possam resolver tais problemas. Confira, abaixo, o comunicado na íntegra:

Senhores (as) Chefes de Departamento e Coordenadores Acadêmicos, diante dos problemas relativos ao planejamento das turmas e da matrícula dos alunos, reportados por alguns departamentos e coordenadores de cursos de Graduação, e devido ainda ao caráter atípico do Semestre Letivo Suplementar, a SUPAC/STI decidiram reabrir o SIAC para que os colegiados possam resolver tais problemas no período de 04 a 09/09, de acordo com o cronograma abaixo:

ATENÇÃO: Não será possível alterar horário de turma, pois já existem alunos matriculados.

08 e 09/09 Criação de turma (disciplinas não incluídas e novas turmas de disciplinas já oferecidas), inclusão de novos colegiados (inclusive 008 – alunos de pós cursam disciplina de graduação)

de 08/09 a 06/10 (até 25% do SLS) Ampliação de vagas em turmas, matrícula pelo Colegiado de Curso, Alocação docente pelos Departamentos/Coordenação Acadêmica

Obs: Caso haja necessidade de exclusão de turma, o Departamento/Coordenação Acadêmica deve primeiramente verificar se há alunos matriculados e contactar os seus devidos Colegiados para que estes desmatriculem os discentes. Com os alunos desmatriculados, o Departamento/Coordenação Acadêmica poderá efetuar a exclusão da turma desejada.

1.Aluno de Pós-Graduação (SIGAA) - Disciplina (SIAC): a. o departamento ou equivalente deverá criar o pedido e a oferta sob o colegiado 008 (alunos de pós cursam disciplina de graduação), após a inclusão das vagas, deverá informar ao Programa demandante da vaga que deverá entrar em contato com o NAREP (narep@ufba.br) para providências de matrículas. b. o registro de notas dos alunos de Pós-graduação que cursarem disciplina da Graduação será realizado pelo NAGA (naga@ufba.br). Superintendência de Administração Acadêmica

No Twitter, vários alunos da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) alegaram, nesta quarta-feira (19), que não estavam conseguindo se matricular nas disciplinas, agora ministradas de forma remota, por falta de vagas. Segundo os estudantes, a instituição de ensino está ofertando poucas vagas para turmas com grande número de alunos.

“Após 5 meses de espera a UFPE deixa de fora das aulas on-line, por FALTA DE VAGAS, isso mesmo, falta de vagas em aulas on-line, boa parte do corpo discente. É inacreditável e inaceitável”, reclamou um internauta. “Mais de 25 pessoas da minha sala não conseguiram vagas em NENHUMA disciplina, vocês acham isso normal? Se o ensino remoto da UFPE é para todos, não sei o que é para ninguém”, escreveu outro.

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As informações, rapidamente, circularam na internet e a hashtag 'UFPE' estava nos assuntos mais comentados no Twitter. Assim como em outras instituições de ensino, a UFPE teve suas atividades presenciais paralisadas em virtude do novo coronavírus. Agora, de forma remota, a Universidade passou a oferecer ensino remoto.

Posicionamento

Em comunicado enviado ao LeiaJá, a Universidade Federal de Pernambuco se posicionou sobre as reclamações, mas não esclareceu se há um número de vagas inferior à quantidade de alunos interessados. A entidade também não detalhou os atuais números de matrículas e vagas disponíveis do período complementar. Confira, a seguir, o texto na íntegra:

Os Estudos Continuados Emergenciais formam um conjunto de medidas e estratégias educacionais excepcionais e temporárias para as atividades de ensino de graduação da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), construídos de maneira dialogada com a comunidade acadêmica. Em relação à organização acadêmico-administrativa, a proposta geral para o Calendário Suplementar (2020.3), indica momentos importantes para os/as estudantes e para as coordenações de cursos quanto ao período de matrícula:

• 08 a 14/08/2020 - Solicitação de matrícula, através do Sig@, pelos estudantes;

• 15 a 18/08/2020 - Período de Ajustes Iniciais de oferta 2020.3 pelas Coordenações de Curso e de Área;

• 17 a 20/08/2020 - Período para concessão e solicitação de vagas pelas Coordenações de Curso e de Área para 2020.3;

• 19 a 24/08/2020 - Período para Complementação de matrícula pelos estudantes que já solicitaram matrícula entre 08 a 14/08/2020; 25 a 26/8/2020 - Ajustes finais pela coordenação de curso e de área.

O Semestre Suplementar (2020.3) contou com uma oferta de 2.259 disciplinas (através dos Estudos Continuados Emergenciais) distribuídas em 2.937 turmas e um total de 1.906 docentes.

Neste Período de Complemento de Matrícula, de 19 a 24 de agosto de 2020, a UFPE dispõe de 1.883 turmas que possuem vagas abertas para solicitação dos/as estudantes. Este período é importante para ampliação da divulgação das disciplinas que possuem vagas para o corpo estudantil, bem como para a realização de ajustes que sejam necessários na oferta de vagas.

Até o momento, a UFPE registrou 24.584 (vinte e quatro mil quinhentos e oitenta e quatro) estudantes matriculados nas disciplinas ofertadas no Semestre 2020.3 (cerca de 84% dos estudantes ativos no Sig@).

Reiteramos a importância do diálogo e registramos que a UFPE está empenhada para que o Semestre Suplementar ocorra de forma exitosa, preservando a qualidade do ensino, da aprendizagem, a saúde e a vida de todas e todos nesta travessia.

A pandemia de Covid-19, doença causada pelo novo Coronavírus (SARS-CoV-2) que já causou mais de 101 mil mortes no Brasil, até o momento, obrigou a população a aderir ao isolamento social fechando, entre outros locais, espaços de educação presencial. Neste 11 de agosto de 2020, Dia do Estudante, LeiaJá traz a série "Estudante, você também é herói", com discussões sobre como a pandemia tem afetado os alunos brasileiros, incluindo uma análise de especialistas e membros de entidades de representação estudantil sobre como será o, ainda incerto, futuro dos discentes.    

Quadro negro e giz

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Assim que as aulas foram suspensas, surgiu logo uma grande preocupação com o ensino básico, seguida de uma questão extremamente complexa para resolver, envolvendo os estudantes secundaristas de todo o país, o funcionamento das escolas, os sistemas de seleção para as universidades e os calendários acadêmicos do ensino superior em 2021: o que fazer com o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem)? A presidente da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes), Rozana Barroso, afirmou que a entidade entrou fortemente na luta pelo adiamento da prova devido ao atraso de estrutura tecnológica das escolas públicas que deixa os estudantes de baixa renda em desvantagem. 

“A verdade é que as nossas escolas públicas em maioria no país não acompanham esse desenvolvimento da tecnologia. Não faz parte da nossa realidade uma sala de informática que tenha um computador, um professor valorizado. Na verdade, fazem parte salas ainda com quadro negro e giz. Precisamos falar da mudança urgente e necessária do perfil das nossas escolas públicas que precisam acompanhar o desenvolvimento da tecnologia, e o papel da educação no combate à desigualdade social, para assim a gente falar, por exemplo, dessa questão das aulas remotas. Nós temos hoje estudantes excluídos da plena cidadania, entendendo a internet como um direito humano do século XXI”, afirma Rozana. 

A desigualdade social, escancarada pela pandemia de Covid-19 junto à exclusão digital e perda de renda das famílias brasileiras, na visão de Rozana, que tem 21 anos e estuda em um cursinho popular pré-Enem para fazer faculdade de biomedicina, impedem vários alunos de ter acesso ao direito humano que é a educação e gera um aumento na evasão escolar. Os que insistem, segundo ela, tentam se virar dando todo tipo de jeito. 

 “Nós estamos tentando nos virar de diversas formas assim como aconteceu nas inscrições do Enem, quando os estudantes se inscreveram com wi-fi do vizinho, wi-fi da padaria, comprando chip para conseguir se inscrever. A UBES está com uma campanha também que é o 'Estudo Pra Geral', que é uma campanha de arrecadação para compra de apostilas preparatórias para o Enem, para distribuição dessas apostilas em cursinhos populares. O estudante continua resistindo, continua na luta, e nós, lutando contra a exclusão digital, como entidades estudantis, estamos tendo também como resposta”, diz a presidente da Ubes. 

Questionada sobre como enxerga o futuro da educação brasileira pós-pandemia, em um cenário no qual a inserção e disseminação forçada e a curto prazo do ensino remoto se fez necessária, Rozana afirma prever um futuro de muitas lutas em nome da defesa da escola e da educação como um todo. “Nós acreditamos que o descaso do governo Bolsonaro é objetivo. Nós acreditamos que se continuarmos por esse caminho, o nosso futuro depois da pandemia tende a ser pior ainda. O que os estudantes secundaristas estão fazendo na internet é revolucionário, nós estamos doando muito as nossas vidas para a luta", comenta Rozana. 

“Poderes públicos têm o dever de proporcionar internet gratuita”

Carlota Boto, de 58 anos, é professora titular de Filosofia da Educação na Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP) e se mostra preocupada com a possibilidade de dispersão de estudantes, tanto no nível básico quanto no superior, uma vez que parte deles não consegue ter acesso a aulas remotas e até os que têm, segundo ela, sentem falta do ambiente de aprendizado. Lidar com esse cenário, na visão da professora, terá implicações a curto e longo prazo. 

“A curto prazo, isso vai implicar a necessidade de uma redistribuição dos conteúdos curriculares pelo menos nos próximos dois anos, de maneira que aquilo trabalhado neste ano venha a ser retomado em algum momento no próximo ano letivo. Para tanto é necessário também repensar os métodos escolares, levar os alunos a pesquisarem, a buscar acessar os espaços do conhecimento. A longo prazo, penso que essa experiência vai proporcionar um novo modo de recorrer aos recursos da internet. Os professores e alunos precisam interagir melhor com as ferramentas digitais que hoje estão à nossa disposição”, diz a docente.

O drama que vem da dicotomia entre a necessidade de retomar as aulas, ainda que remotamente, e a falta de acesso de parte dos alunos junto à busca de alternativas para que nenhum aluno fique para trás, também preocupa Carlota. “O ensino remoto é a menos má das soluções. Professores em todo o Brasil têm feito das tripas coração para dar tudo de si na organização dessas atividades remotas. Há muita coisa boa sendo produzida. Eu sou bastante otimista quando observo a inventividade com que os professores têm lidado com os desafios que enfrentam neste momento. Cada instituição está pensando seu próprio projeto pedagógico. Penso que as escolas e as faculdades têm discutido muito os modos de interagir com os estudantes. Não dá para ter uma régua e nivelar as soluções. O que é importante é que não se deixe nenhum aluno para trás. Ano letivo a gente recupera no próximo semestre. Mas as vidas das pessoas que se foram não voltam. Não tem cabimento o retorno neste ano, seria arriscadíssimo que voltássemos sem que haja expressa indicação disso por parte das autoridades da saúde”, diz a professora.

Questionada sobre sua maneira de encarar o futuro da educação após esse momento de entrada abrupta e, de certa forma forçada da tecnologia no ensino, a professora Carlota afirma que a educação e seus agentes terão que lidar com a presença tecnológica no processo pedagógico e as escolas públicas necessitam de investimentos para isso. “Eu penso que a educação do futuro terá de lidar com a tecnologia. A internet é um mundo a ser acessado na busca do conhecimento. Penso que os poderes públicos têm o dever de proporcionar internet gratuita às pessoas em todos os espaços. É preciso investir na escola pública. E isso passa pelas ferramentas digitais. O ensino do futuro se valerá dos meios remotos. Mas não será a distância. Isso é o que eu espero”, projeta.

Uma geração de profissionais perdida por falta do Estado

Iago Montalvão tem 27 anos, é estudante de economia da Universidade de São Paulo (USP) e presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE). Ele destaca os fortes impactos que a implementação das aulas remotas trouxe para os estudantes no nível superior de ensino por diversas razões, como falta de acesso de alunos de baixa renda, diálogo e tempo de preparação o suficiente para implementar o novo modelo. Ele também aponta para diferenças de tratamento dadas ao tema em diferentes redes de ensino. 

“Dentro das [universidades] privadas você tem essas que são grandes conglomerados de educação, universidades lucrativas que simplesmente de uma hora para outra enfiaram goela abaixo nos estudantes um tipo de ensino remoto que muitas vezes deu problema, que muitos estudantes não tinham as condições em casa, muitos estudantes não se prepararam para poder conseguir ter acesso a isso. Sem discussão, muito na linha dessas universidades manterem a linha da sua visibilidade enquanto instituição que não parou. Já nas públicas você teve muitas situações particulares. Você tem por exemplo a USP e a UNICAMP que no início já buscaram dar alguma assistência e auxílio aos estudantes, mas também tiveram pouco tempo para discutir como seria a transição para esse modelo remoto”, conta Iago.

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Iago também destaca as inúmeras dificuldades que são inerentes ao presente momento, uma vez que há muitas realidades de perfis diferentes de estudantes em jogo em universidades de todo o País. “Mas a grande encruzilhada é o seguinte: é como você conseguir dar garantia de que nenhum estudante seja prejudicado, porque você tem estudante que não consegue ter acesso nessas aulas a distância, e isso efetivamente. Você tem problemas inúmeros desde a falta de um computador, de uma internet, que é o mínimo, até gente que não tem um cômodo em casa para estudar, que tem barulho em casa, tem problemas com a família, enfim, tem de tudo e como solucionar esses problemas? É muito difícil você solucionar na totalidade. Mas por outro lado, como é que fica também essa questão do cronograma? Porque você tem estudantes que ingressariam agora e já estão com problemas, se você suspende o período letivo do ano todo como é que ficam os ingressantes do ano que vem?” questiona o presidente da UNE. 

Uma possível tentativa de solução citada por Iago é a criação de semestres excepcionais com regras acadêmicas mais flexíveis, como já vem sendo feito em algumas universidades públicas e institutos federais pelo país. “Você já tem assistência nos tempos normais, que é bolsa de permanência, bolsa alimentação, moradia estudantil, etc. Mesmo antes da pandemia já eram políticas insuficientes, a gente sempre lutou por mais verba para a assistência estudantil. Hoje a gente está vendo com mais evidência esses problemas, nesse momento você precisa urgentemente ampliar as políticas de assistência para garantir que a galera tenha acesso a esses bens materiais mínimos para conseguir ter acesso às aulas. Ao mesmo tempo, criar flexibilização de regras acadêmicas”, afirmou Iago. 

No que diz respeito ao futuro da educação e inserção das tecnologias pedagógicas, o presidente da União Nacional dos Estudantes alega que “a gente tem um governo que tem demonstrado constantemente desprezo pelas universidades públicas em uma tentativa de desmoralização". 

"Essa política liberal do governo de enfraquecer a universidade pública e expandir a universidade privada se dá muito pelo viés do EAD, porque é um tipo de ensino que na minha opinião, em determinadas situações, para determinados públicos, é importante. Por exemplo, você tem projetos nas universidades públicas em aldeias indígenas, pessoas que moram em lugares distantes, você tem consórcios como a própria Universidade Aberta do Brasil, que é um estilo de formação EAD para aquela pessoa que não pretende ter uma formação aprofundada na universidade presencialmente, tem dificuldade de deslocamento e prefere fazer uma aula a distância. Eu acho que é legítimo que você tenha esse tipo de modalidade de ensino a distância, desde que você garanta toda a estruturação necessária para que o EAD seja feito com qualidade", acrescenta Iago. 

De acordo com um levantamento realizado pelo Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior no Estado de São Paulo (Semesp), um em cada quatro estudante do nível superior no Estado de São Paulo está inadimplente, registrando um índice de 72,4% maior no mês de abril em relação a 2019 e um crescimento de 32,5% na evasão comparando também os meses de abril dos mesmos anos. Iago aponta para essa realidade de desistências dos cursos como um reflexo do momento de pandemia em que as pessoas se veem forçadas a desistir de seus cursos e cita algumas ações políticas desenvolvidas pela UNE no Congresso Nacional para tentar apoiar os estudantes universitários que, segundo ele, tentam resistir e se virar como podem.

“O que os estudantes têm feito é se desdobrar de várias formas. Galera assistindo aula pelo celular, uma reivindicação grande é que os professores gravem as aulas porque, às vezes, o pessoal não consegue acompanhar ao vivo, porque a internet cai. Agora o principal que a gente tem pautado, principalmente nas públicas, é para que tenha algum tipo de auxílio. Nós temos pautado muito isso no Congresso Nacional, é muito difícil porque o governo dá pouca atenção para essa área. Tem lá no Congresso Nacional um Projeto de Lei que é por mais recurso para assistência estudantil, tem um projeto de lei lá nosso que é o auxílio estudantil emergencial para os estudantes das [universidades] privadas pagarem as mensalidades e terem um auxílio para conseguir se manter nesse período, porque a renda caiu. Você está deixando de formar uma geração de profissionais que no futuro a gente vai sentir, aquilo que o MEC falou na propaganda do Enem, de uma geração de futuros profissionais seria perdida, na verdade já está sendo perdida por falta de assistência do Estado”, diz ele. 

Um novo tempo

Cacilda Soares tem 59 anos, é professora de ciências contábeis há 25 anos e atualmente trabalha como coordenadora do sistema Universidade Aberta do Brasil na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Ela iniciou a conversa sobre ensino remoto e a distância esclarecendo que essa não é uma modalidade nova de educação no Brasil, ao contrário do que muitas pessoas parecem acreditar: as primeiras experiências, de acordo com ela, datam de 1923. Nas décadas de 1960 e 1970, a televisão também foi utilizada para este fim e até hoje temos canais como, por exemplo, a TV Cultura e TV Escola. 

O problema, segundo a professora, é que o sistema de ensino formal passou à margem dessa realidade enquanto se mantinha no sistema presencial sem integrar a tecnologia nas salas de aula e de repente a pandemia de Covid-19 forçou essa junção de uma vez só. “O fato é que os cursos de ensino fundamental, médio e superior não conseguiram se adaptar ao uso desses recursos tecnológicos. Todos fomos educados no modo presencial, no modo analógico e de repente por conta de uma pandemia nos vemos obrigados a nos transformar em seres digitais. Isso dá um grande impacto em alguns, porque é como se já existisse paralelamente, mas se você estava de certa forma acomodado a viver no paralelo. Deixou de ser um paralelo e a realidade agora é essa. É uma quebra de paradigma sair do analógico para o digital da noite para o dia. Tem um choque muito grande nos usuários, aqueles que são responsáveis por preparar conteúdo, lecionar", opina Cacilda.

Ao ser inquirida sobre como enxerga futuro da educação após a pandemia e a disseminação desse modelo remoto de ensino, a professora revela não saber se haverá um momento após pandemia, uma vez que mesmo com vacina, ainda precisamos conviver com a gripe H1N1, por exemplo, mas, aponta que os alunos, professores e instituições terão que reaprender tudo para viver em um novo mundo permeado pela tecnologia. 

“O que será o ano que vem? Eu não sei. Não sei como é que vai ser 2021, saímos de um reveillon muito belo e que reviravolta foi essa no mundo em 2020? O que é 2020 na nossa vida? É um processo que não dá para você ter resposta do que vai ser o amanhã, vamos ter que nos reinventar a cada dia. Nosso papel na sociedade não mudou, eu sou professora, mas o que eu vou ter que fazer mais, o que vai ser exigido mais de mim? Eu já lido com tecnologia, mas e quem não lida? E quem está aprendendo agora? Eu vou reaprender, mas tem gente que vai aprender. É difícil imaginar quando vai ter uma volta, se vai ter uma volta. O que eu to vendo é uma reconfiguração da humanidade, do mundo, das relações humanas. Eu não me arrisco a falar de uma volta, porque acredito que do jeito que era, não volta, vai ser um novo tempo”, imagina a professora.

Confira, abaixo, as demais matérias do especial “Estudante, você também é herói”. Nossos repórteres mostram as rotinas de alunos, da educação infantil à pós-graduação, durante a pandemia do novo coronavírus:

--> Pequenos 'grandes' estudantes e o ensino remoto

--> Isolamento social e a ansiedade na preparação para o Enem

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Mesmo com as dificuldades do ensino remoto, a pequena Júlia mostra que aprende rápido e executa com maestria as tarefas. Fotos: Aurilene Cândida/LeiaJáImagens

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Um dos momentos mais importantes dos estudos são os primeiros anos escolares. Neles, as crianças pequenas aprendem habilidade que são básicas e fundamentais para desenvolver capacidades de pensamento crítico, coordenação motora e raciocínio lógico. Dentro dessa perspectiva, a pandemia do novo coronavírus mudou as formas de aprendizagem e o ensino infantil tem sido um dos mais afetados por ela. O especial "Estudante, você também é herói", do LeiaJá, traz, agora, a rotina de uma pequena estudante que precisa lidar com o ensino remoto no maternal.

Mesmo com as aulas sendo realizadas remotamente, Júlia Sales Dias, de 4 anos, estudante maternal da Escola João Hilário tem se mostrado uma criança com bastante interesse em aprender. Quando o relógio aponta 8h, o celular da sua mãe, Claudivania Araújo, já conta com exercícios que a menina precisa fazer até o final do dia. Precisando gravar o momento em que a atividade está sendo feita, a mãe, algumas vezes exausta dos serviços de casa, tenta de todas as formas contribuir com a educação escolar da sua filha. 

Morando em uma casa situada no distrito de Macujê, na cidade de Aliança, Zona da Mata Norte, em Pernambuco, sem precisar acender a lâmpada a criança se senta em uma cadeira da mesa de jantar com a sua mãe após o almoço para fazer os exercícios diário. Com o cômodo arejado e com a luz do sol iluminando o local pela janela, Júlia Sales inicia a aula cobrindo letras do alfabeto e repetindo palavras já escritas para que assim pratique sua caligrafia. Enquanto isso, sua mãe lhe ensina e grava o momento pelo dispositivo móvel. Júlia já conhece todas as vogais. Quanto ao alfabeto ela ainda está praticando, mas já consegue reescrever qualquer letra. 

Claudivania afirmou que não está sendo muito difícil ensinar as atividades para a menina, pois, antes das aulas remotas ela já praticava alguns conteúdos em casa. “Ela é bastante atenciosa e isso me ajuda muito, recentemente ela fez um exercício que o foco era a letra ‘D’, quando mostrei a letra, ela já respondeu qual era. Também teve uns desenhos para ela decifrar, como por exemplo, dente, dama, dado e o número dois”, comenta. 

Em um dos momentos durante a realização das tarefas, a menina chegou a pedir para a mãe ter paciência, pois já iria conseguir fazer as atividades e lembrou que ainda está aprendendo. Claudivania, conta, automaticamente ficou bem surpresa com o que a menina falou, compreendeu a situação e compartilhou o ocorrido com familiares e amigos, em tom de brincadeira.

Com o sonho de ser bailarina e veterinária a criança confirmou que gosta de ter aulas em casa por ficar mais tempo perto da sua mãe, mas também concordou que sente falta dos colegas e da sua professora, a qual não lembrou mais o nome no momento da entrevista. 

Priscila Silva, psicóloga clínica e com especialidade em andamento em Terapia Cognitiva-Comportamental explicou que esse esquecimento momentâneo ocorre porque a criança tem passado um bom tempo sem socializar com pessoas que antes era mais próxima. “A criança desenvolve aprendizado, memória, atenção e percepção melhor na escola e com o passar do tempo ela vai entendendo quem são as pessoas. O aprendizado escolar e as habilidades sociais são desenvolvidas no ambiente acadêmico por estarem em contato com outras crianças  e com os educadores. Nesta situação de Júlia de ter esquecido o nome da sua professora, ocorreu pelo fato dela ter parado de frequentar o ambiente e começou a estudar em casa apenas com a mãe, isso pode até ter desencadeado um desvio de atenção”, disse a profissional. 

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Priscila acrescentou que o ambiente escolar é um local em que todos estão reunidos por um só propósito e a partir do momento que é iniciada uma rotina de estudos em casa, a criança enfrenta outros obstáculos, como por exemplo, um imprevisto que pode ocasionar na pausa das atividades. Ela indicou para a mãe de Júlia, sempre que possível, mostrar fotos de colegas e educadores e comentar sobre eles, para que assim seja estimulado na memória da menina os momentos da escola. Ligações por vídeo-chamada com outros colegas também foram indicadas pela psicóloga. 

Além de manter as atividades de sua filha em dia, Claudivania precisa fazer os serviços de casa enquanto seu marido trabalha, e cuidar do seu pai que não anda. Para isso, é necessário ir até a residência de sua família todos os dias durante a tarde, sem contar as vezes que é preciso se deslocar mais de uma vez em apenas um dia. A casa de seus pais não é muito distante, e ela demora cerca de cinco minutos a pé para chegar. Júlia sempre a acompanha e, se for o caso, as atividades são feitas no local.

Claudivania relatou que algumas atividades práticas que não são cumpridas, pois, nem sempre há tempo e nem psicológico estável para ajudar sua filha a fazer. “Recentemente foi passada uma atividade prática para marcar o chão com fita adesiva colorida ou até com fita crepe fazendo traçados. Teria que incentivar ela a andar sobre a fita, pular de um lado para o outro. Também poderia ser usado uma bola para que ela levasse com as mãos contornando até chegar ao final da fita. Infelizmente não pude realizar a atividade. Confesso que por falta de tempo e também a falta de interesse nas atividades práticas”, disse.

Maria Alves, professora da educação infantil dos anos iniciais da Escola João Hilário comentou que as atividades práticas são essenciais, principalmente neste período de isolamento social em decorrência da pandemia do novo coronavírus, em que possivelmente a criança se movimenta um pouco menos. “Atividades com circuitos são estimulantes para as habilidades motoras, desenvolvendo equilíbrio, construindo a maneira correta de movimentar-se, facilitando a maneira de andar, pular e correr. Além de divertida, estimula a criatividade”, disse a docente. “Essas atividades trabalhadas em casa facilitam a confiança sobre a execução, pois com o apoio dos pais a criança se sente bem mais confiável”, finaliza Maria. 

Ao fazer os exercícios, Júlia mostra aprender rápido e finalizar eficientemente as tarefas, o que contribui com o comprimento da rotina de estudos. Quando questionada quais eram suas frutas preferidas, a menina respondeu rapidamente que são maçã, laranja e manga, enquanto já tinha comido duas maçãs no decorrer da entrevista. De acordo com a nutricionista Bruna Ferreira, micronutrientes e vitaminas são responsáveis pela melhora do desempenho escolar. Ajudam na construção de tecidos e órgãos, viabilizando o desenvolvimento físico, socioemocional e cognitivo. “O zinco, lodo, ômega 3 e ferro são essenciais para o desenvolvimento cognitivo e contribuem para um bom rendimento dos estudos. Suas fontes são: leguminosas, leite, ovos, carnes, peixes, frutas, vegetais, grãos integrais, oleaginosas e óleos vegetais”, exemplifica a especialista. 

“Os pais devem prestar uma atenção maior na alimentação, principalmente das crianças. As vitaminas do complexo B também são um ótimo suporte, auxiliam na comunicação entre os neurônios e no desenvolvimento dos mesmos, ajudam a dar energia e facilita o aprendizado e memória”, acrescenta Bruna. “Uma alimentação rica e equilibrada é a chave para  ter sucesso escolar, principalmente neste período de isolamento social”, finaliza.

Sobre o aprendizado da filha, Claudivania confessa que está dentro do esperado, sem quaisquer problemas. Júlia encontra poucas dificuldades durante o aprendizado e na maioria das vezes consegue finalizar as tarefas. Sempre atenciosa e preocupada com a educação de sua filha, a mulher comenta que busca fazer outros exercícios além dos que são passados pela rede de ensino.

No último dia 6 de agosto foi passado uma tarefa para pintar um desenho de um rato menor com a cor vermelha e o maior com a cor amarela. Nesse período Júlia também praticou alfabeto e os números, ambas execuções não foram passadas no dia para a menina, mas, mesmo assim, a mão provou que conteúdo nunca é demais, pegou uma folha de ofício e acrescentou a atividade para reforçar os estudos.

A pedagoga e pós graduanda em psicopedagogia Adriele Odon ressalta que o currículo da educação infantil está pautado em atividades e experiências em que as crianças possam aprender várias habilidades ao mesmo tempo. É através da educação infantil que começam a desenvolver suas capacidades físicas, éticas, cognitivas e afetivas, mediante as relações sociais, e que com o ensino remoto essas habilidades podem ser fragmentadas.

Com as atividades sendo feitas em casa, Júlia passa menos tempo do dia dedicado aos estudos. No ambiente escolar ela chegava às 7h30 e saia às 10h50, passava mais tempo aprendendo e brincando com as outras crianças. Atualmente, a menina passa apenas cerca de 30 minutos se dedicando às atividades. Nos horários livres, a criança aproveita para desenhar pessoas, brincar com seus brinquedos ou assistir desenhos. A nova rotina em casa não atrapalhou o sono da menina, ela continua dormindo por volta das 21h30 e acordando às 7h para acompanhar toda a rotina da mãe que sempre encontra um horário para ajudar sua filha com as atividades da escola.

Confira, abaixo, um pouco da rotina de Júlia:

Confira, abaixo, as demais matérias do especial “Estudante, você também é herói”. Nossos repórteres mostram as rotinas de alunos, da educação infantil à pós-graduação, durante a pandemia do novo coronavírus:

--> Isolamento social e a ansiedade na preparação para o Enem

--> A perseverança de Ana e o carinho pela pedagogia

--> Pós-graduação sofre os efeitos da Covid-19

--> Formatura mais cedo: estudantes trocam aulas por hospitais

--> O que o futuro reserva para os estudantes após a pandemia?

Em um cenário devastador, envolto de luto, mas também de luta, bravos profissionais arriscam suas vidas. Na linha de frente contra a Covid-19, enfermeiros, técnicos em enfermagem, médicos e outros trabalhadores da saúde batalham para salvar brasileiros. São verdadeiros heróis da história real. No âmbito da educação, outro grupo de heróis se desdobra para levar ensino a milhões de alunos. Professores não medem esforços para compartilhar aprendizado. Assim como esses profissionais que merecem homenagens e valorização em meio à pandemia, os estudantes brasileiros, sob um turbilhão de sentimentos, são dignos do nosso respeito. Mesmo afetados por uma série de incertezas e desigualdades, eles tentam, arduamente, manter os estudos e os sonhos.

Neste 11 de agosto, Dia do Estudante, além de reiteramos nossa admiração aos profissionais de saúde e professores, enfatizamos o nosso orgulho por alunos de todo o Brasil. O LeiaJá publica, nesta terça-feira (11), o especial “Estudante, você também é herói”, em que mostramos a bravura de jovens brasileiros que buscam, mesmo em meio às dificuldades do ensino remoto durante a pandemia do novo coronavírus, se adequar a uma realidade nunca vista antes no cenário brasileiro e a nível mundial.

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Sem aulas presenciais, pressionados pelo sonho de aprovação e no centro de incertezas sobre o futuro das escolas, das universidades e do mercado de trabalho, estudantes tentam dar andamento ao ensino, da educação infantil à pós-graduação. Orientados pelo principal personagem da educação, o professor, os alunos recebem conteúdos virtuais quando têm acesso de qualidade à internet. Esse cenário, porém, não faz parte de um todo.

De acordo com a pesquisa TIC Kids Online 2019, realizada pelo do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), no Brasil, 4,8 milhões de crianças e adolescentes, na faixa de nove a 17 anos, não têm acesso à internet em casa. Eles correspondem a 17% de todos os brasileiros nessa faixa etária.

Levantamento do TIC Educação aponta que 21% dos alunos de escolas públicas só acessam a internet pelo celular. Na rede privada, o índice é de 3%. A mesma pesquisa revela que 31% dos professores afirmaram que receberam trabalhos ou lições dos alunos pela internet; 44% tiraram dúvidas dos alunos pela grande rede e 48% disponibilizaram conteúdo na internet para os alunos. Na rede privada, os números são 52%, 65% e 65%, respectivamente.

Sob os efeitos da pandemia, estes são os percentuais de estudantes que não estão acompanhando aulas remotas na rede pública de ensino, segundo as secretarias de educação: Espírito Santo e no Acre (30%), Pernambuco (25%), Maranhão (21%) e Rio de Janeiro (20%), entre outros estados.

Confira, a seguir, as reportagens do especial “Estudante, você também é herói”. Nossos repórteres mostram as rotinas de alunos, da educação infantil à pós-graduação, durante a pandemia do novo coronavírus:

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--> Isolamento social e a ansiedade na preparação para o Enem

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A Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) divulgou, nesta quarta-feira (5), um edital para inclusão digital de estudantes em situação de vulnerabilidade socioeconômica. O objetivo é auxiliar os alunos no acompanhamento das aulas do semestre suplementar 2020.3 e as inscrições serão abertas na próxima quinta (6) através de um formulário on-line até a quarta-feira (12).

A instituição de ensino fornecerá um pacote de dados através da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP) em parceria com a Secretaria de Educação de Ensino Superior do Ministério da Educação (Sesu/MEC), além de aparelhos eletrônicos ofertados em comodato (empréstimo gratuito). O resultado dos estudantes com inscrições validadas, assim como a lista da ordem de classificação prioritária, serão divulgados no dia 14 de agosto no site da Proaes

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Para concorrer, os estudantes devem ser beneficiários dos Programas de Assistência Estudantil vinculados à Pró-Reitoria para Assuntos Estudantis (Proaes), como Programa de Bolsa Nível, Programa Moradia, isentos dos Restaurantes Universitários; ter ingressado na UFPE nas vagas reservadas pela lei de cotas ou nas vagas de ampla concorrência e apresentar renda familiar per capita igual ou inferior a um salário mínimo e meio. 

Segundo a Universidade, o número de estudantes contemplados pelo edital de inclusão vai depender quantidade de vagas ofertadas pela RNP e Sesu/MEC para plano de dados e também do número de equipamentos eletrônicos disponibilizados pela UFPE para empréstimo.  

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Com as crianças e os jovens isolados em casa e sem aulas presenciais, o maior desafio para muitos pais é tentar manter o desempenho e a concentração dos pequenos nas aulas virtuais, além de dedicar-se às tarefas domésticas e ao trabalho home office. Nesta nova realidade, a educação a distância virou rotina para muitos pais que trabalham e precisam conciliar, ao mesmo tempo, as aulas e as atividades dos filhos.

Além dos adultos, as crianças também sentem dificuldade em se concentrar nas aulas virtuais, é o que explica a psicopedagoga Juliana Lapenda. “Estudar em casa ficou um pouco mais complicado, pois a criança está em seu lugar de proteção, onde ela se sente segura, sabe que tem seus brinquedos e sua família ali. Como também, a forma de estudar através da tela (computador) já é difícil para alguns adultos, imagina para uma criança?”, esclarece.

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Não há como negar que as aulas em casa aproximaram mais a relação dos pais com seus filhos, que muitas vezes não conseguem dar conta das atividades sozinhos e precisam da força familiar. ”Ter uma criança em casa nesse momento que estamos vivenciando, requer muita atenção no que se diz respeito a manter a rotina o mais próxima da que ela tinha antes”, diz a professora de biologia e mãe da pequena Sofie - cinco anos e aluna do Infantil 4 -, Tayrine Rocha.

Em entrevista ao LeiaJá, a professora descreve os desafios que tem enfrentado com sua filha nesta nova modalidade de ensino. “Enfrentamos muitos desafios que aos poucos vão sendo solucionados. Um deles é acostumar a criança a esperar seu tempo para poder falar, visto que muitos ruídos são gerados nas aulas e na maioria das vezes, atrapalham muito. Problemas com a conexão da internet ou na plataforma utilizada para as aulas geram uma certa ansiedade na criança e é de suma importância a presença de um responsável nesse momento”, relata.

Ela ainda acrescenta: “Em casa, embora tenhamos um local fixo para as aulas e longe de distrações, é comum ela ter um pouco de dispersão nas aulas”. Questionada sobre o que mais atrapalha sua concentração na hora da aula, a pequena Sofie Rocha diz: “O que atrapalha é olhar tanto para a câmera. Eu sinto que meu olho fica cansado e eu choro de uma jeito diferente. Sabe como? É só as lágrimas descendo e o olho cansado”.

A psicopedagoga Juliana Lapenda orienta, caso o filho esteja disperso nas aulas virtuais, a realização de um momento lúdico com os pais para aprender brincando. “A criança precisa do momento lúdico, do momento de aprender brincando e interagindo com outras crianças. Na tela, eles não conseguem interagir e muitas vezes não compreendem os conteúdos e se dispersam com facilidade vendo as imagens das outras crianças”, explica a especialista.

Para a alegria das crianças que não veem a hora de reencontrar seus colegas de escola, a Bain & Company, empresa de consultoria administrativa norte americana, em sua pesquisa divulgada no mês de maio, afirma que o retorno das aulas presenciais no Brasil pode acontecer neste segundo semestre de 2020. Enquanto não há a retomada, os pequenos só têm as videochamadas para brincar com seus amigos.

O pequeno Ruan Gabriel, de nove anos, aluno do quarto ano, espera ansioso pelo retorno das aulas para rever seus colegas e professores. “Eu sinto saudade da minha professora, dos meus amigos e de estudar na escola com minha tia, que faz perguntas e atividades para mim. E sinto também saudade das brincadeiras”, fala. Ele ainda revela: “Meu sonho é ser jogador de futebol para ajudar minha mãe e minhas irmãs”.

Ruan Gabriel, de nove anos, também tenta se adequar ao novo modelo de aula. Foto: Cortesia

A mãe do futuro jogador de futebol, Rejane Holanda, fala, em entrevista ao LeiaJá, que não consegue dar atenção aos quatro filhos ao mesmo tempo e diz quais são as maiores dificuldades que o pequeno Ruan encontra na hora de estudar em casa. “Esse período de aulas em casa está sendo terrível, pois meu filho Ruan é o único dos quatro filhos que estuda, por enquanto. Ele está tendo bastante dificuldade ao se acordar, porque não é mais aquela rotina de antes, ele não está tendo aquele compromisso de se acordar para ir à escola”. Ela ainda complementa: “Outro desafio é acompanhar as aulas porque a internet fica travando, o celular às vezes se desliga sozinho e eu não tenho meios para comprar um notebook ou um tablet para ele estudar. Além disso, outro desafio para ele é o barulho feito pelas minhas filhas, ou seja, ele não tem um ambiente que possa se concentrar e prestar atenção nas aulas, pois as meninas gostam de ficar perto dele brincando”, relata.

Autônoma, Rejane, que atualmente está trabalhando em casa, tem que dividir o celular com o filho e ressalta que esse é um dos grandes problemas dele na hora de se concentrar nas aulas. “Ele está tendo aulas pelo meu celular e eu preciso dele para trabalhar e estar constantemente em contato com as pessoas, que ficam me ligando. Tudo isso atrapalha bastante ele que precisa estar parando as aulas para eu poder falar com as pessoas”, conta.

Juliana Lapenda aconselha os pais que não conseguem acompanhar o estudo dos filhos, neste período de pandemia, entrar em contato com a escola e juntos planejarem a melhor forma de a criança continuar aprendendo. “É importante os pais estarem ao lado da criança durante as aulas on-line e, qualquer dúvida, procurar a direção da escola. Caso os pais não possam acompanhar no horário da aula, é bom a escola fazer de uma forma que fiquem gravadas para que os pais possam assistir depois e repassar para os filhos”, instrui. Confira, a seguir, mais dicas de como fazer seu filho prestar atenção nas aulas em casa com a psicopedagoga Juliana Lapenda:

Na próxima segunda-feira (3), a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) realizará um bate-papo virtual sobre como manter a motivação e felicidade no ensino remoto, durante o período suplementar acadêmico que terá início no dia 17 de agosto. O encontro on-line será transmitido pelo canal do Centro de Informática (CIn) no YouTube.

Bruno Severo, professor do Departamento de Micologia da UFPE, vai ministrar a conversa. Ele é graduado em ciências niológicas, biomedicina, teologia, pedagogia, filosofia e educação física, e ministra disciplinas sobre Saúde Mental, Emocional, Ciência da Felicidade e Emoções Positivas. Atualmente, Bruno trabalha como professor das áreas de microbiologia, parasitologia clínica e sexualidade humana na UFPE.

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O professor responsável por ministrar o bate-papo também é analista clínico do Laboratório Central do Centro de Biociências da UFPE (setor de Parasitologia Clínica), membro permanente do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde (UFPE) e do Programa de Mestrado Profissional em Rede Nacional de Ensino das Ciências Ambientais para Professores de Ensino Básico (ProfCiamb).

Na tarde desta terça-feira (28), os reitores de importantes universidades pernambucanas - UFPE, UPE, UFRPE e Unicap - deram uma entrevista coletiva para apresentar detalhes sobre os semestres excepcionais remotos que serão adotados pelas instituições a partir do próximo mês. Na ocasião, um dos pontos abordados pelos reitores foi a não obrigatoriedade da adesão ou conclusão das disciplinas ofertadas, o que na prática desobriga o estudante de cursar as disciplinas remotas, sem que haja punição ao aluno. 

Segundo Pedro Falcão, reitor da Universidade de Pernambuco (UPE), uma das razões que levou à decisão de ofertar um semestre opcional foi a dificuldade de acesso à internet por parte de um número muito considerável de estudantes. “Os estudantes não vão ter prejuízos no histórico escolar. Não vai aparecer que ele perdeu um semestre se ele desistir, se for reprovado. Temos 30% de alunos com dificuldade de acesso à conectividade, devido à situação de vulnerabilidade social”, disse ele. Na UPE, o semestre remoto terá dez semanas de duração, entre 8 de setembro e 14 de novembro. 

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A Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) iniciará o semestre remoto excepcional com até 300 horas/aula para a maioria dos alunos, exceto os que estão no último ano de curso, que poderão ter uma carga horária maior para acelerar o processo de formatura. A instituição de ensino também está aderindo a um programa do Ministério da Educação (MEC) junto à Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP) para fornecer pacotes de plano de dados para estudantes carentes de universidades e institutos federais.

De acordo com o reitor, assim como no caso da UPE, “nenhum estudante será penalizado, tendo em vista a pandemia”, afirmou Alfredo. Em caso de reprovação ou desistência do semestre excepcional, as atividades remotas desenvolvidas no período não serão contabilizadas no histórico escolar do aluno.  

A Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) também iniciará um Período Letivo Excepcional (PLE) com dez semanas de duração no dia 17 de agosto, além de ter instituído um programa de auxílio a estudantes em situação de vulnerabilidade, com o pagamento parcelado de R$ 1.380 para compra de equipamentos eletrônicos. 

O reitor da Rural, Marcelo Carneiro Leão, explica que durante esse período, além de não haver penalidades para estudantes que desistam ou sejam reprovados, as formas de avaliação serão distintas dos semestres convencionais e vão incluir tanto atividades com o professor presente (síncronas) como aquelas que podem ser desempenhadas em tempos diferentes (assíncronas). 

“[A avaliação] pode ser elaboração de projeto, trabalho, atividade online. A gente está dando ênfase nas atividades assíncronas, pois para elas a internet não precisa ser muito potente. Cada professor está fazendo plano de ensino com ênfase em atividades assíncrona, mas também pode ter momentos de atividades síncronas”, disse o reitor.

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O LeiaJá realiza, nesta quarta-feira (22), mais uma live do programa “Quando passar... Como será o mundo após a pandemia?”. A educação está em pauta com as participações da professora de redação Fernanda Pessoa e dos docentes André Luiz Vitorino, de biologia, Pedro Botelho, da disciplina de história, e Edu Coelho, de matemática. Assista:

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Os educadores discutem dois temas: “Efeitos da pandemia na rotina dos professores” e “O que esperar das questões do Enem 2020?”. A mediação é jornalista Nathan Santos.

O ‘Quando passar... Como será o mundo após a pandemia?’ é uma idealização do LeiaJá em parceria com o projeto Vai Cair No Enem. O programa é exibido todas as quartas-feiras, às 16h30.

Proposta - Os convidados do programa não apresentam “verdades absolutas” sobre a futura sociedade do período pós-pandemia, uma vez que há muitas dúvidas acerca de como os países se recuperarão das consequências causadas pela proliferação do vírus em diferentes áreas. Porém, eles revelam projeções, a partir das suas vivências pessoais e principalmente profissionais, que possam nos apresentar possíveis panoramas. As temáticas abordadas nas lives são diversas, permeando áreas como educação, mercado de trabalho, esportes, política, medicina, ciência, tecnologia, cultura, entre outras.

O presidente americano, Donald Trump, chamou nesta terça-feira (7) de "ridícula" a decisão da Universidade de Harvard de ministrar seus cursos de forma virtual no outono devido à pandemia.

"Acho ridículo, uma saída fácil. E acho que deveriam se envergonhar", disse Trump durante mesa-redonda na Casa Branca, convocando as escolas e universidades a reabrirem no próximo semestre.

Trump, em plena campanha de reeleição para as eleições de novembro, promove a reabertura do país, mesmo com o aumento do número de infecções, principalmente no sul e oeste. Ontem, seu governo avisou que não permitirá que estudantes estrangeiros permaneçam no país se todas as suas aulas forem ministradas remotamente.

Várias instituições buscam um modelo híbrido de ensino presencial e remoto, mas algumas, incluindo Harvard, informaram que todas as aulas serão ministradas pela internet. A renomada universidade, com sede em Cambridge, Massachusetts, indicou que 40% dos alunos poderão retornar ao campus, mas que as aulas serão à distância.

Com mais de 130 mil mortes relacionadas ao novo coronavírus, os Estados Unidos são o país mais afetado pela pandemia.

Na tarde desta quarta-feira (1º), o Ministério da Educação (MEC) realizou uma coletiva de imprensa na qual foram anunciadas ações para apoio ao retorno às aulas presenciais em universidades e institutos federais. Entre as medidas, estão a elaboração de um protocolo com normas de biossegurança e a aquisição de pacotes de internet para estudantes em situação de vulnerabilidade socioeconômica terem acesso ao ensino remoto e híbrido (parte presencial, parte a distância). 

Internet móvel

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De acordo com o secretário Secretário Executivo do MEC, Antonio Paulo Vogel, o projeto do Ministério é dar apoio às universidades e institutos oferecendo pacotes de dados de internet móvel (3g e 4g) para acesso dos alunos a sites específicos para fins educativos. As limitações de navegação a sites considerados impróprios deverá ser definida pelas instituições de ensino. 

“O MEC defende o retorno às aulas e entendemos que Institutos Federais e universidades vão ter que compartilhar ensino presencial e a distância, porque o afastamento seletivo vai ter que continuar existindo, mas as atividades têm que continuar”, afirmou Vogel. 

A previsão é que o processo licitatório para definição da empresa que prestará o serviço seja feito na próxima semana, com implementação do serviço a partir de 20 de julho para um quantitativo de 400 mil a 1 milhão de alunos com renda familiar per capita de até 1,5 salários mínimos. 

A estimativa do alcance da iniciativa foi feita através de pesquisas junto às instituições de ensino e, segundo Wagner Vilas Boas de Souza, secretário de Educação Superior do ministério, “será muito mais barato do que o particular adquirir o plano ou se cada universidade ou instituto fosse adquirir [os planos de internet]”. Ele afirmou, ainda, que as universidades e institutos poderão utilizar recursos próprios para ampliar a oferta para um número maior de estudantes. 

A razão para que o enfrentamento à falta de acesso à internet por parte de estudantes de baixa renda tenha sido o fornecimento de pacotes de dados é que, segundo o secretário executivo, “mais de 90% dos alunos têm algum equipamento que acessa a internet, o maior gargalo não é o equipamento, é a internet”.

Ainda segundo Antonio Paulo Vogel, a maioria dos alunos contemplados, cerca de 40%, é da região Nordeste do país. O modelo no momento será implementado apenas para o ensino superior, mas com a possibilidade de que secretários de educação básica busquem adotar estratégias semelhantes.

Nelson Simões, diretor geral da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP), defende a discussão de uma estratégia para conectividade nos domicílios dos estudantes, uma vez que a rede móvel tem limitações de alcance e cobertura fora de áreas urbanas. Questionado pelo LeiaJá sobre como será feita a prestação do serviço de conectividade e da parte remota do ensino híbrido a alunos que residem em áreas remotas e distantes dos centros urbanos, como zonas rurais, ele afirmou não ter “uma resposta técnica”, alegando, em seguida, que esses estudantes “possivelmente” terão que se deslocar para ter acesso à internet.

“Banda larga fixa ainda tem uma penetração bastante limitada às áreas urbanas. Nas áreas rurais é um pouco pior o cenário, a gente tem uma cobertura menor. São áreas que não têm acesso à telefonia e possivelmente isso vai implicar que as pessoas que vivem nessas áreas e já têm estratégias se desloquem a um centro mais urbano, a pontos que podem ser abertos de rede wi-fi”, declarou.

Protocolo de biossegurança 

O MEC também divulgou um protocolo de biossegurança com orientações gerais para o retorno às atividades de ensino presenciais. O documento, segundo o secretário de Educação Superior, Wagner Vilas Boas de Souza, foi elaborado em parceria com entidades de ensino superior e equipes de saúde e “não é uma regra engessada, é uma diretriz". "Trata de medidas protetivas pessoais e coletivas, atividades laborais, transporte coletivo, entre outros”, acrescentou.

O secretário esclarece, ainda, que apesar de ter sido elaborado e pensado para as universidades e institutos federais, o protocolo também pode servir para auxiliar universidades privadas e secretários de educação estaduais e municipais, no que couber, a formular diretrizes para o retorno na educação básica.

O secretário explica também que tanto universidades quanto institutos federais têm autonomia para definir o momento do retorno de suas atividades, baseados, entre outras situações, nas determinações das autoridades sanitárias de cada região do País. Assim, segundo ele, não há previsão de data para retorno das atividades e a decisão não será centralizada no ministério. 

“Não consigo falar uma data de volta às aulas, eu, MEC, não tenho esse poder. Cada rede de ensino vai definir suas datas. Cada um vive suas dificuldades e potenciais, não tem como de forma centralizada definir uma data. Cada instituição de ensino e cada universidade”, disse Wagner Vilas Boas de Souza. 

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Na manhã desta quinta-feira (18), a Academia Pernambucana de Ciências (APC) realizou um evento virtual reunindo os reitores Pedro Falcão, da Universidade de Pernambuco (UPE), Alfredo Gomes, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), e Marcelo Carneiro Leão, da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). Durante as discussões acerca das ações de enfrentamento à Covid-19 promovidas pelas instituições, entrou em pauta o retorno às aulas presenciais e foi mencionada a possibilidade de um modelo de ensino híbrido no pós-pandemia, com parte dos estudantes em sala de aula e os demais no ensino remoto. 

“Vamos fazer o esforço para retomar as atividades de forma remota. Isso requer planejamento para ser sincronizada e harmonizada com atividades presenciais e aí o ensino híbrido passa a entrar na pauta. Estamos trabalhando com a ideia de semestre suplementar, que deve acontecer por mais ou menos dois meses, com poucas disciplinas para estudantes e professores experimentarem essas atividades”, explicou o reitor da UFPE, Alfredo Gomes. 

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Na mesma linha, o reitor da UPE, Pedro Falcão, conta que além de a universidade ter mantido ativos os cursos de seus polos EAD, a instituição também avalia a implementação do ensino híbrido. “Foi montada uma proposta de ensino híbrido para que a gente consiga chegar a uma proposta nesse pós pandemia”, disse ele. 

Marcelo Carneiro Falcão, reitor da UFRPE, explica que a universidade prevê a instituição de um semestre emergencial com a oferta de disciplinas remotas e não-obrigatórias enquanto os estudantes aguardam a entrada do semestre 2021, como forma de reduzir o número de alunos em sala de aula no momento da retomada das atividades presenciais e evitar a exclusão de estudantes sem acesso à internet e equipamentos eletrônicos. 

“As pessoas que conseguem o acesso remoto poderão realizar e no retorno presencial a gente não vai ter condição de colocar 60, 70 pessoas numa sala. O que a gente vem trabalhando é um semestre emergencial na execução e oferta, as disciplinas vão ter que ter características possíveis de serem feitas remotamente, não obrigatoriedade para que o aluno que não tiver condições não se prejudique e possa fazer no retorno presencial e reduza o quantitativo de alunos”, declarou o reitor. 

Propostas de retomada de atividades

Ao analisar a conjuntura da pandemia no país e no Estado, o reitor Marcelo Carneiro Leão, da UFRPE, avalia que as aulas presenciais não devem ser retomadas até o final de 2020. “A volta às atividades presenciais seria uma irresponsabilidade tremenda. Acredito que não teremos um retorno de atividade presencial pelo menos até o final deste ano. Na pós-graduação a gente tem uma outra dinâmica, o número de alunos é menor, existe possibilidade de criar outras dinâmicas. Na graduação é diferente”, afirmou ele.  

Segundo Marcelo, a UFRPE instituiu vários grupos de trabalho que têm a missão de elaborar uma proposta para retomada de atividades que vai ser apresentada e discutida com a comunidade acadêmica da universidade. Sugestões estão sendo recebidas por e-mail e uma primeira proposta será sistematizada para posteriormente ficar 10 dias aberta a críticas e sugestões.

“Uma comissão refinará essa minuta. Reuniremos conselhos para que possamos tomar uma decisão conjunta com olhar para ensino pesquisa extensão e esperamos votar essa proposta e voltar no dia 15 de agosto um novo funcionamento da UFRPE. Pedi que em todas as discussões duas variáveis estivessem presentes: preservação da vida humana e animal tem que estar presente, e que as discussões sejam inclusivas”, disse o reitor da UFRPE. 

Alfredo Gomes, da UFPE, vai no mesmo sentido e afirma buscar soluções remotas não só no âmbito da universidade, mas em consonância com outras instituições de ensino pernambucanas.  “No meu entendimento, atividades presenciais não devem acontecer esse ano, claro que temos que avaliar esse processo, mas isso está sendo baseado no Grupo de Trabalho Covid e as atividades de aulas de forma remota estão na nossa pauta, porque vivemos um contexto de imprevisibilidade e não temos como anunciar outra situação. Espero fazer isso se for viável, construir junto com a universitas, de forma harmônica com o estado e pensar nisso talvez para o início de agosta e não podemos fazer de forma que prejudique estudantes professores ou técnicos”, declarou o Alfredo. 

O reitor também destacou que o Colégio de Aplicação da UFPE (Cap) seguirá o mesmo caminho de ensino remoto que o restante da Universidade no momento em que essa decisão for tomada para os cursos de graduação. “O Cap vai retornar concomitantemente com a graduação de forma remota tão logo a gente aprove essa questão com o conselho e os estudantes terceiranistas não vão perder o ano. Enem e Sisu é uma questão mais ampla, o calendário é puxado para frente, porque tem a ver com a retomada dos cursos e semestres”, afirmou ele.

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Apesar de não conseguir adesão de todos os estudantes às aulas on-line, a Secretaria de Educação de São Paulo anunciou que os professores das escolas estaduais devem realizar avaliações e dar notas aos alunos até o final desta semana. O objetivo da medida é concluir o primeiro bimestre letivo do ano. 

Dificuldades de conexão e acesso a meios eletrônicos e internet têm feito com que haja alunos que não conseguem ter acesso às atividades e criado também um segundo grupo, que não consegue enviar o material aos professores para correção. Diante desse cenário, os professores têm alegado não saber como atribuir notas aos estudantes de uma maneira adequada sem cometer injustiças diante das dificuldades causadas pela pandemia de Covid-19. 

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A Secretaria de Educação afirma que “nenhum aluno deve ser prejudicado por não conseguir acessar as aulas online”. No entanto, a falta de uma diretriz mais clara levou as diretorias das escolas a adotarem estratégias distintas: algumas instituições de ensino orientaram os docentes a deixar os estudantes sem nota; outras, a deixar a nota zerada. 

Não há informações precisas de quantos estudantes não têm acesso às aulas on-line, mas de acordo com o último dado oficial divulgado pela Secretaria de Educação de São Paulo no dia 14 de maio, apenas 47% dos alunos da rede tinha conseguido acesso ao aplicativo criado para ensino remoto duas semanas depois do lançamento da plataforma digital. Apesar disso, a Secretaria afirma que não haverá prejuízo aos alunos que não acessaram as aulas remotas pois estes serão avaliados depois, no momento em que as atividades presenciais forem retomadas, quando será feito o reforço do conteúdo e também provas de recuperação. 

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