“Tudo começou da sexta para o sábado, mais ou menos 00h30, quando os administradores, financeiros e o chef de cozinha esperaram todos os funcionários irem embora. Nisso, uma das supervisoras tinha esquecido uma coisa dentro da loja, e teve que voltar lá. Quando ela chegou lá, estavam os administradores e financeiros e o chef pegando os documentos dos funcionários, computadores da loja e mercadorias. Quando viram ela, perguntaram o que ela estava fazendo ali, aí ela perguntou o que estava acontecendo, não falaram. Aí ela falou que ia ligar para os funcionários, e [eles] foram embora. Ela começou a ligar para todos, e a maioria dos funcionários foi até a loja. Chegando lá tinham cinco homens armados, arrodeando a loja! Ligaram para a polícia, porque já tinham levado tudo da loja, e quando os policiais chegaram, disseram que eles podiam levar pois eles foram mandados pelo dono da loja para retirar as coisas de lá. Não resolveu nada com os funcionários. Então, alguns foram para casa e a maioria ficou na loja, do lado de fora, para eles não levarem o restante das coisas. Por voltar das 09h00 da manhã as administradoras financeiras foram lá explicar o que aconteceu, que tinham ido de madrugada pegar os documentos dos funcionários para dar entrada no seguro desemprego para os funcionários não perderem tudo. Ela falou que durante 10 dias aguardassem cair o dinheiro do FGTS, e se não caísse era para ir à justiça. Na segunda-feira funcionários foram na Caixa, e se descobriu que eles não estavam pagando o FGTS desde 2014 de alguns funcionários, aí ela mandou ir todos eles irem pra justiça, e que de todos esses anos o dinheiro dos funcionários era descontado do salário.”
Esse é o relato de Felipe*, filho de Isabel*, uma das ex-funcionárias da franquia Habib’s, que funcionava no bairro do Prado, na zona oeste do Recife, e encerrou as atividades inesperadamente no último sábado (11). Os trabalhadores foram surpreendidos com cadeados e correntes nas portas de acesso da loja na manhã do sábado, e chegaram a realizar um protesto.
##RECOMENDA##Isabel, 42, trabalhava na Habib’s desde 2017, e junto com outros 109 servidores, descobriu há duras penas que teria de entrar na justiça para ter acesso ao que é seu por direito. Nos dias que se seguiram, os trabalhadores entraram com o pedido do seguro-desemprego pelo aplicativo da carteira digital.
Nota do grupo
Procurada pelo LeiaJá, a assessoria do Habib’s se pronunciou por nota na última quarta-feira. "O Habib's confirma o fechamento da unidade franqueada da rede no Recife e informa que está acompanhando todo o processo administrativo com o intuito de apoiar a todos os envolvidos dentro do que compete ao grupo."
Nesta quinta-feira (16), Felipe relatou que Isabel e outros ex-funcionários receberam um e-mail contendo uma chave para liberar o acesso ao seguro-desemprego e ao Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), na Caixa Econômica, junto com um advogado. O jovem explicou que até amanhã (17), todos os 110 trabalhadores deverão ter acesso aos benefícios.
*Os nomes foram modificados para proteger a identidade dos envolvidos.