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Com mais de três meses de isolamento social, em grande parte do Brasil, o lar virou um dos poucos lugares onde as pessoas sentem-se seguranças. No entanto, para a população LGBT o que acontece da porta para dentro tem virado motivo de insegurança.
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Passando mais tempo confinados com familiares LGBTfóbicos, o índice de violência física e maus-tratos psicológicos tem aumentado. Sem poder sair de casa, a maioria não tem contato físico com amigos ou com a rede apoio e acaba sofrendo sozinha.
Pensando em uma forma de ajudar, o grupo Inquietações - Arte, Saúde e Educação, da UFPA (Universidade Federal do Pará), formado por mestres e doutores em Psicologia realiza nesta quinta-feira (2), às 17 horas, na plataforma Google Meets, uma roda de conversa com o tema: “LGBTIfobia: a casa como um espaço de violência em tempo de isolamento social”. Para realizar a inscrição basta acessar o link.
A professora de psicologia da UFPA e coordenadora do grupo Inquietações, Maria Lúcia Lima, diz que a pandemia de novo coronavírus trouxe novos desafios para o grupo de estudo, pesquisa e intervenção social da universidade. Um dos elementos que chamaram a atenção dos pesquisadores, por ter várias pessoas LGBTIs presentes no grupo, é a violência familiar. “A LGBTIfobia é muito vista e noticiada nas escolas, nas ruas, em lugares de trabalho, seja com agressões físicas ou verbais. Mas, a pandemia tem mostrado outro tipo de violência não visível, que é no convívio familiar e realizada por entes queridos”, explica.
No momento atual da pandemia, o grupo percebeu a importância de abordar violência sofrida no ambiente doméstico praticado contra pessoas LGBT e dar espaços para as pessoas serem escutadas e compartilharem as suas experiências. As psicólogas Brenda Motta, Victória Reis e Stefanie Ramos vão mediar a roda de conversa on-line.
A mestra em Psicologia Social Brenda Motta, membro do grupo Inquietações e uma das mediadoras da roda de conversa, afirma que a LGBTIfobia é historicamente produzida e reproduzida na sociedade heteronormativa, que marginaliza tudo o que for contrário. Em cima disso se desenvolvem as práticas de violência física e psicológica, afirma, que causam danos irreparáveis, como depressão e ansiedade.
Brenda Motta explica que cada caso deve ser analisado isoladamente, mas que de forma geral as pessoas entram em sofrimento psíquico a partir do momento em que se percebem LGBT, pois o primeiro pensamento que eles têm é de inadequação. “O movimento de se colocar ‘dentro do armário’, de se situar entre ser e o não ser, mostrar-se ou não, de estabelecer romances de fachadas com o sexo aposto, são formas de atender a expectativa da família e sociedade”, aponta a psicóloga sobre características de tentar se encaixar nos padrões normativos.
Uma pesquisa internacional realizada com 3,5 mil homens gays, bissexuais e transexuais pelo aplicativo de relacionamentos Hornet confirma que 30% dos entrevistados responderam que não se sentem seguros em casa durante o isolamento.
A maioria dos LGBTIs não possui apoio e respeito dentro da própria casa, que se apresenta como um ambiente instável. Então, diz a psicóloga, é muito comum que busquem a rede de apoio informal, que são amigos próximos, o parceiro e a militância que viabiliza a identificação de lutar por uma causa.
Segundo Brenda Motta, em um momento pandêmico, as pessoas são obrigadas se manterem em isolamento social e acabam se afastando da rede apoio e obrigados a ficar no lar, no qual não possuem acolhimento. Para ela, é nesse momento que a violência LGBTfóbica se faz presente com agressões físicas, morais e psicológicas.
Mesmo que a LGBTIfobia já tenha sido declarada crime pelo Supremo Tribunal Federal (STF), muitas vítimas relatam dificuldades em denunciar familiares próximos, como pais e mães, e se veem sem ter onde buscar abrigo após uma denúncia.
“Esse tipo de violência pode e deve ser combatido todos os dias com simples que deve partir de sociedade quanto amigo, mãe, pai e filho. A partir do momento que você não apoia uma piada LGBTfóbica, o simples fato de evitar e não sorrir, ou tratar com o pronome correto na qual a pessoa se sente confortável e não se importar com o gênero de nascimento”, conclui a psicóloga Brenda Motta. (Clique no ícone abaixo e ouça entrevista com as psicólogas).
Por Amanda Martins.
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