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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que, caso o governo quiser, a gestão federal terá que "lutar e brigar na Justiça" para derrubar o veto marco temporal. Segundo o presidente, a relação com o Congresso Nacional é difícil, uma vez que o governo não tem maioria no Parlamento.

"Vocês têm que compreender a capacidade de negociar que a gente tem que ter para aprovar qualquer coisa. Vocês viram o que aconteceu [com o marco temporal]", comentou Lula na tradicional cerimônia de celebração de Natal dos catadores e população em situação de rua, nesta sexta-feira, 22. "Já tinha tido uma decisão da Suprema Corte. Aí a Câmara aprovou uma coisa totalmente contrária àquilo que o movimento, que os indígenas queriam", comentou. "Quando chegou na minha mão, eu vetei tudo", acrescentou.

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Em 14 de dezembro, contudo, o Congresso derrubou o veto de Lula ao tema. Ao todo, o presidente petista tinha vetado 47 trechos da lei aprovada pelos congressistas. Na sessão do dia 14, 41 vetos foram rejeitados e seis mantidos.

A Câmara e Senado haviam aprovado projeto que limita demarcações de terras indígenas às ocupadas por eles até a promulgação da Constituição em outubro de 1988. Foi uma resposta ao julgamento ocorrido em setembro, quando o Supremo Tribunal Federal (STF) declarou inconstitucional a tese.

O critério para demarcação de terras indígenas limitado a 1988 é defendido pela Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), a mais numerosa do Congresso, com mais de 300 parlamentares.

"Agora, se a gente quiser, a gente vai ter que lutar, brigar na Justiça", disse Lula.

Conforme mostrou a reportagem, após a derrubada de veto do Parlamento, o Ministério dos Povos Indígenas afirmou que irá acionar a Advocacia-Geral da União (AGU) para entrar com ação no STF para judicialização do tema.

Somente no ano passado, foram abertos mais de 295 mil processos na Justiça, que contestam algum aspecto relacionado ao atendimento no Sistema Único de Saúde (SUS). De acordo com o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em 2021 e 2020, o total foi de 250 mil e 210 mil, respectivamente, o que indica aumento gradual, a cada ano. Apenas neste ano é que o número caiu significativamente, para cerca de 18 mil.

Em relação à rede privada, 2022 registrou 164 mil processos novos. Em 2021 e 2020, foram abertos 137 mil e 135 mil processos judiciais, respectivamente. Já neste ano, o total também foi inferior ao do SUS -, embora a comparação deva levar em consideração a magnitude do sistema público -, de 14 mil.

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A quantidade elevada no período de 2020 a 2022 pode sinalizar um boom por causa da pandemia de Covid-19. Porém, quando se observam outros dados, que não têm relação com o contexto da crise sanitária, percebe-se, nitidamente, a lentidão dos julgamentos. O tempo médio para o Poder Judiciário julgar a causa, quando o caso envolvia tratamento oncológico, ou seja, para câncer, tanto no SUS quanto na rede privada, era de 277 dias, em média, em 2020. Três anos depois, saltou para 322. Isso significa que uma pessoa em situação de fragilidade aguarda quase um ano até saber se terá direito a receber atendimento.

Um dos grupos de processos judiciais com mais demora é o referente a doações e transplante de órgãos. De 2020 para 2021, viu-se uma redução de 621 para 439 dias, em média. Contudo, em 2022, a duração média de tramitação até o julgamento foi de 825 dias. Em 2023, o patamar ainda não sofreu redução expressiva no que se refere a tempo de trâmites nos tribunais, ficando em torno de 713 dias.

O advogado Leonardo Navarro, integrante da Comissão de Direito Médico e Saúde da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em São Paulo, é especializado na área há cerca de 15 anos. Há uma década, segundo ele, começou a crescer o nível de judicialização da saúde no país, o que acendeu um alerta para o SUS, a Agência Nacional de Saúde (ANS) e as operadoras de saúde. A reação foi a de tentar evitar.

Depois de tanto tempo de carreira, Navarro diz não ver, atualmente, "grande dificuldade" para quem precisa acionar a Justiça a fim de assegurar um direito na área da saúde. "Temos aí diversas universidades que têm convênio com a OAB, com o próprio Judiciário, o Poder Público, justamente para viabilizar o acesso de pessoas que não têm renda. Em São Paulo, há uma Defensoria Pública super capacitada", comenta.

Navarro reconhece, no entanto, que nesse caminho percorrido por quem não tem condição de pagar honorários falta rapidez. "Tem agilidade? Tem aquela pessoalidade que teria com o advogado [contratado]? Não, lógico que não, mas tem a prestação de serviço pelo Estado", diz.

A presidente da Associação de Fibrose Cística do Espírito Santo, Letícia Lemgruber, tem como um dos temas e lutas de sua vida as doenças raras. Ela tem um filho com fibrose cística, que consiste no mau funcionamento das glândulas exócrinas, que produzem secreções. A doença afeta os órgãos reprodutores, pâncreas, fígado, intestino e pulmões.

Um dos obstáculos para pacientes de doenças raras é conseguir as chamadas drogas órfãs, ou seja, medicamentos para seu tratamento, que ganharam esse nome por serem produzidas por big pharmas e por seu alto valor, o que implica dificuldade para obter pelo SUS e a necessidade de se recorrer à judicialização.

Como exemplo de lentidão, no acesso a medicamentos, Letícia menciona o ivacaftor, que foi a recomendação da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec) para ser oferecido, pelo SUS, ao tratamento de pacientes com a fibrose cística, feita em dezembro de 2020. Somente em outubro de 2022, conforme relata a representante da associação, é que pacientes com o diagnóstico da doença podem ter a medicação gratuitamente, pela rede pública.

"Ou seja, demora muito até chegar à mão do paciente. E é exatamente porque essas etapas acabam tendo uma velocidade incompatível com a progressão da doença, especialmente das doenças raras, que o paciente não tem outro caminho para acessar a medicação que não o Judiciário", diz ela, que também presta consultoria à Associação Brasileira de Assistência à Mucoviscidose (Abram).

"A primeira barreira é o tempo dessas etapas. A segunda é a exigência de registro na Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária], que permite o acesso pelo SUS. Se o laboratório não pede o registro, ele nunca vai acessar por meio do SUS, só judicialmente. E a terceira barreira é o preço. Aí que vem a nossa briga", acrescenta.

A Agência Brasil pediu um posicionamento do Ministério da Saúde e da Associação Brasileira de Planos de Saúde (Abramge) sobre a judicialização, mas não teve retorno até o fechamento desta matéria.

A sinalização de João Doria (PSDB) de que pode recorrer à Justiça Eleitoral para questionar uma eventual decisão da executiva nacional tucana contrária à sua pré-candidatura ao Palácio do Planalto e favorável a uma composição com a senadora Simone Tebet (MDB-MS) agravou a crise na legenda e isolou ainda mais o ex-governador dentro do partido.

O grupo de Doria acusa o PSDB de "golpe", após a contratação de pesquisas internas pelas cúpulas do seu partido e do MDB para a definição de uma chapa única na disputa pela Presidência da República.

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Em uma carta enviada no sábado (14) pelo ex-governador paulista ao presidente do PSDB, Bruno Araújo, e que tem o timbre do advogado Arthur Rollo, especialista em direito eleitoral, Doria cobrou respeito às prévias do PSDB que, em novembro do ano passado, o escolheram como candidato do partido na disputa ao Planalto.

Doria reafirmou que não vai desistir de sua candidatura. A carta foi enviada depois que MDB e PSDB contrataram pesquisa quantitativa e qualitativa, feita no fim de semana, para testar os nomes do tucano e de Simone Tebet.

A iniciativa de divulgar uma carta com este teor neste momento foi criticada até no núcleo mais próximo ao ex-governador, que avalia que ele "errou" e se precipitou na estratégia. Na leitura de tucanos paulistas, Doria até pode conseguir uma liminar contrária a uma eventual decisão pró-Simone Tebet da direção do PSDB, mas ela seria inócua e só causaria desgastes políticos, já que a convenção da legenda será apenas em julho.

O parecer do advogado Arthur Rollo estava sendo guardado para ser usado em um momento estratégico. A leitura de especialistas é a de que Doria tem o estatuto do PSDB a seu favor e um eventual julgamento da Justiça Eleitoral teria resultado favorável a ele.

No domingo, 15, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso apoiou Doria e a mensagem foi comemorada por aliados do ex-governador.

A aliados, Araújo, disse que a carta de Doria em que ele acusa a sigla de "golpe" e de "tapetão" é um sinal de "quase rompimento" com o PSDB e que, ao fazer isso, o ex-governador "politicamente assume que não tem um partido" e está entrando "em guerra" contra toda a cúpula tucana.

Depois da divulgação da carta, o presidente do PSDB, que está rompido com Doria, decidiu antecipar a reunião da executiva do PSDB para terça-feira, 17, o que significa que o encontro vai ocorrer antes da finalização da pesquisa.

Na cúpula tucana, a avaliação é de que uma candidatura presidencial de Doria, por sua rejeição, "mata" o governador de São Paulo, Rodrigo Garcia (PSDB), candidato à reeleição, e, consequentemente, a chance de o partido permanecer governando o maior Estado do Brasil.

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luiz Fux, disse na manhã desta terça-feira, 14, que está "cada vez mais" convencido de que a judicialização da política e das "questões sociais" é um equívoco. Na esteira desta convicção, defendeu que a Corte aceite não decidir sobre certas disputas.

"Cada vez mais me conscientizo que a judicialização da política e das questões sociais é uma expressão absolutamente equivocada. Porque a jurisdição não é uma função que possa ser exercida de ofício, é uma função que deve ser provocada", apontou em webinário realizado pelo FGV-Rio.

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Para Fux, a dificuldade da classe política em vencer embates dentro da própria política acaba levando à judicialização, mas o STF, enquanto Corte constitucional, precisa saber lidar com essa demanda.

"Toda vez que o STF interfere numa questão política, a realidade é que os políticos provocam a judicialização porque na arena própria não conseguem fazer vender as suas pretensões", disse. "A grande virtude das Cortes constitucionais é a esfera passiva, é decidir não decidir. Quanto mais órgãos de Estado elas forem, mais eficiente será essa atividade."

Fux participou do seminário online "Os Desafios da Regulação Moderna", organizado pela FGV Direito Rio por meio da pós-graduação em Direito da Regulação. O evento conta ainda com palestra magna do professor Jean Tirole, da Universidade de Toulouse, na França. Ele recebeu o Nobel de Economia em 2014.

A crítica à judicialização da política vem fazendo parte do discurso de Fux. Em novembro do ano passado, ele já havia feito críticas parecidas. Naquela época, deu como exemplo a criminalização da homofobia por parte da Corte - algo que só foi decidido no Judiciário por causa da demora do Congresso para resolver o tema.

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, voltou a criticar, nesta terça-feira (17), o movimento de judicialização da política capitaneado pelo Congresso Nacional. Em videoconferência pela manhã, o ministro lamentou que a Corte seja chamada a decidir com cada vez mais frequência sobre impasses políticos. "O Supremo Tribunal Federal não age de ofício. Só age provocadamente. A judicialização da política é a provocação da política para que o Judiciário decida questões que partidos políticos não resolvem na arena própria", disse no VIII Fórum Jurídico de Lisboa.

Para Fux, o Parlamento tem que "resolver os seus próprios problemas" e o Supremo Tribunal Federal deveria começar a "decidir não decidir" e devolver matérias judicializadas ao Legislativo.

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"O Poder Legislativo coloca no colo no Supremo a solução de várias questões que dizem respeito ao Parlamento, porque muitas vezes o Parlamento não quer pagar o preço social de uma deliberação", disparou Fux.

O ministro citou, como exemplo, o reconhecimento legal da união homoafetiva pelo STF em 2011. Para Fux, o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo deveria ter sido chancelado pelo Congresso. "Essas questões que poderiam ser resolvidas no Poder Legislativo são levadas ao Supremo, porque o Parlamento é dividido ideologicamente e religiosamente, então eles não pagam o preço social", afirmou.

Na avaliação do presidente do Supremo, a Corte paga um "preço muito caro" pelo "protagonismo judicial desnecessário" causado por uma "utilização vulgar e promíscua das suas funções" pelos partidos políticos. "A instância maior da democracia é o Poder Legislativo, é a casa do povo. E não o Poder Judiciário", defendeu.

Fux também afirmou que o Judiciário não pode deixar a opinião pública interferir em suas decisões. "Paixão passageira é algo que o Judiciário não pode levar em consideração, sob pena de abdicar das suas funções", disse.

"O Judiciário é independente. Não poderia abdicar de sua função permitindo que opinião pública e opiniões passageiras interferissem na aplicação do Direito pela Corte Suprema. Por mais que se queira prestigiar a democracia. Mas em alguns aspectos quando o Judiciário se depara com a opinião pública que é formada por opiniões passageiras, principalmente com as redes sociais, o Judiciário tem necessariamente que adotar com uma posição contramajoritária", defendeu o ministro.

A obrigatoriedade da vacina contra a Covid-19 no Brasil pode ser mais um caso da pandemia levado à Justiça se persistirem as divergências entre governos federal e estaduais. Especialistas ouvidas pelo Estadão avaliam que é provável que a discussão, ainda incerta, siga os mesmos caminhos do debate sobre isolamento social e quarentena, que envolveu até o Supremo Tribunal Federal (STF).

Mesmo sem a certeza sobre quando uma vacina estará disponível, a controvérsia foi antecipada por declarações do presidente Jair Bolsonaro e do Ministério da Saúde, contrários à imunização compulsória, e de outro lado, do governador João Doria (PSDB), que se diz favorável. Doria disse, ainda, que seu governo poderá adotar "medidas legais se houver alguma contrariedade nesse sentido".

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A advogada Mérces da Silva Nunes, especialista em direito médico, analisa o cenário com base na Lei 13.979, de fevereiro deste ano, que dispõe sobre as medidas de enfrentamento à covid. No artigo 3º, ela define a possibilidade de as autoridades adotarem a realização compulsória de "vacinação e outras medidas profiláticas". A lei foi sancionada pelo próprio Bolsonaro, mas ele afirma que isso não significa impor a vacinação.

"Não teria discussão (sobre vacinação), se o STF não tivesse decidido que Estados e municípios têm autonomia para lidar com a Covid-19. Quando o Supremo dá essa decisão, confere a prefeitos e governadores a liberdade quase absoluta", diz a especialista.

Professora da FGV Direito Rio, Flavia Bahia concorda que há uma tendência à judicialização do problema. "Acho que teremos, mais uma vez no País, essa judicialização. Mas diferentemente do que aconteceu em outros assuntos - comércio, abertura e fechamento -, talvez a decisão do Supremo seja mais uniforme."

Mérces lembra que os movimentos antivacina levantam ainda mais dúvidas nas pessoas. "Estamos diante de uma doença altamente contagiosa e a população fica exposta ao risco", afirma. "Não temos uma condução única. A vacina (em geral) é programa nacional. Quando essa coordenação pode ser modificada, pode desestabilizar o programa." Flávia menciona artigos da Constituição (196), o Estatuto da Criança e do Adolescente (art. 14), entre outros, conduzindo à ideia de vacinar. "Temos uma obrigação legal de vacinar, mas isso não quer dizer que a pessoa que escolher não vacinar será procurada em casa. Entendo que, como proposta de política pública, a vacinação precisa ser obrigatória para que a gente possa combater em larga escala esse vírus", diz a professora Flávia.

Por ser uma questão de saúde pública, tanto ela quanto Mérces avaliam que o interesse coletivo deveria prevalecer sobre o individual.

Aprovado em 2012 como um marco para ambientalistas e ruralistas do País, o Código Florestal esbarra em questionamentos jurídicos para ser aplicado na prática. O Ministério da Agricultura tem trabalhado contra o que chama de "revisionismo" da lei que determina como se dão a exploração das terras e a preservação das áreas verdes do País. Para o órgão, essa batalha judicial pode "minar a capacidade" de implementação das normas do código.

"Estamos acompanhando as decisões do Judiciário como um todo. Existem ações que podem comprometer a implementação do código. São pontos que questionam os instrumentos acordados no Congresso e ratificados pelo Supremo Tribunal Federal (STF)", disse João Adrien, assessor especial para Assuntos Socioambientais do Ministério da Agricultura.

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Em abril, o Supremo decidiu em uma ação sobre madeireiros que a reparação civil de dano ambiental é imprescritível - ou seja, não há prazo para se pedir à Justiça a responsabilização por esse tipo de crime. Essa ação coloca em questionamento o marco temporal do Código Florestal sobre as chamadas áreas consolidadas em imóveis rurais. A lei diz que os desmatamentos antes de julho de 2008 estavam "perdoados". Mas, pela decisão do STF, não importa a data do desmatamento. "Esse é um exemplo que nos preocupa muito", afirmou Adrien.

Outra ação, do Tribunal de Justiça paulista, também provocou questionamentos. O TJ entendeu que produtores irregulares antes da existência da lei, e que fizeram termos de ajustamento de conduta, não podem incluir Áreas de Preservação Permanentes (APPs)- terrenos mais vulneráveis, como margens de rios e reservatórios, topos de morros e encostas em declive, entre outros - à Reserva Legal, pedaço de terra dentro de cada propriedade (descontando a APP) que deveria manter a vegetação original para garantir a biodiversidade local. É exatamente o oposto do que diz o código.

Mata Atlântica

Há também um embate jurídico sobre a prevalência da Lei da Mata Atlântica, único bioma do País com uma legislação própria, em relação ao Código Florestal. Esse ponto cria ainda questionamentos de ambientalistas.

Em abril, o governo usou um parecer da Advocacia-Geral da União (AGU) que reconhece como consolidadas as APPs desmatadas e ocupadas até julho de 2008, permitindo o retorno da produção agropecuária nesses locais. Prevalecia, portanto, o entendimento do Código Florestal sobre a lei do bioma, na qual não existe a possibilidade de consolidação de ocupação nessas áreas.

"Eles querem que todos os plantios em áreas de Mata Atlântica, mesmo aqueles em áreas onde isso não poderia acontecer, sejam anistiados. Ou seja, ninguém nunca vai ter que replantar o que desmatou acima do previsto na lei", disse o coordenador da Frente Ambientalista da Câmara, deputado Rodrigo Agostinho (PSB-SP).

Os questionamentos jurídicos sobre o Código Florestal preocupam também produtores. "Precisamos parar de questionar o código e aplicá-lo", disse o chefe da assessoria jurídica da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), Rudy Ferraz. "Buscamos a implementação, a segurança jurídica da sua aplicabilidade para toda a população brasileira, garantindo o uso e a ocupação do solo, de acordo com o código, e ele prevendo suas eventuais penalidades e possibilidades de regulamentação", disse Ferraz.

O Código Florestal é hoje uma das prioridades do Ministério da Agricultura. A pasta tem investido em tecnologias para acelerar o processo do Cadastro Ambiental Rural (CAR), uma das suas principais ferramentas. Além disso, o governo tem tentado mobilizar a AGU e o Ministério Público e busca ministros do STF para debater o assunto. "Ou temos um grande consenso entre Judiciário, Executivo e Legislativo ou não vamos avançar na lei", ressaltou João Adrien.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), José Antonio Dias Toffoli, defendeu acabar com a cultura da judicialização no Brasil. A saída para diminuir as ações judiciais, conforme ele, é a utilização de meios alternativos e mais adequados para debater questões de controvérsias entre indivíduos e setores da economia como, por exemplo, meios conciliadores. A solução também passa pela formação de juízes.

O ministro deu a declaração durante evento da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib), em Brasília.

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No setor de infraestrutura, Toffoli mencionou que o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) está fazendo um grande mapeamento das obras paralisadas no Brasil para identificar os entraves existentes e as ações. Os dados, conforme ele, estão sendo compilados a partir dos levantamentos dos tribunais de contas.

São alvos grandes obras, com valor a partir de R$ 1,5 bilhão, que foram paralisadas seja por questões judiciais ou administrativas. Há, conforme ele, "situações bizarras" em meio à disputa em licitações, que paralisa toda a obra.

Toffoli ressaltou que o diagnóstico do Tribunal de Contas da União identificou mais de 14,4 mil contratos paralisados que envolvem valor total de R$ 144 bilhões somente na União. Pelos dados compilados, apenas 1,2% das paralisações são oriundas do Poder Judiciário. "A maior parte são questões administrativas, dos tribunais de contas. No Judiciário, o número é até incrivelmente pequeno", destacou.

De acordo com o presidente do STF, o que mais acontece hoje é o temor do gestor público ao ordenar despesas, por mais correto que esteja o cumprimento do contrato, e depois ter de responder patrimonialmente ou criminalmente perante os órgãos de controle. "A grande parte da paralisação ocorre por conta da administração e gestão ou falta de criatividade e capacidade de solucionar problemas", avaliou o ministro.

Toffoli chamou atenção ainda para as decisões das agências reguladoras que têm de ser seguras para que não acabem constantemente no Judiciário. No setor de saúde, que será tema de uma sessão no STF, nesta quinta-feira, dia 22, conforme ele, a judicialização chega a 7% do orçamento.

"Alguma coisa está fora do lugar. Quando se vai à Justiça, justiça tem de decidir e definir. Temos outros meios de solução de conflito", destacou ele, citando como exemplo positivo o Conar, conselho de autorregulação publicitária, e ainda o Ministério da Agricultura, que funciona como uma agência reguladora do segmento.

Toffoli enfatizou a necessidade de diminuir a elevada litigiosidade no País, mantendo o direito dos indivíduos. Enquanto o STF julgou 14 mil processos em colegiado no ano passado, em sessão aberta ao público, nos Estados Unidos foram 10 mil processos em média por ano, mas 9,9 mil são arquivados. Na prática, a corte norte-americana só julga em média 100 processos por ano.

"Recebemos 80 mil processos por ano e ainda querem responsabilizar o Supremo por uma judicialização seja da economia ou da política. Não é responsabilidade nossa, mas da sociedade, da Constituição e das leis que são aprovadas", concluiu o presidente do STF.

O Tribunal Regional Eleitoral de Pernambuco (TRE-PE) notificou o governador e candidato à reeleição Paulo Câmara (PSB) e o candidato a senador Jarbas Vasconcelos (MDB), ambos da Frente Popular de Pernambuco, por propaganda irregular. As advertências foram realizadas após decisão de juízes eleitorais nesse domingo (2). 

Paulo foi chamado a atenção pelo TRE por conta de publicidades institucionais expostas nas redes sociais durante o período eleitoral, o que é proibido, e Jarbas pela utilização de dados de uma pesquisa no guia eleitoral sem informações completas, como a data do levantamento.  

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A denúncia contra o governador foi oriunda do departamento jurídico da campanha de Armando Monteiro (PTB), que apresentou ao TRE prints das páginas de facebook do Governo com material veiculado recentemente. “Além disso, Paulo estava usando imagens oficiais e até logomarca em sua fanpage. Um completo abuso de poder e desrespeito à Lei”, afirmou Walber Agra, coordenador jurídico do petebista. 

A decisão da Justiça Eleitoral, assinada pelo relator Alexandre Freire Pimentel, determinou a retirada, em 24h, de todas as propagandas feitas pelas contas da gestão estadual sob pena de multa de R$ 5 mil, por dia, em caso de descumprimento. A denúncia ocorreu mesmo depois do governo de Câmara anunciar nas redes sociais que não faria mais atualizações por impedimento do período eleitoral. O coordenador jurídico da campanha da Frente Popular de Pernambuco, Carlos Neves, disse que não há ilegalidades e que vai recorrer da decisão nesta segunda-feira (3).

Já quanto a Jarbas, o questionamento também partiu da coligação Pernambuco Vai Mudar, de Armando, e o TRE proibiu a veiculação do guia exibido no último dia 31, sob pena de multa de R$ 5 mil caso descumprimento. Segundo a assessoria de imprensa, as adequações acrescentando as datas das pesquisas na propaganda já estão sendo providenciadas.

Fake news contra Mendonça Filho 

A juíza Karina Albuquerque Aragão de Amorim condenou o candidato a deputado estadual  André Lourenço (PHS) com multa de R$ 5 mil por divulgar nos perfis “Indignados de Pernambuco” (Facebook) e “@revoltadospernambuco” (Instagram) notícias inverídicas do candidato ao Senado, Mendonça Filho, e também do candidato a deputado federal, Vinícius Mendonça.

Nas postagens, nas duas redes sociais, foram feitas montagens com vídeos do Jornal Nacional, que fariam referência a suposto recebimentos de propinas por parte de Mendonça Filho, através de doações da Odebrecht e Queiroz Galvão na campanha de 2014. Além de aplicar a multa, a juíza deu ciência ao Ministério Público Federal para que, caso seja necessário, requisite a abertura de processo investigatório, a fim de responsabilização civil e criminal do candidato.

A defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vai reforçar o pedido ao Tribunal Regional Federal da 4ª região (TRF4) para participar do primeiro debate entre os presidenciáveis. O embate entre os postulantes ao Palácio do Planalto vai acontecer na próxima quinta-feira (9) e é organizado pela TV Bandeirantes. 

Responsável pela execução da pena de Lula na Lava Jato, a juíza federal Carolina Lebbos já negou o pedido em julho. A estratégia agora é endossar a mesma petição que já tramita no TRF4 e aguarda manifestação do relator, o desembargador João Pedro Gebran Neto. A TV Bandeirantes já afirmou que Lula não poderá ser substituído pelo vice, Fernando Haddad, no debate. 

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Lula foi confirmado como candidato do PT à Presidência da República no último sábado (4), durante a convenção nacional da legenda. O ex-presidente, contudo, está preso desde o dia 7 de abril deste ano, para iniciar o cumprimento da pena de 12 anos e um mês de prisão pela qual foi condenado na Lava Jato pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. 

A condenação, inclusive, pode ser mote para o registro de candidatura dele ser barrado a partir da Lei da Ficha Limpa. Antes do registro no Tribunal Superior Eleitoral (TSE),  a expectativa de Lula e do PT também estão aguardando o julgamento de recursos contra a condenação pelo Supremo Tribunal Federal (STF). A apreciação pode acontecer na quinta-feira. 

Uma decisão judicial desse fim de semana devolveu o comando do PPS em Pernambuco ao deputado federal Daniel Coelho. De acordo com o parlamentar, a revogação da liminar que cancelava a comissão provisória, instituída pelo presidente nacional Roberto Freire, e devolvia ao grupo o status de diretório estadual foi concedida pelo desembargador Djalma Nogueira Júnior, da 4ª Vara da Fazenda Pública da Capital. 

“O desembargador Djalma Nogueira Júnior revogou a liminar que suspendia a decisão tomada pela direção nacional do PPS e determinou que o diretório regional do partido em Pernambuco volte a ser administrado pela comissão provisória presidida pelo deputado federal Daniel Coelho”, diz a nota encaminhada por Daniel à imprensa, na manhã desta segunda-feira (9).

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Na última semana, o juiz Sebastião de Siqueira Souza, da 6ª Vara Cível da Capital, manteve como válida a direção do PPS eleita durante um Congresso Estadual realizado no último dia 2. A ação foi impetrada pelo então presidente do diretório estadual, Manoel Carlos, e pelo presidente da municipal, Felipe Ferreira Lima. Com a devolução, o PPS em Pernambuco passa a integrar o bloco de oposição ao governador Paulo Câmara (PSB). 

 

Presidente do MDB em Pernambuco, o vice-governador Raul Henry apresentou um mandado de segurança ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) contra decisão da Executiva Nacional do partido que determinou a dissolução do diretório estadual da sigla. Na representação, Henry pede que que seja concedida uma liminar para suspender os efeitos da decisão. O relator do processo é o ministro Admar Gonzaga.

No documento, Henry argumenta que o ato de dissolução, assinado pelo presidente nacional e senador Romero Jucá (RR), não tem justa causa, bem como representa ilegalidade e abuso de poder. Além disso, segundo o vice-governador, o ato ofende os princípios do devido processo legal, do contraditório e da ampla defesa. 

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Na ação, ele sustenta também que foi democraticamente eleito para comandar a agremiação regional e que nas últimas eleições municipais, em 2016, conseguiu o maior crescimento do partido em todo o país em relação ao número de prefeitos eleitos. Apesar disso, o argumento usado para dissolver o diretório regional foi a necessidade de que o partido tenha um melhor desempenho eleitoral para as próximas eleições.

“É neste contexto de luta incansável contra o autoritarismo e na defesa dos valores republicanos que se impetra o presente, para anular e fazer cessar o ato coator, emanado do abuso e da arbitrariedade perpetrados pela autoridade coatora”, defende o texto do mandado de segurança.

Raul Henry também destaca “outra arbitrariedade” cometida pela Executiva ao designar uma Comissão Provisória, presidida pelo senador Fernando Bezerra Coelho, para gerir o MDB em Pernambuco. Segundo ele, tal fato atropelou “procedimentos e prazos relacionados com o rito da dissolução de órgãos partidários”.

Para o vice-governador, o precedente passa a permitir “dissolver qualquer órgão partidário até o mês de março, abrindo-se margem, justamente, para a constituição de uma comissão provisória até o início de abril, às vésperas do término da janela de migração e do período de filiação partidária”.

Alega, por fim, que qualquer desvirtuamento da atuação livre e democrática dos partidos políticos fere a normalidade e regularidade do processo político, vulnerando a autenticidade do sistema representativo.

A dissolução foi anunciada na última terça-feira (20), mas três dias depois o Supremo Tribunal Federal suspendeu a ação até que seja julgado o mérito de uma ação contrária à medida também impetrada por Raul Henry. A extinção do diretório pernambucano retira não apenas o comando de Henry, mas a liderança estadual do partido protagonizada pelo deputado federal Jarbas Vasconcelos. 

As eleições presidenciais deste ano foram acirradas no voto, mas menos disputadas na Justiça. É a avaliação do Ministério Público Eleitoral, que considera que a litigiosidade se manteve "em patamar inferior" a outras campanhas. No total, a Procuradoria-Geral Eleitoral elaborou 245 pareceres nas eleições presidenciais deste ano e entrou com 12 representações.

"Pelos números e pelos julgamentos do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a propaganda em si foi ao limite, mas não foi exagerada", afirmou o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, em entrevista ao Broadcast Político. Nas eleições de 2010, foram recebidas no TSE 433 casos que aguardavam manifestação da Procuradoria e ajuizadas 78 representações pelo próprio Ministério Público.

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Na maioria dos casos em 2014 (147 pareceres), o Ministério Público Eleitoral opinou pela improcedência do pedido feito pelos partidos. Só em 13 casos o TSE atendeu a requisição das coligações. "Se deixou que os candidatos estabelecessem a disputa entre eles mesmos. Só naquilo que houve o limite do crime, o limite do abuso, é que entramos, em 12 representações", afirmou Janot. Em 116 processos, o tribunal negou o pedido dos partidos.

O tom mais agressivo ficou nas redes sociais. "Teve de tudo", aponta o procurador-geral. Para ele, é preciso avaliar formas de apurar as postagens eleitorais na internet. "O 'pode tudo' não dá, é ruim. Na rede social tem muito anonimato, pessoas que se escondem atrás de perfis", apontou Janot.

No primeiro turno e no segundo turno, a coligação da presidente reeleita Dilma Rousseff foi a que mais provocou a Justiça eleitoral, com 91 representações, nas quais em 40 o MPE opinou pela improcedência. O TSE considerou procedentes apenas dez casos.

A coligação de Marina Silva (PSB) levou 51 representações à Justiça e apenas um pedido foi considerado procedente. Já a coligação de Aécio Neves (PSDB) provocou o TSE 48 vezes, com apenas um caso julgado procedente. Os dados consideram levantamento da Procuradoria-Geral Eleitoral até o dia 31 de outubro.

Ataques

Entre as representações oferecidas pelos partidos no primeiro turno, a coligação encabeçada pelo PT foi a mais atacada. No total, foram levadas ao TSE 71 representações contra a coligação da petista, sendo 42 apresentadas pela coligação do PSB e 29 propostas pela coligação do PSDB. Já contra Aécio foram apresentadas 30 representações - 25 pela coligação de Dilma e cinco pelo grupo de Marina.

Praticamente só o PT levou representações contra Marina: foram 19 casos levados ao TSE no total, sendo 18 apresentadas pela coligação de Dilma e apenas uma apresentada pela coligação de Aécio.

Nos três períodos, foram apresentadas 90 representações contra a coligação de Dilma, 54 contra Aécio e 29 contra Marina.

Regras do jogo

A análise dos dados do segundo turno é prejudicada pelo acordo firmado entre as campanhas de Dilma e Aécio para desistir de todas as representações propostas ao TSE. A decisão das duas equipes foi um efeito à reação mais dura do tribunal contra propagandas que continham "ataques pessoais". Após o primeiro turno, a Corte eleitoral decidiu barrar propagandas que não fossem propositivas, o que gerou uma enxurrada de recursos ao TSE.

Foram 18 representações contra o PT e 23 contra o PSDB, mas a maioria foi extinta sem análise do mérito, em razão do acordo entre as campanhas. Janot foi contrário à mudança de posição do TSE no segundo turno: "Não se muda a regra do jogo no meio do jogo".

O aumento da judicialização das demandas por educação infantil não é exclusivo da cidade de São Paulo. Ele se repete em diversas cidades do País, segundo a União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), que não tem um levantamento das ações.

"Praticamente todas as cidades médias e grandes têm esse tipo de liminar, independentemente se há vaga ou se consegue criá-la", afirma a secretária de Educação de Goiânia, Neide Aparecida da Silva, que faz parte da diretoria da Undime.

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Neide diz que a pressão por creche é recente e há dificuldades para aumentar a oferta em grande velocidade. "A Justiça entende que a creche é direito da criança, mesmo não estando na LDB (Lei de Diretrizes e Bases) e impõe uma liminar para colocar a criança na escola. Na minha avaliação, isso não agiliza", diz ela. "É importante que as crianças estejam nas escolas, mas é difícil judicializar sem fazer discussão."De acordo com a secretária, a cidade de Goiânia atende hoje 22 mil crianças. A fila de espera é de 5 mil.

Secretário municipal de Educação de Florianópolis, Rodolfo Joaquim Pinto da Luz diz que conseguir adequar a demanda de atendimento na educação infantil é "um problema nacional". "Quando a educação infantil passou a integrar o sistema educacional, a demanda se tornou crescente. O governo federal tem contribuído para as construções e parte da manutenção, mas os Estados não têm feito nada", afirma ele, também da direção da Undime.

Meta federal

O governo federal tem a meta de construir 6 mil creches e pré-escolas até 2014. Segundo o Ministério da Educação (MEC), 683 unidades estão em funcionamento e 2.859 em construção. O investimento previsto neste ano é de R$ 1,9 bilhão.Segundo Daniel Cara, da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, a pressão por creche deve aumentar cada vez mais. "A gente vive um processo de priorização da pré-escola. Depois, só a creche vai ter a demanda intensa", diz.

A campanha foi a principal entidade a lutar pela inclusão das creches no Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb). Esse fundo é responsável pela transferência de recursos a municípios e Estados de modo proporcional ao número de alunos matriculados. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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