Em dois dias seguidos, Pernambuco perdeu dois grandes quadros políticos – o deputado estadual Manoel Santos e o ex-deputado federal Pedro Eugênio, ambos do PT. Foram políticos de origem diferentes. Manoel é cria do sindicalismo rural, da tendência sertaneja forjada na luta em parceria com a Igreja, pelas mãos do bispo Dom Francisco Mesquita, que tinha fama de comunista.
Do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Serra Talhada, que presidiu, foi alçado ao comando da Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetape), revelando-se uma liderança estadual, para em seguida conquistar o cenário nacional, presidindo a Confederação Nacional dos Trabalhadores (Contag), quando liderou grandes marchas em Brasília ao lado de outros movimentos sociais, como o MST.
Pedro Eugênio foi um tecnolitico (mistura de técnico com político) da escola arraesista. Nos Governos Arraes assumiu as Secretarias de Agricultura, Planejamento e Fazenda. Junto com a competente Tânia Bacelar, braço direito do ex-governador Miguel Arraes, Eugênio se projetou no plano estadual e acabou abraçando a vida partidária, elegendo-se deputado estadual.
E em seguida federal. Apesar de ter feito um bom mandato em Brasília, não conseguiu emplacar a última reeleição, desta feita já filiado ao PT, o Partido dos Trabalhadores. Eugênio presidiu o PT e coube a ele coordenar o tensionado e complicado processo da sucessão do ex-prefeito do Recife, João da Costa, que acabou sendo preterido na disputa pela reeleição por força de uma decisão da executiva nacional.
Eugênio passou, ainda, por uma diretoria do Banco do Nordeste e outros cargos. Em todos eles, entretanto, soube honrar a confiança delegada, nunca se envolvendo em nenhum tipo de maracutaia, diferente do que observamos, hoje, no Governo Federal com a operação Lava Jato e tantos outros escândalos na era Dilma.
Manoel Santos e Pedro Eugênio, portanto, dignificaram a vida pública, passando à história como exemplos de honestidade, decência, ética e moralidade, atributos que deveriam ser imprescindíveis a todos os que assumem funções públicas delegadas pelo voto popular.
QUORUM– Apesar do feriado de ontem, o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), garante que haverá quórum, hoje, para votação dos destaques do projeto de terceirização, já aprovado pela Casa. Como tem sessão deliberada convocada para amanhã, também, os deputados não iriam, segundo ele, a se arriscar a perder dois dias seguidos, repercutindo nos seus subsídios ao final do mês.
Semeando e colhendo – Aliado do ex-deputado Pedro Eugênio (PT), a quem deu uma excelente votação em Serra Talhada, o prefeito Luciano Duque (PT) estava inconsolável com a morte do ex-parlamentar, a quem homenageou com um poema de Cora Coralina: "Mesmo quando tudo parece desabar, cabe a mim decidir entre rir ou chorar, ir ou ficar, desistir ou lutar, porque descobri, no caminho incerto da vida, que o mais importante é decidir, pois o que o importa na vida não é o ponto de partida, mas a caminhada. Caminhando e semeando no fim terás o colher".
Adeus, Camarão! – O governador Paulo Câmara lamentou não apenas as mortes de Manoel Santos e Pedro Eugênio, mas também do sanfoneiro Camarão, que partiu também ontem para a eternidade. “O Brasil perdeu uma das maiores referências da música popular, um mestre pela maestria com a qual desempenhava sua arte”, afirmou.
Cúpula irada – O PMDB está possesso com o relator da reforma política, Marcelo Castro, favorável ao voto distrital misto alemão, defendido pelo PSDB. Os caciques do partido garantem que aquela comissão não representa a maioria da Casa e vão derrotá-lo no plenário. Além disso, Temer e líderes como Renan Calheiros, Eduardo Cunha e Eunício Oliveira estão irritados pelo desrespeito a uma posição oficial da sigla.
Indefinição no Recife– O PT não tem ainda uma posição clara sobre a sucessão no Recife. Embora nos bastidores já corra a versão de que o candidato do partido será Mozart Sales, que teve uma excelente votação para deputado federal e voltou a atuar no Governo Dilma, a presidente do diretório estadual, Teresa Leitão, informa que há uma divisão, hoje, entre ter candidato próprio ou selar uma aliança.
CURTAS
SEM RUMO– Quanto a Olinda, onde seu nome seria, hoje, o mais forte para entrar na disputa, Teresa Leitão disse que segue na mesma indefinição do Recife, devendo ser objeto de uma discussão para deliberação em outubro, faltando um ano para o pleito.
DIVISÃO– O líder do PSDB no Senado, Cássio Cunha Lima, fez um discurso, no Fórum de Comandatuba, a favor do impeachment da presidente Dilma. Ele foi feito logo após o ex-presidente Fernando Henrique afirmar que a proposta era precipitada.
Perguntar não ofende: Senado e Câmara têm quórum, hoje, depois do feriado de ontem?