Tópicos | MP do ensino médio

A reforma do ensino médio deve abrir as atividades no Senado no início deste ano. Tramitando em regime de urgência, a Medida Provisória (MP) 746/2016 tranca a pauta de votações no plenário caso não seja apreciada. Os senadores têm um mês para deliberar sobre a MP 746/2016, após o retorno do recesso parlamentar. A medida provisória perderá a validade caso não seja aprovada até o dia 2 de março.

Entre as principais alterações que constam na MP estão a ampliação da jornada escolar das atuais quatro horas obrigatórias por dia para sete horas, progressivamente. Quanto ao currículo, a medida estabelece que parte do ensino médio seja voltada para os conteúdos que serão definidos na Base Nacional Comum Curricular, atualmente em discussão no Ministério da Educação, e parte para itinerários formativos, que serão escolhidos pelos estudantes.

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A MP define cinco itinerários: linguagens, matemática, ciências da natureza, ciências humanas e formação técnica e profissional. Com a flexibilização, apenas português e matemática serão obrigatórios nos três anos do ensino médio. A MP sofre resistência no país por parte de professores e estudantes, que promovem atos, greves e ocupações em diversos estados.

Abuso de autoridade, reforma política e jogos de azar são mais três projetos polêmicos que ficaram pendentes de votação na última sessão deliberativa de 2016 e iniciam o ano tramitando na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ).

O Projeto de Lei do Senado (PLS), de autoria do senador Renan Calheiros, que define crimes de abuso de autoridade teve seu regime de urgência derrubado e seguiu para tramitação na CCJ. Para o presidente da Casa, a iniciativa é fundamental por atualizar a lei, que é de 1965. O projeto prevê que servidores públicos e membros do Judiciário e do Ministério Público possam ser punidos caso sejam determinadas prisões “fora das hipóteses legais", como ao submeter presos ao uso de algemas sem que apresentem resistência à prisão e fazer escutas sem autorização judicial, atingindo “terceiros não incluídos no processo judicial ou inquérito”.

A CCJ deve analisar ainda a proposta de emenda à Constituição (PEC 113A/2015) que trata da reforma política. A iniciativa prevê o fim da reeleição para cargos no Poder Executivo e a criação de uma cláusula de barreira que limita o acesso ao fundo partidário. O texto da PEC estabelece que a possibilidade de reeleição acabará a partir dos próximos mandatos. Assim, quem está nos cargos de presidente da República, governador ou prefeito atualmente – e os que foram eleitos este ano – poderão se reeleger, mas os próximos não.

Jogos de Azar

Proibidos no Brasil há 70 anos, os jogos de azar, como cassinos, bingos, jogo do bicho e vídeojogos, poderão voltar a ser liberados. Outro projeto de lei polêmico em tramitação na CCJ, a medida legaliza o funcionamento desse tipo de jogo, proibido no país desde 1946.

De autoria do senador Ciro Nogueira (PP-PI), o projeto de lei foi encaminhado à CCJ após aprovação de requerimento do senador Magno Malta (PR-ES). O PLS 186/2014 define os tipos de jogos de azar a serem explorados, os critérios para autorização, as exigências para os sócios e as regras para distribuição de prêmios e arrecadação de tributos. Assim, cassinos, apostas eletrônicas, bingos e jogo do bicho poderão ser legalizados.

As atividades no Congresso Nacional serão retomadas no dia 2 de fevereiro.

O presidente Michel Temer defendeu hoje (20) a reforma do ensino médio por meio da Medida Provisória (MP) 746/16. Foi durante cerimônia, no Palácio do Planalto, destinada a assinar a liberação de recursos para o ensino técnico e integral, com a presença do ministro da Educação, Mendonça Filho.

A defesa ocorre um dia após o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ter se posicionado contra a utilização de uma de medida provisória como instrumento para promover a reforma.

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Temer justificou a atitude com o argumento de que há mais de 20 anos tramitavam projetos no Congresso Nacional versando sobre a temática e que já haveria um debate acumulado na área. Ele disse ainda que resolveu editar a MP atendendo a uma sugestão do ministro da Educação, que argumentou que a MP iria “mobilizar” o país.

“Mobilizou tanto que até escolas ocupadas se verificaram. A discussão, ao longo do tempo, se deu com muita animação e mobilizou o país. E o apoio que temos tido no Congresso Nacional fez com pudéssemos, no prazo da vigência da MP, aproveitar todas as discussões que fizemos ao longo de 20 anos, antes de a Câmara aprovar a reforma do ensino médio”, disse o presidente.

Ontem (19), em parecer enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF), Rodrigo Janot defendeu que a MP não apresenta os requisitos de relevância e urgência para edição de medidas provisórias, além de ferir diversos princípios constitucionais.

PSOL vê retrocesso social

A manifestação faz parte da análise da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 5.599, proposta pelo PSOL. Segundo o partido, a norma viola os pressupostos exigidos pela Constituição para edição de medidas provisórias. O PSOL sustenta ainda que seria cristalina a ausência do requisito constitucional da urgência, além de desrespeitar o acesso amplo à educação e dificultar a redução de desigualdades, ao promover verdadeiro retrocesso social, segundo o partido.

Para Janot, medida provisória, por seu próprio rito abreviado, não é instrumento adequado para reformas estruturais em políticas públicas, “menos ainda em esfera crucial para o desenvolvimento do país, como é a educação”.

“Demonstração concreta de que falta urgência para edição precipitada da norma está no fato de que, se aprovada pelo Congresso Nacional ainda em 2016, a reforma só será adotada nas escolas em 2018”, argumenta.

Cinco áreas serão beneficiadas

O texto encaminhado pelo governo ao Congresso Nacional no dia 22 de setembro estabelecia, entre outras mudanças, a diminuição do conteúdo obrigatório para privilegiar cinco áreas de concentração: linguagens, matemática, ciências da natureza, ciências humanas e formação técnica e profissional, além da retirada da obrigatoriedade das disciplinas de artes, sociologia, filosofia e educação física.

O texto também previa o aumento da carga horária progressivamente, passando das atuais 800 horas até atingir 1.400 horas anuais.

As alterações na estrutura do ensino médio por meio de medida provisória foram objeto de críticas de entidades representativas dos professores. Em razão das mudanças, estudantes de vários estados ocuparam escolas pedindo a retirada da proposta.

 

A votação da MP foi concluída na semana passada na Câmara dos Deputados, com algumas modificações. Entre elas, a inclusão da obrigatoriedade das disciplinas de educação física, arte, sociologia e filosofia na Base Nacional Comum Curricular. O texto segue agora para o Senado.

 

Na cerimônia de hoje, Temer e o ministro da Educação assinaram a liberação de recursos para a implantação de escolas em tempo integral e o ensino técnico, por meio do Mediotec, braço do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), voltado a ofertar formação técnica e profissional a estudantes do ensino médio. Ao todo, serão ofertadas 82 mil vagas.

Durante seu discurso, o presidente disse ainda que a aprovação do texto só foi possível devido ao “diálogo produtivo” com o Legislativo e voltou a negar que a emenda à Constituição que instituiu o teto de gastos públicos por 20 anos vá retirar recursos da saúde e da educação.

Segundo o presidente, a destinação de recursos para os ensinos técnico e integral está sendo possível devido ao ajuste nas contas públicas. “Se este ato diz respeito à responsabilidade social, de outro lado temos que ter a responsabilidade fiscal”, disse.

“Com equilíbrio financeiro, sairemos da recessão e voltaremos a crescer. Teremos mais dinheiro para os programas sociais”, acrescentou o presidente.

Ministro defende medida provisória

A manifestação da Procuradoria-Geral da República também foi comentada por Mendonça Filho, que disse ter “uma respeitosa divergência daquilo que manifestou o parecer”. Em entrevista, o ministro da Educação defendeu a MP como urgente, uma vez que o ensino médio concentra os piores indicadores da educação básica.

“Para mim, qualquer mudança na área de educação é relevante, e a urgência está determinada a partir de dados estatísticos”, afirmou Mendonça Filho.

Hoje, o ministro anunciou duas medidas relacionadas à MP: o Mediotec, que vai ofertar vagas no ensino técnico para alunos do ensino médio, e o Programa de Fomento à Implementação de Escolas em Tempo Integral para o Ensino Médio, destinado a aumentar a carga horária do ensino médio para 7 horas diárias.

“Estive com Fachin [Luiz Fachin, ministro do STF] há 30 dias, ou um pouco mais, junto com a procuradora e advogada-geral Grace Mendonça, levando algumas informações sobre a nossa visão técnica e jurídica da MP e confiamos que o Supremo terá o mesmo entendimento”, disse.

A medida provisória (MP) que trata da reforma do ensino médio, MP 746/2016, terá mais 60 dias para ser discutida no Congresso Nacional. A prorrogação foi publicada nesta quarta-feira (16), no Diário Oficial da União. Com isso, o Congresso terá até meados de janeiro para votar a medida.

A prorrogação do tempo de apreciação de MPs está prevista no regimento do Congresso Nacional. De acordo com a Resolução 1/2002, a prorrogação ocorre quando uma MP não tem a votação encerrada tanto na Câmara dos Deputados quanto no Senado Federal no prazo de 60 dias.

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Apresentada pelo presidente Michel Temer no dia 22 de setembro, a MP do ensino médio flexibiliza os currículos e amplia progressivamente a jornada escolar.

De acordo com a medida provisória, cerca de 1,2 mil horas, metade do tempo total do ensino médio, serão destinadas ao conteúdo obrigatório definido pela Base Nacional. No restante da formação, os alunos poderão escolher entre cinco trajetórias: linguagens, matemática, ciências da natureza, ciências humanas - modelo usado também na divisão das provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) - e formação técnica e profissional.

A medida também amplia gradualmente a carga horária do ensino médio para 7h por dia ou 1,4 mil horas por ano.

Estudantes que ocupam escolas, universidades e institutos federais em todo o país são contrários à MP. Tanto eles quanto educadores defendem um maior debate sobre a reforma do ensino médio e criticam as mudanças por meio de medidas provisórias.

Já o governo federal defende que a MP se deve à urgência de mudanças nessa etapa de ensino que concentra os piores indicadores da educação básica. A reformulação da etapa já estava em discussão na Câmara dos Deputados por meio do Projeto de Lei 6.480/2013. A MP contém algumas sugestões do projeto.

Em enquete promovida pelo portal E-Cidadania do Senado, mais de 71 mil pessoas se manifestaram contra a MP, enquanto mais de 3,8 mil se declararam a favor. Os dados são das 12h desta quarta-feira (16).

Professores de várias categorias realizam, na manhã desta quinta-feira (6), um ato contra a medida provisória (MP) que prevê a reforma do ensino médio. O movimento tem concentração na Praça do Derby, na área central do Recife, e propõe chamar atenção da sociedade para a mudança proposta pelo governo federal para a educação.

De acordo com a professora Daliana Nunes, os docentes encaram o ato como uma forma de repudiar a MP. “Educação não é brincadeira e não deve ser tratada fora do acordo com a sociedade”,opina a docente. Os professores irão promover o ato nesta manhã e, em seguida, realizar uma assembleia para definir as próximas ações da mobilização.

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O deputado federal Danilo Cabral (PSB) afirmou, nesta quarta-feira (5), que há um “choque de legislação” no Congresso Nacional nas discussões sobre a reforma do Ensino Médio brasileiro. Segundo ele, a Medida Provisória (MP) que trata sobre o assunto tramita simultaneamente ao Projeto de Emenda Constitucional (PEC) 241, que estabelece um teto para os gastos públicos nos próximos 20 anos, e após a aprovação do Plano Nacional de Educação (PNE).

“Essa MP vai trazer consequências para os entes da Federação, notadamente os estados. Há uma conta sobre o financiamento que não está sendo discutida”, afirmou, durante audiência pública na Comissão de Educação. Segundo ele, o artigo 5º da MP estabelece que a União vai financiar as mudanças por até quatro anos. “O que é até quatro anos? Depois, quem vai ficar com essa conta?”, emendou. 

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Para o pessebista há uma transferência de atribuições para os estados e municípios sem a União dar a devida contrapartida de financiamento. Ele defende a integração das discussões entre a MP do Ensino Médio, a PEC 241 e o PNE. “Do jeito que está, nós estamos cometendo os mesmos erros do passado, aumentando as obrigações dos estados e municípios sem prever a contrapartida de financiamento da União. Isso está parecendo um maracatu mal ensaiado”, disparou.

Danilo Cabral criticou ainda a maneira como o Governo Federal apresentou a proposta de reformulação do Ensino Médio. Ele não admite o uso de medida provisória para temas tão complexos. “Consulto os senhores deputados se seria razoável que nós recebêssemos as reformas política, tributária, trabalhista e da Previdência através de MP. Nós não aceitaríamos. O papel do Congresso Nacional precisa ser respeitado e o debate com a sociedade, aprofundado”, acrescentou.

O deputado defende que a MP seja retirada de tramitação pelo Governo Federal e substituída por um projeto de lei. Assim, segundo o parlamentar, seria possível aprofundar o debate, especialmente com a comunidade escolar. De acordo com Danilo, até mesmo o prazo para a apresentação de emendas à MP do Ensino Médio foi curto. 

A medida provisória 746/2016, que traz uma reformulação do ensino médio, já recebeu mais de 500 emendas de deputados e senadores até o início da noite desta quinta-feira (29). O prazo para a apresentação de propostas de alterações ao texto termina as 10h desta sexta-feira (30) e a expectativa é de que o número cresça ainda mais.

Boa parte das emendas está relacionada com as disciplinas que serão obrigatórias para os estudantes. Os senadores Paulo Bauer (PSDB-PR) e Eduardo Amorim (PSC-SE) querem que todos os alunos aprendam a língua inglesa e que seja garantida a oferta de outras línguas estrangeiras, como o espanhol. Já o senador Paulo Paim (PT-RS) e o deputado Marco Maia (PT-RS) querem que a língua espanhola também esteja fixa na grade curricular.

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O deputado Chico Lopes (PCdoB-CE), autor de 30 emendas, considera que a educação física também deve ser mantida, mesma opinião do senador Ronaldo Caiado (DEM-GO), que elencou também o ensino de artes. A senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) incluiu ainda as disciplinas de filosofia e sociologia. Romário (PSB-RJ) Também quer que o direito constitucional esteja no currículo.

Críticas

Embora considerem o assunto importante, uma das principais reclamações dos parlamentares é a apresentação da reforma através de medida provisória. "Isso só reduz o debate", disse Chico Lopes. O deputado Danilo Cabral (PSB-PE), que já foi secretário de educação de Pernambuco, também engrossou o coro. “É um ambiente que não aceita imposição”, disse ele, ao lembrar que as discussões sobre a educação são norteadas por debates aprofundados, com a participação da sociedade civil, inclusive de professores e estudantes.

Paulo Paim considerou a MP "arbitrária e antidemocrática" e pede a revogação integral da proposta, que já está em vigor. "A medida provisória apenas escancara o desejo do atual governo em limitar o acesso da população e das entidades educacionais sobre as decisões em torno da reforma do ensino médio", justificou.

Medida

A MP foi apresentada na semana passada pelo ministro da Educação Mendonça Filho, em cerimônia no Palácio do Planalto. Segundo ele, a ideia é colocar o Brasil entre os países com educação moderna e atrativa, com escolas em tempo integral, maior carga horária de aula e currículo flexível para os estudantes.

A Medida Provisória 746/2016, proposta pelo governo Temer, está passando por consulta pública na web. O Senado Federal abriu uma enquete para que os eleitores dêem sua opinião sobre a reformulação no ensino médio, anunciada na última quinta-feira (22). No momento, a imensa maioria dos internautas se mostraram contrários ao novo texto.

Contexto

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Com as mudanças, apresentadas pelo Ministério da Educação, a carga horária para o estudante irá sofrer aumento, progressivo, de 800h/ano para 1,4 mil. Com previsão de entrar em vigor no próximo ano, a proposta também indica que todo o conteúdo programático, já acompanhado no currículo atual, deve ser visto entre o primeiro e a metade do segundo ano letivo. Já na segunda metade do segundo ano, os alunos poderão escolher as áreas de afinidade em que querem seguir, divididas como nas categorias do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). São elas: ciências da natureza, ciências humanas, matemática e linguagens.

A MP do ensino médio causou muita repercussão negativa nas redes por prever em seu texto que apenas matemática, português e inglês permaneceriam como matérias obrigatórias e deixando filosofia, sociologia, artes e educação física como facultativas. No dia seguinte ao anúncio das alterações, o MEC voltou atrás e publicou novo texto onde as 13 disciplinas indicadas como obrigatórias pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) serão vistas durante todo o ensino básico.

Votação

Enquanto a matéria apresentada pelo governo tramita no Senado, a casa abriu uma consulta pública na internet para entender a posição dos eleitores. Para votar, basta acessar o site da votação, no seguinte endereço: http://www12.senado.leg.br/ecidadania/visualizacaomateria?id=126992. É preciso fazer um cadastro no site antes. No momento do fechamento desta matéria, o "Não" estava com mais de 20,5 mil votos, contra pouco mais de 700 favoráveis.

Votação segue com ampla vantagem para a recusa da reformulação no ensino médio. (Reprodução/Senado Federal)

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