Iniciadas em outubro, serão realizadas ao longo de novembro e até o mês de dezembro diversas oficinas de resgate de grupos de pássaros e bichos juninos paraenses. O projeto, que foi selecionado através de edital e recebe patrocínio do Banco da Amazônia por meio de incentivo da Lei Rouanet, visa preservar, revitalizar, resgatar e divulgar uma das maiores expressões da cultura de tradição popular genuinamente paraense: as brincadeiras de Pássaros e Bichos do Pará.
A primeira etapa do projeto já começou no município de Baião. Lá o Pássaro Japiim, do Mestre Mico, foi o escolhido para ser resgatado. “Ficamos muito felizes com a presença de muitas pessoas da comunidade durante as oficinas, realizadas agora em outubro. Saímos da cidade com a certeza de que o Japiim retornará às ruas de Baião para alegrar o seu povo e para fortalecer a nossa cultura paraense, que é tão rica e estava se perdendo”, afirma a guardiã do Cordão de Pássaro Junino Colibri de Outeiro, Laurene Ataide, que é a coordenadora do projeto das oficinas de resgates.
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Grupos de pássaros e bichos de Belém, Outeiro e Iocaraci também estão no cronograma de ação do projeto para receber as oficinas de confecção de indumentárias; iniciação teatral; iniciação ao canto, além de oficinas de música. “Todos os grupos vão receber violão, pandeiro, flauta doce, além de todo o material para a confecção de novas indumentárias, que serão ensinadas a como serem confeccionadas durante uma oficina específica para essa finalidade”, explica Laurene. “Faremos o resgate de quatro grupos que já estavam em processo de ‘extinção’, digamos assim, porque há muito tempo já não se apresentavam, além da revitalização de um grupo que continua ativo. Resgataremos o Cordão de Bicho Leão Dourado, os Cordões de Pássaros Guará, Japiim, Urubu e a revitalizaremos o Cordão de Pássaro Colibri, antigo Beija Flor da guardiã Teonila, que nasceu em Icoaraci. Ao final de todas as oficinas, o resultado serão apresentações dos grupos já revitalizados nas suas respectivas comunidades”, informa a coordenadora que já se prepara com a sua equipe de resgate para a próxima oficina.
O Cordão de Bicho Leão Dourado, do Guardião Paulo da Ilha de Cotijuba, está nove anos parado. Já o Cordão de Pássaro Guará, da Mestra Nalzira de Icoaraci, há sete anos que não sai nas ruas. O Cordão de Bicho Urubu, da Professora e Guardiã Nailse, da comunidade do Fidelis, da Ilha de Caratateua/Outeiro, começou em 2015, resultado de uma oficina ministrada na escola Helder Fialho, pela atriz Tayres Pacheco com a peça “Um Lindo Presente”, de autoria da Mestra Laurene Ataíde. O Cordão de Pássaro Japiim, do Mestre Mico, do município de Baião, estava havia 30 anos sem se apresentar. A expectativa é que todos esses grupos voltem à ativa.
Apesar de neste ano as oficinas de resgate a grupos e pássaros juninos contarem com o incentivo da Lei Rouanet, a ação se iniciou em 2005 com o patrocínio do Banco da Amazônia. Municípios como Cotijuba, Santa Izabel do Pará, Portel e Abaetetuba já receberam o projeto. O Pássaro A Garça Briosa, que não se apresentava havia 52 anos, é um exemplo da importância dessas oficinas. Após ser resgatada, ela continua na ativa. O grupo é da Comunidade de Rio da Prata e é composto por ribeirinhos.
Distritos de Icoaraci e Outeiro, fora outras ilhas paraenses, também já receberam essas oficinas e estão com grupos ativos até hoje. Na primeira ação do projeto de resgate, seis oficinas foram realizadas. Os pássaros Bigodinho, Pipira da Água Boa e Bem Te Vi, do bairro Fama de Outeiro, continuam ativos. Também já foram realizadas diversas oficinas de resgates em escolas públicas paraenses.
Após um tempo paradas, em 2010, as oficinas de resgate retornaram. Nesse ano, ainda com o patrocínio do Banco da Amazônia, foi resgatado o Pássaro Pavão, da comunidade de Itupanema, do município de Barcarena. O Pavão continua na ativa desde então, após 18 anos parado. O grupo já se apresentou inclusive no Teatro Universitário Cláudio Barradas, da Escola de Teatro e Dança da UFPA.
Os principais objetivos dessas oficinas são: divulgar a manifestação folclórica de tradição genuinamente paraense; elevar a autoestima dos grupos e estimula-los para voltar a realizar apresentações em suas comunidades; melhorar a aparência e a qualidade das apresentações dos Cordões de pássaros e bichos juninos. Todas essas oficinas citadas acima foram realizadas pela equipe da Associação Folclórica e Cultural Colibri de Outeiro e pelo Ponto de Cultura Ninho do Colibri, que atua com a proposta de realização do projeto resgate aos cordões de pássaros e bichos juninos do Pará, com o intuito de preservar e divulgar uma das maiores expressões da cultura de tradição popular paraense que são as obras encenadas pelo teatro popular de pássaros e bichos, tradição encontrada apenas no Pará.
Por Vivianny Matos, especialmente para o LeiaJá.
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