Tópicos | Patrícia Lélis

A brasileira Patrícia Lélis, de 29 anos, está sendo procurada pelo Departamento Federal de Investigação dos Estados Unidos (FBI) por suposto golpe milionário ao se passar por advogada especializada em imigração no país. Natural de Brasília, mas sediada em Washington D.C, capital americana, a mulher é suspeita de lesar seus clientes em cerca de US$ 700 mil (aproximadamente R$ 3,4 milhões). No Brasil, ela acumula polêmicas envolvendo políticos e construiu uma imagem na internet após deixar o bolsonarismo e se tornar uma ativista de esquerda. 

A brasiliense é acusada de fraude eletrônica, transações monetárias ilegais e roubo de identidade agravado. Respectivamente, as penas máximas para esses delitos são de 20 anos, 10 anos e dois anos de reclusão. No perfil do FBI no X (antigo Twitter), o departamento pede informações do paradeiro da suspeita. Na mesma rede social, ela reconhece ser procurada pelo órgão e se diz “vítima” de perseguição por parte do governo americano. 

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Os supostos crimes teriam ocorrido a partir de 2021. Segundo o texto, Lélis prometia que os vistos seriam emitidos com base no programa EB-5, que proporciona residência permanente legal e possível cidadania a um cidadão estrangeiro que invista “fundos substanciais” em empresas que gerem empregos nos Estados Unidos. 

A jornada de Patrícia até uma vida, de certa forma, pública, envolve falsas acusações a deputados, um suposto relacionamento com o Bolsonaro “Zero Três”, além de expulsão do Partido dos Trabalhadores (PT) e candidaturas políticas sem sucesso.  

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Tradução, do inglês: “Cidadã brasileira indiciada por acusações de fraude eletrônica, transações monetárias ilegais e roubo de identidade agravado por supostamente se passar por advogada de imigração para fraudar clientes. Até 12 de janeiro de 2024, a ré, Patrícia De Oliveira Souza Lelis Bolin, não se encontra sob prisão preventiva. Se você tiver informações sobre o paradeiro dela, ligue para FBIWFO no número 202-278-2000 ou no escritório local”. 

Perfil de Patrícia Lélis 

Não está claro como Patrícia de Oliveira Souza Lélis Boldin, de 29 anos, passou a circular entre os políticos de Brasília, mas ela se tornou conhecida nacionalmente, em 2016, após acusar e denunciar o pastor e deputado federal Marco Feliciano (PL-SP, à época, no PSC) pelos “crimes de estupro, lesões corporais, sequestro, cárcere privado, ameaça e corrupção de testemunha”. O processo foi arquivado em 2018. Apesar do arquivamento, Lélis nunca alterou sua versão. Em agosto do ano passado, ela voltou a falar sobre o suposto crime de Feliciano.  

“Eu fui estuprada e agredida por Marco Feliciano. Todos do partido PSC sabiam e tentaram me silenciar, inclusive Eduardo Bolsonaro que hoje na CPMI dos atos antidemocráticos usou do meu nome para tentar defender Feliciano. Eu não fui a única vítima”, escreveu em uma publicação no Instagram. 

A menção ao deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho de Jair Bolsonaro (PL), revela a segunda grande polêmica envolvendo Lélis no Brasil. Segundo ela, os dois namoraram, em meados de 2017. Apesar do parlamentar ter negado que ambos tenham se relacionado, uma investigação policial feita em desfavor do deputado – e que se provou infundada posteriormente – revelou que a jornalista e o “zero três” possuíam, sim, um relacionamento. Na internet, os dois têm fotos juntos. 

Lélis acusou o parlamentar de ameaçá-la após uma troca de ofensas públicas em 2017. Na ocasião, ela afirmou que ele a teria chamado de "otária" e prometido "acabar com a sua vida" caso a discussão continuasse. Ela também é a responsável pelo apelido “bananinha”, atribuído de forma ofensiva a Eduardo. 

Mitomania 

Em 2016, a Polícia Civil de São Paulo revelou, baseada em laudo de psicóloga, que Patrícia Lelis, à época com 22 anos, é “mitomaníaca”. Ou seja, sofre de um transtorno de personalidade que faz com que a pessoa minta compulsivamente. No período, Lélis era estudante de jornalismo e recém indiciada pela polícia de SP por denunciação caluniosa e extorsão. A acusação era contra um assessor do deputado Pastor Marco Feliciano, por sequestro e cárcere privado. 

Alinhamento à esquerda 

Após as polêmicas junto a seus ex-aliados na direita, Patrícia Lélis migrou completamente de espectro político e passou a criar uma personalidade nos círculos sociais da esquerda brasileira. Ainda em 2017, Lélis pediu desculpas a Lula “por ter ido às ruas e ter sido a favor de um golpe”. Em seu perfil no Facebook, publicou fotos ao lado do petista. 

Lélis concorreu em 2018 ao cargo de deputada federal pelo Pros, mas não foi eleita. Pouco depois, se mudou para os Estados Unidos, para viver no Texas, e recentemente estava sediada em Washington. A jornalista se filiou ao PT, mas foi expulsa da legenda em 2021 depois de ter feito uma declaração considerada transfóbica. Atualmente, ela possui 463 mil seguidores no Instagram e se dedica a comentar assuntos de política. A jornalista se considera ex-petista, mas apoia parcialmente o Governo Lula e se coloca como ativista de esquerda. 

 

A Polícia Civil do Distrito Federal entregou o relatório final da investigação aberta para apurar se a jornalista Patrícia Lélis mentiu ao dizer que foi ameaçada pelo deputado Eduardo Bolsonaro (PLS-SP). A conclusão foi que ela apresentou uma denúncia falsa contra o filho do presidente. "Isso prejudica até mesmo a causa das mulheres que são, de fato, vítimas de violência", afirmou a advogada Karina Kufa, que defende o deputado. "Muitas vezes a demora da aparição da verdade pode prejudicar inocentes", acrescentou.

A acusação foi feita a partir de mensagens que teriam sido trocadas com Eduardo Bolsonaro em 2019, quando ela trabalhava no PSC, antigo partido do deputado. Segundo Patrícia, o parlamentar publicou em uma rede social que os dois estavam namorando e, quando ela negou o relacionamento, ele teria dito que "iria acabar com a vida dela e que ela iria se arrepender de ter nascido". Uma perícia feita nas conversas apontou "indícios de simulação".

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"Constatou-se, conforme Laudo Pericial, a existência de indícios de simulação na conversa que conteriam as palavras ameaçadoras atribuídas a Eduardo Bolsonaro, bem como pela impossibilidade de se afirmar que o autor de tais dizeres criminosos seria, de fato, o titular da linha telefônica constante no cabeçalho das mensagens, no caso, o imputado", diz um trecho do relatório assinado pelo delegado Josué da Silva Magalhães.

Procurada pela reportagem, Patrícia disse que não foi ouvida pelos policiais. Ela mora hoje nos Estados Unidos. Também contou que pediu uma perícia nas mensagens pela Polícia Federal, sem sucesso. "Por meses e meses o processo ficou parado e só começou a 'andar' (de forma que a todo momento favorecia Eduardo Bolsonaro) depois que Bolsonaro foi eleito", afirma.

Em um primeiro momento, a investigação buscou analisar se houve abuso do deputado, conforme a versão de Patrícia. A denúncia foi arquivada em 2019 pela Justiça de Brasília, que considerou não haver provas suficientes para abrir uma ação penal contra Eduardo Bolsonaro.

Na segunda etapa, os policiais puseram à prova a narrativa de Patrícia, que passou de vítima à investigada. O delegado afirma que ela cometeu o crime de denunciação caluniosa.

"Com base em todos os elementos de informação colhidos durante investigação, verificam-se a existência de autoria e materialidade delitiva que indicam que o indiciada praticou o crime de denunciação caluniosa, uma vez que, de maneira dolosa, imputou falso crime a Eduardo Nantes Bolsonaro, fato esse que deu ensejo a instauração de processo criminal contra quem a indiciada sabia ser inocente", afirma o relatório.

"Houve precipitação do Ministério Público em apresentar denúncia, sem provas, contra o deputado federal Eduardo Bolsonaro, pouco antes das eleições de 2018", afirma a advogada Karina Kufa. "As acusações estavam fundamentadas apenas em declarações falsas da ré Patrícia Lellis e em montagens de mensagens de celular. Isso causou danos à imagem do deputado, que mesmo sendo o parlamentar mais votado, perdeu votos com a acusação falsa. Isso prejudica até mesmo a causa das mulheres que são, de fato, vítimas de violência. Precisamos ter cautela com as fake news que estão servindo para respaldar ações, inquéritos ou CPIs. Muitas vezes a demora da aparição da verdade pode prejudicar inocentes", afirmou.

Patrícia Lélis também se manifestou à reportagem. "A polícia nunca me escutou, nunca pegou meu depoimento sobre o caso. Quando eles me intimaram eu respondi à escrivã pedindo um prazo para que eu pudesse ir até o Brasil prestar depoimento, o prazo não foi me dado e sequer respondido - isso durante o ápice da pandemia - queriam que eu fizesse tudo online, sem a presença de um advogado", afirma.

"Eu tinha feito o pedido para as conversas serem averiguadas por uma perícia na Polícia Federal, surpreendente no processo o Eduardo se negou a entregar o celular para uma perícia na Polícia Federal e contratou um perito particular, o Ricardo Molina. E Eduardo queria me obrigar judicialmente a entregar meu celular para um perito particular, que por questões lógicas eu não vou entregar meu celular ao menos que seja diretamente para a Polícia Federal. Em um governo totalmente aparelhado e depois que tudo que já passei, jamais confiaria em um perito particular contratado por Eduardo Bolsonaro, não entendo o por que a perícia não pode ser feita por especialistas na Polícia Federal… Bom, a verdade é que a gente sabe muito bem o motivo", diz.

"Após a ameaça, fiz uma ata notarial de todas as conversas, a ata foi feita por um perito em um cartório de Brasília e a polícia não quis aceitar o anexo da ata no inquérito. Se é a família Bolsonaro envolvida em algum tipo de crime, eles vão fazer de tudo para não serem culpados ou investigados como deveriam. Quando eu fiz a denúncia há anos atrás, por meses e meses o processo ficou parado e só começou a "andar" (de forma que a todo momento favorecia Eduardo Bolsonaro) depois que Bolsonaro foi eleito", finalizou.

Moradora dos Estados Unidos, a jornalista Patrícia Lélis fez um vídeo ao cruzar com o ex-juiz Sergio Moro pelas ruas de Georgetown, em Washington, na noite dessa sexta-feira (18). Nas imagens, a ex-namorada do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) pega Moro de surpresa e afirma que ele destruiu o Brasil.

"Vou só mostrar para vocês. Aqui está andando no meio da rua o homem que destruiu o Brasil", diz a jornalista com a câmera frontal virada para o ex-titular da 13ª Vara de Curitiba.

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Moro não esperava pelo xingamento gratuito de um brasileiro fora do país e, visivelmente constrangido, pede que ela, a qual se refere como ‘mocinha’, pare de filmar. Lélis apenas rebate: "Lula Livre".

“Já é a terceira vez que encontro esse filho da puta, pois toda vez que eu encontrá-lo, vai ser assim. Que volte pro Brasil de Bolsonaro!”, reiterou a jornalista no Twitter.

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Ainda nas redes sociais, ela retoma as críticas pelo resultado da sua atuação controversa como juiz. "Até então eu achei que todas as vezes que eu o encontrei por aqui foi coincidência de 'um corrupto passando férias no USA'", apontou.

Após condenar o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva (PT) no âmbito da Operação Lava Jato e retirá-lo das eleições de 2018, Moro foi presenteado com o cargo de ministro da Justiça e Segurança, mas saiu do governo Bolsonaro como ‘traidor’ por denunciar o aparelhamento da Polícia Federal para proteção da família do presidente. Ele ainda teve o julgamento contra o petista anulado por parcialidade.

Os primeiros dias do governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL) deram o que falar no mundo político e também nas redes sociais onde, não apenas o próprio titular do Palácio do Planalto como também seus filhos, protagonizaram polêmicas. De desconfortos criados por declarações de ex-namorada a embate direto com ex-adversário de campanha, Bolsonaro e os filhos - Carlos e Eduardo - marcaram na internet.

Uma das brigas que movimentou a família no Twitter foi a do presidente com o ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, que concorreu à Presidência da República em 2018 pelo PT. Na ocasião, Haddad fez um comentário sobre a “moda do anti-intelectualismo no Brasil”, em referência a uma notícia do alemão Deutsche Welle e Bolsonaro retrucou chamando o petista de "fantoche do presidiário corrupto" e "marmita".

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O ex-candidato, por sua vez, justificou de onde seria a afirmativa e convidou o presidente para um debate. “Se você já se sentir seguro para um debate frente a frente, estou disponível. Forte abraço!", ironizou Haddad, fazendo referência a ausência do militar nos debates durante o segundo turno.

Coincidentemente ou não, logo depois deste episódio, o governo anunciou que as contas do presidente nas redes sociais passariam a ser administradas pela Secretaria de Comunicação da Presidência da República (Secom-PR). A medida tem gerou expectativas, uma vez que Bolsonaro vinha usando os perfis não apenas para comunicações institucionais, mas também para rebater críticas e alfinetar adversários.

Na lista de polêmicas, o vereador de São Paulo e filho de Bolsonaro, Carlos, também chegou a fazer a defesa da equipe governamental do pai nas redes sociais. Logo depois da ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, dizer que “menino veste azul e menina veste rosa” e causar reação entre populares e famosos, o parlamentar provocou o apresentador da TV Globo, Luciano Huck.

No Instagram, Huck surgiu, após a declaração, ao lado de Angélica, sua esposa, com as cores citadas pela ministra. "Rosa ou azul? Tanto faz", legendou ao vestir a cor dita para meninas por Damares. Na mesma rede social, Carlos compartilhou uma imagem que trazia o global com os dois filhos nos braços, onde mostra a caçula, Eva, vestida com uma roupa na cor rosa. A publicação do filho de Bolsonaro não conteve nenhuma legenda, mas deixou no ar a provocação que rendeu uma réplica por parte de Huck.

Traição e suposta ex-namorada

Outra discussão virtual que chamou a atenção foi entre Eduardo e Carlos Bolsonaro e o youtuber PC Siqueira. O motivo foi uma publicação do influencer digital dizendo que o deputado federal havia sido traído pela jornalista Patrícia Lelis, que teria sido namorada dele. A traição, segundo Siqueira, seria o que teria motivado o chamado “ódio” de Eduardo Bolsonaro ao feminismo. Uma vez que Patrícia é defensora da causa.

PC Siqueira ressuscitou uma publicação de Eduardo afirmando que “feminismo é doença” e reclamando de uma eventual ex-namorada depois que Patrícia Lélis fez comentários no Twitter considerados, por ele, como indiretas para o filho do presidente.

O assunto acabou num debate sobre hábitos sexuais. E, em defesa do irmão, Carlos Bolsonaro chamou o youtuber de “corno”.

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Na denúncia aberta contra o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSC), nesta sexta-feira, 13, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, detalha a acusação da jornalista Patrícia de Oliveira Souza Lélis de que ele disse, através do aplicativo Telegram que iria acabar com a vida dela e que ela iria se arrepender de ter nascido.

Vários prints das conversas foram anexados, em que é possível acompanhar a evolução das ameaças, feitas após Bolsonaro postar no Facebook que estaria namorando Patrícia Lélis e ela ter negado.

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BOLSONARO: "Sua otária! Quem você pensa que é? Tá se achando demais. Se você falar mais alguma coisa eu acabo com sua vida"

PATRICIA: "Isso é uma ameaça???"

BOLSONARO: "Entenda como quiser. Depois reclama que apanhou. Você merece mesmo. Abusada. Tinha que ter apanhado mais pra aprender a ficar calada. Mais uma palavra e eu acabo com você. Acabo mais ainda com a sua vida"

PATRICIA: "Eu estou gravando"

BOLSONARO: "Foda-se. Ninguém vai acreditar em você. Nunca acreditaram. Somos fortes"

PATRICIA: "Me aguarde pois vou falar"

BOLSONARO: "Vai para o inferno. Puta. Você vai se arrepender de ter nascido. O aviso está dado. Mais uma palavra e eu vou pessoalmente atrás de você. Não pode me envergonhar.

PATRICIA: "Tchau"

BOLSONARO: "Vagabunda"

PATRICIA: "Resolvemos na justiça. É a melhor forma"

BOLSONARO: "Enfia a justiça no cú"

A operadora do telefone registrado nas conversas confirmou que ele está vinculado a Bolsonaro desde 12/12/2013. Raquel Dodge considerou ser 'clara a intenção do acusado de impedir a livre manifestação da vítima, valendo-se de ameaça para tanto'.

"Relevante destacar que o denunciado teve a preocupação em não deixar rastro das ameaças dirigidas à vítima alterando a configuração padrão do aplicativo Telegram para que as mensagens fossem automaticamente destruídas após 5 (cinco) segundos depois de enviadas. Não fossem os prints extraídos pela vítima, não haveria rastros da materialidade do crime de ameaça por ele praticado. A conduta ainda é especialmente valorada em razão de o acusado atribuir ofensas pessoais à vítima no intuito de desmoralizá-la, desqualificá-la e intimidá-la", escreveu.

A pena mínima estabelecida a Eduardo é de um ano de detenção, ele pode ser beneficiado pela Lei de Transação Penal, desde que não tenha condenações anteriores, nem processos criminais em andamento. Se cumprir as exigências legais, a proposta de transação penal é para que Eduardo Bolsonaro indenize a vítima, pague 25% do subsídio parlamentar mensal à uma instituição de atendimento a famílias e autores de violência doméstica por um ano, além de prestação de 120 horas de serviço à comunidade. O relator do caso no STF é o ministro Roberto Barroso.

O Estado procurou o deputado Eduardo Bolsonaro por meio de seu celular e de seu gabinete, mas não obteve resposta nesta sexta-feira, 13.

A Polícia Civil de São Paulo indiciou nessa quinta-feira (18) a estudante de jornalismo Patrícia Lelis, de 22 anos, por denunciação caluniosa e extorsão no caso em que ela acusa um assessor do deputado Pastor Marco Feliciano (PSC-SP) de sequestro e cárcere privado. Em outro inquérito que corre em Brasília – porque o parlamentar tem foro privilegiado–, Patrícia acusa Feliciano de tentativa de estupro e agressão.

"Ao término do inquérito, que já está no segundo volume, vou pedir a prisão preventiva dela", disse ao jornal O Estado de S. Paulo o delegado titular da 3ª Delegacia de Polícia, Luís Roberto Hellmeister, responsável pela investigação na capital paulista.

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Diante do indiciamento, a defesa pediu cinco dias para Patrícia fazer um aditamento do depoimento que prestou no último dia 5. Na ocasião, a jovem afirmou à polícia que estava sendo mantida sob coação e ameaça pelo chefe de gabinete de Feliciano, Talma Bauer, na semana em que esteve em São Paulo– entre 30 de julho e 5 de agosto–, porque pretendia denunciar o deputado do PSC.

No depoimento, Patrícia disse que Bauer, armado, a obrigou a gravar e publicar dois vídeos em que ela negava as acusações contra o deputado. Ainda segundo seu depoimento, Feliciano também lhe fez uma ameaça direta de morte. "Tendo Bauer passado o telefone dele para a declarante, através do qual Marco Feliciano disse que, se a declarante não gravasse um novo vídeo de melhor qualidade, mandaria Bauer lhe matar", consta no depoimento.

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Ela afirmou ainda que o assessor parlamentar a obrigou a informar a senha de suas redes sociais, por onde passou a monitorá-la e se passar por ela, respondendo a questionamentos de amigos que perguntavam por sua integridade física.

Logo depois do depoimento de Patrícia, ainda no dia 5, Hellmeister chegou a cogitar a prisão temporária de Bauer, mas voltou atrás após ouvir novas testemunhas e obter provas que descaracterizavam a situação de sequestro. Entre elas está um vídeo em que Patrícia e o assessor de Feliciano aparecem negociando o pagamento de R$ 50 mil pelo silêncio da jovem.

O delegado ouviu nessa quinta-feira (18) duas novas testemunhas, entre elas o ex-namorado de Patrícia, Rodrigo Simonsen. Ele afirmou à polícia que, entre 30 de julho e 5 de agosto, dormiu quatro noites com ela em um hotel no centro de São Paulo. "Ele disse que nestes quatro dias não encontrou Bauer", disse o delegado Hellmeister.

A outra testemunha ouvida na quinta foi uma militante anti-Dilma, Kelly Bolsonaro, que relatou ter sido ela quem apresentou Feliciano a Patrícia no início de junho. Kelly, que diz não ter grau de parentesco com os deputados do PSC Jair e Eduardo Bolsonaro, afirmou que Patrícia lhe contou a acusação contra Feliciano antes da fazer a denúncia à policia. A ativista disse que ouviu da estudante várias versões sobre a suposta tentativa de estupro.

O advogado José Carlos Carvalho, que até então defendia Patrícia, informou que deixou o caso. Nem os novos advogados da jovem nem ela foram localizados nesta quinta. A mãe de Patrícia, Maria Aparecida, disse apenas que a filha "está triste e não quer falar".

'Boatos'

"O indiciamento da estudante reafirma a nossa plena confiança na lisura das instituições públicas e da Justiça de nosso país", afirmou Feliciano ontem, por meio de nota. "Boatos são boatos e nunca serão verdades. É o que temos para o momento, e seguimos confiante de até o término das investigações", disse o deputado federal no comunicado.

O chefe de gabinete de Feliciano, Talma Bauer, não foi localizado pela reportagem até a conclusão desta reportagem. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A jornalista Patrícia Lélis, de 22 anos, ex-militante do PSC Jovem, que acusa o deputado federal Pastor Marco Feliciano (PSC-SP) de tentativa de estupro e agressões com chutes e socos, afirmou ontem que o partido "sempre soube" da denúncia dos crimes, mas que pediu para que ela "ficasse calada".

Ela publicou texto no Facebook em que afirma ter procurado o partido assim que os fatos ocorreram. "O resultado? Me disseram: ‘Patrícia, é melhor você ficar calada, não vamos tomar nenhuma providência’", escreveu. A jornalista acusa o partido de omissão e de "passar a mão na cabeça" de Feliciano. "Entreguei um pendrive com todas as provas, incluindo áudios, conversas e vídeos. Sempre souberam do caso (...), mas apenas depois de a polícia entrar no meio o partido resolveu tomar alguma providência? Passaram a mão na cabeça do Feliciano."

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"A ‘direita’ e principalmente pessoas do PSC sempre disseram que odeiam o crime, mas quando o criminoso é do próprio partido, o caso é diferente! O seja: seja a direita ou esquerda, ambos têm seus bandidos de estimação", prosseguiu a jornalista.

O PSC anunciou ontem que vai criar uma comissão interna para analisar o caso. Feliciano nega a acusação e, em vídeo publicado ontem, pediu que "não julguem antes do tempo".

A denúncia de que o deputado federal Marco Feliciano (PSC) teria assediado, agredido e tentado estuprar a jornalista Patrícia Lélis, de 22 anos, causou repercussão em todo país e a jovem divulgou vídeos nas redes sociais desmentindo o suposto crime. Após isso, nesta quinta-feira (4), o jornalista Leandro Mazinni, responsável pela Coluna Esplanada, divulgou um áudio onde um homem se identifica como chefe de gabinete do parlamentar e em conversa com a jornalista tenta amenizar os impactos dos supostos atos cometidos por Feliciano.

No encontro, a militante do PSC reforça a denúncia, diz ter provas e alerta que se for prejudicada vai procurar a polícia. Na conversa, a jovem afirma que o pastor usou do cargo público para se aproximar dela e insinua que não é a primeira vítima do deputado.  

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“Provavelmente eu não fui a primeira e não sou a última. Eu serei a primeira que vai falar! Eu não aceito nada em troca. O que ele fez foi impagável”, dispara. “Você tem noção. Quer entender com todas as letras o que aconteceu? Ele deu em cima de mim de forma descarada, tá bom? Me levou a fazer coisas à força, tenho a prova disso. Dentro da casa dele. Falou que estava tendo reunião da UNE, eu fui para lá e não estava tendo, ele não me deixou sair, fez coisas... Eu tenho todas essas provas, o que estou falando consigo sentar com o senhor e provar”, acrescenta.

Durante o diálogo, a jornalista e o chefe de gabinete, que também se identifica como pastor, trocam palavras afáveis e ela demonstra já conhecer o homem. Em um ponto da conversa, Lélis revela que já foi procurada por outras pessoas ligadas a Feliciano e faz uma recomendação: “se vale um conselho, manda o Feliciano aquietar o pintinho dele, é, guardar o pintinho dele. Eu não estou fazendo favor a ninguém”. 

Após isso, o chefe de gabinete pede para que ela abafe a situação. “Você falou a verdade, não está fazendo favor a ninguém, você está fazendo um bem, de você perdoar, e posso pedir para você por uma pedra em cima? O partido vai continuar tudo igual para você, e para melhor. (..) está pior para ele do que para o partido”, assegura, despedindo-se. 

Vídeos nas redes sociais

Apesar da conversa, em vídeos divulgados nas redes sociais a jornalista sai em defesa de Marco Feliciano. Nos bastidores, fala-se que os esquetes foram gravados após a jovem receber pressão da cúpula do PSC e de políticos ligados ao deputado federal.

“A verdade é que vocês estão mentindo, está em época de eleição e o que vocês querem é destruir a direita. O pastor Marco Feliciano é uma pessoa íntegra com a qual eu tenho um contato muito bom, sempre muito bom, respeitoso, muito amigável. Então, não propaguem mentiras e não esperem que eu minta também”, afirma Patrícia Lélis.

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Veja a transcrição do áudio:

Homem – Sou chefe de gabinete do Feliciano, sou um conselheiro dele. Eu pediria a você para dirimir qualquer dúvida.

Mulher – Se você conhece o Marco Feliciano e trabalha com ele, você com certeza deve saber da conduta dele, da índole dele. Não sejamos hipócritas. Não estou aqui para ganhar nada de ninguém. você não é a primeira pessoa que me procurou.

(..)

Conheci o Feliciano dentro da Câmara. Ele simplesmente chega nas pessoas e usa o que ele tem. Todo mundo erra, mas uma coisa é você ser hipócrita.. eu só perco e me exponho, eu não sou uma menina burra. Eu tenho provas, tenho conversas, que saíram do telefone dele.

Homem – Sim, eu etendo. Você se sentiu prejudicada.

Mulher – Lógico que me senti.

Homem – Qual o dano que te causou?

Mulher – Moral. Ele falou para muita gente. (..) Eu me considero uma pessoa honesta, e não estou mentindo.

Homem – É.., quando a gente conversa assim olho no olho a gente não mente.

Mulher – Eu não tô aqui para falar de você. Tô aqui para falar do Feliciano. (..) Ele usou de um cargo público para se aproximar, tenho provas, são provas concretas, com base. Não quero prejudicar ninguém, mas não quero sair prejudicada.

Homem – Eu tô com você em gênero, número e grau.

Mulher – A primeira coisa que não tô mentindo é que procurei pastores, não tô mentindo, se estivesse mentindo não chegaria aonde eu cheguei. O que coloco é o seguinte: Marco Feliciano errou, Marco Feliciano continua errando. O senhor está com ele há quantos anos?

Homem – Quinze anos.

Mulher – Então o senhor sabe o que ele faz. Eu estou falando em questão de mulheres. Custo acreditar que não saiba. Por mais que seja uma relação profissional. (..) Provavelmente eu não fui a primeira, e não sou a última. Eu serei a primeira que vai falar! Eu não aceito nada em troca. O que ele fez foi impagável.

(..) Ele usou um cargo de influência, de deputado e de pastor, para aproximar. Ele abusa desse cargo para chegar e ele veio conversando comigo de formas estranhas, colocando ‘a gente poderia se encontrar’. Não é cantando, é descaradamente dando em cima.

Homem – eu sou homem, tenho minhas vontades. tenho que ser sutil. (..)

Mulher – É por isso que a gente não tá aqui falando de você. Você tem noção. Quer entender com todas as letras o que aconteceu? Ele deu em cima de mim de forma descarada, tá bom?, Me levou a fazer coisas à força – tenho a prova disso. Dentro da casa dele. Falou que estava tendo reunião da UNE, eu fui para lá e não estava tendo, ele não me deixou sair, fez coisas a força eu tenho a mensagem 'Feliciano, a minha boca ficou roxa'. Ele ri. Sim, aonde eu falo 'a minha boca ficou roxa', saiu do número dele, cujo qual ele usava, não sei se usa mais; Ele fala 'ah, passa um batom por cima'. Eu tenho todas essas provas, o que estou falando consigo sentar com o senhor e provar.

Homem – Mas ninguém está duvidando de você;

Mulher – (..) Quando a gente fala uma coisa, principalmente quando a gente está incriminando alguém, por eu estudar direito eu sei que a gente tem que ter provas. E eu tenho todas as provas. A maior prova que eu tenho até o momento é que o Feliciano está preocupado..

Homem – Isso fica, eu estou preocupado!

Mulher – Mas ele está a ponto de ligar para as pessoas, e inventar histórias que não existem. Olha para mim, você sabe quem o Feliciano é? Então você sabe o que o Feliciano faz.

Homem – Às vezes pelo fato .. você tem uma beleza diferente.

Mulher – Mas senhor.. isso não justifica! eu tô falando de uma pessoa que é casado, deputado, pai de três filhos. Eu poderia ser a Gisele Bündchen.

Homem – Eu te asseguro (..) que eu, o que te prejudicou eu conserto. No partido, quem ficou triste com você, eu conserto.

Mulher – No partido está todo mundo sabendo da história!

Homem – Pra você, estou pedindo desculpa em nome da família.

Mulher – Eu não levei à delegacia ainda porque eu sou cristã, eu amo a minha igreja! (.. ) eu não fui para a delegacia porque eu sei que isso vai prejudicar não só a igreja, não é só o ministério do Feliciano, mas todo o evangelho. eu amo a igreja. (..) Eu corri atrás de todos os pastores para pedir ajuda e não posso sair prejudicada. Porque se eu sair prejudicada, eu vou à delegacia.

Homem – Você está com meu telefone, ele fica ligado dia e noite, vou seguir sua orientação para consertar. Por exemplo, no partido você vai ter acesso direto e reto, você vai ter espaço..

Mulher – Se vale um conselho, manda o Feliciano aquietar o pintinho dele, é guardar o pintinho dele. Eu não estou fazendo favor a ninguém.

Homem – Você falou a verdade, não está fazendo favor a ninguém, você está fazendo um bem, de você perdoar, e posso pedir para você por uma pedra em cima? O partido vai continuar tudo igual para você, e para melhor. (..) está pior para ele do que para o partido.

Mulher – A partir do momento que eu ver que não vou mais ser prejudicada – eu não estou falando mais em nome do Feliciano não, em nome da igreja, em nome da bandeira que defendo. Pensa bem se levo isso para uma delegacia, com que cara vou chegar numa comissão?

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