O Sistema Cantareira, maior reservatório da região metropolitana de São Paulo, responsável por abastecer aproximadamente 7,5 milhões de pessoas por dia, opera com 54,9% de sua capacidade. Esse percentual não deixa o manancial em estado de alerta, mas exige consciência por parte da população.
O secretário de Meio Ambiente do município de Igaratá e membro do Comitê de Bacias Hidrográficas de Paraíba do Sul, Juarez Domingues de Vasconcelos, explica que o Cantareira está com o atual percentual devido à transposição de águas do reservatório de Jaguari, pertencente a bacia de Paraíba do Sul, e que contribui com cerca de 22% do total em operação.
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"Isso significa que se não fossem as águas do Jaguari provenientes de Igaratá, o Sistema Cantareira estaria funcionando com 32% de sua capacidade e em estado de alerta, por estar abaixo dos 40%. Resta apenas 14,9% para que o reservatório entre em estado de atenção, então fica evidente que a população deve economizar água", avalia.
De acordo com Vasconcelos, o governo do estado deve construir um novo reservatório para prevenir uma possível escassez, visto que com o fim do verão, entramos em um período de estiagem em que as chuvas devem diminuir.
"Se medidas como essa não forem adotadas, não restará outra alternativa a não ser buscar água mais longe, como no Vale do Ribeira. Caso isso não ocorra, a população enfrentará grandes períodos sem água", acrescenta.
A vendedora Maria Aparecida da Silva, 51 anos, mora no bairro dos Pimentas, em Guarulhos, uma das cidades da Grande São Paulo abastecida pelo Sistema Cantareira e que, por décadas, implementou o rodízio de água. A administração do município já está realizando ações para acabar com o revezamento, mas a região em que Maria mora ainda não foi contemplada.
Para lidar com a escassez de água, a vendedora conta se planeja para fazer as tarefas domésticas sempre na parte da manhã, que é quando a região em que ela mora tem abastecimento.
"Procuro lavar as roupas que são mais usadas no dia a dia e lavar a louça, que são coisas mais urgentes e que não dão para fazer se não tiver água. Também aproveito a água que sobra da lavagem para reutilizá-la na limpeza do banheiro", afirma.
Mas o abastecimento dos reservatórios de São Paulo não é o único problema que o estado enfrenta. Um levantamento realizado pela Fundação SOS Mata Atlântica revela que nenhum dos rios, córregos e riachos do território paulista possui quantidade de água considerada ótima.
O estudo analisou 108 pontos em todo o estado e 51 na capital, conforme mostra o infográfico.
Segundo o secretário de Meio Ambiente de Igaratá, Vasconcelos, a qualidade da água está diretamente ligada com a sua preservação e tratamento de efluentes. Para o especialista, cabe ao governo do estado rever as políticas de incentivo para instalação de empresas visando desenvolver outras áreas do estado.
"É necessário fazer um Plano Diretor descentralizando o desenvolvimento econômico e distribuindo melhor a renda em outros locais. O Recurso Hídrico não existe mais na região metropolitana, assim como vias para circulação de veículos, entre outras coisas. Se continuarmos assim teremos que construir um rio maior que o Tietê e com águas limpas para suprir a demanda, o que obviamente é impossível. A população deve fazer a sua parte, mas existem medidas que dependem exclusivamente do governo", pondera.