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A Prefeitura do Recife (PCR) promete oficializar, neste sábado (18), a liberação do uso de patins, patinetes e skates nos calçadões, parques e praças da capital pernambucana. A autorização deverá ser feita por meio de um decreto assinado pelo prefeito Geraldo Julio. As atividades estavam suspensas devido à pandemia da Covid-19.

“A medida se soma a outras já anunciadas, como a liberação da caminhada, ciclismo e corrida nesses locais, bem como a autorização para prática de exercícios individuais com acompanhamento de profissional de Educação Física, a permissão para banho de mar em áreas seguras e a reabertura dos quiosques da orla. As flexibilizações são possíveis porque o Recife registra dois meses de queda nos indicadores da pandemia da Covid-19”, informou a PCR.

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Mais detalhes sobre a liberação poderão ser consultados neste sábado. A Prefeitura do Recife informou que o decreto será divulgado no Diário Oficial da cidade.

A Confederação Brasileira de Skate (CBSk) anunciou, em videoconferência a manutenção de todo o selecionado nacional para a sequência das classificatórias olímpicas. Além disso, Lucas Rabelo está de volta à seleção brasileira, que agora conta com 22 atletas.

"Como o encerramento das classificatórias para a olimpíada aconteceria em maio, o orçamento da seleção em 2020 tinha previsão para 12 atletas de junho até dezembro. Número que é nosso limite e também meta de classificados para Tóquio. Tivemos que reestruturar nosso planejamento, mas conseguimos manter toda a estrutura da seleção, que ainda ganhou mais um membro. Com certeza é uma vitória importante para o skate brasileiro. A próxima etapa agora é retomar o planejamento individualizado de cada integrante da seleção", disse Eduardo Musa, presidente da Confederação Brasileira de Skate (CBSk).

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Lucas Rabelo abriu a segunda janela classificatória para Tóquio com o terceiro lugar do pódio no Oi STU Open, em novembro de 2019, no Rio. O resultado colocou o skatista no top 20 do ranking mundial. "O adiamento da olimpíada abriu um novo ciclo para a seleção brasileira. Por ser mais do que justo, a posição do Lucas Rabelo no ranking permitiu o retorno dele", completou Musa.

Após o Oi STU Open, todas as competições previstas para o primeiro semestre de 2020 foram suspensas pela World Skate. A entidade máxima do skate segue monitorando a Covid-19 para dar início à retomada dos eventos. Ainda não há previsão de retorno, mas a entidade já comunicou que um eventual calendário de disputas será anunciado com 60 dias de antecedência do primeiro evento.

Confira os nomes que integram a seleção brasileira de skate:

Park feminino - Dora Varella, Isadora Pacheco, Yndiara Asp, Victoria Bassi e Leticia Gonçalves;

Park masculino - Luizinho Francisco, Pedro Barros, Pedro Quintas, Mateus Hiroshi, Murilo Peres e Héricles Fagundes;

Street feminino - Pamela Rosa, Rayssa Leal, Leticia Bufoni, Gabriela Mazetto, Virginia Fortes Águas e Isabelly Ávila;

Street masculino - Kelvin Hoefler, Giovanni Vianna, Carlos Ribeiro, Felipe Gustavo e Lucas Rabelo.

O arquiteto Oscar Niemeyer sempre escreveu suas obras por linhas curvas. E suas "rampas", "tetos" e "vãos livres" aguçaram a imaginação dos skatistas, que nunca tiveram a oportunidade de percorrer suas obras com o equipamento. Depois de uma negociação com a Fundação Oscar Niemeyer, os atletas Pedro Barros e Murilo Peres conseguiram uma autorização para andar de skate em alguns cartões postais do arquiteto. E essa aventura virou o mini documentário "Sonhos Concretos: O Skate Encontra Niemeyer".

As gravações foram feitas entre dezembro de 2019 e janeiro de 2020, antes da pandemia do novo coronavírus. A ideia inicial era lançar antes dos Jogos Olímpicos de Tóquio-2020, quando o skate fará a sua estreia no programa, mas a competição foi adiada para 2021 e, com tudo pronto, os produtores decidiram apresentar esse "rolê" dos dois atletas que buscam vagas na Olimpíada em obras de Niemeyer no Rio de Janeiro, em Niterói (RJ), Brasília, São Paulo e Belo Horizonte. Depois das filmagens, todos os espaços passaram por um processo de reparo.

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"Falar desse projeto é falar também sobre sonhos. De um mundo em que a gente possa ocupar todos os espaços, sempre com bons propósitos e de uma forma espontânea. A gente precisou de uma união para que isso saísse do papel e se tornasse realidade. E essa união é uma das essências do skate. Eu espero que esse projeto alcance muitas pessoas e leve a nossa mensagem", comentou Pedro Barros, que é amigo de Murilo Peres desde bem pequeno e os dois idealizaram esse projeto inédito. Ambos fazem parte da seleção brasileira de skate e estão disputando vaga da modalidade park para os Jogos de Tóquio-2020.

"A ideia surgiu quando eu e o Pedro estávamos em Brasília. A gente estava passando de carro pelo Eixo Monumental e nós olhávamos aqueles prédios. Eles chamam atenção de qualquer um, ainda mais de skatista. Aí pensamos que seria incrível poder andar de skate neles e fomos atrás do que precisaria fazer para viabilizar isso", explicou Murilo.

O período de captação das imagens foi uma verdadeira aventura porque muitos dos lugares eram de difícil acesso, como tetos de obras arquitetônicas, por exemplo. Mas isso só aumentou a vontade da dupla de colocar o skate para rodar nesses locais. O sinal verde da Fundação Oscar Niemeyer também confirmou que existe uma identidade entre o skate e a arquitetura do brasileiro, que faleceu em 2012 mas deixou um enorme legado na arquitetura mundial.

A interação de Pedro Barros e Murilo Peres nas obras também teve doses de emoção no filme dirigido por Hugo Haddad, com lindas manobras e algumas quedas. As imagens aéreas ajudaram a dar um toque ainda mais épico nas gravações. Em São Paulo, eles andaram de skate na Marquise do Ibirapuera, local que já é de domínio dos praticantes de esporte, na Oca e no Pavilhão da Bienal totalmente vazio, o que dá uma impressão diferente daquele lugar.

Já em Niterói, os dois fizeram manobras no Museu de Arte Contemporânea, obra emblemática de Niemeyer. No Rio de Janeiro passaram também pela Casa das Canoas, local projetado pelo arquiteto em 1951 para ser sua residência. A união do espaço com o meio natural chamou a atenção dos skatistas, que utilizaram inclusive uma grande rocha na área externa da habitação para fazer manobras.

Em Belo Horizonte, os dois foram até a Cidade Administrativa, sede do governo mineiro que foi elaborada por Niemeyer e ficou pronta em fevereiro de 2010. Lá estão o Auditório JK, o Palácio Tiradentes e os Edifícios Minas e Gerais. Entre um passeio e outro em cima do skate pelas obras, a dupla se impressionou com a beleza arquitetônica dos prédios e a criatividade usada nas construções. "Foi memorável poder realizar esse sonho", explicou Pedro Barros.

A volta dos skatistas em Brasília foi marcante também pela possibilidade de desfrutar de espaços que nunca imaginariam estar, como descer de skate a rampa do Palácio do Congresso Nacional e fazer manobras no corrimão em frente à Catedral de Brasília, dois dos projetos que tornaram Oscar Niemeyer famoso. Para Pedro Barros e Murilo Peres, o sonho se tornou realidade. "Se eu fosse um arquiteto e pudesse desenhar obras, faria apenas tudo que fosse ‘skatável’, para conseguir andar em tudo. De certa forma, Niemeyer fez isso há muitos anos. São tantas linhas, tantas curvas… Parece que ele andava de skate e não sabia", frisou Barros.

"A sensação foi maravilhosa pelo resultado que alcançamos. Esse projeto me deu força nesse momento, para que continue acreditando nos meus sonhos, que acredite em um mundo melhor. A gente se aprofundou na história do Niemeyer e vimos o quanto ele foi inovador", completou Murilo.

Uma das lendas do skate na década de 1980, o norte-americano Jeff Grosso morreu na última terça-feira (31), aos 51 anos, em Newport Beach, nos Estados Unidos. A notícia foi divulgada na quarta (1º) pela revista Thrasher. Ainda não foi revelado o motivo da morte, mas a imprensa fala em enfarte. Ele deixa o filho Oliver, de oito anos.

"Jeff saiu de amador à estrela nos anos 80. Seu último papel foi como apresentador de sua própria série da web repleta de história e fazendo a justiça do skate, sem medo de ofender ou incomodar sua busca por educação, que foi de longe o seu maior legado - perdendo apenas para ser o pai de Oliver", disse a publicação.

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O skatista teve problemas com drogas e em 2017 chegou a passar por um tratamento de reabilitação, após sofrer três overdoses. Recuperado, voltou a se destacar durante participação na série "Love Letters to Skateboarding".

Um dos maiores skatistas da história, Tony Hawk publicou uma mensagem em sua página no Instagram lamentando a morte do amigo. "É com imensa tristeza que compartilho com vocês o falecimento de Jeff Grosso. Ele era um skatista de verdade em seu interior, uma grande fonte de entretenimento, insight e filosofia valiosa para uma geração mais jovem. Tive a sorte de andar de skate com ele nas últimas quatro décadas e, ocasionalmente, aparecia em sua série 'Love Letters'. Aqui estão alguns clipes que exemplificam o amor genuíno de Jeff pelo skate e sua atitude renegada. Uma das últimas vezes que falamos, falamos sobre o quão ridículo é que ainda conseguimos fazer isso para viver e que alguém se importa com o que fazemos ou pensamos em termos de skate na nossa idade", disse Hawk.

O Brasil tem concorrentes ao Prêmio Laureus, considerado o Oscar do esporte, que será entregue no dia 17 de fevereiro, em Berlim, na Alemanha. Ítalo Ferreira, atual campeão do mundo no surfe, e Rayssa Leal, a Fadinha, vice-campeã mundial de skate street, de apenas 11 anos, estão entre os seis finalistas da categoria melhor atleta de ação na temporada passada.

Os dois foram escolhidos por um colegiado formado por 1.000 participantes da mídia esportiva mundial e membros da Academia Laureus World Sports. Seus concorrentes são a surfista havaiana Carissa Moore (tetracampeã mundial em 2019), a norte-americana Chloe Kim (campeã mundial de snowboard), o skatista norte-americano Nyjah Huston (tetra mundial de skate street em 2019) e o canadense Mark McMorris (campeão do X Games e vice-campeão mundial de snowboard).

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No ano passado, em evento que aconteceu em Montecarlo, no Principado de Mônaco, os surfistas brasileiros Gabriel Medina e Maya Gabeira estavam concorrendo a melhor atleta de ação, mas foram derrotados pela norte-americana Chloe Kim.

Na categoria melhor atleta homem do ano, o craque argentino Lionel Messi mais uma vez está na disputa. O jogador do Barcelona concorre com o britânico Lewis Hamilton (hexacampeão mundial de Fórmula 1), o tenista espanhol Rafael Nadal, o também espanhol Marc Márquez (seis vezes campeão mundial de MotoGP), o maratonista queniano Eliud Kipchoge, primeiro atleta a correr uma maratona em menos de duas horas, e o astro norte-americano do golfe Tiger Woods.

Entre as mulheres, as concorrentes ao prêmio de melhor atleta do ano são a norte-americana Megan Rapinoe, melhor jogadora e artilheira do Mundial Feminino de futebol, a ginasta norte-americana multicampeã Simone Biles, as velocistas do atletismo Allyson Felix (norte-americana) e Shelly-Ann Fraser-Pryce (jamaicana), a tenista japonesa Naomi Osaka e a nadadora norte-americana Mikaela Shiffrin.

Na última sexta-feira, a Chapecoense foi novamente indicada ao Laureus. O clube catarinense vai concorrer ao novo Prêmio Momento Esportivo 2000-2020, que vai reunir na disputa os vencedores desta categoria nos 20 anos da premiação. A equipe de Chapecó levou o prêmio em 2018.

Ao todo, serão 20 concorrentes na disputa, somando todos os vencedores da categoria nas 20 edições da premiação, que neste ano terá caráter especial por completar 20 anos do grande evento, que conta com a participação de alguns dos maiores atletas da história.

Confira finalistas de outras categorias ao Prêmio Laureus:

EQUIPE DO ANO

Seleção feminina de futebol dos Estados Unidos

Liverpool

Mercedes (Fórmula 1)

Seleção masculina de rúgbi da África do Sul

Toronto Raptors

Seleção de basquete masculino da Espanha

RETORNO DO ANO

Andy Murray (tênis)

Liverpool (futebol)

Kawhi Leonard (basquete)

Nathan Adrian (natação)

Sophia Florsch (Fórmula 3 - automobilismo)

Christian Lealiifano (rúgbi)

REVELAÇÃO DO ANO

Coco Gauff (tênis)

Bianca Andreescu (tênis)

Egan Bernal (ciclismo)

Seleção masculina de rúgbi do Japão

Andy Ruiz Jr. (boxe)

Regan Smith (natação)

ATLETA PARALÍMPICO DO ANO

Omara Durand (atletismo)

Diede de Groot (tênis)

Oksana Masters (esqui e paraciclismo)

Jetze Plat (paraciclismo)

Manuela Schär (atletismo)

Alice Tai (natação)

De 32 nacionalidades diferentes que marcaram presença no Mundial de Skate Park, em São Paulo, no Parque Cândido Portinari, foi a bandeira dos Estados Unidos que se destacou neste domingo. O líder do ranking mundial Heimana Reynolds teve a melhor apresentação na final e desbancou os brasileiros para ficar com o lugar mais alto do pódio.

Em sua última volta, Pedro Barros, um dos favoritos na competição, acabou caindo e deixou o caminho livre para o norte-americano vencer.

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Apesar de ser estrangeiro, o que não faltou para Heimana Reynolds, que somou 80 mil pontos na corrida olímpica, foi apoio. Com as arquibancadas lotadas e milhares de torcedores fixando o olhar em suas manobras, ele levou os amantes de skate à loucura ao conquistar o ouro depois de apresentar manobras ousadas e precisas. Dois brasileiros completaram o pódio e fizeram a festa local.

Heimana Reynolds teve como melhor pontuação 88 em quatro voltas. Em segundo lugar ficou Luizinho Francisco com 85,5 e Pedro Quintas, que inclusive foi muito festejado por seus amigos porque não era um dos mais cotados ao pódio, fez 85 pontos e ficou na terceira posição.

Já Pedro Barros, considerado o melhor atleta brasileiro do Park, não conseguiu defender seu título e terminou a competição na sexta colocação somando 84,5 em sua melhor volta. Nas outras, ele não completou e na primeira delas chegou a bater a cabeça quando caiu. Mas seguiu competindo.

A cidade paulista também será palco do Mundial de Street deste ano. A competição terá inicio na próxima quarta-feira e vai até o dia 22, no Anhembi. Por lá, as estrelas brasileiras confirmadas no evento são: Pamela Rosa, número um do ranking, Rayssa Leal, segunda, e Letícia Bufoni, quarta. No masculino, Kelvin Hoefler, com cinco títulos mundiais, é uma das atrações.

Vale lembrar que o Mundial da modalidade Park é considerado o evento mais importante do ano para os skatistas, já que a competição garante a maior pontuação no ranking olímpico.

O próximo grande evento da categoria das modalidades no Brasil vai acontecer em novembro, no início da segunda janela olímpica, no Rio de Janeiro. A disputa Park será realizada na Praça do Ó, localizada na Barra da Tijuca, zona oeste da cidade carioca. Os vencedores poderão somar 40 mil pontos.

FEMININO - A festa da categoria feminina ficou por conta de uma dobradinha do Japão no sábado. Misugu Okamoto, de 13 anos, levou título e a sua compatriota Sakura Yosozumi garantiu a segunda colocação. O bronze foi para a britânica Sky Brown, de apenas 11 anos, que virou o "xodó" de muitos brasileiros durante a competição.

RESULTADOS DESTE DOMINGO

Final masculina

1) Heimana Reynolds - 88

2) Luiz Francisco (BRA) - 85,5

3) Pedro Quintas (BRA) - 85

4) Keegan Palmer (AUS) - 84,7

5) Tomhas Schaar (EUA) - 84,6

6) Pedro Barros (BRA) - 84,5

7) Tate Carew (EUA) - 84,2

8) Matheus Hiroshi (BRA) - 83,7

RESULTADOS DESTE SÁBADO

Final feminina

1) Misugu Okamoto (JAP) - 61,17

2) Sakura Yosozumi (JAP) - 60

3) Sky Brown (GBR) - 58,13

4) Poppy Starr Olsen (AUS) - 56

5) Lizzie Armanto (FIN) - 49

6) Dora Varella (BRA) - 48

7) Isadora Pacheco (BRA) - 46

8) Kisa Nakamura (JAP) - 45,57

Os skatistas mais bem ranqueados no período entre janeiro de 2019 e maio de 2020 participarão dos Jogos Olímpicos de Tóquio no próximo ano. O Brasil poderá disputar medalhas com até 12 atletas, divididos da seguinte maneira: três no Park feminino, três no Park masculino, três no Street feminino e três no Street masculino.

A presença brasileira com o número máximo de competidores vai depender do desempenho dos skatistas ao longo das duas janelas classificatórias estabelecidas pela World Skate para a corrida olímpica. Eduardo Musa acredita que o País conseguirá levar a quantidade máxima. "A posição dos atletas brasileiros é muito boa. Temos 19 atletas entre os 80 do mundo nas quatro vertentes de classificação para a Olimpíada", explica o presidente da Confederação Brasileira de Skate (CBSk).

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Mesmo com os dois Mundiais somando grande quantidade de pontos, Musa diz que não é possível ainda apostar qual pontuação garante um atleta nos Jogos. "Após esses Mundiais termina a primeira janela de classificação e não dá para cravar que alguém já estará classificado. A segunda janela tem mais competições, que vão somar cinco notas, contra apenas duas da primeira janela. Então, está muito cedo para definir algo."

Rayssa Leal, segunda colocada no ranking do Street, tem 11 anos e se conseguir a classificação para os Jogos Olímpicos terá apenas 12 anos em Tóquio. "Quero bater muitos recordes na carreira. Este ano já bati um por ser a mais nova a vencer uma etapa da Street League Skateboarding (SLS), em Los Angeles. Espero que venham muitos outros", avisa.

Nas próximas duas semanas São Paulo será a capital internacional do skate com as competições mais importantes do ano: o Mundial de Park, entre esta segunda-feira e domingo, no Parque Cândido Portinari, e o Mundial de Street, entre os dias 18 e 22, no Anhembi. Os dois eventos vão dar aos campeões 80 mil pontos na corrida olímpica, a maior pontuação do ano, além do título de melhores do mundo em cada modalidade nas categorias feminina e masculina.

Para se ter uma ideia, outras competições do nível Pro Tour premiam os ganhadores com 60 mil pontos, quantidade menor do que as dos vice-campeões mundiais, que somam 64 mil. Um campeonato cinco estrelas soma 40 mil pontos aos primeiros colocados, quase a mesma dos skatistas que ficarem na quarta posição dos Mundiais. Em campeonatos nacionais os vencedores ganham 3.330 pontos, que é a mais próxima de quem ficar no 21.º lugar nos Mundiais.

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"Nunca dois Mundiais foram no mesmo país em modalidades diferentes. E, ainda mais, na mesma cidade e em semanas consecutivas", explica Eduardo Musa, presidente da Confederação Brasileira de Skate (CBSk). "A luta para trazer esses campeonatos foi muito importante para os atletas poderem competir em ambientes conhecidos, mas também pelo fomento e divulgação do esporte, para as pessoas entenderem todo o processo olímpico em torno do skate."

O atual campeão do mundo no Park é o brasileiro Pedro Barros. Um dos favoritos ao título, ele destaca a importância de o campeonato ser realizado no Brasil. "Esse movimento maior que estamos tendo é muito legal porque incentiva mais pessoas a praticarem o skate. Se pelo menos uma criança assistir à gente na pista e começar a andar, já terá valido a pena", diz.

Número 7 do mundo no Park, Yndiara Asp acredita que ter a família e os amigos torcendo de perto será um grande incentivo. "São eles que me ajudam no dia a dia e poder abraçá-los depois da competição é muito legal. Eu espero que todos gostem de competir aqui. Nosso País tem um calor humano que é muito especial e quero que todos se sintam bem", avisa.

A seleção brasileira de Park estará em peso na competição, com Luizinho Francisco, Isadora Pacheco, Murilo Peres, Dora Varella, Hericles Fagundes, Victoria Bassi, Pedro Quintas e Letícia Gonçalves. "Sempre que a gente compete no Brasil, entramos com mais garra, com mais vontade. Isso é uma coisa que coloca a gente para cima. Se você não souber absorver bem essa energia, acaba se tornando uma pressão. É muito importante este campeonato no Brasil, porque é diferente do mundo inteiro, onde somos os ‘de fora’ e não tem muita gente para passar energia. Então, é especial competir aqui", diz Murilo.

O atleta também acredita que o evento é importante para incentivar a modalidade no Brasil. "Quando temos um campeonato desse nível, a cena cresce, seja para as pessoas que estão lá prestigiando, seja para os competidores terem uma visão do quanto os brasileiros estão torcendo pela gente", comenta.

No Mundial de Street estão confirmadas Pamela Rosa, a número 2 do ranking, Rayssa Leal, segunda colocada, e Letícia Bufoni, a quarta. Outros nomes de peso que estarão em São Paulo são a australiana Hayley Wilson, terceira do ranking olímpico, e a japonesa Aoki Nishimura.

Na lista masculina, destaque para o brasileiro Kelvin Hoefler, com cinco títulos mundiais no currículo. "Certamente virão os melhores do mundo e também muitos que estarão em Tóquio em 2020", diz Kelvin.

Os maiores nomes do skate street brasileiro começam nesta quarta, em Los Angeles (EUA), a disputa de mais uma etapa da Street League Skateboarding (SLS). A competição, que faz parte de uma das duas janelas classificatórias estabelecidas pela World Skate (Comissão Mundial de Skate) e habilita os representantes do Brasil às Olimpíadas de Tóquio-2020, vai até o próximo domingo (28) e tem participação de atletas das seleções brasileiras feminina e masculina.

No time feminino, além de Pamela Rosa, Rayssa Leal, Virgínia Fortes Águas, Karen Feitosa, Letícia Bufoni e Gabriela Mazetto que integram a seleção brasileira, também estão as skatistas Isabelly Ávila e Marina Gabriela. Já entre os homens, nomes como Luiz Neto, Lehi Leite, Carlos Ribeiro, Ivan Monteiro, Luan de Oliveira e Lucas Alves juntam-se aos atletas da seleção Kelvin Hoefler, Felipe Gustavo, Tiago Lemos, Lucas Rabelo e Lucas Xaparral. Outros representantes do Brasil ainda podem fazer parte da etapa de Los Angeles pois a organização do evento distribuirá wild cards, um tipo de “carta coringa”, que autoriza outros skatistas a entrarem na disputa. Nesta fase da SLS, o time brasileiro terá o suporte de uma equipe técnica da Confederação Brasileira de Skate (CBSk). Sandro Dias, diretor de Esportes, Rogério Mancha, consultor técnico da seleção brasileira de Street, Carlos Barreto, fisioterapeuta e Julio Detefon, coordenador técnico.

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O Brasil tem direito a doze atletas na modalidade nos Jogos de Tóquio (três no Park Feminino, três no Park Masculino, três no Street Feminino e três no Street Masculino) porém o número limite dependerá do desempenho dos brasileiros ao longo das seletivas. A primeira parte da seletiva vai até o próximo dia 15 de setembro. A segunda parte acontece entre 16 de setembro de 2019 e 31 de maio de 2020.

O Comitê Olímpico Internacional (COI) anunciou nesta terça-feira que o breakdance, o skate, a escalada esportiva e o surfe foram incluídos de forma provisória no programa de modalidades dos Jogos de Paris-2024. A entidade revelou a provável entrada destes esportes no calendário da Olimpíada durante reunião ocorrida em Lausanne, na Suíça, onde representantes do Comitê Organizador francês apresentaram a proposta de inclusão após discutirem esta possibilidade com 19 federações internacionais reconhecidas pelo máximo órgão olímpico.

Por meio de um comunicado divulgado em seu site oficial, o COI deixou claro que estas quatro modalidades têm grandes chances de serem confirmadas nos Jogos de 2024 ao ressaltar que a "proposta foi totalmente apoiada pela sua Comissão do Programa Olímpico e fortemente endossada pelo Conselho Executivo" da entidade.

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O COI, porém, esclareceu que a decisão final sobre este assunto só será tomada em dezembro do próximo ano, depois de três destas modalidades (skate, escalada esportiva e o surfe) estrearem em uma edição da Olimpíada nos Jogos de Tóquio-2020.

"A Comissão do Programa Olímpico agora continuará sua análise e observação dos quatro esportes propostos por Paris-2024. Isso incluirá observações oficiais conjuntas nos Jogos Olímpicos de Tóquio-2020 com (representantes de) Paris-2024 e a Comissão do Programa Olímpico", informou.

O presidente do COI, Thomas Bach, não escondeu a sua empolgação com a provável confirmação do breakdance, do skate, da escalada esportivo e do surfe nos Jogos de 2024. "Os quatro esportes que Paris propôs estão totalmente em linha com a Agenda Olímpica de 2020 porque contribuem para tornar o programa mais equilibrado e mais urbano, e oferece a oportunidade de se conectar com a geração mais jovem", disse o dirigente nesta terça-feira.

"Os esportes propostos estão alinhados com esses princípios e aprimoram o conceito geral dos Jogos dinâmicos de Paris-2024, que se concentram na inclusão, inspirando um novo público e abrigando Jogos socialmente responsáveis", reforçou.

O breakdance e a escalada foram incluídos entre os eventos que valeram medalhas nos Jogos Olímpicos da Juventude de 2018, em Buenos Aires, na Argentina, e a proposta apresentada agora pelos organizadores da Olimpíada na capital francesa promete uma evolução do programa de Tóquio-2020. Este apresentado para 2024 prevê 248 atletas participando destes quatro esportes provisoriamente incluídos, sendo que este número entrará na cota total de 10.500 competidores, divididos igualmente entre homens e mulheres, que participação do grande evento que ocorrerá daqui a cinco anos.

"Estou muito satisfeito com a votação da sessão do COI em favor da nossa proposta de incluir o breakdance, a escalada esportiva, o skate e o surfe no programa dos Jogos Olímpicos de Paris-2024", afirmou Tony Estanguet, presidente do Comitê Organizador da Olimpíada em solo francês.

"Nosso objetivo desde o início foi destacar qual tem sido a força dos Jogos durante 32 Olimpíadas - a diversidade dos esportes e a emoção que vem com o desempenho - ao mesmo tempo em que aproveitamos a oportunidade oferecida pelo COI para melhorar o programa e oferecer uma nova dimensão", reforçou o dirigente.

Quatro skatistas brasileiros cotados para representar o País nos Jogos Olímpicos de Tóquio-2020 e com chances de pódio foram anunciados nesta quarta-feira como novos patrocinados da BV, a marca de varejo do Banco Votorantim. Rayssa Leal e Kelvin Hoefler, do street, e Yndiara Asp e Murilo Peres, do park, vão receber um apoio financeiro por um ano, com possibilidade de renovar por mais um.

"Fiquei muito feliz com esse apoio e pelo diferencial da parceria, que incentiva a gente a realizar projetos. Minha meta a longo prazo é poder desenvolver o mercado do skate no Brasil. Tenho ideias para tentar revitalizar pistas, até porque o skate foi minha escola de vida", afirmou Murilo Peres.

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Os valores de patrocínio não foram revelados. A intenção da BV é ajudar atletas promissores e expandir a plataforma que foi lançada em novembro do ano passado unindo esporte e educação por meio da inclusão. "O skate está vindo de uma transição de estilo de vida para competição e é uma modalidade que tem muito pouco apoio fora do meio", explicou Gabriel Ferreira, diretor executivo do Banco Votorantim.

A presença da instituição financeira numa modalidade de esporte radical evidencia o momento do skate no mundo. Após entrar no programa olímpico, ele está pulando os muros da comunidade do skate e chamando a atenção de grandes empresas de outros setores da economia.

"O fato de o skate entrar na Olimpíada faz ele ser mais respeitado e visto por outros olhos. É muito bom esse apoio de marcas fora do skate, que ajuda a nos dar suporte para viver disso. Está melhorando bastante e vejo até pessoas mais velhas, que antes tinham certo preconceito, começam a te admirar. O cenário está mudando", comemora Yndiara Asp.

Além do quarteto do skate, a BV apoia institutos de nomes que fizeram história no esporte nacional, como Serginho Escadinha e Ana Moser (vôlei), Flávio Canto (judô), Marcelinho Machado (basquete), Mauro Menezes (tênis) e Bob Burnquist (skate). Para este ano, o foco será nesses seis projetos. "Mas com certeza daremos apoio para outras verticais no futuro, mas não agora", avisou Ferreira.

Programado para acontecer de 10 a 15 de setembro, em São Paulo, o World Skate Park Skateboarding, considerado o Campeonato Mundial da categoria park, vem pela primeira vez ao Brasil. O evento, que faz parte das seletivas para os Jogos Olímpicos de Tóquio-2020, deve reunir mais de 200 atletas do skate nas categorias feminina e masculina.

O skate, dos segmentos park e street, foi incluído no programa olímpico de 2020 pelo Comitê Olímpico Internacional (COI). Para se classificar aos jogos, os participantes devem atingir 80 mil pontos nas etapas que habilitam os atletas à disputa do ouro.

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A competição será realizada no Parque Estadual Cândido Portinari, na Vila Hamburguesa, zona oeste da capital, em uma estrutura inaugurada ano passado por uma fabricante de artigos esportivos e moda street, que atua no segmento skate. A pista, construída para a modalidade park, tem elementos e obstáculos de vertentes distintas do esporte. O evento, que deve ter entrada franca, ainda deve incluir programação completa de cultura urbana com música, arte, moda e gastronomia.

Rayssa Leal era a Fadinha do skate até pouco tempo atrás. Aos 11 anos, a pequena atleta nascida em Imperatriz, no Maranhão, resolveu deixar para trás o apelido que ganhou nas redes sociais. Mudou a maneira como se apresenta e abandonou a fantasia de fada que a fez viralizar, mas não perdeu o encanto. Pelo contrário. Desde o fim do ano passado, Rayssa integra a seleção brasileira na modalidade street, que consiste em uma pista que simula obstáculos de rua como escadarias, rampas e corrimões.

Ela está pronta para representar o Brasil em Tóquio. Caso o ranking internacional que classifica os skatistas para os Jogos Olímpicos de 2020 fechasse hoje, Rayssa estaria credenciada para a competição - não há limite de idade para se classificar. Ela é a 3ª melhor do mundo e a segunda do Brasil. Mas a menina agitada, cheia de energia e de sorriso fácil, ainda com aparelho na boca, não leva tudo isso tão a sério.

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Treina três horas todos os dias, exceto aos domingos, e encara as competições como um momento de diversão. "Para mim é como se fosse uma brincadeira de rua, mas saber que eu consigo ajudar meus pais com isso é meu maior orgulho", diz Rayssa ao Estado.

De fato, o começo não foi dos mais fáceis. A primeira vez que a pequena subiu em cima das quatro rodinhas foi aos 6 anos, quando ela pediu um skate de aniversário. Rayssa confessa que foi "um pouquinho difícil" no começo, mas um ano depois já estava competindo. Aprendeu tudo por conta própria, vendo vídeos no celular e repetindo cada manobra inúmeras vezes até conseguir. Para isso, deixou de lado a boneca, que nunca foi seu brinquedo favorito, e aproveitou o tempo longe de outras crianças para se dedicar.

O incentivo de inscrevê-la em torneios partiu dos skatistas que frequentavam a mesma pista que ela, ao perceberem seu talento. Os pais decidiram, então, atravessar o Brasil para levá-la ao Campeonato Brasileiro de Street Infantil, em Santa Catarina. "Não tínhamos dinheiro para a passagem de volta nem para nos alimentarmos direito todos os dias lá", conta Lilian Leal, mãe de Rayssa. Em sua estreia competindo, a maranhense foi campeã. De quebra, ela conquistou o público a ponto de os donos dos food trucks que participavam do evento juntaram dinheiro para ajudar sua família a voltar para casa.

Rayssa foi treinando, melhorando e colecionando títulos, até que sentiu a necessidade de se desafiar em novas categorias. Aos 9 anos, parou de competir entre as crianças e passou a disputar a categoria geral. Ficou um pouco nervosa no começo, mas logo descobriu uma maneira de se tranquilizar. "Fico pensando no meu irmão e isso me dá incentivo para ir bem", revela antes de dizer que Arthur Felipe, de 4 anos, é fã de futebol como ela. Corintiana, Rayssa também arruma tempo entre os estudos, lições de casa e sessões de fisioterapia para atuar de lateral-direita na escolinha de futebol que frequenta duas vezes por semana.

Mas não se engane, não restam dúvidas quando ao que ela quer no futuro: "skatista profissional", responde, certeira. O objetivo principal já foi estabelecido. "Desde quando surgiu a ideia de colocar o skate na Olimpíada já pensei na possibilidade de estar na seleção brasileira. Meu sonho é ganhar uma medalha de ouro e acho que consigo", diz. Para isso, o primeiro passo é continuar bem no ranking.

O próximo compromisso de Rayssa é no tradicional Dew Tour, torneio que ocorre em Long Island, na Califórnia. De 13 a 16 de junho, os principais nomes tanto do park quanto do street estarão competindo pelo pódio e, portanto, por pontos na corrida olímpica. "Eu não estou mais nervosa como estava nos últimos campeonatos. Como estou indo bem, acho que consigo pegar um pódio lá também", projeta a garota.

 O Espaço Na Base, no Poço da Panela, na Zona Norte do Recife, será palco para uma programação que une música e esporte. A festa acontece neste domingo (19), às 15h e conta com pista aberta de skate e show da banda Surf Music O Kraude.

Com influências de Rock'n'Roll, Brega e Jovem Guarda, a banda Surf Music O Kraude apresenta repertório autoral, com ênfase na música instrumental. Além da apresentação do grupo e da pista aberta de skate, o evento terá sorteios e premiação de brindes.

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Os ingressos custam R$ 5. Mais informações podem ser adquiridas pelo telefone (81) 98726-1003.

Serviço

Show da banda O Kraude + open skate

Domingo (19) | 15h d

Espaço Na Base (Rua Engenheiro Bandeira de Melo, 41 - Poço da Panela)

R$ 5

(81) 98726-1003

Depois de conquistar quatro títulos mundiais no skate vertical, o último deles em 2014, Karen Jonz parou a carreira para ser mãe. Ficou três anos longe das pistas cuidando da filha, Sky. O skate ficou encostado, fraldas e mamadeiras tomaram conta de sua casa. Hoje, a dona de duas medalhas nos X-Games está de volta. Com a menina a tiracolo, ela treina em busca de uma vaga nos Jogos de Tóquio na modalidade park. Aos 33 anos, a veterana une a responsabilidade de mãe e a retomada da carreira como skatista.

Obviamente, a frase "ela treina com a menina a tiracolo" é forçada. A Sky não desgruda da mãe, mas consegue ficar ao lado, só olhando, esperando sua vez. Para ela, é uma brincadeira divertida, o amor da mãe sobre as rodas. Para Karen, é o retorno a um ofício de quase 20 anos. Para facilitar essa parceria, a skatista construiu sua própria pista em sua casa, na zona oeste de São Paulo.

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A vida de mãe esbarra na vida de atleta, não tem jeito. O ponto mais difícil são as competições mais longas. "Ela tem o sono leve. Às vezes tenho de acordar à noite e, pronto, já fico cansada para o dia da competição", conta a skatista. "Nas primeiras competições, eu não queria passar para a final para não ficar muito tempo longe dela", diz. "Mas é ótimo ser mãe e skatista", sorri a veterana.

A maternidade também influenciou sua relação com as rodinhas. "Fiquei desesperada quando caí, machuquei o cotovelo e não consegui pegá-la no colo", diz Karen. "Hoje, tento ser mais assertiva e mais determinada nas manobras. Sou mais cuidadosa."

O socorro - para os tombos e a falta de tempo - vem sempre do marido de Karen, o músico Lucas Silveira, da banda Fresno, que cuida da menina enquanto a mãe compete e treina. Os treinos são controlados no relógio, três vezes por semana, três horas por dia.

Karen e Lucas formam um casal famoso. Além de mãe e skatista, ela é youtuber, empresária e artista. Na porta de sua casa, estão os tênis com sua própria marca. Na parede da sala, um quadro pintado por ela própria. No estúdio, ela toca um projeto musical com o marido, dono do sucesso Maior que as muralhas.

Recomeço. Nesse retorno, Karen está reaprendendo, pois são grandes as diferenças entre o skate vertical - a modalidade na qual ela foi várias vezes campeã nas pistas em formato de "U"- e o park, que vai estrear em Tóquio propondo uma mistura de obstáculos, como piscinas, rampas e caixotes. Para disputar a Olimpíada, Karen precisa ficar entre as três melhores no ranking brasileiro. Em 2018, ela foi a quinta melhor. "A idade não atrapalha. Comecei tarde e sempre disputei com as mais novas. Estou bem fisicamente."

Karen viu o skate mudar ao longo de sua carreira e também deu um empurrãozinho nessa evolução. Foi a primeira brasileira campeã mundial, em um período com pouquíssimas mulheres. Por causa disso, conta, não existiam banheiros femininos. Ela não podia usar top, roupa que hoje é comum. Karen inspira as mais novas como skatista e como mulher. Foi uma das fundadoras da Associação Brasileira do Skate Feminino, batalha pela igualdade das premiações. Articulada e extrovertida, a skatista representa as mais novas, mas não deixa de usar gírias como "tipo" e "cabulosa".

Criado por surfistas no fim da década de 1950, na Califórnia, com o intuito de substituir as ondas debaixo dos pés pelo asfalto, o skate fará parte do programa olímpico a partir do ano que vem. Em Pernambuco, a cena do skate não é movimentada como deveria. Apesar da criação de pistas em diversos bairros do Recife, eventos e campeonatos não são realizados com frequência.

De acordo com Jorge Santos, skatista e gerente da Myllys, marca pioneira no seguimento de street wear e patrocinadora do esporte, a cena do skate no Recife já foi mais movimentada que nos dias atuais. “Antes tínhamos cerca de 10 eventos por ano, atualmente, um no máximo. Para correr o Brasileiro, por exemplo, os atletas têm que correr etapas fora do estado”, afirmou.

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Pista da rua da Aurora, centro do Recife

Atualmente, a maior pista de skate do Recife está localizada no Centro de Esportes e Lazer Alberto Santos Dumont. Chamada de SkatePark, a pista foi inaugurada em abril de 2018 e tem 1350m², servindo também para praticantes de patinação.

Além da SkatePark, o Recife possui outros locais para a prática da modalidade. O Parque da Macaxeira também possui equipamento voltado para skatistas, bem como o Parque do Caiara, a Praça do Poeta, na Caxangá, o Parque Dona Lindu, o Parque Robert Kennedy, no Ipsep, e a pista da Rua da Aurora, que segundo alguns skatistas locais, encontra-se abandonada por falta de manutenção.

Pista da rua da Aurora, centro do Recife

Em entrevista ao LeiaJá, Raphael afirmou que a quantidade de pistas no Recife é inferior a quantidade de atletas da modalidade. Além disso, o atleta ressaltou a dificuldade de ter que sair para outro estado para poder correr uma etapa do Brasileiro.

“É complicado, pois a falta de patrocínio afeta bastante, vem a locomoção, estadia, inscrição, alimentação, tudo isso dificulta para o atleta que tem que tirar do próprio bolso. Após 5 anos sem ter classificatória aqui em Pernambuco, teve no ano passado. Mas não sabemos se irá ter esse ano, infelizmente é uma triste realidade”, finalizou.

Pista da rua da Aurora, centro do Recife

Secretaria Executiva de Esportes do Recife

A orla de Boa Viagem conta com dois half pipes e um skatepark, que contempla as modalidades bowl e street. O Parque da Macaxeira também tem equipamento voltado para skatistas, bem como a Rua da Aurora, Parque do Caiara, Praça do Poeta (Caxangá), Parque Dona Lindu e o Parque Robert Kennedy (Ipsep). No Parque Santana, o Governo do Estado está construindo uma pista.

No momento, a Secretaria Executiva de Esportes do Recife está em fase de licitação para a aquisição de materiais para as oficinas de skate, que deverão ter início em maio, no Compaz Eduardo Campos, situado no Alto Santa Terezinha.

Secretaria de Educação e Esportes do Estado de Pernambuco

A maior pista de skate do Recife está localizada no Centro de Esportes e Lazer Alberto Santos Dumont, que é ligado à Secretaria de Educação e Esportes do Estado de Pernambuco. Chamada de SkatePark, a pista foi inaugurada em abril de 2018 e tem 1350m², servindo também para praticantes de patinação. O projeto do local conta com a consultoria de Anderson Trow - skatista e desenvolvedor de pistas, e conta com bancos, escadas e corrimãos típicos para a modalidade street.

Além desse espaço dedicado ao skate, a secretaria realiza ao longo do ano algumas ações voltadas para os praticantes. Em 2018 foi realizado um workshop com Mineirinho, hexacampeão mundial de skate, na pista que havia sido recém inaugurada.

Os skatistas que desejarem participar de campeonatos, ou que já se destacam na área podem ainda solicitar a entrada em um dos programas de apoio da secretaria, como o Milha Campeã, Bolsa Atleta e Passaporte Esportivo.

 

O Parque Santos Dumont receberá neste fim de semana, dois grandes eventos esportivos. Com o objetivo de unir a educação e o esporte para estudantes. O Governo de Pernambuco está organizando o Circuito Escolar de Futevôlei e Beach Soccer, e ainda sediará o Nordeste Skate Brasil, campeonato que servirá como seletiva para o Campeonato Brasileiro de Skate.

Com a organização da Secretaria de Esportes e Lazer, o Circuito Escolar de Futevôlei e Beach Soccer será realizado nos dias um e dois de dezembro no Centro de Esportes de Praia do parque. O Circuito Escolar de Futevôlei será no sábado (1), iniciará às 8h e terá a participação de 48 alunos-atletas. Já o campeonato de Beach Soccer será realizado no domingo (2), com início às 8h e a participação de cerca de 120 atletas. As duas competições terão uma fase de grupos que classifica as melhores equipes e duplas para a fase final.

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Já o Nordeste Skate Brasil chega ao Parque Santos Dumont neste sábado, e será seletiva para o Campeonato Brasileiro Amador de Street Skate. Com a disponibilização da mais nova pista de skate de Pernambuco, localizada no parque, o evento receberá diversos atletas da região que disputarão uma vaga para o maior campeonato da modalidade. A partir das 9h, a pista estará disponível para um treino aberto e a competição está programada para ser iniciada às 13h30.

Contando com atletas de Pernambuco, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Alagoas, Bahia, São Paulo e Brasília, a competição seguirá os moldes do Campeonato Brasileiro, mesclando linhas e tricks. Os critérios são: aproveitamento de pista, grau de dificuldade das manobras executadas, velocidade, criatividade e outros critérios.

As categorias serão: mirim, amador 1 e amador 2.

As premiações serão: troféus, kits com peças de skate, vestuário e acessórios (dadas até o terceiro colocado).

 

O hexacampeão mundial de skate, Sandro Dias, mais conhecido como Mineirinho, estará no Recife para ministrar palestras e aulas de skate neste sábado (29), das 9h às 11h, no Parque Santos Dumont.

Mineirinho vai se reunir com professores, atletas, integrantes de projetos sociais e skatistas, em um momento de troca de conhecimento, bate papo e também ensino prático do esporte.

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A pista de skate, ou skatepark, do Parque Santos Dumont foi inaugurada no último mês de março e é o maior equipamento para a prática deste tipo de esporte em Pernambuco, com 1.350m².

O skatepark foi construído com a consultoria de Anderson Trow (skatista e desenvolvedor de pistas) e possui bancos, escadas e corrimãos típicos para a modalidade street (rua). A pista também serve para os usuários de patins.

Serviço

Aulas e palestras de Skate com Mineirinho, hexacampeão mundial

Neste sábado, 29 de setembro

Das 9h às 11h

Parque Santos Dumont - Rua Almirante Nelson Fernandes, S/N - Boa Viagem

Por Thiago Herminio

 

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 Marco Zero do Recife é uma praça que marca o local onde nasceu a cidade, à beira do Cais do Porto (Foto: Rafael Bandeira/LeiaJáImagens)

Adrian tem 13 anos e é morador da Ilha de Joana Bezerra, popularmente conhecida como comunidade do Coque, localizada a cerca de dois quilômetros do Marco Zero do Recife. Pelo menos três vezes por semana, de sexta a domingo, o adolescente se encontra aleatoriamente com colegas, e sem dinheiro para pagar a passagem, entram pela parte traseira dos ônibus. O grupo segue rumo ao centro da capital pernambucana, principal ponto de lazer para eles. A parada obrigatória é no Cais de Santa Rita, onde descem do coletivo e andam mais alguns minutos até chegar ao Marco Zero.

A mureta que divide a maré da área turística do Marco Zero serve como um trampolim de concreto.

Sem trajes específicos de banho ou toalhas para secar, eles pulam de cuecas, calcinhas, calções e sem camisa. O importante é garantir um pulo após o outro, um movimento diferente com o corpo, por vezes ousado, os quais eles apelidam em uma linguagem própria. “Tia, olha esse pulo do mata-boi”, e ele se joga na água com a leveza de quem deixa o corpo ser levado pela espontaneidade do momento.

Adrian mostrando um de seus saltos favoritos. (Foto: Chico Peixoto/LeiaJáImagens)

Crianças, homens mais velhos, adolescentes e algumas mulheres entram na brincadeira e dividem espaço com os barqueiros que naquele mesmo local atracam os barcos e jangadas para atravessar principalmente os turistas ao lado outro lado do rio, no Parque das Esculturas Francisco Brennand. Para Adrian, os mergulhos profundos, os saltos quase nunca ensaiados e o contato com a água são parte de sua rotina e uma das únicas opções de lazer dele e de seus amigos. “Onde eu moro é muito violento, minha mãe está tentando se mudar de lá, mas a gente não pode brincar lá por enquanto”, confessa.

O Marco Zero é parte principal do roteiro de Adrian desde os nove anos. Ele mora com cinco irmãos, a mãe, vendedora de coxinha, e o pai, serralheiro. Faça sol ou chuva, o garoto não dispensa os saltos no rio e as partidas de futebol em pleno centro do Marco Zero. “Se eu pudesse estava aqui todos os dias, mesmo já tendo me machucado com um bicho, acho que o nome é água viva. Me queimou muito. Mas, já tentei mergulhar em uma piscina de verdade no Sport, só que o vigia botou a gente pra fora porque pulamos o muro. Aqui é mar aberto e mesmo com sujeira não tenho medo”, relata o adolescente que sonha em ser engenheiro ou comissário de bordo.

Quem passa com frequência pela  praça que marca o local onde nasceu a cidade já deve ter visto crianças pulando no rio. É comum e já se tornou uma atração à parte no local. Turistas pedem para bater fotos e eles posam para as fotografias, um desafiando o outro. Mas, a brincadeira das crianças é ameaçada pelos agentes de segurança pública da capital. De acordo com Adrian, ele e seu grupo já foi retirado do local em várias ocasiões, até por homens fardados como sendo do Exército Brasileiro.

“A gente só fica aqui pulando e até os barqueiros são amigos. Mas os homens chegam gritando aqui e mandando a gente ir embora. Já levei uns tapas e até spray de pimenta já jogaram na gente. Tia, queria que tu filmasse um dia”, conta Adrian entre um pulo e outro.

Os amigos e moradores da comunidade do Coque jogam uma partida de futebol no Marco Zero. (Foto: Chico Peixoto/LeiaJáImagens)

Praticar esportes se tornou um hábito de fuga da rotina cansativa do estudante Rodrigo Lima, de 18 anos. A poucos metros de Adrian, o jovem sobe em seu skate e faz manobras típicas de iniciantes, mas das quais se orgulha. Desde 2015, ele pratica o esporte no centro do Recife, mais especificamente na praça do Marco Zero, onde consegue reunir amigos e entusiastas do skate de rua.

Negro e periférico, Rodrigo diz que a prática do esporte é proibida na praça e já sofreu diversas intimidações, abordagens com ‘baculejo’ e ordens de sair com seu grupo do local. “Os policiais só focam no grupo que está andando de skate, isso é puro preconceito e racismo porque a gente não fica fazendo bagunça, treinamos e nos divertimos”, lamenta o estudante.

Ele relembra que em 2017 estava com os amigos próximo ao píer da praça e foram abordados pela PM. “Bota a mão na cabeça, quem for de menor vai pra delegacia”, eles diziam. “Eu não vejo sentido nessa proibição do nosso lazer, têm pessoas que só vêm curtir aqui e porque nossa pele é escura já acham que somos ladrões. Ainda tem o racismo dos turistas que quando chegamos perto, escondem o celular”, diz.

A favor da prática do esporte no Marco Zero, Rodrigo diz que todos devem ter a liberdade prevista na lei. “Em muitos bairros não há esse espaço de coletividade e por isso estamos aqui”, conta.

Rodrigo diz que é a favor da prática do 'skate' na praça. (Foto: Rafael Bandeira/LeiaJáImagens)

Para a pesquisadora Camila Klein, em sua dissertação "Experiências afetivas urbanas: a relação dos habitantes com sua praça central", os espaços urbanos captam a atenção das pessoas e passam a fazer parte que têm da cidade. "Estes possuem uma identidade que os distingue e os destaca do contexto, ao mesmo tempo em que se relacionam com o observador e o entorno. Além disso, possuem um significado, que denota uma implicação emotiva e/ou funcional para a pessoa. A praça pode, além dos aspectos cognitivos e funcionais, congregar memórias, simbolismos e afetividade ao mapa mental que o habitante constrói em suas vivências na cidade".

O Marco Zero é conhecido como um local de integração, em que diversas ‘tribos’ se encontram, principalmente nos fins de semana. É também onde acontecem os grandes eventos do carnaval pernambucano. Mas, atualmente, o uso desse espaço público para a pausa, o encontro, a diversão e o perambular na cidade sinaliza resistência.

Em meados dos anos 1990, o bairro passou por um processo de requalificação no intuito de transformar o bairro num cenário cultural e de consumo, principalmente em lugar de atração turística. Foram implantados serviços relacionados à cultura e lazer, além da chegada de investidores imobiliários. Em 1998, o Bairro do Recife foi tombado pelo IPHAN como patrimônio nacional, devido ao reconhecimento de arquitetura eclética, característico da urbanística francesa no Brasil. Em 2015, inaugurou um novo espaço integrado de entretenimento e gastronomia, os Armazéns do Porto, ao lado da praça do Marco Zero.

De acordo com o professor de Arquitetura e Urbanismo da UFPE Tomás Lapa, o Recife Antigo é palco de um processo de higienização e táticas segregacionistas. “Todos esses processos de revitalização tendem a privilegiar certas camadas, o que podemos chamar de gentrificação, em que se expulsa a população pobre para ser substituída por outros usuários que tenham um maior poder aquisitivo e aparência para frequentar e habitar esse lugares”, pontua o pesquisador autor do livro “Grandes cidades constroem-se com edifícios grandes?”.

Além do risco nas relações de afeto e lazer com  a praça que nos remete às origens da capital pernambucana, o vínculo das pessoas que precisam trabalhar no local para garantir o sustento também passa por incertezas.

Leu, a artesã com mais trinta anos de carreira, conseguiu na luta o direito de vender sua arte no local. (Foto: Chico Peixoto/LeiaJáImagens)

A comerciante Edileuza Gomes, de 54 anos, conhecida como “Leu”, estende um pano improvisado no chão, e expõe seu artesanato também de sexta a domingo, das 10h às 22h, no Marco Zero. Brincos, colares e pulseiras são feitos manualmente pela artesã, que trabalha no ramo há mais de 30 anos, mas escolheu o Marco Zero como um de seus pontos de venda há quatro anos.

Atualmente, Leu trabalha com mais tranquilidade, mas o “pé atrás” nunca deixará de existir. Há dois três anos, ela e amigos artesãos se viram desesperados porque um dos principais pontos de comércios estava ameaçado por uma política de ordenamento da Prefeitura do Recife. “Os fiscais vinham e mandavam a gente sair daqui, chamavam até a polícia. Eles nos tratavam de maneira hostil, com racismo e preconceito. É como se a gente fosse qualquer marginal e isso me fazia sentir um lixo, assim como meus amigos porque a gente só estava trabalhando e vendendo nossos produtos”, lamenta a artesã.

Leu complementa ainda que as expulsões ganharam força após as inaugurações dos restaurantes dos Armazéns do Porto, que tinham o intuito de revitalizar a área do centro histórico e torná-lo um ponto comercial. “A gente já trabalhava por aqui e os donos dos bares não queriam nossa presença porque diziam que isso prejudicaria a circulação de turistas. Muito preconceito com nossa classe porque ninguém atrapalhava, pelo contrário, ocupava essa área com mais diversidade. Só depois de muita luta, conseguimos permanecer aqui com autorização”, pontua.

Em seu livro “O espaço crítico”, o pesquisador e urbanista francês Paul Virilio faz uma análise sobre  o traçado simbólico de demarcação, sem portas físicas de entrada ou saída, mas estruturas menos aparentes e mais sutis, porém igualmente práticas, constrangedores e segregativas. “Redesenham uma paisagem fortificada e enobrecida, numa metáfora de um passado de guerras e invasões que se confunde com um presente marcado pela exclusão e violência”, explica o estudioso Rogerio Proença Leite, em seu artigo “Patrimônio e enobrecimento no Bairro do Recife”.

A pipoqueira diz que vai resistir às ordens de retirada até que tenha seu material levado. (Foto: Rafael Bandeira/LeiaJáImagens)

A vendedora Rose, 32, que preferiu se identificar apenas com o primeiro nome, vive no Alto José do Pinho, em Casa Amarela, na Zona Norte do Recife. Todos os dias vende pipoca feita na hora no Marco Zero. Ela diz que é uma resistência diária porque é sempre intimidada por fiscais da Prefeitura do Recife para retirar sua carroça da região central do Marco. “Eles dizem que não pode trabalhar aqui e que se me pegarem de novo, vão levar meu material e terei de pagar para recuperar tudo”, denuncia.

A comerciante alega que o cenário piorou e as vendas caíram porque os fiscais retiram o pessoal e proíbem a circulação. “A gente só pode ficar parado do outro lado da rua, mas lá quase não passam pessoas. Eles só liberam em tempos de Carnaval. Mas, não sigo essa regra porque essa é a minha renda e se eu não vender, não alimento meus três filhos”, complementa.

“Passamos por um período de muita violência e miséria por causa do desemprego, é difícil identificar quem é bom ou mau, então esse é um processo que se repete. A expulsão dessas populações porque o que os gestores visam é um espaço acolhedor, bonito e limpo para os turistas e as elites”, explica o professor Tomás.

Procurada pela reportagem do LeiaJá.com, a Diretoria Executiva de Controle Urbano do Recife (Dircon) informou que tem trabalhado desde 2013 para a melhoria do ordenamento e da mobilidade para a população. De acordo com a gestão municipal, no caso do Marco Zero, no Bairro do Recife, foi realizado um cadastro em 2015 e todos os ambulantes da área foram cadastrados (o número total é de 180 cadastrados). "Os vendedores foram orientados que poderiam permanecer nas ruas do Bom Jesus, Barbosa Lima e Vigário Tenório, desde que com equipamentos permitidos pela diretoria. Desde então, a fiscalização faz rondas na área para coibir a ocupação desordenada, que atrapalha a passagem das pessoas. Em caso de flagrante de irregularidade, depois de notificados, os ambulantes podem ser multados e ter o material apreendido. A Dircon desconhece atitudes intimidatórias por parte dos fiscais e reitera o compromisso com o diálogo com os trabalhadores", nota enviada à imprensa.

Já a Polícia Militar de Pernambuco explicou que a denúncia de intimidações e violência com os adolescentes não é de conhecimento do comando do policiamento da área. "Não há orientação para que o efetivo escalado no bairro trate qualquer cidadão de maneira diferenciada ou descriminatória. Além do que, esse tipo de conduta não reflete o pensamento da Corporação". 

A assessoria de comunicação da PMPE informou ainda que os órgãos de correção, a exemplo da Corregedoria Geral da SDS, "seguem à disposição de todos que se sentirem ofendidos por qualquer postura dos nossos profissionais, para que procedimentos inadequados possam ser devidamente apurados".

A desigualdade na remuneração para homens e mulheres que exercem a mesma função não está presente somente no mercado de trabalho 'convencional'. No âmbito esportivo, muitas são as reclamações sobre o fato. O caso mais recente e que chegou a virar polêmica nas redes sociais foi durante um torneio de skate, em Itajaí (SC), em janeiro deste ano. 

No pódio do Oi Park Jam, Yndiara Asp aparece com um cheque de R$ 5 mil nas mãos, enquanto Pedro Barros o outro vencedor da disputa na categoria masculina, exibe um de R$ 17 mil. A disparidade na premiação gerou diversas discussões nas redes sociais. Na publicação do evento, internautas deixaram comentários cheios de indignação. “Machismo, a gente vê por aqui”, “um belo incentivo com prêmio machista” diziam.

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Em entrevista ao Uol, Yndiara disse que se sensibilizou com a mobilização das pessoas nas redes. “Acho que mulheres têm o direito de receber os mesmos valores dos homens, a gente está fazendo a mesma coisa ali. Vemos que em muitas profissões existe desigualdade de salário, o mundo é machista, e no esporte também tem”. Também ao Uol, André Barros, empresário, organizador do evento e pai do campeão Pedro Barros justificou a diferença entre os prêmios. “Os 24 atletas masculinos são os 24 melhores skatistas do mundo. Entre as dez meninas que participaram, só três são profissionais. Não dá para comparar o nível de performance entre dois grupos, assim não tem como a premiação ser a mesma”.

Por meio de uma nota oficial, o torneio se pronunciou sobre o caso: 

"Temos recebido alguns questionamentos sobre a diferença de premiação do Oi Park Jam, realizado no último domingo, e entendemos que este é um debate importante para o desenvolvimento do skate no universo feminino.

O número de praticantes de skate ainda é diferente entre os gêneros e o Oi Park Jam reflete essa realidade, com 24 homens (todos profissionais e entre os mais bem colocados no ranking mundial) e apenas 10 mulheres (em sua maioria amadora) competindo. As premiações levaram em conta, portanto, a participação qualitativa e quantitativa de skatistas profissionais, que por consequência leva a um maior grau de dificuldade para se chegar às primeiras colocações.

Para mudar esse quadro, nos esforçamos para garantir que as mulheres tivessem a oportunidade, inédita, de competirem num evento de skate com visibilidade nacional e relevância internacional.

O Oi Park Jam tem como premissa estimular a popularização do skate e o aumento da participação das mulheres nessa cena, historicamente masculina. Temos ainda a intenção de, através do estímulo ao skate feminino, quebrar mais barreiras e preconceitos para, em um futuro próximo, conquistar o objetivo de ter o mesmo número de homens e mulheres praticantes, profissionais e amadores, o que levará, naturalmente, à equivalência nas premiações. Estamos comprometidos com o debate sobre igualdade de gênero e vamos continuar nos esforçando para a inserção da mulher no skate em igualdade de gênero"

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Outro caso que também ganhou muita repercussão foi em 2016, quando o Brasil conquistou seu 11º título do Grand Prix de vôlei, mas a festa acabou dando lugar a uma polêmica. A seleção feminina ganhou uma premiação de US$ 200 mil (cerca de R$ 660 mil), enquanto a seleção masculina foi contemplada com US$1 milhão (R$ 3,3 milhões). Em uma entrevista após a premiação, a jogadora Sheila demonstrou sua indignação com o fato. “É uma sacanagem. Pronto, já respondi. É um absurdo. Falamos isso desde o meu primeiro Grand Prix. É injusto”. Ao GloboEsporte.com, a Federação Internacional de Vôlei (FIVB) informou que a premiação está estipulada no regulamento há muito tempo e as equipes concordam com as condições.

Em entrevista exclusiva ao LeiaJá, a pivô Gilmara Justino, atleta da UniNassau, afirmou também sofrer com esse tipo de problema no basquete. “Isso é injusto, claro. No basquete tem muita e extrema diferença. Sendo que nós trabalhamos igual, treinamos igual e temos títulos iguais. Acho que essa diferença não deveria ser tão grande. As mulheres sempre têm desvantagem em relação aos prêmios em Seleções ou em qualquer tipo de campeonato. Acho que nós deveríamos lutar por igualdade”, contou.

“Sempre acontece comigo. Sempre existe essa diferença de prêmio. Que eu saiba, nenhuma atleta chegou a ganhar um prêmio igual ao do masculino. Em nenhuma das categorias que eu conheço e eu converso sempre com meninas de outras modalidades”, continuou.

Para Gilmara, um dos fatores que contribuem para essa disparidade é a forma como a publicidade é feita para cada gênero. “Os campeonatos masculinos sempre são mais divulgados e mais visados, mas acho que isso está mudando. Acho que as mulheres deveriam correr atrás e lutar para mudar esse cenário. Todas pensam o mesmo, que deveria ser igual, mas ninguém ainda tomou uma atitude concreta em relação a isso”, disse.

Além de Gilmara, a nadadora pernambucana Joanna Maranhão também relatou enfrentar as mesmas situações. “Meu salário sempre foi inferior a de homens no mesmo nível ou abaixo do meu nível mesmo com a quantidade de pontos que se faz em Campeonatos Nacionais e até mesmo em resultados em Campeonatos Internacionais. Isso, dentro da natação, é muito comum”, disse em entrevista ao LeiaJá.

Para Joanna, o desporto de alto rendimento é um reflexo da sociedade. “As mulheres começaram a fazer esporte depois e, apesar de hoje a gente estar em um nível em alguns esportes, como o judô feminino, que, nesta geração tem conquistado muito mais medalhas do que o masculino, ainda existe uma disparidade. Se não forem dadas as mesmas condições para que as mulheres alcancem o mesmo nível dos homens, essa situação vai se perpetuar por muito tempo. Então, isso precisa acabar e essa desculpa não pode mais ser usada”, disse.

Discussão antiga

Este, contudo, não é um problema novo no âmbito esportivo. A discussão sobre o tema já vem de alguns anos. Em 2012, a tenista norte-americana Serena Williams – que é conhecida pelos seus inúmeros títulos na modalidade e ainda por ser a maior campeã do Grand Slam na era aberta – chegou a rebater uma declaração do tenista Janko Tipsarevic sobre o assunto. 

“Premiação igual para mulheres é ridículo”, declarou Janko durante uma entrevista. Em resposta, Serena não titubeou e respondeu: “Não é justo receber menos dinheiro do que os homens apenas porque tenho peito. Trabalho duro desde os três anos, não deveria receber menos por causa do sexo”. 

Em 2017, Serena Williams rebateu novamente outros comentários sobre o assunto. Em seu perfil no Twitter, a tenista respondeu às críticas de John McEnroe, ex-jogador de tênis, que em uma entrevista à Rádio Pública Nacional afirmou que a norte-americana seria apenas a 700ª melhor do mundo se jogasse no circuito masculino.

“Querido John, eu te admiro e te respeito, mas, por favor, me deixe de fora de suas declarações que não são baseadas em fatos. Nunca joguei contra ninguém ranqueado lá (no tênis masculino)”, escreveu Serena em seu Twitter.

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Projeto de Lei

Em janeiro deste ano, a Câmara dos Deputados começou a analisar um projeto que proíbe o oferecimento de prêmios de valores diferentes para atletas homens e mulheres (PL 8430/17). A proibição será válida nas competições em que haja o emprego de recursos públicos ou promovidas por entidades que se beneficiem desses recursos. A autoria da proposta é da deputada Gorete Pereira (PR-CE).

O projeto, que tramita em caráter conclusivo, será analisado pelas comissões de Defesa dos Direitos da Mulher; do Esporte; e de Constituição e Justiça e de Cidadania.

Lado positivo

Um estudo realizado pela BBC, em junho de 2017, mostra que mais esportes remuneram homens e mulheres igualmente hoje nas categorias mais altas. O estudo da BBC Sport, encomendado pela 'Women's Sports Week' mostra 83% dos esportes recompensam homens e mulheres da mesma forma. Dos 44 esportes que pagam prêmios em dinheiro atualmente, 35 pagam prêmios iguais para ambos os sexos da mesma categoria. 

O foco da pesquisa de 2017 foram prêmios em dinheiro em campeonatos mundiais e eventos do mesmo patamar de importância, o que não inclui salários, bônus ou patrocínios.

Diferente de 2014, quando a pesquisa foi realizada pela primeira vez e comprovou que cerca 30% premiavam homens com remuneração maior do que a de mulheres.

Há exceção?

A nadadora Etiene Medeiros conversou com o LeiaJá e garantiu nunca ter passado por esse tipo de problema. Etiene foi a primeira mulher do país a conquistar uma medalha de outro em um Campeonato Mundial de Natação (tanto o de piscina longa quanto o de piscina curta) e em Jogos Pan-Americanos. Ela também é a recordista mundial dos 50 metros costas em piscina curta. 

“Na natação, nunca passei por isso. Só há premiação em dinheiro nas categorias adultas e são iguais para homens e mulheres. Mas defendo a igualdade. O esporte feminino está cada vez mais forte. Vejo isso no vôlei, mas as meninas batalham muito contra isso”, disse Etiene.

A nadadora afirmou não concordar com essas disparidades por causa do gênero. “Sou contra não só no esporte, mas em qualquer situação. Hoje a juventude está mais forte. Temos que batalhar”.

A pentatleta Yane Marques também conversou com o LeiaJá e afirmou que, em sua modalidade, ela desconhece casos deste tipo. “Na minha carreira toda, que foi na natação e no pentatlo. Na natação eu não cheguei a um nível técnico para ganhar premiação por competição, mas no pentatlo sim. Mas o cheque que recebíamos era por colocação e não por gênero. Então eu não vivi isso”. 

“O que eu espero é que essas premiações sejam iguais. Eu competia as mesmas cinco provas que os homens e fiz o mesmo esforço. E hoje, especialmente, o pentatlo tem sido tão bem representado no âmbito feminino quanto no masculino. Quando eu entrei, em 2003, era comum ter 100 homens e 50 mulheres, por exemplo. Hoje são 100 e 100. Mas mesmo quando tinha essa diferença, a premiação era a mesma”, completou Yane.

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