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A Rede de Economia Solidária, organizada pelo professor João Cláudio Arroyo, realizou ontem (5), e está dando continuidade nesta quarta-feira (6), a mais uma feira para exposição e venda dos mais variados produtos. O evento ocorre no hall de entrada da UNAMA - Universidade da Amazônia, no campus da Alcindo Cacela, em Belém. de 8 às 20 horas. Estão à venda itens de produção artesanal, de papelaria, acessórios, peças de vestuário, cosméticos, entre outros.
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A feira, segundo João Cláudio Arroyo, é uma estratégia de comercialização acessível aos empreendedores populares, que se dividem para pagar os custos, como infraestrutura e divulgação, e tomam decisões juntos. “Para decidir juntos, precisam eles estudam e aprendem a ser empreendedores melhores”, diz.
O professor explica que a Economia Solidária consiste no resgate de valores como a cooperação e a solidariedade por meio de práticas econômicas, de produção e consumo. A partir disso, há a circulação da riqueza produzida coletivamente, diminuindo a desigualdade e fortalecendo a democracia. “O foco é na realização humana e na felicidade e não na acumulação desmedida que tantos conflitos e sofrimentos gera”, afirma.
Arroyo destaca a autogestão como a principal proposta do evento, que oferece a oportunidade de uma pessoa ser a protagonista e dona do próprio negócio em um processo de amadurecimento ao tomar decisões, visualizando os impactos futuros. “Esse é o grande desafio. Porque nas decisões econômicas se revelam os valores morais e éticos das pessoas e sociedades”, acrescenta.
Feiras como essa contribuem para o crescimento da economia solidária a partir da vivência prática das pessoas, observa Arroyo, quando há o sentimento de que podem se tornar algo maior. Além disso, ganha-se autoestima e uma visão humanística e sustentável, garante o professor.
Arroyo diz que o momento é de retomada das atividades após a pandemia e que o maior resultado é o aprendizado. “O crescimento da renda dos participantes é de 20 a 50%. E há um engajamento a partir do que cada um gosta de fazer. Portanto, um outro resultado que os indicadores econômicos não medem é a felicidade”, observa.
O professor afirma que, em relação às feiras, ainda há a espera do reconhecimento da sociedade e de que as pessoas entendam que há outra forma de viver, de conquistar conforto, sem gerar ignorância e pobreza. “Que a verdadeira riqueza está no giro e não no estoque, guardado, se acumulando e colocando milhões de pessoas sem oportunidades. Reconhecer que a Economia Solidária, como estamos demonstrando na prática, é viável e uma opção segura”, complementa.
Expositores elogiam ação
Alzira Santos Silva, de 40 anos, é pintora e faz parte de um grupo de mulheres chamado “Irmãs Arteiras”. Ela está com produtos artesanais à venda, como camisetas, laços, peças de crochê, entre outros.
Alzira ficou sabendo da iniciativa por meio da Rede de Economia Solidária, da qual participa. “Eles fizeram esse convite para nós. Na verdade, a gente já estava participando de outras feiras pela Economia Solidária, mas aqui, pelas Irmãs Arteiras, é a primeira vez”, disse.
Algumas peças foram confeccionadas pela pintora para o Círio e também estão à venda. Alzira contou que está gostando bastante da experiência e que, de todas as feiras que foram reabertas após a pandemia, essa está sendo a melhor. “Não tivemos prejuízos até agora, muito pelo contrário. Nas outras feiras, a gente teve muito prejuízo”, relatou.
A pintora falou sobre o grupo “Irmãs Arteiras”, criado por uma brincadeira, mas que agora está com um projeto de acolhimento de mulheres que têm talento, mas que estão com dificuldades para ingressar no mercado de trabalho. “A gente a resgata, joga de volta para o mercado, e mostra o valor dela. Agora estamos trabalhando assim”, acrescentou.
Alzira ainda destacou que as peças de crochê já estavam confeccionadas há muito tempo, mas estava com dificuldades para vendê-las. Na Feira da Economia Solidária, o resultado está sendo diferente. “Ontem quando a gente chegou, já teve venda. Eu trouxe hoje de novo, porque já vendemos o que tinha aqui”, disse.
A pintora afirmou que, caso haja outra edição da feira, pretende participar novamente. “Eu gostei bastante, até falei para as minhas amigas, [elas] vão vir hoje de tarde. As peças que sobrarem, a gente vai fazer um saldão para não ficar acumulando”, comentou.
Rosana Melém, de 54 anos, trabalha com arte, design e confecção de bijuterias, e também está participando do evento. Todas as peças – incluindo colares e brincos – que estão à venda em sua barraca foram confeccionadas por ela mesma, que já está nesse ramo há 22 anos. A confeccionista, assim como Alzira, também conheceu a iniciativa por meio da Rede de Economia Solidária.
Rosana contou que trabalha com a confecção das bijuterias diariamente, mas afirmou que sempre há inovação. "Todo o nosso universo são criações e nem sempre se repete peça”, explicou.
É a primeira vez que Rosana participa da iniciativa. A confeccionista elogiou a organização do evento. “Realmente está sendo muito bom. A frequência está boa, tudo muito bem organizado. Eu estou gostando muito”, concluiu.
Por Isabella Cordeiro.