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A I Jornada Regional da Cannabis Medicinal Norte-Nordeste (JRCMed), que acontece nos dias 8 e 9 de dezembro, no Mar Hotel, na zona Sul do Recife, receberá pesquisadores, professores e profissionais da medicina para debater os tratamentos e usos da Cannabis Sativa, maconha, para fins de saúde. O evento é realizado por uma empresa paulista que busca aprofundar os estudos sobre a substância para tratamento de doenças e outros quadros clínicos.  

Além de palestras e debates, a JRCMed também irá promover um curso de formação para prescritores, ministrado por Hélio Mororó, médico e professor de Medicina da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), que também fará a abertura do evento. Poderão participar dentistas, enfermeiros e médicos formados em todas as especialidades, inclusive veterinária. 

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A escolha pelo Recife para sediar a primeira edição da JRCMed se deu pelo aporte que a cidade possui em saúde e pesquisas na área médica, como comentou Breno Luz, advogado e diretor da EventMed, empresa responsável pelo evento, e coordenador-geral da Conferência Internacional da Cannabis Medicinal (CICMed) e da JRCMed. “Não temos dúvidas que a capital pernambucana irá atrair profissionais de todo o país para discutir o presente e o futuro da Cannabis medicinal. A cidade é reconhecida como polo de excelência em saúde, não só pela infraestrutura técnica, mas pela alta especialização dos seus profissionais”, afirma. 

Na JRCMed também estarão presentes representantes de associações nacionais que assumiram a missão de desmistificar os riscos da aplicação da Cannabis na medicina. Entre eles, o diretor científico da Associação Pan-Americana de Medicina Canabinoide, Flávio Geraldes Alves; a diretora médica do Instituto Sativa, Rafaela Espósito Asfora, que é médica voluntária do Ambulatório Canábico da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE); e o psiquiatra Wilson Lessa Jr., professor na pós-graduação de Cannabis Medicinal do Grupo Anima/Inspirali, We Cann Academy e Manole, e membro de várias instituições internacionais de pesquisa e aplicação da Cannabis Sativa na saúde. 

SERVIÇO 

I Jornada Regional da Cannabis Medicinal Norte-Nordeste (JRCMed) 

Data: 8 a 9 de dezembro de 2023. 

Abertura: 14h (dia 8) e das 8h30 às 18h (dia 9). 

Local: Mar Hotel, Boa Viagem, Recife. 

Com informações da assessoria

A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou, nesta quinta-feira (19), que a Inteligência Artificial (IA) tem o potencial de transformar o tratamento de saúde, mas sua rápida implementação sem compreender seu funcionamento pode prejudicar os pacientes.

De acordo com a OMS, a IA é muito promissora para os cuidados de saúde, mas também apresenta desafios no que diz respeito à privacidade e à possibilidade de agravamento de problemas já existentes.

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A agência de saúde da ONU publicou um novo documento, no qual detalha algumas das principais considerações normativas em torno da IA para a saúde, para que as autoridades possam elaborar, ou adaptar, suas orientações sobre seu uso.

"Com a crescente disponibilidade de dados de saúde e o rápido progresso das técnicas analíticas - sejam elas de aprendizagem automática, baseadas em lógica, ou em estatísticas -, as ferramentas de IA poderão transformar o setor da saúde", afirmou a organização em um comunicado.

De acordo com a OMS, a IA pode reforçar os ensaios clínicos, melhorar o diagnóstico e o tratamento médico, além de complementar conhecimentos e competências médicas. Também seria útil em locais com escassez de especialistas, interpretando imagens radiológicas e exames de retina.

A organização observou, no entanto, que a IA está sendo implementada rapidamente, às vezes sem uma compreensão adequada de como essas tecnologias funcionam. "O que pode beneficiar, ou prejudicar, os usuários finais", tanto pacientes quanto profissionais, alegou a OMS.

- Marcos jurídicos sólidos -

Ao utilizar dados de saúde, os sistemas de IA poderiam ter acesso a informações sensíveis, motivo pelo qual são necessários marcos jurídicos sólidos para proteger a privacidade e a integridade das pessoas, afirmou a a entidade.

"A Inteligência Artificial é uma grande promessa para a saúde, mas também coloca problemas graves, como a coleta pouco ética de dados, as ameaças à cibersegurança e a amplificação de preconceitos, ou da desinformação", destacou o diretor da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus.

"Estas novas orientações ajudarão os países a regular a IA, de forma eficaz, para aproveitar seu potencial, seja no tratamento do câncer, quanto na detecção da tuberculose, minimizando, ao mesmo tempo, os riscos", acrescentou.

A OMS afirma que os sistemas de IA dependem do código, com o qual são construídos e dos dados com que são treinados, e uma melhor regulamentação pode ajudar a administrar melhor os riscos de que esta ferramenta aumente os preconceitos presentes nos dados de treinamento.

"Por exemplo, pode ser difícil para os modelos de IA representar com precisão a diversidade das populações, o que pode levar a preconceitos, imprecisões, ou mesmo falhas", frisou a organização de saúde.

"Para ajudar a mitigar esses riscos, pode-se recorrer à regulamentação, com o objetivo de garantir que os atributos - sexo, raça e etnia - das pessoas que constam nos dados de treinamento e que os conjuntos de dados sejam intencionalmente representativos", acrescentou.

A OMS esboçou seis áreas para regular a IA para a saúde. Essas incluem a validação externa dos dados, a avaliação dos sistemas antes de sua publicação para não amplificar vieses e erros, a análise dos requisitos de consentimento para a privacidade dos dados e a promoção da colaboração entre reguladores, pacientes, governos e profissionais de saúde.

Embora tenha sido o primeiro país a reconhecer a identidade trans, a Suécia passou a restringir, nos últimos meses, o acesso de menores a tratamentos hormonais para readequação de gênero, em linha com um debate corrente em vários países ocidentais.

A comunidade médica enfrenta o dilema de atuar com cautela diante do aumento dos diagnósticos de pessoas que solicitam a transição de gênero.

Em fevereiro de 2022, o país decidiu suspender o tratamento em menores, com algumas exceções. Em dezembro do mesmo ano, a agência de saúde da Suécia passou a restringir drasticamente a mastectomia em adolescentes.

"O estado incerto do conhecimento sobre o assunto pede prudência", disse Thomas Linden, chefe de departamento da Socialstyrelsen, em um comunicado.

Em sintonia com uma tendência em vários países ocidentais, a Suécia registrou um aumento acentuado de casos de disforia de gênero, ou seja, quando uma pessoa não se identifica com o sexo físico ou atribuído no nascimento.

Segundo o Socialstyrelsen, cerca de 8.900 pessoas foram diagnosticadas com esta condição entre 1998 e 2021, ano em que o país registrou 820 novos casos.

Esta tendência é particularmente maior entre os 13 e 17 anos, em pessoas identificadas como mulheres no nascimento. Isso representa um aumento de 1.500% em relação a 2008.

"Antes era um fenômeno principalmente masculino e agora há uma super-representação feminina", disse à AFP o psiquiatra Mikael Landen.

O médico, que trabalha como chefe de serviço no hospital Sahlgrenska em Gotemburgo, contribuiu para o estudo utilizado pela agência de saúde para emitir suas recomendações.

Porém, para Landen, as razões por trás do aumento são um "mistério".

"A tolerância tem sido alta na Suécia há pelo menos 25 anos, então não se pode dizer que isso mudou", analisou quando questionado sobre a hipótese de uma transformação social.

- Um debate aberto -

O perfil das pessoas diagnosticadas com a disforia de gênero costuma ser complexo e combina outros transtornos como déficit de atenção, problemas alimentares ou autismo.

A decisão do país, que foi o primeiro do mundo a permitir a readequação sexual em 1972, abriu caminho para que o sistema público de saúde assumisse os custos da cirurgia. No entanto, essa decisão preocupa algumas associações.

Para Elias Fjellander, presidente da divisão juvenil da RFSL, principal ONG sueca que lida com questões LGBTQIA+, a Suécia pode causar mais dor com essa deliberação.

"As pessoas poderiam precisar de mais cuidados e procedimentos invasivos no futuro porque essa decisão não pode ser tomada de forma precoce, ainda que por razões médicas", afirmou.

Para Antonia Lindholm, uma jovem de 20 anos que realizou sua transição durante a adolescência, "os hormônios salvam muita gente".

"Se eu tivesse 13 anos hoje, não teria nenhuma chance" de receber o tratamento, disse à AFP.

Mas há pessoas que, tendo completado uma transição hormonal, apoiam a nova política sueca, como Mikael Kruse, que passou pela transição de gênero ainda jovem e depois decidiu reverter o processo.

"Acho que não há problema em fazer uma pausa para entender que o que está acontecendo é uma coisa boa", contou à AFP.

Por sete anos, Kruse assumiu a identidade feminina, ainda que isso não tenha interrompido a sua angústia. Então, um segundo diagnóstico revelou que ele sofria de um transtorno do espectro autista, somado a um transtorno de déficit de atenção.

O sofrimento que ele percebia como vindo de seu gênero estava em outro lugar, então ele decidiu assumir sua identidade masculina.

Para Carolina Jemsby, coautora do documentário "The Trans Train" (2019), que relata o tratamento de crianças e adolescentes que passam pela transição de gênero, o debate atual "é mais complexo do que o sistema de saúde e a sociedade esperavam".

"Um dos aspectos desse dilema é que se transformou em uma questão política", contou à AFP.

"Isso não auxilia esse grupo que precisa de cuidados médicos cientificamente comprovados para ajudá-los e dar-lhes uma vida melhor”, finalizou.

A cada ano, cerca de dez mil novos casos de câncer de bexiga são diagnosticados no Brasil, de acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca). A doença afeta mais homens do que mulheres. O empresário e apresentador Roberto Justus foi diagnosticado com este tipo de câncer recentemente. Justus revelou que um tumor maligno foi identificado precocemente em exames anuais de rotina e que fará sessões de quimioterapia de maneira preventiva.

 Segundo o Inca, homens brancos e de idade avançada são os grupos com maior probabilidade de desenvolver esse tipo de câncer. O tabagismo pode aumentar o risco e está associado à doença em 50 a 70% dos casos. A exposição a diversas substâncias químicas também está ligada ao desenvolvimento do câncer de bexiga. A detecção precoce do câncer possibilita maior chance de tratamento.

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O câncer de bexiga atinge as células que cobrem o órgão e pode ser classificado em três tipos, de acordo com o Inca: Carcinoma de células de transição, onde começa nas células do tecido mais interno da bexiga, representa a maior parte dos casos; Carcinoma de células escamosas, que afeta células que podem surgir no órgão após infecção ou irritação prolongada; Adenocarcinoma, onde se inicia nas células de secreção, que também podem se formar na bexiga depois de um longo tempo de irritação ou inflamação.  

FATORES DE RISCO

O câncer que começa nas células de transição pode se disseminar através do revestimento da bexiga, invadir a parede muscular e se espalhar até os órgãos próximos, transformando-se em um câncer invasivo, que pode ser mais grave. Já nos casos em que o câncer se encontra limitado ao tecido que reveste a bexiga, ele é considerado superficial. Além do tabagismo, a exposição a compostos químicos relacionada principalmente ao trabalho, como agricultura, construção, fundição e indústria, também pode favorecer o surgimento desse tipo de câncer.

As medidas de prevenção incluem evitar fumar e o tabagismo passivo, que é a inalação da fumaça de produtos derivados do tabaco por não fumantes em ambientes fechados. Além de não se expor aos derivados do petróleo, como por exemplo, tintas. Pacientes com este câncer podem apresentar sangue na urina, dor durante o ato de urinar, além da necessidade frequente combinada com a dificuldade de urinar.  

A apresentação pode ser de forma assintomática também, em alguns dos sinais. A identificação precoce do câncer permite ampliar as chances de tratamentos bem-sucedidos. A partir de sintomas sugestivos da doença, os pacientes podem ser submetidos a testes clínicos, laboratoriais ou radiológicos. Exames de urina e de imagem, como tomografia computadorizada e investigação interna da bexiga por vídeo, podem apontar o diagnóstico do câncer.

TRATAMENTO

O rastreamento, que consiste em exames periódicos em pessoas em sintomas, pode ser feito para aqueles que fazem parte de grupos com maior chance de ter a doença. O tratamento varia de acordo com o grau de evolução da doença, podendo executar cirurgias, quimioterapia e radioterapia.  

A probabilidade de cura depende de fatores como a extensão do câncer, idade e saúde geral do paciente. Entre as opções de cirurgia, estão o procedimento de remoção pela uretra, retirada de parte da bexiga, com posterior construção de uma nova bexiga para armazenamento da urina. A quimioterapia pode ser realizada a partir da ingestão de medicamentos, injetada na veia ou aplicada diretamente na bexiga por um tubo invasivo pela uretra. Já a radioterapia pode ser indicada em tumores mais agressivos, com o objetivo de buscar preservar a bexiga.  

A discussão sobre Cannabis medicinal e psiquiatria tem várias impropriedades, alertou, em entrevista à Agência Brasil, o diretor da Associação Psiquiátrica do Estado do Rio de Janeiro e filiado à Associação Brasileira de Psiquiatria, Marcelo Allevato. No caso da doença de Alzheimer, que é a forma mais comum de demência neurodegenerativa em pessoas de idade, por exemplo, Allevato descartou que haja relação com a Cannabis medicinal.

“É uma demência, e a Cannabis não tem possibilidade nenhuma de tratar demência. Pode tratar, teoricamente, algumas alterações de comportamento, mas não tem nenhuma evidência consistente disso ainda não. É só uma possibilidade.” 

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Segundo Allevato, existem muitas impropriedades sobre “medicamentos” à base de Cannabis. Ele disse que, de acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), existe apenas um medicamento à base de Cannabis, mas destacou que há produtos à base da planta, que são registrados com autorização provisória, com duração de cinco anos, que podem ser usados quando se esgotam todas as possibilidades terapêuticas disponíveis no mercado brasileiro. 

Tudo isso está englobado na Resolução da Diretoria Colegiada da Anvisa (RDC 327), que regula os produtos de Cannabis no Brasil. “Então, falar de medicamentos é impropriedade, demonstra desconhecimento do assunto. O que é triste é que muitos médicos desconhecem também e são presas fáceis de mensagens comerciais que não têm a menor consistência, na realidade”, advertiu o médico psiquiatra. 

Desenvolvido em várias fases, da concepção da ideia até os testes clínicos, e depois comercializado, o único medicamento à base de Cannabis existente no Brasil é o Mevatyl, liberado como adjuvante no tratamento de espasticidade na esclerose múltipla, causada por danos ou lesões na parte do sistema nervoso central (cérebro ou medula espinhal) que controla o movimento voluntário. “Este é o único medicamento à base de Cannabis existente no Brasil. Chamar produto à base de Cannabis de medicamento é uma impropriedade”, reiterou o médico.

  Confirmação

A assessoria de imprensa da Anvisa confirmou à Agência Brasil que, até o momento, o único medicamento à base de Cannabis registrado no Brasil tem o nome comercial de Mevatyl.

De acordo com a Anvisa, o Mevaty é um medicamento, pois passou pelos mesmos requisitos técnicos aplicados a todos os demais registrados na agência, o que envolve estudos clínicos e comprovação de segurança e eficácia, entre outras exigências. O Mevatyl foi registrado em 9 de janeiro de 2017 com indicação no tratamento sintomático da espasticidade moderada a grave relacionada à esclerose múltipla. 

Os demais itens regularizados pela Anvisa são categorizados tecnicamente como produtos derivados de Cannabis, um segmento específico criado em 2019 (Resolução RDC 327), que não tem indicação terapêutica específica e cuja análise de benefício deve ser feita pelo médico, de acordo com o caso de cada paciente. 

Segundo a Anvisa, os produtos derivados de Cannabis recebem autorização sanitária, e não registro, para que possam estar à disposição dos pacientes. “Ou seja, a indicação e a forma de uso dos produtos derivados de Cannabis são de responsabilidade do médico que assiste o paciente, que faz tal indicação a partir da avaliação de que seu paciente pode se beneficiar do tratamento, especialmente em casos para os quais não há opções terapêuticas disponíveis”. Atualmente, existem 20 produtos autorizados pela Anvisa. A lista completa pode ser consultada aqui. 

Sem liberação

Allevato afirmou que não há, em lugar algum do mundo, medicamento à base de Cannabis liberado para uso psiquiátrico. Legislações de alguns países permitem o uso de derivados da Cannabis em situações excepcionais, em algumas enfermidades. Isso ocorre, por exemplo, em Israel e na maioria dos estados norte-americanos. “Mas tudo dentro de um controle muito rígido, após se esgotarem as possibilidades terapêuticas”. 

O médico disse que, no Brasil, o que houve foi uma “tentativa de disseminar um uso que é completamente contrário ao que é preconizado. Na verdade, é disseminar um uso de maneira indiscriminada, ou seja, tenho ansiedade, vou tomar canabidiol”. O mesmo se aplica para depressão, insônia, Alzheimer, autismo. O médico sustentou que não há evidência científica sólida para isso. 

Ele admitiu, porém, que, em casos em que o paciente não responde a nada, o médico pode usar esses produtos. É o chamado uso compassivo. 

De acordo com o psiquiatra, uma corrente que defende os produtos derivados da maconha sustenta que a divulgação das supostas propriedades medicinais da Cannabis reduz a percepção de risco recreacional. Para ele, o uso recreativo da Cannabis implica riscos que têm sido cada vez mais avaliados, principalmente em pacientes vulneráveis geneticamente, ou que estão em janelas críticas do desenvolvimento. Nesses casos, a Cannabis pode levar ao desenvolvimento de psicoses, de dependência e gerar alterações no desenvolvimento cerebral, muitas das vezes irreversíveis. 

Momento complicado

Já a presidente da Associação Brasileira de Estudos de Álcool e Outras Drogas (Abead), Alessandra Diehl, destacou que o mundo vive hoje um momento complicado, em que interesses financeiros muitas vezes se sobrepõem ao interesse individual e coletivo. “Esse lobby de ter algo que funcione para tudo, para mim, já soa como um alerta. Como uma substância vai servir para tantas coisas ou tantas condições assim?”, questionou Alessandra, em entrevista à Agência Brasil. 

Alessandra disse que há uma desinformação crescente, porque se reforça que algo possa servir para tudo, quando, na verdade, sabe-se que tem apenas condições específicas em que existem evidências comprovadas. Não se trata, segundo a psiquiatra, da Cannabis medicinal em si, mas de um componente que seria o canabidiol (CBD). 

A psiquiatra ressaltou que o sistema do canabinoide precisa ser desvendado, porque aí pode estar o segredo do desenvolvimento de medicamentos, até para se saber um pouco mais de determinadas doenças. Segundo Alessandra, não se pode dizer que o canabidiol funciona para tudo, porque ele pulou o caminho do desenvolvimento dos fármacos, que tiveram que passar por regulações que lhe garantem condições de segurança, bioequivalência, biodisponibilidade, qualidade, dose terapêutica. 

Outra visão

Visão diferente tem o médico Nelson Goldenstein, do Instituto de Psiquiatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Goldenstein disse à Agência Brasil que ficou estarrecido com a resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM) que proíbe médicos de prescrever Cannabis in natura para uso medicinal, bem como quaisquer outros derivados que não o canabidiol. O CFM vedou também a prescrição de canabidiol para indicação terapêutica diversa da prevista na resolução, com exceção de estudos clínicos previamente autorizados pelo sistema formado pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa e Conselhos de Ética em Pesquisa. 

O psiquiatra afirmou, entretanto, que seguirá a resolução do CFM. Ele admitiu que o uso da Cannabis precisa de regulamentação, mas considerou que voltar no tempo é inadmissível. Goldenstein salientou que há descrições na literatura do uso medicinal da Cannabis na China e na Índia há cerca de 6 mil anos, descrevendo a planta com efeito medicinal polivalente, benéfico e terapêutico para várias condições. 

Tais efeitos foram confirmados no século 19 por médicos da Rainha Vitória, em expedições realizadas nas colônias do Reino Unido, cujas publicações comprovaram o uso terapêutico e polivalente da Cannabis no tratamento de problemas como epilepsia, ansiedade e insônia. Até o início do século 20, não havia proibição alguma para o uso de Cannabis, disse Goldenstein. As farmácias de manipulação, inclusive no Brasil, preparavam as fórmulas prescritas pelos médicos à base de Cannabis. Segundo o médico, o laboratório Lille, dos Estados Unidos, vendia na década de 1920 uma tintura de Cannabis para asma brônquica, diminuição da pressão arterial, insônia e ansiedade. 

Goldenstein destacou que, em 1960, Raphael Mechoulam e sua equipe descreveram os até então inéditos canabidiol e tetrahidrocanabinol (THC), abrindo espaço para que pesquisadores americanos identificassem o sistema endocanabinoide (SEC) na década de 1990. O SEC é considerado um importante aliado da regulação e do equilíbrio de uma série de processos fisiológicos no corpo humano. O sistema oferece as condições naturais para que o organismo se beneficie das propriedades terapêuticas da Cannabis no enfrentamento de uma série de doenças. 

O psiquiatra ressaltou que os perigos do uso indiscriminado e em doses elevadas da maconha já eram falados pelos chineses 3.700 anos A.C. (Antes de Cristo), portanto há 6 mil anos. É um risco que existe também com a anfetamina e a morfina, entre outras substâncias. Para Goldenstein, ser contra evidências de 6 mil anos “é desconhecimento”, o mesmo ocorrendo em relação a estudos efetuados desde os anos de 1960, que atestam o uso polivalente e medicinal da Cannabis.

O Senado Federal aprovou, nesta segunda-feira (29), em votação simbólica, um projeto de lei que obriga planos de saúde a cobrir tratamentos que estão fora da lista obrigatória de procedimentos estabelecida pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), o chamado rol taxativo.

O texto que prevê o fim do rol taxativo da ANS já havia sido aprovado pela Câmara dos Deputados no início do mês. O projeto vai agora para sanção ou veto do presidente Jair Bolsonaro.

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O PL 2033 estabelece que a cobertura de tratamentos prescritos e que não estejam no rol da ANS deverá ser autorizada pela operadora de planos de assistência à saúde, se houver comprovação da eficácia, recomendações pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec) ou recomendação de, no mínimo, um órgão de avaliação de tecnologias em saúde com renome internacional, desde que aprovados também no Brasil.

Se sancionada, a mudança afeta os cerca de 49 milhões de brasileiros que contam com planos de assistência médica.

O projeto de lei foi pautado no Congresso após uma decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ), de junho deste ano, que restringia a cobertura de planos de saúde. Naquela época, os ministros do STJ definiram que a natureza do rol da ANS era taxativa, o que desobrigava empresas de cobrir pedidos médicos que estivessem fora da lista.

No Senado, o texto teve relatoria do senador Romário (PL-RJ), que afirmou que seu parecer seria para derrubar a decisão do STJ.

A aprovação do projeto de lei foi comemorada por entidades de defesa de pacientes e grupos de mães presentes no Senado.

A realidade virtual, embora tenha seus primórdios por volta dos anos 1930, ganhou mais visibilidade a partir de 2010, impulsionada principalmente pela chegada dos óculos virtuais e os jogos de videogames, que êm conquistando espaço. Atualmente é utilizada por diversos segmentos, entre eles a saúde mental, apoiada em ferramentas como games, produções cinematográficas, marketing e educação. A psicóloga Juliane Haddad, utiliza a realidade virtual para tratamentos de fobias e ansiedade em geral.  

A psicoterapeuta utiliza a ferramenta no tratamento de pacientes com fobias e comenta quais são os casos mais comuns em seu consultório. “Uma das fobias mais comuns, é a de avião. Acredito que entre todas, ela acaba sendo uma das mais limitadoras, pois pode impedir, por exemplo, que a pessoa tenha uma promoção no emprego, ou faça uma viagem de férias com a família, por não conseguir entrar em um avião.Além disso, há outras fobias como: a de animais, altura, elevador, social – que podem impedir a pessoa de falar em público ou até mesmo de fazer uma refeição em uma praça de alimentação, e temos ainda a fobia de procedimentos médicos, que também é muito comum”, esclareceu Haddad.  

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A psicoterapeuta também explicou que disponibiliza em seu consultório uma plataforma de realidade virtual como uma das alternativas para tratar os pacientes que sofrem com essas fobias. Trata-se de um recurso que permite a aplicação da técnica de exposição gradual, onde ela expõe o paciente à “situação” da qual ele teme, fazendo com que aos poucos ele se acostume e aprenda a controlar suas emoções em relação ao que até então, ele temia.

“Essa é só uma das técnicas para tratamentos de fobias, e no meu caso, porque tem alguns profissionais que já expõe logo no início, faço uma exposição gradual. O paciente vivencia dentro do consultório a situação que lhe gera medo e ansiedade. Ele se vê dentro do avião e fazendo todos os passos: entrando no aeroporto, fazendo check-in, entrando na aeronave, nós vamos trabalhando passo a passo”, explicou Juliane.  

 

Após a recente decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) sobre quais tratamentos os planos de saúde são obrigados a ofertar, a reação de diversos senadores foi imediata e incisiva contra o chamado rol taxativo para cobertura dos planos de saúde. 

Com a decisão do STJ, planos de saúde passam a cobrir apenas os tratamentos que estão na lista da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Isso ameaça a manutenção de vários tratamentos de pacientes. Senadores da base do governo e da oposição acabaram se unindo contra a decisão; eles defendem que a lista da ANS seja apenas exemplificativa. 

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A senadora Zenaide Maia (Pros-RN) foi uma das primeiras a reagir, condenando a medida ao discursar no Plenário do Senado no mesmo dia em que houve a decisão do STJ, 8 de junho.

A senadora Mara Gabrilli (PSDB-SP) também criticou a mudança. "Essa perda absurda que a gente teve acaba afetando não só milhares de pessoas com deficiência no país, mas também as pessoas com autismo, as pessoas com doenças raras e ainda as pessoas com outras doenças crônicas. Todos esses cidadãos correm o risco de terem suas terapias excluídas da cobertura dos planos. Essas pessoas ficarão desamparadas, assim como muitos outros pacientes que estão em tratamento por doenças graves, como câncer ou doenças degenerativas. Falamos de recursos para os brasileiros se manterem vivos. Imagine o impacto direto na vida de milhões de famílias, que já se desdobram para arcar com o alto custo de um plano de saúde no nosso país. Quando a gente fala que o rol taxativo mata, não é um exagero. Essa decisão afeta, sim, a vida de muita gente", afirmou Mara Gabrilli em Plenário, também em 8 de junho. 

O senador Jean Paul Prates (PT-RN) ressaltou que, agora, os convênios serão obrigados a cobrir apenas os procedimentos listados pela ANS. Antes, a lista era considerada como guia, e os pacientes conseguiam tratamentos fora da lista recorrendo à Justiça. Ele acredita que a questão vai acabar sendo decidida pelo Supremo Tribunal Federal (STF). “Com a mudança, se não está no rol listado, não terá cobertura dos planos de saúde. E essa deve ser a orientação a todas as instâncias da Justiça, retirando a possibilidade de pacientes conseguirem os procedimentos mesmo judicializando a causa”, resumiu Jean Paul. 

Por sua vez, o senador Eduardo Girão (Podemos-CE) se disse supreso com a decisão do STJ, que, segundo ele, “favorece os poderosos planos de saúde penalizando quem tem deficiência e doenças raras”. 

Já a senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA) afirmou que a mudança vai prejudicar “milhares de famílias que eram beneficiadas por tratamentos de saúde que não constavam no rol de tratamentos da ANS. Uma decisão difícil de aceitar e que gera muita insegurança aos usuários de planos de saúde. Lamentável!”. Os senadores Alvaro Dias (Podemos-PR) e Paulo Paim (PT-RS) divulgaram declarações no mesmo sentido. 

Projetos de lei

O senador Fabiano Contarato (PT-ES) também reagiu imediamente à decisão do STJ: no dia 8 de junho ele protocolou o PL 1.557/2022. Esse projeto de lei determina que a lista da ANS será “referência básica mínima para cobertura assistencial pelos planos de saúde''.

Pelo Twitter, Contarato disse que “não podemos permitir que a população seja prejudicada em prol do lucro dos planos de saúde! Protocolei PL [projeto de lei] que garante que o rol de procedimentos e medicamentos previsto pela ANS seja apenas uma referência mínima, explicativa, e não uma lista taxativa! Quem paga tem direito ao tratamento adequado, e não são os planos de saúde que devem definir isso, mas um corpo médico qualificado!”. 

Até agora, outros oito projetos de lei foram apresentados por senadores e senadoras, todos na mesma linha: impedir que a lista de doenças da Agência Nacional de Saúde Suplementar seja taxativa. Pelas redes sociais, as reações dos parlamentares se avolumaram, unindo governistas, oposicionistas e independentes. Há também projetos mais antigos que tratam do tema. 

O senador Romário (PL-RJ) afirmou que a decisão do STJ “poderá custar a vida de muitas pessoas, além de todo o imenso impacto negativo que milhares de pacientes e suas famílias vão enfrentar ao terem suas terapias e medicações suspensas”. Para ele, trata-se de “um verdadeiro retrocesso na garantia dos direitos da população brasileira”. Romário apresentou o PL 1.575/2022, projeto de lei que garante a cobertura de tratamentos que não estejam na lista na ANS. 

“Deixar a decisão sobre a saúde das pessoas nas mãos de empresas é totalmente inaceitável. São os médicos, terapeutas e demais profissionais da saúde que precisam decidir e recomendar o que é melhor para cada um dos pacientes.

Aos planos de saúde cabe o cumprimento das recomendações e a cobertura dos procedimentos indicados pelo médico que acompanha o beneficiário, mesmo que não previstos no rol, desde que haja fundamentação técnica”, acrescentou Romário. 

O senador Paulo Rocha (PT-PA) também criticou a mudança: “Mais dinheiro para os bilionários. Luis Felipe Salomão, Villas Bôas Cueva, Raul Araújo, Marco Buzzi, Marco Aurélio Bellizze e  Isabel Gallotti, ministros do STJ, acabaram de aprovar a farra dos convênicos médicos. Um absurdo! O lucro acima da vida”. 

Ao lamentar a decisão do STJ, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) disse que o “lobby dos planos de saúde” vai prejudicar mais de oito milhões de brasileiros. Ele defendeu a aprovação do PL 396/2022, apresentado por ele no começo do ano, que estabelece que o rol da ANS não é taxativo e que os planos de saúde são obrigados a cobrir procedimentos, medicamentos e eventos "necessários à melhor atenção à saúde do consumidor ou beneficiário”. O senador Paulo Paim (PT-RS), que também criticou a decisão do STJ, apresentou o PL 1.594/2022, projeto de lei que acaba com o rol taxativo. 

Por sua vez, o senador Jorge Kajuru (Podemos-GO) apontou vários caminhos para resolver o problema sem prejudicar a população: “É preciso mudar a decisão do STJ que isenta planos de saúde de pagar por tratamentos que não constam da lista da ANS. Cabe recurso ao Supremo Tribunal Federal (STF), cabe projeto no Senado, cabe pedir à ANS a atualização da lista de procedimentos. Lutar pela saúde é lutar por justiça”. Ele apresentou o PL 1.579/2022, projeto de lei que, entre outros objetivos, proíbe a imposição de limites para a cobertura de tratamento multidisciplinar. 

Outro senador a protocolar um projeto de lei foi Eduardo Girão (Podemos-CE). Ele apresentou o PL 1.592/2022, que prevê que a lista da Agência Nacional de Saúde Suplementar será “referência mínima para a cobertura assistencial dos planos de saúde”. 

Também pelas redes sociais, o senador Mecias de Jesus (Republicanos-RR) manifestou-se contrário ao rol taxativo de procedimentos. Ele apresentou o PL 1.570/2022, projeto de lei que garante a ampliação da cobertura dos planos quando necessário, mesmo quando o tratamento não estiver na lista da ANS. 

Já o PL 1.571/2022, projeto de lei apresentado pelo senador Rogério Carvalho (PT-SE), determina que o rol de procedimentos e eventos em saúde editado pela ANS terá “caráter exemplificativo”. Com o mesmo propósito foram apresentados o PL 1.585/2022, da senadora Rose de Freitas (MDB-ES), e o PL 1.590/2022, do senador Flávio Arns (Podemos-PR).  Fonte: Agência Senado

Mais de dois anos após o início da pandemia de Covid-19 existem vários tratamentos contra a doença, mas o uso das pílulas e injeções enfrenta vários limites.

- Pacientes de alto risco -

Apesar da diminuição dos números da Covid-19 na maioria dois países, os medicamentos podem - ao lado das vacinas - fazer a diferença para os pacientes de alto risco.

Os tratamentos, para prevenir e curar, também podem ser essenciais para pessoas nas quais a vacina é pouco ou nada eficaz, como os imunodeprimidos, ou para as pessoas que apresentam risco elevado de desenvolver formas graves da doença, incluindo os idosos.

"Porém, no momento, estes medicamentos são utilizados de maneira insuficiente, como demonstram o número de mortes pela pandemia", lamenta Antoine Flahault, diretor do Instituto de Saúde Global e professor na Faculdade de Medicina de Genebra.

- Pílulas -

A primeira categoria de tratamento é composta por pílulas antivirais que atuam diretamente no vírus, para impedir sua multiplicação.

Contra a covid, o comprimido mais desenvolvido é o Paxlovid da Pfizer. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendou há uma semana privilegiar seu uso em relação a outros tratamentos, em especial a pílula do grupo MSD, molnupiravir, que é menos eficaz.

A China aprovou em fevereiro o uso do Paxlovid. Uma boa notícia para a Pfizer, que espera produzir 120 milhões de doses este ano.

Nos Estados Unidos, o governo de Joe Biden adotou medidas para garantir o acesso às pílulas anticovid.

A vice-presidente Kamala Harris, que testou positivo para covid na terça-feira, está tomando o comprimido da Pfizer.

Mas os especialistas destacam alguns inconvenientes, como a corrida contra o tempo para administrar o remédio. O ideal é tomar a pílula menos de cinco dias depois dos primeiros sintomas, que devem ser confirmados por um teste.

Alguns medicamentos, começando pelo Paxlovid, também são "delicados" para o uso, por causa das "várias interações com outros medicamentos", explica Antoine Flahault.

Outro problema é que algumas variantes, como a ômicron, podem reduzir sua eficácia.

- Anticorpos -

A segunda grande categoria são os anticorpos monoclonais, que devem ser administrados por via intravenosa ou injeção no hospital. Isto pode reduzir o risco de hospitalização e morte em até 80%.

Estes tratamentos são utilizados de duas maneiras, dependendo da medicação escolhida. Podem ser usados preventivamente em pessoas que não podem ser vacinadas ou são administrados em pacientes hospitalizados para evitar a complicação do quadro.

Os principais são o Evusheld do laboratório anglo-sueco AstraZeneca e o Ronapreve da farmacêutica suíça Roche, ambos usados preventivamente, embora o segundo composto também seja curativo.

Os prazos de administração também são curtos. E muitos biomedicamentos perdem eficácia com as diferentes variantes do vírus.

- Países pobres -

Assim como acontece com as vacinas, o acesso aos medicamentos anticovid é muito desigual entre países pobres e países ricos. Aqui também acontece um debate sobre a quebra de patentes.

No ano passado, Pfizer e MSD anunciaram acordos de patentes com a mediação da ONU, o que permite produzir uma versão genérica e mais barata de suas pílulas. Acordos foram assinados com 35 fabricantes de genéricos na Europa, Ásia e América Latina para a produção do Paxlovid e distribuição em 95 países pobres.

Mas a OMS se declarou muito preocupada com o fato de que os países mais pobres continuem com dificuldades de acesso ao Paxlovid.

Ao mesmo tempo, as ONGs prosseguem em sua batalha. "À medida que aparecem novos tratamentos, seria desumano que não estivessem disponíveis nos locais em que os recursos são mais limitados, simplesmente porque estão patenteados e são muito caros", advertiu no início do ano Márcio da Fonseca, conselheiro da organização Médicos Sem Fronteiras (MSF)

Discreto, silencioso, de difícil detecção precoce e com sintomas que podem ser confundidos com os de outras doenças. Assim é o câncer de ovário, a segunda neoplasia que mais acomete o sistema reprodutor feminino, atrás apenas do câncer de colo do útero.

O câncer, ou neoplasia, é caracterizado pelo crescimento desordenado de células que invadem tecidos ou órgãos próximos ou mesmo distantes, formando tumores. No caso do ovário, 95% dos casos têm origem nas células epiteliais, que são as que revestem o órgão. Os outros 5% podem ocorrer nas células germinativas, aquelas que formam os óvulos, ou nas células estromais, as que produzem os hormônios femininos.

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De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), a estimativa é que em 2020 foram registrados 6.650 novos casos de câncer de ovário no país, o que representa 3% das neoplasias detectadas em mulheres. Os dados de 2019 indicam 4.123 mortes decorrentes da doença naquele ano.

Os fatores de risco para o câncer de ovário incluem o avanço da idade, a infertilidade, a primeira menstruação precoce, antes dos 12 anos, e a menopausa tardia, após os 52 anos. Também devem ser considerados o histórico familiar de neoplasias de ovário, colorretal e de mama, excesso de peso corporal e os fatores genéticos de mutações em genes como BRCA1 e BRCA2.

Por outro lado, o risco de câncer de ovário é reduzido nas mulheres que tomam contraceptivos orais e nas que tiveram vários filhos. Não há prevenção para a doença, mas é recomendado às mulheres que tenham fatores de risco manter o peso corporal saudável e consultar o médico com regularidade, sendo ainda mais importante a partir dos 50 anos.

O exame preventivo ginecológico, chamado de papanicolaou, não detecta o câncer de ovário, pois ele é específico para o câncer do colo do útero. A detecção precoce do câncer de ovário é feita por meio de investigação com exames clínicos, laboratoriais ou radiológicos, que devem ser feitos nas mulheres com sinais e sintomas sugestivos ou nas que integram os grupos com maior chance de desenvolver a doença.

Geralmente não ocorre o diagnóstico precoce do câncer de ovário, já que ele não apresenta sintomas iniciais específicos. Quando o tumor cresce, ele pode causar pressão e provocar dor ou inchaço abdominal, na pelve, nas costas ou nas pernas. Nas fases mais avançadas da doença, também pode causar náusea, indigestão, perda de apetite e de peso, gases, prisão de ventre ou diarreia e cansaço constante.

O tratamento é feito com cirurgia ou quimioterapia, de acordo com o tipo histológico do tumor, ou seja, qual tipo de célula foi afetada. Também influenciam no tratamento adotado a extensão da doença, a idade e as condições clínicas da paciente, bem como se o tumor é inicial ou recorrente.

A Europa colocou em andamento um teste clínico de quatro tratamentos experimentais contra o novo coronavírus, reunindo 3.200 pacientes de vários países do continente.

Seguem abaixo alguns elementos-chave desta pesquisa contra a Covid-19, doença para a qual ainda não existe tratamento:

Metodologia

O teste, batizado de Discovery, incluirá 3.200 pacientes de Alemanha, Bélgica, Espanha, França, Holanda, Luxemburgo e Reino Unido, e, talvez, de outros países.

Cada paciente receberá um dos quatro tratamentos terapêuticos de forma aleatória, distribuídos mediante uma operação de informática, de forma que não são os médicos que escolhem. "Isto nos permite definir a amostra do teste", explica a médica Florence Ader, infectologista no hospital da Cruz Vermelha do Centro Hospitalar Universitário (CHU), que comanda o projeto.

Pacientes envolvidos

No caso da França, por exemplo, o teste clínico será aplicado em 800 pacientes internados no setores de doenças infecciosas e reanimação. Tratam-se de pessoas que apresentam sintomas respiratórios, principalmente pneumonia, e/ou com necessidade de fornecimento de oxigênio, segundo Florence.

O tratamento começou rapidamente para estes pacientes, uma vez que "os prazos parecem ser um fator importante nesta doença", assinala a especialista.

Quanto mais se avança na Covid-19, a presença do vírus passa a ser menos importante, motivo pelo qual, "se queremos obter um efeito antiviral com uma molécula, temos que administrá-la muito cedo", explica Bruno Lina, professor de virologia no CHU de Lyon.

As moléculas em teste

As moléculas devem aliar dois efeitos: eficácia e tolerância.

- O remdesivir:

É um antiviral concebido inicialmente para o vírus ebola, mas "com um raio de ação mais amplo, uma vez que interage com outros vírus e é, sobretudo, capaz de bloquear a reprodução deste novo coronavírus", detalha Lina. "Esperamos muito desta molécula, uma vez que os primeiros resultados in vitro foram muito bons", comenta.

- O lopinavir combinado com o ritonavir:

Trata-se da "reciclagem" de um medicamento contra o HIV, que "consiste em bloquear a reprodução do vírus", segundo o pesquisador. "Percebemos que, no tubo de ensaio, funciona."

A combinação já foi testada na China, mas com resultados mitigados, principalmente porque muitos pacientes "foram incluídos tardiamente, até mesmo depois do 10º dia de doença", segundo Lina. O teste Discovery será, portanto, complementar.

- A mesma combinação lopinavir/ritonavir, associada ao interferon-beta:

Esta associação é considerada interessante, uma vez que a Covid-19 compreende duas fases: uma "para a qual acreditamos que os antivirais podem ter um efeito importante", e outra "com uma síndrome inflamatória que pode gerar degradações em nível pulmonar, e esperamos que o interferon bloqueie este processo inflamatório", explicou o virologista.

- A hidroxicloroquina:

Este medicamento, semelhante à cloroquina, não estava previsto, a princípio. Foi incluído a pedido da OMS e do governo francês.

"Pareceu lógico para nós acrescentá-lo, uma vez que nos proporcionaram dados recentes, principalmente um estudo chinês de 9 de março publicado na revista de infectologia mais importante dos Estados Unidos, com argumentos de peso", explica Florence Ader.

Por que a hidroxicloroquina, em vez da cloroquina? As duas moléculas agem da mesma forma, mas a primeira apresenta menos riscos de toxicidade, segundo Lina.

Prazos

Os primeiros tratamentos na França começaram no domingo, no hospital Bichat de Paris e no CHU Lyon. A escolha dos hospitais é feita "em função do mapa da epidemia". Em outros países, "dependerá da capacidade dos mesmos de realizar seus respectivos testes", diz Florence Ader. A primeira avaliação clínica ocorrerá no 15º dia de tratamento. "Nas próximas semanas, começaremos a ter os primeiros resultados.

Em caso de sucesso

No momento em que um teste "mostrar a superioridade de um dos quatro diagramas terapêuticos, poderemos propor aos órgãos reguladores o seu uso", explicam os especialistas. O tratamento poderá, então, ser liberado "muito rapidamente, levando em conta que estamos em situação de carência terapêutica", assinalam, pedindo, no entanto, cautela, uma vez que "ainda não se conhecem os efeitos" destes tratamentos.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendou nesta terça-feira novos tratamentos adaptados para infecções de transmissão sexual (ITS) comuns, ante a "ameaça crescente" da resistência aos antibióticos.

Em um comunicado publicado em Genebra, a OMS se referiu especificamente a clamídia, gonorreia e sífilis, que em geral são curadas com antibióticos mas são "cada vez mais difíceis de tratar", porque alguns desses medicamentos perdem eficácia "pelo uso indevido ou excessivo".

A OMS calcula que a cada ano 131 milhões de pessoas contraem clamídia, 78 milhões gonorreia e 5,6 milhões sífilis.

Entre essas três, a gonorreia é a mais resistente aos antibióticos, adverte o documento, acrescentando que algumas das cepas das suas bactérias são "multirresistentes" e "não reagem a nenhum dos antibióticos existentes".

As bactérias que provocam a clamídia e a sífilis também resistem aos antibióticos, acrescenta o comunicado.

"A clamídia, a gonorreia e a sífilis são grandes problemas de saúde pública no mundo todo, que afetam a qualidade de vida de milhões de pessoas e causam patologias graves e até mesmo a morte", afirma o diretor do Departamento de Saúde Reprodutiva da OMS, Ian Askew.

A OMS "reitera a necessidade de tratar estas ITS com os antibióticos adequados, nas doses corretas e no momento oportuno a fim de reduzir sua propagação e melhorar a saúde sexual e reprodutiva", destaca Askew.

Se essas doenças não são diagnosticadas nem tratadas, "podem provocar graves complicações e problemas de saúde a longo prazo para as mulheres, como doença inflamatória pélvica, gravidez ectópica e aborto", afirma o documento.

Da mesma forma, "a gonorreia e a clamídia podem provocar infertilidade tanto em homens quanto em mulheres", acrescenta.

Essas doenças "também podem duplicar ou triplicar o risco de uma pessoa se infectar com HIV. Uma ITS não tratada durante a gravidez aumenta o risco de mortinatalidade e de morte neonatal", conclui a OMS.

O ministro da Saúde, Ricardo Barros (PP-PR), voltou a afirmar nesta quinta-feira, 19, em visita à Feira Hospitalar, em São Paulo, que não mexerá na estrutura do Sistema Único de Saúde (SUS) e manterá o acesso universal a tratamentos. No início da semana, ele havia dito, em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, que não há recursos para "sustentar o nível de direitos que a Constituição determina".

Em visita à Feira Hospitalar, ele negou que vá reduzir o tamanho do sistema público. "Eu não falei sobre o tamanho do SUS, eu falei sobre Previdência. Essa é uma polêmica desnecessária. O SUS é um direito do cidadão, garantia absoluta", disse ele. Barros afirmou que pretende buscar a eficiência em sua gestão a frente do ministério para poder "fazer mais com menos recursos".

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"Vim aqui visitar à Hospitalar porque quero tratar a saúde pública com gestão de qualidade, com as melhores marcas, buscar alcançar, na saúde pública, o mais próximo dos índices de desempenho que temos na rede privada", declarou.

Irritado com as questões sobre uma possível redução do SUS, Barros finalizou rapidamente a entrevista coletiva e se negou a responder perguntas sobre estrutura do ministério e chamada "pílula do câncer".

Corpos mutilados, membros dilacerados e ferros cravados na carne: os médicos que desde terça-feira tratam as vítimas dos ataques em Bruxelas enfrentam uma verdadeira "medicina de guerra".

"São ferimentos de guerra, membros arrancados, fraturas, traumatismo craniano, queimaduras", explica Jacques Creteur, chefe do setor de cuidados intensivos do hospital Erasme de Bruxelas, onde são tratados 16 vítimas dos ataques de terça-feira no aeroporto e metrô da capital belga.

"O mais difícil é que todos eles são vítimas inocentes", diz.

Três pacientes lutavam nesta quarta-feira entre a vida e a morte neste hospital, um dos muitos que cuida das vítimas. O último balanço oficial é de 31 mortos e 270 feridos, muitos deles gravemente.

"Tivemos pacientes que chegaram com membros mutilados, impactos de detritos ou estilhaços de vidro que voaram de uma bomba ou de objetos que explodiram", explica Creteur.

A consequência destas lesões é que, para salvar as vítimas, é preciso praticar uma medicina mais comum a um campo de batalha do que a uma cidade europeia como Bruxelas.

"Em muitos pacientes tivemos que aplicar o que chamamos de 'controle de danos', que pode significar uma primeira operação para parar uma hemorragia, ou, no caso de um membro completamente destruído, uma operação para colocá-lo simplesmente no lugar, nada mais", explica o médico.

Nos pacientes mais graves, tentar curar muitas lesões em uma única operação é muito arriscado, porque a perda de sangue ou complicações podem colocar suas vidas em perigo.

Os médicos preferem estabilizar os pacientes neste primeiro momento de tratamento. "Trata-se de cirurgia de guerra, nas forças armadas os médicos são especialistas em controle de danos", diz Creteur.

Para complicar ainda mais a situação, o efeito sobre o corpo humano de uma explosão dessa magnitude pode ter consequências que não são detectadas no início. Este é o caso da onda de choque, o que pode afetar o cérebro, pulmões ou intestinos.

Corrida contra o relógio

Encontrar as lesões é uma corrida contra o relógio para os médicos, que recorrem a exames de corpo inteiro para detectar danos antes que seja tarde demais.

Ao mesmo tempo, para as vítimas mais graves, sobreviver é apenas o primeiro passo, porque as consequências podem ser sentidas para toda a vida, dizem os médicos.

Em muitos casos, vão precisar de anos fazendo reabilitação. Adicionado a isso, há o risco de depressão e estresse pós-traumático depois de viver um ataque, o que por vezes impede as vítimas de estar em um lugar com muitas pessoas ou entrar em um trem, por exemplo.

No hospital Erasme, os médicos já receberam casos graves -como acidentes de carro, explosões de gás - mas nunca envolvendo tantas vítimas ao mesmo tempo, com todo o impacto emocional que isso implica.

Christian Melot, o chefe do setor de emergência do Erasme, explica um dos casos que mais o marcou: o de um homem jovem com ferimentos graves que chegou ao hospital.

Naquele dia, sua mãe lhe telefonou para dizer que havia ocorrido um ataque no aeroporto e que não pegasse o metrô. "E ele disse 'mas isso aconteceu em Zaventem, não tem nada a ver com o metrô'. Então ele pegou o metrô e foi ferido na explosão na estação de Maalbeek", relatou Melot.

"Um conjunto de circunstâncias realmente incrível, mas infelizmente foi o que aconteceu", lamentou.

O sal, e não apenas o açúcar, desempenha um papel na diabetes - é o que dizem pesquisadores franceses que chegaram a esta conclusão após trabalharem com cirurgia para obesidade. No estudo, que acaba de ser publicado na revista médica norte-americana Cell Metabolism, os pesquisadores estimam que a descoberta pode levar a novas medidas de prevenção.

"Medidas nutricionais simples, como a diminuição da ingestão simultânea de sal e açúcar poderiam prevenir ou tratar a diabetes tipo 2 (a mais frequente)", escrevem os autores, evocando também a possibilidade de novos tratamentos. Eles chegaram a esta conclusão estudando porcos anões que passaram por uma cirurgia de obesidade do tipo bypass, que consiste em modificar o circuito alimentar ao dar um curto-circuito numa parte do estômago e do intestino.

Mais de 200.000 pacientes que sofrem com a obesidade foram operados nestes últimos anos na França, com resultados frequentemente positivos em termos de perda de peso, mas também no que diz respeito à diabetes, uma doença bastante associada à obesidade. "Nos perguntamos por que o bypass tinha um impacto tão positivo sobre a diabetes, com uma baixa espetacular da glicemia (taxa de açúcar no sangue) muito rápida, antes mesmo de qualquer perda de peso", explicou à AFP François Pattou, principal autor do estudo.

A pesquisa sobre os porcos anões - cuja alimentação parece com a dos seres humanos - permitiu mostrar que a absorção global de glicose pelo organismo ficou reduzida quando passou a ser absorvida apenas pela parte baixa do intestino, como ocorreu nos porcos operados, e não na parte alta, como nos porcos não operados. O sal é necessário para a absorção da glicose.

A operação empurrar o momento em que a bílis, que tem um elevado teor de sal, junta-se o bolo alimentar, "diminuímos assim a absorção da glicose", explica Pattou, cirurgião e pesquisador do Inserm em Lille. Para confirmar o papel do sal, os pesquisadores deram em seguida grandes quantidades aos porcos anões e observaram um aumento da glicemia após as refeições.

Para Pattou, estes resultados confirmam a influência do sal na alimentação sobre a elevação da glicemia, já sugerida por um estudo israelense publicado há alguns meses. No estudo, o conteúdo de sal vinha em quarto lugar nos critérios que influenciam a elevação da glicemia, atrás do conteúdo de açúcar das refeições, do fato de ser diabético e da hora das refeições (a glicemia aumentando mais após as refeições da noite).

As olheiras são marcas que incomodam homens e mulheres em todo o mundo. Mas, atualmente, o problema facial tem opções de tratamento e também de prevenção. A dermatologista Marina Barletta afirma que entre os fatores que podem causas as olheiras estão o estresse e o cansaço.

Marina detalha ainda que os tratamentos devem ser individualizados e entre as opções existem trabalhos com preenchimentos, laser e até clareadores. Ela ainda dá dicas de como previnir as olheiras. Confira os detalhes no vídeo:

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