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Grande parte dos brasileiros com esquema vacinal incompleto continua com medos associados à covid-19, mostra levantamento feito com 1.840 adultos, de 18 a 59 anos de idade, que tomaram até três doses das vacinas contra a doença. De acordo com a pesquisa “Covid-19 hoje: por que a população não vacinada ainda hesita em se proteger?”, o surgimento de novas variantes é o principal medo manifestado pelos entrevistados (48% das respostas). O medo é mais acentuado nas mulheres (28%) e nos mais jovens de 18 a 24 anos (28%). O menor percentual está entre os mais velhos, de 45 a 59 anos (19%), no Rio de Janeiro (15%).

Vinte por cento do total dos entrevistados acreditam que o “pior já passou”, mas consideram que as vacinas podem proteger caso haja nova onda de covid-19. Somente 15% afirmam que a pandemia já terminou e que não têm medo de se contaminar.

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O levantamento de âmbito nacional, feito em 106 cidades, com recortes no Pará, na Bahia, em São Paulo, no Rio de Janeiro, em Santa Catarina e no Distrito Federal, foi coordenado pelo Instituto Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica (Ipec) a pedido da Pfizer. Ele inclui pessoas que não completaram o esquema vacinal contra a covid-19 até o momento, ou seja, não tomaram todas as doses recomendadas para sua faixa etária. Os resultados contemplam dois subgrupos na amostra, envolvendo pessoas com filhos e sem filhos, buscando diferentes percepções sobre vacinação de adultos e crianças.

Para o vice-presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) e professor na Faculdade de Medicina da Universidade Estadual Paulista (Unesp), Alexandre Naime Barbosa, a preocupação em relação às variantes do SARS-CoV2 é legítima. Isso se explica porque o vírus tem o potencial de sofrer mutações com alta frequência, o que geralmente acontece quando é transmitido de uma pessoa para outra, dando origem a uma variante do vírus original. Segundo Naime Barbosa, algumas variantes se disseminam mais rapidamente do que outras, o que pode levar ao aumento de casos e agravamentos ligados à doença. “Essa é uma situação preocupante, especialmente em períodos de maior aglomeração de pessoas, o que inclui as festividades de fim de ano”, destacou o infectologista.

Importância

A sondagem revela que mesmo quem não está com o esquema vacinal completo acredita que as vacinas contra a covid-19 são importantes para proteger os adultos (86%) e as crianças (82%) e também são seguras para adultos (78%) e crianças (75%). Somente 7% das pessoas não confiam nas vacinas contra a doença, consideram que elas são pouco ou nada importantes e, inclusive, as classificam como inseguras em algum nível para os adultos.

Na avaliação da diretora médica da Pfizer Brasil, Adriana Ribeiro, a imunização continua a ser a principal forma de prevenção contra casos graves de covid-19, contribuindo para reduzir o risco de morte e o número de hospitalizações. “Não podemos esquecer que mais de 700 mil pessoas morreram no Brasil por causa da doença até o momento e que, desde o início das campanhas de vacinação, a mortalidade começou a diminuir drasticamente na população em geral”. Adriana destacou que apesar de a Organização Mundial da Saúde (OMS) ter decretado o fim da emergência de saúde pública para a covid-19, é importante que se mantenha a prevenção, tendo em vista que a doença segue causando internações e óbitos, com mais de 13 mil mortes apenas neste ano.

Um eventual retorno da pandemia ou aumento de casos constituiria o principal fator para levar os adultos a completar a carteira vacinal (25% das respostas), seguido do tempo disponível (14%) e da obrigatoriedade (11%). Confiança na eficácia ou segurança das vacinas aparece em quarto lugar, junto com dificuldade de acesso (7% cada). Por outro lado, 20% garantem que nada os levaria a completar o esquema vacinal. De modo geral, os consultados que rejeitam completar o ciclo vacinal contra covid-19 são menos instruídos, têm menor renda familiar e pertencem ao sexo masculino.

Entretanto, 72% dos entrevistados disseram que vão se vacinar imediatamente, caso surja nova onda da doença. De acordo com a pesquisa, 45% das pessoas com esquema vacinal incompleto têm consciência de que não estão totalmente protegidas. Trinta e dois por cento afirmam não ter conseguido tomar todas as doses e 13% explicaram que, “como a pandemia acabou”, deixaram de se preocupar com isso.

Crianças

Cerca de metade da amostra tem filhos com mais de seis meses até 17 anos ou é responsável por alguém nessa faixa etária. Em relação à vacinação infantil, revelaram que a maioria dos filhos (59%) tomou pelo menos uma dose da vacina contra covid-19. Entre os principais motivos para não completar o esquema vacinal dos filhos estão o medo de possíveis reações que a vacina poderia causar, como febre alta, calafrios, entre outros efeitos (20%), e a falta de motivação (10% não veem necessidade de vaciná-los).

Outros 65% discordam, em algum grau, da ideia de que as crianças não desenvolveriam a forma grave da covid-19 e, por isso, não precisariam ser vacinadas. Trinta e nove por cento dos pais e mães não chegaram a conversar com o pediatra antes de tomar a decisão de vacinar ou não o filho. Esse percentual cai para 32% entre bebês de 6 meses a 2 anos, passando para 36% na faixa de 3 a 4 anos, 38% no grupo de 5 a 11 anos e alcançando 48% no recorte para jovens de 12 a 17 anos. Somente 2% disseram que o pediatra recomendou não dar a vacina.

Fontes de informação

A imprensa, incluindo televisão, rádio, jornal e revistas, é considerada a principal fonte de informação sobre o tema por 43% dos entrevistados, seguida dos postos de saúde (30%, em especial das classes D e E); das redes sociais (26%), englobando facebook, youtube, instagram, X (antigo Twitter) e Tik Tok (a maior parte com perfil jovem, de 18 a 24 anos); sites e portais de notícias, mais concentrado em um perfil de ensino superior (25%).

Já 67% das pessoas classificaram as informações disponíveis sobre a vacina contra a covid-19 nos diversos meios de comunicação como muito fáceis ou de fácil entendimento, mas duas em cada três pessoas com o ciclo vacinal incompleto contra a doença acreditam em pelo menos uma das fake news (notícias falsas) mais comuns sobre o tema: 70% dos entrevistados relatam essa influência da desinformação em alguma proporção.

De acordo com os entrevistados, as fake news que mais confundem as pessoas são aquelas que dizem que vacinas contra a covid-19 são experimentais (34%), causam casos graves de miocardite, trombose, fibromialgia e Alzheimer (16%), que o surgimento de novas variantes da covid-19 comprova que as vacinas não funcionam (13%), que vacinas contra a covid-19 são mais perigosas do que o próprio vírus (13%), pessoas que tiveram covid-19 não precisam se vacinar contra a doença (8%), que a vacina de RNA (molécula responsável pela síntese de proteínas das células do corpo) mensageiro contra a covid-19 modifica o DNA dos seres humanos (4%), e a vacina contra a covid-19 tem chip e inteligência artificial para controlar a população (3%).

Em sentido contrário, 28% das pessoas com o esquema vacinal incompleto não acreditam em nenhuma das fake news investigadas na sondagem. A taxa sobe para 37% entre pessoas com maior escolaridade (ensino superior completo), atingindo 46% no recorte para o Distrito Federal. 

A farmacêutica Moderna anunciou hoje que dados de estudos clínicos preliminares sugerem que sua vacina mais atualizada contra a covid-19 é eficiente contra as novas variantes do vírus. A empresa espera que as doses estejam disponíveis nos Estados Unidos dentro das próximas semanas.

O imunizante mostrou impulsionar significativamente os anticorpos neutralizadores da variante Eris (EG.5) e da Fornax (FL 1.5.1), disse a Moderna em comunicado à imprensa.

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A vacina em questão é a versão atualizada para a temporada de vacinação do outono (no hemisfério norte) e ainda não foi aprovada nos Estados Unidos.

A ação da companhia subiu 7,40% no mercado à vista e avançava 0,62% nos after hours em Nova York, às 18h. A valorização das fabricantes de vacina na bolsa ocorre à medida que crescem os casos de infecção pelas novas variantes.

A explosão de infecções por Covid-19 na China após o levantamento das restrições sanitárias ameaça criar um "potencial terreno fértil" para novas variantes do vírus — alertam especialistas em saúde.

A Comissão Nacional de Saúde da China parou de publicar o balanço diário de casos, mas autoridades de várias cidades estimam que centenas de milhares de pessoas foram infectadas nas últimas semanas, enquanto hospitais e crematórios em todo país estão sobrecarregados.

Esta semana, a China anunciou que os viajantes do exterior não terão de ficar em quarentena a partir de 8 de janeiro, dando mais um passo em direção ao fim da sua rígida política de "covid zero" que manteve o país praticamente isolado do mundo desde o início da pandemia.

Com o vírus circulando quase livremente entre uma população de 1,4 bilhão de pessoas, a maioria sem imunidade por infecção anterior e muitos não vacinados, outros países e especialistas temem que a China seja um terreno fértil para novas variantes.

O diretor do Instituto de Saúde Global da Universidade de Genebra, Antoine Flahault, disse à AFP que cada nova infecção aumenta a chance de mutação do vírus.

"O fato de 1,4 bilhão de pessoas serem expostas ao SARS-CoV-2 obviamente cria condições para variantes emergentes", comentou Flahault sobre o vírus que causa a covid-19.

Bruno Lina, professor de virologia da Universidade de Lyon, declarou ao jornal La Croix que a China se tornaria um "potencial criadouro do vírus".

Já Soumya Swaminathan, que até novembro era a principal cientista da Organização Mundial da Saúde (OMS), destacou que grande parte da população chinesa é vulnerável ao contágio, em parte porque muitos idosos não foram vacinados.

"Precisamos monitorar qualquer variante de interesse", disse ao site do jornal Indian Express.

- "Sopa" de variantes -

Na semana passada, o diretor de controle viral do Centro Chinês de Controle de Doenças, Xu Wenbo, anunciou que os hospitais do país coletariam amostras de pacientes e enviariam informações de sequenciamento genético para um novo banco de dados nacional, permitindo que as autoridades monitorassem possíveis novas cepas em tempo real.

Mais de 130 derivados da variante ômicron foram detectados nos últimos três meses na China, disse a repórteres.

Entre eles, estão XXB e BQ.1 e suas subvariantes, que estão se espalhando nos Estados Unidos e em partes da Europa.

Xu observou, porém, que BA.5.2 e BF.7 continuam sendo os principais derivados da ômicron detectados na China.

Flahault observou que "uma sopa" de mais de 500 subvariantes da ômicron foram identificadas nos últimos meses, embora seja difícil dizer onde cada uma surgiu.

"Qualquer variante quando é mais transmissível que a dominante anterior, como BQ.1, B2.75.2, XBB, CH.1 ou BF.7, definitivamente representa ameaças, porque podem causar novas ondas", explicou.

"Mas, até onde sabemos, nenhuma dessas variantes conhecidas parece apresentar riscos particulares de sintomas mais graves, embora esse possa ser o caso de novas variantes no futuro", acrescentou.

Oito em cada dez brasileiros já tomaram duas doses ou a dose única das vacinas contra a covid-19 e pouco mais da metade dos brasileiros já recebeu ao menos a primeira dose de reforço. Com tantas pessoas imunizadas, a mortalidade pela doença segue em queda, mas pesquisadores continuam a trabalhar para não perder a corrida contra a evolução genética do coronavírus e continuar a reforçar a imunidade da população no futuro. É o caso da equipe do CT Vacinas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que neste momento reúne os últimos documentos para que um projeto de vacina 100% nacional tenha os testes em humanos iniciados em 2023.

A SpiN-TEC, como é chamada a vacina mineira, começou a ser desenvolvida em 2020, quando as variantes ainda não eram preocupação. De lá pra cá, o cenário epidemiológico mudou diversas vezes, com ondas de casos provocadas pelas novas versões do SARS-CoV-2, cada vez mais transmissíveis pelas mutações associadas à proteína Spike – também chamada de proteína S-, principal arma do vírus para invadir as células humanas. 

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Coordenador da equipe que desenvolve a vacina, Ricardo Gazzinelli, explica que, caso os estudos comprovem a eficácia da SpiN-TEC, ela deve se juntar ao time das vacinas de segunda geração, já calibradas para prevenir um vírus que evoluiu após mais de dois anos de contágio.

"O que estão chamando de vacinas de segunda geração são vacinas que teriam um espectro de ação mais amplo", afirma ele, que descreve que isso se dá pelo uso da proteína S do coronavírus ancestral e da variante Ômicron em uma mesma vacina, para que sejam criados anticorpos que reajam a ambas. "Essa é uma questão que as agências regulatórias vão começar a exigir a partir de uma hora. O problema é, se quando sair a vacina, já houver uma nova variante".

A proteína S é o alvo tradicional das vacinas por dois pontos importantes: ela desperta reação imunológica e é a ferramenta de invasão das células humanas. Apesar disso, ela acumula uma grande quantidade de mutações, dificultando o trabalho dos anticorpos. Por isso, a atualização das vacinas aposta na combinação de uma nova proteína S com a proteína S ancestral na formulação das vacinas.

O pesquisador argumenta que, nesse sentido, o projeto da SpiN-TEC é interessante, por combinar as proteínas S e N do coronavírus. Diferentemente da S, a proteína N é mais estável e também desperta reação dos linfócitos T, outro mecanismo de defesa do corpo humano, o que, em tese, dará menos chance de escape às variantes atuais e futuras. 

Essas questões continuam a ser importantes porque a comunidade científica ainda não consegue determinar qual será a necessidade de doses de reforço, nem para quem elas serão necessárias no futuro. Desse modo, o pesquisador acrescenta que a SpiN-TEC poderia ser produzida em parceria com institutos de pesquisa públicos, como Bio-Manguinhos e Butantan, ou com empresas privadas, e sua plataforma tecnológica apresenta facilidades logísticas.

"É uma vacina muito estável. Ela dura duas semanas na temperatura ambiente e seis meses na geladeira, o que facilita muito a distribuição. Ainda mais no Brasil, que tem uma extensão tão grande e áreas que não têm uma infraestrutura tão boa", afirma ele. "A proteína é uma proteína recombinante produzida em bactéria, um modelo bem clássico de produção de proteína, um modelo barato. É uma infraestrutura existente no Brasil".

Antes de chegar ao Programa Nacional de Imunizações, porém, é preciso provar que a vacina funciona. Testes realizados em animais já demonstraram capacidade de controlar a carga viral e os sintomas da covid-19, mas é preciso iniciar os testes em humanos, com autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária. A agência tem orientado os pesquisadores em relação às suas exigências, caso tudo seja alinhado, os testes clínicos começam no início do ano que vem, podendo ser encerrados em menos de um ano. 

Testar a eficácia de uma vacina que será usada como reforço em uma população já vacinada requer protocolos diferentes da testagem de uma vacina proposta como primeiro contato de uma população contra um antígeno. Gazzinelli explica que, por esse motivo, os testes clínicos da SpiN-TEC podem ser até mais rápidos que os das vacinas que precisam esperar um tempo até que uma certa quantidade de voluntários adoeça para que o grupo com placebo possa ser comparado ao vacinado.

"Ela vai ser avaliada pelos marcadores imunológicos. Se ela induzir uma resposta imune forte contra o vírus, esse vai ser um critério importante de seleção para permitir que a vacina avance. Os estudos estão sendo desenhados dessa forma, para desenhar um marcador imunológico para avaliar a eficácia", explicou ele, que acrescentou que, nesse caso, a vacina precisará ser igual ou superior aos imunizantes que já estão no mercado.

A Europa vive atualmente uma sétima onda de Covid-19, que se explica em grande parte pela capacidade das novas variantes de escapar da imunidade, a partir de sua resistência às proteções fornecidas pela vacinação e contágios anteriores.

- Erosão da imunidade com o tempo -

No início do verão (hemisfério norte, inverno no Brasil), a Europa caiu em uma sétima onda de coronavírus marcada por uma alta dos casos em quase todos os países. Entre as razões está um relaxamento das medidas de distanciamento, mas também uma redução da imunidade.

Sabe-se atualmente que a proteção concedida pelas vacinas e pelas infecções anteriores se perde após alguns meses.

"As pessoas que se contagiaram com ômicron BA.1 em dezembro estão muito menos protegidas do que no início do ano", resume à AFP Samuel Alizon, diretor de pesquisa no Centro Nacional de Pesquisa Científica francês (CNRS).

"O mesmo ocorre com a imunidade concedida pelas vacinas: mesmo que permaneça robusta contra as formas graves da doença, diminui um pouco contra as infecções menos graves".

- Subvariantes BA.4 e BA.5 -

Esta nova onda se explica também pelo avanço de novas subvariantes da ômicron, a BA.4 e principalmente a BA.5, segundo os cientistas.

Essas subvariantes se propagam ainda mais rápido porque parecem se beneficiar de uma vantagem dupla de transmissibilidade e escape imunológico.

Esse já era o caso da subvariante da ômicron BA.1, que era muito mais capaz que a delta de contagiar pessoas vacinadas ou infectadas anteriormente.

- Reinfecções -

Durante muito tempo se pensou que um contágio fornecia proteção, ao menos durante algum tempo. No entanto, com a família ômicron parece que não é assim, de acordo com um estudo do Imperial College britânico publicado em meados de junho.

Os cientistas analisaram amostras de sangue de mais de 700 profissionais da saúde do Reino Unido. Todos receberam três doses das vacinas contra a Covid-19 e foram infectados pela cepa histórica ou por variantes.

Os resultados destacaram que as pessoas já infectadas pela ômicron apresentavam uma boa resposta contra a cepa inicial do coronavírus e suas primeiras variantes, mas fraca contra a própria ômicron.

Pensava-se que a infecção com a ômicron poderia ser quase "benéfica, como um tipo de 'reforço natural'", afirmou à AFP Rosemary Boyton, co-autora do estudo. "O que descobrimos é que estimula mal a imunidade e contra si mesma, ou até mesmo nada em alguns casos. Isso, e o declínio imunológico após a vacinação, podem explicar o aumento maciço que vemos novamente nas infecções, com muitas pessoas reinfectadas em curtos intervalos".

- Aumentar o nível de proteção -

"Estamos enfrentando variantes altamente contagiosas, que são agentes um pouco sorrateiros que passam por baixo do radar das defesas imunológicas. É uma complexidade real do grupo ômicron", destacou Gilles Pialoux, chefe de serviço do hospital Tenon, em Paris, na semana passada.

Essas variantes "muito contagiosas precisam que aumentemos o nível de proteção dos mais frágeis", acrescentou.

Porque - e isso é uma boa notícia - as vacinas ainda são eficazes contra as formas mais graves da doença. Para a maioria dos países europeus, a prioridade absoluta é que as pessoas mais velhas e imunossuprimidas recebam uma segunda dose de reforço.

"Atualmente, o nível de imunidade da população é bom, mas não é perfeito", destacou no domingo Alain Fischer, presidente do conselho de orientação da estratégia de vacinação francesa. "É por isso que é necessário recomendar um reforço aos maiores de 60 anos e às pessoas frágeis cujo sistema e memória imunológicos são menos robustos".

A pandemia não demorou para chegar em Pernambuco: 14 dias após a confirmação do primeiro caso da Covid-19 no Brasil, em 26 de fevereiro de 2020, o Estado também confirmou seus primeiros casos da doença, todos importados por turistas locais vindos de países onde o vírus já estava presente. Há exatos dois anos, em 12 de março de 2020, a Covid se tornava realidade para os pernambucanos e chegava para mudar completamente a rotina da população. 

Além do alto número de casos que assustou Pernambuco em diferentes momentos da pandemia, o Estado precisou lidar, simultaneamente, com uma onda de desemprego e fome que se alastrou do Sertão à metrópole, mas definitivamente atingiu a capital, Recife, com mais força. A pandemia também foi palco de escândalos envolvendo suspeitas de corrupção e uma corrida pela vida em hospitais do Estado, que chegaram no limite para lidar com as demandas ocasionadas pelo vírus. 

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Com a chegada das vacinas, a emergência sanitária foi mostrando sinais de trégua, mas também teve suas oscilações e novos desafios pela frente. Após estes dois anos, Pernambuco conseguiu recuperar 701,480 casos da Covid-19, de um total de 861.859, a diferença contemplando os óbitos e os casos sob observação. No total, foram 21.195 vidas pernambucanas perdidas para o coronavírus. 

Além disso, foram 17.368.595 doses de vacinas contra a Covid-19. Dessas, 7.982.875 foram primeiras doses e 6.634.916 segundas doses. 173.126 pernambucanos tomaram o imunizante de dose única e outros 2.577.678 receberam a dose de reforço. 

Relembre os principais momentos destes dois anos da pandemia  

- - > LeiaJá também: Recapitulando os dois anos de pandemia no Brasil 

Primeiro lockdown e medidas restritivas 

Em 12 de março de 2020, os dois primeiros casos do novo coronavírus foram confirmados em Pernambuco pela Secretaria Estadual de Saúde (SES). Os infectados eram moradores do Recife que estiveram juntos na Itália, país considerado epicentro da doença pelos momentos iniciais da pandemia. Na mesma época, além de Pernambuco, ao menos oito estados e o Distrito Federal também confirmaram casos da infecção.  

Nove dias depois, em 21 de março, o Estado decretou calamidade pública e ampliou o quadro de profissionais de saúde em unidades públicas e privadas; pois, sim, hospitais privados fizeram parte do decreto Nº 48.831, com excepcionalidade à pandemia e a crescente de casos. Em abril, Pernambuco já havia definido suas atividades essenciais, em acordo aos demais estados brasileiros, e determinou as primeiras medidas restritivas. Fernando de Noronha também entrou em lockdown no mesmo mês. 

No entanto, as medidas mais rígidas vieram no mês seguinte: cinco municípios do Grande Recife precisaram de lockdown intenso, pois concentravam o maior número de casos. Foram eles Recife, Olinda, Jaboatão dos Guararapes, Camaragibe e São Lourenço da Mata. 

A medida, que inicialmente durou 15 dias, proibiu a circulação de pessoas nas ruas sem justificativa laboral ou emergencial; além de ter estabelecido rodízio de veículos, uso obrigatório de máscaras e sanitização das ruas. Esse caráter meio apocalíptico que tomou conta das ruas foi o primeiro contato dos pernambucanos que, mesmo acostumados com surtos de gripe e dengue, jamais tinham visto uma mudança de rotina como aquela. 

Calamidade permanece e medidas apertam 

Ainda em maio, 97% dos 600 leitos de UTI para Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) estavam ocupados. A situação era reconhecida pelo Governo do Estado e deu ponta para um escândalo de nível municipal — no Recife —, que seguiu sem resolução, logo depois. Era comum ouvir relatos de familiares de pessoas infectadas que precisavam esperar até mais de uma semana para conseguir internação. 

Em julho, a Polícia Federal deflagrou a terceira fase da “Operação Apneia”, em conjunto com a Controladoria Geral da União. Tratou-se de uma investigação de irregularidades em contratos celebrados por meio de dispensas de licitação pela Prefeitura de Recife, através da Secretaria de Saúde. O objetivo deles era a compra de respiradores pulmonares em caráter emergencial, para combate à Pandemia de Covid-19 no município. O caso afastou o prefeito da época, Geraldo Julio (PSB), mas as investigações não tiveram longevidade. 

Sem progresso no quadro hospitalar do estado, o Governo de Pernambuco decretou estado de calamidade pública mais uma vez. A decisão alterou diversos aspectos do Plano de Convivência com a Covid-19 e manteve a descrição de calamidade por 180 dias, na expectativa de melhores resultados na contenção da doença. 

Com isso, ficou proibida a realização de shows, festas e similares, com ou sem comercialização de ingressos, em ambientes públicos ou privados, inclusive em clubes sociais e hotéis, independentemente do número de participantes. 

A técnica de enfermagem Perpétua Socorro, de 52 anos, durante primeiro dia de vacinação em PE. Foto: Rafael Bandeira/LeiaJá Imagens

Vacinação 

Em Pernambuco, a campanha de vacinação contra a Covid-19 foi iniciada em 18 de janeiro de 2021, mesmo dia em que a primeira remessa de doses dos imunizantes foi enviada ao Estado pelo Ministério da Saúde. Ao total, 15 profissionais que atuavam na linha de frente do combate ao vírus foram vacinados no ato simbólico que aconteceu no Hospital Oswaldo Cruz, na área central do Recife, no mesmo dia. A técnica de enfermagem Perpétua Socorro Barbosa dos Santos, 52 anos, foi a primeira pessoa a ser vacinada no Estado.

Apesar da esperança trazida pela vacinação, os meses seguintes reservaram momentos ainda mais difíceis aos pernambucanos, com novos picos da Covid-19 e a chegada de novas variantes. Em março, Pernambuco já registrava mais de mil casos por dia — número que foi sendo superado dia após dia e chegou aos quatro mil em 2021 e também em 2022. 

Àquela altura, o carnaval de Pernambuco já havia sido suspenso em razão do aumento de casos de Covid-19. O Governo de Pernambuco anunciou, à época, que a medida valeria para todo o estado e teve como base o momento epidemiológico e os indicadores da doença. A mesma medida se repetiu para as festas juninas, canceladas por três anos seguidos: em 2020, 2021 e, até o momento, também este ano. 

Recentes: novo pico, Ômicron e vacinação infantil 

Após as festividades do fim de ano, o Brasil passou por uma nova crescente de casos da Covid-19, que chegou a ser considerada, por alguns especialistas, uma nova onda (a terceira ou quarta). Para outros, se tratou de uma continuidade das más escolhas sanitárias e do baixo controle das medidas restritivas. 

Em janeiro deste ano, Pernambuco confirmou mais 4.722 casos da Covid-19 em 24h. O número de confirmações foi o terceiro maior registrado em 24 horas em toda a pandemia, atrás apenas de 9 de junho e 29 de maio de 2021, quando houve 6.487 e 5.576 registros, respectivamente. A maioria dos casos era da variante Ômicron, confirmada também em janeiro no estado e desde então, se tornou responsável imediata pelas infecções. 

Como nem tudo é notícia ruim, a parte “menos mal” dessa história é que quase 80% da população já estava vacinada ao menos com a primeira dose, enquanto a segunda dose do esquema vacinal apresentava boa adesão e alguns grupos etários e clínicos já estavam prestes a receber a terceira dose ou dose de reforço. 

Pernambuco também autorizou o início da imunização contra a Covid-19 em crianças de seis a 11 anos com a vacina da Coronavac/Butantan, liberada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e incorporada pelo Ministério da Saúde (MS) no Plano Nacional de Operacionalização (PNO). A decisão foi aprovada pelo Comitê Técnico Estadual para Acompanhamento da Vacinação. 

- - > LeiaJá também: Covid: 70% das crianças ainda não tomaram vacina em PE

 

A pandemia de Covid-19 completa nesta sexta-feira (11) dois anos, e o sobe e desce das curvas de casos e óbitos ao longo deste período teve dois fatores como protagonistas: as variantes e as vacinas. Se, de um lado, esforços para desenvolver e aplicar imunizantes atuaram no controle da mortalidade e na circulação do SARS-CoV-2, do outro, a própria natureza dos vírus de evoluir, adquirir maior poder de transmissão e escapar da imunidade fez com que as infecções retomassem o fôlego em diversos momentos. Moldada por essas forças, a pandemia acumula, em termos globais, quase 450 milhões de casos e mais de 6 milhões de mortes, além de 10 bilhões de doses de vacinas aplicadas e 4,3 bilhões de pessoas com duas doses ou dose única, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). 

Integrante do Observatório Covid-19, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Raphael Guimarães explica que, ao se multiplicar, qualquer vírus pode evoluir para uma versão mais eficiente de si mesmo, infectando hospedeiros com mais facilidade. Quando a mutação dá ao vírus um poder de transmissão consideravelmente maior que sua versão anterior, nasce uma variante de preocupação.

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“O que a gente vive dentro de uma pandemia é uma guerra em que a gente está tentando sobreviver, e o vírus também está tentando”, resume Guimarães. “Cada vez que a gente dá a ele a chance de circular de forma mais livre e tentar se adaptar a um ambiente mais inóspito, o que ele está fazendo é tentar alterar sua estrutura para sobreviver.”

O presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia, Alberto Chebabo, acrescenta que impedir que um vírus sofra mutações ao se replicar é impossível, porque isso é da própria natureza desses micro-organismos. Apesar disso, é possível, sim, dificultar esse processo, criando um ambiente com menos brechas para ele circular. E é aí que as vacinas cumprem outro papel importante.

“A gente pode reduzir esse risco aumentando a cobertura vacinal no mundo inteiro. A Ômicron apareceu na África, que é o continente com menor cobertura vacinal”, lembra ele. Enquanto Europa, Américas e Ásia já têm mais de 60% da população com duas doses ou dose única, o percentual na África é de 11%. “Se a gente conseguir equalizar a cobertura vacinal nos diferentes países, a gente tem um menor risco de ter uma variante aparecendo dessa forma”, diz Chebabo.

É unânime entre os pesquisadores ouvidos pela Agência Brasil que, se as ondas de contágio podem ser relacionadas à evolução das variantes, o controle das curvas de casos e óbitos se deu com a vacinação. A diretora da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Flávia Bravo, afirma que é inegável o papel das vacinas na queda da mortalidade por Covid-19 ao longo destes dois anos.

“No início, vacinaram-se os idosos mais velhos, para depois ir descendo por idade e para pacientes com comorbidades. E, se olhar no miúdo a interferência da vacina no número de mortes, fica evidente, a partir da vacinação desse grupo das maiores vítimas, uma queda coincidindo com o aumento da cobertura”, avalia ela, que também resume a pressão das variantes no sentido contrário, aumentando os casos: “Começamos no Brasil com a cepa original, depois a Gama começou a predominar, foi substituída pela Delta, veio a Ômicron, e esse balanço nas nossas curvas foi acompanhando justamente essas novas variantes que foram se espalhando pelo mundo.”

A pediatra considera que problemas na disponibilidade de vacinas no início da imunização e a circulação de variantes também levaram o Brasil a ser um dos países mais afetados pela pandemia de Covid-19, com mais de 650 mil mortes causadas pela doença, o segundo maior número de vítimas do mundo, e uma taxa de 306 mortes a cada 100 mil habitantes, a segunda maior proporção entre os dez países que mais tiveram vítimas da doença.

“Se a vacinação tivesse começado mais cedo e com uma oferta de doses maior desde o início, com certeza o panorama que a gente vivenciou teria sido diferente. Mas, ainda que tenhamos atrasado o início e a disponibilidade de doses também tenha demorado, chegamos a coberturas tão boas ou até melhores que muitos países, inclusive com esquema completo”, afirma a diretora da SBIm. 

Variantes de preocupação

Desde que o coronavírus original começou a se espalhar, a OMS classificou cinco novas cepas como variantes de preocupação. Mais sete chegaram a ser apontadas como variantes sob monitoramento ou variantes de interesse, mas não reuniram as condições necessárias para justificarem o mesmo nível de alerta. Para que as mutações genéticas do vírus sejam consideradas de preocupação, elas devem ter características perigosas, como maior transmissibilidade, maior virulência, mudanças na apresentação clínica da Covid-19 ou diminuição da eficácia das medidas preventivas.

O padrão de batizar as variantes com letras do alfabeto grego foi uma alternativa adotada pela OMS para evitar que continuassem sendo identificadas por seu local de origem, como chegou a acontecer com a Alfa, a que veículos de comunicação se referiam frequentemente como variante britânica. Associar uma variante a um país ou região pode gerar discriminação e estigmas, justifica a organização, que acrescenta que essa nomenclatura também simplifica a comunicação com o público e é fácil de pronunciar em vários idiomas.

Gama

Virologista e coordenador da Vigilância Genômica de Viroses Emergentes da Fiocruz Amazônia, Felipe Naveca coordenou o trabalho que confirmou a existência da variante Gama, a que teve maior impacto na mortalidade da Covid-19 no Brasil. Ele explica que, ao longo do tempo, o coronavírus adquiriu maior transmissibilidade ao acumular mutações que permitiram o escape de anticorpos, aumentaram a replicação e facilitaram a entrada nas células.

Com essas vantagens, as variantes Alfa e Beta causaram aumentos de casos e óbitos em outros países, mas não chegaram a se disseminar a ponto de mudar o cenário epidemiológico no Brasil. Por outro lado, o pior momento da pandemia no país, nos primeiros quatro meses do ano passado, está diretamente ligado à variante Gama. 

"A Gama foi o nosso grande terror, porque foi o surgimento de uma variante de preocupação aqui antes que a gente tivesse iniciado a vacinação. Até a gente conseguir avançar, ela já tinha se espalhado". 

A disseminação da variante Gama causou colapso no sistema de saúde do Amazonas entre o fim de dezembro e janeiro de 2021. A sua disseminação pelo país levou à lotação das unidades de terapia intensiva em praticamente todos os estados ao mesmo tempo. O cenário continuou a se agravar até março e abril de 2021, quando a média móvel de mortes por Covid-19 teve picos de mais de 3 mil vítimas diárias. Em 17 de março, a Fiocruz classificou a situação como o maior colapso sanitário e hospitalar da história do Brasil.

Iniciada em 17 de janeiro, a vacinação no Brasil ainda estava em estágio inicial durante a disseminação da variante Gama, e, quando o pico de óbitos foi atingido, menos de 15% da população tinha recebido a primeira dose. À medida que a vacinação dos grupos prioritários avançava, porém, a média móvel de mortes começou a cair no Brasil a partir de maio de 2021, e instituições como a Fiocruz chegaram a apontar uma queda na média de idade das vítimas de Covid-19, uma vez que os mais velhos tinham cobertura vacinal maior que adultos e jovens.

Delta

Enquanto a curva da variante Gama descia no Brasil em maio, a variante Delta mostrava seu poder de transmissão na Índia desde abril e levava a outra situação de colapso que alarmava autoridades de saúde internacionais. Segundo dados da OMS, mais de 100 mil indianos morreram de Covid-19 somente em maio, e a organização declarou a Delta uma variante de preocupação no dia 11 daquele mês. 

A variante Delta se espalhou e diversos países como Indonésia, Estados Unidos e México tiveram altas na mortalidade entre julho e agosto. No Brasil, a vacinação dos grupos de risco e a recente onda da variante Gama produziram o que os pesquisadores chamam de imunidade híbrida. 

"É a imunidade das vacinas somada à imunidade da infecção natural", explica o virologista. "O problema da imunidade natural é que milhares de pessoas morreram. Não é algo que a gente possa pensar como uma estratégia, mas aconteceu. A gente não viu nem de perto o que aconteceu com a Gama acontecer com a Delta."

Ômicron

Apesar disso, a variante Delta substituiu a Gama como a principal causadora dos casos de Covid-19 no país ao longo do segundo semestre de 2021, e manteve esse posto até que fosse derrubada pela Ômicron. A última variante de preocupação catalogada, até então, teve seus primeiros casos identificados no Sul da África em novembro de 2021, e, a partir da segunda quinzena de dezembro, países de todos os continentes registraram um crescimento de casos em velocidade sem precedentes. Ao longo de todo o mês de janeiro de 2022, o mundo registrou mais de 20 milhões de casos de Covid-19 por semana, enquanto o recorde anterior era de quase 5,7 milhões por semana, segundo a OMS.

Entre todas as variantes, a Ômicron é a que acumula mais mutações, garantindo uma capacidade de contágio muito maior que as demais. Além disso, explica Fernando Naveca, também é a mais capaz de escapar das defesas imunológicas, causando reinfecção e infectando pessoas vacinadas, ainda que sem gravidade em grande parte das vezes. Diferentemente da Gama, a variante supertransmissível encontrou um cenário de vacinação mais ampla, com mais de 60% da população brasileira com duas doses e dose única, e grupos de risco já com acesso à dose de reforço. 

Antes da variante Ômicron, o recorde na média móvel de novos casos de Covid-19 no Brasil era de 77 mil por dia. Entre 20 de janeiro e 20 de fevereiro de 2022, porém, o país repetiu dia após dia uma média móvel de mais de 100 mil casos diários, chegando a quase 190 mil casos por dia no início de fevereiro, segundo dados do painel Monitora Covid-19, da Fiocruz. Cidades como o Rio de Janeiro registraram, somente no mês de janeiro de 2022, mais casos de Covid-19 que em todo o ano de 2021, quando as variantes Gama e Delta eram as dominantes.

Ainda que o número de mortes tenha subido com o pico da variante Ômicron, a média móvel de vítimas não superou os mil óbitos diários nenhuma vez em 2022, enquanto, em 2021, todos os dias entre 24 de janeiro e 30 de julho tiveram média de mais de mil mortes. Essa diferença tem relação direta com a cobertura vacinal atingida pelo país, que já tem 73% da população com duas doses ou dose única e 31% com dose de reforço. 

"Felizmente, tivemos um pico absurdo de casos que não se refletiu em um número tão alto de casos graves. Então, a não ser que surja outra variante, a gente deve viver um período mais tranquilo, porque tivemos muita vacinação e um pico grande da Ômicron. Isso deve nos ajudar a ter uma queda de casos", espera o pesquisador.

O mundo está "cada vez mais preparado" para enfrentar as novas variantes da Covid-19 com as quais terá que conviver durante anos, disse à AFP nesta quinta-feira (17) o diretor do laboratório BioNTech, Ugur Sahin.

"Outras variantes chegarão", disse Sahin, em uma entrevista com a AFP. "O vírus continuará sofrendo mutações e já há outras variantes circulando no mundo", explicou o responsável deste laboratório, fabricante da primeira vacina contra a covid-19 com a tecnologia de RNA mensageiro.

Mas "aprendemos cada dia mais com elas e estamos cada vez mais preparados", acrescentou, apontando que "devemos aceitar o fato de ter que viver com o vírus pelos próximos dez anos".

O laboratório alemão desenvolveu junto à gigante americana Pfizer uma das duas vacinas anticovid baseadas na tecnologia de RNA mensageiro, atualmente disponíveis no mercado. A BioNTech está preparando um novo imunizante, a partir do primeiro, adaptado à variante Ômicron.

Após as ondas iniciais, as variantes Delta e Ômicron provocaram novos surtos epidêmicos em vários países.

"Estamos chegando a uma fase na qual a sociedade entende cada vez mais como enfrentar" o vírus, considerou o co-fundador da BioNTech.

Os dados de um ensaio clínico que está realizando para a vacina adaptada à variante Ômicron estarão disponíveis a partir de março, explicou.

Além disso, disse ao jornal Bild que a injeção poderia começar a ser administrada em abril ou maio caso seja necessário, apesar de vários países planejarem flexibilizar as medidas impostas contra a pandemia. Alguns inclusive já começaram a levantá-las.

A Alemanha se comprometeu a eliminar "grande parte" das restrições que estão em vigor em 20 de março.

Vários países europeus, como o Reino Unido e França, levantaram algumas restrições ligadas à Covid-19, embora a situação sanitária ainda esteja tensa. Holanda, Áustria e Suíça anunciaram um calendário de retorno à normalidade.

Noruega e Dinamarca removeram grande parte das restrições nas últimas semanas.

Duas doses da vacina Pfizer/BioNTech são eficazes na prevenção da hospitalização por todas as variantes do novo coronavírus por ao menos seis meses, destaca um estudo publicado nesta terça-feira na revista "The Lancet".

O estudo realizado pela Pfizer e a organização americana Kaiser Permanente analisou dados médicos de 3,4 milhões de pessoas no sul do estado da Califórnia entre 4 de dezembro e 8 de agosto, e determinou que a eficácia da vacina contra os riscos de infecção diminui ao longo do tempo, de 88% no mês seguinte à segunda dose, para 44% após seis meses. A vacina, por sua vez, mantém sua eficácia de 90% contra os riscos de hospitalização por Covid-19 por ao menos seis meses.

Os dados confirmam os resultados de estimativas anteriores do Centros para o Controle e Prevenção de Doenças (CDC), principal agência federal de saúde pública dos Estados Unidos, e do Ministério da Saúde de Israel, informou a The Lancet.

"Nosso estudo confirma que as vacinas são uma ferramenta central para controlar a epidemia, e são extremamente eficazes na prevenção de formas graves e hospitalizações, inclusive contra a delta e outras variantes preocupantes", resumiu Sara Tartof, principal autora do estudo.

Luis Jodar, vice-presidente e diretor médico da Pfizer, acrescentou que "uma análise específica das variantes mostra claramente que a vacina é eficaz contra todos os tipos".

Sem considerar o surgimento de variantes mais transmissíveis do novo coronavírus, o presidente Jair Bolsonaro afirmou na noite desta quinta-feira (30) que as indústrias farmacêuticas deveriam oferecer a terceira dose da vacina contra a Covid-19 gratuitamente. "Não era suficiente uma ou duas doses, as empresas não diziam que era assim? Se tem a terceira dose, tem que ser de graça, não é direito do consumidor?", declarou o presidente em transmissão ao vivo nas redes sociais.

Bolsonaro também voltou a defender remédios sem eficácia comprovada no tratamento da Covid-19 e a atacar o chamado "passaporte da vacina". De acordo com o chefe do Executivo, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da pandemia tentou "criminalizar" o "tratamento inicial", sem comprovação científica, no depoimento do empresário Luciano Hang. "Fiasco. Eu tenho vergonha desse G7 (grupo de senadores não-governistas da CPI). Não conseguiram nada, é o tempo todo tentando criminalizar pessoas que defendem o tratamento inicial", afirmou. "Se for aceitando esse passaporte da vacinação, daqui a pouco vem outra exigência."

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Após negar que seja negacionista, o chefe do Executivo ainda pediu aos jornalistas para questionarem o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, hoje em isolamento nos Estados Unidos após testar positivo para a Covid-19, quais remédios ele teria feito uso para tratar a Covid-19.

Cientistas da Organização Mundial da Saúde (OMS) analisam uma nova variante do coronavírus, batizada de "Mu", identificada pela primeira vez em janeiro na Colômbia, informou a entidade.

A variante B.1.621, de acordo com a nomenclatura científica, continua classificada como uma "variante de interesse", indicou a OMS em seu boletim epidemiológico semanal sobre a evolução da pandemia, publicado na noite de terça para quarta-feira.

A variante tem mutações que podem indicar resistência às vacinas e mais estudos serão necessários para entender suas características, explicou a organização.

Todos os vírus, incluindo o SARS-CoV-2, que causa a covid-19, sofrem mutações com o tempo, e a maioria delas tem pouco ou nenhum impacto nas características do vírus.

No entanto, algumas mutações podem afetar as propriedades do vírus e influenciar, por exemplo, sua capacidade de propagação, a gravidade da doença que causa ou a eficácia de vacinas, medicamentos ou outras medidas para combatê-la.

O surgimento em 2020 de variantes que apresentavam risco agravado à saúde pública global levou a OMS a caracterizá-las como "de interesse" ou "preocupantes", a fim de priorizar as atividades de vigilância e pesquisa em nível global.

A entidade adotou as letras do alfabeto grego para nomear as variantes e assim facilitar sua identificação para o público não científico e evitar a estigmatização associada ao país de origem.

Quatro das variantes foram classificadas pela OMS como "preocupantes", incluindo a Alfa e a Delta, enquanto outras cinco foram classificadas como "de interesse", como a Mu.

A variante Mu foi detectada pela primeira vez na Colômbia em janeiro passado e, desde então, foi encontrada em outros países da América do Sul e na Europa.

“Embora a prevalência global da variante Mu entre os casos sequenciados tenha diminuído e atualmente seja inferior a 0,1%, sua prevalência na Colômbia (39%) e no Equador (13%) aumentou constantemente”, observou a OMS.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) lançou, nesta segunda-feira (16), uma campanha para arrecadar US$ 7,7 bilhões com foco no combate às variantes do coronavírus. De acordo com a entidade, esses recursos permitiriam, por exemplo, aumentar significativamente os testes de Covid-19 e melhorar a detecção das novas cepas.

"O aumento das taxas de infecção, resultando no aumento de hospitalizações, está sobrecarregando os sistemas de saúde e deixando muitos países com necessidade urgente de oxigênio para salvar vidas", diz um comunicado da OMS, em referência ao impacto da variante delta.

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Com mais casos de coronavírus confirmados nos primeiros cinco meses de 2021 do que em todo o ano de 2020, a OMS ainda fala em "fase aguda" da pandemia.

"Testes inadequados e baixas taxas de vacinação estão exacerbando a transmissão de doenças e sobrecarregando os sistemas de saúde locais, enquanto deixam o mundo inteiro vulnerável a novas variantes", afirma outro trecho da nota.

A nova edição do Boletim Observatório Covid-19, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), indica que o surgimento e o crescimento de novas variantes do novo coronavírus, como a Delta, acendem um alerta. Conforme o estudo, a pandemia ainda não acabou e novos cenários de transmissão e de risco podem surgir.

De acordo com a Fiocruz, o elevado patamar de risco de transmissão do vírus Sars-CoV-2 pode ser agravado pela maior transmissibilidade da nova variante, por isso, é fundamental combinar vacinação com o uso de máscaras, incluindo campanhas de informação para a população e busca ativa de quem ainda não se vacinou.

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O boletim também confirma a reversão no processo de rejuvenescimento da pandemia no Brasil. “Novamente, as internações em leitos de UTI para adultos no Sistema Único de Saúde (SUS) e, principalmente, o número de óbitos concentram um maior número de idosos”, apontou.

A incidência da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) ainda permanece em níveis altos, muito altos ou extremamente altos no país, como indicaram os dados das semanas epidemiológicas 29 e 30,entre 18 e 31 de julho de 2021. Como a maior parte dos casos da doença é relacionada aos casos de infecção por covid-19, esses níveis indicam transmissão significativa do vírus Sars-CoV-2.

Os pesquisadores do Observatório, responsáveis pelo boletim, recomendaram entre as medidas de proteção a vacinação completa para evitar as mortes e casos graves causados pela doença. “É fundamental o esquema vacinal completo para todos os elegíveis, a fim de proteger contra os casos graves e óbitos por Covid-19, incluindo os relacionados à variante Delta, além da necessidade de ampliar e acelerar a vacinação”, disseram.

Perfil

A edição destacou que a proporção de casos de internações entre idosos, que atualmente é de 37,5%, ficou em 27,1% na semana 23, entre 6 e 12 de junho. Já a proporção do número de óbitos, que, na mesma semana era de 44,6%, agora está em 62,1%. O Boletim mostrou ainda uma redução importante da proporção de internações nas faixas etárias de 50 a 59 anos e uma diminuição discreta na faixa de 40 a 49 anos. Apesar disso, os cientistas alertaram que “qualquer conclusão sobre a mudança apontada no perfil da pandemia no Brasil ainda é precoce e deve ser acompanhada de perto nas próximas semanas”.

Segundo o trabalho, o perfil de mortalidade por idade em países de baixa e média renda, como é o caso do Brasil, é diferente do observado em países ricos. “Os mais jovens enfrentam um risco maior de morrer em países em desenvolvimento do que em países de alta renda. Isso ocorre porque as populações não idosas nesses países têm uma maior incidência de doenças preexistentes e menos acesso a tratamento e cuidados que potencialmente salvam vidas.”

Um agravante da situação são as taxas de emprego informal mais altas, transportes públicos superlotados e habitações precárias com muitas pessoas para poucos cômodos, que são características de países de baixa renda e colocam as pessoas em maior risco de exposição ao Sars-CoV-2. “Esses riscos parecem afetar desproporcionalmente adultos não idosos e reforça nossa impressão inicial de que a vulnerabilidade específica à idade na pandemia varia, o que é fundamental para determinar se e como a adaptação das políticas de distanciamento”, observaram.

Na avaliação dos pesquisadores, mesmo com números ainda preocupantes, a boa notícia do boletim é a queda de incidência e mortalidade por Covid-19. A taxa de mortalidade diminuiu 1,3% ao dia, enquanto a taxa de incidência de casos de Covid-19 foi reduzida em 0,3% por dia. “A maior redução da mortalidade e menor da incidência pode ser resultado das campanhas de vacinação, que seguramente reduzem os riscos de agravamento da doença, mas não impedem completamente a transmissão do vírus Sars-CoV-2”, apontaram.

A positividade dos testes, que ainda continua alta, indica que há intensa circulação do vírus. A taxa de letalidade está em torno de 2,8%, patamar elevado em relação a países que adotam medidas de proteção coletiva, testagem em massa e cuidados intensivos para doentes graves. “O elevado patamar de risco de transmissão do vírus Sars-CoV-2 pode ser agravado pela maior transmissibilidade da variante Delta, em paralelo ao lento avanço da imunização entre os grupos mais jovens e mais expostos, combinado com maior circulação de pessoas pelo retorno das atividades de trabalho e educação. Nesse sentido, é importante refutar a ideia de que a vacinação protege integralmente as pessoas de serem infectadas e transmitir o vírus, o que pode se tornar um risco adicional com a nova variante de preocupação Delta”, relataram os cientistas.

Ocupação de leitos

Uma boa notícia é que as taxas de ocupação de leitos de unidade de terapia intensiva (UTI) para Covid-19 em adulto, no Sistema Único de Saúde (SUS), seguem melhorando. Conforme o boletim, 19 estados registram taxas de ocupação inferiores a 60% e, por isso, estão fora da zona de alerta. Outros seis estados e o Distrito Federal estão na zona de alerta intermediário, que tem taxas de ocupação iguais ou superiores a 60% e inferiores a 80% e somente um estado, Goiás, na zona de alerta crítico com taxa superior a 80%.

Os destaques negativos entre 26 de julho e 2 de agosto, com expressiva elevação do indicador, foram Mato Grosso, que passou de 63% para 79%) e a capital Cuiabá, saindo de 55% para 74%. Houve aumentos ainda no estado do Rio de Janeiro (59% para 61%) e nas capitais Fortaleza (55% para 65%), Belo Horizonte (58% para 60%), Rio de Janeiro (90% para 94%) e Campo Grande (67% para 74%).

As quedas no indicador atingiram pelo menos cinco pontos percentuais em Roraima (68% para 58%), Pará (61% para 54%), Tocantins (71% para 64%), Maranhão (65% para 57%), Paraíba (34% para 26%), Alagoas (46% para 26%), Sergipe (45% para 37%), Minas Gerais (56% para 51%), São Paulo (55% para 49%), Paraná (64% para 59%), Rio Grande do Sul (65% para 60%) e Distrito Federal (83% para 61%).

Regiões

A Região Nordeste está fora da zona de alerta do indicador, onde também se somam o Norte, exceto por Tocantins, o Sudeste, com exceção do Rio de Janeiro, e o estado do Paraná, localizado na Região Sul.

Nas capitais, Rio de Janeiro (94%) e Goiânia (94%), as taxas de ocupação de leitos de UTI Covid-19 são superiores a 80%. Já São Luis (69%), Fortaleza (65%), Belo Horizonte (60%), Curitiba (67%), Porto Alegre (66%), Campo Grande (74%), Cuiabá (74%) e Brasília (61%) estão na zona de alerta intermediário. Fora da zona de alerta estão Porto Velho (40%), Rio Branco (26%), Manaus (59%), Boa Vista (58%), Belém (49%), Macapá (33%), Palmas (49%), Teresina (50), Natal (39%), João Pessoa (23%), Recife (34%), Maceió (21%), Aracaju (46%), Salvador (44%), Vitória (46%), São Paulo (45%) e Florianópolis (36%).

Síndrome respiratória

São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina, Acre, Goiás, Mato Grosso do Sul e o Distrito Federal apresentaram taxas superiores a 10 casos por 100 mil habitantes em casos da Síndrome Respiratória Aguda Grave. Embora estejam com taxas inferiores, os outros estados possuem ainda níveis superiores a um caso por 100 mil habitantes. “Como os casos de SRAG são essencialmente severos, que demandam hospitalização, ou casos que vieram a óbito, as taxas preocupam, por impor demanda significativa ao sistema hospitalar”, alertaram os cientistas.

Projeto

Segundo a Fiocruz, o projeto InfoGripe indica estimativas para as semanas que colocam a maior parte do país em estabilidade nas taxas de incidência de SRAG. “Alguns estados como Mato Grosso do Sul, Pará e Acre estão com tendência de aumento na incidência. São Paulo, Espírito Santo, Paraíba, Bahia, Sergipe, Roraima, Tocantins e Maranhão têm tendência de redução nos casos. Os demais estados encontram-se em situação de estabilidade. Entretanto, tal cenário não é confortável para a saúde pública, uma vez que a transmissão permanece elevada”, informou.

O governo de São Paulo anunciou na manhã desta quarta-feira (4), o lançamento de um contêiner móvel para a identificação de novas variantes da Covid-19 no Estado, sob demanda especial do aumento de casos da cepa delta, identificada pela primeira vez na Índia. Segundo o governador João Doria (PSDB), o mecanismo oferece a realização do teste e a identificação da doença e da variante no mesmo dia. O contêiner com essa tecnologia é o único da América Latina.

O diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, afirmou que o produto terá, como ponto de partida, a cidade de Aparecida, no interior do Estado, entre hoje e amanhã. A região selecionada leva em conta o grande fluxo rodoviário. Conforme explica Covas, o contêiner faz parte de uma estratégia ampla desenvolvida desde o ano passado que consiste na realização de testes e identificação de vírus a partir de amostras. "É um laboratório de sequenciamento completo", classificou o diretor. De acordo com Doria, a capacidade de análise é de cerca de 300 amostras por dia, com o resultado em ainda no mesmo dia.

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De acordo com Dimas Covas, a rápida identificação das variantes favorece a análise da condição epidemiológica nas regiões, o que vai permitir a tomada de medidas necessárias para conter a doença. O diretor comenta que a unidade móvel vai circular por todo o Estado com base em estudos feito pelo Butantan e pela Universidade de São Paulo (USP) sobre a necessidade de identificação de variantes. A próxima parada, conforme anunciado pelo governo de São Paulo, deve ser a Baixada Santista por conta da chegada de navios e passageiros no Porto de Santos que podem transportar cepas.

O anúncio de controle das variantes ocorreu em coletiva de imprensa na entrega de mais 2 milhões de doses da vacina do Butantan contra a covid-19 ao Programa Nacional de Imunizações (PNI). Com o novo lote, as liberações chegam à marca de 64,8 milhões de doses fornecidas ao Ministério da Saúde.

Com a entrega dos imunizantes, o governador aproveitou e reforçou o apelo que vem fazendo à Saúde pelo cumprimento de entrega das vacinas da Pfizer e AstraZeneca. Segundo ele, o governo paulista espera a chegada dos imunizantes para que anuncie o encurtamento do período entre as doses das vacinas.

A variante Delta se intensifica, obrigando as autoridades a aumentarem as restrições sanitárias, com confinamentos locais na China, soldados nas ruas da Austrália para garantir o cumprimento das medidas e a extensão do estado de emergência no Japão durante os Jogos Olímpicos Tóquio-2020.

Em algumas áreas, como as mais afetadas pelo vírus nos Estados Unidos, o uso de máscara é mais uma vez recomendado, e a campanha de vacinação está sendo promovida novamente.

Na China, o primeiro país a conter a pandemia em 2020, um novo surto ameaça a política de zero Covid-19, com casos se espalhando de Nanquim (leste) para cinco províncias e a capital, Pequim, pela primeira vez em seis meses.

Depois que nove funcionários do aeroporto de Nanquim testaram positivo em 20 de julho, 184 infecções foram detectadas nesta sexta-feira (30) na província de Jiangsu, e 206, em todo país. Centenas de milhares de pessoas estão mais uma vez confinadas nesta região e em Pequim.

A eficácia das vacinas chinesas levanta questões, porque a maioria dos novos casos ocorre em pessoas vacinadas. Podem "desacelerar a propagação e reduzir a taxa de mortalidade", mas não "erradicar o vírus", afirmou Zhang Wenhong, um especialista em doenças infecciosas de Xangai.

Na Austrália, a polícia de Sydney contará com a ajuda de 300 soldados para fazer cumprir as restrições na maior cidade do país, de cinco milhões de habitantes. Lá, o número de infecções bateu recorde na quinta-feira (29).

Em sua quinta semana, o confinamento será mantido até 28 de agosto, mas muitos violam a medida, indo às praias, ou parques.

Uma semana após o início das Olimpíadas, o Japão estendeu o estado de emergência até o final de agosto em Tóquio e em outros quatro departamentos.

"A infecção está se espalhando a uma velocidade nunca vista antes", declarou o governo nesta sexta-feira, com um recorde de mais de 10.000 casos por dia. Os organizadores dos Jogos Olímpicos também detectaram 27 novos casos.

- Contagioso como a catapora -

Em uma nota interna alarmista, o Centro para Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos estima que a variante Delta é tão contagiosa quanto a catapora e causa consequências mais sérias nos pacientes, informam os jornais The Washington Post e The New York Times.

É por isso que os americanos, mesmo vacinados, devem usar a máscara em áreas onde o vírus circula muito. E, para aumentar a vacinação que parece estar estagnada, o presidente Joe Biden pediu às autoridades locais que paguem US$ 100 para aqueles que forem vacinados pela primeira vez.

Israel, que acreditava que sua população estivesse imunizada e protegida, restabeleceu o passe de saúde na quinta-feira em locais com mais de 100 pessoas. E lançou uma campanha "complementar" com uma terceira dose para pessoas acima de 60 anos. Nesta sexta-feira, o presidente israelense, Isaac Herzog, recebeu a sua.

Na Europa, onde muitos países estão enfrentando uma quarta onda, também há mudanças. Na Espanha, o toque de recolher foi estendido em Barcelona e em parte da Catalunha.

A partir de domingo (1º), a Alemanha vai generalizar a obrigação de os turistas não vacinados apresentarem um teste anticovid-19 em seu ingresso no país, "de avião, carro, ou trem".

A França ordenou, por sua vez, o confinamento das ilhas ultramarinas da Reunião e da Martinica.

Nem tudo são más notícias, porém. A zona do euro cresceu no segundo trimestre, com alta de 2% no Produto Interno Bruto (PIB), após duas quedas trimestrais consecutivas.

- "Salvar vidas" -

A pressão aumenta para acelerar a vacinação, mas sua aplicação continua muito desigual ao redor do mundo. Os países mais ricos administraram em média 97 doses por cada 100 habitantes, e os mais pobres, apenas 1,6.

O sistema Covax, que supostamente permite o envio gratuito de imunizantes para os países pobres, espera receber 250 milhões de doses nas próximas seis a oito semanas, informou a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Enquanto isso, a situação é "desesperadora" em Mianmar, alertou o Reino Unido, que pediu ao Conselho de Segurança da ONU que garanta que as vacinas possam ser distribuídas para este país, apesar da crise desencadeada desde o golpe de Estado militar de fevereiro passado.

Nas Filipinas, 13 milhões de pessoas serão confinadas novamente na próxima semana, na região de Manila, para "salvar mais vidas".

Na África, o Senegal, relativamente a salvo por muito tempo, vive um surto de infecções, com hospitais sem oxigênio. Este material também é escasso na Tunísia.

A Colômbia alertou que pode restringir o acesso a espaços públicos para pessoas não vacinadas.

A pandemia matou pelo menos 4.190.383 pessoas em todo mundo desde o final de dezembro de 2019, de acordo com balanço atualizado pela AFP na quinta-feira (29), com base em fontes oficiais. A OMS acredita, no entanto, que o número de óbitos possa ser duas, ou três vezes, maior.

A vacina russa Sputnik V protege contra "todas as variantes conhecidas" do coronavírus, incluindo a contagiosa Delta, responsável por uma virulenta onda de Covid-19 na Rússia, defendeu seu criador, Alexandre Guintsbourg, nesta segunda-feira (21).

O diretor do centro Gamaleia que desenvolveu a vacina Sputnik V, Alexandre Guintsbourg, afirmou que as duas doses deste imunizante "protegem contra todas as variantes atualmente conhecidas, da britânica até a variante Delta, que surgiu na Índia".

Essa cepa, considerada mais contagiosa, está por trás de 90% dos novos casos registrados em Moscou, segundo seu prefeito Serguéi Sobianin.

A capital é o epicentro da segunda onda do vírus na Rússia e bateu recordes diários de infecções desde o início da pandemia.

As declarações de Guintsbourg buscam impulsionar a frustrada campanha de vacinação na Rússia, que enfrenta a desconfiança e relutância de sua população.

Despois de prometer um sorteio de um carro entre quem tomar a primeira dose, o prefeito de Moscou anunciou na semana passada que imporia a vacinação obrigatória para os trabalhadores do setor de serviços.

Por sua vez, São Petersburgo, a segunda cidade do país também exposta a um forte aumento de casos, anunciou que pretende vacinar 65% dos funcionários locais até agosto.

A Rússia é o país com mais mortes por Covid-19 na Europa, com 129.801 óbitos segundo o governo, balanço que a agência de estatística Rosstat eleva para 270.000 desde o início da pandemia.

A primeira edição de um mapeamento realizado pelo Instituto Butantan apontou a circulação de 19 variantes do novo coronavírus no Estado de São Paulo. Segundo os dados, coletados em laboratórios públicos e privados, a variante Gama (P.1), identificada pela primeira vez em Manaus, é predominante, mas há registros da Alfa (identificada no Reino Unido) e da B.1.1.28, que originou a Gama.

Nesta quarta-feira (16), o instituto lança o boletim epidemiológico da Rede de Alertas das Variantes, que será atualizado semanalmente e terá como foco detectar as cepas em circulação em São Paulo. Os dados são obtidos por meio do sequenciamento genômico de parte dos testes com resultado positivo realizados pelo Butantan e pelos laboratórios que integram a rede.

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Esse primeiro levantamento utilizou dados de janeiro até o dia 29 de maio (21ª semana epidemiológica) e apontou que a variante Gama corresponde a 89,9% dos casos avaliados. "Foram sequenciados 4.812 (0,58%) genomas completos de 834.114 (39,2%) casos positivos", informa o instituto.

O Departamento Regional de Saúde (DRS) da Grande São Paulo teve o maior número de variantes identificadas, totalizando 13. Na sequência, vieram a DRS Sorocaba e a DRS Campinas, com oito e sete variantes, respectivamente.

Segundo o Butantan, o boletim vai permitir o acompanhamento da distribuição e evolução temporal da incidência das variantes, testes realizados por região, amostras positivas e o porcentual de resultados positivos encaminhados para sequenciamento genômico. Será possível ainda ver as frequências absolutas e relativas das linhagens do vírus por Departamento Regional de Saúde.

Os parceiros da rede são: Hemocentro de Ribeirão Preto/FMRP-USP, Mendelics, FZEA-USP/Pirassununga, Centro de Genômica Funcional (ESALQ-USP)/Piracicaba, Faculdade de Ciências Agrônomas UNESP/Botucatu e FAMERP São José do Rio Preto.

O Butantan também lidera a Rede de Laboratórios para Diagnóstico do Coronavírus SARS-CoV-2, que conta com 28 laboratórios públicos e um privado, que já realizaram quase 4 milhões de exames para detecção da covid-19 desde o início da pandemia. A rede tem como objetivo entregar, em um prazo de até 72 horas, os laudos a pacientes com suspeita de infecção pelo vírus.

A vacina para Covid-19 desenvolvida pela AstraZeneca em parceria com a Universidade de Oxford tem eficácia de 64% contra a variante Delta do coronavírus, identificada primeiramente na Índia, informou a farmacêutica nesta terça-feira (15).

Já a proteção contra a variante Alfa, detectada originalmente no Reino Unido, é de 74%. No Brasil, as doses da AstraZeneca são envasadas pela Fundação Oswaldo Cruz (FioCruz) e utilizadas pelo Ministério da Saúde no Plano Nacional de Imunização (PNI).

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De acordo com comunicado publicado pela farmacêutica, a vacina desenvolvida em parceria com a Universidade de Oxford, porém, tem eficácia de 92% contra hospitalizações entre infectados com a variante Delta e de 86% no caso da variante Alfa.

"Esta evidência mostra que a vacina contra Covid-19 da AstraZeneca oferece um alto nível de proteção contra a variante Delta, que atualmente é um foco de preocupação devido à sua transmissão rápida", diz a vice-presidente executivo de Pesquisa e Desenvolvimento de Biofarmacêuticos do laboratório.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou nesta terça-feira (1°) que atribuiu a cada uma das quatro variantes do novo coronavírus consideradas preocupantes o nome de uma letra do alfabeto grego, o que tornará mais fácil mencioná-los e lembrá-los.

A maioria das pessoas não costuma identificar essas variantes pelos nomes científicos (difíceis de reter e diferenciar), mas pelo local onde foram inicialmente detectadas, chamando B.1.17 de variante britânica, a B.1.351 de variante sul-africana, P.1 de variante brasileira, e B.1.617.2 de variante indiana.

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Isso gera estigma e discriminação contra os países envolvidos, além de certo grau de desinformação. "Para evitar isso e simplificar a comunicação ao público, a OMS convida as autoridades nacionais, a imprensa e outras entidades a adotarem esses novos nomes", afirmou a organização, em nota.

A OMS lançou uma série de consultas entre especialistas de diferentes partes do mundo e revisou vários sistemas nominativos para escolher os nomes mais apropriados. Então, decidiram nomear o B.1.17 (britânico) como a variante alfa; o B.1.351 (sul-africano), a variante beta; o P.1 (brasileiro), a variante gama e o B.1.617.2 (indiano), a variante delta.

Com a mudança, a OMS diz esperar alcançar um equilíbrio justo e mais compreensível nas chamadas "variantes de preocupação". Esses nomes são usados apenas para fins informativos e não substituirão os utilizados em pesquisas, uma vez que designações científicas veiculam importantes informações para pesquisadores, como a linhagem em que foram encontradas e as variações do coronavírus original. (Com agências internacionais).

Um vírus primitivo, presente nos humanos há milhares de anos, pode estar sendo ativado pelo coronavírus e provocando aumento de mortes em pacientes graves. A hipótese faz parte de um estudo coordenado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) que pode ajudar a compreender por que alguns pacientes graves submetidos à ventilação mecânica conseguem deixar a UTI, enquanto outros não sobrevivem à covid-19.

A pesquisa indica que a presença do retrovírus endógeno humano da família K (HERV-K) está associada não só ao agravamento da doença como também à mortalidade precoce. De março a dezembro de 2020, o estudo “Ativação do Retrovírus Endógeno Humano K no Trato Respiratório Inferior de Pacientes com Covid-19 Grave Associada à Mortalidade Precoce” acompanhou 25 pessoas em estado crítico que necessitaram de ventilação mecânica. Com idade média de 57 anos, elas estavam internadas no Instituto D’Or e no Instituto Estadual do Cérebro Paulo Niemeyer.

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“A progressão de casos brandos para graves vinha sendo associada à hipoxia, inflamação descontrolada e coagulopatia. No entanto, os mecanismos envolvidos com a mortalidade em casos muito graves ainda não são bem conhecidos. Para isso, o estudo buscou compreender o viroma do aspirado traqueal de indivíduos em ventilação mecânica — isto é, os vírus presentes na amostra. Os testes mostraram níveis altos de HERV-K, em comparação com exames de pacientes com casos brandos e de não infectados”, explicou a Fiocruz.

O coordenador do estudo foi Thiago Moreno, do Centro de Desenvolvimento Tecnológico em Saúde (CDTS/Fiocruz). “Verificamos o viroma de uma população com uma altíssima gravidade, em que a taxa de mortalidade chega a 80% para ver se algum outro vírus estava coinfectando esse paciente que está debilitado, imunossuprimido. A nossa surpresa foi encontrar esses altos níveis de retrovírus endógeno K. É o tipo de pesquisa que parte de uma abordagem completa não enviesada. Isso dá muita força, muita credibilidade ao achado”, explicou o cientista.

Ancestral

Segundo o estudo, o HERV-K é um retrovírus endógeno, um vírus ancestral que infectou o genoma humano quando humanos e chimpanzés estavam se dissociando na escala evolutiva. Alguns desses elementos genéticos estão presentes nos nossos cromossomos. Muitos ficam silenciosos durante a maior parte da vida, mas parece que, de alguma forma, o Sars-CoV-2 pode ter reativado esse retrovírus ancestral. O índice de morte em pacientes graves de covid-19 chega a 50% entre os que apresentam altos níveis de HERV-K.

O estudo estabeleceu ainda uma ligação direta: ao infectar em laboratório uma célula de uma pessoa saudável com o Sars-CoV-2, houve um aumento nos níveis do HERV-K. “A gente estabeleceu, de fato, que o Sars-CoV-2 é o gatilho para o aumento desses retrovírus endógenos, para despertar os genes silenciosos”, disse Moreno.

Junto com o aumento dos níveis do HERV-K nos pacientes, os pesquisadores perceberam que fatores de coagulação foram mais consumidos, que ocorreram mais processos inflamatórios e que diminuíram os números de fatores necessários para a sobrevivência de células do sistema imune. Conforme os níveis de HERV-K aumentaram, os números de monócitos inflamados ativados também cresceram. “Esses níveis de HERV-K se correlacionaram com o que se chamou de mortalidade precoce, como menos de 28 dias de internação”, conta Thiago.

Genes silenciosos

A pesquisa é ainda a primeira evidência da presença desse retrovírus no trato respiratório e no plasma de pacientes graves de covid-19. A presença do HERV-K, que ocorre também em outras doenças, como câncer e esclerose múltipla, pode ser usada como um biomarcador associado à gravidade em casos de covid-19. Sua detecção precoce poderia reforçar o uso de determinadas estratégias, como o uso de anticoagulantes e anti-inflamatórios.

Mas ainda é difícil saber por que isso ocorre em algumas pessoas e não em outras. “Esse despertar de genes silenciosos é o que pode fazer a diferença das evoluções. Talvez o sinal para o silenciamento de determinados retrovírus endógenos seja mais forte em algumas pessoas do que em outras. Parece estar associada à gravidade essa capacidade do novo coronavírus de mudar o perfil epigenético da célula do hospedeiro, ativando inclusive vírus ancestrais, alguns deles que deveriam estar adormecidos no nosso genoma”, comentou o coordenador do estudo.

Além da Fiocruz, fazem parte da pesquisa cientistas da Universidade Federal de Juiz de Fora, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, do Instituto Estadual do Cérebro Paulo Niemeyer e da empresa MGI Tech.

* Com informações da Agência Fiocruz de Notícias

 

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