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O Governo de Pernambuco anunciou nesta terça-feira (13), que deu início ao diagnóstico laboratorial de casos suspeitos da monkeypox, ou varíola dos macacos, como está sendo chamada popularmente. O processamento de amostras já está sendo realizado pelo Laboratório Central de Saúde Pública de Pernambuco (Lacen-PE).

Inicialmente, o Lacen-PE recebeu do Ministério da Saúde (MS), sete kits moleculares com reagentes produzidos pelo Instituto Bio-Manguinhos/Fiocruz que irão permitir a análise de 700 amostras por meio de teste molecular (PCR). Segundo a Secretaria Estadual de Saúde, a técnica é considerada padrão-ouro para detecção de material genético do vírus em uma amostra. 

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"Pernambuco já vinha pleiteando, junto ao Ministério da Saúde, a descentralização dos kits para que as amostras coletadas não precisem mais ser encaminhadas para o laboratório de referência nacional, no Rio de Janeiro. Com isso, vamos dar mais agilidade ao diagnóstico. Também estamos em diálogo com o órgão federal sobre o envio de mais kits para, desta forma, nos tornarmos referência na detecção da doença infecciosa para outros estados do Nordeste", afirma o secretário de Saúde, André Longo.

Dados

No início deste mês de setembro, Pernambuco confirmou a transmissão comunitária do vírus monkeypox no Estado. Até esta terça-feira (13), Pernambuco contabiliza 740 notificações, sendo 498 casos que ainda estão em investigação, 61 confirmados e 181 casos descartados.

A Policlínica Waldemar de Oliveira, em Santo Amaro, no Centro do Recife, ganhou um espaço para testagem de casos suspeitos do vírus monkeypox (varíola dos macacos), nessa segunda-feira (12). Os exames ocorrem nos dias da semana, das 8h às 17h, mediante agendamento.

O teste está disponível para pessoas de todas as idades que apresentem um ou mais sintomas da doença. A Secretaria Municipal de Saúde (Sesau) elencou principais indícios que se apresentam no paciente contaminado: início repentino de lesões em mucosas; erupção cutânea única ou diversas em qualquer parte do corpo (rosto, dentro da boca, braços, pernas, peito, genitais ou ânus); dor no ânus, sangramento; inchaço no pênis. Essas questões podem ainda estar associadas a outros sinais e sintomas, como forte dor de cabeça, caroço em região do pescoço e da virilha, dores nas costas, dores musculares, falta de energia e calafrios.  

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O agendamento é feito na aba 'Vamos Testar' dentro site ou do aplicativo do Conecta Recife. Para realizar o teste, a pessoa precisa apresentar um encaminhamento com a solicitação do exame assinado e carimbado por um profissional de saúde de nível superior, portar um comprovante de residência no Recife e documento de identificação com foto.   

O procedimento coleta as crostas das erupções cutâneas ou pode ser feio através de uma espécie de cotonete, o swab, que retira a amostra diretamente das lesões. O material é encaminhado ao Lacen e o resultado sai em cerca de 15 dias. 

Para se previnir, a Sesau recomenda que evite o contato íntimo com pessoas que apresentem feridas na pele; higienize frequentemente as mãos com água e sabão, e as seque com papel toalha. Caso não seja possível, utilizar álcool 70%; Não compartilhar utensílios domésticos, como roupas de cama, toalhas, talheres, copos e objetos pessoais com pessoas com suspeita ou confirmação para Monkeypox; o uso de máscara de proteção é uma medida efetiva que deve ser adotada em locais públicos que promovem o contato próximo e prolongado.

 Segundo o Centro de Informações Estratégicas de Vugilancia à Saúde (Cievs-PE), Pernambuco registrou 647 notificações de Varíola dos macacos (monkeypox), nesta sexta-feira (9). Entre elas, 428 casos ainda estão em investigação, 57 confirmados e 162 casos foram descartados. 

Dos casos confirmados, três são crianças menores de 10 anos e mias s 67 estão sendo investigados nessa mesma faixa etária. Além desses, as demais faixas etárias com diagnóstico positivo da doença são: 20 a 29 (23 casos), 30 a 39 (19) e 40 a 49 (9), 50 a 59 (1) e a partir de 60 anos (2).

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Dos resultados positivos, 48 são do sexo masculino e 9 do sexo feminino.

A região das Américas se tornou o epicentro do surto de varíola dos macacos, com o maior número de casos no mundo, alertou a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) nessa quarta-feira (7).

Até 6 de setembro, mais de 30 mil casos da doença foram relatados nas Américas, especialmente nos Estados Unidos, Brasil, Peru e Canadá, informou a diretora da Opas, Carissa Etienne, em uma coletiva de imprensa virtual.

A maioria deles são de homens que fazem sexo com homens, mas também há registros de pelo menos 145 casos em mulheres e 54 entre menores de 18 anos, especificou.

Até agora, foram notificadas quatro mortes relacionadas à varíola dos macacos, no Brasil, Cuba e Equador.

Como as vacinas contra essa varíola são limitadas, a Opas recomenda que seja dada prioridade aos grupos de alto risco e à comunicação, evitando o estigma e a discriminação da comunidade LGBTQ+.

"O estigma não tem cabimento na saúde pública" e impede que pessoas em risco sejam testadas quando apresentam sintomas, disse Etienne. "Se não formos proativos em superar essas barreiras, a varíola dos macacos se espalhará silenciosamente", alertou.

A Opas fez um acordo com o laboratório Bavarian Nordic para fornecer 100 mil doses dessas vacinas aos países da América Latina e do Caribe por meio do fundo rotativo, que começará a distribuí-las em setembro aos 12 que já solicitaram.

Mas Etienne insistiu que as vacinas "só complementam" outras medidas como vigilância, testes e o rastreamento de contatos e, embora possam ser administradas preventivamente, por exemplo, a profissionais de saúde, a vacinação em massa não é recomendada.

Vírus como o da varíola dos macacos, que são compostos por material genético de DNA, apresentam "um processo de evolução e acúmulo de mutações" normalmente mais lentos que o da Covid-19, mas em alguns países já se observa uma "microevolução" que pode gerar sublinhagens, explicou Jairo Andrés Méndez Rico, assessor para doenças virais emergentes da Opas.

Ainda assim, "até o momento nenhuma mudança foi associada a uma maior capacidade de transmissão", especificou na coletiva.

Nessas circunstâncias e em uma região onde muitos países dependem do turismo, Ciro Ugarte, diretor de emergências sanitárias da Opas, aconselhou dar prioridade à informação para que turistas e nacionais que retornam saibam aonde ir em caso de sintomas. "Não deve haver nenhuma restrição às viagens", reiterou.

Além da varíola dos macacos, a Opas continua preocupada com a Covid-19.

Os casos, hospitalizações e mortes por covid diminuíram nos Estados Unidos, embora 4.954 mortes tenham sido registradas na semana passada, segundo a agência.

Em comparação com outras doenças, a Covid-19 “segue sendo uma ameaça relevante” porque o vírus continua a circular e podem surgir novas variantes.

É por isso que a organização pede aos países que alcancem cidadãos que não receberam nenhuma dose da vacina.

Dez países e territórios da região "ainda não vacinaram totalmente 40% de suas populações", disse Etienne, enfatizando que os não vacinados "serão os mais afetados quando a próxima onda de casos chegar".

Os países das Américas se tornaram o epicentro do surto global de varíola dos macacos, com mais de 30 mil casos concentrados principalmente nos Estados Unidos, Brasil, Peru e Canadá, informou a Organização Pan-Americana da Saúde nesta quarta-feira, 7, esclarecendo, no entanto, que a vacinação em massa não é necessária por enquanto.

"Com a escassez de vacinas e nenhum tratamento eficaz para a varíola, os países devem intensificar seus esforços para impedir a propagação do vírus em nossa região", disse o diretor da Opas, Carissa Etienne. "Temos os meios para desacelerar esse vírus", disse, em conferência de imprensa virtual da sede da organização em Washington.

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A varíola dos macacos ("monkeypox") circula na África central e ocidental há décadas e não era conhecida por provocar grandes surtos em países de outros continentes ou se espalhar amplamente entre as pessoas até maio, quando dezenas de casos começaram a ser relatados na Europa e na América do Norte.

Em julho, a Organização Mundial da Saúde declarou uma emergência global para a varíola, o nível de alerta mais alto usado no passado em surtos semelhantes de zika na América Latina em 2016 e no pandemia de coronavírus, entre outros. A afirmação não significa necessariamente que a doença seja particularmente transmissível ou fatal.

Nas Américas, a maioria dos casos foi detectada entre homens que fazem sexo com homens, embora pelo menos 145 casos também tenham sido confirmados entre mulheres e 54 casos entre crianças menores de 18 anos, disse a Opas.

Até agora, 30.772 casos foram registrados em 31 países das Américas e quatro mortes no Brasil, Cuba e Equador, segundo a Opas.

O Brasil recebeu nesta segunda-feira (5) o material biológico necessário para iniciar o desenvolvimento de uma vacina contra a varíola dos macacos, ou monkeypox. O material conhecido tecnicamente como sementes do vírus vacinal foi doado pelo Instituto Nacional de Saúde (National Institutes of Health - NHI), agência de pesquisa médica dos Estados Unidos, para Centro de Tecnologia de Vacinas (CT Vacinas) na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

  Esse é o primeiro passo para o desenvolvimento de uma vacina nacional contra a doença. Com esse material, é possível desenvolver o Insumo Farmacêutico Ativo (IFA), que é a matéria-prima para a produção vacinas. O CTVacinas receberá o lote e trabalhará em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), por meio do Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Biomanguinhos). 

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A iniciativa é uma das ações definidas como prioritária pelos pesquisadores brasileiros que integram a CâmaraPOX Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI). Constituída em maio deste ano, o grupo formado por oito pesquisadores brasileiros especialistas em varíola e outros poxvírus assessora o MCTI sobre o assunto em relação à pesquisa, desenvolvimento e inovação. 

A varíola dos macacos é uma doença causada por vírus e transmitida pelo contato próximo ou íntimo com uma pessoa infectada e com lesões de pele. O contato pode se dar por meio de um abraço, beijo, massagens, relações sexuais ou secreções respiratórias. A transmissão também ocorre por contato com objetos, tecidos (roupas, roupas de cama ou toalhas) e superfícies que foram utilizadas pelo doente.

A Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) confirmou, nesta sexta-feira (2), o primeiro caso do vírus da varíola dos macacos em uma unidade prisional do Rio de Janeiro. A paciente está isolada e recebendo medicação. Sua identidade não foi divulgada.

Outros seis casos suspeitos foram identificados. Equipes da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde das Pessoas Privadas de Liberdade no Sistema Prisional (Pnaisp) estão vistoriando celas para buscar possíveis casos da doença.

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A secretaria informou, ainda, que os protocolos de vigilância sanitária foram ativados e os servidores da unidade prisional receberam orientações sobre as medidas de prevenção.

De acordo com o informe nº 45 do Ministério da Saúde sobre a situação epidemiológica do vírus, até ontem (1º) havia 5.197 casos confirmados e 5.320 casos suspeitos da doença no país.

A Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE) confirmou a transmissão comunitária da Monkeypox, mais conhecida como varíola dos macacos, nesta quinta-feira (1º). O Centro de Informações Estratégicas de Vigilância à Saúde (Cievs-PE) contabiliza, até o momento, 502 notificações, sendo 351 casos que ainda estão em investigação, 42 confirmados e 109 casos descartados. 

Do total das notificações, 42 pacientes tiveram confirmação laboratorial para a monkeypox e envolvem pessoas residentes nos municípios de Recife (27), Jaboatão dos Guararapes (4), Paulista (2), Olinda (2), Caruaru (2), Petrolina (1), Camaragibe (1), Surubim (1), São José do Egito (1) e Condado (1). As faixas etárias são: 20 a 29 (18), 30 a 39 (14) e 40 a 49 (8), 60 e mais (2). Sendo 36 do sexo masculino e 6 do sexo feminino. Todos os casos confirmados estão em isolamento domiciliar. 

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"A transmissão comunitária da doença acontece quando não é mais possível identificar a origem da infecção. Esse estágio já era esperado, visto que diversos estados do país já confirmaram a circulação sustentada e a disseminação autóctone do vírus. Do ponto de vista da vigilância epidemiológica, permanecem todas as ações de monitoramento e acompanhamento dos casos, assim como a obrigatoriedade da notificação compulsória pelos serviços de saúde”, pontuou a secretária executiva de Vigilância em Saúde, Patrícia Ismael.

Ela lembrou que Pernambuco já possui o Plano de Resposta de Saúde Pública aos casos de Monkeypox. “O objetivo de minimizar o impacto provocado pela introdução do vírus no território estadual. Também continuamos instrumentalizando os gestores municipais a fim de garantir uma resposta adequada à doença", disse.

Os 351 casos que estão em investigação são de pessoas residentes nos municípios de Recife (53), Olinda (44), Jaboatão dos Guararapes (42), Paulista (25), Abreu e Lima (13), Caruaru (10), Petrolina (11), Belo Jardim (9), Cabo de Santo Agostinho (9), Carpina (9), Camaragibe (7), Paudalho (7), Garanhuns (6), Limoeiro (5), Tuparetama (5), Buíque (4), Ferreiros (4), Pesqueira (4), Araripina (3), Floresta (3), Jatobá (3), Ouricuri (3), São José do Egito (3), São Lourenço da Mata (3), Araçoiaba (3), Bom Jardim (2), Brejo da Madre de Deus (2), Cabrobó (2), Igarassu (2), Ipojuca (2), Itaquitinga (2), Lagoa Grande (2), Machados (2), Nazaré da Mata (2), Palmares (2), Pedra (2), São Caitano (2), Tabira (2), Tacaimbó (2), Afogados da Ingazeira (1), Alagoinha (1), Altinho (1), Arcoverde (1), Barreiros (1), Belém do São Francisco (1), Bezerros (1), Brejinho (1), Camocim de São Félix (1), Casinhas (1), Catende (1), Condado (1), Custódia (1), Fernando de Noronha (1), Gameleira (1), Granito (1), Gravatá (1), Ilha de Itamaracá (1), Ipubi (1), Jaqueira (1), Jucati (1), Lajedo (1), Pombos (1), Rio Formoso (1), Sairé (1), Salgueiro (1), Santa Maria do Cambucá (1), São João (1), São Joaquim do Monte (1), São Vicente Ferrer (1), Serra Talhada (1), Timbaúba (1), Toritama (1), Vertente do Lério (1) e Vertentes (1).

As faixas etárias são: 0 a 9 (52), 10 a 19 (58), 20 a 29 (79), 30 a 39 (60), 40 a 49 (51) e 50 a 59 (30) e 60 e mais (19), sendo 198 do sexo masculino e 151 do sexo feminino. Os casos notificados estão sendo acompanhados pelas equipes de vigilância epidemiológica municipais.

"Apesar da maioria dos casos se manifestarem de forma leve, reforçamos a necessidade da população ficar mais atenta com relação aos sintomas, como as lesões na pele. Como ainda não há vacina para a doença é importante que se mantenham alguns cuidados. Caso ocorra o aparecimento de lesões é preciso procurar um serviço de saúde na sua cidade, manter o isolamento e seguir todas as recomendações médicas, a fim de evitar a transmissão e propagação do vírus", afirmou Patrícia Ismael.

Da assessoria

O Ministério da Saúde incluiu a varíola dos macacos (Monkeypox) na Lista Nacional de Notificação Compulsória de doenças, agravos e eventos de saúde pública. Com isso, profissionais de estabelecimentos públicos e privados ficam obrigados a informar às autoridades, em até 24 horas, sobre os casos confirmados da doença.

A medida consta da Portaria nº 3.418, publicada no Diário Oficial da União de hoje (1º). Assinada pelo ministro Marcelo Queiroga, a norma estabelece que os casos devem ser relatados diretamente ao Ministério da Saúde.

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Causada pelo vírus hMPXV (Human Monkeypox Virus, na sigla em inglês), a doença foi declarada emergência de saúde pública de interesse internacional pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em julho deste ano. A decisão foi tomada após o aumento do número de casos em vários países.

No Brasil, o primeiro diagnóstico foi confirmado no início de junho, em São Paulo (SP). A primeira morte associada à doença ocorreu no fim de julho, em Belo Horizonte (MG).

Segundo o boletim epidemiológico que o Ministério da Saúde divulgou no fim da tarde desta quarta-feira (31), o Brasil já contabiliza a 5.037 casos confirmados da doença, além de outros 5.391 suspeitas sob investigação. A maior parte dos doentes está no estado de São Paulo, onde, até ontem, 3.001 casos já tinham sido confirmados. Em seguida vêm o Rio de Janeiro (675) e Minas Gerais (278) – estados onde ocorreram as duas mortes pela doença já registradas no país.

Causada por um vírus, a Varíola dos Macacos pode ser transmitida pelo contato próximo com uma pessoa infectada cuja pele esteja lesionada. O contágio pode se dar por abraços, beijos, massagens ou relações sexuais. A doença também pode ser transmitida por secreções respiratórias e pelo contato com objetos, tecidos (roupas, roupas de cama ou toalhas) e superfícies utilizadas pelo doente.

Entre os principais sintomas da varíola dos macacos estão as erupções cutâneas ou lesões na pele; ínguas; febre; dores no corpo; dor de cabeça; calafrio e fraqueza. O ministério recomenda que as pessoas consultem um médico caso notem qualquer um destes sinais.

Na maioria dos casos, os pacientes apresentam sintomas leves, para os quais não há tratamento específico, sendo necessários o cuidado e a observação das lesões. Porém, na semana passada, começaram a chegar ao país os primeiros tratamentos medicamentosos prescritos para pacientes com risco de desenvolver formas graves da doença (pessoas imunossuprimidas com HIV/Aids, leucemia, linfoma, metástase, transplantados, pessoas com doenças autoimunes, gestantes, lactantes e crianças com menos de 8 anos de idade).

Além de sintomas de febre, fadiga, dor de cabeça, dores musculares e aparecimento de lesões cutâneas, manifestações oculares também podem estar atreladas à varíola dos macacos. Na semana passada, o H.Olhos, referência em oftalmologia na capital paulista, identificou o primeiro caso de paciente com confirmação para a doença a partir de exame de coleta ocular.

Quatro dias após o surgimento de lesões na pele, associadas a outros sintomas de monkeypox como mialgia e cefaleia, um profissional de saúde, de 30 anos, que preferiu não se identificar, começou a apresentar também irritação ocular e lacrimejamento, quadro semelhante a uma conjuntivite. Enquanto ainda aguardava o resultado do RT-PCR, exame que se baseia na coleta de material genético presente nas lesões características da doença, decidiu procurar atendimento oftalmológico.

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"Os sintomas como mialgia e cefaleia duraram apenas um dia. As lesões na pele permaneceram e foram mudando o aspecto com o passar dos dias. Quatro dias após os sintomas, comecei a apresentar irritação ocular associada a lacrimejamento. Procurei atendimento oftalmológico para uma avaliação mais detalhada, por saber que há casos de pacientes têm conjuntivite no diagnóstico de varíola dos macacos", afirmou ele.

O paciente foi encaminhado para coleta de material microbiológico dos olhos. Em pouco tempo, a confirmação do diagnóstico oftalmológico foi feita, assim como saiu o resultado positivo do RT-PCR. "Além de isolamento em casa por 21 dias, com tratamento apenas sintomático, também precisei realizar cuidados com os olhos", disse o homem. Ele passou por acompanhamento em ambulatório de oftalmologia e utilizou compressa local, colírio antibiótico e lubrificante ocular.

"Esse paciente teve positividade para lesões em região inguinal e para lesões oculares. Comparamos as amostras coletadas em laboratórios diferentes e ambos identificaram uma concentração de carga viral elevada para a monkeypox. Ou seja, conseguimos correlacionar que os pacientes que têm lesões com positividade para exames cutâneos podem apresentar positividade para exames oftalmológicos, e daí, o exame do olho passa a ser também um exame de diagnóstico para a doença", acrescentou Pedro Antônio Nogueira Filho, chefe do Pronto-Socorro do H.Olhos.

Segundo o especialista, diversas situações podem estar presentes dentro da varíola dos macacos com manifestações oculares. Em razão do aumento do número de casos, recomenda-se ainda que os oftalmologistas incorporem a monkeypox como parte do diagnóstico diferencial quando chegarem aos consultórios casos semelhantes que apresentam manifestações oftalmológicas como conjuntivite, blefarite, ceratite ou lesões na córnea, por exemplo.

"Existem várias manifestações oculares que podem estar atreladas à varíola dos macacos. Em muitas ocasiões, as manifestações oculares são até mesmo mais frequentes que outras manifestações. Essas manifestações em si podem variar de quadros atrelados a dor de cabeça na região frontal, vermelhidão da região das pálpebras, quadros inflamatórios palpebrais, a própria conjuntivite, seguida de ulcerações nas córneas e dificuldade para olhar para a luz, entre outras lesões da córnea, além de baixa visual. Uma gama de situações que podem estar presentes dentro da condição da monkeypox", afirma Nogueira Filho.

Com o diagnóstico confirmado, o paciente precisou manter isolamento para evitar que outras pessoas pegassem a doença. "Pode haver até duas semanas de período de incubação e até três semanas de transmissibilidade, sendo possível o paciente que teve diagnóstico ocular positivo para a varíola dos macacos transmitir a doença. Tanto que identificamos a carga viral pela coleta de superfície ocular. Se o paciente está lacrimejando, a partir do momento em que há contato com outra pessoa, esse vírus pode se manifestar a partir dessa contaminação inicial. É possível não somente para lesão ocular, assim como para qualquer outra lesão da superfície dos olhos", orienta Nogueira Filho.

Kemi Salami, especialista em Oftalmologia pelo Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) e Associação Médica Brasileira (AMB), afirma que as alterações oftalmológicas são menos comuns que as dermatológicas características da doença. "Além da conjuntivite, outras alterações podem aparecer, como formação de vesículas na região periocular, aumento dos gânglios linfáticos perioculares, blefarite, ceratite e úlcera de córnea", destacou Kemi.

Casos de varíola dos macacos

No mundo já são ao menos 49.961 casos confirmados e suspeitos da doença. Com mais de 4 mil casos, o Brasil é o terceiro país com mais registros de varíola dos macacos, atrás apenas dos Estados Unidos (17.995) e Espanha (6.459), conforme atualizações da Organização da Saúde (OMS) contabilizadas até a tarde desta terça-feira, 30. Desde 23 de julho, a doença é reconhecida como uma emergência de saúde global.

Dicas que podem prevenir varíola dos macacos e ajudar a evitar a contaminação dos olhos:

Lavar as mãos com frequência.

Evitar tocar os olhos, nariz, ouvidos com as mãos.

Não compartilhar colírios.

Não usar colírios por conta própria.

Não compartilhar objetos de uso pessoal como toalhas de rosto, talheres, lençóis e fronhas de travesseiro.

Uso de máscaras de proteção.

O Estado do Rio de Janeiro registrou nesta segunda-feira (29) a primeira morte por varíola dos macacos (monkeypox). A vítima foi um homem de 33 anos que morava em Campos dos Goytacazes, no norte fluminense. É o segundo óbito registrado no Brasil - o primeiro ocorreu em Minas, em julho.

Segundo a Secretaria Municipal de Saúde de Campos, o paciente tinha comorbidades e baixa imunidade, o que agravou seu quadro de saúde. Ele estava internado no Hospital Ferreira Machado, inicialmente na enfermaria e desde o dia 19 na Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

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A pasta afirmou que está monitorando a saúde das pessoas que tiveram contato com essa vítima. Até esta segunda-feira, não havia suspeita de novas contaminações.

O Estado do Rio registrou 611 casos de varíola dos macacos até esta segunda-feira, conforme a secretaria estadual de Saúde. Existem ainda 61 casos prováveis e 474 em investigação. Embora a doença tenha se espalhado mais rapidamente entre homens gays e bissexuais, especialistas alertam que outros grupos também podem se infectar com o vírus.

Pernambuco registrou o seu primeiro caso da varíola dos macacos em uma mulher, de acordo com o boletim divulgado na sexta-feira (26) pela Secretaria de Saúde de Pernambuco (SES-PE). O estado tem, até o momento, 23 casos confirmados e não registra transmissão local. No total, são 387 notificações da doença. A nova vítima do vírus é uma moradora do Recife, com idade entre 20 e 29 anos. Os demais casos confirmados (22) foram registrados em homens.  

Entre os casos notificados, 324 casos ainda estão em investigação, e 40 foram casos descartados. As faixas etárias dos pacientes confirmados são: 20 a 29 (11 casos), 30 a 39 (8 casos) e 40 a 49 (4 casos). Os pacientes diagnosticados foram orientados ao isolamento domiciliar. 

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Do total das notificações, 23 pacientes tiveram confirmação laboratorial para a varíola dos macacos. Eles são moradores dos municípios de Recife (15), Jaboatão dos Guararapes (4), Paulista (1), Petrolina (1), Olinda (1) e Surubim (1). Na última semana, a Secretaria de Ressocialização (Seres) também notificou cinco casos suspeitos de monkeypox na na Penitenciária Dr. Ênio Pessoa Guerra, localizada na cidade de Limoeiro, no Agreste, mas todos foram descartados.  

Confira o mapeamento dos casos 

Os 324 casos que estão em investigação são de pessoas residentes nos municípios de Recife (62), Jaboatão dos Guararapes (35), Olinda (35), Paulista (20), Belo Jardim (11), Caruaru (11), Abreu e Lima (10), Carpina (9), Pesqueira (8), Cabo de Santo Agostinho (7), Limoeiro (7), Petrolina (7), Camaragibe (5), Paudalho (5), São José do Egito (5), Vitória de Santo Antão (5), Buíque (4), Ferreiros (4), Araripina (3), Floresta (3), Garanhuns (3), Jatobá (3), São Lourenço da Mata (3), Tabira (3), Tuparetama (3), Afogados da Ingazeira (2), Araçoiaba (2), Bom Jardim (2), Cabrobó (2), Itaquitinga (2), Machados (2), Nazaré da Mata (2), Serra Talhada (2), Alagoinha (1), Altinho (1), Arcoverde (1), Barreiros (1), Bezerros (1), Bodocó (1), Brejinho (1), Camocim de São Félix (1), Catende (1), Condado (1), Custódia (1), Fernando de  Noronha (1), Gameleira (1), Granito (1), Gravatá (1), Igarassu (1), Ilha de Itamaracá (1), Ipojuca (1), Ipubi (1), Jucati (1), Lagoa Grande (1), Passira (1), Pedra (1), Pombos (1), Rio Formoso (1), Salgueiro (1), Santa Cruz do Capibaribe (1), Santa Maria do Cambucá (1), São João (1), São Vicente Ferrer (1), Tacaimbó (1), Tamandaré (1), Timbaúba (1), Toritama (1), Venturosa (1), Vertente do Lério (1) e Vertentes (1). 

Embora a varíola cause principalmente lesões na pele e febre, as pessoas que a tiveram sofrem repercussões psicológicas relacionadas à doença, segundo vários pacientes e médicos.

"Você não sai ileso de uma doença que lhe causou muitos danos, trancado por três semanas e, além disso, tem o peso da discriminação", diz Corentin Hennebert, 27 anos, um dos "primeiros casos" na França.

Desde que se recuperou, outros pacientes também lhe falaram sobre o "preço psicológico" da doença. "Há um sofrimento psicológico que está ligado a vários fatores", explica Nathan Peiffer-Smadja, especialista em infecções do hospital Bichat, em Paris, que coordena um estudo clínico em pacientes infectados.

Por um lado, a “dor” e as possíveis “sequelas, sobretudo estéticas”, e, por outro, o fato de sofrer de “uma doença que as pessoas nunca ouviram falar” que ocorre dois anos após o início da pandemia de covid-19 , e que requer um isolamento de três semanas.

Um pequeno número de pacientes desenvolve lesões internas, principalmente coloproctológicas (afetando cólon, reto e ânus), que às vezes requerem internação, explica. Foi o caso de Hennebert: "Tinha a impressão de que as lâminas de barbear estavam cravadas em mim o tempo todo. Não consigo encontrar outra comparação, era muito forte", lembra.

Antes de ser tratado com tramadol, um poderoso analgésico opioide, ele "perdeu 7 kg em três dias" ao parar de comer. "Eu só pensava na dor", diz ele.

Sébastien Tuller, um francês de 32 anos, não teve essas dores, mas se preocupou muito com a aparência das lesões. "Ficou muito feio e eu não sabia o que fazer. Fiquei muito angustiado ao ver aparecer (pústulas) no meu rosto."

- O trauma do HIV -

"Quando uma doença é visível, é assustador porque pode estigmatizar", diz Michel Ohayon, diretor do 190, um centro de saúde sexual em Paris, que a compara ao "sarcoma de Kaposi", que era "o sintoma da aids".

Embora as duas doenças "não tenham nada a ver" em termos de gravidade, a varíola "reaviva os traumas do HIV", segundo Nicolas Derche, diretor nacional do serviço de saúde do grupo francês SOS, que reúne 650 estruturas.

“Nos soropositivos, isso reativa coisas muito violentas”, seja “o medo de um diagnóstico” ou “reviver uma forte estigmatização”, explica Vincent Leclercq, ativista da ONG Aides na luta contra a aids.

Tal como acontece com o HIV, a varíola dos macacos está atualmente circulando na comunidade HSH (homens que fazem sexo com homens), o que levou a um aumento da discriminação.

“Há muita homofobia e isso tem um impacto real na saúde mental”, explica Sébastien Tuller, ativista e jurista LGBT. "Muitos não dizem que têm ou que tiveram por medo de serem estigmatizados", diz ele.

"Especialmente os jovens, que ainda não levaram a 'questão'" para sua família, ou pessoas que têm medo de que sua orientação sexual seja revelada no trabalho devido as três semanas exigidas de isolamento.

O Ministério da Saúde informou ter recebido a primeira remessa do antiviral Tecovirimat para tratar casos graves da varíola dos macacos, nesta sexta-feira, 26. Os 12 primeiros tratamentos foram doados pela fabricante, a farmacêutica Siga Technologies. A pasta informou seguir em tratativas com a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) e com o laboratório para obter mais lotes.

Na quinta-feira, 25, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou por unanimidade a dispensa de registro para que a pasta importasse e utilizasse o medicamento. A dispensa temporária tem validade de seis meses, desde que não seja expressamente revogada pela Anvisa. Em seu voto, a diretora relatora Meiruze Freitas destacou que a liberação excepcional se dá para "conferir previsibilidade e agilidade ao acesso a produtos que podem salvar vidas e controlar os danos da monkeypox".

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A Anvisa baseou sua decisão em relatórios de avaliação de agências sanitárias internacionais, da European Medicines Agency (EMA) e Food and Drug Administration (FDA). Segundo o órgão brasileiro, a cápsula de uso oral é indicada para adultos, adolescentes e crianças com peso mínimo de 13 kg.

Por ora, o tratamento será voltado aos pacientes com quadro grave da doença, conforme o Ministério da Saúde. Os critérios para elegibilidade ficarão a cargo do Centro de Operação de Emergências para Monkeypox (COE), que "segue os padrões internacionais de uso do medicamento", destacou a pasta, em nota.

"Vale lembrar que a autorização é para uso compassivo apenas em casos graves da doença. Os estudos de eficácia do medicamento ainda estão em curso", destacou o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, em publicação no Twitter.

De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde, cerca de 8% dos casos no mundo precisaram de internação hospitalar, e 0,1% em unidade de terapia intensiva (UTI). Conforme mostrou o Estadão, no Brasil, médicos têm recorrido à morfina e outros opioides para manejar a dor de pacientes com quadros graves.

Em seu voto, a diretora relatora explica que Tecovirimat age em uma encontrada na superfície do vírus. Essa interação impede que ele se reproduza normalmente, o que retarda a propagação da infecção.

Vacina

Na quinta, a Anvisa também aprovou a dispensa de registro para que o Ministério da Saúde importe a vacina Jynneos/Imvanex, para imunização contra a varíola dos macacos. O imunizante é destinado a adultos a partir de 18 anos.

O Estadão questionou se havia previsão para a chegada dos imunizantes e o ministério apenas disse que "segue em tratativas". Na última segunda-feira, a pasta informou esperar receber 50 mil doses da vacina adquiridas através do fundo rotatório da Opas. A previsão de chegada, inicialmente marcada para o fim deste mês, foi adiada para o início de setembro.

A baixa quantidade de doses, segundo afirmou o ministro da Saúde Marcelo Queiroga em coletiva de imprensa no dia 22, será totalmente destinada aos profissionais da saúde que lidam diretamente com pacientes e materiais infectados pelo vírus. "Essas 50 mil doses não têm o poder de controlar esse surto", admitiu.

Na quarta-feira, 24, a OMS informou que segue a não recomendar a vacinação em massa contra a doença no momento. A organização internacional recomenda "vacinação preventiva pós-exposição" dentro de quatro dias após a exposição ao vírus. E também de pré-exposição para pessoas com alto risco de exposição - que inclui, mas não se limita, a homens que fazem sexo com homens, que, por ora, representam mais de 95% dos casos com dados sobre orientação sexual.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou nesta sexta-feira (25) - por unanimidade -, em Brasília, a dispensa de registro para que o Ministério da Saúde (MS) importe e utilize no Brasil a vacina Jynneos/Imvanex contra a varíola dos macacos [monkeypox].

Em outra decisão unânime, a Anvisa autorizou a dispensa de registro para que o Ministério da Saúde importe e use no Brasil o medicamento Tecovirimat, para tratamento da mesma doença.

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Vacina

No caso da vacina, a autorização se aplica à Jynneos (EUA) ou Imvanex (EMA) – vacina contra varíola e monkeypox, vírus vaccínia modificado, cepa Ankara. Apesar de ser o mesmo produto, o imunizante possui nomes diferentes nos Estados Unidos e na Europa. A vacina da empresa Bavarian Nordic A/S é fabricada na Dinamarca e na Alemanha.

“O imunizante é destinado a adultos com idade igual ou superior a 18 anos e possui prazo de até 60 meses de validade, quando conservado entre -60°C a -40°C. A dispensa temporária e excepcional se aplica somente ao Ministério da Saúde e terá validade de seis meses, desde que não seja expressamente revogada pela Anvisa”, explicou a agência.

Em seu voto, a diretora relatora Meiruze Freitas destacou que a varíola dos macacos é causada por um vírus semelhante ao da varíola e que, portanto, é esperado que a vacina previna ou reduza a gravidade da infecção pela doença. Apesar disso, ela ressaltou a necessidade de estudos de monitoramento para a confirmação da efetividade do produto. 

A decisão da Anvisa teve como base o relatório de avaliação da agência americana Food and Drug Administration (FDA) para a vacina Jynneos, as informações públicas emitidas pela Agência Europeia de Medicamentos (European Medicines Agency – EMA) e pela agência do Reino Unido (National Health Service – NHS), além da bula, dizeres de rotulagem e demais documentos apresentados pelo Ministério da Saúde.

“A documentação encaminhada pelo Ministério da Saúde é a mesma disponibilizada pela FDA, sendo que o produto importado deverá corresponder às mesmas características do pedido avaliado pela Anvisa”, explicou a agência.

Acrescentou que no Brasil, até o momento, não há submissão de protocolo de ensaio clínico em vacinas para ser conduzido nacionalmente, e também não existe protocolo submetido ou mesmo vacina já registrada pela Anvisa com a indicação de imunização contra a varíola dos macacos.

Antiviral

Sobre a autorização do antiviral, a Anvisa destacou que ela se aplica ao medicamento Tecovirimat, concentração de 200 mg, na forma farmacêutica cápsula dura, uso oral, prazo de validade de 84 meses e indicado para o tratamento de doenças causadas pelo Orthopoxvirus em adultos, adolescentes e crianças com peso mínimo de 13 kg.

“O produto a ser importado é o mesmo autorizado nos Estados Unidos para a empresa Siga Technologies, fabricado pela Catalent Pharma Solutions, localizada em Winchester, Kentucky, nos Estados Unidos”, disse a Anvisa.

A dispensa temporária e excepcional se aplica somente ao Ministério da Saúde e terá validade de seis meses, desde que não seja expressamente revogada pela Anvisa. A diretora Meiruze Freitas destacou, em seu voto, que o conhecimento prévio da agência sobre o medicamento, resultado da comunicação e da interação com as autoridades que avaliaram o produto, permitiu a rápida conclusão do processo.

Ela disse, ainda, que o acesso ao medicamento pode salvar vidas e controlar os danos da varíola dos macacos, especialmente para os pacientes com maiores riscos. Assim como no caso da vacina contra a doença, no Brasil, até o momento, não há submissão de protocolo de ensaio clínico em medicamento para ser conduzido nacionalmente, nem existe protocolo submetido ou mesmo remédio já registrado pela Anvisa com a indicação de tratamento da varíola dos macacos.

Após quatro semanas de crescimento, o número de casos semanais de varíola dos macacos no mundo caiu 21%, conforme informou a Organização Mundial da Saúde (OMS), na quarta-feira (24). A região das Américas, porém, apresenta crescimento "contínuo" e "acentuado", o que preocupa a OMS. No acumulado, há 41.664 infecções confirmadas de 96 países, e 12 mortes.

A diminuição global nos últimos sete dias pode refletir os "primeiros sinais de queda" nos registros na Europa, segundo a OMS. A maioria dos casos notificados nas últimas quatro semanas foram na região das Américas (60,3%), seguida, então, da região Europeia (38,7%).

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"Há sinais de que o surto está diminuindo na Europa, onde uma combinação de medidas eficazes de saúde pública, mudança de comportamento e vacinação estão ajudando a prevenir a transmissão", destacou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom, nesta quinta-feira, 25. "No entanto, na América Latina em particular, conscientização insuficiente ou medidas de saúde pública se combinam com a falta de acesso a vacinas, para atiçar as chamas do surto", advertiu.

Na última semana, 23 nações relataram aumento de casos - com os Estados Unidos sendo o que mais fez novas notificações - e 16 países não notificam novas infecções há mais de 21 dias. No total, os membros da OMS com mais casos acumulados são: EUA (14.049), Espanha (6.119), Brasil (3.450), Alemanha (3.295) e Reino Unido (3.225).

Jovens do sexo masculino representam 98,2% dos casos. Entre as notificações com orientação sexual informada, 95,8% são homens que fazem sexo com homens, que inclui gays e bissexuais. Isso não significa que só eles possam ser infectados.

Brasil

Até quarta-feira, 24, o Brasil já acumulava 4.144 confirmações da doença, conforme dados do Ministério da Saúde. Isso representa um aumento de 23,3% em relação ao total da semana anterior.

Os Estados com mais casos são: São Paulo (2.640), Rio de Janeiro (508) e Minas Gerais (221). Por ora, apenas um óbito foi registrado no País.

Conforme mostrou o Estadão, médicos têm recorrido à morfina e outros opioides para manejar a dor de pacientes com quadros graves da varíola dos macacos no Brasil. Cerca de 8% dos casos levaram à hospitalização. Para ser classificado assim, o quadro pode ser caracterizado por uma ou mais lesões que aumentam de tamanho a ponto de a dor ser descrita como insuportável.

Um italiano de 36 anos, que não teve o nome divulgado, é a primeira pessoa no mundo a testar positivo ao mesmo tampo para a Covid-19, HIV e o monkeypox (varíola dos macacos). O caso foi publicado no Journal of Infection.

O paciente tinha viajado para a Espanha, onde ficou de 16 a 20 de junho deste ano. Nove dias depois de retornar de viagem, ele apresentou febre, dor de garganta, fadiga, cefaleia e linfonodomegalia inguinal direta. 

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No dia 2 de julho, ele testou positivo para o novo coronavírus e, na tarde do mesmo dia, começou a ter coceiras no braço esquerdo e dias mais tarde percebeu pequenas bolhas no peito, pernas, rosto e nos glúteos. No dia 5 de julho, devido à propagação de vesículas que começaram a evoluir para pústulas umbilicadas, o homem procurou a emergência do Hospital Universitário de Catânia, Itália, sendo posteriormente transferido para a unidade de Doenças Infecciosas.

O paciente relatou na admissão que passou por um tratamento para sífilis em 2019. Em setembro de 2021, realizou um teste de HIV que deu negativo. Ele também havia tomado as duas doses da vacina contra a Covid-19 e já havia contraído a doença em janeiro. 

O rapaz teve relações sexuais sem preservativo com outros homnens durante sua estadia na Espanha. Os exames realizados confirmaram que ele estava infectado com o novo coronavírus, a varíola do macaco e o vírus HIV. 

Com o desaparecimento dos sintomas do monkeypox, o paciente foi liberado no dia 11 de julho para ficar em isolamento domiciliar, retornando para o hospital no dia 19 de julho para um novo teste da varíola dos macacos, que continuou dando positivo. 

O estudo ressalta que a relação sexual pode ser a forma predominante de transmissão. Portanto, a triagem completa de IST é recomendada após o diagnóstico de varíola dos macacos, por exemplo.

"Como este é o único caso relatado de coinfecção pelo vírus da varíola dos macacos, SARS-CoV-2 e HIV, ainda não há evidências suficientes que apontem que essa combinação possa agravar a condição do paciente", pontua a pesquisa.

Um cão de cinco meses, de raça não informada positivou para o vírus da Monkeypox na cidade de Juiz de Fora, em Minas Gerais, nesta terça-feira (23). Esse é o primeiro caso registrado no Brasil de transmissão humana da varíola dos macacos para animais. 

De acordo com informações da Secretaria de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), o cão apresentou sintomas como lesões em pápula, pústula e crostas localizadas no dorso e pescoço, no dia 13 de agosto. Vale ressaltar, que seu tutor do animal havia sido testado positivo para a doença no dia 8 de agosto. Dessa forma, ambos estão bem e seguem isolados dentro de casa.

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A partir desse caso, a SES-MG e o Ministério da Saúde orientam que pessoas com suspeita ou confirmação de infecção pelo vírus Monkeypox devem evitar o contato direto com animais.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) recebeu do Ministério da Saúde um pedido de análise para o medicamento tecovirimat, da empresa SIGA Technologies para tratamento dos pacientes com risco para desenvolvimento das formas graves da varíola dos macacos. O prazo da Anvisa é de sete dias úteis. Segundo a agência informou, nesta quarta-feira (24), todos os esforços serão aplicados na condução do processo de avaliação e decisão.

Na avaliação, a Anvisa terá como base as diretrizes regulatórias estabelecidas na Resolução da Diretoria Colegiada - RDC nº 747, de 19 de agosto de 202, bem como avaliação anterior do  medicamento tecovirimat por autoridades reguladoras estrangeiras, equivalentes à Anvisa (AREE).

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A decisão final será deliberada pela Diretoria Colegiada da Agência. Antes porém, a Comissão Técnica da Emergência Monkeypox vai analisar as características essenciais do medicamento e conferir se são as mesmas aprovadas pela AREE, tais como fabricante, concentração, forma farmacêutica, indicações terapêuticas, contraindicações, posologia, população alvo, via de administração e modo de uso, entre outras informações.

Vacina

Na noite de terça-feira (23), o Ministério da Saúde também apresentou à Anvisa um pedido de análise da vacina para a prevenção da varíola dos macacos, com a dispensa de registro. 

O Ministério da Saúde pediu à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) análise para liberar o uso da vacina Jynneos, que já tem sido usada em outros países contra a varíola dos macacos (monkeypox). O imunizante é fabricado pela empresa Bavarian Nordic, com sede na Dinamarca.

A solicitação da pasta para a liberação da vacina foi feita quatro dias depois de a agência decidir pela dispensa da obrigação de registro para importação de medicamentos e vacinas que previnem e tratam doença, em reunião extraordinária realizada na última sexta, 19. A decisão tem caráter temporário e foi tomada para tornar o processo de imunização da população no País mais ágil.

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O processo de avaliação passará pela Comissão Técnica da Emergência Monkeypox criada pela Anvisa, e a decisão final caberá a Diretoria Colegiada da agência. Os diretores da entidade vão analisar se as características da vacina Jynneos são as mesmas aprovadas pelas autoridades sanitárias estrangeiras, que deram o aval para a aplicação do imunizante em outros países.

Até o momento, o Brasil contabiliza 3.896 casos confirmados de varíola dos macacos e uma morte. De acordo com o levantamento do Ministério da Saúde, o Estado que registrou mais diagnósticos para a doença foi São Paulo, com 2.528 casos, seguido de Rio de Janeiro (445), Minas Gerais (206) - onde foi notificado o único óbito -, Goiás (260) e Distrito Federal (156).

Os números colocam o Brasil como 3º país do mundo com mais casos registrados. Em 20 de julho, o Ministério da Saúde somava 449 pessoas infectadas. O balanço atual de 3.896 pacientes representa um aumento de 767,7% em um mês. Além disso, nas últimas semanas, o País teve a confirmação dos primeiros dois casos da monkeypox em bebês com menos de um ano. Sinal de que, além do crescimento de casos, há também a abrangência da faixa etária dos contaminados.

No mundo, o número de casos da monkeypox já ultrapassa os 41,5 mil diagnosticados, identificados em 96 países. O alto número de infectados tem levado ao aumento de demanda e, por consequência, da concorrência entre as nações para a aquisição da vacina e dos medicamentos que auxiliam no tratamento à doença, conforme declarou o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom, na última quarta-feira, 17.

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