O dissidente chinês cego Chen Guangcheng, pivô de uma recente crise diplomática entre Pequim e Washington, disse nesta quinta-feira que o governo chinês concordou em conceder passaportes a ele e sua família em até 15 dias.
Essa é a primeira indicação de quando Chen, de 40 anos, poderá ser autorizado a deixar a China desde que, há mais de duas semanas, saiu da Embaixada americana em Pequim, onde se abrigou por seis dias depois de escapar da prisão domiciliar em um vilarejo rural.
##RECOMENDA##Cego por uma febre na infância, Chen é um advogado autodidata que ganhou notoriedade mundial por expor esterilizações forçadas e abortos tardios sob a política do filho único da China e por usar seu conhecimento legal para auxiliar chineses a lutarem contra outras injustiças.
Desde um acordo fechado entre China e EUA, Chen vem aguardando autorização de Pequim para estudar no exterior, acompanhado de sua esposa e filhos. Em entrevista à Associated Press de um hospital na capital chinesa, no entanto, Chen disse não saber se poderá deixar a China assim que os passaportes forem liberados.
Na cidade natal de Chen, há novos relatos de que familiares seus estão sendo perseguidos pelo governo em retaliação por sua fuga. Numa entrevista à uma revista online de Hong Kong, o irmão mais velho do dissidente, Chen Guangfu, afirma ter sido torturado por homens à paisana.
Além disso, um sobrinho do dissidente e filho do irmão supostamente torturado está preso, acusado de tentativa de homicídio após ter a casa invadida por oficiais chineses. As informações são da Associated Press.