Tópicos | Eleições 2022

O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Alexandre de Moraes, deu por encerrada a fiscalização do Ministério da Defesa no sistema eletrônico de votação. Ele indicou que o relatório apresentado nesta quarta, 9, pelos militares não terá desdobramento e o resultado da eleição será respeitado. Questionado por jornalistas sobre as providências que adotaria a partir do pedido das Forças Armadas de instauração de investigação urgente sobre as urnas, Moraes afirmou: "esse assunto já se encerrou faz tempo".

Logo após a divulgação do relatório das Forças Armadas na noite de ontem, Moraes emitiu uma nota em que agradece o envio do documento destacando que o trabalho dos militares não aponta qualquer fraude ocorrida na eleição.

##RECOMENDA##

Nesta quinta-feira, 10, o Ministério da Defesa divulgou uma segunda nota dizendo que a fiscalização realizada "não excluiu a possibilidade da existência de fraude ou inconsistência nas urnas eletrônicas e no processo eleitoral de 2022".

"Por isso, o Ministério da Defesa solicitou ao TSE, com urgência, a realização de uma investigação técnica sobre o ocorrido na compilação do código-fonte e de uma análise minuciosa dos códigos que efetivamente foram executados nas urnas eletrônicas, criando-se, para esses fins, uma comissão específica de técnicos renomados da sociedade e de técnicos representantes das entidades fiscalizadoras", diz a nota.

Para o TSE, no entanto, como não foi encontrada nenhuma irregularidade e o mesmo relatório aponta que votos registros em boletins impresso pelas urnas coincidiram com os votos totalizados, não se fala em questionamento do resultado.

A nota da Defesa foi divulgada após uma onda de reações negativas de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) nas redes sociais. Usuários do Twitter disseram ter se sentido traídos pelas Forças Armadas por causa do resultado da fiscalização e da contagem paralela de votos.

Os militares fizeram diversas investidas na Justiça Eleitoral para que pudessem realizar a contagem paralela e instituir um teste de segurança das urnas com uso das digitais dos eleitores, como forma de evitar possíveis fraudes ou a instalação de um "código malicioso" nos dispositivos que teria a capacidade de alterar o resultado das eleições.

O Estadão apurou que o uso da expressão "código malicioso" pelo ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, foi interpretado no TSE como uma forma de Nogueira atender de alguma forma o presidente Jair Bolsonaro, que contava com esse relatório como a última cartada para contestar o resultado da eleição. Ainda não há confirmação se o presidente fará isso.

Segundo apurou o Estadão, o relatório da Defesa também causou mal estar no núcleo político do candidato vencedor das eleições deste, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Em visita à sede do TSE na tarde desta quarta, 9, Lula considerou ser um "absurdo" a forma como as Forças Armadas foram utilizadas politicamente na cruzada de Bolsonaro contra as urnas eletrônicas.

Na manhã desta quinta-feira, 10, Lula fez discurso em que criticou a conduta do presidente e disse que ele humilhou as Forças Armadas no caso da fiscalização das urnas. "Ontem aconteceu uma coisa humilhante e deplorável para as nossas Forças Armadas. Um presidente da República, que é o chefe supremo das Forças Armadas, não tem o direito de envolver as Forças Armadas a fazer uma comissão para investigar urnas eletrônicas, coisas que são da sociedade civil, dos partidos políticos e do Congresso Nacional", declarou Lula.

O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pediu que as pessoas que se manifestam contra sua vitória desde semana passada "voltem para casa". "Democracia é isso. Um ganha, outro perde", afirmou em um encontro com parlamentares no Centro Cultural Banco do Brasil, sede do governo de transição em Brasília.

"Algumas pessoas inconformadas com resultado eleitoral estão na frente de quartéis", disse, completando que, "lamentavelmente são uma minoria que não sabe nem o que pede".

##RECOMENDA##

"Não sejam violentos com quem pensa diferente, vamos respeitar quem não pensa como nós. Não peço para ninguém gostar de mim, mas para respeitar o resultado eleitoral", pediu o petista.

Lula disse o País tem "um vencedor e um perdedor", destacando que "uma derrota é apenas um incentivo para me preparar melhor para outra disputa eleitoral". Para ele, o presidente Jair Bolsonaro "tem dívida com povo". "Peça desculpas pelas mentiras", completou.

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), mandou para o juízo da 1ª Vara Federal de Três Rios, no Rio de Janeiro, a investigação contra o ex-presidente do PTB Roberto Jefferson por suposta tentativa de homicídio de quatro policiais federais. O aliado do presidente da República, Jair Bolsonaro, foi preso em flagrante após atacar com tiros de fuzil e granada agentes e um delegado da PF que foram até sua casa em Comendador Levy Gasparian para cumprir ordem judicial do STF.

No despacho assinado na quarta-feira (9), Alexandre de Moraes ressaltou que as condutas investigadas foram perpetradas conta funcionários da PF, de modo que a competência para apurar o caso é da Justiça Federal.

##RECOMENDA##

Mesmo com a remessa da apuração, fica mantida a decisão de Alexandre que converteu a prisão em flagrante de Jefferson em preventiva - que não tem data para acabar.

O ex-presidente do PTB também está preso preventivamente em razão de ordem proferida por Alexandre de Moraes por descumprimento reiterado de medidas cautelares impostas ao ex-deputado no bojo de ação em que é réu por incitação ao crime, homofobia e calúnia.

O ex-deputado cumpria prisão domiciliar desde janeiro, possibilidade condicionada ao respeito a uma série de determinações, como a proibição de uso de redes sociais.

A ofensiva do ex-presidente do PTB ao resistir à prisão deixou dois policiais feridos - a agente Karina Miranda e o delegado da Polícia Federal Marcelo Vilela.

A Polícia Federal indiciou Jefferson por quatro tentativas de homicídio - imputações ligadas não só aos atingidos por estilhaços da granada arremessada pelo ex-deputado, mas também a dois agentes que estavam em uma viatura, mas não foram atingidos.

O relatório das Forças Armadas sobre o processo eletrônico de votação, ou seja, a auditoria das urnas eletrônicas nestas eleições, não atestou fraudes, como havia sido apontado pelos apoiadores do presidente Bolsonaro (PL). O documento do Ministério da Defesa enviado ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) nesta quarta-feira (9), sugere melhorias ao órgão, afirma que não foram constatadas irregularidades e que os boletins de urna impressos estão em conformidade com os dados disponibilizados pelo TSE. 

“Em face das ferramentas e oportunidades de fiscalização definidas nas Resoluções do TSE e estruturadas no Plano de Trabalho da EFASEV, a fiscalização constatou que o Teste de Integridade, sem biometria, ocorreu em conformidade com o previsto. Quanto à fiscalização da totalização, foi constatada, por amostragem, a conformidade entre os BU impressos e os dados disponibilizados pelo TSE”, afirmou. 

##RECOMENDA##

Em nota, o presidente do TSE, Alexandre de Moraes, afirmou que o relatório foi recebido com “satisfação” e agradeceu as sugestões. Ele afirmou que a análise é mais um indício da inexistência de fraude no processo eleitoral. “O TSE reafirma que as urnas eletrônicas são motivo de orgulho nacional, e que as Eleições de 2022 comprovam a eficácia, a lisura e a total transparência da apuração e da totalização dos votos”, diz a nota. 

Mesmo sem apontar os indícios de fraude, o relatório das Forças Armadas alerta sobre a possibilidade de um “código malicioso”, que pode representar risco de segurança. “Dos testes de funcionalidade, realizados por meio do Teste de Integridade e do Projeto-Piloto com Biometria, não é possível afirmar que o sistema eletrônico de votação está isento da influência de um eventual código malicioso que possa alterar o seu funcionamento”, aponta o relatório. 

Enquanto os atores políticos aguardam a divulgação do relatório das Forças Armadas sobre o segundo turno das eleições, o presidente do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco (PSD), voltou a fazer forte defesa das urnas na manhã desta quarta-feira, 9. Perante representantes de 147 países na abertura do 24º Congresso Internacional das Instituições Superiores de Controle (Incosai), no Rio de Janeiro, Pacheco disse que o sistema eleitoral brasileiro é "motivo de orgulho" e defendeu a verificação de urnas realizada pelo Tribunal de Contas da União (TCU) no primeiro e no segundo turno das eleições.

"Enalteço o excelente trabalho que tem sido feito no Brasil pelo TCU, por ocasião do processo democrático de escolha dos nossos representantes. O TCU contribuiu muito fortemente para que houvesse o sentimento verdadeiro de uma realidade conhecida e reconhecida no seio nacional, da eficiência das urnas eletrônicas e do nosso sistema eleitoral de votação, que é motivo de orgulho para a nação brasileira e não de demérito. O TCU se mostrou pronto para contribuir nesta compreensão plena da sociedade brasileira com seu papel", disse Pacheco.

##RECOMENDA##

Questionado pelo Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) sobre sua expectativa com relação à auditoria dos militares, Pacheco sorriu e disse que falaria à imprensa ainda nesta quarta em Brasília. Ele almoça no mesmo dia com o presidente eleito da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), para tratar da manutenção do Auxílio Brasil em R$ 600 e outros temas da transição.

Antes de deixar o Congresso organizado pelo TCU, o presidente do Senado teve uma conversa de dez minutos com o ministro das Relações Exteriores, Carlos França.

Na saída, França disse que se limitou a abordar a participação de Pacheco na Conferência do Clima das Nações Unidas, a COP-27.

Perguntado sobre o acompanhamento do processo eleitoral por uma delegação da Organização dos Estados Americanos (OEA), França disse que manteve contato com o chefe da missão, mas ainda não teria recebido um relatório final. "Mas tenho a impressão que correu tudo bem (nas eleições)", afirmou o chanceler.

Segundo o presidente em exercício do TCU, ministro Bruno Dantas, o TCU atestou o resultado das eleições por meio da comparação dos números divulgados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e o relatório físico de mais de 4,1 mil urnas, número que supera em muito o escopo de qualquer outra verificação, inclusive a realizada por militares, cujo número de verificações de urnas ficou na casa das centenas.

Nos bastidores, a expectativa é que o relatório das Forças Armadas rechace a tese de fraude nas eleições, mas pontue inconsistências que podem dar brecha a questionamentos futuros por parte do grupo político de Bolsonaro.

Dantas, que acumula a partir desta semana a presidência da organização internacional de órgãos de controle que reúne 196 países (Intosai), destacou, em discurso a uma plateia majoritariamente estrangeira, a solidez da auditoria do processo eleitoral realizada pelo tribunal.

"A complexidade de cada momento histórico por vezes exige, para além das atribuições das instituições de controle de todas as nações, o exercício de colocar em prática métodos e padrões de fiscalização na defesa da própria democracia, como ocorreu recentemente ao realizarmos no Brasil uma auditoria sólida do processo eleitoral", afirmou o ministro do TCU.

O Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR) abriu prazo para que o senador eleito Sérgio Moro e seus suplentes, Luis Felipe Cunha e Ricardo Augusto Guerra, todos do União Brasil, prestem esclarecimentos sobre os gastos de campanha considerados irregulares pelo órgão.

De acordo com a intimação publicada no mural eletrônico do TRE-PR, a chapa tem até esta quinta-feira (10), para se manifestar a respeito do relatório de diligências realizado pelo tribunal e efetuar eventuais regularizações.

##RECOMENDA##

O prazo para a prestação de contas das candidaturas parlamentares e das encerradas em primeiro turno se encerrou no último dia 1º de novembro e foi cumprido pela chapa de Moro. No entanto, as inconsistências verificadas na documentação obrigam a candidatura a retificar o processo.

Conforme a assessoria do ex-juiz, toda a documentação será juntada ao processo dentro do prazo estipulado pela Justiça Eleitoral. "O TRE apresentou um relatório padrão de prestação de contas, o que é natural neste período, e a equipe jurídica já está em contato com a contabilidade da campanha. Existe um prazo de três dias para responder, data em que serão apresentados os documentos solicitados", informou Moro, por meio de nota.

O ex-juiz concorreu pela primeira vez a um cargo eletivo nas eleições deste ano. Depois de se apresentar como pré-candidato à Presidência da República pelo Podemos, Moro migrou para o União Brasil e se lançou candidato ao Senado pelo Paraná, saindo-se vitorioso nas urnas.

O empresário Júnior César Peixoto, que viralizou nas redes sociais após ser carregado na parte externa de um caminhão, relatou nessa segunda-feira (7) que temeu perder a vida naquele dia. Apoiador do presidente Jair Bolsonaro (PL), ele disse à CNN Brasil que foi a um ato contrário ao resultado das urnas - de caráter antidemocrático - na quarta-feira (2) e decidiu segurar no limpador do para-brisa do veículo quando o motorista começou a avançar sobre o bloqueio.

"Levantei a mão gesticulando para que ele tivesse um pouco mais de paciência. Só que ele não esperou. Ele acelerou e a minha reação foi segurar no limpador do para-brisa dele", afirmou o bolsonarista ao portal. Em seguida, segundo descreveu o chamado "patriota do caminhão", o veículo ganhou velocidade e seria "fatal" pular antes que ele parasse. "Na minha cabeça, ali seria o meu fim", disse. O caso aconteceu em Caruaru (PE).

##RECOMENDA##

Peixoto calcula que o caminhão tenha chegado a alcançar 100 km/h e que, nos cerca de 10 minutos em que ficou agarrado no veículo, seu medo era "não ver mais a sua família".

O episódio teve grande repercussão - imagens de dentro e de fora do caminhão foram gravadas e viralizaram nas redes, inspirando diversos memes. Em um deles, um usuário do Twitter inseriu áudio de Galvão Bueno narrando a vitória de Ayrton Senna na Fórmula 1. Na tentativa de aproveitar a repercussão, uma empresa fabricante de brinquedos anunciou a venda de um boneco em miniatura. A Corbe Toys divulgou a iniciativa alegando que seriam poucas unidades, e oferece ainda um "combo" com o patriota e o "fantasma do comunismo". O kit, dizem os fabricantes, ‘representa as Eleições Brasileiras de 2022 com os melhores memes".

No vídeo que circula nas redes, o motorista do caminhão afirma que chegou a parar para o "patriota" descer do veículo. Peixoto, porém, narra que o caminhoneiro freou apenas por alguns instantes e rapidamente voltou a arrancar. Segundo ele, deu tempo apenas de "respirar", e, como suas pernas estavam trêmulas, não conseguiu sair de onde estava. "Então a minha reação foi agarrar no mesmo lugar", disse à CNN.

A cantora Daniela Mercury, apoiadora do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), reproduziu o "patriota do caminhão" no trio elétrico de um de seus shows.

O Ministério da Defesa informou que vai encaminhar na quarta-feira (9) ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) o relatório de fiscalização do sistema eletrônico de votação elaborado por técnicos das Forças Armadas. 

Os militares fazem parte da comissão de transparência criada pelo próprio TSE para fiscalizar as eleições, que foram encerradas no dia 30 de outubro. Com fim do pleito, outras entidades também entregaram à Justiça Eleitoral suas conclusões sobre o processo eleitoral. 

##RECOMENDA##

 Na semana passada, a missão internacional da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) concluiu que as eleições brasileiras ocorreram de forma segura e confiável. 

De acordo com a entidade, a votação por meio da urna eletrônica é “confiável e credível” e permitiu a contagem célere dos votos. Segundo a CPLP, não há reclamações suscetíveis para colocar em dúvida a transparência do processo de votação. 

A missão da Organização dos Estados Americanos (OEA), que também participou de eleições anteriores como observadora, afirmou que não houve irregularidades em 100% dos testes e auditorias acompanhadas pela OEA.

Tendo as redes sociais como principal meio de comunicação, o presidente Bolsonaro (PL) e seus três filhos Flávio, Carlos e Eduardo Bolsonaro, todos com cargos políticos, diminuíram drasticamente a frequência de publicações nos respectivos perfis das redes sociais após Lula (PT) ter sido eleito no segundo turno das eleições, no último dia 30.

De acordo com um levantamento feito pelo Globo com base na plataforma de monitoramento de redes, a CrowdTangle, a média de publicações por dia no Facebook é 14 vezes menor do que a registrada durante a campanha eleitoral. 

##RECOMENDA##

Apesar de os dados analisados serem apenas de publicações do Facebook, os conteúdos compartilhados pela família geralmente são os mesmos em todas as redes sociais. A família fez apenas nove postagens no Facebook durante os cinco primeiros dias após o segundo turno. Considerando os perfis de Bolsonaro e dos filhos, significa uma média de menos de duas publicações por dia.

No entanto, do dia 4 de agosto até o dia 30 de outubro, dia do segundo turno, os perfis fizeram, em média, 26 publicações diárias.

A conta de Flávio Bolsonaro foi a mais ativa durante a campanha. Ele fez, em média, 10 publicações por dia, seguida da conta do pai, Jair, que fez oito postagens por dia. Após o segundo turno, o total de publicações feitas pelos quatro integrantes do clã foi: quatro de Flávio, três de Eduardo e duas de Jair. O estrategista da campanha digital de Bolsonaro, Carlos Bolsonaro, não chegou a utilizar o Facebook e as demais plataformas desde a derrota do pai nas urnas.  

Bolsonaro compartilhou apenas a transmissão ao vivo do seu pronunciamento depois da vitória de Lula, na terça-feira passada, além de um vídeo, na última quarta-feira, onde ele pede o fim dos bloqueios de estradas e dá apoio aos atos antidemocráticos. 

Atendendo a pedido do ministro Alexandre de Moraes, o diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal, Silvinei Vasques, apresentou ao Supremo Tribunal Federal os números dos agentes da corporação que foram mobilizados no segundo turno das eleições e dias subsequentes - marcados por bloqueios em rodovias causados por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro, derrotado no pleito. Na mira de investigações por possível prevaricação, Silvinei aponta que houve 'redução de efetivo operacional' na chamada Operação Rescaldo, mas sustenta que, nos Estados em que foram registrados atos considerados antidemocráticos, a equipe foi ampliada e direcionada para os 'locais de manifestação'.

As informações foram apresentadas ao STF na tarde deste domingo, 6, junto de uma série de tabelas elaboradas com base no sistema de frequência da PRF. Os registros são realizados de acordo com três parâmetros: atividade operacional, efetivo que segue escala de serviço ordinária e em grupos de operações especializada; indenização por flexibilização voluntária do repouso remunerado, policiais que se voluntariam para trabalhar em troca do IFR de seis ou doze horas; e atividade especial, policial que atua em atividade administrativa.

##RECOMENDA##

Segundo a PRF, no segundo turno das eleições trabalharam 2176 agentes em serviço operacional e mais 1987 policiais que se 'voluntariaram', fora 105 policiais em serviço administrativo. Já no dia seguinte, quando começaram a ser registrados atos bolsonaristas em todo País, 2,5 mil agentes registraram atividades operacionais, 225 policiais trabalharam no esquema de 'indenização por flexibilização voluntária do repouso remunerado' e 1902 servidores foram registrados como serviço 'especial'.

Assim, na linha de frente da 'operação eleições 2022 - segundo turno', havia 4163 agentes enquanto no 'day after' foram registrados 2725. A diferença corresponde ao número de policiais no esquema de IFR, que são plantões extras em que agente de folga são convocados para reforçar a escala ordinária.

Um inspetor ouvido reservadamente pela reportagem explica que o chamado 'plantão IFR' é considerada uma das principais ferramentas de planejamento operacional da PRF, uma vez que permite que seja ampliado o efetivo disponível em ocasiões consideradas complexas.

Segundo tal agente, pode-se avaliar o 'esforço de ampliação' do efetivo com base na quantidade de policias em plantões extras. Em sua avaliação, os números apresentados ao STF mostram que o planejamento da corporação aparentemente apontava para uma 'segunda-feira tranquila'. Um efetivo extra de pouco mais de 200 policiais para o País inteiro é considerado irrisório, diz o inspetor.

O que a PRF alega ao Supremo é que, olhando somente para os registros de policiais da atividade operacional, o número de agentes trabalhando no dia 31 de outubro é 10% superior àqueles que atuaram no dia anterior, em que os eleitores foram às urnas.

Além disso, a corporação sustenta que, segundo 'análise', 'o todo ou parte' de um grupo de 1197 policiais se movimentou para 'apoiar a atividade finalística', atuando no desbloqueio de rodovias. Tal avaliação tem como base a indicação de que tal grupo 'não registrou o ponto no sistema de frequência duas vezes, ou seja, não retornou ao serviço administrativo após o almoço'.

Com relação aos agentes em plantão extra, Silvinei ainda alega 'impedimentos' impostos pela norma vigente do IFR. Segundo o chefe da Polícia Federal Rodoviária, há pontos que 'dificultam sua utilização, ao considerar intervalo entre jornadas, limite de horas trabalhadas'. "Coloca-se essa consideração, porque é o melhor instituto para mobilizar rapidamente uma significativa parcela do efetivo, sem necessidade de todo um processo de compra de passagens, perda de tempo de deslocamento de regiões com menos problemas para aquelas com mais necessidade, menor custo, etc", sustenta.

Ainda de acordo com as tabelas apresentadas pela PRF ao Supremo, é possível ver um aumento do número de servidores da linha de frente que trabalharam nos dias 1, 2 e 3 de novembro - após a ordem do Supremo Tribunal Federal para que a corporação empreendesse todas as medidas cabíveis para desbloquear rodovias em todo o País.

Na terça-feira, 1º, foram registrados 3264 agentes em serviço operacional, 988 cumprindo escala extraordinária e 1519 em serviços administrativos. No dia seguinte, eram 2483 agentes da parte operacional e 1234 em plantão extra, fora 203 no regime 'especial'. Já na quinta-feira, 2764 agentes atuaram em atividades operacionais e 444 servidores no esquema de IFR, além de 1773 em serviço 'especial'. A PRF não cita qual a parcela do pessoal em regime administrativo foi deslocada, nesses três dias, para apoio à Operação Rescaldo.

Silvinei alega que a corporação 'envidou todos os esforços para o restabelecimento da normalidade e salvaguarda de novas interrupções do tráfego rodoviário, em defesa da vida, da fluidez do trânsito, da manutenção do patrimônio público e privado, e da regular prestação de serviços públicos e de interesse da coletividade'.

O Twitter suspendeu a conta do professor Marcos Cintra (União Brasil), ex-candidato a vice-presidente na chapa de Soraya Thronicke nas eleições deste ano, devido à divulgação de informações falsas levantando suspeitas em relação às urnas eletrônicas. A postagem de Cintra endossava as críticas do presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), às urnas eletrônicas e vinha sendo usada por bolsonaristas nas redes sociais para alegar que a eleição foi fraudada em favor do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Numa das publicações Cintra questionou o fato de Bolsonaro ter zero votos em centenas de urnas, e chegou a dizer que as dúvidas sobre a eleição eram legítimas.

##RECOMENDA##

Em seu site pessoal, o professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) disse que acredita na legitimidade das instituições e que não admite que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) "seja cúmplice, no caso de descobrirem algum bug no sistema". Ele cobrou que o Tribunal se debruce sobre esses fatos e os esclareça.

Disse também que o fato dessas urnas estarem em comunidades quilombolas e indígenas "não explica esses resultados, sob pena de admitir que essas comunidades foram manipuladas".

Cintra chegou a escrever também que caso houvesse registros em papel, estes casos poderiam ser rapidamente descartados, evitando dúvidas sobre a integridade do sistema. "São dúvidas legítimas. Qualquer cidadão, como eu, tem o dever de exigir esclarecimentos das autoridades competentes para preservar a democracia e a legitimidade de nossas instituições. Quero ardentemente acreditar que haja explicação convincente."

No último dia 30 de outubro, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi declarado o novo presidente do Brasil, após uma década fora do Palácio do Planalto. O patrono petista derrotou o atual presidente Jair Bolsonaro (PL) nas urnas, com 50,9% contra 49,1% do adversário, e assume em 1º de janeiro de 2023, mas a troca de faixa já está sendo negociada.

Neste domingo (6), o resultado completa uma semana e apoiadores do presidente eleito foram às redes comemorar o retorno de Lula, que com estas eleições, se tornou o chefe do Executivo mais votado na história do país, com mais de 60 milhões de votos. No Twitter, a hashtag 'NÓS VENCEMOS' ficou entre os Tópicos em Alta ("Trends") e acumulou mais de 100 mil menções.

##RECOMENDA##

A celebração acontece em meio a uma série de atos antidemocráticos sendo realizados no país. Também neste domingo (6), cidades como Recife, São Paulo, Curitiba e Rio de Janeiro registraram pontos de manifestação e até mesmo de bloqueios de avenidas e rodovias, promovidos pelos apoiadores do presidente Jair Bolsonaro. Os bolsonaristas, desde o dia 30, tem ido às ruas para contrariar o resultado das urnas.

Confira a repercussão da vitória nas redes

[@#video#@]

Então prefeito de São José dos Campos, Felício Ramuth, de 53 anos, decidiu deixar o PSDB em maio do ano passado quando soube pelos jornais que o então vice-governador Rodrigo Garcia abandonaria o DEM para se tornar tucano. A mudança era parte de uma engenharia política ousada do na época governador João Doria, que planejava transmitir o cargo para o aliado "leal" quando saísse para disputar a Presidência da República.

Ao ser informado da notícia, Garcia chamou Ramuth em seu gabinete para tentar demovê-lo da decisão. O então vice ouviu que não era nada pessoal, mas o PSDB tinha bons quadros e não precisava lançar alguém "de fora".

##RECOMENDA##

Foi de fora do PSDB - partido ao qual era filiado desde 1993 - que Ramuth foi eleito vice-governador do Estado na chapa com Tarcísio de Freitas (Republicanos).

Foi de uma sala ampla da sede do PSD no 15.º andar do icônico edifício Joelma, no centro de São Paulo, que o vice-governador eleito despachou na semana passada, enquanto Tarcísio estava nos Estados Unidos com a família.

A sua escolha como vice na chapa do ex-ministro da Infraestrutura de Jair Bolsonaro (PL) foi fruto de uma articulação do presidente do PSD, Gilberto Kassab, e só foi possível porque Geraldo Alckmin desistiu de tentar voltar ao Palácio dos Bandeirantes pela sigla e migrou para o PSB, ingressando como vice na chapa presidencial vitoriosa de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Bailarino

Antes de entrar na política, Ramuth sonhava ser ator e chegou perto de seguir carreira no teatro. "Sou dançarino de dança folclórica israelita e sei as marcações do balé. Fiz teatro com (o ator) Caco Ciocler na Hebraica. Nós fizemos juntos a peça O Gênio do Crime (baseada no livro de João Carlos Marinho)", lembrou.

Ramuth chegou a São José dos Campos aos 17 anos por acaso. Ele e o irmão, um ex-jogador profissional de tênis de mesa - que foi parceiro do campeão e atleta olímpico Cláudio Kano -, moravam em São Paulo, mas foram para a cidade do Vale do Paraíba assumir uma pequena loja de ferragens e madeiras do pai, que havia sofrido um enfarte. O Gasômetro Madeiras cresceu e se tornou uma rede de dez lojas, mas Ramuth está afastado dos negócios.

Na política, o vice-governador eleito sempre atuou como um tucano clássico da ala "alckmista". Foi secretário e se elegeu prefeito em 2016, sendo reeleito em 2020.

Família

"São José foi certificada como a primeira cidade inteligente do Brasil e isso é coisa que o Felício conseguiu", elogiou o deputado federal Milton Vieira (Republicanos-SP). O parlamentar, que é pastor evangélico, classificou o vice-governador eleito de São Paulo como "muito família, preocupado com a população".

Ramuth minimiza eventual pressão do bolsonarismo para ocupar cargos no governo paulista e garante que o Palácio dos Bandeirantes não será um cabide de emprego para aliados derrotados do presidente da República.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Episódios de ofensas, agressões e racismo envolvendo estudantes surgiram em diversas escolas particulares pelo País na semana passada, logo após o resultado da eleição presidencial. A fratura na sociedade evidenciada nos últimos meses atinge também crianças e adolescentes, de todas as idades. E atinge o espaço que deveria ser o de aprendizagem da vivência em sociedade e de fortalecimento dos valores democráticos. Para especialistas, os educadores não só não podem ficar omissos como são fundamentais para a reconstrução desse Brasil dividido.

"Os conflitos na escola têm de ser pedagógicos, têm de servir para transformar a sociedade em um lugar melhor", disse a professora da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Telma Vinha, que pesquisa convivência na escola e formação ética. "A escola tem papel diferente da família, as regras e princípios valem para todos, a criança percebe que há pessoas diferentes. É nela que se aprende a viver em sociedade."

##RECOMENDA##

Para Telma, faltam no Brasil políticas públicas voltadas para formar estudantes para a democracia, com assembleias, escuta, mediação, grupos de ajuda formados pelos próprios alunos, prevenção à violência e trabalho sobre a inserção nas redes sociais. Pesquisas internacionais mostram que países como Bélgica, Finlândia e França, que têm essas discussões nos currículos, formam jovens com valores fortes de equidade, tolerância e autonomia. "A escola particular, com medo de perder alunos, tornou-se apolítica e colocou essas questões para debaixo do tapete. Não dá para se preocupar só com Português e Matemática."

Medo

Em uma escola de Indaiatuba, no interior de São Paulo, crianças de 11 anos gritaram na sala de aula, na segunda-feira após o segundo turno, que pais de colegas que haviam votado em Luiz Inácio Lula da Silva (PT) "morreriam a pauladas". Um garoto já havia levado um soco durante o primeiro turno por discussão partidária. "Tenho muito medo de fazerem algo com meu filho", disse a mãe dele, que pediu para não ser identificada. Ao procurar a escola, ela escutou que o agressor recebeu uma advertência e que "os professores tinham sido orientados a não falar de política".

A advogada Alessandra Lacerda, que mora no Rio Grande do Norte, afirmou que a filha, de 8 anos, teve discussões na escola sobre preferência de candidatos. "Disse para não mais falar disso fora de casa, nem Lula nem Bolsonaro. A gente está vivendo um momento perigoso."

Segundo especialistas, a punição em casos de agressão ou evitar o assunto não ajudam a mudar concepções das crianças nem a melhorar o cenário. "Sou contra a ideia de que política, futebol e religião não se discutem. Política se discute, sim, e desde cedo", disse o diretor de Políticas e Direitos do Instituto Alana, organização que trabalha na defesa da infância, Pedro Hartung. Há abordagens e materiais para cada idade sobre esses assuntos. "Quanto mais diversidade e repertório, melhor será o desenvolvimento da criança."

Alteridade

A psicanalista e doutora em Educação Ilana Katz destacou que as crianças "vivem no mesmo mundo que nós e não podem ser blindadas das nossas experiências". Ela também vê a educação como peça fundamental nesse momento de ruptura. "A escola, como o lugar da experiência com o outro, precisa ser radicalmente contrária a movimentos abusivos, violentos, e fazer tudo para começar a reconstruir a experiência de alteridade."

Na noite do resultado do segundo turno das eleições, alunos do Colégio Porto Seguro, em Valinhos, interior paulista, protagonizaram um episódio de racismo, denunciado pela mãe da vítima nas redes sociais e na polícia. Cerca de 30 adolescentes criaram um grupo chamado "Fundação antipetismo" e alguns passaram a proferir ofensas racistas ao colega negro, que havia declarado sua preferência por Lula.

"Já tinham ocorrido outros episódios de racismo, mas a eleição acabou despertando esse discurso de ódio", disse a advogada Thais Cremasco, mãe de Antônio, de 15 anos, que sofreu as agressões. O Porto Seguro disse que repudia "toda e qualquer forma de discriminação e preconceito" e que "aplicou aos alunos envolvidos as sanções disciplinares", inclusive "desligamento imediato".

Em Curitiba, centenas de estudantes xingaram o presidente eleito em uma manifestação que rejeitava o resultado das urnas, no pátio do Colégio Marista Santa Maria. A escola informou que "repudia quaisquer atitudes ou comportamentos que incitem todos os tipos de violência, seja ela simbólica, verbal, psicológica ou física".

Em uma escola particular da zona oeste São Paulo, por sua vez, pais reclamaram da situação oposta: os filhos foram constrangidos por não declarar apoio a Lula.

Mediação

Para a diretora do Instituto Península, Heloisa Morel, o País precisa se dedicar a formar os professores para serem mediadores desse diálogo. "A eleição acabou, agora a escola tem a oportunidade formativa de sair do campo da batalha, explicar conceitos, acolher as diversidades", afirmou.

"A escola é espaço ideal para fazer isso sem paixões e, sim, com conhecimento", disse Ilana. Para ela, a reconstrução da sociedade vai se dar junto com as crianças. "As crianças estão com a gente nesse fundo do poço. O mais importante é criar um movimento de abertura, que inclua a experiência com o outro, para que, juntos, possamos inventar soluções.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Do primeiro para o segundo turno das eleições, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) multiplicou por até nove o número de ônibus fiscalizados em Estados do Nordeste, região em que o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) teve maior votação. Além disso, o aumento no controle de coletivos durante o pleito chegou ao triplo do registrado nacionalmente, segundo dados sigilosos do órgão obtidos pelo Estadão.

As informações serão apuradas pelo Ministério Público Federal, que vai investigar se a PRF foi usada por grupo que agiria na cúpula do órgão para dificultar votos em áreas predominantemente petistas. A fiscalização de transporte público chegou a ser proibida pelo presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Alexandre de Moraes, no domingo passado.

##RECOMENDA##

A PRF triplicou as fiscalizações em coletivos no País, segundo mostram as planilhas. Foram 298 ônibus abordados no dia 2 de outubro pelos agentes, e 678 no dia 30 do mesmo mês. Em parte dos Estados do Nordeste, o número cresceu significativamente. Em Alagoas, base eleitoral do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP), saltou de sete para 90. No Maranhão, foi de dez para 74 a quantidade de ônibus abordados. Em Estados com grande votação em Jair Bolsonaro (PL), como Santa Catarina, a abordagem a ônibus subiu, mas os números são menos expressivos - de sete para 28. Segundo revelou a Folha de S. Paulo 49,5% das abordagens no segundo turno foram no Nordeste.

O Estadão obteve também acesso a documentos internos da Operação Eleições 2022 no segundo turno, que mostram as prioridades estabelecidas pela cúpula do órgão e impostas às superintendências estaduais. Diz o documento da superintendência do Pará: "Comando de Fiscalização em Ônibus com ênfase no flagrante de crimes eleitorais. Os veículos de transportes coletivos de passageiros são prioridade, porém, na ausência dos mesmos, outros tipos de veículos devem ser abordados". Foi na BR-316, no Pará, que eleitores filmaram a abordagem na região metropolitana de Belém.

Moraes, porém, afirmou no dia da votação em segundo turno que as operações de trânsito realizadas pela PRF não impediram eleitores de votar. "Esses ônibus (abordados) em nenhum momento retornaram à origem e os eleitores que estavam sendo transportados votaram", disse o ministro.

Aparelhamento

Bolsonaro foi acusado por aliados e se tornou alvo de inquérito por tentar aparelhar órgãos de investigação, como a Polícia Federal. O presidente trocou duas vezes a cúpula da PF e exonerou pelo menos 20 delegados.

Mas foi na PRF que o bolsonarismo obteve um apoio mais fiel, com manifestações em favor do presidente e mudanças em sua finalidade original: patrulhar estradas. A corporação teve a competência ampliada e participou de operações que resultaram em tiroteios, como em Minas, onde 26 pessoas foram mortas pelos policiais. Quatro agentes que participaram da ação foram promovidos.

Outro caso emblemático foi o da morte de Genivaldo de Jesus Santos, de 38 anos, durante uma abordagem da PRF, em Sergipe. Trancado no porta-malas de uma viatura, onde os agentes jogaram gás, ele morreu asfixiado. O Ministério Público Federal denunciou três agentes pela morte de Genivaldo.

O atual diretor-geral da PRF é Silvinei Vasques, nomeado em abril de 2021. Ele é investigado criminalmente por sua atuação nas eleições e pela demora em agir contra bloqueios bolsonaristas nas estradas. Nas redes sociais, Vasques tem mais de 20 fotos com Bolsonaro e aliados. Na véspera da eleição, pediu apoio ao presidente e, depois, excluiu a publicação. Sua gestão é marcada pela politização de eventos oficiais. Em um deles, fez a tropa cantar Parabéns Pra Vocêpara o ministro da Justiça, Anderson Torres, a quem entregou uma camisa do Flamengo com o número 22.

O diretor-geral acumula processos disciplinares, todos em sigilo. No início dos anos 2000, foi denunciado pelo Ministério Público por integrar grupo que extorquia empresas de guincho que prestavam serviços à PRF. No processo, uma das testemunhas relatou ter sido ameaçada com um "tiro na testa" pelo agente. O caso prescreveu. Como mostrou o Estadão, a União cobra R$ 99 mil de Vasques referentes à indenização que o governo teve de pagar a um frentista por danos morais resultantes de agressão.

Redes

Nas redes sociais, agentes se manifestam politicamente - alguns se licenciaram para se candidatar. Um deles é Silmara Miranda, que foi, nos anos 2000, a "nova loira do Tchan", quando sucedeu à dançarina Sheila Mello no grupo. Concursada em 2020, recebeu em 2021 um cargo de confiança na sede da PF, em Brasília, e, neste ano, tentou, sem êxito, se eleger deputada. Na campanha, autorizou a entrada de uma van repleta de material pró-Bolsonaro na sede do órgão. "Um amigo veio buscar meu carro para levar para o conserto. Não sei o que havia no interior do veículo."

A PRF não disse se abriu processo disciplinar contra a agente nem se apura a conduta de Vasques. O diretor da PRF não respondeu à reportagem.

Outras manifestações políticas não foram toleradas na corporação. O agente Pedro Guimarães, da superintendência do Rio Grande do Sul, é investigado desde outubro por "desvio funcional", após publicar nas redes foto com os dizeres: "#forabolsonaro, sou PRF e estou com Lula". O processo foi aberto pela corregedoria da PRF e, para acompanhá-lo, foi designado um agente de Santa Catarina, subordinado a Deividy Vasques, irmão do atual diretor-geral.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A abstenção no segundo turno da eleição caiu na comparação com a primeira votação, com redução um pouco mais acentuada em cidades que adotaram o passe livre no transporte público.

Levantamento feito pelo Estadão apontou que na porção do eleitorado em que o transporte foi cobrado, a abstenção caiu de 21,25% para 20,90% - 0,35 ponto porcentual. Já no caso dos eleitores que tiveram o transporte municipal gratuito a queda foi de 0,54 ponto porcentual - de 19,63% para 19,09%. Nas localidades em que o transporte metropolitano (entre cidades) teve as catracas liberadas, a ausência recuou de 20,06% para 19,55%, diferença de 0,54. Desde 2002, houve um aumento, em média, de 2,2 pontos porcentuais das abstenções de um turno para o outro.

##RECOMENDA##

Especialistas disseram que a gratuidade do transporte público foi importante para o recuo no total de eleitores faltosos, mas indicaram que a polarização entre Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) também foi responsável pela maior mobilização do eleitorado neste ano.

Na análise, o Estadão considerou todas as 303 cidades com gratuidade exclusivamente no segundo turno, de acordo com levantamento feito pelo Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), em parceria com o movimento Passe Livre Pela Democracia. A redução comparou os dados entre os turnos. As informações da segunda rodada da disputa são parciais e foram retiradas de plataformas ligadas ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Adesão

Não é a primeira vez que prefeituras liberaram as catracas nas eleições - a diferença neste ano esteve na adesão dos municípios e no envolvimento inédito do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A Corte aprovou resolução que proibia prefeitos de reduzir a oferta de transporte coletivo no segundo turno e barrava ações de crime eleitoral para os gestores que adotassem a medida.

Cientista político e professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV-SP), Marco Antonio Teixeira disse acreditar que a queda na abstenção tenha sido fruto de uma disputa acirrada, do passe livre e também de um maior acesso à informação pelo eleitor sobre as melhorias adotadas pelo TSE de um turno para outro para facilitar a votação.

"Tivemos um primeiro turno muito conturbado, com filas. O segundo já foi mais tranquilo. Houve uma informação muito clara de que o processo seria melhorado, não seriam mais cinco escolhas, dependendo do lugar, seriam duas. Isso também ajudou", disse o professor da FGV.

Para o cientista político e presidente do Conselho Científico do Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (Ipespe), Antônio Lavareda, a gratuidade foi importante para o recuo nas ausências, mas ainda não é o suficiente. "A abstenção afeta os mais pobres e os de menor escolaridade. O passe livre foi importante, apesar da abstenção permanecer elevada. Isso mostra que essa política é extremamente importante, mas ainda é insuficiente", afirmou.

Lavareda disse que a redução das taxas de abstenção fortalece a cidadania. "Você deixar esse contingente todo fora do momento mais importante do sistema democrático, alguma coisa precisa ser refletida. Não se deve naturalizar a abstenção", afirmou o cientista político.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O deputado eleito com mais votos para a Câmara Federal, Nikolas Ferreira (PL-MG), teve as contas do Twitter e do Instagram suspensas pelas plataformas nessa sexta-feira (4). De acordo com Nikolas, que compartilhou a suspensão no Instagram, antes da conta da rede também ser retirada do ar, o motivo foi em razão de a conta ter sido alvo de ordem judicial em um processo que tramita no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Ele compartilhou mensagens levantando suspeitas sobre o resultado das eleições de domingo (30).

“Nós estamos aqui para lhe informar que a sua conta no Twitter é objeto de ordem judicial que determinou a sua suspensão integral, no âmbito da Petição Cível, em trâmite no Tribunal Superior Eleitoral. Nós não podemos fornecer informações adicionais sobre o processo, nem dar conselho legal, mas você pode entrar em contato com um advogado para esse fim”, informou o comunicado do Twitter, compartilhado pelo deputado eleito. A conta reserva do Instagram criada por ele também foi suspensa. 

##RECOMENDA##

Em declaração no Facebook, Nikolas disse já ter solicitado que o seu advogado tenha acesso aos autos do processo. “Eu basicamente, simplesmente, transcrevi o que o argentino disse no Twitter e, provavelmente, foi por isso que derrubaram a minha conta com quase 2 milhões de seguidores. Basicamente, hoje você não pode perguntar, você não pode questionar e as pessoas não estão entendendo o quão perigoso é isso. Um tribunal que decide aquilo que você pode ou não falar na rede social”, criticou. 

Na sexta-feira, um canal argentino realizou uma live que divulgou um possível dossiê de origem duvidosa sobre supostas fraudes nas eleições brasileiras. Aliados do presidente Jair Bolsonaro (PL) estão usando as informações falsas para gerar dúvidas sobre o resultado das eleições do domingo (30), quando Bolsonaro foi derrotado por Lula (PT). 

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), foi eleito presidente da República no último domingo (30), com 50,9% dos votos, após quase quatro anos do governo Bolsonaro (PL), que perdeu a reeleição. Com governos totalmente diferentes, sobretudo no âmbito social, tendo em vista o respeito e a valorização aos direitos humanos como marcas dos governos petistas, e o desrespeito e não valorização como marcas do governo bolsonarista, Lula e Alckmin (PSB), o vice-presidente, irão se deparar com diversos desafios. 

A principal dificuldade a ser enfrentada pelo governo do petista será a economia. O rombo deixado por Bolsonaro de herança para Lula é de cerca de R$ 400 bilhões, segundo Henrique Meirelles, ex-ministro do Banco Central do governo Lula. 

##RECOMENDA##

Segundo o cientista político da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), a prioridade do momento é a economia, já que envolve tudo do governo. “Mexe com taxa de desemprego, estabilidade da moeda e, consequentemente, com a inflação, a taxa selic, e por aí vai. Se você estabiliza a economia, todas as outras vantagens aparecem. Então, se eu resolvo a economia na ponta, é possível que saúde seja resolvida, educação melhore e todos os outros elementos, mas ela é o primeiro ponto”, assegurou. 

O especialista acredita que Lula vai tentar dar um choque de mudança à sociedade começando pelos ministérios. “A gente começa com Meio Ambiente, Cultura, e o Ministério dos Povos Originários, que fez parte de todos os discursos dele. Nesse momento ele quer olhar muito mais para as questões dos direitos humanos para compensar os últimos três, quatro anos, que a gente vive de desrespeito aos direitos humanos, ao meio ambiente  que, para o mundo, é muito importante”, destacou. Ele complementou que todos os países estavam olhando para o Brasil por conta das questões ambientais nestas eleições, sem esquecer da defesa dos valores democráticos, dos direitos humanos, “mas questões ambientais estavam nesse radar do mundo inteiro”. 

No entanto, Ranulfo ressaltou que, certamente, a política de inclusão social não conseguirá ter muitos avanços no próximo ano, já que o orçamento de 2023 já está fechado. “É possível realocar as verbas do orçamento para os ministérios e converter em política de inclusão social. Agora, a gente só vai encontrar isso de forma mais clara a partir de 2024, se o governo tiver a intenção real de fazer isso, porque já é possível colocar no orçamento no final de 2023”, explicou. 

Centrão

A independência do Centrão com o orçamento secreto de Bolsonaro, que poderia ser um grande problema para Lula, começou a demonstrar apoios e tentativas de diálogo com o presidente eleito ainda no segundo turno da campanha eleitoral, já que o petista teve o apoio de Simone Tebet, do MDB, de Luciano Bivar, do União Brasil, além do PSDB, PSD, e outros partidos. 

O cientista político fez questão de ressaltar que a independência do Centrão não é ideológica, já que ele não é uma unidade partidária. “Não é coesa, não é ideológica e não caminha com a mesma finalidade, tanto que esse Centrão nesse atual governo, que insiste em dizer que não montou coalizão, saiu muito caro para o governo. Tão caro que teve que ser aceito um tal de orçamento secreto”, observou. 

“O Centrão já está sinalizando que precisa que a transição seja feita para que as negociações comecem a ser estabelecidas para o próximo governo. É óbvio que os principais caciques do Centrão não vão sentar à mesa com Lula na próxima semana debaixo do sol para que todo mundo veja, mas ele está aberto a negociações, até porque o Centrão não é base ideológica de Bolsonaro. Essa base [de Bolsonaro] não chega a 10% do que será o parlamento a partir de 2023”, evidenciou Paranhos. 

Ainda de acordo com o especialista, integrantes do PL e do Republicanos que foram eleitos “são bolsonaristas na eleição”. “Mas na prática, principalmente os que já têm expertise de mandato, sabem que não adianta ficar insistindo em questões ideológicas com o próximo governo. E eles vão necessariamente discutir questões práticas. É possível que blocos sejam montados para tentar reduzir o poder do Centrão, mas aí tem muita água para passar debaixo dessa ponte”, afirmou o cientista político.

Forças Armadas

A eleição de Bolsonaro e a propagação do bolsonarismo fez com que o número de candidatos policiais e de outras forças de segurança tivessem um aumento de 27% nesta eleição, quando comparado com os 2018, de acordo com o g1, com base nos dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). 

O governo Bolsonaro também foi responsável por elevar em 70% a presença de militares em cargos de natureza civil na administração federal, segundo um estudo realizado pelo Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea). 

Desta forma, é cogitado que o governo de Lula leve os militares de volta para a caserna, como avaliou o cientista político Ranulfo Paranhos. Para ele, o governo vai tentar mostrar quais são os limites da força militar no Brasil. “Acredito que tem uma política silenciosa que tente impor os limites para que os militares voltem à sua condição e papel de militar, não ao seu papel político, que ganhou tanto espaço nesse governo. O espaço foi tanto ao ponto de militares começarem a dar declarações golpistas de cunho político, o que fugia da sua competência de militar”, destacou. 

A tentativa de Lula de distanciar-se do militarismo é tanta que está sendo cotado o nome de um civil para assumir o Ministério da Defesa, que é o retorno de Aldo Rebelo (PDT). “Ele meio que assumiu uma postura beligerante em relação ao PT, de distanciamento. Então, acho difícil que ele volte”, afirmou o especialista ao falar sobre o nome de Rebelo estar cotado para a Defesa.

Relações Internacionais 

Bolsonaro fragilizou as relações internacionais do Brasil durante todo o seu governo, enquanto Lula, no último debate para o segundo turno das eleições, deixou claro que, se eleito, começaria a viajar para tentar restabelecer as relações internacionais ainda neste 2022. 

O fato de Bolsonaro perder as eleições para Lula já foi suficiente para que os países começassem a fazer contato com o Brasil, como foi o caso dos Estados Unidos, que reconheceu a eleição de Lula 40 minutos depois do resultado, assim como Emmanuel Macron, presidente da França, que também ligou para o petista, como lembrou o cientista político Ranulfo Paranhos. 

“As relações internacionais vão ser um ponto de vista bem simbólico. O Brasil vai voltar a nadar de braçada porque desde domingo há a manifestação de líderes de outros países e o reconhecimento [da eleição] de imediato. As relações internacionais dependem muito dessa simbologia, de como os líderes se tratam, isso conta muito. Acredito que talvez esse seja o menor dos problemas, e seja a área que será resolvida com maior velocidade”, complementou o especialista.

Vale lembrar que a relação de Bolsonaro com Macron ficou fragilizada após um comentário infeliz feito por Bolsonaro sobre a primeira-dama francesa, em 2019. Na época, Macron disse que o episódio era “triste”. “Creio que os brasileiros, que são um grande povo, têm também vergonha de ver esse comportamento - eles esperam, quando se é presidente, que nos comportemos bem em relação aos outros. Como eu tenho uma grande amizade e respeito pelo povo brasileiro, espero que eles rapidamente tenham um presidente que se comporte à altura”, afirmou o francês.

Já com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, por exemplo, Bolsonaro demorou 38 dias para reconhecer a sua vitória para Donald Trump, derrotado pelo democrata nas urnas, em 2020.  

Uma criança de 6 anos foi enforcada por um policial militar aposentado no último domingo (30), após manifestar apoio a Lula (PT) em Divinópolis, Minas Gerais. O caso, que só ganhou repercussão na quinta-feira (30), está sendo investigado pela Polícia Civil. 

Um boletim de ocorrência foi registrado pela mãe do menino, que foi encaminhado para a Unidade de Pronto Atendimento Padre Roberto (UPA), onde ele passou por exames e foi liberado. 

##RECOMENDA##

A mãe, Reisla Naiara, contou à TV Integração que foi buscar o filho na casa do pai dele e, ao perceber os hematomas no pescoço, perguntou o que tinha acontecido. “Ele [a criança] alegou que tinha ido na padaria buscar um lanche e tinha um policial aposentado que, ‘brincando’, enforcou ele, deixando ele sem ar, até quase desmaiar. O pai dele viu, foi lá e falou: não faz isso, você está machucando o menino”, contou.

O suspeito teria soltado o menino, que caiu no chão, depois da intervenção do pai. A agressão foi porque a criança havia manifestado apoio ao presidente eleito, Lula. “Meu filho alega que, na conversa, ele falou que era Lula e eles estavam discutindo sobre Lula e Bolsonaro e o homem agrediu ele brutalmente, deixando meu filho sem ar”. 

O menino mudou de comportamento desde o episódio. De acordo com a mãe, ele está assustado, tendo pesadelos constantes e com medo de sair de casa. “É muita revolta, porque o agressor nem na delegacia foi. Ele alegou que era um policial e nada aconteceria com ele. Meu filho está com trauma, não dorme e quando dorme, acorda gritando, pedindo ajuda, dizendo que está sem ar”, contou, consternada. 

No boletim de ocorrência consta que as equipes se deslocaram até a residência do suposto autor, o policial militar aposentado, mas ele não foi localizado.

Com camisas e bandeiras do Brasil e mesmo sem interdições na via, os apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) seguem com o ato antidemocrático na BR-232, em frente ao quartel do Comando Militar do Nordeste (CMNE), nesta quinta-feira (3). 

Eles faziam culto de oração e cantavam o hino nacional no local, que tinha até um gerador de energia, além de um grande estoque de comida nas tendas instaladas em frente ao quartel general.

##RECOMENDA##

A motivação das manifestações antidemocráticas que iniciaram na segunda-feira (31), após a derrota de Bolsonaro nas eleições para Lula (PT), é por não aceitarem o resultado das urnas, instigado durante todo o governo, por Bolsonaro. Com camisas e bandeiras do Brasil, manifestantes faziam culto de oração e cantavam o hino nacional no local, que tinha até um gerador de energia.

[@#galeria#@]

Um manifestante identificado por José, informou à reportagem que eles “não têm dia e nem hora para sair”. “Vamos ficar um ano, dois anos, três anos. Quanto for necessário. A Colômbia mostrou o poder da resistência, e é o que a gente está fazendo. Enquanto não sair uma decisão justa, a gente não sai”, disse. 

Questionado se qual seria a “decisão justa” colocada por ele, José afirmou: “a [decisão] que seja leal e mostre ao povo as coisas certas”. 

Com informações de Júlio Gomes

 

Páginas

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando