A cristã sudanesa Meriam Ibrahim, cuja sentença de morte por apostasia (abandono da fé) foi revogada, mas que havia sido detida novamente nesta semana, está na embaixada dos Estados Unidos. Segundo seu advogado, ela está na sede da diplomacia norte-americana para sua própria "segurança".
ElShareef Ali Mohammed disse que Ibrahim, de 27 anos, saiu de uma delegacia de polícia de Cartum na noite anterior, onde estava detida juntamente com seus dois filhos e marido, sob acusação de ter forjado documentos de viagem. Ele declarou que ela foi para a embaixada por temer "agressões" tanto de parentes quanto de outras pessoas.
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Um funcionário do governo norte-americano confirmou que Ibrahim está na embaixada e que diplomatas tentam conseguir permissão para que ela saia do Sudão. A fonte falou em condição de anonimato.
Seu marido, Daniel Wani, que tem cidadania norte-americana além de ser cidadão sul-sudanês, disse que as autoridades acusaram sua mulher de forjar os documentos como pretexto para justificar sua detenção "sem um mandado".
"Faz sentido tentarmos viajar até os Estado Unidos com passaportes falsos?", disse ele à Associated Press por telefone. Ele não quis fornecer detalhes sobre o caso. Wani recebeu a cidadania norte-americana quando fugiu para os Estados Unidos, ainda criança, para escapar da guerra civil, mas posteriormente voltou a seu país de origem.
Ibrahim foi detida na terça-feira no aeroporto de Cartum, onde a família se preparava para deixar o país, um dia depois de um tribunal sudanês ter revogado sua sentença de morte e ordenado sua libertação.
Ela foi sentenciada à morte por acusação de apostasia. Filha de um muçulmano, Ibrahim foi criada pela mãe, que é cristã. Ela se casou com o marido, também cristão, numa cerimônia religiosa em 2011. Pela lei, os filhos devem seguir a religião do pai. Como em muitos países muçulmanos, as mulheres muçulmanas no Sudão são proibidas de se casarem com homens de outra religião, embora homens muçulmanos possam se casar com mulheres de outra fé.
O código penal sudanês proíbe muçulmanos de se converterem a outras religiões, crime que pode ser punido com a morte. O tribunal de Cartum também havia sentenciado Ibrahim a 100 chibatadas por ela ter mantido relações sexuais com seu marido.
O advogado disse que a família está na embaixada por medo de ataques. "Em qualquer outro lugar ela pode ser alvo de ataques retaliatórios", disse ele, acrescentando que a embaixada do Sudão do Sul declarou, por escrito, que concedeu a Ibrahim um passaporte e que ele é "autêntico e não falsificado". Fonte: Associated Press.