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A Embraer assinou acordo com o Sindicato dos Técnicos Industriais de Nível Médio de São Paulo (Sintec-SP) para extensão de benefícios a profissionais que tiveram os contratos rescindidos no último dia 3.

Em nota, a fabricante informa que todos os profissionais ligados a essa entidade terão garantidos o plano de saúde familiar e vale-alimentação de R$ 450 até junho de 2021. Os profissionais terão também preferência em eventuais recontratações.

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As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Embraer anunciou a demissão de 900 funcionários, o equivalente a 4,5% do seu efetivo total. As demissões aconteceram em suas operações no Brasil. Segundo o comunicado da fabricante aeronáutica, as demissões estão relacionadas aos efeitos causados pela pandemia da Covid-19 na economia global e pelo cancelamento do acordo com a norte-americana Boeing.

"O objetivo é assegurar a sustentabilidade da empresa e sua capacidade de engenharia", justificou a Embraer no comunicado.

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A empresa diz que a pandemia afetou em especial suas operações na aviação comercial - alvo do fracassado acordo com a Boeing. No primeiro semestre de 2020, as entregas de aviões apresentaram queda de 75% em relação ao mesmo período do ano passado.

A Embraer admite que a situação se agravou com a duplicação de estruturas para atender à separação da aviação comercial, "em preparação à parceria não concretizada por iniciativa da Boeing, e pela falta de expectativa de recuperação do setor de transporte aéreo no curto e médio prazo".

Além disso, a empresa disse que adotou uma série de medidas para preservar empregos, como férias coletivas, redução de jornada, lay-off, licença remunerada e três planos de demissão voluntária (PDV), que tiveram adesão de 1,6 mil funcionários.

Afirmou ainda que reduziu o trabalho presencial nas plantas industriais.

"A companhia reconhece e agradece o empenho sempre demonstrado pelos profissionais que deixam a organização neste momento. E conta com o engajamento de todos para atravessar a grave crise atual e manter a empresa competitiva no mercado global", termina o comunicado.

A Embraer acusou a Boeing, que também atravessa uma crise por causa da pandemia e pelas falhas em seu avião 737 MAX, de ter fabricado falsas alegações para justificar o fim do acordo na área de aviação comercial.

Para garantir sua sustentabilidade, a empresa brasileira conseguiu um empréstimo de US$ 600 milhões com o BNDES e um pool de bancos.

A Embraer anunciou mudanças no quadro da Aviação Comercial. O diretor para a Europa, Rússia e Ásia Central Martyn Holmes passa a ser diretor comercial (Chief Commercial Officer) da Embraer Aviação Comercial, com reporte ao presidente & CEO Arjan Meijer, que assumiu em junho.

Por sua vez, Cesar Pereira, que estava em Cingapura, vai liderar Europa, Oriente Médio e África. E Raul Villaron, que comandava estas duas última regiões, será diretor da Ásia-Pacífico, excluindo China, que segue sob o comando de Guo Qing.

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Nas Américas, Mark Neely torna-se diretor, ele que liderava vendas para América do Norte. Outro que se reporta ao CEO é que Simon Newitt, agora diretor de Contratos e Gestão de Ativos.

Deixam a empresa Reinaldo Krugner, Charlie Hillis e Paulo Estevão de Carvalho Tullio.

A fabricante brasileira de aeronaves Embraer reportou prejuízo líquido de R$ 1,68 bilhão no segundo trimestre de 2020. No mesmo período do ano passado a companhia teve lucro líquido de R$ 26,1 milhões.

No semestre, o prejuízo líquido da empresa já soma R$ 2,9 bilhões, contra um resultado também negativo de R$ 134,7 milhões em igual comparação.

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Entre os fatores que comprometeram o resultado no segundo trimestre estão a pandemia da covid-19, que comprometeu a demanda por aviões, além do fim do acordo com a Boeing.

Os números foram divulgados pela empresa nesta quarta-feira, 5, em balanço enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

O prejuízo líquido ajustado no período, excluído o Imposto de Renda e a contribuição social diferidos e também o impacto líquido, após imposto dos itens especiais que eventualmente tenham sido contabilizados, foi de R$ 1,071 bilhão, contra prejuízo de R$ 57,6 milhões na comparação anual.

A companhia teve queda na receita líquida de 47% em relação ao segundo trimestre de 2019, para R$ 2,864 bilhões, em função da queda nas entregas de aviões, sobretudo na aviação comercial.

"Na comparação entre os semestres, todos os segmentos de negócio tiveram queda de receita, sendo que a maior queda ocorreu na Aviação Comercial e seus serviços relacionados que contribuíram com quase 75% da queda na receita líquida", informou o comunicado.

No trimestre, a Embraer entregou apenas quatro aeronaves comerciais ante 26 em igual comparação de 2019. Na aviação executiva as entregas foram de 13 unidades contra 25 no mesmo período do ano passado.

Após sofrer um revés na compra pela Boeing e em meio à maior crise da história da indústria da aviação, a Embraer está se reestruturando para tentar sobreviver aos dois golpes que levou no primeiro semestre. No topo da hierarquia da empresa, as mudanças começaram em junho, com a substituição de quatro vice-presidentes e um diretor. Entre os engenheiros, o clima é de tensão com a possibilidade de que os cortes comecem a ser feitos em outros níveis.

Antes mesmo da crise decorrente da pandemia, que paralisou o setor aéreo, a empresa já tinha quase metade de seus 5 mil engenheiros parcialmente ociosos, segundo apurou o Estadão. Com grandes projetos concluídos recentemente, como os desenvolvimentos do cargueiro militar C-390 Millenium e da família de aviões comerciais E2, a demanda pelo trabalho desses profissionais despencou internamente.

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Já era esperado que, após a conclusão da venda da divisão de aviões comerciais para a Boeing, a Embraer enxugasse o quadro de funcionários. Quando o atual presidente da companhia, Francisco Gomes Neto, teve seu nome anunciado para o cargo, 15 meses atrás, os comentários no mercado apontavam que ele teria como meta tornar a Embraer mais eficiente, reduzindo todos os gastos possíveis, o que implicaria em demissões.

A tarefa do executivo, porém, se tornou mais árdua com a desistência da compra de parte da empresa pela Boeing e com a crise do coronavírus. Em meio à pandemia, as vendas de aviões devem despencar em 2020 e, segundo especialistas, não vão se recuperar em menos de três anos. No primeiro semestre, a brasileira entregou 31 aeronaves; no mesmo período de 2019, haviam sido 73.

Como se não bastasse, a fabricante de aviões gastou, no ano passado, R$ 485,5 milhões para separar a unidade de negócios que iria para a Boeing. Com o acordo desfeito, a prioridade agora é economizar.

Para isso, a empresa já suspendeu contratos, reduziu jornadas de trabalho e lançou um Programa de Demissão Voluntária (PDV) que não foi aceito pelos sindicatos.

Procurada, a Embraer afirmou que, desde o início da pandemia, tem realizado "esforços para preservar os empregos, como concessão de férias coletivas, redução de jornada, suspensão de contratos, licença remunerada e um Programa de Demissão Voluntária". Em nota, disse ainda que continuará implantando "medidas para manter os talentos e competências em todo o ciclo produtivo ao mesmo tempo em que buscará sinergias para se adequar à nova realidade do mercado global".

Simplificação

Antes mesmo de Gomes Neto chegar ao comando da empresa, a consultoria McKinsey foi contratada, em 2017, para reorganizar a Embraer. O diagnóstico da consultoria apontou a necessidade de simplificar a Embraer e eliminar vice-presidências, programa que foi parcialmente cumprido à época.

Internamente, os engenheiros eram considerados praticamente intocáveis. A ala mais ligada aos egressos do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), no entanto, vem perdendo espaço na cúpula da companhia. A situação do mercado faz também com que seja muito difícil os engenheiros resistirem à reestruturação. Por causa da pandemia, a Boeing já anunciou que demitirá 16 mil empregados. Na Airbus, o corte será de 15 mil funcionários, ou 10% do quadro. Até agora, só a Embraer não divulgou planos de desligamentos.

O presidente do Sindicato dos Engenheiros no Estado de São Paulo, Murilo Pinheiro, afirma que tem acompanhado as discussões de redução de jornada e suspensão de contratos, mas que a entidade optou por não discutir o PDV por considerar a proposta "irrisória". "Era basicamente uma demissão", diz Pinheiro. A oferta era um pagamento de 10% do salário por ano trabalhado.

Com as conversas travadas com o sindicato, a companhia tem, por enquanto, desenvolvido um projeto semelhante ao que a McKinsey havia traçado no passado, simplificando sua estrutura e tentando ganhar eficiência. Departamentos que haviam sido duplicados, dado que um ficaria na Embraer remanescente e outro iria para a Boeing, estão sendo unificados novamente - o que também abre espaço para demissões.

A tarefa, porém, é longa. Funcionários têm trabalhado, ao mesmo tempo, com sistemas de gestão empresarial diferentes, pois, em janeiro, eles haviam sido separados, conforme era necessário para a conclusão da venda para a Boeing.

Futuro

A esperança de alguns desses funcionários é que novos projetos saiam do papel nos próximos meses, ampliando a demanda por seus trabalhos e revertendo a necessidade de demissão. A companhia já comentou a possibilidade de criar um avião comercial turboélice voltado para o mercado regional e, no fim do ano passado, assinou com a Força Aérea Brasileira (FAB) um memorando de entendimento para estudar uma nova aeronave leve de transporte militar.

Ainda que os projetos sejam tocados adiante, o número de engenheiros necessários para desenvolvê-los é pequeno quando comparado ao que foi preciso para criar o C-390 Millenium ou os E2. A possibilidade de a crise do coronavírus alavancar a venda de aviões comerciais menores, como os da Embraer, também é vista com reticência, dado o grande volume de aeronaves usadas desse modelo disponíveis hoje no mercado.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Embraer contratou o Itaú Unibanco para assessorar no pacote de socorro que está sendo costurado com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O resgate, que ocorre após a união frustrada com a Boeing, pode ficar entre US$ 1 bilhão e US$ 1,5 bilhão, apurou o Estadão/Broadcast com três fontes de mercado.

A operação deve contar ainda com o apoio de outros bancos privados que foram convidados, mas ainda não estão envolvidos nas negociações. Nos próximos dias, o banco de fomento deve convocar essas instituições para, juntos, trabalharem no pacote de ajuda à Embraer.

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Os bancos privados têm interesse no negócio principalmente se ele envolver concessão de crédito, e não compra de participação na fabricante de aviões. Com a entrada de Itaú, Bradesco e Santander, o pacote de ajuda deve envolver crédito novo e alongamento de prazo de dívidas já contratadas. Também são consideradas novas emissões de títulos de dívida, como debêntures e bônus de subscrição de ações (no qual os acionistas têm preferência de compra).

Procurado, o Itaú não confirmou a informação de que foi o escolhido para assessorar a Embraer. Mais cedo, em teleconferência com a imprensa, o presidente do banco, Candido Bracher, disse que a instituição está participando das discussões para ajudar setores específicos afetados pela pandemia, mas seu apetite está voltado para a concessão de crédito às empresas.

Desde que a Boeing rescindiu o contrato com a fabricante brasileira, há cerca de duas semanas, ficou claro que a Embraer precisará de capital. O resgate, contudo, deverá vir depois da ajuda às companhias aéreas, mais frágeis diante da atual crise trazida pela pandemia de covid-19. Desde que a doença se espalhou, grande parte dos aviões está no chão, o que tem ameaçado a sobrevivência das empresas.

Longo prazo

Ao contrário dos demais setores, nos quais o problema é de liquidez de curto ou médio prazos, com a Embraer o problema é mais profundo. A fabricante de aviões tem caixa para honrar seus principais compromissos. No entanto, a transação com a Boeing ajudaria a posicioná-la para a competição internacional e fazia parte de um plano estratégico de longo prazo - o que se esvaiu com a rescisão da operação. Nesse negócio o banco que atuava pela Embraer era Citi. Procurado, o banco não comentou.

Após pedido de entrevista, a Embraer informou que "regularmente avalia o acesso a fontes complementares de financiamento, tanto no mercado brasileiro como no mercado internacional". A companhia afirmou ainda que analisa "possíveis financiamentos, até mesmo do BNDES, sem que haja uma definição, nesse momento, quanto a uma linha específica".

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Até então parceiras, as fabricantes de aviões Embraer e Boeing entraram em guerra nesse sábado (25), após a americana ter anunciado que encerrou as negociações para comprar a divisão de aviação comercial da brasileira. As empresas haviam anunciado, em julho de 2018, o acordo de US$ 4,2 bilhões, que recebeu aval do governo de Jair Bolsonaro sete meses depois.

O anúncio da Boeing se deu em meio a maior crise de sua história, que envolve dois acidentes com seu principal avião, o 737 MAX, e a paralisação do setor aéreo em decorrência da pandemia da Covid-19. A companhia responsabilizou a Embraer pela não conclusão do negócio. Em nota, afirmou que "exerceu seu direito de rescindir (o contrato) após a Embraer não ter atendido as condições necessárias", mas não especificou quais eram as condições.

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A Embraer respondeu às afirmações, três horas depois, também em nota, na qual acusou a americana de ter rescindido o contrato de forma indevida. "(A Boeing) fabricou falsas alegações como pretexto para tentar evitar seus compromissos de fechar a transação e pagar à Embraer o preço de compra de U$ 4,2 bilhões."

A nota afirma ainda que a empresa acredita que a Boeing vinha adotando "um padrão sistemático de atraso e violações repetidas ao MTA ( acordo), pela falta de vontade em concluir a transação, pela sua condição financeira, por conta dos problemas com o 737 MAX e por outros problemas comerciais e de reputação".

Segundo o jornal O Estado de S. Paulo apurou, a brasileira pretende tentar retomar as negociações e, caso não consiga chegar a um acordo, deverá entrar na Justiça para ser ressarcida. No documento emitido ontem, a Embraer afirma que "buscará todas as medidas cabíveis contra a Boeing pelos danos sofridos como resultado do cancelamento indevido".

O rompimento do acordo foi visto dentro do governo brasileiro como um desfecho já esperado, diante da crise enfrentada pela empresa americana e pelo baque que a pandemia do novo coronavírus provocou no setor aéreo. Na ala militar, o negócio não era unanimidade e, por esse motivo, o desmanche do acerto não foi lamentado, pelo contrário, foi até comemorado.

A área econômica, que tem apostado em privatizações e concessões para alavancar o crescimento da economia após a crise, avalia que a desistência não teve relação com uma percepção de risco em relação ao Brasil. Segundo um integrante da equipe, se fosse um negócio envolvendo aéreas dos EUA e da Europa, o desfecho seria o mesmo. Os defensores do Plano Pró-Brasil de investimentos públicos em infraestrutura, por sua vez, já usam o rompimento do acordo como munição para a estratégia do defesa do programa.

Mercado

Nas últimas semanas, o mercado vinha aventando a possibilidade de a transação não ser concluída. No último domingo, o Estado mostrou que, entre os entraves, estava a capacidade de a Boeing pagar o valor devido à Embraer. Além dos dois acidentes com os aviões 737 MAX, que mataram 346 pessoas e levaram o modelo a parar de operar, a crise do coronavírus vem prejudicando a situação de caixa da companhia.

A Boeing inclusive indicou que a indústria aeroespacial americana necessitará de US$ 60 bilhões do governo para sobreviver. A empresa seria a principal beneficiada se esse montante for liberado. Nos EUA, porém, a possibilidade de parte desse dinheiro ser usada para comprar uma empresa brasileira é alvo de críticas.

Outro problema que apareceu recentemente nas negociações foi o valor do contrato. Em 4 de julho de 2018, um dia antes do negócio ser anunciado, a Embraer valia R$ 19,8 bilhões no mercado. Hoje, esse número é de R$ 6,1 bilhões, um recuo de 69%, o que tornaria elevado o valor a ser pago agora pela Boeing.

Apesar de sempre ter sido dado como certo, o acordo entre as empresas vinha sofrendo dificuldade, desde o ano passado, para conseguir aval das autoridades reguladoras da União Europeia, o que atrasou a conclusão do negócio. A previsão inicial era que a americana assumisse os 80% da divisão de jatos comerciais da brasileira no fim do ano passado.

Além da venda do braço de aviação comercial da Embraer, o acordo previa a criação de uma joint venture para a comercialização do cargueiro militar C-390 Millenium, o maior avião já desenvolvido no Brasil e cujo projeto foi recém-concluído. Havia possibilidade de essa nova empresa, da qual a Embraer seria sócia majoritária, instalar uma linha de produção do modelo nos EUA, para pode ampliar seu potencial de vendas para o governo americano e outros países parceiros de Washington.

Com a rescisão do contrato, a criação da joint venture também foi cancelada. As duas companhias, porém, manterão um acordo para que a Boeing venda e faça manutenção do C-390 em parceria com a Embraer.

Mau momento

O fim das negociações entre Boeing e Embraer vem no pior momento para a brasileira, que já não estava em seu auge. Após investir R$ 485,5 milhões em 2019 no processo de separação do braço de aviação comercial - que iria para a Boeing -, a Embraer enfrenta um cenário de demanda fraca pela sua nova família de aviões, o E2, e ainda terá de encarar a crise causada pela pandemia da Covid-19, que afundou o setor aéreo.

Fontes do mercado dizem que possivelmente a brasileira precisará de um socorro do governo (seguindo o exemplo da Boeing, que pediu ajuda de Washington) ou terá de buscar um outro acordo de venda. A maior oportunidade seria com a China, que quer crescer na aviação com a estatal China Commercial Aircraft (Comac). Em vídeo enviado ontem a funcionários, porém, o presidente da Embraer, Francisco Gomes Neto, afirma que a empresa tem liquidez "suficiente e acesso a fontes de financiamento para alavancar seus negócios".

A joint venture na aviação comercial com a Boeing, na qual a brasileira teria 20%, era praticamente uma aposta de sobrevivência da Embraer. Isso porque o mercado se tornou mais acirrado quando, em outubro 2017, a europeia Airbus comprou o programa dos jatos C-Series da canadense Bombardier. O C-Series era uma família de aviões que competia diretamente com a Embraer.

Com a rescisão do contrato com a Boeing, a Embraer agora brigará sozinha contra gigantes. Tudo se torna mais grave porque a brasileira acaba de investir US$ 1,75 bilhão para desenvolver três novos modelos de aviões, os E2, que, apesar de serem considerados os melhores da categoria, estão sendo pouco demandados. "As vendas estão fracas porque o setor já não ia muito bem", afirmou uma fonte.

O processo de separação da divisão comercial da Embraer também estava praticamente concluído e havia exigido milhões de dólares. Apenas na nova sede da companhia haviam sido aportados US$ 30 milhões (quase R$ 170 milhões na cotação atual).

Ao cenário já complexo, soma-se a crise da Covid-19. Com o afastamento social e o fechamento das fronteiras, a maior parte da frota aérea global está no solo. As companhias aéreas enfrentam uma crise profunda e deverão cortar suas encomendas de aviões. Segundo estudo da consultoria Bain & Company, a demanda por aeronaves menores, como as produzidas pela Embraer, deve voltar ao patamar pré-crise apenas no último trimestre de 2021. 

Cerca de cem funcionários da Embraer foram demitidos na quarta-feira, 18, segundo informações do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos (SP). Parte deles não se dispôs a se mudar para Gavião Peixoto (a 315 quilômetros de São Paulo), cidade em que a fabricante brasileira de aviões manterá uma de suas fábricas. A maior unidade da empresa, em São José dos Campos, será transferida para a Boeing assim que for concluída a venda de 80% da divisão de aviões comerciais da Embraer para a americana.

De acordo com o sindicato, apenas em dezembro, houve 300 desligamentos.

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Funcionários da empresa ouvidos pelo jornal O Estado de S. Paulo afirmam que nem todos que foram desligados tiveram oferta para se mudar para Gavião Peixoto, onde hoje está instalada a unidade de defesa da Embraer.

A área de aviação executiva, que está dividida entre plantas nos Estados Unidos e em São José dos Campos, terá suas atividades brasileiras concentradas em Gavião Peixoto.

A maioria das demissões de quarta-feira foi justamente de empregados do braço executivo da Embraer. Um engenheiro disse ao jornal O Estado de S. Paulo que há preocupação com novas demissões, pois parte dos profissionais têm tido pouco trabalho nos últimos meses.

A Embraer está finalizando dois grandes projetos -- o do cargueiro militar C-390 Millennium (antigo KC-390) e o da família de aviões comerciais E2 --, que demandaram o trabalho de milhares de engenheiros. Hoje, segundo a companhia, são cerca de 5.000 engenheiros.

"A empresa nunca havia feito demissões como essa na véspera do recesso de fim de ano", disse um funcionário.

Na manhã desta quinta-feira, 19, o Sindicato dos Metalúrgicos organizou um protestos diante da fábrica de São José dos Campos, atrasando o início da produção em 40 minutos.

Em nota, a Embraer informou que os funcionários tinham sido avisados da transferência para Gavião Peixoto e que a maioria concordou com a mudança. A companhia afirmou ainda que foram contratadas 2.000 pessoas neste ano para formar a nova empresa que surgirá da parceria com a Boeing. A empresa, no entanto, não informou quantas demissões houve na quarta-feira, apenas negou os 500 desligamentos de dezembro.

Maior companhia aérea do Brasil em destinos atendidos, a Azul quer expandir para 150 o número de localidades em que opera nos próximos cinco anos. Atualmente, a empresa atende 114 cidades, sendo pouco mais de 100 dentro do País.

A declaração foi dada na manhã desta quarta-feira, 16, pelo presidente da Azul, John Rodgerson, em breve fala durante o voo inaugural do novo E195-E2.

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Com executivos da aérea e de fundos de investimento e outros convidados a bordo, o avião decolou pela manhã do Aeroporto de Viracopos, um dos principais hubs da Azul, e pousou em Brasília, onde a diretoria da aérea deve se reunir no período da tarde com o presidente da República, Jair Bolsonaro, e outros integrantes do governo.

Entregue à Azul no mês passado, o E195-E2 é o maior avião comercial já produzido pela Embraer e também o maior dos três que compõem a nova geração da fabricante, os E-Jets E2.

Com capacidade para até 146 passageiros, a aeronave de corredor único foi configurada pela Azul para comportar 136 viajantes, mais do que seu antecessor da primeira geração. Além disso, o novo avião consome 25% menos combustível por assento que o E195 e tem custo de manutenção inferior.

A expectativa da Azul é receber ainda neste ano mais cinco E195-E2, de uma encomenda total de 51 jatos, que somou US$ 3,2 bilhões.

As primeiras rotas que contarão com a aeronave são Campinas-Brasília e Campinas-Natal. A empresa ainda estuda operá-las nos voos Campinas-Curitiba e Campinas-Porto Alegre.

O último modelo da Embraer, assim como os Airbus A320neos, são as peças centrais do programa de renovação de frota da Azul.

Até 2022, a aérea quer ter substituído todos os E1 de sua frota por novas aeronaves. Com isso, a empresa espera ganhar eficiência no lado dos custos, além de tornar viáveis rotas que antes não eram economicamente vantajosas.

A Embraer, gigante do setor aeroespacial, anunciou a abertura de vagas para o Programa de Especialização em Engenharia, que visa capacitar recém-formados. Em parceria com o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), o programa aceita inscrições até o dia 29 de setembro, através do site da empresa

Trinta vagas são ofertadas nas áreas de engenharia de desenvolvimento do produto e processos da companhia, em São José dos Campos, em São Paulo. Os cursos ofertados também abrangem as áreas de fundamentos de aeronáutica e especialização e projeto do aviã, além de ciência dos dados e prototipação de projetos em impressora 3D.

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Os requisitos para participar da seleção é ter inglês avançado e ter se formado a partir de 201 7, ou previsão de formação até julho de 2020, nas áreas de modalidades aeronáutica ou aeroespacial, ambiental, automobilística, civil, computação, controle e automação, elétrica, eletrônica, energia, física, materiais, mecânica, mecatrônica, naval, produção, química ou sistemas.

Após concluir a inscrição online, o candidato deve passar por testes de inglês online, avaliações e entrevistas presenciais, além de dinâmicas em grupo. A última etapa ocorre em dezembro, quando também será realizado o anúncio dos participantes selecionados.

Os cursos e atividades terão início em fevereiro de 2020 e vão ter duração de um ano e meio. Todo o processo é acompanhado por profissionais da Embraer e professores do ITA e os concluintes terão direito a título de mestrado profissional em Engenharia Aeronáutica, reconhecido pelo Ministério da Educação (MEC).

A Embraer entregou 26 jatos para o mercado de aviação comercial e 25 ao de aviação executiva (sendo 19 leves e seis grandes) no segundo trimestre. No fim de junho, a carteira de pedidos firmes a entregar somava US$ 16,9 bilhões. O dado representa crescimento em relação ao primeiro trimestre. Porém, em 30 de junho do ano passado, os pedidos firmes totalizavam US$ 17,4 bilhões. No acumulado do primeiro semestre, a empresa entregou 73 jatos, sendo 37 da aviação comercial e 36 da aviação executiva.

Segundo relatório do banco UBS, o crescimento do número de entregas e da carteira de pedidos firmes foi "sólido", após um primeiro trimestre mais fraco. Para o segundo trimestre, o banco prevê vendas de US$ 1,42 bilhão.

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As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Embraer, empresa brasileira que fabrica aviões, abriu 30 vagas para o programa Jovem Aprendiz na área de Desenvolvimento de Sistemas. O programa, que tem duração de 12 meses e carga horária de 20h semanais, será realizado em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai). O curso de formação irá abordar disciplinas como Sistemas Operacionais, Hardware e Redes, Banco de Dados, Programação e outros. 

Para se candidatar ao programa é necessário residir em São José dos Campos (SP), ter entre 16 e 22 anos, ter concluído ou estar cursando o ensino médio, possuir o período da tarde livre e não ter registro na carteira de trabalho vigente. De acordo com a empresa, a remuneração segue as normas da CLT e é compatível com o mercado de trabalho.

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As inscrições podem ser realizadas até o dia 19 de julho através deste link. Os candidatos pré-selecionados devem passar por testes online, entrevista e dinâmica presencial.

O "carro voador" desenvolvido pela Embraer X, subsidiária da Embraer para negócios disruptivos, será uma aeronave para "as massas", conforme definiu Antonio Campello, presidente da unidade. Por dentro, o veículo planeja lembrar um SUV (utilitário esportivo). O modelo foi divulgado ontem pela companhia em Washington, nos EUA, durante evento do Uber sobre transporte aéreo.

As duas empresas trabalham em parceria para desenvolver projetos na área. Ainda não há cronograma público para a apresentação da aeronave da Embraer e, portanto, não se sabe se a empresa brasileira participará dos primeiros testes planejados pelo Uber já no ano que vem.

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Ontem, a americana revelou que fará testes com os veículos em 2020 nas cidades de Melbourne, na Austrália, e Dallas e Los Angeles, nos EUA. São Paulo, que tem o maior número de viagens do aplicativo de transportes no mundo, estava cotada para receber o piloto, mas foi preterida pela australiana. Em janeiro, o governador João Doria (PSDB) chegou a receber uma equipe do Uber para falar sobre o projeto.

Além da Embraer, o Uber trabalha com companhias como Boeing e Bell para criar a nova forma de transporte, chamada tecnicamente de Evtol (veículo elétrico para pouso e decolagem verticais). A previsão é de uso comercial a partir de 2023.

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SUV. Segundo Campello, o projeto está em fase "preliminar". A ideia de criar o veículo semelhante a um SUV teve a intenção de transmitir familiaridade e segurança. "A gente precisa ser seguro e fazer com que o passageiro se sinta seguro. O SUV é um símbolo de segurança", disse.

Como o veículo será elétrico e usará bateria recarregável, o custo de decolagem e aterrissagem deverá ser inferior ao de um helicóptero comum - a empresa não divulga valores. O design simples da aeronave, com peças fixas, também deverá tornar sua manutenção mais barata. "Estamos fazendo essa aeronave para muitas pessoas. Não é uma aeronave VIP, é para as massas. Vamos transportar milhares de pessoas", disse Campello.

O carro voador da Embraer deverá ser de fácil acesso e fazer o menor ruído possível, já que a ideia é que ele voe mais baixo que os helicópteros. "Não adianta voar sobre o trânsito, mas demorar 15 minutos para entrar a bordo", disse André Stein, diretor de estratégia da Embraer X.

Segundo Campello, grande parte do projeto está sendo feita no Brasil. A EmbraerX não foi incluída na venda de 80% da área comercial da empresa para a Boeing e as criações da companhia seguem independentes.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Embraer, gigante brasileira do setor de aviação, estendeu o prazo de inscrições para o Programa de Estágio da empresa até o dia 31 de maio. Com 100 vagas, o programa têm oportunidades para as áreas corporativa, administrativa, engenharia e produção e tecnologia. A previsão é que os selecionados já comecem a atuar em julho.

Agora, os interessados vão ter mais uma semana para realizar a inscrição para o processo seletivo que utiliza inteligência artificial na análise dos candidatos. Alguns dos pré-requisitos pedidos para o estágio são inglês fluente e pelo menos um ano de disponibilidade.

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A Embraer oferta as vagas nas cidades de São José dos Campos, São Paulo, Gavião Peixoto, Botucatu, Sorocaba, Florianópolis e Belo Horizonte e os interessados podem se inscrever no portal da companhia.

Interessados em trabalhar com desenvolvimento de software para aeronaves podem se candidatar às vagas oferecidas pela Embraer. A empresa aeroespacial está disponibilizando 40 oportunidades para os cargos de engenharia de sistemas, desenvolvimento de software embarcado, desenvolvimento de produto para cybersecurity e safety. Os selecionados irão atuar em São José dos Campos (SP) ou Belo Horizonte (BH).

A empresa não divulgou os valores das remunerações. Para se inscrever, é necessário que os candidatos tenham curso superior completo e conhecimentos avançados em inglês, além de atender aos requisitos específicos exigidos para cada cargo, disponíveis no site da Embraer. Contudo, não é solicitada a experiência no setor da aeronáutica.

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Todas as etapas da seleção são online, as quais consistem em testes de perfil, inglês e programação. A cada fase, o candidato recebe um feedback automático. Informações e inscrições disponíveis no site do processo seletivo.

A empresa fabricante de aeronaves Embraer abriu 100 vagas para o Programa de Estágio 2019. As oportunidades são para as áreas corporativas, administrativa, engenharia e produção e tecnologia.

Os futuros estagiários atuarão, a partir de julho, nas unidades da Embraer nas cidades de São José dos Campos, São Paulo, Gavião Peixoto, Botucatu, Sorocaba, Florianópolis e Belo Horizonte. As atividades devem começar a partir de julho deste ano. 

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A Embraer utiliza inteligência artificial para a análise primária dos candidatos. A primeira etapa é totalmente digital e serão aplicadas questões de raciocínio lógico e inglês.

As inscrições devem ser realizadas através do site do processo seletivo. Pelo mesmo endereço virtual é possível obter mais informações sobre as vagas.  

A Embraer, empresa do ramo de aviação, está com 30 oportunidades destinadas a pessoas com deficiência, por meio do Programa Embraer na Rota da Diversidade. As vagas são destinadas a profissionais com ensino médio, que receberão capacitação e serão contratados em diversas áreas da companhia, em São José dos Campos, São Paulo.

Para participar do processo seletivo, é preciso realizar inscrição na seção de carreiras do site da empresa. Nessa etapa, é obrigatório anexar o laudo médico, como também demais documentos e informações solicitadas. A seleção terá início imediato, com diversas etapas durante todo o ano. A primeira turma começará a concorrer às fases em abril.

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Como parte do programa, a Embraer realiza treinamento e sensibilização dos gestores, orientadores e áreas de apoio da companhia para acompanhar o desenvolvimento dos profissionais, segundo informações divulgadas pela empresa. Será oferecido também um curso de Língua Brasileira de Sinais (Libras), além de parceria com instituição especializada em deficiência visual para treinamento de orientação e mobilidade.

A infraestrutura do processo conta com software de voz e transporte adaptado. Ao término do programa, as pessoas são alocadas conforme perfil e disponibilidade das vagas. Outras informações podem ser obtidas no site da seleção

O presidente Jair Bolsonaro afirmou hoje (10) que o governo federal não vai se opor ao acordo de fusão entre as empresas Embraer, nacional, e Boeing, dos Estados Unidos. Bolsonaro se reuniu nesta tarde com ministros e comandantes das Forças Armadas. Segundo o presidente, o acordo entre as duas empresas não fere a soberania nacional e os interesses do país.

“Reunião com representantes dos Ministérios da Defesa, Ciência e Tecnologia, Rel. Ext. e Economia sobre as tratativas entre Embraer (privatizada em 1994) e Boeing. Ficou claro que a soberania e os interesses da Nação estão preservados. A União não se opõe ao andamento do processo”, disse o presidente no Twitter.

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O governo brasileiro detém a chamada “ação de ouro” (ou “golden share”, como é conhecida), que dá poder de veto a esse tipo de negociação. Bolsonaro foi municiado de informações que, segundo o Palácio do Planalto, mostram que a proposta de fusão das duas empresas “preserva a soberania e os interesses nacionais”. O presidente foi informado que as atividades de aviação executiva e de defesa e segurança continuam com a Embraer em sua totalidade.

Na apresentação para o presidente, foi explicado que os projetos em curso na área de defesa serão mantidos, bem como preservação do sigilo e prioridade do governo em definições em projetos de defesa. Haverá ainda a manutenção da produção no Brasil das aeronaves já desenvolvidas e dos empregos já existentes no Brasil. Com isso, o presidente decidiu não exercer o poder de veto a que tinha direito.

"O Presidente foi informado de que foram avaliados minuciosamente os diversos cenários, e que a proposta final preserva a soberania e os interesses nacionais. Diante disso, não será exercido o poder de veto [Golden Share] ao negócio", informou a Presidência da República, em nota. 

Acordo

Com a aprovação do governo brasileiro, as empresas estão livres para assinar o acordo. Em seguida, será submetida à aprovação dos acionistas, das autoridades regulatórias, e a outras condições relacionadas a este tipo de transação.

O acordo em andamento entre as duas companhias prevê a criação de uma nova companhia, uma joint venture, no termo do mercado, na qual a Boeing teria 80% e a Embraer, 20%. Caberia à Boeing, a atividade comercial, não absorvendo as atividades relacionadas a aeronaves para segurança nacional e jatos executivos, que continuariam somente com a Embraer.

joint venture será liderada por uma equipe de executivos sediada no Brasil e a Boeing terá o controle operacional e de gestão da nova empresa. A Embraer terá poder de decisão para alguns temas estratégicos, como a transferência das operações do Brasil.

Os sindicatos dos Metalúrgicos de São José dos Campos, Araraquara e Botucatu e a Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos informaram, neste sábado (22), que irão recorrer da liminar do Tribunal Regional Federal (TRF) da 3ª Região que derrubou a suspensão do acordo entre a Boeing e Embraer. As entidades destacam que pretendem recorrer da decisão ainda neste final de semana.

Em nota oficial, eles apontam a inconstitucionalidade do fato de a Advocacia Geral da União (AGU) ter entrado com dois recursos simultaneamente para o mesmo caso. Os recursos foram encaminhados ao TRF, com sede em São Paulo. Um deles foi dirigido à própria presidência do tribunal.

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De acordo com as instituições, a liminar concedida pela desembargadora Therezinha Cazerta, com sede em São Paulo, na noite da sexta-feira (21), em recesso forense e, apesar de já haver um recurso regular, "afronta as regras de um regime democrático." Na quarta-feira (19), as entidades sindicais haviam obtido a liminar por meio de ação civil pública.

Na avaliação do advogado do Sindicatos dos Metalúrgicos de São José dos Campos, Aristeu Pinto Neto, a postura do TRF é "incompatível com um regime minimamente democrático", ressalta. E destaca que a paridade de armas no processo judicial é uma das principais garantias constitucionais.

As entidades alegam também que pedidos dirigidos diretamente a presidentes de tribunais são considerados inconstitucionais por muitos juristas. "Este tipo de manobra despreza a atuação livre dos magistrados sorteados para cada caso e viola a isonomia processual (a concessão de duas oportunidades para a AGU, enquanto todos os demais só têm uma)", dizem na nota.

Para o diretor do sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, Herbert Claros, a AGU parece ter se esquecido de seu papel de defesa de interesses públicos e está assumindo a defesa de empresas privadas. Sua função, avalia, é advogar em favor dos brasileiros, e não de acionistas e muito menos dos americanos.

Em sua análise, a venda da Embraer é uma operação que interessa diretamente ao País e assim deve ser tratada. "Vamos combater este crime de lesa pátria em todos os fronts", reitera Herbert Carlos.

A desembargadora Therezinha Cazerta, que preside o Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF-3), com sede em São Paulo, derrubou na noite desta sexta-feira (21) a liminar que suspendia as negociações entre as empresas Boeing e Embraer.

A liminar havia sido concedida na quarta-feira (19) pela 24ª Vara Cível Federal de São Paulo, suspendendo qualquer ato concreto de transferência da parte comercial da Embraer à Boeing.

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A Advocacia Geral da União (AGU) alegou, no pedido de derrubada da liminar, que a paralisação do negócio poderia gerar grave lesão à ordem público-administrativa e à economia pública, além de violar o princípio constitucional da livre iniciativa, uma vez que configuraria "intervenção estatal em momento de tratativas comerciais entre empresas privadas".

Além disso, para a AGU, a liminar representava uma violação ao princípio da separação dos Poderes, já que afetava a capacidade da União de analisar a operação e decidir se exercerá ou não o poder de veto que tem em razão de ser detentora de uma "golden share" - ação de ouro, no jargão financeiro, que dá poder de veto ao seu detentor - na companhia.

Na decisão desta sexta, a Therezinha Cazerta concordou que a liminar, ao travar o negócio, impedia a União de usar essa prerrogativa da "golden share" para avaliar a fusão entre as empresas.

"É nesse ponto que os efeitos da decisão se constituem em abalo à ordem administrativa, na medida em que o que fez o juízo a quo foi, ele mesmo, exercer o poder de veto da golden share, substituindo-se à atuação do Poder Executivo Federal e arrogando para si - e, por consequência, para o Poder Judiciário - a capacidade de analisar o negócio sob a perspectiva do interesse de seus participantes, ou, pior, do próprio interesse nacional, ignorando a existência de mecanismos próprios que já os veiculam no procedimento adotado para a análise da operação", afirmou a desembargadora na decisão.

A liminar concedida pela 24ª Vara Cível na quarta-feira havia sido uma resposta a uma ação civil pública movida por sindicatos de metalúrgicos de São José dos Campos, de Botucatu e de Araraquara - que representam funcionários da Embraer -, e pela Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos.

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