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O papa Francisco prestou neste domingo (3) uma homenagem a todos os médicos e padres que perderam a vida em decorrência do novo coronavírus (Sars-CoV-2) enquanto tentavam ajudar os pacientes infectados pela Covid-19. Durante a celebração do "Bom Pastor", na missa na Casa Santa Marta, no Vaticano, o Pontífice lembrou que, somente na Itália, mais de 100 padres morreram. "Penso em muitos pastores do mundo, que dão suas vidas pelos fiéis", disse.

Ao dizer que o exercício da medicina também é uma forma de cuidar da população e ser "um pastor", Francisco pediu para os fiéis ficarem "cientes de que só na Itália 154 médicos morreram no ato do serviço".

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"Que o exemplo desses párocos e pastores médicos nos ajude a cuidar do santo povo fiel de Deus", apelou o argentino. Em sua homilia, Jorge Bergoglio também explicou que "na história da Igreja houve muitos falsos pastores que se aproveitaram, exploraram o rebanho". "Eles não estavam interessados no rebanho. Eles só estavam interessados em fazer carreira, política, dinheiro", alertou.

Por fim, o líder da Igreja Católica fez uma oração pelos pacientes contaminados com o novo coronavírus, que assistem e incentivam à colaboração internacional que está ocorrendo para encontrar vacinas e tratamentos. "É importante, de fato, reunir as habilidades científicas, de forma transparente e desinteressada".

O Papa, então, fez um apelo para que o "acesso universal a tecnologias essenciais que permitam a todas as pessoas infectadas, em todas as partes do mundo, receber os cuidados de saúde necessários".

Da Ansa

O papa Francisco realizou nesta sexta-feira (27) a bênção extraordinária Urbi et Orbi, geralmente feita apenas no Natal e na Páscoa, para apelar pelo fim da pandemia do novo coronavírus (Sars-Cov-2). Além disso, concedeu indulgência plenária, ou seja, o perdão dos pecados, aos fiéis.

Na praça de São Pedro vazia, já que o Vaticano fechou o local para conter a propagação do vírus, o Pontífice pediu para Deus "olhar a dolorosa situação" da humanidade.

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"Deus onipotente e misericordioso, olha a nossa dolorosa situação: conforta teus filhos e abre nossos corações à esperança, porque sentimos sua presença de Pai em nosso meio", afirmou, ao abrir a oração.

A bênção de Francisco reforça a gravidade da emergência global, principalmente na Itália, um dos países mais atingidos pela Covid-19, doença provocada pelo novo coronavírus.

Durante a oração, o argentino ressaltou que a emergência atual pode ser uma oportunidade para "redefinir o curso da vida", principalmente reaproximando as pessoas, já que todos estavam "muito preocupados com a sua imagem e não com os outros".

"Vamos adiante sentindo-nos fortes e capazes de tudo, com pressa. E não paramos diante dos chamados das guerras e das injustiças humanitárias. Não ouvimos o nosso mundo gravemente doente. É tempo de colocar a rota da vida na sua direção, Senhor", disse Francisco, também lembrando da importância daqueles que fazem trabalhos considerados mais simples na sociedade.

"Nossas vidas são tecidas e apoiadas por pessoas comuns, geralmente esquecidas, que não aparecem nas manchetes dos jornais e revistas ou nas grandes passarelas, mas, sem dúvida, escrevem hoje os eventos decisivos da nossa história", disse, citando médicos, enfermeiros, trabalhadores de supermercados, faxineiros, entre outros.

Em relação ao isolamento imposto à população pelo governo italiano, Francisco afirmou que, "há semanas, parece que as sombras da noite caíram" e "se adensaram sobre as nossas praças, estradas e cidades".

"[As sombras] Entraram dentro das nossas vidas, preenchendo tudo com um silêncio ensurdecedor e com uma face desolada", disse.

De acordo com o Santo Padre, todas as pessoas estão "com medo e desoladas". "Percebemos que estamos todos no mesmo barco, todos frágeis e desorientados, mas, ao mesmo tempo, todos importantes e necessários, todos chamados a remarem juntos", acrescentou.

Por fim, Francisco disse que, mesmo a população tendo fé, ela é fraca, pois todos ainda têm medo. Sendo assim, ele pediu para não temerem, porque Deus "tem cuidado" de todos.

Logo depois da tradicional bênção, o Papa se dirigiu até as proximidades da porta central da Basílica de São Pedro, onde foi colocado o "crucifixo milagroso" de Roma. 

A peça fica exposta na Igreja de São Marcelo no Corso e foi visitada pelo Pontífice em 15 de março. Naquele dia, o líder católico também fez uma oração especial pelo fim da pandemia, tendo em vista que o objeto, que inspira profunda veneração pelos fiéis de Roma, é tido pelos católicos como responsável pelo fim da "peste negra" na cidade, em 1519. Por conta disso, ganhou fama entre os romanos de pôr fim a grandes epidemias.

Na sequência, Francisco fez uma meditação, e o Santíssimo Sacramento foi exposto no altar localizado no átrio da basílica.

Após a súplica, o Papa concedeu a indulgência plenária para todos os fiéis. "O Santo Padre Francisco, a todos aqueles que recebem a bênção eucarística também por meio da rádio, da televisão e de outras tecnologias de comunicação, concede a indulgência plenária na forma estabelecida pela Igreja", anunciou o cardeal Angelo Comastri.

Da Ansa

Zezé di Camargo começou a semana fazendo um triste desabafo em suas redes sociais. Preocupado, o cantor falou sobre o estado de saúde de seu pai, Francisco Camargo, internado na UTI do Hospital do Coração Anis Rassi, em Goiânia, desde a última sexta (14). Francisco sofre de enfisema pulmonar e precisou ser hospitalizado devido à uma piora em seu quadro. 

Através dos stories, no Instagram, Zezé abriu o coração sobre  a saúde do pai. "A verdade é que há mais de dois anos estamos numa luta diária com a saúde dele. Ele tem um problema sério, que é a enfisema pulmonar. Ele tem 32% do pulmão funcionando e teve várias crises desde 2018. Chegou a ficar 20 dias internado no Sìrio Libanês, em São Paulo, e quatro meses em Goiânia. A gente chegou a aceitar que nosso pai não estaria mais entre a gente várias vezes". 

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Mas, apesar da gravidade da enfermidade de Seu Francisco, Zezé também comemorou a resistência do patriarca da família. O cantor revelou que está administrando a agenda para ficar mais perto do pai. "De ontem pra hoje ele teve uma melhora acentuada, como já aconteceu mais de 10 vezes. É impressionante como aquele velho é guerreiro, tem força. Estou voltando para São Paulo porque tenho compromissos, mas na quarta-feira estou de volta. A doença dele não tem regresso, então, temos que dar a melhor qualidade de vida possível para ele". 

O papa Francisco lembrou, neste sábado (25), o aniversário de um ano da tragédia de Brumadinho. Nas redes sociais, o pontífice publicou uma mensagem endereçada aos fiéis que vão se reunir na tarde de hoje para a I Romaria da Arquidiocese de Belo Horizonte a Brumadinho.

"Neste primeiro aniversário da tragédia de Brumadinho, rezemos pelos 272 irmãos e irmãs que foram soterrados e lamentemos a contaminação de toda a bacia fluvial. Ofereçamos a nossa solidariedade às famílias das vítimas, um apoio à Arquidiocese e a todas as pessoas que estão sofrendo e que necessitam de nossa ajuda", disse o papa em vídeo.

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Cada história tem um herói e um vilão, e o brasileiro Fernando Meirelles tinha isso em mente quando decidiu fazer um filme sobre os papas Francisco e Bento XVI, pelo menos no início.

Pela primeira vez em sete séculos, a Igreja Católica tem dois pontífices vivos e, em "Dois Papas", Meirelles traz à tela debates imaginários entre o clérigo alemão rigoroso e conservador e seu sucessor argentino mais progressista.

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"No começo do filme, Bento para mim era o 'papa mau' e Francisco o 'papa bom'", disse o diretor de "Cidade de Deus" à AFP, garantindo que, à medida que a produção avançou, aprendeu mais com os dois personagens e sua percepção começou a mudar.

"Li alguns de seus escritos, ouvi alguns de seus sermões e é muito interessante", continuou ele. "Acho que as pessoas criaram essa imagem do nazista, que não é real... na verdade, não é muito diferente do papa Francisco".

Os dois deixaram de lado suas diferenças e, através das conversas na residência papal e na Capela Sistina, começam a se unir em torno de Bento tocando piano e do fanatismo de Francisco pelo futebol.

O filme da Netflix, que começa a soar como um possível candidato ao Oscar, é estrelado pelos astros britânicos Anthony Hopkins e Jonathan Pryce como Bento e Francisco, respectivamente, enquanto Juan Minujín encarna o jovem pontífice argentino.

Hopkins comemorou a boa recepção que o filme recebeu, que acredita que pode ensinar ao mundo algo sobre tolerância. "Vamos conversar, nos sentar, vamos parar de ficar tão tristes com tudo", disse o vencedor do Oscar.

 "Mais interessante que Bergoglio"

A renúncia do papa Bento em 2013 ocorreu em um contexto de escândalos de pedofilia e corrupção financeira, eventos que o filme aborda, embora de forma fugaz.

À certa altura, Francisco ouve a confissão de seu antecessor, na qual admite ter conhecimento de acusações históricas de abuso sexual contra o cardeal mexicano Marcial Maciel.

Mas o áudio desaparece rapidamente, deixando o público preencher os espaços vazios.

"Eu tive que tomar muito cuidado para não ir longe demais", afirmou Meirelles. "Tínhamos mais falas sobre o abuso infantil (no roteiro), mas se eu colocasse mais dois parágrafos sobre isso, ele se tornaria um filme sobre pedofilia".

"Ele sabia que um cardeal mexicano tinha problemas com crianças e não fez nada para evitar um grande escândalo", acrescentou.

No entanto, Bento surge no filme como uma figura surpreendentemente simpática, algo que Meirelles atribui ao charme de Hopkins.

O filme também volta ao passado e cobre um período sombrio na vida do padre Jorge Bergoglio.

Como líder dos jesuítas argentinos, foi acusado de não enfrentar a brutal ditadura militar no país na década de 1970.

"Francisco foi e continua sendo uma pessoa divisória na Argentina. Há rumores sobre isso no filme, não é evitado", disse Pryce à AFP.

O astro de "Game of Thrones" afirmou que, para desenvolver o personagem, estudou os "defeitos e fraquezas" de Francisco, bem como suas características mais admiráveis, como a luta contra a desigualdade e as mudanças climáticas.

"Para todos na Argentina, foi uma surpresa a mudança de Bergoglio uma vez que assumiu o papado", disse Minujín. "Ele adotou uma agenda muito interessante".

"O papa é muito mais interessante que Bergoglio", considerou.

Capela Sistina

"Dois Papas" - que estreará nos cinemas americanos em 27 de novembro e na plataforma de streaming em 20 de dezembro - apresentou desafios únicos, admitiu Meirelles, começando pela copiosa quantidade de diálogo.

"O roteiro é muito bom, mas no final são dois caras conversando", brincou o diretor, que idealizou mecanismos para manter a dupla em movimento.

Em uma parte do filme, os dois comem pizza na Capela Sistina, que teve que ser representada em uma réplica exata, pois a produção não teve acesso à Cidade do Vaticano

"Isso foi incrível, passamos 17 dias filmando dentro desse estúdio", explicou Meirelles. "É uma réplica perfeita, exatamente igual... que reconheço agora como meu lar".

A Espanha deve exumar na quinta-feira (24), após vários adiamentos, os restos mortais de Francisco Franco de seu monumental mausoléu na região de Madri, 44 anos após o fim de uma ditadura que não teve as feridas completamente cicatrizadas.

O governo do primeiro-ministro Pedro Sánchez (PSOE), no poder desde junho de 2018, transformou a exumação em uma de suas bandeiras para que o complexo do Vale dos Caídos deixe de ser um local de "exaltação" da ditadura franquista (1939-1975).

"É uma grande vitória da dignidade, da memória, da justiça, da reparação e, portanto, da democracia espanhola", declarou Sánchez.

A exumação, que será transmitida ao vivo pela televisão, deve começar às 10H30 locais (5H30 de Brasília). Os restos mortais do ditador serão transportados do Vale dos Caídos, 50 km ao noroeste de Madri, até o cemitério de El Pardo-Mingorrubio, na zona norte da capital, onde sua esposa foi sepultada.

Se o tempo permitir, a transferência será feita de helicóptero.

Sánchez prometeu a exumação em 2018, mas o processo foi adiado em mais de um ano pela batalha judicial iniciada pela família do ditador que governou a Espanha com mão de ferro depois de liderar o golpe de Estado contra a II República espanhola e vencer a Guerra Civil (1936-1939).

A oposição acusa o líder do PSOE de utilizar a exumação para obter uma vantagem eleitoral a pouco mais de duas semanas das legislativas de 10 de novembro, nas quais os socialistas enfrentam um cenário complicado pela semana de distúrbios violentos na Catalunha.

Idealizado por Franco em 1940 para celebrar sua "gloriosa cruzada" contra os republicanos "sem Deus", a construção do Vale dos Caídos aconteceu de 1941 a 1959, com a participação de presos políticos.

O complexo, situado na serra ao norte da capital espanhola, consiste em uma basílica e uma cruz de 150 metros de altura, visível a quilômetros de distância.

Em nome de uma pretendida "reconciliação" nacional, Franco ordenou a transferência para o local dos restos mortais de mais de 33.000 vítimas - do lado franquista e do lado republicano - da guerra civil, sem avisar suas famílias.

Desde sua morte em 1975, Franco permanece em um túmulo, sempre com flores frescas, aos pés do altar da basílica.

Os herdeiros do ditador apresentaram uma série de recursos contra a exumação e depois tentaram, sem sucesso, transferir os restos mortais para a catedral de Almudena (Madri), onde sua filha foi sepultada, mas o Tribunal Supremo espanhol rejeitou os pedidos.

A Fundação Francisco Franco, que defende o legado do ditador, convocou uma manifestação na quinta-feira no cemitério de Mingorrubio para rezar "por quem tanto fez pela Espanha e sua grandeza", mas as autoridades proibiram a iniciativa.

O papa Francisco desembarcou nesta segunda-feira nas Ilhas Maurício, um país multiétnico e turístico do Oceano Índico, última etapa de sua viagem pela África, que já o levou a Moçambique e Madagascar.

Milhares de pessoas se reuniram diante do Monumento Maria Rainha da Paz, onde Francisco celebrará uma missa, e celebraram quando o avião do pontífice pousou no aeroporto internacional da ilha.

Além de celebrar a missa, o pontífice argentino visitará um templo e se reunirá com líderes políticos durante a breve visita.

Em uma mensagem de vídeo dirigida à população das Ilhas Maurício, Francisco, um fervoroso defensor do diálogo inter-religioso, elogiou um povo "enriquecido com diversas tradições culturais e também religiosas".

Telões foram instalados em pontos centrais da capital do país, Port Louis, para que os devotos possam acompanhar a missa. A cidade foi decorada com imagens do papa.

Maurício, uma ilha situada ao leste do continente africano, tem 1,3 milhão de habitantes, predominantemente hindus (52%), mas com importantes minorias cristãs e católicas (30%) e muçulmanas (18%).

O primeiro-ministro das Ilhas Maurício, Pravind Kumar Jugnauth, considera a visita do papa uma vitrine do "sucesso do país no plano econômico e social, e como um verdadeiro modelo de pluralismo".

"Nossa diversidade cultural nunca nos impediu de criar um espaço favorável ao diálogo, ao entendimento e à paz", comentou.

"Não será uma visita do papa Francisco aos católicos e sim aos habitantes de Maurício em toda sua diversidade religiosa", declarou o cardeal Maurice Piat, arcebispo de Port Louis.

Maurício, com uma democracia estável e uma economia de renda média, contrasta com as duas escalas anteriores do papa na viagem, Madagascar e Moçambique, duas das nações mais pobres do continente africano.

Francisco celebrará a missa no Monumento Maria Rainha da Paz, na mesma colina onde João Paulo II celebrou a eucaristia durante uma visita em 1989.

A visita de Francisco coincide com o 155º aniversário da morte do sacerdote Jacques Desire Laval, um religioso francês que faleceu nas Ilhas Maurício em 1864 e foi beatificado em 1979.

O papa visitará o mausoléu de Laval, conhecido como o "apóstolo de Maurício" por seu trabalho missionário.

Todos os anos 100.000 peregrinos visitam o túmulo de Laval, ao nordeste de Port Louis, na noite de 8 de setembro para homenagear Laval no dia de sua morte.

Este ano, a peregrinação foi antecipada em um dia pela visita do papa.

O pontífice também visitará a residência oficial do presidente Barlen Vyapoory, que tem um papel em grande medida simbólico, e se reunirá com Jugnauth.

O papa Francisco afirmou nesta sexta-feira (6), em uma missa para 60 mil pessoas no Estádio Nacional de Zimpeto, em Maputo, capital de Moçambique, que nenhum país tem futuro com "vingança e ódio".

O líder da Igreja Católica viajou à nação africana cerca de um mês depois da assinatura de um acordo de paz que promete pôr fim definitivo a décadas de conflitos entre o governo socialista da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo) e os guerrilheiros da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo).

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"Nenhuma família, nenhum grupo de vizinhos, nenhuma etnia e muito menos um país terão futuro se o motor que os unem e encobre as diferenças for a vingança e o ódio", alertou o Papa, que buscou sempre destacar a importância da paz em seus discursos em Moçambique.

"Não podemos nos colocar de acordo para nos vingar, para fazer com quem foi violento a mesma coisa que ele fez conosco, para planejar retaliações sob formas aparentemente legais. As armas e a repressão violenta, ao invés de gerar soluções, criam conflitos novos e piores", acrescentou.

"Há outro caminho disponível, porque é fundamental não se esquecer que nossos povos têm direito à paz. Vocês têm direito à paz", disse. A Guerra Civil Moçambicana durou de 1977 a 1992, quando a Frelimo, que governa o país desde sua independência, em 1975, e a Renamo assinaram um acordo de paz em Roma, com mediação da Igreja.

As hostilidades, no entanto, retornaram em 2013 e só foram encerradas formalmente no início de agosto passado, com um tratado firmado pelo presidente Filipe Nyusi e pelo líder da Renamo, Ossufo Momade.

"Superar os tempos de divisão e violência não implica apenas um ato de reconciliação ou a paz entendida como ausência de conflito, mas sim o compromisso cotidiano de cada um de nós em ter um olhar atento e ativo que nos leve a tratar os outros com aquela misericórdia e bondade com as quais queremos ser tratados", afirmou Francisco.

O líder da Igreja Católica ainda alertou para "ideologias de todos os tipos que tentam manipular os pobres e as situações de injustiça, a serviço de interesses políticos ou pessoais". Antes da missa, Francisco também visitou um centro de tratamento para pacientes com o vírus HIV e elogiou os que "não cederam à tentação de dizer que 'é impossível combater esta praga'".

O Papa já deixou Moçambique e segue agora para Madagascar, segunda etapa de uma viagem que terminará em Maurício.

Da Ansa

O comício da extrema direita realizado em Milão, no último sábado (18), aprofundou a cisão entre o ministro do Interior e vice-premier da Itália, Matteo Salvini, e a Igreja Católica.

Já criticado nos últimos meses por expoentes e publicações do mundo católico devido à sua ofensiva contra os migrantes resgatados no Mediterrâneo, Salvini comprou uma nova briga ao subir no palco do comício de Milão com um rosário em mãos.

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"Eu, pessoalmente, confio a minha vida e a de vocês ao coração imaculado de Maria, que, tenho certeza, nos levará à vitória", disse Salvini a dezenas de milhares de apoiadores, que também não se furtaram a vaiar o papa Francisco quando seu nome foi citado pelo ministro.

Em um editorial publicado neste domingo (19), a influente revista católica Famiglia Cristiana chamou a exibição de Salvini com o rosário e as vaias a Jorge Bergoglio de "soberanismo fetichista" e acusou o ministro de "instrumentalizar a religião para justificar a violação sistemática dos direitos humanos" por parte da Itália.

"Enquanto o líder da Liga exibia o Evangelho, outro navio carregado de vidas humanas era rechaçado", diz o texto, em referência à embarcação da ONG alemã Sea Watch, que não teve autorização para descer na ilha de Lampedusa 45 migrantes resgatados no Mediterrâneo.

O navio foi apreendido neste domingo pela Guarda de Finanças, que denunciará a tripulação às autoridades judiciárias. Ainda não se sabe o destino dos 45 deslocados internacionais que estão a bordo.

Antes disso, o diretor da revista jesuíta La Civiltà Cattolica, Antonio Spadaro, afirmara que "rosários e crucifixos ainda são usados como sinais de valor político, mas de forma inversa em relação ao passado". "Se antes se atribuía a Deus aquilo que deveria ficar nas mãos de César, agora é César quem empunha e brande aquilo que é de Deus", escreveu Spadaro no Facebook, sem citar Salvini.

"A consciência crítica e o discernimento deveriam ajudar a entender que um comício político não é o lugar para fazer ladainhas. Está claro que o identitarismo nacionalista e soberanista precisa se fundar sobre as religiões para se impor", acrescentou.

Também sem citar Salvini, o secretário de Estado do Vaticano, cardeal Pietro Parolin, segundo na hierarquia católica, afirmou que "Deus é de todos" e que é "muito perigoso invocar Deus para si mesmo".

Resposta - O ministro, por sua vez, rebateu que "uma Europa que nega as próprias raízes não tem futuro". "Sou crente, e meu dever é salvar vidas e despertar consciências. Estou orgulhoso de testemunhar, com ações concretas e gestos simbólicos, minha vontade de uma Itália mais segura e acolhedora, mas no respeito de limites e regras", disse.

Salvini também afirmou que recebe mensagens de "freiras, padres e cardeais" pedindo para ele manter sua política de linha dura.

"Sou o último dos bons cristãos, mas tenho orgulho de andar sempre com o rosário no bolso", ressaltou.

Desde que chegou ao poder, em junho passado, o ministro e vice-premier não se reuniu com o papa Francisco nenhuma vez, apesar de o próprio líder ultranacionalista ter anunciado certa vez que se encontraria com o Pontífice.

Essa distância se aprofundou no início de maio, quando Francisco recebeu uma família cigana alvo de protestos de neofascistas por ganhar um apartamento popular em Roma. Além disso, o esmoleiro do Papa, cardeal Konrad Krajewski, reativou por conta própria o fornecimento de energia elétrica a um prédio ocupado por mais de 400 pessoas - incluindo muitos migrantes - na capital.

A ação gerou críticas de Salvini, que pediu para Krajewski "pagar as contas dos italianos em dificuldade". A gestão do ministro do Interior também é alvo de ataques entre padres, como dom Paolo Tofani, de Pistoia, que em uma homilia chegou a dizer que Jesus teria morrido ainda criança se o Egito tivesse uma política migratória como a da Itália.

Da Ansa

Em sua visita à Macedônia do Norte, o papa Francisco afirmou nesta terça-feira (7) que a sociedade se acostumou com a "desinformação" e virou "prisioneira do descrédito" e da "infâmia".

As declarações foram dadas durante uma missa em Skopje, no último dia da viagem do líder católico pelos Bálcãs, que também incluiu a Bulgária.

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"Acostumamo-nos a comer o duro pão da desinformação e terminamos prisioneiros do descrédito, das etiquetas e da infâmia. Acreditamos que o conformismo saciaria nossa sede, e terminamos bebendo indiferença e insensibilidade. Alimentamo-nos com sonhos de esplendor e grandeza e acabamos comendo distração, fechamento e solidão", disse o Papa.

"Buscamos o resultado rápido e seguro e nos encontramos oprimidos pela impaciência e pela ânsia. Prisioneiros da virtualidade, perdemos o gosto e o sabor da realidade", acrescentou Francisco, em missa para cerca de 15 mil pessoas.

Agenda apertada - Jorge Bergoglio desembarcou em Skopje na manhã desta terça e se reuniu com o presidente Gjorge Ivanov e com o primeiro-ministro Zoran Zaev.

Em um discurso para as autoridades locais, o Pontífice afirmou que a Macedônia do Norte é exemplo de "convivência fraterna" entre etnias e religiões. "Isso criou uma convivência pacífica e duradoura, na qual cada identidade soube e pôde se exprimir e se desenvolver sem negar, oprimir ou discriminar as outras", disse.

A visita acontece por ocasião do 25º aniversário das relações diplomáticas entre Vaticano e Macedônia do Norte, ex-república iugoslava que conquistou sua independência em 1991. "Convido-os a prosseguirem confiantes no caminho iniciado para fazer de seu país um farol de paz, de acolhimento e de integração fecunda entre culturas, religiões e povos", acrescentou.

Francisco também visitou o Memorial de Madre Teresa de Calcutá (1910-1997) em Skopje, cidade natal da religiosa. Bergoglio colocou uma coroa de flores aos pés de uma estátua da santa e se reuniu com autoridades religiosas locais e dois parentes de Madre Teresa em uma capela.

O Papa ainda teve um encontro com cerca de 100 pobres atendidos pelas Missionárias da Caridade, congregação fundada pela santa.

O papa Francisco alertou neste domingo (31), durante sua viagem de volta do Marrocos, que as ditaduras nascem a partir do medo.

Segundo o Pontífice, "muitas pessoas de boa vontade, não apenas católicos", estão "um pouco tomadas pelo medo", que é a "pregação usual dos populismos". "Semeiam o medo e depois tomam as decisões. O medo é o início das ditaduras", disse Jorge Bergoglio, no avião papal.

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Francisco citou o exemplo da Alemanha, que cedeu às promessas de Hitler, alimentadas pelo medo da população. "Semear o medo é fazer uma coletânea de crueldades, fechamentos e até de esterilidades", acrescentou.

Além disso, o Papa disse sentir "dor" ao ver pessoas que "preferem construir muros". "Aqueles que fazem os muros acabarão prisioneiros dos muros que eles construíram. Já os que constroem pontes seguirão em frente", ressaltou.

De acordo com Bergoglio, a Europa deve ser acolhedora e interromper a migração em massa com a "generosidade", não com a "força". "É verdade que um país não pode receber todos, mas tem toda a Europa para distribuir os migrantes, toda a Europa", afirmou.

Da Ansa

O papa Francisco enviou uma dura resposta ao pedido de mediação feito pelo presidente venezuelano Nicolás Maduro, na qual o sumo pontífice recorda que, no passado, o chefe de Estado quebrou todos os compromissos estabelecidos, de acordo com o documento vazado pela imprensa italiana nesta quarta-feira.

Uma foto com o cabeçalho da carta foi publicada pelo jornal italiano Il Corriere della Sera e nela é possível ler, escrito em espanhol, que a carta é dirigida a Sua Excelência o Sr. Nicolás Maduro e não ao presidente.

A carta, datada de 7 de fevereiro e enviada pelo papa argentino, não foi confirmada nem negada pelo porta-voz interino do Vaticano, Alessandro Gisotti, que assegurou que se trata de uma "carta particular".

"Infelizmente todas as tentativas (de mediação) foram interrompidas porque o que foi decidido nas reuniões não foi seguido por gestos concretos para alcançar os acordos", lamenta o papa argentino na carta, segundo o resumo do jornal.

O conteúdo do texto seria uma resposta dura e decisiva do pontífice argentino ao pedido de mediação feito no início de fevereiro por Maduro para interceder na crise venezuelana.

Na carta, o papa lembra que o Vaticano esteve envolvido no passado sem sucesso em outras tentativas de mediação e adverte Maduro, com um tom elegante, que, embora sempre tenha apoiado o diálogo, exige que esse diálogo tenha como objetivo, "acima tudo, o bem comum".

Segundo o jornal italiano, que teve acesso a toda a carta, Francisco enfatizou que hoje mais do que nunca é necessário preencher todas as condições "para um diálogo frutífero e eficaz", ao qual outras seriam acrescentadas "como resultado da evolução da situação".

Entre essas condições, destaca os jornal, estão as manifestadas pela Assembleia Nacional.

Segundo o artigo, assinado pelo jornalista Massimo Franco, próximo ao pontífice, na carta o papa não se pronuncia sobre o reconhecimento de Juan Guaidó como presidente interino da Venezuela, assunto sobre o qual mantém uma posição "prudente".

"Além da cautela diplomática, a opinião de Francisco e de seus conselheiros sobre Maduro é negativa", resumiu Franco.

O jornalista recorda que o grande temor do primeiro papa latino-americano é que a crise se degenere em um "derramamento de sangue", como destacou na carta, e não exclui que "estenda a mão", embora avisando que "não vai deixar ser usado pelo regime".

No início de fevereiro, Nicolás Maduro disse que escreveu ao papa Francisco pedindo a sua ajuda e mediação.

"Enviei uma carta ao papa Francisco. Disse a ele que estou a serviço da causa de Cristo (…) e nesse espírito peço sua ajuda, em um processo de facilitação e reforço do diálogo", segundo afirmou.

"Peço ao papa para fazer seus melhores esforços, para colocar sua vontade, para nos ajudar no caminho do diálogo, espero receber uma resposta positiva", disse Maduro.

As autoridades dos Emirados Árabes Unidos se preparam, neste domingo (3), para receber o papa Francisco, primeiro líder da Igreja católica a visitar a Península Arábica, berço do Islã.

O pontífice chega esta noite em Abu Dhabi, capital dos Emirados Árabes Unidos, para esta visita histórica, que deverá ser dominada pelo diálogo entre as religiões.

Poucas horas antes de embarcar rumo aos Emirados Árabes, o papa pediu no Vaticano, após a oração do Angelus, às partes envolvidas no conflito no Iêmen que "favoreçam de maneira urgente o respeito aos acordos estabelecidos" em favor de uma trégua na cidade portuária de Hodeida, estratégica para a distribuição de ajuda humanitária no país em guerra.

"Faço um apelo a todas as partes interessadas e à comunidade internacional para (...) assegurar a distribuição de alimentos e trabalhar pelo bem da população", declarou. Os Emirados Árabes participam de uma coalizão liderada pela Arábia Saudita que atua no Iêmen.

Em Abu Dhabi, a atmosfera em torno da catedral de São José era agitada esta manhã, constatou um jornalista da AFP.

Muitos fiéis se aglomeravam em frente ao edifício, decorado com as cores do Vaticano e dos Emirados Árabes Unidos, para conseguir os últimos ingressos para a missa papal de terça-feira, considerada a maior reunião a ser realizada no país com mais de 130.000 fiéis.

O padre Elie Hachem, que oficia na catedral, está em êxtase e tem apenas a palavra "histórica" na boca. Segundo ele, o papa vem com "uma mensagem de paz".

Cerca de um milhão de católicos, principalmente trabalhadores asiáticos, vivem nos Emirados Árabes Unidos, onde podem praticar sua religião em oito igrejas.

Doris D'souza, natural de Goa (sudoeste da Índia), diz que "não poderia deixar de aproveitar a ocasião para assistir à missa" de terça, assim que soube da visita do papa.

Shane Gallagher, um irlandês expatriado, também está "empolgado" com a visita do pontífice e com o fato de acontecer em um país muçulmano. "Vamos ter uma ótima semana", acredita.

"Acho que a visita será um testemunho incrível da tolerância dos Emirados Árabes Unidos", acrescenta o americano Collins Cochet Ryan, de 39 anos.

- "Mufti do terrorismo" -

Os líderes da federação insistem neste tema, especialmente com o encontro planejado entre o papa e o imã da Al-Azhar, a principal instituição do islamismo sunita, o xeque Ahmed al-Tayeb.

Os Emirados sempre procuraram projetar a imagem de um país aberto e tolerante, mesmo que pratique uma política de "tolerância zero" em relação a qualquer dissidência e em particular aos seguidores do islã político encarnado pela Irmandade Muçulmana.

Anwar Gargash, ministro das Relações Exteriores, não deixou de fazer referência a esta questão neste domingo no Twitter, onde alfinetou o Catar, boicotado por seu país e três de seus aliados, que o acusam de apoiar islâmicos radicais, o que Doha nega.

Ele enfatizou a diferença entre aqueles que acolhem o "mufti do terrorismo", referindo-se ao religioso Yussef al-Qaradawi, considerado o líder espiritual da Irmandade Muçulmana, que é protegido pelo Catar, e seu país que receberá dois símbolos da "tolerância e do amor", que são o papa e o imã da Al-Azhar.

Anistia Internacional e Human Rights Watch (HRW) pediram que o papa Francisco aproveite sua visita para levantar a questão das violações dos direitos humanos no Iêmen, onde forças de Abu Dhabi intervém militarmente ao lado da Arábia Saudita, e a da repressão de opositores no território dos EAU.

"Apesar de suas declarações sobre tolerância, o governo dos Emirados Árabes Unidos não demonstra interesse real em melhorar seu histórico", disse Sarah Leah Whitson, diretora da HRW para o Oriente Médio e Norte da África.

O papa Francisco falará nesta quinta-feira a uma América Latina dividida pela crítica situação política na Venezuela e vivendo um fenômeno migratório sem precedentes, que pune especialmente os jovens.

Será a primeira mensagem do pontífice depois de sua chegada ao Panamá para a Jornada Mundial da Juventude, que coincide com um momento delicado para a região: o líder da oposição Juan Guaidó proclamou-se presidente da Venezuela com o reconhecimento dos Estados Unidos e outros governos da região, como o Brasil e a Argentina.

Assim, o início da visita de cinco dias do papa argentino, de 82 anos, foi inevitavelmente marcado pelo caso venezuelano.

Em seu caminho para a nunciatura panamenha, um jovem com a bandeira da Venezuela nas mãos, escapou do cordão de segurança e correu para o lado direito do veículo onde estava o pontífice, obrigando o motorista a desviar.

E entre as dezenas de milhares de pessoas que acompanharam o percurso, um peregrino levantou um cartaz que dizia "Ore pela Venezuela".

- Consolo para os jovens migrantes -

A agenda oficial do papa Francisco nesta quinta-feira começa com reuniões com o presidente panamenho Juan Carlos Varela, no Palácio de las Garzas, com e autoridades do corpo diplomático no Palácio de Bolívar.

Mais tarde, o pontífice se encontrará com 70 bispos da América Central.

No final do dia, Francisco fará sua primeira missa na capital do Panamá.

Antes do terremoto político da Venezuela, o chefe da Igreja Católica, em sua primeira viagem à América Latina desde o ano passado, esperava colocar ênfase especial em suas mensagens sobre a onda migratória na região, com hondurenhos, guatemaltecos, salvadorenhos, nicaraguenses e venezuelanos cruzando fronteiras em massa.

Mas, filho de imigrantes italianos, Francisco não perderá a oportunidade de apoiar os jovens forçados a deixar seus países de origem para buscar melhores condições de vida, fugindo de conflitos políticos, violência de gangues e dificuldades econômicas.

Mas muitos estarão de olho na possibilidade de Francisco dedicar algumas palavras à crise venezuelana.

Em dezembro passado, Francisco desejou que a Venezuela "encontrasse novamente a harmonia e que todos os membros da sociedade trabalhassem fraternalmente pelo desenvolvimento do país, ajudando os setores mais fracos da população".

Embora o papa tenha até o momento evitado o confronto direto com o governo de Maduro, a cúpula da Igreja Católica venezuelana é alvo de críticas tanto do atual presidente quanto de seu antecessor, o falecido Hugo Chavez (1999-2013).

Francisco chegou a enviar um emissário ao país do petróleo para acompanhar um diálogo entre o governo e a oposição no final de 2016, negociações que falharam entre acusações mútuas de quebra de acordos.

Não está sendo nada fácil para Jorge Bergoglio ser o papa Francisco. O argentino que conquistou o mundo com seu carisma e seu jeito pastoral de acolhimento enfrentou, em 2018, o ano mais complicado do pontificado. No centro estão as denúncias de abusos sexuais na Igreja Católica - sobretudo nos casos ocorridos no Chile e nos Estados Unidos - e a forte oposição de setores do cardinalato.

"Essa oposição, que existe em alguns setores, vem crescendo desde a eleição do Santo Padre. Foi aprofundada com a publicação de Amoris Laetitia (exortação apostólica de Francisco, de 2016) e, mais recentemente, com os escândalos de abuso sexual", comenta o padre jesuíta americano James Martin, consultor do Vaticano.

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"As mesmas pessoas que estavam contra o papa no começo agora o criticam pela forma como ele lida com a crise dos abusos. Desnecessário dizer que essa crise é um enorme problema, o maior da Igreja, mas alguns desses clérigos estão a usá-la de maneira conveniente para atacá-lo."

Martin concorda que este foi o ano mais difícil do pontificado de Francisco. "Os abusos sexuais são o maior problema enfrentado pela Igreja e este ano tem sido o pior para a Igreja desde pelo menos 2002. Portanto, a pressão sobre Francisco tem sido extraordinária", comenta.

"A suposta maré conservadora, na verdade, tem favorecido Francisco, pois muitos setores sociais no mundo inteiro se voltam para ele como uma liderança moral e até política alternativa", diz Francisco Borba Ribeiro Neto, p rofessor da PUC-SP.

O vaticanista brasileiro Filipe Domingues, pesquisador da Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma, destaca que há dois grupos claros de oposição a Francisco: o primeiro, mais progressista e liberal nas questões morais, que já era contrário aos papas anteriores; o segundo, mais conservador, "que foi se organizando ao longo dos anos".

"A reação foi se fortalecendo com algumas mudanças de discursos, por exemplo, quando o papa disse ‘quem sou eu para julgar?’, quando lhe perguntaram sobre a questão homossexual. Ou mesmo essa visão mais pastoral de aceitar, em alguns casos, que divorciados em segunda união possam receber sacramentos", disse Domingues.

O papa também criou resistências ao assumir uma postura de defesa do meio ambiente e em discursar fortemente contra as armas. "Ele mexe com uma elite conservadora do mundo, com uma direita política conservadora, sobretudo nos Estados Unidos", afirmou o vaticanista brasileiro.

Um dos momentos críticos deste 2018 foi quando, em agosto, o arcebispo de Ulpiana (Kosovo), Carlo Maria Viganò, ex-núncio apostólico nos EUA, pediu que Francisco renunciasse. Em carta, Viganò afirmou que havia avisado o papa dos problemas de abusos sexuais nos Estados Unidos desde 2013.

Escândalos de abuso sexual

Para o sociólogo e biólogo Francisco Borba Ribeiro Neto, professor e coordenador do Núcleo Fé e Cultura da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), dois fatores aumentaram a oposição a Francisco: a reação conservadora à Amoris Laetitia e o impacto de escândalos de abuso sexual de crianças.

"Isso gerou reação da oposição laicista na sociedade, que sempre ficou muito incomodada com a liderança mundial de Francisco", comenta. "Nesses casos de pedofilia, o papa foi envolvido pela situação, no sentido que houve má administração local dos problemas e o Vaticano foi comprometido por ter confiado nas autoridades regionais."

Outro ponto analisado pelos especialistas é que Francisco, apesar de ser o líder de uma instituição essencialmente conservadora, é uma progressista voz mundial em meio à ascensão de líderes reacionários, como o presidente dos EUA, Donald Trump, e o recém-eleito presidente do Brasil, Jair Bolsonaro.

"Papa Francisco é hoje a única autoridade moral internacional. A única pessoa que é uma referência moral para o mundo inteiro", define Domingues. "Não sobrou ninguém que seja assim - tinha o Nelson Mandela, a Madre Teresa de Calcutá e outros líderes históricos que eram autoridades morais, que as pessoas paravam para ouvir."

Afeto, sentido na pele

Avenida Paulista. Bem no fim da via, fica a Igreja de São Luiz Gonzaga e bastam alguns minutos à porta para ver que boa parte do público que vai assistir à homilia é o mesmo que andava pelo entorno.

"Curto a vida cultural, deixo as crianças gastarem energia e venho abastecer o espírito", conta o economista Pedro Araújo, de 41 anos, com os filhos de 8 e 11 anos. A missa entrou na programação no último ano. "Nasci, cresci e me casei na Igreja, mas parei de frequentar após o divórcio. Agora voltei porque tenho me sentido acolhido."

Ao ser perguntado sobre o motivo do acolhimento, Araújo não titubeia: "O papa prega isso o tempo inteiro. Ele quer que todos sejam incluídos. E aqui, nesta paróquia, é o que sinto. Pode entrar todo mundo: cabeludo, tatuado, divorciado, homossexual".

A menos de 5 km, no Jardim Paulista, zona oeste, a pedagoga Maria de Lourdes, que frequenta a Paróquia São Gabriel Arcanjo, conta que se surpreendeu outro dia ao ver moradores de rua participando da missa e até comungando. "Ninguém se escandalizou. Pelo contrário: elogiaram." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O Papa Francisco presenteou a Arquidiocese do Rio de Janeiro com uma escultura intitulada “Jesus Sem-Teto”, do artista canadense Timothy P. Schmalz, que possui exemplares em diversos países do mundo, como a Itália. A doação foi feita em referência ao Dia Mundial dos Pobres, que a Igreja Católica comemora no dia 18 de novembro. A partir desta data, o público poderá apreciar a obra na Catedral Metropolitana, no centro da cidade.

A escultura retrata um corpo quase inteiramente coberto por um lençol em um banco. Os pés, descobertos, mostram as duas chagas características de Jesus, segundo a tradição cristã.

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A vinda do “Jesus Sem-Teto” ao Brasil foi possível graças ao intermédio da embaixada do Brasil junto à Santa Sé, em conjunto com a Ordem do Santo Sepulcro. Em 2013, o Schmaltz ofereceu um exemplar idêntico ao Papa.

O papa Francisco afirmou a jovens da diocese francesa de Grenoble-Vienne que a sexualidade é "o ponto mais belo da criação", mas defendeu que ela nunca seja dissociada do amor.

    O encontro ocorreu na última segunda-feira (17), no Vaticano. "A sexualidade, o sexo, é um dom de Deus. Nada de tabu. É um dom de Deus, um dom que o Senhor nos dá, e tem dois objetivos: amar e gerar vida. É uma paixão, é o amor apaixonado. O amor entre um homem e uma mulher, quando apaixonado, te leva a dar a vida para sempre", disse o líder da Igreja Católica.

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    Uma reflexão parecida já havia sido feita pelo Pontífice na exortação apostólica "Amoris Laetitia" ("Alegria do Amor"), na qual ele afirma que "o próprio Deus criou a sexualidade" e que a "dimensão erótica do amor" não deve ser vista como um "peso".

    "É interessante como a sexualidade seja o ponto mais belo da criação, no sentido de que o homem e a mulher foram criados à imagem e à semelhança de Deus, e ao mesmo tempo a sexualidade é a mais atacada pela mundanidade, pelo espírito do mal", declarou o Papa aos jovens franceses.

    Segundo Francisco, "ganha-se muito dinheiro com a indústria da pornografia", que é uma "degeneração em relação ao nível onde Deus a colocou [a sexualidade]". "Protejam sua dimensão sexual, sua identidade sexual, e preparem-na para o amor, para inseri-la naquele amor que os acompanhará por toda a vida", disse.

Da Ansa

O papa Francisco defendeu o repouso aos domingos, que permite aos cristãos "fazer as pazes" com a própria vida, mas criticou a sociedade de "diversão" e "evasão".

O domingo permite "fazer as pazes com a vida", disse Francisco diante de milhares de fiéis reunidos na praça São Pedro do Vaticano para a tradicional audiência de quarta-feira.

"A verdadeira paz não é mudar a própria história, e sim acolhê-la e valorizá-la", disse o pontífice.

"O homem nunca descansou tanto como hoje e, no entanto, nunca sentiu tanto vazio como hoje".

Francisco fez um apelo por uma distinção entre o verdadeiro repouso e o falso descanso em um mundo que estabelece a sociedade como "um grande parque de diversões".

"O conceito de vida que domina atualmente não se baseia na atividade, e sim na evasão. Esta mentalidade leva a uma vida anestesiada pela diversão, que não é repouso", advertiu.

O arcebispo Carlo Maria Vigano fez novas acusações contra o Papa, desta vez relacionadas ao seu encontro com uma opositora ferrenha ao casamento gay, em carta publicada por um site americano e revelada por um blog italiano.

Na carta, Vigano, ex-embaixador do Vaticano nos Estados Unidos, afirma que o Papa Francisco havia sido informado sobre a personalidade de Kim Davis, que se opõe há anos ao casamento gay, antes de se reunir com a mesma durante sua visita a Washington em 2015.

Kim Davis, secretária judicial do condado americano de Kentucky, recusou-se a assinar certidões de casamento de pessoas do mesmo sexo, apesar da pressão judicial, inclusive da Suprema Corte, e de ter sido presa por alguns dias.

Segundo Vigano, dois dos principais colaboradores do Papa - o secretário de Estado do Vaticano, Angelo Becciu, e o secretário das Relações com os Estados, Paul Gallagher - aprovaram o encontro entre o Papa e Kim Davis.

Vigano já havia acusado o Papa de ter encoberto por cinco anos o cardeal Theodore McCarrick, acusado de abusos sexuais. Segundo Vigano, ele advertiu Francisco no começo de seu pontificado, em 2013, sobre os supostos abusos sexuais contra menores cometidos pelo cardeal americano.

O encontro entre Francisco e Kim Davis aconteceu na nunciatura em Washington, e dezenas de pessoas foram convidadas.

"O Papa não sabia com detalhes da situação de Kim, e seu encontro com a mesma não deve ser visto como uma forma de apoio à sua posição em todas essas questões particulares e complexas", afirmava o comunicado publicado pelo Vaticano na ocasião, ante a polêmica midiática gerada pelo tema.

Vigano nega esta informação e afirma que informou Francisco sobre a possibilidade deste encontro com Kim. Segundo o arcebispo, Jorge Bergoglio o aprovou, com a condição de que também fosse autorizado pelo secretário de Estado, Pietro Parolin, seu principal colaborador.

A carta de Vigano foi publicada pelo site americano Lifesitenews.com (contrário ao aborto e defensor da família tradicional), tanto na versão original, em italiano, quanto na versão em inglês.

O escrito também foi divulgado hoje pelo jornalista italiano Marco Tosatti, autor de um dos blogs mais críticos do Papa. Tosatti reconheceu ter ajudado Vigano na redação de um primeiro texto contra o pontífice.

O Vaticano não comentou as novas acusações de Vigano.

ob/elp/eb/eg/lb

O papa Francisco se reuniu neste sábado (25) com oito vítimas irlandesas de abusos cometidos por religiosos no país, informou o Vaticano.

"O papa Francisco se reuniu na noite deste sábado durante uma hora e meia com oito sobreviventes de abusos cometidos por clérigos, religiosos ou em instituições" da Igreja, explicou o porta-voz do Vaticano, Greg Kerry.

O encontro muito aguardado com os "sobreviventes", em parte identificados em um comunicado do Vaticano, foi celebrado ao final do primeiro dia da visita papal.

Entre as oito pessoas se encontrava uma vítima, que quis permanecer anônima, do padre católico Tony Walsh, que abusou de crianças durante duas décadas antes de ser preso.

O papa também recebeu Marie Collins, uma septuagenária irlandesa que foi vítima aos 13 anos de um sacerdote quando estava em um hospital.

O padre Patrick McCafferty, também recebido pelo papa, foi agredido quando era seminarista nos anos 1980.

Um funcionário da cidade de Dublin, Damian O'Farrell, sofreu abusos aos 12 anos, segundo a imprensa irlandesa.

Frequentemente o papa recebe no Vaticano vítimas de abusos.

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