São Paulo - Uma “missão”. Assim definiu o senador Humberto Costa, em coletiva de imprensa, sobre a convocação da Executiva Nacional do Partido dos Trabalhadores para que ele seja o candidato à Prefeitura do Recife. Nas palavras do senador, a missão será reunir o partido, no Recife, em torno de sua candidatura, bem como a Frente Popular e vencer o pleito municipal em outubro.
Derrotado nas urnas em eleições majoritárias do Recife, por duas vezes, e nas eleições para o governo do Estado, uma vez, Humberto se mostrou confiante em relação à vitória. Ele diz ter criado uma “casca de crocodilo”, atestando que está forte para o processo eleitoral e para enfrentar os questionamentos feitos sobre a briga interna do PT.
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Mesmo batendo na tecla da vitória, Humberto acredita que a oposição também é forte. “Não subestimo a oposição, pelo contrário, respeito. Não será uma eleição fácil”, pontuou. O senador e o presidente nacional do PT, Rui Falcão, também responderam, entre outras questões, sobre a união da Frente Popular, intervenções e senado federal.
Confira os posicionamentos de Humberto Costa e Rui Falcão sobre alguns dos principais temas que envolvem a candidatura do PT:
Intervenção
“É óbvio que não houve nenhuma intervenção. A decisão da Executiva Nacional, inclusive, deixa claro que todo o processo de homologação da candidatura, bem como a condução do processo eleitoral do Recife, será feita pelo Diretório Municipal, em conjunto com o Diretório Estadual. Mas a composição da chapa, majoritária e proporcional, serão feitas pelo Diretório Municipal. Permanece tudo do mesmo jeito. A direção do Diretório permanece a mesma”, disse Humberto. Em relação a eventuais intervenções do ex-presidente Lula e da presidente Dilma Rousseff, na escolha do candidato na capital pernambucana, tanto Humberto quanto Rui Falcão negaram.
O “candidato biônico” e o DEM
“Essa denominação, Biônico, vocês sabem que isso não começou com a opinião do pessoal do PT, foi gente do DEM. Aliás, uma coisa interessante lá no Recife é que de repente os adversários de quatro anos viraram admiradores e defensores da nossa gestão. Mas minha história é diferente, eu lutei na ditadura, fui fundador do PT, quando me elegi foi pelo voto direto da população. Diferente da época do PDS que teve governador biônico, senador biônico. Todo mundo lembra que o partido foi PDS, PFL e hoje é DEM. Então quem é do DEM não pode falar desse assunto”, criticou Humberto, referindo-se ao deputado Mendonça Filho. Sobre os comentários dos companheiros do PT, neste sentido, Humberto disse que não fica preocupado com os comentários, pois quem decidirá se ele é candidato biônico ou não serão os eleitores do Recife.
João da Costa
“Vou fazer a defesa da gestão, da administração, até porque é uma gestão do PT e entendo que ele (prefeito) tem um papel a cumprir neste processo e tem uma representatividade na cidade. Por isso vou buscar esse apoio dele. Eventualmente nós podemos construir um discurso do ponto de vista da campanha”.
Senado
“Hoje estou vivendo o meu melhor momento na política, desde quando eu fui ministro da Saúde no governo Lula. No Senado eu exerço um papel de sustentação do governo, do PT e de Pernambuco também. Me sinto pessoalmente gratificado por isso e sair do Senado não é uma coisa simples. Eu saio com um pouco de saudade, pois gostaria de ficar um pouco mais. Mas também aceitarei o desafio, a tarefa (convocação do partido) e que, sem dúvida, governar o Recife será o maior desafio da minha vida e o maior prazer, se eu vier a ser eleito”. Humberto ainda ressaltou que continuará comparecendo semanalmente ao Senado e que não deixará de lado o processo contra o senador Demóstenes Torres, no qual ele atua como relator.
Eduardo Campos
“Não existe essa história de que decidido o candidato do Recife virá o apoio do PSB ao Haddad. Há alguns meses houve uma conversa entre o presidente Lula e Eduardo Campos. Naquela ocasião, o governador avisou que em junho tomaria uma decisão sobre São Paulo, mas que não apoiaria José Serra de jeito nenhum e que precisaria construir o apoio a Haddad aqui em São Paulo. Para isso ele pediu nossa ajuda em Mossoró, que era a última cidade governada pelo DEM, em Duque de Caxias, no Rio de Janeiro; Macapá, Boa Vista; Campinas, onde não foi possível fazer aliança, pois o candidato do PSB já está comprometido com o PSDB; e Belo Horizonte. É por isso que o PSB está prestes a apoiar a candidatura de Haddad. Em nenhum momento o governador mencionou qualquer cidade de Pernambuco como condição para estabelecer aliança. O que seria também estranho ele opinar sobre uma candidatura do PT para apoiar Fernando Haddad. É muito estranha essa informação”, assegurou Rui Falcão.
Frente Popular
“Conversei com o governador Eduardo Campos na segunda-feira e ontem comuniquei a algumas pessoas o resultado. Falei com o senador Armando Monteiro, pedi a ele que se pudesse me recebesse nesse final de semana, também com o presidente do PCdoB. Hoje ainda vou falar com o presidente do PSC, PP e do PDT. Já falei com o presidente do PSL, que tem quatro ou cinco partidos aliados à ele. Acho que vamos fazer uma grande aliança para a disputa política no Recife”, afirmou Humberto Costa.
Humberto Costa embarca na noite desta quarta-feira (6) para Brasília e segue nesta quinta (7) para o Recife, onde concederá uma coletiva de imprensa para comunicar a decisão da Executiva Municipal, tomada em São Paulo.