O Conselho Estadual de Direitos Humanos da Paraíba (CEDH-PB) emitiu uma nota pública repudiando a postura dos policiais da Paraíba e de Pernambuco na ação que resultou em oito mortos na cidade de Barra de São Miguel-PB no dia 2 de julho. A operação procurava suspeitos de envolvimento na morte de um policial militar ocorrida no dia anterior em Santa Cruz do Capibaribe, Agreste de Pernambuco.
Os corpos das vítimas foram transportados em caçambas de picapes, permitindo que a população visualizasse e fizesse registro. Os policiais aparecem sendo aplaudidos em vídeos que circulam nas redes sociais.
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Para o Conselho, o tratamento dado transformou o ocorrido em um "espetáculo macabro de manipulação e exibição de cadáveres, em total desacordo com as regras de conduta da atividade policial, excedeu todas as raias da legalidade".
De acordo com o CEDH-PB, a cena do confronto exigia preservação, para fins do trabalho necessário da perícia criminal, e afastamento do público, para evitar a divulgação e exploração de cenas mórbidas de morte e mutilação.
O texto acrescenta: "Cena de crime não é lugar para discurso público sobre a criminalidade ou busca de apoio popular, diante dos cadáveres tombados. Tal ato resvala na demagogia. Cenas de gelar o sangue, tais como cadáveres sendo despidos (com que finalidade? humilhação post-mortem?), carreata com cadáveres jogados na caçamba de caminhonete, corpos empilhados um sobre o outro como troféus em uma guerra tribal, cadáveres sendo alvejados por disparos inúteis foram amplamente divulgadas nas redes sociais dos Estados de Pernambuco e Paraíba, mediante filmagens de populares e até mesmo possivelmente de policiais, sendo certo que tais vídeos não poderiam ter sido produzidos sem o consentimento e a tolerância dos agentes policiais participantes da operação, cujos comandantes, aparentemente, procuraram atrair o público daquela urbe interiorana para o espetáculo macabro, ao invés de afastá-lo, como seria seu dever".
Na visão do conselho, o cenário causa descrédito da atividade policial e o que se viu foi um "grotesco ato de vingança selvagem". O órgão também lamenta a morte do policial militar.
As secretarias responsáveis pela segurança pública de Pernambuco e da Paraíba foram cobradas a investigar rigorosamente os fatos e punir os responsáveis.
O caso
O soldado André José Silva foi morto durante troca de tiros com os criminosos no dia 1º de julho em Santa Cruz do Capibaribe. O sargento Moacir Moreira da Silva também ficou ferido. No dia do ocorrido, a Secretaria de Defesa Social (SDS) lamentou a morte do soldado nas contas oficiais. A Polícia Federal de Pernambuco também emitiu uma nota de pesar.
Os mortos na Paraíba foram identificados como Marcela Virgínia Silva do Nascimento, 32 anos; José Pedro Agostinho da Silva, 30; Manoel José de Lima, 37; Adson Berigue de Lima, 29; José Adson de Lima; idade não informada; Reniere Alves de Souza; 32; Wedy Souza Vieira, 22; e um adolescente de 17 anos. Andson Berigue de Lima era vereador em Betânia, município do Sertão pernambucano. A Polícia Militar de Pernambuco afirma que o grupo foi baleado após atirar contra a equipe policial.