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Representantes do setor produtivo de Pernambuco se reuniram em um encontro virtual na tarde desta segunda-feira (15) para discutir o colapso no sistema de saúde do Estado e os impactos sobre o setor produtivo, em maior atenção à indústria e ao comércio. Em apelo, a junta pediu por um assento no comitê de saúde que gerencia a crise causada pela Covid-19, ressaltando o papel que o segmento exerce na dinâmica econômica local. Poucos minutos após o término da reunião, o Governo de Pernambuco decretou quarentena em todo o território pernambucano, entre os dias 18 e 28 de março.

A coletiva foi convocada pelo presidente do Movimento Pró-Pernambuco (MPP), Avelar Loureiro Filho, que também mediou a conversa. Nas palavras do representante, é preciso uma “interlocução única e precisa com o Governo do Estado, em vez de 200 entidades dialogando”.

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“Temos os nossos próprios fóruns, nos organizamos, e pedimos que o governo do estado nos ouça. Nos governem, mas nos ouçam. Na questão do transporte, com certeza, se tivéssemos sido ouvidos antes, estaríamos vendo situações diferentes. Podemos contribuir muito”, acrescentou o presidente.

Estiveram presentes também representantes do Sindicato dos Hospitais, Clínicas, Laboratórios e Demais Estabelecimentos de Saúde do Estado de Pernambuco (Sindhospe), da Associação Pernambucana de Shopping Centers (Apesce), da Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (Fiepe), da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Pernambuco (Fecomércio-PE) e da Associação Comercial e Empresarial de Caruaru (Acic).

Os líderes continuaram a questionar a necessidade de uma isenção tributária plena durante o período crítico à economia. Alegando que o setor ainda não se recuperou dos fechamentos em 2020, Bernardo Oliveira, presidente do Fecomércio, diz que essa interlocução não tem a intenção de “bater, mas de ajudar, e que é preciso uma participação das empresas junto às decisões da saúde”.

Além disso, foi mencionado que o governo estadual deve redirecionar os esforços e cobrar mais dos demais setores, para que o produtivo não se sobrecarregue. Os empresários também notam um afrouxamento da verificação do cumprimento das normas de higiene e segurança nas ruas e que, com isso, o trabalho fica mais complicado e o fechamento é inevitável. “Com a indústria parada, vamos acumular CNJPs mortos. O poder público deve saber da nossa participação nisso, pois o ponto comum entre a iniciativa privada e o governo é a geração de renda e emprego”, concluiu Luverson Ferreira, da ACIC.

A deputada federal e Segunda Secretária da Câmara dos Deputados, Marília Arraes (PT-PE), esteve, na tarde desta sexta-feira (19), na sede da Federação das Indústrias de Pernambuco (Fiepe). Na pauta do encontro, realizado a convite do presidente da entidade, Ricardo Essinger, uma discussão sobre o sistema tributário nacional, os projetos em tramitação sobre a Reforma da Previdência e o desenvolvimento da indústria em Pernambuco.

O evento contou com a presença de integrantes da diretoria executiva da Fiepe, que apresentaram dados e estudos sobre os três projetos que estão tramitando no Legislativo Federal. O grupo técnico também apresentou um levantamento sobre a necessidade de investimento no setor industrial de Pernambuco. "É sempre muito importante ouvir e debater os temas de interesse de nosso país e de nosso Estado com o setor produtivo. Ainda mais em um momento como o que o Brasil atravessa, sob o duro impacto negativo provocado na Economia em função da Pandemia da Covid-19. Garantir emprego, renda e desenvolvimento é uma prioridade para todos nós”, destacou a deputada.

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O presidente Ricardo Essinger também destacou a importância do encontro. "Essa reunião abre um novo ciclo de conversas. Receber a deputada Marília Arraes foi muito importante para enriquecer o debate e ampliar as perspectivas sobre temas de extrema importância para o setor industrial. Com certeza teremos muitos outros encontros”, afirmou Essinger.

*Da assessoria 

O ano de 2020 foi muito difícil em diversos aspectos devido à pandemia de Covid-19. Entre mortes, hospitais lotados e medidas de restrição, a economia teve uma queda e a população sofreu com aumento de desemprego, informalidade, desalento e fechamento de empresas.

No momento em que se encerra o ano, o Brasil registra 14 de milhões de pessoas sem emprego em novembro, ao mesmo tempo em que uma contratação recorde, com 414.556 empregos formais no mesmo mês, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), ajuda a manter o saldo de empregos positivo apesar do enorme número de desempregados. 

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O LeiaJá entrevistou o secretário de Trabalho, Emprego e Qualificação de Pernambuco, Alberes Lopes, para explicar como o Estado enfrentou a crise econômica em 2020 e quais são as expectativas para a empregabilidade no ano de 2021. Confira: 

LeiaJá: Como Pernambuco atravessou a crise econômica e como estão os dados de emprego e desemprego do Estado no fim do ano?

Secretário: Dois mil e vinte foi um ano atípico por conta da pandemia, mas surpreendeu positivamente. O ano de outubro foi a melhor data dos últimos dez anos no número de contratações. No fim do ano tivemos mais contratações do que esperávamos. No início da pandemia tivemos perdas relevantes, mas no final a gente conseguiu recuperar graças ao esforço do governador Paulo Câmara que trouxe 52 novas empresas para Pernambuco. Nós mantivemos as agências do trabalho funcionando tanto para o seguro-desemprego como depois também para intermediação de mão de obra; atendemos mais de 1 milhão de pessoas por ano. 

LeiaJá: Em quais setores houve mais desemprego e mais contratações?

Secretário: O que mais perdeu foi o setor de serviços e quem empregou mais foi o setor da indústria. Serviços e o comércio foram os que mais perderam porque teve que fechar. O Governo do Estado fez um plano de convivência, mas o último a funcionar foi o setor de serviços. A indústria foi a primeira, isso também ajudou um a contratar mais e outro menos. Teve a agroindústria que não parou. 

LeiaJá: No País, há estados com saldos de empregos positivos e outros no vermelho. Como está Pernambuco neste fim de ano?

Secretário: Sim, o saldo de empregos em Pernambuco está positivo. A gente teve uma recuperação muito boa no fim do ano. Outubro, por exemplo, foi o melhor outubro dos últimos dez anos, então nós tivemos, sim, uma recuperação muito importante para o nosso Estado diante dessa pandemia, com mais de 13 mil empregos gerados em outubro. 

LeiaJá: Qual é a sua expectativa para a geração de empregos no Estado no ano de 2021?

Secretário: A gente tem expectativa bastante positiva, porque estão havendo investimentos em Pernambuco graças ao empenho do governador de buscar investimentos. Agora a gente não tem como dizer números, não tem o número de investimentos porque ainda nem começou o ano. Em 2020, apesar de tudo, a gente conseguiu atrair investimentos e vai conseguir mais em 2021. É um ano de esperança, um ano de expectativas, de novos projetos e a gente sabe que vai ser um ano ainda melhor em geração de empregos, porque com todo esse momento dessa pandemia, um momento difícil , a gente conseguiu atrair investimentos. lmagine que vai ter agora a vacina, a gente está esperançoso com isso, que novos investimentos virão para Pernambuco e vamos conseguir gerar novos empregos. 

LeiaJá: Quais setores devem se sair melhor na geração de empregos?

Secretário: O setor da indústria e o setor de prestação de serviços. Temos também o setor de logística, com a Amazon e atacadões que estão vindo aqui para Pernambuco. Fora outras empresas que vieram antes e em 2021 vão ter uma projeção maior, como por exemplo a Fiat. Várias empresas já anunciaram que em 2021 vão aumentar o investimento aqui em Pernambuco. Em Bonito, temos uma empresa que também já iniciou as construções com a geração de empregos em 2021 maior que em 2020. A Yazaki. 

O final do ano teve recuperação rápida, o início de 2021 acho que vai seguir nesse mesmo ritmo, embora seja normal que uns meses depois fique um pouco mais lento. Você pega dezembro e janeiro com a injeção do 13º salário, o mercado ainda fica aquecido, depois começa a diminuir. Só que como os investimentos estão vindo, começa a ter crescimento de novo depois. Isso acontece já de forma natural, eu falo isso pelos anos que passaram e deve se repetir em 2021. Com os investimentos, mais ou menos em abril a gente já vê uma acelerada maior que em fevereiro, é a tendência pela pandemia. 

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As escolas do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) estão com inscrições abertas para cursos técnicos e de especialização em diversas áreas da indústria. Para as aulas que ocorrem em 2021, são mais de 53 mil vagas para alunos que podem optar em estudar de forma presencial, semipresencial e nos módulos de ensino a distância (EaD).

Ao todo, alunos de 18 estados brasileiros poderão fazer inscrição nos cursos presenciais. Apenas oito estados brasileiros (Amapá, Roraima, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Sergipe, Mato Grosso, Minas Gerais) e o Distrito Federal (DF) não oferecem aulas nesta modalidade. No entanto os estudantes dessas localidades podem escolher cursos na modalidade EAD.

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Cada unidade federativa tem uma grade curricular diferenciada para atender às diversas funções da indústria em todas as regiões do país. O Senai forma alunos em segmentos industriais e prepara jovens para o mercado de trabalho em áreas como tecnologia, mecânica, alimentação, refrigeração, administração, desenho gráfico, automação, construção civil, segurança do trabalho, entre outras funções.

Para fazer a inscrição, basta que os estudantes acessem o site do Senai infovagassenai.portaldaindustria.com.br. No portal, é possível verificar a disponibilidade de cada curso e o prazo para fazer o registro nas unidades de todos os estados brasileiros.

Após o anúncio feito pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), no início desta semana, de que havia risco de paralisação nas fábricas por causa de falta de peças, as primeiras linhas de montagem começam a ser desligadas. No ABC paulista, a Mercedes-Benz cancelou dois sábados de produção extra que tinham sido convocados para atender à demanda aquecida. Na fábrica da General Motors (GM), em São José dos Campos (SP), um comunicado no mural de avisos informa que a produção da picape S10 pode ser interrompida por um ou dois dias nas próximas duas semanas.

A retomada da demanda mais rápida do que se esperava, após meses de economia enfraquecida por causa da pandemia, desorganizou as cadeias de produção, obrigando fábricas de diferentes setores a adotarem "microparadas" e, segundo especialistas, o restabelecimento da sincronia entre os elos pode levar mais alguns meses.

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Não há ainda registros de paralisação completa de montadoras, mas, inevitavelmente, os atrasos das entregas de insumos retardam a produção em um momento em que os fabricantes precisavam acelerar para atender a já longa lista de espera, sobretudo de clientes frotistas, como locadoras.

"Um dia falta aço, no outro falta pneu, no outro falta longarina (componente do chassis do caminhão)", comenta o presidente da Volkswagen Caminhões e Ônibus, Roberto Cortes. Por causa da falta de peças, a espera por caminhões encomendados à fábrica da Volks em Resende (RJ) chega a "meses", segundo o executivo.

Para compensar volumes que se tornaram inalcançáveis - o que ocorreu também porque menos operários estão trabalhando nas linhas para evitar aglomerações -, a companhia cancelou as férias coletivas de fim de ano. "Vamos trabalhar durante todo o mês porque é obrigação nossa entregar o produto."

Na Fiat, o mesmo problema. O abastecimento de alguns insumos mostrou instabilidade, tanto de volumes como de prazos nos últimos dias, o que levou a uma diminuição, em "ocasiões pontuais", no ritmo das linhas de montagem, informou a empresa.

Desbalanço

 

Na tentativa de assegurar as matérias-primas e o fornecimento dos veículos, as montadoras têm dado apoio logístico e, em alguns casos, financeiro, para os insumos chegarem a fornecedores da base da cadeia. "Montadoras estão usando o frete aéreo para antecipar a entrega de material e diminuir o tempo, mas há um aumento de custo. Estão sendo observadas micro paradas ou paradas pontuais", diz o presidente da Anfavea, Luiz Carlos Moraes. "Nossa cadeia de fornecedores é muito longa, há muito material importado. Houve uma parada muito forte no início da pandemia. Agora, com a retomada, que foi ficando mais forte, houve um desbalanceamento da cadeia produtiva", acrescenta.

Importante fornecedor de insumo para as montadoras, o setor de aço está operando com 68,4% da capacidade instalada das siderúrgicas, patamar superior ao do período pré-crise. Segundo o presidente executivo do Instituto Aço Brasil (IABr), Marco Polo de Mello Lopes, dada a crise de demanda no início da pandemia, os principais mercados consumidores de aço reduziram drasticamente suas compras e, naquele momento, as usinas ajustaram a produção. Em abril, o pior momento em termos de pedidos para as siderúrgicas, o setor operou com 43% de sua capacidade, com 14 dos 31 altos-fornos apagados, sendo que seis já estavam desligados antes da crise.

"Quando tivemos o primeiro sinal de recuperação da economia, a siderurgia retomou sua produção", diz o executivo. Hoje, frisou, apenas os equipamentos que estavam desligados antes da pandemia não estão operando. Sua percepção é que no início do ano a situação estará normalizada.

Até lá, a indústria automotiva deve ter sua recuperação atrasada, o que é negativo para todo País, dado o peso do setor na economia, diz a economista Renata de Mello Franco, do FGV Ibre. "Isso tem um efeito multiplicador também, porque, se segmentos veem uma demanda melhor e conseguem atendê-la, seria normal que começassem a contratar mão de obra." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Após ter registrado queda em agosto e setembro, a produção industrial pernambucana voltou a se recuperar em outubro, com alta de 2,9%, a segunda maior entre as 15 localidades pesquisadas, atrás somente do Paraná (3,4%). Pernambuco teve desempenho acima da média brasileira, de 1,1%, e voltou a superar os índices pré-pandemia. Os dados são da Pesquisa Industrial Mensal (PIM-PF), divulgada nesta quarta pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Mais seis locais tiveram índice positivo em outubro: Santa Catarina (2,8%), Região Nordeste (1,7%), Mato Grosso (1,1%), Ceará (0,5%), São Paulo (0,5%) e Minas Gerais (0,4%).

Na comparação entre outubro de 2020 e o mesmo período do ano passado, Pernambuco também tem o segundo melhor resultado nacional: 7,2%, superada apenas por Santa Catarina (7,6%). A média brasileira, por sua vez, foi de 0,3%, próxima à estabilidade. Ceará (6,1%), Amazonas (5,2%), Pará (4,9%), Paraná (4,8%), Rio Grande do Sul (2,6%), São Paulo (2,1%) e Minas Gerais (1,4%) completaram o conjunto de locais com crescimento na produção. Já Mato Grosso (-11,7%) e Goiás (-9,6%) apontaram os recuos mais intensos e Espírito Santo (-7,6%), Bahia (-6,5%), Rio de Janeiro (-5,6%) e Região Nordeste (-0,2%) mostraram as demais taxas negativas no mês.

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Foi no acumulado do ano que Pernambuco teve o melhor resultado entre todos os estados e regiões pesquisadas, com 2,4% de crescimento na produção. Mais três localidades tiveram índices positivos: Rio de Janeiro (1,4%), Goiás (0,7%) e Pará (0,1%). Taxas negativas foram registradas no Espírito Santo (-17,0%), Ceará (-9,8%), Rio Grande do Sul (-9,0%) e Amazonas (-8,9%). São Paulo (-8,2%), Santa Catarina (-7,8%) e Bahia (-6,9%), que tiveram númerossuperiores aos da média nacional (-6,3%). Paraná (-6,0%), Minas Gerais (-5,8%), Região Nordeste (-5,0%) e Mato Grosso (-4,6%) também apresentaram queda.

Enquanto o acumulado nos últimos 12 meses foi negativo tanto no Brasil (-5,6%) quanto em 12 dos 15 locais pesquisados), Pernambuco foi um dos três estados que tiveram índice positivo, de 1,7%, superado pelo Rio de Janeiro (2,5%), e à frente de Goiás (1%). Espírito Santo (de -19,4% para -18,3%), Santa Catarina (de -7,6% para -6,8%), Pará (de -0,8% para -0,1%), Ceará (de –8,2% para -7,6%), Pernambuco (de 1,1% para 1,7%) e Minas Gerais (de -7,1% para -6,7%) mostraram os principais ganhos entre setembro e outubro de 2020. Goiás (de 3,1% para 1,0%), Mato Grosso (de -3,2% para -4,6%), Rio de Janeiro (de 3,6% para 2,6%) e Bahia (de -5,7% para -6,2%) registraram as perdas mais acentuadas entre os dois períodos.

Indústria geral em Pernambuco

Em outubro de 2020, a produção industrial pernambucana viu a maior parte dos setores que tinham registrado redução na produção ao longo da pandemia apresentarem tendência de recuperação. Das 12 seções e atividades industriais cobertas pela PIM-PF no estado, apenas Fabricação de outros equipamentos de transporte, exceto veículos automotores teve queda no mês de outubro em comparação ao mesmo período no ano anterior, com -2,3%. O segmento também é responsável pelos piores índices no acumulado do ano (-72%) e no acumulado dos últimos 12 meses (-75,9%).

Em um cenário positivo da indústria em outubro de 2020 com relação a outubro de 2019, os destaques do mês são a Metalurgia, com a maior alta (26,1%), seguida pela Fabricação de produtos têxteis (19%) e pela Fabricação de sabões, detergentes, produtos de limpeza, cosméticos, produtos de perfumaria e higiene pessoal, com avanço de 14,6%. A fabricação de Minerais não-metálicos e de Borracha e material plástico também tiveram altas que superaram os 10%.

Outro setor importante para a indústria do estado e que teve desempenho positivo é a Fabricação de produtos alimentícios. Embora a variação percentual registrada em outubro, de 4,3%, tenha sido uma das menos altas do mês, o segmento teve o melhor desempenho tanto no acumulado do ano (12,3%) quanto no acumulado dos últimos 12 meses (12,1%).

*Do IBGE.

A produtividade do trabalho na indústria de transformação brasileira cresceu 8% no terceiro trimestre do ano, na comparação com o trimestre anterior, mostrando recuperação depois de duas quedas consecutivas em razão dos efeitos da pandemia da Covid-19 sobre a economia. Os dados são do estudo Produtividade na Indústria, divulgado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), que revela, no entanto, que no ano o indicador não deve superar 1% pelo terceiro ano consecutivo. A produtividade é medida com o volume produzido pela indústria dividido pelas horas trabalhadas.

A pesquisa revela que o volume produzido nos meses de julho, agosto e setembro foi 25,8% maior que o verificado no segundo trimestre de 2020, enquanto as horas trabalhadas da produção tiveram alta de 16,4% no mesmo período de comparação. "A indústria se recuperou de forma rápida e intensa a partir de maio, passado o momento mais agudo da crise. Ao longo do trimestre, as fábricas operaram em níveis de ocupação da capacidade instalada crescentes para recompor estoques e atender à rápida recuperação da demanda", destaca o estudo.

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O crescimento acelerado da produtividade no terceiro trimestre é o maior da série histórica iniciada em 2000 e, segundo o documento, mais do que compensou a queda acumulada nos dois primeiros trimestres do ano, que chegou a registrar uma queda de 6,7% na produtividade na comparação com os três últimos meses de 2019.

"O crescimento acelerado da produtividade no terceiro trimestre e a queda acentuada no primeiro semestre do ano são movimentos conjunturais. Eles refletem mudanças na intensidade do esforço do trabalhador e no ritmo de produção que é estabelecido pelas empresas e não mudanças de mais longo prazo, como uma maior qualificação do trabalhador", explica a economista da CNI Samantha Cunha.

Apesar da melhora revelada pelo estudo, a expectativa é de que a produtividade do trabalho na indústria encerre 2020 com baixo crescimento, uma alta de menos de 1%.

"Mesmo se o ritmo de crescimento verificado no terceiro trimestre fosse mantido no último trimestre de 2020, o indicador fecharia o ano com crescimento abaixo de 1% (0,9%). O ano de 2020 deve ser o terceiro ano seguido de crescimento da produtividade do trabalho abaixo de 1%", diz o estudo da CNI.

Depois de registrar alta na produtividade do trabalho de 4,5% em 2017, o indicador teve aumento de apenas 0,8% em 2018 e de 0,6% em 2019.

O Índice de Confiança da Indústria (ICI) chegou a 113,1 pontos em novembro, subindo ante a pontuação de outubro (111,2), conforme informou nesta sexta-feira, 27, a Fundação Getulio Vargas (FGV). O resultado colocou o indicador no maior nível desde outubro de 2010, quando esteve em 113,6 pontos. Dos 19 segmentos pesquisados, 12 registraram aumento da confiança e 15 estão acima do nível de fevereiro, no pré-pandemia.

"O resultado da sondagem de novembro mostra recuperação surpreendente da confiança do setor industrial, principalmente devido às avaliações muito positivas sobre o momento atual. De maneira geral, a demanda foi considerada como forte e o indicador de estoques bateu novo recorde", afirma Renata de Mello Franco, economista do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre/FGV).

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O Índice de Situação Atual (ISA) aumentou 4,5 pontos e foi a 118,2 pontos, maior valor desde dezembro de 2007 (118,9 pontos), mostrando a melhora da satisfação do empresariado com a situação corrente. Por outro lado, o Índice de Expectativas (IE) recuou 0,7 ponto e chegou a 107,9 pontos.

"Pelo lado das expectativas, houve ajuste, mas a maioria dos segmentos ainda apresenta otimismo. Apesar da queda dos indicadores de produção prevista e emprego previsto, ambos permanecem em nível elevado, sugerindo que tanto a produção como o pessoal ocupado continuariam aumentando nos próximos três meses", explica Renata.

O indicador que afere o nível de estoque das empresas chegou a 126,2 pontos, subindo 12 pontos e atingindo o maior valor da série histórica. Cresceu de 10,6% para 15,7% o total de empresas que consideram insuficientes seus estoques, enquanto as que consideram seus estoques excessivos são 8,0%, ante 9,6% no mês passado.

A perspectiva para o ambiente de negócios nos seus meses seguintes subiu, sendo o único composto do IE a variar positivamente: passou de 100,8 pontos para 104, pontos. Preveem melhora no ambiente de negócios 49,0% das empresas - eram 45,7% na pesquisa anterior -, e 8,2% acreditam em piora - ante 11,0% em outubro.

Houve relativa estabilidade no indicador de emprego previsto, que passou de 110,9 pontos para 110,3 pontos, e recuo de 4,8 pontos no indicador de produção prevista, que chegou a 108,8 pontos.

O Nível de Utilização da Capacidade Instalada (Nuci) também ficou relativamente estável, passando de 79,8% para 79,7%. Considerando as médias móveis trimestrais, o Nuci subiu 1,4 ponto porcentual, de 77,8% para 79,2%.

Pernambuco foi um dos quatro estados brasileiros que tiveram queda na produção da indústria entre agosto e setembro, com retração de -1,3%. O estado havia retomado os índices pré-pandemia em agosto, mas, com esse resultado negativo, o desempenho do setor foi 0,3% inferior ao nível verificado em fevereiro. Os dados são da Pesquisa Industrial Mensal (PIM-PF), divulgada nesta terça pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Além de Pernambuco, Mato Grosso (-3,7%), Rio de Janeiro (-3,1%) e Pará (-2,8%) tiveram redução nos números da indústria. O levantamento engloba 15 localidades, incluindo 14 estados e a Região Nordeste.

Embora Pernambuco tenha apresentado índices negativos tanto em agosto (-3,6%) quanto em setembro, o estado teve a quinta maior variação positiva entre os locais pesquisados, de 7,5%, na comparação entre setembro de 2020 e o mesmo período do ano passado. A taxa é superior à média nacional, de 3,4%. Amazonas (14,2%), Ceará (8,5%), Pará (8,1%), Santa Catarina (7,6%), Rio Grande do Sul (5,8%), Goiás (5,3%), São Paulo (4,9%), Minas Gerais (3,3%), Paraná (3,2%), Região Nordeste (3,2%) e Rio de Janeiro (0,8%) completaram o conjunto de locais com crescimento na produção no período. Por outro lado, Espírito Santo (-11,0%) e Mato Grosso (-6,2%) tiveram os recuos mais intensos. Bahia, com redução de 1,9%, também apontou resultado negativo

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No acumulado do ano, houve redução em 12 dos 15 locais pesquisados, mas Pernambuco, com 1,8%, junto com Goiás (2,5%) e Rio de Janeiro (2,2%), foi um dos três locais em alta. Os índices negativos mais acentuados foram verificados no Espírito Santo (-18,0%), Ceará (-11,9%), Amazonas (-10,6%) e Rio Grande do Sul (-10,4%). Santa Catarina (-9,7%) e São Paulo (-9,4%) também registraram redução mais acentuada do que a média nacional, enquanto Paraná (-7,2%), Bahia (-7,0%), Minas Gerais (-6,5%), Região Nordeste (-5,6%), Mato Grosso (-2,9%) e Pará (-0,5%) completaram o conjunto de locais com queda.

O resultado se repetiu no acumulado dos últimos 12 meses: Rio de Janeiro (3,6%), Goiás (3,4%) e Pernambuco (1,2%) apresentaram alta, enquanto as demais localidades pesquisadas tiveram índices negativos. Além de PE, o Pará (de -1,7% para -0,8%), o Ceará (de –9,0% para -8,2%), a Região Nordeste (de -4,4% para -3,8%), o Rio Grande do Sul (de -9,1% para -8,6%) e Minas Gerais (de -7,5% para -7,0%) conseguiram diminuir as perdas acumuladas entre agosto e setembro de 2020.

Indústria geral em Pernambuco

Em setembro de 2020, a produção industrial pernambucana viu alguns setores que tinham registrado redução na produção ao longo da pandemia apresentarem tendência de recuperação, mesmo que o índice geral para o mês tenha sido negativo. Das 12 seções e atividades industriais cobertas pela PIM-PF no estado, duas apresentaram queda no mês de setembro em comparação ao mesmo período no ano anterior: Fabricação de outros produtos químicos (-1,2%) e Fabricação de outros equipamentos de transporte, exceto veículos automotores (-22,5%). Esta última também é responsável pelos piores índices no acumulado do ano (-75,3%) e no acumulado dos últimos 12 meses (-78,2%).

Os destaques da indústria pernambucana em setembro com relação ao mesmo período do ano anterior são a fabricação de produtos de borracha e de material plástico, que registrou a maior alta, de 19% e a fabricação de sabões, detergentes, produtos de limpeza, cosméticos, produtos de perfumaria e higiene pessoal, com variação positiva de 16,7%. A fabricação de produtos têxteis, de minerais não-metálicos e de bebidas também aumentaram mais de 10%.

Outro setor importante para a indústria do estado e que teve desempenho positivo é a fabricação de produtos alimentícios, que teve variação percentual de 4,5% no mês e também teve o melhor desempenho tanto no acumulado do ano (14,9%) quanto no acumulado dos últimos 12 meses (13,1%).

Da assessoria.

Os efeitos da falta de bens intermediários para alimentar a produção da indústria já chegam à ponta final do consumo. De acordo com a sondagem realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), 44% das fábricas consultadas relataram problemas para atender seus clientes, atrasando entregas ou até mesmo recusando novas encomendas. Em 8% dos casos, uma parte grande da demanda já não tem condições de ser atendida.

Entre as razões dadas pelos industriais, estão a falta de estoques (47%); uma demanda superior à capacidade de produção (41%); impossibilidade de produzir mais (38%) e problemas de logística (13%). Apenas 4% indicaram a inadimplência dos clientes como uma razão para recusar pedidos.

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"A economia reagiu em uma velocidade acima da esperada. Assim, tivemos um descompasso entre a oferta e a procura de insumos. E tanto produtores quanto fornecedores estavam com os estoques baixos. Além disso, temos a forte desvalização do real, que contribuiu para o aumento do preço dos insumos importados", explica o diretor de Desenvolvimento Industrial da CNI, Carlos Abijaodi.

Ainda pela pesquisa, 55% das indústrias só vislumbram uma normalização da oferta a partir de 2021, sendo que 16% não esperam voltar ao normal nos próximos seis meses. Apenas 8% delas acreditam que a situação pode se reverter em até um mês. Os setores mais pessimistas são os de papel e celulose, têxteis, alimentos, extração de minerais não metálicos, produtos de metal e móveis.

Para o presidente da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC), Eduardo Terra, a indústria brasileira vive um "desabastecimento crônico" de insumos. "Por enquanto, não percebemos o cenário de desabastecimento na ponta. O varejo e o atacado têm trabalhado para que isso não aconteça."

Fontes da indústria ouvidas pela reportagem afirmam que, diante do problema, têm buscado soluções alternativas em algumas áreas, como a reutilização de caixas de papelão ou mesmo a substituição por caixas de madeira para o transporte.

Repasse de preços

Além do entrave na distribuição de produtos, um outro risco ronda o varejo: um possível repasse dos aumentos de preços registrados nos últimos meses pelas principais matérias-primas.

Pela sondagem da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), o reajuste ponderado de custos foi de 22,8% de janeiro a agosto deste ano. Já o porcentual das empresas que pretendem repassar esses preços ao consumidor varia de 37,4% (vão repassar totalmente o reajuste) a 58,5% (repasse parcial). Uma alternativa apontada por 60,9% dos consultados foi "buscar outros fornecedores por menor preço".

"A questão do repasse é sempre um cabo de guerra. Só se repassa o quanto o mercado aguenta, pois há concorrência. Embora estejamos pressionados nos custos, principalmente em razão do câmbio", diz André Rebelo, economista e assessor de assuntos estratégicos da Fiesp. Ele explica que o poder de repasse limitado da indústria ao consumidor final explica o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA) ter uma variação maior em relação ao Índice de Preços ao Consumidor Amplo.

"Com o auxílio emergencial, temos uma demanda mais aquecida, enquanto a oferta de produtos é menor. Nessa situação, se o varejo endurecer demais nas negociações, pode ficar sem produtos", completa Terra.

Para 75% das empresas, a desvalorização cambial é o principal fator que gerou aumento de custos de componentes e matérias-primas, segundo sondagem de agosto da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), que reúne os fabricantes de equipamentos e componentes elétricos, para diversos setores industriais.

"Ninguém esperava a volta tão rápida da atividade, e os fornecedores estrangeiros aumentaram os preços", segundo o presidente da Abinee, Humberto Barbato. Ele diz que os aumentos para resina plástica e cobre variam entre 30% e 40%.

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Na indústria química, a história se repete. Fátima Giovanna Coviello Ferreira, diretora de Economia da Abiquim, também se surpreendeu com a velocidade da recuperação. A indústria química é base de inúmeras cadeias de produção. "Não é só recomposição de estoques, tem aumento real da demanda, mas não sabemos se é sustentável."

A escassez de insumos, como aço, cobre e embalagens, inclusive de papelão, preocupa fabricantes de eletrodomésticos, eletrônicos de consumo e químicos. Indústrias de porte médio, com menor poder de negociação, são as que mais sentem a falta de insumos. "Há fabricantes de linha branca e portáteis que podem parar até o fim do mês por falta de insumos", alerta o presidente da Eletros, José Jorge do Nascimento.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Os principais sindicatos de Hollywood anunciaram nesta segunda-feira (21) um acordo com os estúdios sobre as normas de segurança contra a Covid-19 necessárias na indústria do entretenimento para a volta ao trabalho.

As negociações, que se estenderam por meses, sobre testes, equipes e licenças para doentes eram vistas como a última barreira para a volta aos sets de filmagem, onde os sindicatos têm que aprovar individualmente cada projeto de cinema e televisão.

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O acordo é considerado uma oportunidade para a reativação desta indústria em dificuldades, parada por meses devido à pandemia, embora ainda restam obstáculos, como a falta de seguro contra o coronavírus, as restrições locais e as altas taxas de infecção nas regiões de filmagem.

"Confio que estes protocolos, rígidos e pensados como os de qualquer outra indústria nos Estados Unidos, manterão seguros as equipes de produção e os atores, assim como as comunidades nas quais vivem e trabalham", declarou Thomas O'Donnell, diretor do sindicato dos caminhoneiros de Hollywood, em declaração à AFP.

O acordo foi negociado de maneira conjunta por cinco dos maiores sindicatos -incluindo os dos atores e diretores, com mais de 350.000 associados- com a organização AMPTP, que representa os grandes estúdios como Disney, Universal, Paramount e Warner Brothers, assim como as principais emissoras de televisão.

"Este acordo estabelece protocolos sensatos e baseados na ciência que permitem aos membros voltar a fazer o que amam", declarou Gabrielle Carteris, presidente do sindicato de atores de Hollywood.

As filmagens em Los Angeles cessaram em meados de março devido à pandemia do coronavírus, e foram retomadas em níveis baixos em final de junho.

Outras regiões dos Estados Unidos e no exterior se beneficiaram das dificuldades de se filmar em Hollywood.

A indústria brasileira fechou o segundo trimestre deste ano com uma ociosidade recorde. O Produto Interno Bruto (PIB) do setor ficou 15,4% abaixo de sua capacidade produtiva, segundo estudo do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV) obtido com exclusividade pelo Estadão/Broadcast. O resultado representa o pior desempenho da série histórica da pesquisa, iniciada em 1998. A última vez em que as empresas usaram toda sua capacidade produtiva foi no último trimestre de 2013.

Com a recuperação da produção desde maio, é esperada uma redução na ociosidade do setor neste terceiro trimestre, mas a previsão é ainda voltar aos níveis pré-pandemia - entre 5% e 7% abaixo do potencial produtivo, e longe de recuperar o que foi perdido na recessão anterior, que se estendeu de 2014 a 2016.

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"Com certeza, o terceiro trimestre vai trazer uma melhora, mas não vai voltar ao que era antes de 2014. Você tem uma capacidade para produzir, mas não está tendo demanda. Uma das razões para a inflação baixa é essa", diz Claudio Considera, coordenador do Monitor do PIB da FGV e um dos autores do estudo do Ibre/FGV, ao lado das pesquisadoras Elisa Andrade e Juliana Trece.

Passado o pior momento da crise provocada pela pandemia, o empresário industrial até se mostra mais confiante do que estava antes que a Covid-19 chegasse ao País. O Índice de Confiança da Indústria (ICI) apurado na prévia da sondagem de setembro teve um avanço de 7,2 pontos em relação ao resultado de agosto, para 105,9 pontos, informou ontem a FGV. Caso se confirme, o índice alcançará o maior patamar desde janeiro de 2013.

Houve melhora tanto nas avaliações sobre o presente quanto em relação às expectativas para os próximos meses. O Nível de Utilização da Capacidade Instalada (Nuci) da indústria indicou um aumento de 2,7 pontos porcentuais em relação ao patamar de agosto, passando de 75,3% para 78,0% em setembro.

Desemprego. Por ser mais formal que outros setores, a indústria não demitiu tantos trabalhadores quanto o restante da economia, o que em tese pode ajudar nesse processo de retomada da produção pós-pandemia. No setor privado, foram perdidos 10,7 milhões de postos de trabalho no segundo trimestre em relação ao segundo trimestre do ano passado, enquanto a indústria de transformação fechou um milhão vagas.

Ou seja, enquanto a ocupação no conjunto dos setores econômicos do setor privado caiu 13,4% entre o segundo trimestre de 2019 e o mesmo período de 2020, a indústria de transformação enxugou menos o quadro de funcionários (11,1%), mostra um levantamento do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi).

"O baque foi geral, foi ruim para todo mundo, mas a indústria amorteceu. A indústria nunca teve as portas fechadas como o comércio e alguns serviços. E o fato de a indústria ser um setor mais formalizado permite lançar mão de ferramentas como lay-off, antecipação de férias, e mesmo participação de programas de governo, como redução de jornada", disse Rafael Cagnin, economista-chefe do Iedi, que compilou no estudo microdados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), do IBGE.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O movimento #metoo finalmente vai chegar à indústria dos jogos eletrônicos? Embora não exista uma certeza a respeito, o setor, acusado há muitos anos de sexismo, se vê obrigado a enfrentar o problema, destacam os analistas.

O primeiro exemplo importante remonta ao "Gamergate" de 2014, como foi chamado o caso de assédio virtual à criadora americana Zoe Quinn.

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Várias controvérsias foram registradas, mas nada levou a uma tomada de consciência global similar ao efeito que o #metoo teve, por exemplo, no mundo do cinema.

Nas últimas semanas, porém, várias acusações de sexismo e assédio contra executivos da empresa francesa Ubisoft resultaram no afastamento do número dois do grupo, da diretora de recursos humanos e do diretor dos estúdios canadenses.

Durante muito tempo houve, tanto por jogadores como por estúdios, "uma falta de empatia a respeito de algo que não consideram sistêmico", opina Isabelle Collet, professora da Universidade de Genebra.

Uma tendência talvez reforçada pela cultura "geek", que se declara transgressora e desrespeitosa, e que pode levar os jogadores, quando sentem que esta cultura está sendo atacada, a optar por "representações machistas", segundo Collet.

Além das jogadoras ou criadoras de jogos, a questão da representação das mulheres nos produtos continua provocando debate.

A evolução da famosa heroína Lara Croft é um sinal da lenta tomada de consciência. A princípio era muito voluptuosa e vestia roupas curtas, mas nas últimas versões aparece com um corpo mais realista e com roupas mais adequadas para uma aventura.

"Muitos jogos propõem representações sem estereótipos, mas alguns ainda estão muito carregados com os mesmos, e isto inclui sobretudo a hiperssexualização dos corpos", indica Fanny Lignon, professora da Universidade Lyon 1 e funcionária do Centro Nacional para a Pesquisa Científica (CNRS).

"As mulheres geralmente são esbeltas, bem proporcionadas; os homens têm corpos mais variados, embora geralmente sejam jovens e atléticos. No final, encontramos uma visão transmitida por outros meios, como a publicidade, por exemplo", explica.

- Estereótipos-

As representações estereotipadas estão muito arraigadas em alguns "gamers". A silhueta musculosa de Abby, a heroína do jogo "The Last of Us Part 2", provocou uma onda de comentários negativos que consideravam o corpo "não realista" para uma mulher.

"Vemos emergir cada vez mais personagens femininos um pouco 'duros' (difícil de derrotar)", destaca Fanny Lignon. Em "Assassin's Creed Odissey, por exemplo, é possível escolher uma mulher com um "verdadeiro corpo de guerreira".

O setor afirma que tem consciência do problema da representação da mulher nos jogos e do seu espaço nos estúdios, enquanto trabalha para resolver a questão.

Na França, o Sindicato Nacional de Video Games (SNJV) afirma "trabalhar a favor de uma diversidade maior nas equipes de produção, mas é um trabalho a longo prazo, que deve ser acompanhada pelas autoridades públicas", especialmente para estimular as jovens a escolher a profissão.

"Incluir mais mulheres significa ter vontade de recebê-las melhor, é necessário criar um ambiente mais favorável", insiste Collet. "As editoras são atualmente verdadeiras empresas que devem ter ferramentas de luta contra o assédio", completa.

Muitos afirmam que o sexismo nos jogos é um reflexo de um problema global da sociedade, mais que um tema específico deste universo.

"Acontece em muitas comunidades que não são necessariamente acusadas, como a medicina ou o jornalismo", afirma Isabelle Collet. "É um ambiente que o transforma em um bom bode expiatório, mas não é necessariamente pior que os outros", indica.

"O mais irritante é que o sexismo pode ser mais comum em outros tipos de mídia sem necessariamente ser percebido", afirma Lignon.

Ao ser questionado por um fã via Twitter sobre o aumento no preço dos jogos, o diretor de "God of War", Cory Barlog, afirmou que a medida pode ser benéfica para indústria. Segundo ele, a mudança de US$ 60 para US$ 70 (R$ 373) por jogo pode incentivar as empresas a colocarem menos "microtransações" nos games, que é a prática de adicionar itens dentro do jogo para os usuários pagarem com dinheiro real.

"Prefiro um aumento inicial no preço do que o inferno repleto de microtransações que alguns jogos se tornaram", afirmou Barlog via Twitter.

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O possível aumento de preço dos jogos tem sido especulado pelos jogadores nas últimas semanas por conta do anúncio do game "NBA 2K21" (2K Games), que foi listado em pré-venda nas lojas digitais por US$ 70.

Até o momento não foi estabelecido se o aumento será apenas nesse game ou se será o padrão para os futuros lançamentos da próxima geração de consoles.

Na Bélgica, um prato típico de batatas fritas foi deixado de lado com o contexto da pandemia, o que gerou uma crise no setor. Com o acúmulo de mais de 750.000 toneladas de batatas - suficientes para encher 30.000 caminhões -, a população foi convocada a comer o tubérculo, pelo menos, duas vezes por semana.

No país, uma receita de batatas fritas duas vezes faz sucesso em bares e restaurantes. De acordo com o secretário-geral da Belgapom, uma empresa da indústria de batatas, a maior queda nas vendas foi na apresentação congelada, que corresponde a cerca de 75% da demanda de batata na Bélgica.

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“O que estamos tentando fazer é evitar o desperdício de alimentos, porque toda batata perdida é uma perda”, garantiu o diretor da Belgapom, Romain Cools, à emissora CNBC. Ele destacou que vem tentando fechar acordos com supermercados para dar vasão ao estoque parado. Por outro lado, apontou que os outros 25% da produção - composta por batatas frescas e salgadinhos - assumiram um bom índice de vendas na pandemia.

Em busca de meios para evitar o agravamento da crise, o diretor relatou que toda cadeia de produção precisou ser alterada. “Também pedimos aos agricultores que não plantassem tantas batatas para a próxima temporada, porque acreditamos que esta temporada levará alguns meses extras a partir do próximo ano, adiando o processamento”, explicou

Antes do surto do novo coronavírus, a indústria seguia firme. “A indústria estava indo bem, as exportações estavam indo bem - então, em meados de março, tudo desmoronou. As batatas caíram de cerca de 135 euros (cerca de R$ 805) por tonelada para 15 euros (aproximadamente R$ 89) por tonelada”, enfatizou o diretor. Ele ainda garante que, embora gerem custos, o excedente que não pôde ser processado em ração animal ou biocombustível, foi enviado para Europa Central e África.

Por conta da situação, pela primeira vez as empresas buscaram ajuda na Comissão Europeia. “Em 30 anos, nunca estive em contato com a comissão para tentar encontrar soluções ou subsídios para apoiar o setor - nunca pedimos nada”, disse. “O que estamos experimentando agora nunca aconteceu no setor de batatas na Europa. Este é um risco que ninguém poderia imaginar”, complementou Cools.

Através de comunicado publicado em seu site, a Tramontina anunciou que as atividades serão retomadas em suas fábricas na próxima segunda-feira (13). A empresa, que tem cerca de 8,5 mil funcionários, promete “não medir esforços na prevenção e cuidado das pessoas”.

“Neste momento, tomamos mais uma decisão: vamos retomar nossas operações, sem medir esforços nas ações de prevenção e cuidado com as pessoas”. É assim que começa o comunicado da Tramontina, que paralisou suas atividades no dia 23 de março, passando a pagar metade do salário de seus funcionários, segundo informação de sindicatos.

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No Recife, a Tramontina tem uma fábrica no bairro da Várzea, onde são produzidos itens de plástico, como mesas, cadeiras e lixeiras. A reportagem tentou contato com o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Materiais Plásticos de Pernambuco (Sintraplast-PE), mas o mesmo afirmou que não foi comunicado ainda da decisão da Tramontina.

No Rio Grande do Sul, a companhia tem fábricas e unidades nas cidades de Carlos Barbosa, Garibaldi, Farroupilha, Canoas e Encruzilhada do Sul. A empresa também tem uma unidade em Belém.

Ainda no comunicado, a Tramontina informou que reabrirá as lojas de fábrica no dia 15 de abril. “O cuidado com as pessoas - nossos colaboradores, consumidores, parceiros lojistas e fornecedores - estará sempre em primeiro lugar”, encerra o documento.

Chefe do Conselho de Designers de Moda da América (CFDA), o estilista e diretor de cinema Tom Ford fez uma parceria com a editora chefe da Vogue América e diretora geral da Condé Nast, Anna Wintour, para ajudar pequenas marcas afetadas pela pandemia de coronavírus (Covid-19).

A ideia é atender designers e membros da cadeia de suprimentos de moda, incluindo costureiras, fabricantes e aqueles que não são membros do CFDA ou do Fashion Fund. "Esta é uma iniciativa de angariação de fundos para apoiar as pessoas da comunidade da moda americana que foram impactadas pela pandemia", diz o comunicado da Vogue e do CFDA.

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"Tenho ouvido falar daqueles que temem que não paguem, ou que viram pedidos retornados, suas lojas fechadas, que temem que seus negócios e seus meios de subsistência possam não sobreviver ao que estamos passando. E todos nós da Vogue, junto com o Conselho de Designers de Moda da América, estamos determinados a ajudar", disse Anna em entrevista coletiva.  

As doações poderão ser feitas a partir de 8 de abril no site da CFDA.

O surto de coronavírus já afeta 70% das empresas do setor eletroeletrônico, segundo a Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee). A pesquisa contou com a participação de 50 indústrias das diversas áreas do setor eletroeletrônico.

Este é o terceiro levantamento da Abinee desde a eclosão do surto de coronavírus. No primeiro, em 5 de fevereiro, o total de empresas com problemas era de 52%, subindo a 57% na sondagem de 20 de fevereiro.

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Pela primeira vez, uma parte das indústrias pesquisadas deu indicação de não entrega do produto final aos clientes. Para 54% das empresas ouvidas, caso a situação atual se prolongue por mais um mês e meio (cerca de 47 dias), haverá risco de abastecimento.

De acordo com o levantamento da Abinee, 6% das empresas pesquisadas já operam com paralisação parcial nas fábricas. Em 20 de fevereiro, esse índice estava em 4%.

A nota mostra ainda que 14% das empresas pesquisadas já programaram paralisações para os próximos dias, mas que 48% ainda não têm previsão de parar as atividades.

Com esse novo cenário, destacou a Abinee, passou de 17% para 21% o total de empresas que informaram que não devem atingir a produção prevista para o primeiro trimestre deste ano. Conforme essas empresas, a produção do período deverá ficar, em média, 31% abaixo da projetada. Este porcentual aumentou na comparação com a pesquisa anterior, que indicava queda de 22% na produção.

Por sua vez, para 48% das empresas pesquisadas, as projeções devem ser mantidas. Outras 31% afirmaram que ainda não é possível dar essa indicação.

Segundo a pesquisa, as empresas devem demorar, em média, cerca de dois meses para normalizar o ritmo da produção, após a retomada dos embarques de materiais, componentes e insumos da China.

A indústria da transformação, setor que tradicionalmente emprega mais mão de obra formal e com salários acima da média do mercado, começou a reagir no segundo semestre do ano passado e somou um total de 10,7 milhões de empregados, o melhor resultado desde 2015 - quando havia 11,5 milhões. Os segmentos que mais contribuíram com a alta de 1,3% em relação aos números de 2018 foram os de alimentos, têxteis e manutenção, reparação e instalação de máquinas e equipamentos. Juntos, abriram 189 mil vagas com carteira assinada até o terceiro trimestre.

Em razão de cortes ocorridos em outros segmentos, como o de produção de coque, derivados de petróleo e de biocombustíveis e de produtos de minerais não metálicos, o saldo do período foi de 136,5 mil postos a mais. "Para um setor que sofreu tanto na crise, o crescimento de 1,3% no número de vagas é positivo", afirma Bruno Ottoni, pesquisador da consultoria IDados, que fez o cruzamento do saldo de empregos do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) no terceiro trimestre de 2019 com o de igual período do ano anterior.

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Parte da melhora do emprego na indústria está relacionada ao retorno, ainda lento, dos investimentos, afirma Daniel Duque, pesquisador da área de Economia Aplicada da FGV/Ibre. Ele também ressalta a nova modalidade de contratação estabelecida na reforma trabalhista, a de trabalhadores intermitentes (prestação não contínua de serviços). "É uma contratação mais barata e mais flexível", avalia.

No segmento de máquinas e equipamentos, a melhora veio com a alta dos investimentos, movimento que não ocorria há pelo menos cinco anos. "O Brasil foi sucateado entre 2013 e 2018 e em 2019 começou uma recuperação tímida", afirma o presidente executivo da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), José Velloso. Segundo ele, o emprego também está reagindo e as fábricas devem contabilizar 10 mil novas vagas em 2019. Para este ano, serão mais 15 mil a 20 mil.

"Por tudo o que ocorreu em 2019, o resultado foi positivo", afirma o presidente executivo da Associação Brasileira da Indústria de Calçados (Abicalçados), Haroldo Ferreira. O aumento da mão de obra no segmento deve ficar em torno de 2% - em 2018 eram 271 mil empregados -, em linha com a alta prevista na produção. Para este ano ele espera novo crescimento de até 2,5% nos dois indicadores.

Mercado total

Pelas projeções de Ottoni, do IDados, 2019 deve registrar a criação de 900 mil vagas formais em todos os setores da economia, pouco abaixo do saldo divulgado pelo Caged até novembro, de 948,3 mil postos, pois tradicionalmente em dezembro ocorrem demissões. Já a taxa de desemprego total deve ficar em 11,2% e cair para 10,7% em 2020.

O professor de Relações do Trabalho da USP, José Pastore, lembra que a melhora no emprego como um todo vem ocorrendo desde 2017, mas muito aquém da destruição de postos ocorrida nos três anos anteriores. "É até intrigante o fato de o nível de emprego estar crescendo diante de uma melhora tão pequena do PIB."

Pastore compara, por exemplo, a geração de mais de 2 milhões de vagas em 2010, quando a economia cresceu 7,5%, com a deste ano, que deve ficar perto de 1 milhão de vagas ante uma alta esperada para o PIB de 1%. "O grosso disso veio dos setores de comércio e serviço, pois a indústria de transformação começou a reagir só recentemente."

Para o professor, a divisão do setor da indústria de transformação que deverá manter crescimento é a de bens de primeira necessidade, ligada, por exemplo, à área de alimentação. Ele acredita, porém, que a principal contribuição ao PIB continuará vindo do agronegócio.

"Não é um grande gerador de empregos, mas, toda vez que tem desenvolvimento no agronegócio, há criação de vagas no comércio e nos prestadores de serviços nas cidades do entorno", diz Pastore.

A construção civil é outro segmento que seguirá em recuperação, puxado por mais investimentos, mas, na opinião de Pastore, a taxa de desemprego no País continuará em dois dígitos pelo menos por mais dois a três anos.

No início do ano passado, as fabricantes de eletroeletrônicos apostaram na melhora dos negócios e retomaram contratações, mas o crescimento não veio. A produção repetiu os dados de 2018, mas o segmento manteve as 2,8 mil vagas abertas pois, segundo a Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), há expectativa de retomada mais consistente no primeiro semestre de 2020. Hoje, o segmento emprega 235 mil pessoas, mas já teve 308,6 mil em 2013.

A Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast) informa que as empresas do segmento empregavam 356,1 mil funcionários antes da crise econômica, número que hoje é de 318,9 mil, cerca de 3 mil a mais do que no ano passado.

Produtividade

As empresas aumentaram a produtividade com a robotização e a digitalização. A indústria automobilística, por exemplo, aumentou sua produção em quase 3% em 2019, mas empregava 126,4 mil funcionários, 4 mil a menos que em 2018. "Isso veio para ficar, pois o sistema de produção mudou e o perfil do trabalhador também", explica Luiz Carlos Moraes, presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).

De segmentos com maior índice de automação, espera-se cada vez menos abertura de vagas. "São setores com grande competição interna e com o resto do mundo, que precisam ser eficientes e, para isso, recorrem mais às tecnologias", afirma Daniel Duque, pesquisador da área de Economia Aplicada da FGV/Ibre. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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