Em evento realizado na sede da Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (FIEPE), nesta sexta-feira (11), um documento foi entregue nas mãos do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) contendo propostas de crescimento para o setor no Brasil e em Pernambuco. Uma das propostas aborda o MetroRec, com uma ideia de implementação de melhorias no sistema de transporte ferroviário, como a modernização e expansão do metrô.
Operado pela Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), o sistema de transporte ferroviário no Recife é de ordem pública. No entanto, ainda em 2019, a CBTU foi inserida no Programa Nacional de Desestatização (PND), com o intuito de repassar o sistema para a iniciativa privada. Contrários à proposta, os metroviários, abarcados pelo Sindicato dos Trabalhadores Metroviários de Pernambuco (Sindmetro-PE), realizam, desde então, uma campanha para que o atual governo retire a companhia do plano.
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Para o presidente do Sindmetro-PE, Luiz Soares, que esteve na frente da Fiepe junto com a categoria para se manifestar contra a privatização da CBTU, a solução ideal seria requalificar o transporte e investir na redução da tarifa única, dos atuais R$ 4,25 para R$ 2,00. “A partir do momento que você requalifica o sistema, o intervalo de tempo diminui de 15 para dois ou cinco minutos, e a tarifa cai de R$ 4,25 para R$ 2,00, você vai ter um percentual de pessoas que vai superar o que é a expectativa de hoje. Hoje a gente tá botando 180 mil [passageiros], vamos transportar 450 mil a 500 mil pessoas com ele, por dia”, afirmou Soares ao LeiaJá.
Com o investimento na mão de obra atual, que já trabalha com o maquinário defasado, Soares acredita que o desenvolvimento do sistema ferroviário seria bem maior. “Temos maquinista que opera o sistema, uma linha totalmente deficitária, isso é que é o grande nó. E aí se não for esse maquinista, qualquer maquinista de outro estado não consegue operar como eles conseguem operar. Então, a partir do momento que você privatiza, aí você vai aumentar a passagem, você vai fechar estações, vai demitir pessoal, o sistema vai ficar mais deficitário, que é o que está acontecendo em Belo Horizonte”, declarou o presidente do Sindmetro-PE. A menção à capital mineira é um exemplo que a categoria utiliza para argumentar que a privatização pode dar errado em outros locais. Em dezembro de 2022, o sistema ferroviário mineiro foi entregue para a iniciativa privada pelos próximos 30 anos, por meio de um leilão.
Investimento em outros estados
Maquinista do Recife, Valquíria Nascimento também esteve na manifestação para fortalecer o movimento contrário à privatização. Ela argumenta que a iniciativa privada poderia investir nos estados que não possuem metrô ainda, para construir uma malha ferroviária.
“A construção do metrô é algo muito caro, então se a empresa privada quisesse entrar nesse mercado, o que mais tem é estado que não tem metrô, a gente tem muito pouco estado com metrô. ‘Ah ele quer entrar’, então por que não vai começar a produzir [uma malha ferroviária]? O governo gasta fortuna para manter a estrutura, criar a estrutura, qualificar. Quando aquilo está criado, aí passa para o privado, isso não é justo com o dinheiro da população. Porque a parte mais cara, que é construir, organizar, manter, qualificar os funcionários, tudo isso já foi feito, foi feito com o dinheiro do povo, o povo agora vai ter que pagar mais caro para que os empresários lucrem”, compartilhou a maquinista.
Sindmetro-PE em Brasília
Retomada a greve dos metroviários desde a última quinta-feira (10), após a categoria recusar a proposta de 3,45% de reajuste feito pela Secretaria de Coordenação e Governança das Empresas Estatais (SEST), Luiz Soares afirmou que o Sindmetro-PE vai se reunir em uma nova assembleia na próxima segunda-feira (14), às 18h, na Estação Central, no Recife. Em seguida, seguirá em caravana até Brasília, onde deverá conversar com o presidente Lula ou com o ministro da Casa Civil, Rui Costa.
“A gente já tem uma reunião marcada com a Sest na quarta-feira, às 14h30, queremos também ter uma audiência com o ministro do Trabalho [Luiz Marinho], e também com o ministro Rui Costa ou com Lula, para que a gente possa avançar não só na questão do nosso acordo coletivo, mas também na retirada do PND, a CBTU e a Transurb, porque não está indo só a gente de Recife. Tá indo o pessoal de Porto Alegre, de São Paulo, do Rio de Janeiro, de Belo Horizonte”, informou Soares.